Revista Carga Pesada Edição 199

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ANO XXXIV - NÚMERO 199 - Outubro / Novembro 2018

FUTURO

Cadê o retrovisor? Para melhorar a aerodinâmica, novo Mercedes-Benz Actros apresentado no Salão de Hannover, na Alemanha, troca retrovisores por câmeras

“Espero que ocorra uma grande redução de normas tributárias e fiscais. O empresário brasileiro gasta metade do seu tempo resolvendo problemas burocráticos.” Tayguara Helou, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Estado de São Paulo (Setcesp), sobre as expectativas com o novo governo.


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Ao lado do transportador Seja

na revista impressa, há 33 anos, no site ou nas redes sociais, a Revista Carga Pesada está presente em todas as mídias trazendo informações e análises exclusivas do setor de transportes.

Em nossas páginas, caminhoneiros e transportadores se encontram na abordagem dos principais temas ligados ao universo das estradas. Encontram também espaço para suas opiniões, além de novidades em produtos e serviços.

Carguinha, primeira revista infantil das estradas, e o projeto de conscientização ambiental CARAVANA ECOLÓGICA - estrada verde, água limpa - são outras ações que traduzem a forma de atuação da Revista Carga Pesada.


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QUEREMOS INTERAGIR COM VOCÊ, LEITOR E INTERNAUTA. NOS CANAIS DA REVISTA CARGA PESADA A DIREÇÃO É CERTA E O RETORNO É GARANTIDO.

www.cargapesada.com.br O MELHOR CONTEÚDO NA PALMA DA MÃO


Entre nós

Painel

Viva a democracia!

ISSN 1984-2341

Dia 28 de outubro, os brasileiros escolheram o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) como o novo presidente da República. E o setor de transporte, como mostra reportagem desta edição (página 12), está bastante otimista em relação ao governo que tem início dia 1º de janeiro. Empresários e caminhoneiros acreditam em um novo ciclo de prosperidade para o País. Durante o processo eleitoral, a Carga Pesada chamou a atenção dos leitores para a necessidade de defendermos a democracia. O ambiente político estava extremamente polarizado e algumas declarações de candidatos justificavam que a revista marcasse essa posição. Chegaram a dizer que não respeitariam o resultado das urnas caso não fossem eleitos. Outros defenderam nova constituinte. E, pior, propuseram nova Constituição feita por um conselho de notáveis, escolhidos pelo próprio governo. Apesar desses rompantes, o presidente da República foi eleito legitimamente. E a decisão popular precisa ser respeitada. Isso é a democracia que a Carga Pesada defende. Mas essa deve ser uma luta constante. Não pode terminar com o fechamento das urnas. Chama a atenção, neste mês de novembro, o fato de o Congresso querer aprovar alterações na lei antiterrorismo (13.260). Entre uma dezena de atos, ela já prevê como terrorismo a interrupção parcial ou total de rodovias. O projeto de lei 272, que está em análise em Brasília, estabelece uma relação maior desses atos. E o senador Magno Malta (PR-ES) aproveitou para apresentar novas motivações para prática dos crimes considerados como terrorismo. Atualmente, são xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião. Malta acrescenta: “motivação política, ideológica ou social”, quando cometidos para “coagir governo, autoridade, concessionário ou permissionário do poder público a fazer ou deixar de fazer alguma coisa”. Para bom entendedor, um pingo é letra. Se o projeto for aprovado com a emenda do senador, o caminhoneiro que bloquear rodovia pode ser considerado terrorista e passar de cinco a 30 anos na prisão. Por isso, meu amigo, fique de olho. Temos de defender a democracia todos os dias.

Sumário

6 12 16 18 20 22 24 26 28 30 31 32 34 CARTAS

Leitores debatem campanha presidencial

PERSPECTIVAS

Transportadores estão otimistas com governo Bolsonaro

VOLVO

Consórcio Volvo completa 25 anos no Brasil

HANNOVER

A nova geração Scania chega ao Brasil

CONECTADOS

Ferramenta vai aumentar disponibilidade da frota

AERODINÂMICA

Mercedes-Benz troca retrovisores por câmeras no Actros

UNIÃO DE MARCAS

Traton estreia no Salão Internacional do Transporte

RELACIONAMENTO

INOVAÇÃO

Ao comemorar 60 anos no País, ZF foca nos autônomos

Consórcio Scania leva clientes para IAA e #NXTGEN

INAUGURAÇÃO

CARGA VIVA

Cavalos são transportados em segurança no Atego

De Nigris tem primeiro Mercado de Peças da Mercedes

MULHERES

MÃO DE OBRA

Jovens dos EUA são incentivados a ir para a boleia

Reencontro amoroso fez Sharon virar caminhoneira

DIRETORA RESPONSÁVEL: Dilene Antonucci. EDIÇÃO: Dilene Antonucci (Mt2023), Chico Amaro e Nelson Bortolin. DIRETOR DE ARTE: Ary José Concatto. ATENDIMENTO AO CLIENTE: Mariana Antonucci e Carlos A. Correa. REVISÃO: Jackson Liasch. CORRESPONDENTES: Ralfo Furtado (SP) e Luciano Pereira (MG). PROJETOS ESPECIAIS: Zeneide Teixeira. Uma publicação da Ampla Editora Antonucci&Antonucci S/S Ltda-ME. CNPJ 80.930.530/0001-78. Av. Maringá, 813, sala 503, Londrina (PR). CEP 86060-000. Fone/fax (43) 3327-1622 - www.cargapesada.com.br E-mail: redacao@cargapesada.com.br. Circulação: Outubro / Novembro de 2018 - Ano XXXIV - Edição n° 199

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Porta-luvas

Voz do Leitor

Em respeito à democracia Nas eleições deste ano, a Carga Pesada publicou textos em defesa da democracia e sobre a responsabilidade do voto. Muita gente não gostou. Achou que a revista estava se manifestando contrariamente ao agora presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Leitores escreveram críticas no nosso site e no Facebook. E também debateram entre eles. De um lado, defensores do capitão reformado e, do outro, eleitores do PT. É preciso deixar claro que não defendemos nenhuma candidatura. Apenas chamamos a atenção para o fato de que o País vive um clima de polarização extrema e que, mais do que nunca, é preciso defender a liberdade de expressão, os direitos humanos e as instituições. E, obviamente, a decisão da maioria dos eleitores. Tendo a democracia como um valor a guiar nossos passos, publicamos aqui algumas das manifestações que recebemos. Para reflexão. Não sou idiota!

Vocês querem enganar quem? Já estamos numa ditadura. O PT quebrou o País. Não existe democracia. Não sou idiota. Jorgina Pereira

Excluídos

Jorgina, antes de o PT governar, o filho do pobre não fazia faculdade, não tinha carro, era excluído da sociedade. Sou do interior: lá só fazendeiro tinha televisão. Hoje, é bem diferente. O problema é que a classe A não quer dividir espaço com a B, C, D. Maria Miranda

Só um lado

É impressão minha ou vocês estão com o PT? Estou vendo um discurso esquerdista. Desculpe, só existe um lado certo, e esse é o lado contra o PT. Marcilio Magno Alves

Qual ditadura?

De que ditadura vocês estão falando? A da Venezuela, de Cuba? Aquelas sustentadas com nosso dinheiro liberado pelo PT. O post não está claro. Porque, se forem apoiadores do PT, deixarei de seguir agora. Melice Sanches

Imprensa livre

Entendo quando a imprensa livre continua a defender a democracia, pois ela sabe o que é ser censurada. Sabe o que é ter que publicar receita de bolo porque foi impedida pela ditadura de publicar a verdade. Respeito a coragem do texto e o compartilho, pois precisamos sim de democracia. Paulo André

Nunca mais

Meus amigos, vivi a época da ditadura e não desejo viver de novo nem em pesadelo. Ditadura nunca mais. José Carlos Santos

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Porta-luvas

Voz do Leitor

Maior mentira

Esse discurso de que Bolsonaro quer implantar ditadura no Brasil é a maior mentira que já inventaram. Isso é para amedrontar os incautos. Quem realmente quer implantar o totalitarismo no Brasil é o PT, que não respeita a opinião da maioria. Ercion Nunes

O último bicudo

Tiro, porrada e bomba

Tem caminhoneiro dizendo que, se caírem as tabelas de frete, eles voltam a fazer greve. Quero ver se têm coragem para tanto. No governo Bolsonaro, se fizermos paralisação, será cacetada e bala de borracha para todo lado. Penso que teremos dificuldade no governo dele porque ele está comprometido com o mercado e não com pessoas. Desejo francamente estar enganado e me surpreender com esse novo governo. Wellington da Torre, o Zé Cueca

Multa indevida

Fui notificado sobre uma evasão na balança da BR-101, km 251, em Serra (ES). O problema é que eu não evadi coisa nenhuma. Passei, fui liberado pela fiscalização. Não estava com excesso de peso. E a velocidade era de 40 km por hora mais ou menos. Mesmo assim, recebi uma notificação de R$ 5 mil. A empresa quer cobrar de mim, mas não tenho como pagar. Marcio Ramos

Lindo demais! Que pena que não continuou. Eu me orgulho de ter feito autoescola num Volvo bicudo, só que mais antigo (sobre o último bicudo fabricado pela Volvo). Andrea Schaeffer

6x2 no bitrem

Nunca ouvi falar que teve algum problema de rodovias por causa de bitrem puxado pelo cavalo 6x2. O problema são as malhas asfálticas de péssima qualidade que são colocadas nas rodovias. Se um Fiat Uno passar três vezes no mesmo lugar, o asfalto vai ceder do mesmo jeito. Marcos Willams (sobre notícia de que o 6x2 pode ser novamente liberado para bitrem)

Transporte de cavalo

Meu avô carregava sua tropa de mulas em um FNM. Nunca teve problemas. Recomendo para o

transporte desses animais (sobre o Atego, da Mercedes-Benz, escolhido pela Nil Horse para transportar cavalos – leia mais na página 31). Ronaldo Lima

Caminhão a gás

Para colocar um caminhão desses nas estradas brasileiras, primeiro é preciso ter uma rede de abastecimento. Não são todos os Estados do Brasil que têm essa rede de gás natural. Ou, então, terá de ser comercializado em regiões restritas (sobre caminhão a gás lançado pela Scania – leia mais na página 18). Robson Bentes da Silva

Tem de fiscalizar

A ANTT tem de entrar rápido na fiscalização dessa turma que não está pagando os fretes de acordo com as tabelas. Esse pessoal acredita que a agência está empurrando a fiscalização com a barriga até fim deste governo (31 de dezembro). Tem muita gente obrigando o caminhoneiro a assinar como se estivesse recebendo certinho, mas está pagando menos. João Cavalheiro

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Porta-luvas

Voz do Leitor

Nova concessionária

Parabéns pelo investimento do grupo Brasdiesel em Passo Fundo. Agora, espero que minha empresa adquira na loja um bruto novo, um Streamline 450. Precisamos evoluir com a Scania. Cristiano Bueno

Um sonho

Que sonho ter um Scania desses (Streamline 450). Para mim, o melhor e mais lindo caminhão. Tenho um Mercedes 1111, ano 1967. E já sou muito grato a Deus. Pensa se eu tivesse esse Scania. Seria capaz de morrer só pra ir agradecer a Deus e a Jesus Cristo pessoalmente. Alex Varela

Corrupção e pedágio caro

O pedágio mais caro que já paguei até hoje foi em Ponta Grossa, no Paraná. Foram R$ 28 em um caminhão ¾. Agora eu sei o motivo (sobre o escândalo de corrupção no qual as concessionárias tinham de pagar propina para o governo do Estado do Paraná). Paulo Henrique Oliveira

Exame toxicológico I

É só mais um meio de roubo ao motorista. Tem muita gente dentro e fora do governo ganhando muito dinheiro com isso. Edson Volpe

Só Scania

No dia em que você viajar com um Scania, nunca mais vai querer outro caminhão. Adauto Silva

Para os EUA

Vamos abandonar o Brasil e mudar para lá (veja a reportagem completa na página 34). Vitor Hugo Tomé

Trabalhador terá valor

Pode acreditar que com ele (Bolsonaro) nós teremos a liberdade de negociar. Ele não apoia propineiro. Disso, tu podes ter certeza. Com ele, trabalhador vai ter valor. João Gomes

Cabide de emprego

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) é um cabide de emprego. Tenho 45 anos de estrada, nunca vi esse órgão fiscalizar nada (sobre fiscalização das tabelas de frete). O frete é negociável, não se pode tabelar. É livre concorrência. Osmar Gonçalves de Oliveira

Proteção

Que Deus ilumine e proteja sempre todos os guerreiros das estradas. Loura Dantas

Exame toxicológico II

Duzentos reais tungados para enriquecer alguns. Isso e a inspeção veicular dos carros são uma aberração. Pegou fumado, bêbado ou cheirado, cana. Se bateu e matou, cana. Isso é que resolve. Milton Triveloni

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Boleia

Perspectivas

Eleição traz otimismo de volta ao transporte Para empresários, Jair Bolsonaro vai combater a burocracia e começar a destravar a economia; caminhoneiros acreditam que ele vai tratar a categoria de forma especial NELSON BORTOLIN As eleições deste ano renovaram as expectativas dos transportadores. Eles acreditam que o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) será capaz de destravar o desenvolvimento econômico do País. A Carga Pesada conversou com empresários e caminhoneiros, que afirmam acreditar na valorização da iniciativa privada e da categoria pelo capitão reformado. Um deles é o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Estado de São Paulo (Setcesp), Tayguara Helou. “O pessoal está dizendo que o Brasil vai dar certo, que o Brasil está mudando. Para mim, o Brasil já deu certo, já mudou”, afirma. Além de Bolsonaro, apresentado como uma novidade na política apesar de ser deputado federal há 27 anos, o empresário ressalta a renovação do Legislativo. “Foram eleitas pessoas que estiveram na iniciativa

privada e conhecem o funcionamento das empresas e do mercado”, alega. A grande expectativa do presidente do Setcesp é que seja feito um processo de desburocratização no País, com redução de leis e normas que emperram os negócios. “Espero que ocorra imediatamente uma grande redução de normas tributárias e fiscais. É um absurdo que nossas empresas precisem contar com departamentos contábeis tão grandes só porque, a cada minuto, surge uma nova norma”, critica. E cita um exemplo do setor de transporte. “Hoje, a movimentação de produtos químicos exige uma licença nacional. Exige também licenças estaduais. São 12 dessas licenças, e ainda é preciso obter licença municipal para operar em São Paulo.” De acordo com Helou, o empresá-

rio brasileiro gasta “de 45% a 55%” do seu tempo resolvendo problemas burocráticos. “Imagine se usasse esse tempo para inovar e ampliar negócios.” Ele também espera que o próximo governo consiga reposicionar o Brasil no cenário mundial, com o desenvolvimento da indústria. “Hoje, temos um sistema em que a matéria-prima sai da América do Sul ou do Sul da África e dá uma volta enorme até os Tigres Asiáticos, onde é trans-

Tayguara Helou: “Brasil já deu certo”

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Norival Almeida: “esperar para ver o que vai acontecer”

Marcos Egídio Battistella: à espera da reforma tributária

formada e faz o caminho de volta para os maiores mercados consumidores, que são América do Norte e Europa”, explica. Para ele, o Brasil tem um “posicionamento geográfico e logístico” que poderia atender de forma mais eficaz esses mercados consumidores. “Temos a matéria-prima, a mão de obra, e proximidade desses mercados. Imagine se o Brasil fosse industrializado da forma correta, com um parque industrial moderno e inovador.” O presidente do Setcesp não se ilude quanto à redução imediata da carga tributária. Para ele, isso só ocorrerá com a diminuição da máquina pública. “E não estou falando meramente de diminuir o número de ministérios, mas de fazer uma gestão pública mais eficiente, como nas empresas, com orçamento rígido e controle de despesas.” SINTONIA – O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar), Marcos Egídio Battistella, concorda com o colega do Setcesp: a priorida-

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de do novo governo deve ser a reforma tributária. A quantidade de impostos e taxas, de acordo com o empresário, é muito grande e as empresas perdem muito tempo para administrá-las. Ele acredita que, se o sistema fosse mais simples, o governo teria mais controle sobre os impostos e a sonegação diminuiria. “Assim, todo o mundo pagava certinho e haveria espaço para se pagar menos”, ressalta. O empresário acredita ainda que a medida estimularia os informais a regularizarem seus negócios. Battistella também espera que Bolsonaro mantenha a atual política de ajustes do preço do diesel e não volte com as oscilações diárias. “A gente acredita que a Petrobras precisa fazer os ajustes conforme o mercado internacional, mas precisamos trabalhar com o mínimo de previsibilidade. Se ficar como está hoje, é razoável”, alega. Questionado se espera alguma mudança na lei trabalhista, devido às declarações de Bolsonaro de que os

brasileiros precisam escolher entre ter empregos e direitos, ele afirma que não. “Nem mesmo a reforma mexeu nos direitos trabalhistas. Ela apenas deixou a relação do empregador com o empregado mais clara. Acho que está bom assim.” O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de São Paulo (Sindicam), Norival Almeida, também se diz otimista em relação ao novo governo. “Bolsonaro se comprometeu conosco durante a campanha. Eu tenho esperança, como a maioria da população, que ele vai cumprir o que disse. Nem tudo, porque ele também prometeu bobagens. Temos de ter paciência, esperar pra ver o que vai acontecer”, declara. Ao contrário do presidente do Setcepar, Almeida acredita que a Petrobras adotará uma nova política e vai baixar o valor do diesel. “O próprio Bolsonaro diz que só 20% do diesel é importado”, afirma. Por causa disso, na visão do presidente do Sindicam, não se justifica a paridade de preço com o mercado internacional.


Boleia

Perspectivas Não se pode pagar para trabalhar Sem as tabelas de frete elaboradas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a atividade de transporte de carga fica inviável. A opinião é do professor da Universidade Mackenzie e consultor em transportes Murillo Torelli Pinto (foto). Segundo ele, se for para trabalhar com valores abaixo dos das tabelas, é melhor deixar o caminhão parado no pátio. “As tabelas precisam ser mantidas neste momento de economia fraca que estamos. Se a economia voltar a crescer e o mercado de carga voltar a ter demanda maior, aí os preços se ajustam e as tabelas podem ser dispensadas”, afirma. O professor fez um levantamento de fretes agrícolas e constatou que eles estão praticamente congelados desde 2008. “Peguei algumas rotas como entre Uberaba e Santos. O frete por tonelada hoje gira entre R$ 80 e R$ 100. Há dez anos era o mesmo valor.”

Fala Bolsonaro A Carga Pesada enviou questionamento sobre a tabela de frete para a assessoria do futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes. Mas não obteve retorno. Em reportagem publicada pela Agência Estado

Torelli ressalta que as tradings vêm ameaçando adquirir frota própria para elas mesmas fazerem o transporte, já que consideram caros os valores da tabela. Mas ele não acredita que isso vá ocorrer. O professor estima que cada uma das grandes tradings (ADM, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus) teria de adquirir 1.500 veículos. “Teriam de contratar milhares de motoristas, acho que nem tem essa mão de obra disponível. E não conseguiriam reduzir significativamente o custo do transporte. Não enxergo vantagem para elas”, afirma.

Sem tabelas de frete, é greve na certa Nas estradas, a expectativa é que Jair Bolsonaro mantenha as tabelas de frete. Se elas forem revogadas, os caminhoneiros dizem que voltam a fazer greve imediatamente. “O Bolsonaro disse que apoia os caminhoneiros”, diz Diego Martins, autônomo de Cambé (PR). Implantadas para atender os caminhoneiros que fizeram greve em maio, as tabelas melhoraram a receita de Martins em cerca de 20%. “Agora dá para pagar a manutenção do veículo”, diz ele, que transporta carga em geral. O gaúcho Cláudio Silva conta que sua vida melhorou bastante com a implantação das tabelas. “Depois que entrou o frete mínimo, consigo fazer manutenção no caminhão, trabalho mais sossegado. Sem a tabela não tem

margem para trabalhar”, alega. Assis Silveira, autônomo de Santo Antônio da Patrulha (RS), garante que não pega nenhum trabalho com preços menores que os das tabelas. “Ofereceram um frete por R$ 4 mil (de Londrina ao Rio Grande do Sul). Pela tabela, deveria ser por R$ 5.934. Não peguei. Prefiro ficar esperando.” Se o próximo governo não mantiver a tabela, o motorista diz que a greve será imediata. “E vai ser pior que a deste ano.” Na opinião de Eduardo Aparecido Vanso, de Londrina, as tabelas serão mantidas. “Já mostramos nossa força. Se tentarem tirar a tabela, nós paramos de novo. Tem de parar.” Diego Martins: receita melhorou 20%

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dia 23 de setembro com o título “Revogar tabela do frete é maior desafio”, o então candidato Jair Bolsonaro demonstra ser contrário. “Tabelar, aí não dá certo! Isso vai na contramão da pessoa que eu confio para tratar nossa economia (o economista Paulo Guedes).”

Ninguém viu Já quem transporta grãos ainda não viu as tabelas funcionarem. “Ninguém paga a tabela não”, diz Clóvis Alberto Marcondes, de Tamarana (PR). Mas ele tem fé no novo governo. “Espero que mude muita coisa, principalmente que baixem os preços do diesel e do pedágio. Deus abençoe que ele (Bolsonaro) resolva isso.” Marcondes diz que nunca viu funcionários da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) fiscalizando o cumprimento das tabelas. “Daqui (Londrina) para Paranaguá, estão pagando R$ 48, R$ 50 a tonelada. Pela tabela tinha de ser R$ 90”, conta. “Nunca carreguei pela tabela. Não conheço ninguém que consegue receber o valor mínimo”, afirma Renato Marcos da Silva. Ao contrário dos colegas, ele não se sente otimista com o novo

governo. “Acho que vai continuar do mesmo jeito. A gente vai empurrando com a barriga.” Já o presidente do Sindicam em São Paulo, Norival Almeida, diz que as tabelas de frete não devem ser algo permanente. “Mas acho que o Bolsonaro vai tentar mantê-las no começo do mandato”, afirma. Mesmo que sejam revogadas, Almeida acredita que o novo governo tomará outras medidas visando melhorar a vida dos caminhoneiros.

Clóvis e Renato: contratantes não pagam o valor da tabela e ANTT não fiscaliza

Empresas também se beneficiam As tabelas de frete também melhoraram a vida das empresas de transporte. É o que diz o diretor da D’Granel, Flávio Morais. “Confesso que no nosso segmento melhorou muito”, afirma. Ele conta como seria a reação do cliente se pedisse um reajuste de 50% no frete antes da tabela. “O cliente iria dizer que estamos loucos, que o aumento é abusivo, inconstitucional.” Como agora é lei, de acordo com Morais, o cliente não tem como escapar. O diretor alega que a D’Granel consegue fretes acima dos valores mínimos fixados pela ANTT em 98% dos casos. As transportadoras precisam cobrar a mais para terem margem para repassar aos terceiros. “Eu não posso pagar ao autônomo menos do que

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está previsto nas tabelas. Então preciso cobrar acima.” Morais acredita que a empresa que remunera seus agregados em valores abaixo dos das tabelas assume o risco de ter de pagar o dobro no futuro, caso seja acionada na Justiça. Dizendo-se “nem contra nem a favor” da tabela, o presidente do Setcesp, Tayguara Helou, defende que elas precisam de ajustes. “Há problemas de aplicabilidade, de cálculos e conceito. Você pega a tabela de carga perigosa e ela é mais barata que a de carga geral, o que não faz sentido. Outro problema é que, quando você calcula um frete de 100 km, você tem um valor x, mas se for de 101 km, você tem um valor menor”, critica. Helou defende um sistema dife-

rente, levando em consideração que, ao operar com fretes muito baixos, o transportador não consegue fazer a manutenção correta de sua frota, aumentando o risco de acidentes e os riscos ambientais para toda a sociedade. “Minha proposta é que, a partir da elaboração de preços mínimos, todo operador que queira trabalhar com valores abaixo da tabela assuma 100% da responsabilidade desta postura”, ressalta. O empresário defende ainda que as tabelas mínimas levem em conta o modelo e a marca dos veículos. “Um caminhão não tem o mesmo desempenho que outro. Como não temos milhares de montadoras, não é impossível fazer essas tabelas específicas”, alega.


Para-choque

Financiamento

Consórcio é opção para pequenos e médios Não tem juros e cliente pode ter parcela reduzida até a contemplação O Consórcio Volvo está completando 25 anos de atividades no Brasil. O evento comemorativo promovido pela montadora acabou se transformando num debate sobre esta modalidade de aquisição de bens que hoje reúne mais de sete milhões de participantes, sendo 86% do setor automotivo. No caso da Volvo, neste período, foram 51 mil cotas vendidas e R$ 5 bilhões de créditos pagos: “É uma ótima opção para ampliação e renovação de frota. Nenhuma outra modalidade de financiamento oferece 100 meses de prazo para pagamento”, lembrou Valter Viapiana, diretor comercial da Volvo Serviços Financeiros, que também está comemorando 25 anos de atuação e financia 40% das vendas da marca no País. Durante o evento na sede da Volvo em Curitiba, empresários de transporte de cargas participaram de um debate com jornalistas em torno do tema. Paulo Guerra, diretor da Transportes Vinhedos, de Caxias do Sul, lembrou que o consórcio foi um aliado importante no crescimento da empresa. “Além disso, tem mais agilidade na entrega do bem. Se você tiver uma cota con-

templada hoje, recebe o caminhão em 30 ou 60 dias. Já na aquisição normal, atualmente, dependendo do caminhão, você pode ter que esperar até abril do ano que vem”, argumentou. “O Consórcio Volvo transformou-se numa importante ferramenta de renovação e ampliação de frotas de de muitos clientes da Volvo”, afirma Ruy Meirelles, presidente da Volvo Financial Services Brasil. Segundo Meirelles, o consórcio oferece inúmeros benefícios: é uma moda-

Ruy Meirelles na assembleia comemorativa dos 25 anos do Consórcio Volvo

lidade de compra planejada, sem juros e com um prazo longo para pagamento e quitação do bem. O cliente paga apenas uma taxa de administração, diluída no período de duração do grupo, que na maioria dos grupos é de 100 meses. O participante tem ainda o benefício de pagar parcelas de valor reduzido até a data da contemplação, facilitando o seu fluxo de caixa.

Volvo é a melhor empresa para trabalhar A edição 2018 da pesquisa da revista Você S/A coloca a Volvo novamente no topo do ranking no segmento automotivo. Desde 2005, a marca figura seguidamente entre as melhores empresas do País no quesito ambiente de trabalho. “É um resultado que reconhece a maturidade e a vanguarda das nossas práticas em gestão de pessoas. Essa premiação reforça nosso excelente clima organizacional para atrair e reter os melhores talentos”, assegura Carlos Ogliari, vice-presidente de RH e assuntos corporativos da Volvo na América Latina. Na foto, funcionários recebem prêmio “A melhor empresa para trabalhar no Brasil – setor Automotivo”.

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Boleia de última Montadora já registrou 300 pedidos dos novos caminhões A Scania montou um campo de provas avançado para apresentação de sua nova geração de caminhões a clientes de todos os países da América Latina. Só do Brasil serão mais de 2.200 convidados que terão oportunidade de testar as novas boleias, inclusive em pistas off-road, e passar por estações de apresentação dos principais diferenciais da nova linha que já somava, no início de novembro, 300 pedidos registrados em carteira. As entregas devem começar em fevereiro. Nunca estivemos tão alinhados com as tecnologias apresentadas no último Salão de Hannover e que você conhecerá nas próximas páginas, inclusive em relação a combustíveis alternativos. O estande da Scania no maior salão de transporte do mundo, que aconteceu em setembro, na Alemanha, era 100% descarbonizado, ou seja, só expunha veículos com emissão zero de carbono. Agora, menos de dois meses depois, e nesta mesma linha, a Scania e a Citrosuco anunciaram para o Brasil a primeira demonstração de um caminhão abastecido com GNV (gás natural veicular) ou biometano. O modelo, um pesado de 410 cavalos de potência, fará já na primeira quinzena de dezembro a rota Matão-Santos levando suco de laranja para exportação. Ainda no campo da sustentabilidade, a nova geração Scania chega com cinco motores movidos a combus-

tíveis alternativos: GNV/biometano (com três opções, de 410, 280 e 340 cv) e bioetanol (com duas opções, de 400 e 280 cv). Eliardo Locatelli, que já conquistou duas vezes o título de melhor motorista promovido pela marca, é um dos responsáveis por acompanhar os test drives e apresentar os pontos fortes dos caminhões aos clientes. Ele destaca o que mais agradou no caminhão: “A nova cabine, que tem maior campo de visão com o rebaixamento do painel e redução das colunas laterais, e o deslocamento do banco do motorista, em cinco milímetros para a esquerda, que melhorou muito a ergonomia. A performance do caminhão, com novos motores e a nova caixa, está excelente”, avalia. “Vamos revolucionar o setor de transportes na América Latina. Nossos clientes serão convidados a entrar na jornada mais eficiente de personalização de suas soluções. Queremos que nossos clientes embarquem nesta próxima etapa com a certeza de estarem investindo no que, de fato, precisam para sua rentabilidade”, conta Roberto Barral, vice-presidente de operações comerciais da Scania no Brasil.

“Não é só uma nova linha que chega ao mercado, mas a forma de comercializar a nova geração será muito diferente a partir de agora pela rede Scania. O vendedor terá um sistema exclusivo que escolhe a melhor solução de transporte, mais personalizada, conforme o tipo de aplicação”, completa Barral. A ferramenta vai definir o que é preciso para obter a máxima rentabilidade. Por exemplo, qual a melhor cabine, potência, eixos, trações, programa de manutenção, solução financeira e implemento. Ou seja, o veículo passará a ser apenas mais um item. Serão possíveis, no mínimo, montar 500 alternativas de tipos de caminhões a partir de 19 combinações de cabines, cinco novas potências e 38 aplicações definidas pela Scania no transporte de cargas no Brasil. A Scania reforça o que parece ser um consenso na indústria: em 2019, o mercado de caminhões acima de 16 t (semipesados e pesados) deverá crescer entre 10% e 20% na comparação com 2018. “Já firmamos nosso investimento de R$ 2,6 bilhões até 2020 e confiamos no potencial do País”, reforçou Barral.

Barral: “vamos mudar a forma de comercializar caminhões”

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geração O Scania G540 no circuito off-road montado na Base Aérea de Santos

PRINCIPAIS NOVIDADES Cabine nova por dentro e por fora, com aço de maior resistência, mais segura e aerodinâmica Nova tecnologia do motor, melhor aerodinâmica e funções inteligentes que resultam em economia total de diesel de até 12% Modelo S: pela primeira vez um piso plano para maior conforto Primeiro caminhão do mundo com airbags laterais de cortina O pesado movido a gás pode chegar a 700 quilômetros de autonomia

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Redução da área de frenagem em dois metros


Ferramenta garante disponibilidade da frota O Fleet Monitoring é apenas uma das ferramentas dos novos serviços lançados pela Scania. Ele promete indisponibilidade zero

Fábio Souza: conectividade permite customizar manutenção por caminhão e operação

A Scania apresentou um novo serviço: o PMS Fleet Care. Seu objetivo é ajudar o cliente a obter o máximo de disponibilidade da frota. Ele funciona por meio de um gestor coordenado pela rede de concessionárias da montadora. O diretor de Serviços da Scania no Brasil, Fábio Souza, disse à Carga Pesada que a novidade é um programa de manutenção top de linha. “Ele se encarrega da manutenção corretiva e também da preventiva e traz ferramentas poderosas para a gestão da frota”, declara. O Scania Fleet Care tem cinco pilares principais. O primeiro é o gestor de frota. Uma das principais preocupações da Scania é com o tempo e os recursos que os clientes normalmente precisam gastar em atividades não essenciais ou de suporte. Por isso, a fabricante vai dedicar o talento da equipe da rede para apoiar o transportador. Para cada cliente será designado um gestor de frota Scania.

O segundo pilar é o planejamento de serviços, pelo qual o gestor de frota vai garantir que o cronograma de manutenção e a utilização dos veículos sejam adaptados para atender o cliente da melhor maneira possível. Um terceiro elemento são a conectividade e os programas de manutenção Scania (PMS). Outro quesito fundamental são os motoristas. Parte da solução Scania também inclui a análise da influência deles na disponibilidade operacional. O quinto pilar é o relacionamento com as oficinas da rede Scania. O gestor de frota será a conexão entre o cliente e todas as oficinas da rede da marca no Brasil e também com as eventuais estruturas Scania dentro das instalações dos transportadores. DISPONIBILIDADE – Uma das ferramentas do PMS Fleet Care é o Scania Fleet Monitoring. “Por meio da conectividade, o Fleet Monitoring permite definir geocercas e apurar, em tempo real, a disponibilidade de

cada veículo”, conta. De posse desses dados, é possível atuar proativamente para que os veículos jamais fiquem indisponíveis. Junto com o Fleet Monitoring, a Scania oferece uma cláusula de garantia de disponibilidade. “Se não entregarmos o que prometemos, a Scania paga a compensação para o cliente”, explica. O diretor aproveitou para avaliar os serviços conectados da marca. “Começamos com esses serviços no Brasil só em 2017 e já estamos com 14 mil veículos conectados. Até o final do ano, serão 15 mil. E pretendemos chegar a 2024 com 80 mil veículos conectados no País.” Souza destaca a importância da conectividade. “É ela que abre espaço para os planos flexíveis com manutenção extremamente customizada não só para cada caminhão, mas também para cada operação. Não fossem os serviços conectados, não teríamos condições de entregar o que entregamos.”

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Câmeras substituem Mercedes-Benz garante que melhor aerodinâmica proporcionada pela substituição reduz em até 5% o consumo de combustível Hannover, na Alemanha, foi mais uma vez a sede do Salão Internacional do Transporte, IAA 2018. Como sempre acontece, a Mercedes-Benz abriu a programação de encontros com a imprensa mundial – mais de 500 jornalistas – em um circuito de testes montado no Aeroporto de Hannover. O grande destaque foi uma edição especial do novo Actros, modelo top de linha da marca, a série Special Edition 1, limitada a 400 unidades, que já incorpora tecnologias antecipadas pelo caminhão com direção autônoma, o Future Truck, apresentado no salão anterior há dois anos. Uma das novidades é a utilização de câmeras-espelhos instaladas na cabine. A Mercedes-Benz garante que as melhorias aerodinâmicas pro-

porcionadas pela menor área de atrito com o ar podem reduzir em até 5% o consumo de combustível. O presidente da Mercedes-Benz do Brasil, Philipp Schiemer, presente na coletiva, acrescentou que a câmera aumenta exponencialmente a qualidade de visão do motorista: “Mesmo à noite ou na chuva, a visão do motorista é como se fosse um dia de sol”, destacou. Ele também disse que ainda não há previsão de chegada da nova linha ao mercado brasileiro. Recursos tecnológicos dependem de infraestrutura viária e mapeamento digital de rotas, ainda inexistentes no Brasil. Outra novidade é a nova função de detecção ativa de pista que intervém com movimentos corretivos da direção, se necessário. O novo

Caminhões autônomos Numa parceria exclusiva com a Grunner, empresa de tecnologia para o campo, a Mercedes-Benz apresentou no Salão Internacional de Hannover o primeiro caminhão da marca com direção autônoma a ser utilizado numa operação diária regular na colheita de cana. Trata-se do extrapesado Axor 3131, num inédito modelo fora de estrada que já opera 24 horas na colheita de cana-de-açúcar no interior de São Paulo, região considerada a maior produtora do País. Recentemente a Volvo, que foi pioneira no lançamento de caminhões autônomos no Brasil, fez a primeira entrega comercial do mundo de caminhões com tecnologia autônoma para aplicação canavieira no Grupo

Usaçucar do Paraná (veja mais detalhes na página 25). Líder no segmento de transbordo nas lavouras de cana, o Axor 3131 com direção autônoma chega com capacidade de carga de 40 metros cúbicos ou 18 toneladas. A cada quatro transbordos ele carrega um treminhão, aumentando a produtividade. Isto porque a configuração original 6x4 foi adaptada para um 8x4. Esta operação vem ocorrendo 24 horas na Agro Cana Caiana, região de Lençóis Paulista. Depois da introdução da tecnologia autônoma, a produtividade foi de 69 para 117 toneladas por hectare. Ou seja, ao evitar com recursos de georreferenciamento o pisoteamento dos

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retrovisores no Actros

As câmeras-espelhos melhoram exponencialmente a qualidade de visão do motorista

“Active Brake Assist 5” agora consegue também reagir com frenagem total emergencial se identificar risco para pedestres. Um elemento-chave dos sistemas de assistência do novo Actros é o “Sideguard Assist”, introduzido com sucesso há dois anos e que elimina os pontos cegos, detectando, por exemplo, a presença de um ciclista na lateral do veículo.

ganham escala comercial brotos, a usina praticamente dobrou sua produtividade. Duas unidades já foram vendidas. Mas a solução é tão eficiente e rentável que já começou a conquistar outros clientes do setor canavieiro. “Mais 16 caminhões Axor 3131 de direção autônoma foram negociados neste mês para realizar a operação de colheita de cana, o que já é o primeiro fruto da parceria da Mercedes-Benz com a Grunner”, destaca Roberto Leoncini, vice-presidente de Vendas e Marketing Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil. O Axor 3131 com direção autônoma tem capacidade de carga de 40 m3 ou 18 toneladas

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Com bitola de três metros e suspensão mista metálica e pneumática, o Axor 3131 autônomo atua lado a lado com as colhedoras de cana, também de condução autônoma, que fazem a colheita e o corte, já lançando a cana picada diretamente na carroceria do caminhão. A velocidade média dos veículos gira em torno de 6 km/h na área da colheita. Terminado o carregamento, o motorista assume o controle do Axor para a etapa de transbordo aos treminhões, ou seja, o descarregamento da carga nos caminhões de maior capacidade. A Mercedes-Benz lidera o segmento off-road com 50% de participação de mercado.


Grupo Traton reúne MAN, Scania e Volkswagen Juntas, marcas produzem 200 mil veículos por ano

Andreas Henschler, presidente do recém-criado Grupo Traton, começou seu discurso de apresentação no Salão de Hannover dizendo que queria ter sido motorista de caminhão. Não teve sucesso neste projeto, mas o sonho de trabalhar com caminhões continuou e hoje ele dirige um dos maiores grupos de marcas de peso no setor de caminhões e ônibus. MAN, Scania e Volkswagen agora ganham escala juntas no Grupo Traton que, segundo o CEO, significa Transformando o Transporte. Além destas grandes marcas, o grupo detém participações acionárias na americana Navistar (16%), na chinesa Sinotruk (25%) e na japonesa Hino (10%). Presente em 17 países, o Grupo Traton já é o primeiro na Europa, segundo o executivo. São 83 mil funcionários e mais de 200 mil veículos produzidos por ano. Na plataforma de gerenciamento de frota on-line RIO, outra marca do

grupo, já são 450 mil veículos conectados. A previsão é de que, na próxima década, pelo menos 50% dos veículos produzidos pelo grupo terão a mesma base em motores e transmissões: “Estamos no meio de uma das maiores mudanças na história do transporte”, avalia Henschler.

Chegando na frente com tecnologia elétrica, o Brasil foi destaque no salão já que a Volkswagen Caminhões e Ônibus, com sede em Resende (RJ), mostrou em seu estande o caminhão e-Delivery e o ônibus Volksbus e-Flex. Apresentados ainda como protótipos, ambos já têm suas fases de testes definidas e também a previsão do início da produção em série até 2021. A Cervejaria Ambev e a VW Caminhões e Ônibus assinaram um termo de cooperação global para o desenvolvimento de um modelo de negócio de mobilidade elétrica. O anúncio foi feito pela diretoria da VW Caminhões e Ônibus e por Guilherme Gaia, diretor de sustentabilidade e suprimentos da Cervejaria Ambev. Além disso, a planta brasileira do Grupo Traton deverá ser a base do grupo para desenvolvimento de veículos voltados para os mercados emergentes. Ricardo Alouche, diretor de vendas e marketing, disse com exclusividade para a Carga Pesada que a união de grandes marcas no Grupo Traton vai trazer redução de custos.

Roberto Cortes, presidente e CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus; Guilherme Gaia, da Ambev; e Andreas Henschler, CEO do Grupo Traton: cooperação para mobilidade elétrica

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Autônomos são destaque na Volvo Edição especial comemora 25 anos do FH A Volvo apresentou no Salão de Hannover um novo tipo de veículo de transporte comercial, conjugando tecnologia autônoma e motorização elétrica. O veículo conceito Vera chamou a atenção no evento pelo design único. Trata-se de uma proposta complementar às soluções atuais com caminhões convencionais e indicada para empresas que fazem transporte contínuo entre centros de distribuição fixos. O Grupo Volvo está na vanguarda da tecnologia autônoma em veículos comerciais. Recentemente fez no Brasil a primeira entrega comercial do mundo de caminhões com tecnologia autônoma para aplicação canavieira no Grupo Usaçucar, do Paraná. Além disso, há veículos testando diferentes tipos de automação em operações reais, como caminhões de mineração (Suécia) e caminhões de coleta de lixo (Inglaterra). Há também protótipos autônomos de ônibus e equipamentos de construção da marca. SUSTENTABILIDADE - Lançado em 1993 e com um milhão de unidades produzidas, o consagrado modelo FH está completando 25 anos. Para celebrar, a Volvo Trucks apresentou no salão de Hannover uma edição especial do modelo com faixas formando o número 25 para sinalizar o aniversário. Um interior luxuoso também aguarda o motorista. No Brasil, no relato do jornalista Luciano Alves Pereira, a partir de 1994 foram importados lotes do FH 12 380 Globetrotter, que quer dizer viajante do mundo. A chegada do FH foi definitiva para a padronização da cabine frontal nas nossas estradas. Seu motor de 12,1 litros já adotava o cabeçote único com quatro válvulas por cilindro e, na mesma peça, um inovador freio-

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-motor por descompressão, o hoje consagrado VEB (Volvo Engine Brake). Dentro do conceito de sustentabilidade, outra atração da marca em Hannover foram os caminhões 100% elétricos para uso urbano que começam a ser vendidos no ano que vem. Os Volvo FL e FE Electric, introduzidos no decorrer deste ano, não têm ruídos nem emissões de escapamento e estão disponíveis em PBTs de 16 a 27 toneladas, com autonomia de até 300 km. Os novos modelos FH LNG e FM LNG operam com gás natural liquefeito (GNL) ou biogás e estão disponíveis em opções de 420 cv ou 460 cv

Edição comemorativa do FH: 25 anos e um milhão de unidades produzidas

O veículo conceito Vera conjuga tecnologia autônoma e motorização elétrica

(309 ou 338 kW) para operações de transporte pesado regional e de longa distância. Esses veículos oferecem o mesmo desempenho, consumo de combustível e autonomia que os veículos a diesel, mas com emissões de CO2 de 20% a 100% mais baixas.


ZF investe em veículos

Empresa comemora 60 anos no Brasil Atuar como uma desenvolvedora de soluções inteligentes para que os veículos sejam mais seguros, eficientes, inteligentes, conectados e ambientalmente amigáveis. Este é o foco de atuação da ZF, empresa que tem mais de um século de atuação no mundo e que está comemorando 60 anos de presença no Brasil. A ZF nasceu oficialmente há 103 anos graças à genialidade do Conde Ferdinand Von Zeppelin, que criou o famoso Zeppelin. A inovação representada pelo dirigível marcou toda a história da empresa até os dias de hoje. Na sua fundação em 1915, nasceu para produzir engrenagens, além de caixas de câmbio para dirigíveis, ‘carruagens a motor’ e barcos em sua fábrica e sede na cidade alemã de Friedrichshafen. A ZF, cuja sigla vem do alemão zahnradfabrik (fábrica de engrenagens), teve o mérito de instalar no Brasil a sua primeira filial fora da Alemanha. Hoje é considerada uma empresa de tecnologia de ponta no desenvolvimento de veículos autônomos e elétricos com emissão zero e dispositivos inéditos de segurança ativa e passiva. Um dos destaques apresentados pela empresa no Salão de Hannover

pode ajudar a tornar os caminhões mais seguros no tráfego urbano, por meio de um sistema com base em um radar capaz de monitorar toda a lateral do veículo. Ao condutor é dado um alerta assim que pedestres, ciclistas ou outras formas de transporte se aproximem do ponto cego ou de uma possível zona de colisão. Posteriormente, esta tecnologia será desenvolvida no sistema Side Vision Assist, que também incluirá imagens de câmeras. Graças a algoritmos inteligentes e sensores interligados, o equipamento também pode acionar efetivamente o conjunto de direção e, caso necessário, realizar a frenagem de emergência. Isso faz dele um importante aliado para o desenvolvimento de caminhões com funções automatizadas. Outro destaque foi o ZF Innovation Van, um veículo de carga com conexão inteligente, direção autônoma e uma condução totalmente elétrica que oferece suporte aos serviços de encomendas para atender às exigências de entregas urbanas. O veículo de distribuição vem equipado com funções de direção autônoma nível 4 e pode ser projetado para manobrar pelos centros

Wilson Bricio: “A ZF participa ativamente do desenvolvimento da indústria brasileira”

das cidades de forma independente, permanecendo em sua faixa mesmo sem marcações nas vias, reconhecendo os semáforos e outras sinalizações de trânsito, respondendo a situações de risco repentinas. Além disso, o ZF Innovation Van pode detectar e contornar obstáculos como veículos estacionados em fila dupla, por exemplo. “Estamos revolucionando as tecnologias para os serviços de entregas urbanas para que sejam feitas de forma limpa, segura e dentro do prazo. Por esta razão, estamos trabalhando juntamente com parceiros e clientes para que este novo conceito inicie sua produção em série nos próximos dois anos. Para oferecer rapida-

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autônomos e elétricos tomatizadas TraXon, para caminhões extrapesados (as mesmas que equipam, inclusive, diversos modelos de caminhões autônomos em testes na Europa), e EcoTronic, para caminhões médios e semipesados, já estão em produção no Brasil e disponíveis para equipar os caminhões que em breve serão lançados no mercado nacional. Com faturamento perto de R$ 4 bilhões na América do Sul e com mais de cinco mil colaboradores, a ZF possui oito plantas industriais na região: “A ZF foi uma das poucas multinacionais de autopeças que participaram ativamente de todo o processo de instalação, desenvolvimento e expansão da indústria automotiva brasileira. No Brasil, a empresa vem evoluindo, inovando e crescendo, acompanhando e suprindo o ritmo e demandas dos seus clientes”, afirma Wilson Bricio, presidente da ZF América do Sul. mente ao mercado nossa experiência em sistemas sob a forma de soluções inovadoras e práticas, investiremos mais de 12 bilhões de euros em mobilidade elétrica e condução autônoma nos próximos cinco anos”, afirmou Wolf-Henning Scheider, CEO da ZF Friedrichshafen AG. BRASIL – A companhia chegou ao País e instalou-se em São Caetano, ABC paulista, em 1958. Ao longo de seis décadas, em sua política de rápida transferência tecnológica entre suas unidades em todo o mundo, a ZF introduziu no Brasil diversas tecnologias. Nos últimos três anos, depois que incorporou a TRW, a ZF deu início ao processo de se tornar uma das principais provedoras globais de soluções capazes de tornar a mobilidade cada vez mais segura, sustentável e amigável ao meio ambiente. A transferência tecnológica entre as unidades da ZF no mundo é tão rápida que as modernas transmissões au-

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Radar alerta o condutor sobre a presença de pedestres ou ciclistas na lateral do veículo

A ZF nasceu oficialmente há 103 anos graças à genialidade do Conde Ferdinand Von Zeppelin


Faixa contínua

Inovação

Em dia com a tecnologia Consórcio Scania leva clientes a feira na Alemanha e ao #NXTGEN para conhecerem novidades e trocarem experiências NELSON BORTOLIN A indústria brasileira de caminhões e implementos não deve praticamente nada à europeia. É o que pensa o empresário Fábio Régis de Albuquerque, diretor do Sítio Barreiras Fruticultura, com sede em Missão Velha (Ceará). Ele, que é cliente do Consórcio Scania, fez essa constatação ao participar do Salão de Veículos Comerciais (IAA), em setembro, na Alemanha. “Em termos de tecnologia, não estamos atrás. O que acontece na Europa logo chega até nós. A diferença é só um pequeno tempo para adaptação”,

afirma ele. E não só no caso de cavalos-tratores. “Vi carrocerias frigorificadas lá muito parecidas com as que a gente usa aqui”, conta. O Sítio Barreiras produz bananas, que são transportadas para o Sul em frota própria. Na volta, os caminhões levam laranja e maçã, que são distribuídas no Nordeste. “Também não estamos atrasados em soluções para monitoramento de frota”, diz ele. Por outro lado, a partir da troca de experiências em Hannover, o empresário constata que a qualidade dos serviços prestados no Velho Mundo é muito melhor do que a observada no Brasil. “Lá, os serviços vão de médios a excelentes. Não há espaço para amadorismo como temos aqui”, critica. Mas não é o caso do Sítio Barreiras, que produz 800 toneladas de frutas por semana e tem oito centros de distribuição espalhados pelo Nordeste. A Fábio de Albuquerque: #NXTGEN fez a diferença a favor do Consórcio; abaixo, o bitrenzão do Sítio Barreiras

empresa conta com uma frota moderna de cavalos-tratores e de carrocerias frigorificadas de última geração. Desde 1998, os veículos são todos da marca Scania. “Prefiro ter um relacionamento mais profundo com um parceiro só”, justifica. Ele comprava caminhões à vista, “quando havia condições para isso”, ou, na maioria das vezes, pelo Finame. “O Consórcio Scania nos ganhou a partir do momento que nos ofereceram essa proposta do #NXTGEN.” O empresário se refere ao projeto desenvolvido pelo consórcio que reúne jovens empresários em visitas e viagens internacionais. O objetivo é prepará-los para um dos assuntos mais delicados que – mais cedo ou mais tarde – terão de tratar: a sucessão. Fabrício, filho de Fábio Albuquerque, começou a trabalhar recentemente na empresa. E já participou do #NXTGEN. “Ele viajou para a Suécia e Holanda. Foi uma experiência mui-

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Celso Eduardo Mazzetti: “Optamos pelo Consórcio da Scania devido à nossa parceria”

to boa em termos de convivência e aprendizado.” Pelo fato de a empresa não ter foco em logística, Albuquerque considera importante o convívio com empresários que tenham uma visão mais ampla do setor. “A Scania e o Consórcio têm um alinhamento muito grande conosco em termos de concepção e propósitos”, alega. CAMINHÃO AUTÔNOMO – Outro empresário que participou do grupo levado à Alemanha pelo Consórcio Scania foi Celso Eduardo Mazzetti, diretor da Metal Ar, empresa com sede em São Paulo e que atua em mineração. “O que chamou nossa atenção foi o caminhão autônomo.” Ele espera que a solução da Scania para o setor esteja disponível no Brasil em 2021.

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A expectativa é grande. “Segurança é um fator muito importante para nós. E esse caminhão vai dispensar pessoas na operação, zerando o risco de acidentes.” A empresa conta com cerca de 400 motoristas. Questionado sobre o custo da novidade, ele diz não se preocupar. “No começo, o carro automático era caro. Aí, você começa a fabricar em escala e ele se torna mais barato que o normal”, afirma. Os dois filhos do empresário, um com 28 e outro com 30 anos, participaram do #NXTGEN. “Eles têm seus negócios próprios. Minha ideia é que venham para o Conselho de Administração no futuro”, explica. De acordo com Mazzetti, o evento é importante porque aproxima a “geração que está chegando da que está saindo”. A Metal Ar tem como clientes empresas importantes, como a Mosaic Fertilizantes e a Intercement, e atua Suzana Soncin: novidades para clientes com foco em sustentabilidade

em vários Estados do País. Toda sua frota é adquirida no Consórcio Scania. “Consórcio a gente pode comprar em qualquer banco, mas optamos pelo da Scania devido à nossa parceria. Estamos sempre comprando cotas à medida que vamos sendo contemplados”, ressalta. MAIOR GRUPO – Os dois empresários participaram de um grupo de 100 pessoas que o Consórcio Scania levou para a Alemanha. “Esse foi o maior grupo que trouxemos para a feira. Foi muito interessante, com novidades e foco em sustentabilidade”, avalia a diretora Suzana Soncin.


Retrovisor

Novidade

Mercedes-Benz apresenta Mercado de Peças

Sistema de autoatendimento foi montado na concessionária De Nigris, de Sorocaba Baseada no sistema de autoatendimento, comum em farmácias e supermercados, a Mercedes-Benz está apresentando um novo conceito de venda de peças em sua rede de concessionárias: o Mercado de Peças, que reúne num espaço único tanto as peças genuínas como as remanufaturadas da linha Renov e ainda a linha Alliance para

caminhões, ônibus e comerciais leves. A primeira unidade foi montada na concessionária De Nigris, de Sorocaba, que fica às margens da Rodovia Raposo Tavares. “Demonstrar o produto é tão importante quanto uma boa promoção, sem contar que o ambiente fica agradável para o cliente, que pode sentir o produto e decidir a compra”, comentou

o diretor da De Nigris, Afabio Freitas. Atualmente há, em média, 10 mil itens nos concessionários da marca. “Muitos deles estão ‘escondidos’ nas prateleiras. Era um desafio fazer com que isso chegasse até o cliente. Além disso, o Mercado de Peças vai alavancar a venda de peças na Rede”, prevê Silvio Renan, diretor de Peças e Serviços da Mercedes-Benz. O fato de reunir peças genuínas, remanufaturadas da Linha Renov – que completará 15 anos desde seu lançamento em fevereiro de 2019 – e ainda peças e acessórios Alliance, que já conta com mais de 500 itens, inclusive de marcas concorrentes, permite que o cliente visualize todas as opções de compra, conferindo e comparando detalhes, preços e condições de pagamento. Se houver necessidade, os consultores de peças poderão ser acionados para apoiar o atendimento. Segundo a concessionária, 800 itens em estoque de maior giro atendem a 90% das demandas por peças e acessórios. Jaqueline Hilsdorf Neves, gerente de peças e serviços da Mercedes-Benz, explica o novo sistema de autoatendimento que estará disponível em todos os concessionários. “É uma tendência já muito utilizada em países da Europa e nos Estados Unidos”, comenta.

Jaqueline e Afabio: “Vamos quebrar o mito de que na concessionária tudo é mais caro”

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Transporte de cavalos exige cuidado redobrado Molas parabólicas dão mais conforto aos animais O transporte de qualquer tipo de carga viva exige preparo por parte do motorista e especialização da empresa. Quando esta carga são cavalos de competição que precisam ser protegidos do estresse e podem valer até 2 milhões de euros, a responsabilidade só aumenta. Foi o que aconteceu recentemente com 40 cavalos de competição que saíram da Hípica de Santo Amaro, em São Paulo, para uma viagem pela rodovia dos Bandeirantes até o aeroporto de Viracopos, em Campinas, onde embarcaram para um concurso de saltos na cidade de Santiago do Chile. O transporte foi feito pela empresa Nil Horse, com sede em Taboão da Serra, especializada no transporte de cavalos para concursos, campeonatos e eventos em todo o Brasil e até para a Argentina, como também para particulares, entre propriedades, haras e clubes. A Carga Pesada acompanhou a viagem a bordo do Atego 2630 dirigido por José Carlos Santos Moraes, que tem nada menos que 30 anos de experiência neste tipo de transporte: “É preciso ter cuidado redobrado nas curvas e evitar freadas bruscas”, ensina. A frota da Nil Horse conta com um caminhão Atego 2430 6x2 com câmbio automatizado Mercedes Power-

Shift, um Atego 1726 e um Atego 2428 6x2, para o transporte de até 12 cavalos, além de um leve Accelo 915 para até cinco animais. “O Atego é forte e bom de subida. É um caminhão que não quebra, o que nos dá muita confiança”, diz Ronaldo Christofano, proprietário da Nil Horse juntamente com seu pai, Nilson Souza, que criou a empresa em 1983. Os dois também dirigem os caminhões. Nilson, da Nil Horse: O Atego é potente e confortável para o motorista e para os animais

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Para Nilson Souza, a marca Mercedes-Benz agrega valor à imagem de sua empresa. “Além disso, o Atego tem um trem de força muito potente e o sistema de molas parabólicas transmite conforto aos animais, além da durabilidade”, avalia. Um dos caminhões da frota, adquirido em 2012, já rodou 1,3 milhão de quilômetros. Os Atego 2430 contam com cabine-leito de teto alto, para competições de longa duração. “Eu costumo dizer que a cabine do Atego é a nossa casa. Muito confortável e espaçosa. Lá mesmo pernoitamos tranquilamente durante os dias de evento”, ressalta Ronaldo.


Lanterna Traseira

Mulheres

O amor levou Sharon A bióloga e o marido Ricardo estão sempre juntos na estrada, cada um com um bitrenzão de nove eixos da Rodoseni, transportadora na qual trabalham NELSON BORTOLIN Poderia até ser enredo de novela, mas aconteceu na vida real. A pernambucana Sharon Viana Freitas e o gaúcho Ricardo Freitas viveram uma paixão na adolescência, quando estudaram juntos em Bento Gonçalves (RS) da 5ª à 7ª série. Ela mudou-se com a mãe para Esmeralda (RS) e depois foi para Minas Gerais. Ele permaneceu no Rio Grande do Sul. Nunca mais se viram. Cada um teve seu casamento por cerca de uma década e só foram se reencontrar tête-à-tête 18 anos depois em Recife e de um modo bastante curioso. No mundo virtual, eles já haviam se achado, ainda no antigo Orkut e, depois, no Facebook. Em 2013, quando já estava de volta à capital pernambucana, Sharon recebeu uma mensagem pelo celular da ex-mulher de Ricardo, que também era amiga dela nas redes sociais. O caminhoneiro gaúcho havia pas-

sado mal, com uma forte crise de gastrite. Ele estava em Recife fazendo uma entrega. “Eu já estava separada e a ex-mulher dele me pediu para eu procurar o Ricardo para ajudá-lo”, conta Sharon. Quando conseguiu encontrá-lo, ele já havia recebido atendimento médico e estava melhor. “Meu casamento também não estava bom”, explica ele. Poucos dias depois, em 18 de outubro de 2013, numa caminhada pela praia de Boa Viagem, a história de amor recomeçou. O casal não quis perder tempo. Sharon subiu na boleia naquele mesmo dia e passou um mês viajando com Ricardo. A jovem pernambucana havia recém-terminado a faculdade de

Banheiro: o velho inimigo das caminhoneiras Quando questionada sobre a maior dificuldade da vida na estrada, Sharon responde: faltam banheiros femininos nos locais de carga e descarga. “Se meu colega de trabalho não fosse meu marido, eu teria de incomodar alguém para cuidar da porta para eu tomar banho”, ressalta. Ela calcula que somente 30% das sedes dos embarcadores dis-

põem de banheiro feminino. “Chego num local com 40, 50 caminhões. Entro para tomar banho e o Ricardo fica na porta. Tenho de me lavar bem rápido porque fico preocupada. E se alguém está apertado e precisa do banheiro?”, pergunta. A Ambev – uma das maiores companhias do Brasil – não oferece banheiro feminino. E, em alguns locais, nem masculino. “Em Agudos (SP), só

tem sanitários. Seja homem ou mulher, tem de atravessar a rodovia e pagar para banho num posto de combustível”, conta. Na sede da empresa em Ponta Grossa (PR), segundo Sharon, não há chuveiro nenhum. Só o cano de onde sai a água fria. A reportagem procurou a Ambev para tratar do assunto. Mas a assessoria disse que empresa não vai se manifestar.

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para a boleia Sharon e Ricardo e os veículos Scania da Rodoseni: ela pilota o R480 branco e ele, o R440 vermelho. Abaixo, o brinde do casal

Biologia. E não teve dúvida em trocar a pesquisa com tartarugas-marinhas pela estrada. “Aos poucos, fui largando o caminhão para ela dirigir. Percebi logo que tinha dom. Ficou um ano viajando comigo e depois assumiu o volante num outro caminhão da Rodoseni, onde fomos trabalhar”, conta Ricardo. “Eu não sabia nem o que era eixo”, diz Sharon, que não teve tempo de começar a carreira num toco, passar por um truck e depois assumir uma carreta, como é mais comum. Ela já começou num bitrem de sete eixos. “Foi um aperreio medonho.” Hoje, ambos com 37 anos de idade, só viajam juntos. Eles transportam malte, adubo, soja e milho, entre outros produtos. Os trechos são entre o

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Rio Grande do Sul e o Centro-Oeste. Cada um vai num bitrenzão de nove eixos e 25,7 metros, puxados por cavalos Scania. “A política da empresa é que os motoristas andem sempre em dois”, conta Ricardo. “A melhor coisa que tem é o bitrenzão. Tem mais estabilidade na curva. Tem mais segurança de forma geral”, diz ela. “Só complica quando tem de fazer uma rotatória um pouco apertada. É quando a gente olha para o retrovisor e percebe o tamanho do veículo”, complementa. A rotina do casal é a seguinte: dirigem do nascer ao pôr do sol. Dormem em postos de combustíveis – geralmente de parceiros da transportadora. Assistem à televisão no Scania R440 dirigido por Ricardo. “É nossa sala de

estar”, brinca Sharon. E dormem no R480 pilotado por ela. “O quarto é o meu caminhão”, ressalta. Eles ficam de 35 a 40 dias fora de casa – hoje moram em Alto Feliz (RS). Quando voltam, descansam uma semana antes de retomar a estrada. Sharon não teve filhos. Ricardo tem três, que vivem com a mãe. CASAMENTO - Depois de cinco anos de relacionamento, Sharon e Ricardo se casaram no último dia 20 de outubro. Foram para a igreja dirigindo os caminhões da Rodoseni que pilotam. “Antes de ir para a cerimônia, fui me vestir na casa do padrinho. O chão era de brita. Estava muito nervosa. Na hora de sair, o caminhão ficou patinando. Precisou chegar um colega e me lembrar de ligar o bloqueio”, conta. Sharon diz que o casal está feliz no relacionamento e na profissão. “A gente passou muitos altos e baixos. Houve momentos bem difíceis para a gente. Mas, de três anos para cá, a vida melhorou. Batemos nossas metas e alcançamos nossos objetivos e sonhos.”


Radioescuta

Mão de Obra

EUA querem meninada sub-21 ao volante de carretas

Senado americano recebe projeto de lei que pode admitir gente bem mais jovem como motorista profissional de longo curso no serviço interestadual LUCIANO ALVES PEREIRA Faz tempo que o TRC americano lida com dificuldades no recrutamento de motoristas para o serviço de longo curso, principalmente. Porta-vozes da ATA (associação americana das transportadoras de carga) apontam várias razões para a escassez desse tipo de mão de obra. Ficar fora de casa por dias e questão salarial são apontadas como algumas das causas. Outras entidades acham que tal déficit está ligado ao crescimento da economia local e, por consequência, ao aumento da oferta de empregos. Contrariamente ao que acontece no Brasil, lá as providências não esperam a tempestade cair e as valas alagarem. Com o objetivo de aumentar a oferta de profissionais, três senadores em Washington DC (todos do Partido Re-

publicano) entraram com projeto de lei admitindo que jovens “a partir dos 18 anos de idade possam dirigir carretas nas puxadas interestaduais, sob certas condições”. Assim, a futura lei pelo Desenvolvimento de Indivíduos Responsáveis para uma Economia Vibrante (sic) cria um programa de treinamento dedicado, que permite habilitar jovens sub-21 e torná-los estradeiros. Os planos são de ofertar um aprendizado que capacite a operação segura de veículos comerciais, “acima dos padrões mais rigorosos de segurança e exige carga de 400 horas de trabalho na atividade como um todo, sendo um mínimo de 240 horas de direção, acompanhado de instrutor experiente”. É o que propõe o texto a ser votado.

Tem mais. Visando o rodar seguro, o projeto especifica que o caminhão usado no treinamento seja equipado com sofisticada tecnologia de segurança, incluindo sistemas de frenagem ativa para a mitigação de colisões. Pede ainda monitoramento por câmeras de gravação de eventos e, finalmente, velocidade máxima de 60 milhas/hora (104 km/h), controlada diretamente no dispositivo de injeção do motor ou outro recurso do câmbio. O presidente da ATA, Chris Spear, concorda que a lei do Dirigir Seguro (Drive-safe act) “poderá abrir a porta para milhões de americanos à procura de uma carreira e acesso à classe média, graças ao treinamento desses mais jovens de ambos os sexos, os quais movimentarão os caminhões de forma segura e confiável”. Já Mark Allen, presidente da associação internacional de distribuidores de alimentos (embarcadores), além de aprovar a iniciativa, espera que o projeto “reforce a cultura da direção segura, acima dos padrões vigentes”. A futura legislação conta com apoio de várias entidades classistas patronais, mas há divergência. A associação de autônomos locais assinou manifestação de autoria de vários grupos relacionados com o assunto, opondo-se à liberação. A entidade acha que “a habilitação dessa juventude tão verde vem em detrimento da segurança rodoviária, passando ao largo da questão salarial, que é causa central da escassez de motoristas”. Outro opinante, participante da questão, assina como John e manifestou-se em ‘desacordo’. “Infelizmente, degustar hambúrgueres e dirigir caminhões pesados são coisas diferentes. Olhe em volta que à galera faltam maturidade e tempo de direção, mesmo que seja em carros pequenos.”

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