Revista Coopera SP nº 2

Page 1

Coopera SP Revista do Cooperativismo Paulista

ano I no 2 abr/mai/jun 2016

Arte para todos

Circuito Sescoop/SP de Cultura amplia apresentações artísticas na capital e interior de São Paulo

Agricultura familiar

A importância das cooperativas para ajudar os pequenos produtores

Crescimento na crise

Cooperativas buscam oportunidades de investir e fidelizar clientes

Formação de talentos

Programa Aprendiz Cooperativo traz oportunidade para jovens entrarem no mercado



CARTA AO LEITOR

I

3

Cultura, agricultura familiar e muito mais! Em seu segundo número, a revista Coopera SP traz como reportagem de capa o nascimento do Circuito Sescoop/SP de Cultura, resultado da evolução do nosso tradicional programa cultural Mosaico Teatral, realizado há mais de 15 anos em parceria com as cooperativas paulistas. Sem deixar de lado o teatro, que já tem uma bonita história de democratização de espetáculos de qualidade no interior paulista, agora estamos diversificando as linguagens artísticas, com cinema, música, dança, entre outras possibilidades. Sabemos que a cultura e a arte são essenciais para a identidade de um povo. E nós, cooperativistas, que sempre demonstramos grande preocupação com a comunidade, estamos fazendo a nossa parte. Basta lembrar que, entre cooperados, funcionários de cooperativas e o público em geral, mais de 600 mil pessoas já participaram de nossos eventos culturais desde 2001. Sucesso absoluto! Nesta edição você poderá conferir também a importância da agricultura familiar para a economia do País, já que ela é responsável por cerca de 70% do que chega à mesa dos brasileiros. Também mostramos como o trabalho das cooperativas organizadas facilita o acesso dos pequenos produtores rurais a políticas públicas, de forma a ampliar a eficácia dessas políticas, e aos mercados convencionais, inclusive aos mercados externos. Veja como o Programa Aprendiz Cooperativo está transformando a vida de centenas de jovens, possibilitando a eles oportunidades de entrar no mercado de trabalho, alcançando as primeiras conquistas da vida profissional sem necessidade de abandonar os estudos. Você certamente gostará de ler a reportagem que mostra cooperativas que estão driblando a grave crise econômica que o país vive, buscando novas oportunidades e investindo para crescer dentro de seus ramos e fidelizar clientes. Também trazemos matérias sobre a participação do Brasil na feira de café da Coreia do Sul e sobre o papel do vogal das cooperativas na Junta Comercial de São Paulo e o Dia C em São Paulo. Ah, e tem também a opinião abalizada de Leonardo Papp e as incríveis histórias de Américo Utumi. Boa leitura!

abr/mai/jun 2016 Coopera SP


4

I 16

ÍNDICE

10

EXPEDIENTE SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO COOPERATIVISMO NO ESTADO DE SÃO PAULO (SESCOOP/SP)

5

16

OAB/SP

Agricultura familiar

Comissão do Cooperativismo é renovada

Cooperativas organizadas ajudam pequenos produtores

6 Dia de Cooperar São Paulo reúne 40 cooperativas

8 Aprendiz Cooperativo Programa permite que jovens entrem no mercado

10 Teatro e muito mais Circuito revitaliza programa cultural do Sescoop/SP

20 Apesar da crise Cooperativas driblam incerteza e fazem investimentos

23 Leonardo Papp Código Florestal: quatro anos depois

24 Café export Brasil é destaque na principal feira de café da Coreia do Sul

24

26 Vogal na Junta Cooperativismo representado na Junta Comercial de São Paulo

28 Giro cooperativista Notas e informações sobre o mundo cooperativista

30 Memória cooperativista Américo Utumi conta histórias do cooperativismo

CONSELHO ADMINISTRATIVO Presidente: Edivaldo Del Grande Conselheiros: Eudes de Freitas Aquino, Luiz Eduardo de Paiva, Manoel Carlos de Azevedo Ortolan e Marcio Francisco Blanco do Valle Suplentes: Alberto Roccheti Netto, Renato Nobile, Sérgio Brito e Taís Di Giorno CONSELHO FISCAL Arnaldo Antonio Bortoletto, Elias Antônio Neto e Olavo Morales Garcia Suplentes: João Alberto Salvi e Sonivaldo Grunzweig Pinto SUPERINTENDENTES Aramis Moutinho Junior, José Henrique da Silva Galhardo e Nelson Luis Claro da Silva

COOPERA SP

Revista do Sescoop/SP e do cooperativismo paulista, distribuída gratuitamente. CONSELHO EDITORIAL Alexandre Ambrogi, Fernando Ripari Junior, Luciano Alves Fontes, Luis Antonio Schmidt e Mario Cesar Ralise COLABORADORES Alberto Freitas, Mariana Naviskas, Rodrigo Oliveira e Victor Terra Editado por Ex Libris Comunicação Integrada Jornalista: Jayme Brener (Mtb 19.289) Editor: Cláudio Camargo Textos: Edmir Nogueira, Edgar Leda, Vinícius Abbate e Carla Itália Capa e diagramação: Regina Beer Rua Treze de Maio, 1376 - Bela Vista São Paulo - SP - CEP 01327-002 (11) 3146-6200 www.sescoopsp.coop.br

Coopera SP abr/mai/jun 2016


EM FOCO

I

5

Comissão do Cooperativismo da OAB/SP é renovada para o próximo triênio

F

ormada por advogados que estudam o cooperativismo e por não advogados com notório saber sobre o tema, a Comissão do Cooperativismo da OAB/SP tem como objetivo fomentar estudos, opinar a respeito de leis, normativas e tudo o que ocorre no mundo jurídico sobre o assunto. A Comissão também promove seminários, palestras, lançamentos de livros e cursos na Escola Superior de Advocacia (ESA), visando a formar novos advogados interessados em atuar dentro de cooperativas. No dia 4 de maio a nova Comissão Especial de Cooperativismo da OAB/SP tomou posse, com a presença de Edivaldo Del Grande, presidente da Ocesp e do Sescoop/SP e membro consultivo da Comissão. Presidida pela advogada Gislaine Caresia, a Comissão cumprirá mandato de três anos, tendo entre suas prioridades acompanhar a

tramitação, no Legislativo, de Projetos de Leis favoráveis ou contrários ao cooperativismo. “Os integrantes da Comissão também opinam e produzem pareceres sobre leis e projetos de lei porque, em geral, já advogam para cooperativas e têm um vasto conhecimento sobre o assunto”, diz a presidente. Gislaine Caresia destaca que “o apoio da Ocesp e do Sescoop/SP aos cursos promovidos na ESA é fundamental. As duas instituições ajudam também na escolha de profissionais para palestras, eventos e debates que são promovidos para advogados, juristas, estudantes e para a sociedade em geral”, explica. A presidente lembra que os advogados que atuam no cooperativismo e têm interesse em participar da Comissão podem entrar em contato pelo e-mail secretaria.comissoes@oabsp.org.br e solicitar sua nomeação. l

Gislaine Caresia, presidente da Comissão

abr/mai/jun 2016 Coopera SP


6

I

AÇÃO SOCIAL

São Paulo é destaque no

Dia C

Realizado em 34 municípios paulistas em 2016, o Dia C – Dia de Cooperar – reuniu 40 cooperativas, voluntários e comunidade para ações transformadoras por Edmir Nogueira

Coopera SP abr/mai/jun 2016


I

S

ão Paulo foi destaque no Dia C – Dia de Cooperar –, reunindo 40 cooperativas, milhares de cooperados, voluntários e pessoas das comunidades em 34 municípios no Estado no último dia 2 de julho. O evento é uma mobilização do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) em parceria com as unidades estaduais e cooperativas de todo o Brasil, que celebraram o Dia Internacional do Cooperativismo, no primeiro sábado de julho, com o tema “Ações que constroem e transformam vidas”. E, pela primeira vez, o evento foi realizado na cidade de São Paulo, em quatro pontos da capital, com atividades para todas as idades. Edivaldo Del Grande, presidente da Ocesp e do Sescoop/SP, ressalta que a realização do Dia C em São Paulo contribuiu para impulsionar o protagonismo das cooperativas como fomentadoras da inovação social. “O Dia C é um verdadeiro instrumento para despertar a res-

ponsabilidade social nas cooperativas e na comunidade. Agora, com o Dia C na capital, vamos ampliar o desenvolvimento dos projetos contínuos. Isso reforça a importância do cooperativismo como instrumento de integração entre as pessoas e contribui para divulgar a cultura da cooperação”, analisa. Na Zona Leste, o Centro Social Marista (Cesomar) Irmão Lourenço abriu as portas para o cooperativismo com uma programação eclética. “Soube do Dia C pelas pessoas aqui do bairro da Vila Progresso e pelos cartazes. Eu vim principalmente para participar do Circuito de Aferição e fazer alguns exames”, afirma a aposentada Ieda Maria Mascarenhas Almeida Silva, de 62 anos. Já o voluntário Thiago Pelin, de 29 anos, do Sicoob Cecres, deu uma palestra sobre educação financeira para mais de 30 pessoas. “É o segundo ano que participo como voluntário do Dia C. É uma experiência única, diferente do dia-a-dia. É com pequenos

7

gestos que podemos melhorar a vida de milhares de pessoas, então é transformador”, comemora. O Circo Escola Promove, na Zona Norte da capital paulista, foi o ponto de encontro da garotada e dos adultos para as comemorações do Dia C. A diversão foi garantida com brincadeiras na quadra, como pega-pega, bambolê e jogos de bola. A comemoração também contou com teatro de bonecos e apresentações de dança, espetáculo circense, show com um quarteto de cordas e palhaços, entre outras atrações. O Museu da Casa Brasileira (MCB) e o Museu da Imagem e do Som (MIS), na Zona Sul de São Paulo, despertaram o espírito cooperativista no público que conferiu a programação dessas localidades. As famílias participaram ativamente das atividades – apresentações teatrais, planetário, massagem, shows musicais –, além de aproveitarem para conhecer melhor o sistema cooperativista. l

abr/mai/jun 2016 Coopera SP


8

I

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Aprendendo

desde cedo por Carla Itália

O Programa Aprendiz Cooperativo oferece oportunidade a centenas de jovens de entrarem no mercado de trabalho sem interromper os estudos Coopera SP abr/mai/jun 2016

A

escola da experiência é a mais educativa, ensinava o dramaturgo francês Jean-Baptiste Poquelin, mais conhecido como Molière (1622-1673), autor, entre outras, das peças O Tartufo e Escola de Mulheres. Este, podemos dizer, é o espírito que norteia o Progra-

ma Aprendiz Cooperativo realizado pelo Sescoop/SP. O programa está transformando a vida de centenas de jovens na medida em que oferece a eles a oportunidade de entrar no mercado de trabalho, alcançando as primeiras conquistas na vida profissional sem necessidade de deixar de lado os estu-


I

dos. Com isso, ajuda a promover a for- vas na cidade de São Paulo. “O que mação para cidadania desses jovens. se aprende durante o período como Os participantes têm quatro dias de aprendiz é levado para toda a vida. É atividades práticas nas cooperativas e uma ótima chance de fazer network, um dia de aulas teóricas no Sescoop/ trocar experiências, obter conheciSP, o que inclui Educação Coopera- mento e atuar no mercado de trabalho tivista. O programa pode se estender de forma segura”, finaliza. por até 18 meses e 500 horas trabalhadas. CONQUISTAS Segundo José Victor de Souza CosHelena Cemerka, instrutora de ta, de 19 anos, o Aprendiz Cooperativo Qualificação do Sescoop/SP, festeja foi um divisor de águas que lhe abriu os resultados conquistados com os jooportunidades para crescer, aprender vens do programa, que está na quinta a trabalhar em equipe e lidar turma. Segundo ela, o Aprendiz com conflitos. Depois do Cooperativo é uma oportuniprograma, ele foi efetidade única, principalmente vado na cooperativa diante das atuais dificuldaO programa está Aurora Alimentos. des dos jovens em entrar transformando a “Comecei como jono mercado de trabalho vida de centenas vem aprendiz no em uma boa empresa, de jovens em setor de Logística que exige experiência anCorporativa. Um ano terior. “Eles abraçam essa São Paulo depois, foi aberta uma chance. A transformação é vaga para auxiliar de venfantástica. Chegam sem exdas; me candidatei e passei. periência e saem com maturidade Logo surgiu uma nova oportunidade e fui promovido a assistente comercial”, comemora. Jaciely Melo também aproveitou a oportunidade que surgiu já aos 16 anos. “Vi no programa a melhor opção justamente por unir aprendizado prático e teórico”, ressalta a estudante. Ao final do programa, ela conquistou um emprego em uma consultoria jurídica. Três meses depois, a cooperativa onde Jaciely participou do Aprendiz Cooperativo a convidou para retornar como auxiliar administrativa. Ela ficou na função mais um ano e sete meses; quando estava em processo de promoção para assistente administrativa, decidiu se dedicar plenamente ao curso de bacharelado em Gestão Ambiental, na Universidade de São Paulo (USP). Hoje, Jaciely trabalha em um projeto de cultura e extensão em hortas comunitárias na Faculdade de Saúde Pública da USP e em outro, de iniciação cientifica, na área de resíduos sólidos, estudando as condições de vulnerabilidade socioambiental dos catadores que atuam em cooperati-

9

e personalidade profissional. Para as cooperativas, só existem pontos positivos, já que ganham profissionais totalmente preparados, capacitados, que passaram a conhecer diversas áreas dentro da empresa”, analisa.

HISTÓRICO

O programa Menor Aprendiz foi criado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), assinada pelo presidente Getúlio Vargas em 1º de maio de 1943. Visava oferecer aos jovens a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho, especialmente nas indústrias. Mais recentemente, no ano 2000, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, foram alterados alguns dispositivos da CLT, com a lei nº 10.097, que, entre outras mudanças, obriga outros setores da economia a contratar aprendizes. A Lei atual determina que toda empresa de porte médio e grande deve ter em seus quadros entre 5% e 10% de aprendizes – jovens de 14 a 24 anos. l

abr/mai/jun 2016 Coopera SP


10

I

CAPA

“O teatro é a poesia que sai do livro e se faz humana” (Federico García Lorca)

Coopera SP abr/mai/jun 2016


I

11

O espetáculo continua! Circuito Sescoop/SP de Cultura diversifica as linguagens artísticas para as cooperativas da capital e do interior de São Paulo

por Edmir Nogueira

O

filósofo grego Aristóteles afirmava que a arte imita a vida; galhofeiro, Oscar Wilde retrucava que a vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida. Já o bardo Shakespeare acreditava que o mundo é um palco e que homens e mulheres são meros atores: entram e saem de cena durante suas vidas, não fazendo mais do que desempenhar alguns papéis. Na mesma linha, o crítico alemão radicado no Brasil Anatol Rosenfeld (1912-1973) observava que o ato de representar é um fenômeno que transcende o palco, que está na vida antes de mais nada, e sempre foi inerente ao homem, desde antes da existência do próprio teatro. Por qualquer ângulo que se veja, a arte é um elemento essencial da cultura de um povo e de uma nação. O cooperativismo compartilha da ideia de arte como representação e, ao mesmo tempo, reafirmação da vida, ou seja, como algo profundamente ligado aos fazeres e saberes da sociedade. E o Sescoop/SP vem apostando na diversificação das linguagens artísticas para se levar a cultura a amplos setores da população.

O ano de 2016 será um marco para as atividades culturais das cooperativas paulistas, com o nascimento do Circuito Sescoop/SP de Cultura, resultado da experiência consagrada do Mosaico Teatral, Mosaico na Estrada e Mosaico Jovem, realizados entre 2001 e 2015. Nesse período, a caravana promovida pelo Sescoop/SP chegou a atender 140 cooperativas por ano nos municípios do interior paulista, boa parte deles com poucas opções culturais. Os eventos se fortaleceram com espetáculos teatrais premiados, alguns deles em cartaz no circuito cultural paulistano, que foram vistos por quase 600 mil pessoas. O crescimento da oferta de espetáculos, o aumento do número de apresentações e de público, e o trabalho de dezenas de agentes das cooperativas fizeram ainda o programa evoluir para um circuito mais extenso e diversificado. Diante da nova demanda, os eventos foram repensados de maneira a oferecer maior variedade de linguagens artísticas, reposicionar a marca cultural do Sescoop/SP, ampliar o número de cidades e cooperativas

abr/mai/jun 2016 Coopera SP


12

I

CAPA

atendidas, além de reforçar o marketing cultural e social das cooperativas paulistas. Assim, o Circuito Sescoop/SP de Cultura foi criado a partir da experiência de sucesso do Núcleo de Projetos Culturais do Sescoop/SP e de diversas cooperativas. Ele nasceu com a proposta de levar ao público artes Entre os cênicas (teatro, circo e danespetáculos da ça), música e cinema, além de intervenções artísticas nova fase do programa estão “Palavra de Mulher”, e oficinas criativas. O programa preocupa-se ainda com Lucinha Lins, Tania com a formação de públiAlves e Virgínia Rosa co para a cooperação e o cooperativismo, e promove interpretando músicas a capacitação de agentes de Chico Buarque de desenvolvimento social. de Hollanda “Cada vez mais, as cooperativas conseguem assumir responsabilidades e realizam sozinhas as apresentações nos municípios. É isso que permite a extensão do programa”, analisa Sueli Gonçalves, coordenadora do Núcleo de Projetos Culturais do Sescoop/SP.

GRANDES PRODUÇÕES

A nova fase do programa envolve grandes produções, que demandam maior esforço para as cooperativas. Uma delas é o espetáculo “Palavra de Mulher”, um musical com composições de Chico Buarque de Hollanda interpretadas por Lucinha Lins, Tania Alves e Virgínia Rosa, com acompanhamento de um trio de instrumentistas. Em clima de cabaré, as três atrizes/cantoras dividem o palco em duetos e em trio, dando vida a algumas das personagens femininas mais expressivas de Chico Buarque. Também digna de nota é a obra da companhia Gumboot Dance Brasil, que apresenta o espetáculo Yebo. O nome Gumboot remete a botas de borracha e se refere a uma dança popular que foi criada no século XIX pelos trabalhadores das minas de ouro e carvão da África do Sul. Além desses dois espetáculos, o programa ainda inclui apresentações de orquestras, companhias de balé, shows musicais e cinema. Coopera SP abr/mai/jun 2016

Para as cooperativas, as vantagens da criação do Circuito Sescoop/SP de Cultura vão muito além da diversificação da oferta de produções artísticas. “Você muda a relação da cooperativa não apenas com seu público, mas também com seu negócio”, analisa Mario Cesar Ralise, gerente de Promoção Social do Sescoop/SP. “E essa mudança de cultura também provoca mudanças nas cooperativas”, completa Sueli Gonçalves.

FORMAÇÃO

O Circuito Sescoop/SP de Cultura passou a oferecer também a capacitação de agentes de desenvolvimento social, antes designados como promotores de cultura. Agora, eles são responsáveis pela articulação entre as cooperativas e os diversos players da comunidade, com o objetivo de levar as atividades até os municípios. “A ideia é contemplar, na capacitação, tecnologias que contribuam com as ações de responsabilidade social das cooperativas de forma mais abrangente, para além das iniciativas culturais. Isso porque consideramos ser muito importante a interface com outros projetos da Promoção Social”, pontua Ralise. Para Silvia Rodrigues, analista de Projetos Culturais do Sescoop/SP, as experiências com o Mosaico foram fundamentais na capacitação das cooperativas para a promoção cultural. “Quando começamos, as cidades ti-

LIVRO CONTRIBUI PARA FORMAÇÃO DE PÚBLICO O Menino que cooperava, de Luiz Roberto Dalpiaz Rech, é uma das ferramentas utilizadas no Circuito Sescoop/SP de Cultura 2016 para a formação de público. A publicação é patrocinada pelo Sescoop/SP. “O livro ajuda o professor a trabalhar a temática da cooperação em sala de aula”, explica Fernanda Vieira, analista de Projetos Culturais do Sescoop/SP.


I

13

Palavra de Mulher, com Lucinha Lins, tem personagens femininas de Chico Buarque em clima de cabaret

Espetáculo 2por4 é aula sobre música e cooperação

Gumboot Dance Brasil apresenta dança popular sul-africana abr/mai/jun 2016 Coopera SP


14

I

CAPA

2007 ABC

nham escassez de espaços. Com o acúmulo de experiências, os promotores adquiriram um repertório técnico importante”.

OTIMISMO EM ALTA

A Unimed Lins já está se preparando para receber o Circuito Sescoop/SP de Cultura, que está sob a responsabilidade das promotoras de cultura Ana Lúcia Souza e Daniela Atanásio. Desde 2009, a cidade é atendida pelo Mosaico Teatral, chegando a receber mais de mil pessoas em um só espetáculo. Ana Lúcia confessa que inicialmente ficou um pouco preocupada com o novo formato do Circuito. “Agora temos mais exigências, mas também novos desafios e oportunidades de crescimento”. Segundo ela, em Lins, os resultados foram além do previsto e os programas do Sescoop/SP contribuíram, inclusive, para o aumento do interesse do público por outros eventos culturais, promovidos tanto pelo Poder Público como pela iniciativa privada. “Tudo isso valoriza a imagem da cooperativa”, afirma Ana Lúcia. Paulo César Batagelo, presidente da Uniodonto de Araçatuba, ressalta que o novo formato vai possibilitar conquistas mais amplas. “A diversificação Coopera SP abr/mai/jun 2016

é muito importante para atingir outros públicos e a mudança vai ajudar a agregar valor à imagem das cooperativas”. Ele aponta, ainda, a parceria com outras cooperativas do município e com a Prefeitura como fatores importantes para o êxito do programa em Araçatuba. O Sescoop/SP e as cooperativas locais foram, inclusive, agraciados com o prêmio “Odete Costa”, oferecido pela Secretaria Municipal de Cultura para projetos de destaque. “As mudanças só vêm agregar forças e fortalecer a marca das cooperativas”, afirma Eliana André da Silva, analista de Comunicação da Unicred Bandeirante, com sede em Americana. Ela ressalta a preocupação da entidade em atender ao sétimo princípio cooperativista, que promove o interesse pela comunidade. Para Eliana, a intercooperação é essencial para a sobrevivência do cooperativismo e isso vem sendo potencializado pelos projetos culturais do Sescoop/SP. “Essas ações acontecem graças ao trabalho de união das cooperativas da região. O resultado é muito mais rico”. A variação de espetáculos já era demandada pelo público que acompanhava as apresentações do Mosaico. A Coop, cooperativa de consumo com sede na região do ABCD paulista,

2007

Bebedouro


I

2009

2011

Santos

Catanduva

por exemplo, identificou essa exigência em pesquisa realizada entre os espectadores. “As mudanças são bem positivas e possibilitam nossa diversificação”, esclarece Luciana Benteo, analista de Responsabilidade Social da cooperativa. A Coop e outras cooperativas do ABCD mantêm ainda uma parceria com a Fundação Salvador Arena, que atende crianças e jovens com cursos que vão desde o Ensino Fundamental até a universidade. “Eles atendem à mesma comunidade que a Coop. Então, nada melhor do que fazermos uma parceria”, explica Luciana.

O TEATRO CONTINUA VIVO

O sucesso de público do Circuito Sescoop/SP de Cultura é uma demonstração da vitalidade do teatro na cena cultural brasileira. Apesar da brutal concorrência de outros tipos de espetáculos, o teatro continua encantando corações e mentes. Para um dos maiores diretores de teatro do mundo, o britânico Peter Brook, a explicação é simples: “sabe por que o teatro triunfa; por que as pessoas voltaram aos espetáculos teatrais? Porque o teatro não trata de nada de concreto; trata da vida. É a vida”. Portanto, o espetáculo continua! l

15

2014

Itapetininga

RECONHECIMENTO PARA AS COOPERATIVAS O Sescoop/SP premiou diversas cooperativas pela participação nos Programas Mosaico Teatral e Mosaico na Estrada. A homenagem foi realizada no dia 12 de junho, na Casa do Cooperativismo Paulista. “O intuito desta ação foi reconhecer e agradecer a participação das cooperativas nesses programas, que auxiliou muito o desenvolvimento das ações culturais ao longo de seus 15 anos de trajetória”, explica Fernanda Vieira, analista de Projetos Culturais do Sescoop/SP. Santos foi reconhecida como a única cidade paulista que conta com cooperativas participantes dos programas culturais desde sua criação. “Dedico o prêmio a todos os cooperados voluntários e ao Conselho de Administração, que não mediram esforços para que a realização do Mosaico Teatral alcançasse um grande sucesso”, comemora Angela Del Rio Remolli, gestora administrativa da Infantil Santos Cooperativa Médico Hospitalar. Segundo Angela, o começo do programa foi difícil. “Mas, com a ajuda do Sescoop/SP, fomos desbravando e consolidando as parcerias. Hoje, acredito que o programa caminha sozinho. Todos os envolvidos já sabem o seu papel”, explica.

abr/mai/jun 2016 Coopera SP


16

I

O NEGÓCIO É COOPERAR

Cooperados da Coagrosol (Itápolis) colhem laranjas Coopera SP abr/mai/jun 2016


I

17

A força da

agricultura familiar Cooperativas organizadas podem facilitar o acesso de pequenos produtores rurais a políticas públicas e aos mercados convencionais por Vinícius Abbate

A

agricultura familiar é essencial ao desenvolvimento econômico de um país, como revelam as experiências dos Estados Unidos e da Europa, além do Brasil. E, ao contrário do que pensam muitos, a agricultura familiar não é um resquício de um passado arcaico e pré-capitalista, mas uma atividade altamente integrada ao mercado e capaz de incorporar os grandes avanços tecnológicos. Ela é fundamental não apenas para baixar o custo dos alimentos, mas também para desenvolver uma economia sustentável. Principal responsável pela comida que chega às mesas dos brasileiros, a agricultura familiar ocupa apenas 1/5 da área agrícola do país, mas responde por nada menos que 70% dos alimentos consumidos em todo o Brasil. A agricultura familiar tem papel fundamental na cadeia produtiva que abastece o mercado brasileiro, produzindo 87% da mandioca; 70% do feijão; 59% da carne suína; 58% do leite, 50% de carne de aves; 46% do milho; 38% do café; 34% do arroz; 30% dos bovinos e 21% do trigo (dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário, MDA). A agricultura familiar, por utilizar menos maquinário, é responsável por

cerca de 80% da mão de obra agrícola. Mas, para ter mais eficiência, os agricultores familiares precisam se unir em cooperativas. Estas têm a capacidade de encontrar novos mercados e até de exportar. As cooperativas também garantem o acesso a políticas públicas que incluem a agricultura familiar no fornecimento de alimentos a mercados institucionais – escolas, presídios, hospitais e entidades públicas. “Quando produtores rurais se unem em cooperativas com nível de governança profissionalizada é possível ter acesso aos mercados institucionais de forma sustentável. Com cooperativas fortes, as políticas públicas voltadas à agricultura familiar realmente cumprem sua função, que é a geração de renda por meio da produção e do fornecimento de produtos de qualidade para as entidades públicas”, explica Antônio Pedro Pezzuto Jr., coordenador do Ramo Agropecuário do Sescoop/SP. O primeiro passo para obter acesso a esse mercado é o credenciamento do agricultor como Pessoa Física na DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, do Ministério do Desenvolvimento Agrário). abr/mai/jun 2016 Coopera SP


18

I

O NEGÓCIO É COOPERAR

Cooperados da Cooper Rio Preto em plantação de couve

Em seguida, é preciso que 60% dos cooperados tenham esse credenciamento para que uma cooperativa possa, por sua vez, se credenciar na DAP como Pessoa Jurídica. Além disso, para participar dos programas, as cooperativas devem ter o registro na Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) ou na respectiva entidade estadual que, no caso do estado de São Paulo, é a Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp). O registro das cooperativas na Ocesp implica na entrega de documentos (ata de constituição, estatuto social, do registro de matrícula dos associados, livros de atas das assembleias gerais), dos quais são extraídas informações para verificar a conformidade da cooperativa com os aspectos legal-societários exigidos para o seu tipo jurídico. Hoje, das 142 cooperativas agropecuárias registradas na Ocesp existem 30 com registro da DAP Pessoa Jurídica, que reúnem 7.363 produtores rurais.

LEGISLAÇÃO

Existe uma vasta legislação de apoio à agricultura familiar. A Lei Federal 11.947/09, por exemplo, determina que, no mínimo 30% do valor Coopera SP abr/mai/jun 2016

repassado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), do governo federal, deve ser utilizado na compra de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar. Em São Paulo, a Lei nº 14.591/2011 criou o Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social (PPAIS), para estimular a produção e garantir a comercialização dos produtos da agricultura familiar. Também neste caso, o governo do Estado utiliza no mínimo 30% das verbas estaduais destinadas à compra de alimentos para adquirir produtos oriundos da agricultura familiar, in natura ou manufaturados. Já o Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável (Microbacias II) – Acesso ao Mercado, também do governo do Estado de São Paulo, é executado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento, e tem por objetivo proporcionar o acesso ao mercado aos agricultores familiares organizados em cooperativas e associações. A meta desse programa é beneficiar, até setembro de 2017, 22 mil famílias de agricultores familiares de 300 organizações de produtores rurais e grupos indígenas e quilombolas em todo o Estado.


I

As administrações municipais, por sua vez, são parceiras fundamentais da agricultura familiar. “As prefeituras devem realizar o levantamento dos produtores rurais de sua região para determinar como vão efetuar os gastos de 30% da verba do governo federal”, lembra Antonio Pedro, do Sescoop/SP. A prefeitura de São José do Rio Preto, por exemplo, identificou 13 produtos de 80 pequenos produtores rurais que fornecem sua produção de alimentos para os alunos da rede municipal de ensino.

Como parte de seu papel social, ao participar de políticas públicas as cooperativas promovem geração de renda para os cooperados e de divisas para o município. “O sucesso de políticas públicas depende da atuação correta das cooperativas e das prefeituras”, afirma Antonio Pedro.

EXEMPLOS DE SUCESSO

A Cooper Rio Preto, de São José do Rio Preto, que conta hoje com 84 sócios, 81 deles agricultores familiares, iniciou em 2010 um trabalho de ingresso dos produtores nos programas de polítiIMPORTÂNCIA DAS COOPERATIVAS cas públicas do governo federal – PAA Embora o agricultor familiar possa (Programa de Aquisição de Alimentos) negociar seus produtos diretae PNAE (Programa Nacional de mente com o poder públiAlimentação Escolar) – e esAs co, é fundamental que tadual – PPAIS (Programa administrações ele esteja vinculado a Paulista da Agricultura de municipais são uma cooperativa. São Interesse Social). elas que dão seguranEntre os seus prinparceiras ça, assistência e têm cipais produtos, estão: fundamentais da capacidade de escoar abobrinha, alface, alagricultura a produção dos cooperameirão, couve, cebolinha, familiar dos. “As cooperativas têm salsa, rúcula, pepino, betertrês funções fundamentais raba, cenoura, repolho, batata em relação à agricultura familiar: levar doce, mandioca, tomate, berinjela, assistência técnica; dar segurança fi- chuchu, limão, laranja e tangerina. nanceira; e proporcionar oportunida“O princípio de tudo é ter um exato de comercial para cooperados, tanto levantamento da produção dos cooperano mercado institucional como no dos. A partir daí enquadramos os produconvencional”, explica Antonio Pedro. tores nos projetos”, explica Paulo CardoÉ importante que uma cooperati- zo, presidente da Cooper Rio Preto. va tenha os dois focos de negócio – o “A maior importância para os mercado institucional e o convencio- cooperados é a segurança na comernal – como forma de equilibrar a recei- cialização, porque há um preço préta dos seus cooperados. Ele alerta que -fixado por um longo período. Com a as cooperativas “não devem ficar de- intervenção da cooperativa, conseguipendentes somente do mercado insti- mos dar uma segurança maior e mantucional, até porque o governo federal vem diminuindo os investimentos com esse tipo de política”. As cooperativas também podem suprir a falta de organização dos produtores rurais quando estes trabalham de maneira isolada. “Às vezes falta planejamento agrícola por parte dos produtores, que deveria ser feito de acordo com os cardápios das escolas. A responsabilidade de preparar o produtor para esse trabalho deve ser das cooperativas”, diz.

19

ter a família do agricultor no campo”, completa. Além da participação nos programas governamentais, a Cooper Rio Preto atua também no mercado convencional. “Temos comercialização de produtos minimamente processados em redes de supermercados, cozinhas industriais e hospitais. Na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, em Rio Preto), temos um box. Também atuamos em feiras livres em toda cidade e alguns produtores certificados participam da feira orgânica”, diz Cardozo. A Coagrosol (Cooperativa dos Agropecuaristas Solidários de Itápolis) reúne 325 produtores de frutas da região de Itápolis, no interior de São Paulo, e desde 2000 está levando sua produção de sucos naturais – manga, laranja, limão, goiaba, tangerina – a mercados estrangeiros como Alemanha, Holanda, França e Suíça, buscando atender à crescente demanda do mercado por produtos integrais. Para chegar ao mercado internacional, a cooperativa de produtores rurais buscou certificações, entre elas a de Comércio Justo, que atende mais de 200 critérios ambientais e sociais. “Atendemos aos mais exigentes critérios internacionais para exportar nossos produtos”, afirma Reginaldo Vicentim, presidente-executivo da cooperativa. l

abr/mai/jun 2016 Coopera SP


20

I

INVESTIMENTOS

Resistir é preciso Cooperativas conseguem investir mesmo com a crise econômica por Carla Italia

A

pesar da grave crise econômica que assola o país, com um cenário ainda incerto e a possibilidade de novas turbulências à frente, algumas cooperativas brasileiras continuam buscando oportunidades e estão investindo na fidelização de cooperados e clientes para crescer dentro dos seus ramos. Embaixador da ONU (Organização das Nações Unidas) para o cooperativismo mundial, o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues lembra que nas principais crises econômicas mundiais as cooperativas são muito mais resistentes do que as empresas convencionais. “Uma cooperativa tem uma figuração interessante: o sócio da cooperativa é ao mesmo tempo associado, investidor e mutuário. Então, existe mais cautela em relação aos investimentos e às atitudes a serem tomadas. As cooperativas se arriscam muito menos e, por isso, resistem mais”, explica.

Coopera SP abr/mai/jun 2016

Marcio Cavalaro, gerente administrativo da Cocipa (Cooperativa de Consumo de Inúbia Paulista - SP), acredita que a crise é sentida, mas não a ponto de ter que se adotar medidas radicais. “Há um momento de retração no movimento, tanto em ingressos como na quantidade de itens fornecidos, mas isso não afeta nosso quadro. Estamos mantendo as contas em dia e analisando as possibilidades para crescer”, diz. A avalição é compartilhada pelo doutor Walfrido Oberg, presidente da Unimed Botucatu: “a crise econômica tem reflexo em todos os setores. Apesar disso, por estar com sua saúde financeira em dia e equilibrada, a Unimed Botucatu tem mantido todos os projetos, e sem fazer cortes”, revela. Além da construção de um hospital próprio, a Unimed Botucatu está administrando, desde 2014, o hospital Misericórdia Botucatuense. Já as cooperativas de crédito acreditam que o momento é bom para elas,


I

uma vez que as pessoas procuram novas fontes e taxas menores do que as praticadas nos mercados pelos bancos tradicionais. “Estamos em um momento difícil, mas também de oportunidades. Por ter uma forma de atuação diferente, o Sicredi tem tirado proveito. Somos uma instituição financeira com amplitude nacional, mas com atuação regional, o que faz com que nos adaptemos mais facilmente às necessidades locais”, explica Jaime Basso, presidente do Sicredi Vale do Piquiri ABCD PR/SP. Esse otimismo também é sentido pelo Sicoob. “Eu tenho a sensação de que as cooperativas de crédito crescem em momentos difíceis. A crise é um termômetro para que o cooperativismo se desenvolva. Desde a crise de

21

2002, nós tivemos um aumento anual superior a 20% na movimentação das cooperativas financeiras. Isso se deu porque os bancos foram fechando suas carteiras e as pessoas foram buscar créditos nas cooperativas”, revela Henrique Villares, presidente do Sicoob SP.

INVESTIMENTOS MAIS SEGUROS

Se as cooperativas de diversos ramos têm investido mesmo com a crise, esses investimentos são muito cautelosos, como lembra o ex-ministro Roberto Rodrigues. “Quando a cooperativa faz um investimento de grande natureza, de fato, as contas foram todas feitas cuidadosamente para que o risco seja totalmente mitigado pelo projeto programado. Um investimento só é considerado depois de todas as checagens possíveis para que o risco

abr/mai/jun 2016 Coopera SP


22

I

INVESTIMENTOS

seja muito menor do que se fosse feito de uma maneira voluntariosa. É uma decisão muito bem pensada”, explica. Para José Geraldo Fogolin, presidente da Coopbanc, cooperativa de consumo de Araçatuba, o investimento também é uma forma de economizar. “Nós investimos na compra de uma área vizinha à nossa sede, de 1.100 m², e fizemos uma grande ampliação. Além disso, reformamos totalmente nossa cozinha, padaria e confeitaria. Investimos em equipamentos mais modernos e trocamos toda nossa ilha de refrinossos atendentes de uma maneira digeração. Nossas geladeiras tinham o ferenciada”, garante Basso. conceito de serem abertas e agora são Outra cooperativa que também todas fechadas, o que nos faz econoestá fazendo investimentos em plemizar energia. Investimos R$ 7 milhões na crise é a Cocipa. Com proposta justamente para dar comodidade ao de um Autoposto em Inúbia cooperado, fidelizar clientes Paulista, que em breve e ainda economizar”. também estará presenO Sicredi tamÉ importante te em Adamantina bém acaba de inmostrar a visão e em Osvaldo Cruz, vestir R$ 5 milhões de que as cooperativas são os cooperados acuem uma nova unidade, na Avenida instituições inclusivas, o que mulam bônus para extingue a centralização, serem utilizados na Paulista, um dos loja de autosserviço locais mais imporque é uma característica da rede. “Como forma tantes de São Paulo. típica da economia de oferecer ao nosso Com 780 m², a unidaglobalizada cooperado mais uma opde foi projetada para ser ção de serviço, e entendendo um ambiente interativo e de que muitos vêm de carros de cidades promoção do cooperativismo. “Nós já vizinhas, investimos em categorias de tínhamos o sonho de estarmos presenprodutos que antes não explorávamos, tes na Paulista, então pensamos em como o posto de gasolina. Agora, nosfazer algo mais interativo por meio de sos clientes podem fazer compras e um painel touch e com mesas digitais. abastecer em um só lugar. Além disso, Lá, as pessoas conseguem acessar o cooperado que abastece o carro no dados do cooperativismo, produtos, Auto Posto Cocipa paga o abastecimenserviços e receber informações dos Coopera SP abr/mai/jun 2016

to pelo preço da bomba, mas recebe um bônus de R$ 0,10 por litro. Esse bônus é acumulativo”, explica Cavalaro.

ESTRATÉGIAS PARA FUGIR DA CRISE

“Uma característica típica da economia globalizada é a concentração. As grandes empresas vão se concentrando e crescendo, enquanto as pequenas sofrem para se manter no mercado. É importante mostrar essa visão de que as cooperativas são inclusivas. O que, de certa forma, extingue a concentração”, alerta o ex-ministro Roberto Rodrigues. Jaime Basso também acredita que a presença das cooperativas tem sido importante no desenvolvimento das atividades econômicas. “No meu entendimento, é por meio do cooperativismo que vamos enfrentar as dificuldades. O cooperativismo se fortalece com isso, porque as pessoas percebem que por meio da união conseguimos nos fortalecer. E é exatamente isso que nós pregamos, a união”.l


ARTIGO

I

23

Leonardo Papp

Código Florestal: quatro anos depois

H

á pouco mais de 4 anos, após longo e intenso debate, foi aprovado o chamado Novo Código Florestal (Lei Federal n. 12.651/12). Mesmo com toda dificuldade, me parece inquestionável que a nova legislação contém avanços na direção de compatibilizar a proteção do meio ambiente e a realização de atividades produtivas em imóveis rurais. Pelo menos em alguma medida, o Novo Código Florestal contempla pleitos históricos dos produtores rurais. Disso são exemplos, entre outros: o tratamento mais benéfico conferido a pequenos produtores rurais; a diferenciação entre áreas rurais já consolidadas com atividades produtivas e locais ainda cobertos com vegetação nativa; o estabelecimento de novas e mais flexíveis possibilidades legais para o cumprimento de obrigações relativas às Áreas de Preservação Permanente e à Reserva Legal. Em termos práticos, o Novo Código Florestal abriu um leque de possibilidades que sequer eram cogitadas pela legislação revogada. Novamente, os exemplos ajudam a compreender esse cenário.

Em áreas rurais consolidadas, pequenos produtores rurais ficaram desobrigados de adotar medidas de recomposição de Reserva Legal. Já os médios e grandes produtores rurais ficaram autorizados a descontar as Áreas de Preservação Permanente do cálculo relativo à Reserva Legal, bem como se abriu a possibilidade de compensar tal obrigação por meio da destinação de área recoberta com vegetação nativa em outro imóvel, desde que inserido no mesmo bioma. Entretanto, não basta que haja previsão na legislação. Ao contrário, a criação de uma lei é apenas um “ponto de partida”. Os resultados (positivos ou não) somente são construídos a partir do momento da efetiva aplicação da legislação, a cargo do Poder Executivo e do Poder Judiciário. Dito de outro modo, de nada adianta a existência de legislação que “em tese” contenha benefícios ao produtor rural, se aqueles que forem responsáveis pela sua aplicação a interpretarem de modo distorcido ou incompleto. Infelizmente, atualmente esse é um risco concreto no que diz respeito ao Novo Código Florestal. No âmbito dos Estados, responsáveis

pela implementação dos Programas de Regularização Ambiental, não raramente os órgãos ambientais têm priorizado a burocratização, que gera desestímulo à participação dos produtores rurais. Quanto ao Poder Judiciário, baseados numa visão míope da chamada proibição de retrocesso ecológico, ganham espaço precedentes que sustentam a inconstitucionalidade de dispositivos da nova legislação, perpetuando o cenário de insegurança jurídica para o produtor rural. O equacionamento de tais riscos para a efetividade do Novo Código Florestal – e, consequentemente, para o aproveitamento das regras mais benéficas nele contidas – passa necessariamente pelo estabelecimento de um diálogo constante, aberto e realista com o Poder Executivo Estadual e com o Poder Judiciário. E as entidades representativas dos produtores rurais podem desempenhar papel fundamental nessa direção.

Leonardo Papp é advogado especialista em Direito Ambiental abr/mai/jun 2016 Coopera SP


24

I

COOPERATIVISMO GLOBAL

Expresso Oriente por Vinícius Abbate

Brasil é destaque na principal feira de café da Coreia do Sul e leva sete cooperativas em busca de novos mercados internacionais

Coopera SP abr/mai/jun 2016

O

café brasileiro foi a grande estrela da 14ª edição da Coffee Expo (COEX), maior evento da indústria do café na Coreia do Sul. Sete cooperativas brasileiras de café participaram do evento, que aconteceu em abril, em Seul, a capital sul-coreana, reunindo alguns dos principais players globais do segmento. De São Paulo foram a Cocapec, Coopinhal e Coopercitrus, acompanhadas pelas capixabas Cooabriel, Coocafé e Coopeavi, e pela mineira Capebe. A Ocesp, o Sescoop/SP e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) apoiaram a participação das sete cooperativas, visando a prospectar novos mercados internacionais e, também, os melhores caminhos para agregar valor às exportações de café ao mercado asiático. “A participação gerou interesse comercial e a apresentação de amostras

de cafés das cooperativas brasileiras a compradores e ao público”, diz Flávia Sarto, consultora em Agronegócios do Sescoop/SP, que esteve na Coffee Expo. “Foi a primeira vez que trabalhamos internacionalmente com um só segmento. Hoje, há uma forte demanda pelo produto no Leste asiático. Eles estão descobrindo e adorando o café”, explica. A feira também expôs os elementos que compõem uma tradicional cafeteria coreana: chás, xaropes, sorvetes e confeitaria, além de promover um concurso de barista, atividade popular no país. Mais de 40 mil pessoas passaram pela Coffee Expo, o que representou sucesso de público. O estande brasileiro contou a história do café no país por meio de folders traduzidos para o coreano. Entre os visitantes estiveram Gwangseog Hong, diretor Comercial da National Agricultural Cooperative Federation (NACF), maior cooperativa agropecuária da Coreia do Sul e sétima maior do


I

mundo, e o cônsul do Brasil em Seul, Bruno Lacerda Carrilho. Desde 2004, o mercado de café na Coreia do Sul cresce a taxas superiores a 60% ao ano. O país já ocupa a sexta posição no ranking mundial de consumo do produto. Ao final do evento, as sete cooperativas contabilizaram mais de 40 contatos com empresas compradoras e com torrefações de café, entre elas a McNulty, maior importador sul-coreano da commodity. O Sescoop/SP fará o acompanhamento das negociações entre os importadores e as cooperativas brasileiras. “Fizemos contatos importantes, com grandes possibilidades de negócios, visto que os compradores estão aguardando a entrada da nova safra. Isso é fruto da nossa participação na feira”, diz Jandir de Castro Filho, gerente de comercialização da Cocapec. Única cooperativa brasileira a participar da COEX 2015, a paulista

Coopinhal colhe os frutos da iniciativa: já exportou cerca de mil sacas de café especial para a Coreia. Agora, ela espera confirmar um contrato para o fornecimento de 30 contêineres por ano, durante três anos. Cada contêiner comporta cerca de 330 sacas. “Nesta segunda viagem de prospecção ao mercado sul-coreano, conseguimos consolidar relacionamentos com importadores. A Coreia do Sul se destaca pelo fato de efetivamente valorizar o café de origem brasileira, além de ser uma oportunidade de abrir a porta do mercado de café para as cooperativas, acessando o mercado internacional de maneira verdadeira e agregando valor à produção de nossos cooperados”, afirma Daniel Bertelli Gozzoli, gerente geral da Coopinhal. Para 2017, o Sescoop/SP pretende ampliar o número de cooperativas participantes da Coffee Expo. “O papel do Sescoop/SP é fundamental. No último ano, foram investidos R$ 2 mi-

25

lhões no fomento às exportações das cooperativas agropecuárias. Precisamos desenvolver a mentalidade da exportação entre as cooperativas brasileiras, porque temos muitos mercados promissores pela frente”, diz a consultora Flávia Sarto. l

CAFÉ FOR EXPORT

Em 2015, o Brasil exportou 37 milhões de sacas de café. As cooperativas foram responsáveis pelas exportações de 6 milhões de sacas, 12% do total. “Para 2016, é aguardada uma supersafra do café brasileiro, com expectativa de crescimento de até 20% na participação das cooperativas”, comemora Flávia Sarto.

abr/mai/jun 2016 Coopera SP


26

I

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

O superintendente do Sistema Ocesp Aramis Moutinho Júnior passou o cargo de vogal para Gláucia dos Santos, coordenadora da Controladoria

Agilidade na

Junta Comercial Posse de nova vogal do cooperativismo na Junta Comercial consolida participação do setor na facilitação de processos na entidade por Edgard Leda

Coopera SP abr/mai/jun 2016

C

omposta por várias entidades como OAB, Fiesp, Fecomércio, Associação Comercial e CRC, entre outras, a Junta Comercial do Estado de São Paulo também conta com uma representante das cooperativas no colegiado. Ao todo são 21 vogais na Jucesp, cada um representando um nicho da sociedade, como os industriários, os comerciários, os advogados e os cooperativistas.

No último dia 25 de maio a coordenadora de Controladoria do Sistema Ocesp, Gláucia dos Santos, tomou posse como vogal representante do cooperativismo paulista, substituindo o superintendente da Ocesp Aramis Moutinho Junior, que permaneceu pelos dois mandatos consecutivos permitidos pelo órgão. Eles explicam que o papel da Ocesp não é o de fazer ou montar o processo, e sim recebê-lo pronto para encami-


I

nhar ao escritório com vista prévia e a possibilidade da orientação para as cooperativas. Gláucia ressalta que, ao ser encaminhada à Junta sem prévia análise, a demanda pode enfrentar demora maior. “Com nosso trabalho de prestar uma consultoria às cooperativas, podemos dirimir dúvidas, acrescentar dados ou corrigir eventuais erros no processo. Assim, já em sua entrada, haverá uma grande probabilidade de esse processo estar correto”. Aramis Moutinho, por sua vez, aponta a necessidade de se ter alguém que domine bem a legislação cooperativista dentro do Colégio de Vogais. “As cooperativas têm aspectos bem distintos das demais empresas. É muito importante termos dentro da Jucesp alguém que conheça as particularidades da sociedade cooperativa, que represente os interesses dessa sociedade e que fale em nome dela”. Hoje o trabalho da vogal da Ocesp na Junta Comercial de São Paulo também é facilitado pela parceria entre a entidade e o escritório local da Junta, e isso vem ajudando muito na agilização dos processos. Para o presidente da Central das Cooperativas de Crédito de São Paulo (Sicoob Cecresp), Manoel Messias da Silva, nos últimos três anos a atuação dos vogais da Ocesp têm sido de grande valia para intermediação de processo de arquivamentos de atas de cooperativas associadas à Central Cecresp que sofreram exigências ou apontamentos. “Há dificuldade no entendimento da legislação específica do cooperativismo de crédito pelos técnicos da Jucesp e, consequentemente, ocorrem algumas exigências. São nesses casos que a intermediação da vogal é fundamental para conseguirmos solucionar as pendências em menor prazo e com menos desgastes para nossas associadas”, aponta. Em 2015, a Ocesp atendeu 314 demandas de cooperativas com difi-

culdades para registrar suas atas na Jucesp. E o número vem subindo, pois apenas nos primeiros seis meses deste ano foram contabilizados cerca de 500 atendimentos. Aramis Moutinho comemora a parceria e destaca que o trabalho tem custo zero para a cooperativa. “É muito vantajoso ter uma pré-análise, pois os processos têm maior chance de aprovação e não custa nada para

27

o cooperado”, conclui. A consultoria especializada da Ocesp atende pelo telefone (11) 31466230 ou e-mail consultoriajucesp@ ocesp.coop.br. Os consultores analisam documentos, apontam adequações, encaminham para a Junta Comercial, acompanham todo o processo e até emitem parecer, se for necessário, para defender a cooperativa nos casos de exigências descabidas.l

Manoel Messias da Silva, presidente da Sicoob Cecresp

abr/mai/jun 2016 Coopera SP


28

GIRO COOPERATIVISTA

I

Notas sobre cooperativismo e cooperativas em São Paulo

Impacto de impostos nas cooperativas O XIV Fórum de Aspectos Legais do Cooperativismo foi realizado no Sescoop/SP no último dia 4 de maio e contou com a participação de cerca de 200 pessoas, entre advogados e cooperados. Durante o painel “O Alcance do Ato Cooperativo”, especialistas debateram, entre outros pontos, os reflexos de recursos sobre a tributação do PIS e da Cofins para as sociedades cooperativas. Mediado pela gerente jurídica da OCB, Ana Paula Andrade Ramos Rodrigues, e pela coordenadora jurídica do Sistema Ocesp, Patrícia Alves Cabral, o painel foi aberto com uma palestra do tributarista Roque Antonio Carazza.

Inovação social no cooperativismo

Em palestra magna, o ministro aposentado do TST (Tribunal Superior do Trabalho) Pedro Paulo Manus, elogiou a atividade e destacou a importância do cooperativismo para o desenvolvimento do país.

Palestras inspiradoras marcaram a abertura do Encontro Estadual de Desenvolvimento Social do Sescoop/SP no início de maio. O evento, realizado na Casa do Cooperativismo Paulista, comemorou o lançamento do Circuito Sescoop/SP de Cultura e do Dia de Cooperar 2016 (Dia C). O ex-jogador da seleção brasileira Raí apresentou o case da Fundação Gol de Letra. Ele mostrou que também é craque fora dos campos e trouxe exemplos de inovação social, ressaltando a importância da organização da sociedade civil para a construção de um Brasil melhor.

Conselhos Consultivos para Crédito e Transporte O grupo técnico do Conselho Consultivo Estadual do Ramo Crédito (Ceco/SP) reuniu-se no último dia 16 de maio para discutir ações que visam à integração e à intercooperação nos negócios, além da busca de alternativas e soluções que beneficiem o cooperativismo de crédito como um todo. Participaram da reunião as cooperativas Central Sicredi PR/SP/RJ, Sicoob Cecresp, Sicoob SP, Sicoob

Coopera SP abr/mai/jun 2016

Cantareira, Unicred Central São Paulo e Credisan (representando as cooperativas independentes), além da Federação Nacional das Cooperativas de Crédito (FNCC). Outro ramo beneficiado recentemente por um Conselho Consultivo Estadual é o de Transporte, que foi tema do “Fórum Técnico do Ramo Transporte”, no dia 28 de junho.


I

29

Intercâmbio no Sul A cidade de Caxias do Sul (RS) foi palco de solenidade para marcar o encerramento do Programa de Formação de Dirigentes de Cooperativas (Formacoop) do Sistema Uniodonto. Cerca de 50 dirigentes de cooperativas, que participavam de intercâmbio técnico no Rio Grande do Sul, foram homenageados pelo presidente do Sistema Ocesp, Edivaldo Del Grande; pelo diretor do ramo Saúde da Ocesp e presidente da Uniodonto do Brasil, José Alves; e pelo presidente da Uniodonto Paulista, Luiz Eduardo Zaccharias.

Reciclagem e inclusão digital A Cooperativa de Reciclagem Crescer, que já desenvolve um programa de formação profissional para seus cooperados, prepara-se para implantar um novo sistema integrado de gestão logística e produtiva. Para tanto, conta com o apoio do Sescoop/SP na capacitação dos cooperados por meio de treinamentos de informática.

O programa Formacoop, realizado entre julho de 2015 e junho de 2016, por meio de parceria entre o Sescoop/SP e a Federação Paulista da Uniodonto, foi desenvolvido a partir da identificação de necessidades apontadas pelas cooperativas que participaram do Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas (PDGC) no ano passado.

A turma iniciada em abril tem 12 alunos, que participam semanalmente das aulas na Casa do Cooperativismo Paulista. Até julho, eles aprenderam a usar o computador na teoria e na prática, com cursos de introdução à informática, Word, Powerpoint e Excel.

Pós-graduação nas cooperativas Por meio de parceria com instituições de ensino superior, o projeto Pós-Graduação do Sescoop/SP viabiliza a participação de colaboradores das cooperativas em cursos de especialização lato sensu e MBA, com foco nas necessidades de melhoria da gestão e de qualificação do corpo técnico. Na Coop (Cooperativa de Consumo), 28 colaboradores concluíram este mês o curso de pós-graduação “MBA em Gestão de Cooperativas de Consumo”. Já na Camda, foi iniciado no dia 12 de maio o curso de pós-graduação “MBA Executivo em Economia e Gestão: Agronegócio”. O MBA em Gestão de Cooperativas de Consumo foi realizado na Coop, em Santo André, por meio de parceria com a Universidade de São Caetano do Sul (USCS).

Diretor da cooperativa Tereos recebe homenagem da França Jacyr Costa Filho, diretor da Região Brasil da cooperativa Tereos, recebeu a insígnia Chevalier du Mérite Agricole (Cavaleiro do Mérito Agrícola) em cerimônia realizada na Embaixada da França, em Brasília, no dia 8 de junho. O presidente da Ocesp, Edivaldo Del Grande, participou do evento juntamente com o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, e outras autoridades.

abr/mai/jun 2016 Coopera SP


30

I

MEMÓRIA COOPERATIVISTA

por Américo Utumi*

Uma dupla de sucesso O dia em que o presidente da Aliança Cooperativa Internacional, Roberto Rodrigues, cantou ao som do piano de Claude Béland, presidente da Cooperativa Desjardins

E

m 1999, quando Roberto Rodrigues presidia a Aliança Cooperativa Internacional, foi realizado o Congresso Mundial da ACI, na cidade de Quebec, no Canadá. E como a maior instituição financeira daquele Estado é uma cooperativa de crédito a Desjardins -, ela foi a grande anfitriã do evento, que esperava contar com a participação de milhares de cooperativistas de todo o mundo. A gerente internacional da cooperativa, Ann Lavoie, era a encarregada de organizar este grandioso Congresso que seria realizado no recém inaugurado Centro de Convenções de Quebec e prenunciava ser um dos maiores da ACI. Como eu era o chefe de gabinete da Presidência da ACI no Brasil, Ann Lavoie passou a manter um estreito contato comigo, para tratar de todos os assuntos relativos ao Congresso, desde a grade de programação, escolha dos palestrantes, traslados dos participantes, reserva de hotéis, etc. E foi num desses e-mails que recebi uma proposta de Ann Lavoie. Como o Presidente executivo da Cooperativa Desjardins, Claude Béland, era um exímio pianista e ela sabia que Roberto Rodrigues era um bom cantor, propunha uma perfomance surpresa de ambos, no jantar de en-

Coopera SP abr/mai/jun 2016

cerramento do Congresso. Imaginem o impacto da apresentação: o Presidente da ACI cantando acompanhado pelo Presidente do poderoso conglomerado cooperativo Desjardins !!! Apesar do susto, achei a ideia sensacional, mas primeiro teria que convencer Roberto, o que não seria fácil. E não deu outra. Alegando que não era cantor, que não iria se exibir perante uma plateia de milhares de pessoas, Roberto simplesmente descartou a proposta. Foi aí que esteve presente a força de persuasão da Ann Lavoie. Argumentando que o Presidente Claude Béland se entusiasmou com a ideia, já estava até ensaiando uma música para acompanhá-lo, e que seria o ponto alto da solenidade de encerramento, tanto insistiu que Roberto não teve como fugir. No jantar de gala de encerramento do Congresso, o salão nobre do Centro de Convenções estava lotado, com a presença de altas autoridades do governo do Canadá, da província de Quebec e de mais de três mil congressistas provenientes de todo o mundo. Personalidades ímpares do mundo cooperativista, importantes representantes dos poderes constituídos canadenses usaram da palavra, quando

ao final da cerimônia, para a enorme surpresa dos presentes, o Presidente do grupo Desjardins se dirigiu ao piano e, ao executar os primeiros toques da música LA VIE EM ROSE, o público viu, extasiado, o Presidente da ACI, Roberto Rodrigues, começar a cantar. Foi, realmente, um espetáculo inesquecível. Ao término, uma estrondosa salva de palmas coroou a apresentação musical e o público passou a gritar “Bis”, “Bis”, obrigando a dupla a repetir a dose. Mas, como, se eles haviam ensaiado apenas a música La Vie em Rose? Salvou o talento de ambos que, de improviso, interpretaram a música FASCINATION, fazendo com que os congressistas, também, passassem a cantar juntos, transformando a festa num imenso coral cooperativo, com vozes de representantes de cooperativas do mundo inteiro, fechando com chave de ouro um dos maiores Congressos da ACI. Decorridos muitos anos, os participantes daquele Congresso ainda relembravam, com admiração, a apresentação da dupla Béland e Rodrigues, na festa de encerramento. l

*Américo Utumi é Conselheiro da Ocesp




Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.