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ISSN 1809-466X

Ano 4 Número 16 2009

SALVE A NATUREZA ! R$ 10,00 € 4,00

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RUMO A COPENHAGUE O CAMINHO DAS ÁRVORES LIMITES DA TERRA

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E xpediente

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12 Um Chamado à Ação: Rumo a Copenhague

22 Vale lidera na AL em transparência sobre emissões

24 Sustentabilidade no pós-crise 28 Governadores da Amazônia e a Carta de Macapá

O Governador Waldez Góes foi o anfitrião do VI Fórum de Governadores da Amazônia Legal realizado nos dias 15 e 16 de outubro no Ceta Ecotel, em Macapá. O Fórum definiu ações prioritárias para fortalecer a política de desenvolvimento dosestadosdaAmazônia...

31 Conselho da Sudam define investimentos para 2010

32 O Caminho das árvores 38 Amazônia discute desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas

42 Utilização racional da floresta em pé é defendida pelo Amazonas

54 Audiências públicas de apresentação do EIA e RIMA da UHE de Belo Monte

60 Limites da Terra 62 El Niño está de volta e pode afetar padrões climáticos

64 Sequestro de Carbono

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PUBLICAÇÃO Período (setembro/outubro) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn

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ARTICULISTAS/COLABORADORES Airton Faleiro; Camillo Martins Vianna; Chirliana Souza; Joaquim Souza; Edson Coelho; João Francisco Salomão; Jés Neves dos Santos; Michele Silveira; Paulo Rocha e Yvo de Boer FOTOGRAFIAS Agência CNM; Arquivo Agecom-AM; Arquivo Eletronorte; Arquivo LIDE; Arquivo Los Angeles Times; Arquivo FIESP; Antonio Cruz/Abr; Arquivos NASA ; David Alves, Eunice Pinto; Lucivaldo Sena; Rodolfo Oliveira/Ag Pa; Carlos Lessa; Fabiano Menezes; Flávio Santos/Vale; François Cardona; Josivaldo Modesto; Klauter Machado Joaquim Souza; Marcello Casal Jr/ABr; Maria S. Fresy; Melina Marcelino; Ricardo Stucker/PR; Rudolph Hühn/Amazônia; Salviano Machado e Wilson Dias/ABR EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA DESKTOP Mequias Pinheiro NOSSA CAPA Comunidade Flexal, no rio Aripuanã, Município Novo Aripuanã no Estado do Amazonas. Foto de Edgar Duarte/FAS

68 Feira Internacional de Boas Práticas 72 3ª Conferência de Aquicultura e Pesca Um dos principais produtores de pescado do Brasil e responsável por 59% da produção pesqueira na região norte, o Pará possui grande potencial para liderar o ranking nacional. As soluções para que a potencialidade se torne realidade foram discutidasdurantea3ºConferênciaEstadualdeAquiculturaePesca...

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78 Amazônia: Atividades de reforço na queima da floresta

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Desta vezada, o autor levará ao conhecimento dos leitores, componentes que interferem na destruição da floresta, abarcando os itens a seguir relacionados e quedizemrespeitoaoreforçoincendiárioporqueatravessaagrandefloresta...

80 Os biomas do Brasil

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ANATEC

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ASSOCIAÇÃO DE PUBLICAÇÕES

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Yvo de Boer, secretário executivo da Convenção das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas – UNFCCC

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Yvo de Boer e a COP15

Os quatro pontos fundamentais

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egundo Yvo de Boer, secretário executivo da Convenção das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas – UNFCCC, os pontos fundamentais para discussão e o acordo internacionalemCopenhaguesão: 1. Quanto os países industrializados estão dispostos a reduzir suas emissões de gases com efeito de estufa? 2. Como e quanto os países em desenvolvimento como a China e a Índia, estão dispostos a fazer para limitar o crescimentodassuasemissões? 3. Como e quanto vão ser financiados os países em desenvolvimento para participarem em reduzir suas emissões e adaptação aos impactos das alterações climáticas? 4. Como é que o dinheiro vai ser gerido? "Se Copenhague pode responder a estes quatro pontos que eu ficaria muito feliz", disse Yvo de Boer. Ele vê a necessidade de ter algo assinado e acordado em Copenhague, mas ele pensa que será muito difícil obter todos os detalhes. O novo tratado vai substituir o

Protocolo de Kyoto, que foi adotado em Quioto, no Japão, em dezembro de 1997 e entrou em vigor em 16 defevereirode2005. O Protocolo de Quioto, que estabelece metas obrigatórias para a redução das emissões de gases com efeito de estufa, foi assinado e ratificado por 184 partes daConvençãodoClimadaONU.Umaexceçãonotávelfoi adosEstadosUnidos. Hoje Yvo de Boer esta muito feliz por ver os EE.UU. inseridos no processo internacional sobre mudanças. climáticas. Yvo de Boer acredita que o Protocolo de Quioto foi rejeitado pelos EE.UU. porque não se tratava de ação por parte dos principais países em desenvolvimento e , porque a administração Bush achava que Kyoto seria prejudicialàeconomiaEE.UU. Copenhague será e terá um cenário totalmente diferente, e Boer, sente-se confiante de que o presidente Barack Obama pode conseguir envolver a China e a Índia, e convencê-los a assinar o tratado em seguida. Boer acredita que a recessão global terá certamente um impacto sobre as negociações em Copenhaga. "Os investimentos em projetos de energias renováveis estão diminuindo, em parte por causa do preço do petróleobaixoeempartedevidoàatividadeeconômica, indoparabaixo",disseBoer.

Mas mesmo que as emissões de gases com efeito de estufa diminuam como resultado da contração da atividade industrial, Boer não acredita que irá diminuir a pressão sobre os países para atuar e assinar um novo tratado.

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Governadores da Amazônia e presidente Lula escolhem os temas para a 15ª Conferência das Partes (COP 15)

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Durante a reunião com governadores da Amazônia Legal

Todos vão à Dinamarca defender mecanismos de proteção florestal Fotos Ricardo Stuckert/PR e Wilson Dias/ Abr

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presidente Lula, os ministros Dilma Roussef (Casa Civil), Carlos Minc (Meio Ambiente), Daniel Vargas (Assuntos Estratégicos); a governadora do Pará e os governadores de Mato Grosso, Rondônia, Acre, Amapá e Tocantins, e os vices-governadores do Amazonas e Maranhão, debateram osdiversostemasligadosàsustentabilidade easdiretrizesqueoBrasillevaráparaaDinamarca. A reunião, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), durou aproximadamente três horas só para acertarem a posição que o governo brasileiro deve adotar durante a Conferência sobre Mudanças Climáticas, que será realizada na primeira semana de dezembro em Copenhague (Dinamarca), na 15ª Conferência das Partes (COP 15), que reúne os países signatários da

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Convenção das Nações Unidas. No encontro, líderes de todos os países devem definir um novo acordo sobre o climamundial. Segundo a governadora Ana Júlia Carepa, que participou da reunião, o Brasil vai defender em Copenhague uma plataforma que cria mecanismos mais simplificados para a proteção florestal e valoriza os estoquesdecarbono. SegundoAnaJúliaCarepa,osgovernadoresdefenderam com firmeza a instituição de mecanismos de compensação mais claros para a proteção da floresta, especialmente para os Estados que se destacarem na preservaçãodacoberturaflorestal.

Fundo Verde Os governadores se uniram na defesa da criação e expansão de um "Fundo Verde" para os Estados da Amazônia. "É importante que todos os que exigem preservação estejam conscientes de que precisam participar ativamente no suporte financeiro aos Estados quepossuemfloresta",observouAnaJúliaCarepa. Outro ponto destacado pela governadora refere-se aos estoques de carbono provenientes da redução do

desmatamento e à necessidade de pressionar os países desenvolvidosasecomprometeremmaiscomaredução das emissões de gases do efeito estufa. "É consenso entre os governadores que os países desenvolvidos, que são os que mais poluem, devem ampliar suas metas de reduçãodasemissõesdecarbono",explicou. Ana Júlia Carepa avaliou positivamente a reunião. Ela destacou que a união dos governos federal e estaduais resultará em grandes avanços para a população da regiãoeparaomeioambiente. A COP 15 ocorre no período de 7 a 18 de dezembro deste ano e discutir um novo tratado internacional para substituir o Protocolo de Kyoto, além de estabelecer os limitesàsemissõesdegasesdoefeitoestufaapós2012. Relatório executivo do trabalho realizado pela Força Tarefa sobre Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação(Redd)eMudançasClimáticas.

Considerações gerais 1. Esta é a versão final do Relatório I da ForçaTarefa sobre Redd e Mudanças Climáticas, instituída com apoio da Presidência da República, a partir de proposta do Fórum deGovernadoresdaAmazônia.

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A governadora Ana Júlia disse que o Brasil vai defender, na Conferência sobre Mudanças Climáticas, mecanismos mais simplificados para a proteção florestal e valorização dos estoques de carbono

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Em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu governadores da Amazônia Legal para discutir a posição do governo na Conferência sobre Mudanças Climáticas

2. É do interesse nacional ampliar as oportunidades de financiamento para Redd, explorando um leque de opções, para melhorar a qualidade de vida das populações amazônicas, manter as florestas em pé e reduzirasemissõesresultantesdodesmatamento. 3. O governo do Brasil, no processo de negociações da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), deve apoiar três mecanismos para o financiamento de Redd: (i) mecanismos de financiamento governamental, (ii) mecanismo de mercado sem compensações e (iii) mecanismo de mercado com compensações de emissões dos países do AnexoI(desenvolvidos). 4. A proposição de mecanismos de mercado compensatórios para Redd seria a principal inovação do posicionamentobrasileironaUNFCCC.

Mecanismos de mercado compensatórios 5. Estes mecanismos podem ser utilizados para compensar parte das obrigações de redução de emissões dos países do Anexo I (aqueles que têm obrigações com metas de redução no Protocolo de Kyoto). 6. Recomendamos incluir Redd no crescente mercado de carbono, como forma de valorizar a floresta em pé, na forma de compromissos adicionais para os países do Anexo I. Isto poderia ser feito por meio de uma cota, a ser preenchidaexclusivamenteporRedd. 7. A possível inclusão do Redd como mecanismo de mercado compensatório deve ocorrer fora do escopo do Protocolo de Quioto, sem fungibilidade com outros créditosdecarbono,pormeiodeinstrumentoespecífico, aserdefinido. Achar modelo de desenvolvimento sustentável para a Amazônia

Mecanismos de financiamento governamental 8. O financiamento de governo a governo pode apoiar programas dos governos federal, estaduais e municipais de prevenção e controle ao desmatamento e de promoção do desenvolvimento sustentável. Os recursos podem ser utilizados também para apoiar ações em universidades, ONGs, iniciativa privada e outras instituições. 9. É positivo o posicionamento do G-77, apoiado pelo governo do Brasil, no sentido de defender a alocação de 0,5 a 1,0% do PIB dos países do Anexo I para financiar estes programas. Esta alocação deve resultar em montantessignificativosefluxosprevisíveis.

Mecanismos de mercado não compensatórios 10. Estes mecanismos não podem ser utilizados para compensar ou diminuir os esforços domésticos de reduçãodeemissõesdospaísesdoAnexoI. 11. É positivo o posicionamento do governo do Brasil no sentido de defender a alocação de recursos arrecadados pelos países do Anexo I para Redd, por meio de leilão de AAUs (emissões permitidas) e outros instrumentos. Esta alocação deve ser feita na forma de uma porcentagem específicaparaasatividadesdeRedd.

Combinação dos esforços com os setores ambientalistas

Recomendações para o governo do Brasil nas negociações internacionais 12. Envidar todos os esforços para a inclusão do Redd na UNFCCC, utilizando todos os mecanismos de financiamentopossíveis. 13. Liderar a construção de um novo mecanismo de mercado compensatório para Redd, respeitando os princípiosnorteadoresapresentadosnesterelatório. 14. Aproveitar, conforme pertinente, as oportunidades decooperaçãoentreosgovernosestaduaisdaAmazônia egovernosestaduaisdeoutrospaíses. 15. Aproveitar, conforme pertinente, as oportunidades de cooperação bilateral entre países interessados em programasdeRedd. 16. Participação do presidente da República na COP-15, liderando uma missão de governadores da Amazônia, com a devida articulação internacional, fazendo posicionamentosobreflorestaseclima.

de vida das populações amazônicas. 18. Apoio financeiro para a consolidação de um modelo de desenvolvimento sustentável para a Amazônia que permita o alcance das metas de redução de desmatamento assumidas pelo Brasil. 19. Estimulo para que os países do Anexo I assumam metas e compromissos financeiros adicionais, na direção da meta de redução de emissões de 40% até 2020. 20. Consolidação do Brasil como uma potência ambiental e liderança global, especialmente junto aos blocos dos países florestais, países em desenvolvimento ecomosvizinhossul-americanosdaBaciaAmazônica. 21. Combinação dos esforços com os setores ambientalistas, movimentos sociais, universidades e empresas brasileiras comprometidas com a mitigação dasmudançasclimáticas.

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Precauções para as negociações internacionais sobre um mecanismo compensatório para Redd 22. Devem ser feitos esforços para que a negociação de um mecanismo compensatório para Redd não prejudique as negociações sobre mecanismos de mercado não compensatórios e o financiamento governamental para ações nacionalmente apropriadas demitigação(Namas). 23. A construção de instrumentos legais para Redd no âmbito da UNFCCC deve assegurar a manutenção da integridade ambiental do esforço global de mitigação, garantir o rigor metodológico apropriado e não deve reduzir o esforço doméstico de redução de emissões dos paísesdesenvolvidos. 24. O tratamento para o Redd deve incluir mecanismos e processos simples e ágeis, evitando a complexidade e os custos observados em projetos no âmbito do Protocolo de Quioto. Adicionalmente, deve: (i) manter a integridade ambiental estabelecida pela UNFCCC, (ii) apresentar efetividade com recursos financeiros suficienteseprevisíveise(iii). 25. O tratamento de Redd deve garantir a melhoria da qualidade de vida dos povos das florestas, a transparência e a eqüidade na distribuição e uso dos recursosobtidos. Aumento do financiamento para redução do desmatamento

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Perspectivas positivas para um mecanismo compensatório para Redd

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17. Aumento do financiamento para redução do desmatamento, erradicação da pobreza, promoção do desenvolvimento sustentável e melhoria da qualidade

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Governors' Global Climate Summit 2

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Um Chamado

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À AÇÃO: Fotos David Alves/Ag Pa e Los Angeles Times

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Rumo a Copenhague

m Los Angeles, Califórnia, realizou-se a segunda cúpula global de governadores sobre clima e floresta – Governors' Global Climate Summit 2 – GGCS2, na sigla em inglês. O evento, liderado pelo governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, reuniu líderes de vários continentes, como a África, Ásia, Austrália, Europa, América do Norte eAméricadoSul. O Brasil foi representando pelos governadores: Ana Júlia Carepa (Pará), Binho Marques (Acre), Valdez Goes (Amapá), Eduardo Braga (Amazonas) e Blairo Maggi (Mato Grosso), além do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, todos unidos em defesa da floresta. Cada um teve 10 minutos para apresentar suas ideias no GGCS2.

Debates sobre o clima O ator Harrison Ford, que imortalizou no cinema o personagem Indiana Jones, defendeu que a proteção às florestas tropicais integrem os acordos que serão discutidos em Copenhagen, durante a Conferência da organização das Nações Unidas sobre o Clima (COP 15), que será realizada em dezembro próximo. Harrison Ford, que é um dos vice-presidentes mundiais da Conservação Internacional (CI), considera que existe um desafio a ser enfrentado, que é o combate ao desmatamento e a proteção às florestas, levando em conta que cerca de 800 milhões de pessoas dependem

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dessas florestas, sem contar as inúmeras riquezas que compõe a biodiversidade dessas áreas. "A solução para esse problema é barata e está à disposição, se não aproveitarmosessemomento,vamosperderafloresta". Ele citou o esforço de países como o Brasil e a Indonésia na proteção de seus remanescentes e elogiou o papel da ForçaTarefa dos governadores, formada por uma equipe técnica que está padronizando os protocolos que serão desenvolvidos conjuntamente entre os estados. Para Ford, com vontade política é possível promover as mudanças que se fazem necessárias. "O importante não éjogar,masentrarnojogo",disse. Sem esconder o entusiasmo por recepcionar pela segunda vez os governadores e um grupo técnico de alto nível, de mais de 70 estados, províncias e regiões de vários continentes, Arnold Schwarzenegger disse não ter dúvidas de que o grupo subnacional está desenvolvendo ações que vão ser colocadas em práticas pelosgovernosdeváriospaíses. Citou como exemplo as ações da Califórnia que estão sendo adotadas pelo governo Barack Obama, como o estabelecimento de metas de redução de emissões para

Arnold Schwarzenegger, governador da Califórnia, durante a abertura da Reunião de Cúpula dos Governadores sobre Clima Global 2

veículos leves. "Os governadores são os motores da mudança, basta enxergar os programas desenvolvidos porestadosdoBrasil,MéxicoeIndonésia. "O ar puro deve ser um direito e não um privilégio e temos obrigação de lutar por isso", enfatizou um animado Schwarzenegger que falou da necessidade de "musculatura" para enfrentar o desenvolvimento sem afetar a economia. Ele afirmou que os Estados Unidos Harrison Ford defendeu a proteção às florestas tropicais

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Carta conjunta encaminhada aos presidentes

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Ted Kulongoski, governador do Estado do Oregon, o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger e a governadora de Washington, Chris Gregoire

têm consciência da sua responsabilidade sobre a poluição que gera e degrada o planeta e defendeu a necessidade de se promover uma economia verde que, segundo ele, movimentou cerca de US$ 6,5 bilhões na Califórnia, desde que foi instituída pelo seu governo. "O desafio é grande, é como empurrar uma pedra colina acima, mas é o que está ocorrendo com o movimento ambiental e juntos vamos construir uma nova era, vamos promover uma revolução verde", disse o governador.

Governadores Após a abertura do GGCS2, os governadores Ana Júlia Carepa, Binho Marques (Acre), Valdez Goés (Amapá), Eduardo Braga (Amazonas) e o vice-governador do Mato Grosso, Sinval Barbosa, se reuniram para discutir a dinâmicaqueiriamadotarnopainel.Otemafoiflorestas e cada um teve um tempo de 10 minutos para fazer sua explanação e ao final participaram de um debate, quando puderam discorrer sobre seus programas e projetos. A governadora Ana Júlia Carepa se reuniu, em uma agenda paralela, com organização não governamentais, sob a liderança da The Nature Conservancy, operadores do mercado de carbono e o governador doWisconsi, Jim Doyle, sobre os assuntos – programas e projetos de combateaodesmatamentonoestado. À noite os governadores se reuniram com o governador Schwarzenegger, ocasião em que assinaram um protocolodeentendimentoconjunto. Depois da Califórnia, os governadores voltaram a se reunir dia 14 de outubro em Manaus, ocasião em que a Força Tarefa apresentou os resultados dos trabalhos e acordos firmados, no dia 16 em Macapá, mais uma ediçãodoFórumdeGovernadoresdaAmazônia.

Os governadores Ana Júlia Carepa (Pará), Irwandi Yusuf (Aceh), Binho Marques (Acre), Waldez Góes (Amapá), Eduardo Braga (Amazonas), Arnold Schwarzenegger (Califórnia), Pat Quinn (Illinois), Sinval Barbosa (vicegovernador do Mato Grosso), Barnabas Suebu (Papua) e Jim Doyle (Wisconsin), assinaram em Los Angeles, uma carta conjunta encaminhada aos presidentes Susilo Bambang Yudhoyono, da Indonésia, Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Barack Obama, dos Estados Unidos, conclamando-os a usarem suas lideranças no esforço do combateàsmudançasclimáticas. Na carta, os governadores pedem aos presidentes de seus respectivos países que incluam políticas climáticas florestais fortes e que ajudem os governos locais a transformar essas políticas em ações. "É chegada a hora de agir concretamente a respeito da mudança climática, e, neste sentido, as florestas deverão desempenhar um papel fundamental nos esforços para solucionar o problema do clima", diz um trecho da carta. Os governadores justificam que desde a assinatura de uma série de Memorandos de Entendimento (MoU), em novembro de 2008, quando ocorreu a primeira edição do Fórum Global de Governadores, os estados e províncias que integram essa cúpula vêm cooperando com o objetivo de compartilhar experiências, realizar treinamentos e capacitações e elaborar recomendações para os tomadores de decisões políticas e as autoridades regulatórias no sentido de analisar as possibilidades de integração entre ações de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD) e outras

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Ainda na audiência pública sobre os povos tradicionais

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Ao lado de Binho Marques, Eduardo Braga e Arnold Schwarzenegger, a governadora Ana Júlia Carepa assina carta que será entregue a Lula

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Assinando o envio da carta conjunta

atividades de carbono florestal em sistemas de conformidade de emissores de gases de efeito estufa (GEE). Alegam ainda que mais de 50% das florestas tropicais do mundo estão localizados nesses estados e províncias, que abrigaminúmerascomunidadeslocaisepovosindígenas. Emseuconjunto,aeconomiadesseblocorepresentamais

Os governadores comemoram a assinatura da carta conjunta Ana Júlia Carepa, Binho Marques, Eduardo Braga atentos na abertura da Reunião de Cúpula dos Governadores em Los Angeles, na Califórnia

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de2,6trilhõesdedólaresdaeconomiaglobal. "Nossos esforços são pioneiros em qualquer nível de governança para entrar no terreno daquilo que poderia ser chamado de fase de "teste do conceito" para fazer comqueasestratégiasdeREDDestejamemobservância dos níveis permitidos de emissões de GEE. E estamos fazendo isso através de um processo de cooperação transnacional sem igual entre estados e províncias centrais neste aspecto no mundo inteiro, o que ilustra o papel fundamental que os governos sub-nacionais desempenham na luta contra as mudanças climáticas", dizacarta. REVISTA AMAZÔNIA |13

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Na carta, os governadores reiteram que a floresta é um componente chave para o problema das mudanças climáticas. De acordo com dados apontados no documento, o desmatamento, que ocorre em quase sua totalidade nos trópicos, é responsável por cerca de 20% das emissões globais de gases de efeito estufa - mais do que todas as emissões geradas pelo setor de transportes global e mais ou menos equivalente às emissões anuais de CO2 da China ou dos Estados Unidos em 2005. No entanto, o desmatamento tropical foi expressamente excluído do Protocolo de Quioto, o qual criou uma imensa lacuna nos esforços internacionais de proteção doclima,oquenãofazomenorsentido. Para os governadores, sem a participação de países em desenvolvimento, não será possível chegar a um acordo pós – 2012 eficiente sobre o clima. Os governadores apelam ainda aos presidentes que levem em consideração os esforços em níveis subnacionais e nacionais ao promoverem as discussões dos governos centrais que serão levadas para a Convenções sobre

Ana Júlia Carepa e Valdez Goes

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Governadores da Amazônia em reunião após a abertura da Reunião de Cúpula dos Governadores

Clima das Nações Unidas que será realizada em dezembroemCopenhague. US$65bilhõeséopotencialdecarbonodoPará Ao apresentar as políticas públicas que o governo do Paráestáimplementandoparaaconservaçãodafloresta amazônica e a implantação de um novo modelo de desenvolvimento, baseado na sustentabilidade ambiental, a governadora Ana Júlia Carepa demonstrou que o Estado possui um potencial de carbono para vender ao mundo na ordem de US$ 65 bilhões, para um períodode30anos. Levando em conta uma área degradada ilegalmente de 12% do território e a aplicação de modelos de negócio estabelecidos no Programa 1 Bilhão de Árvores para a Amazônia, cujo conceito é promover a recuperação de áreas degradadas com viés econômico, são mais US$ 31

bilhões em oportunidades de carbono, numa conta conservadora, que estabelece a tonelada a U$ 3 no mercadovoluntário. "Somos um Estado detentor de um generoso estoque de carbono e queremos converter esse bem, que ajuda a salvar o mundo, na transformação da vida das pessoas, na valorização dos povos da floresta", destacou Ana Júlia Carepa, para uma plateia que a aplaudiu com entusiasmo.

Pulmão do mundo AnaJúliaCarepaeosdemaisgovernadoresdaAmazônia participaram no GGCS2, do painel mais esperado do evento, onde foi abordado o tema "Soluções para a Floresta:ProtegendooPulmãodoMundo". A governadora fez um comparativo entre o Pará e a

Ana Júlia Carepa entre Arnold Schwarzenegger e Eduardo Braga , Binho Marques, Valdez Goes e Blairo Maggi

Ana Júlia Carepa, Eduardo Braga e os secretários de Estado de Meio Ambiente do Pará e Amazonas

Grande participação de interessados sobre clima e floresta

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Na abertura do painel dos governadores da Amazônia na reunião da GGCS2

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Califórnia, explicando que governa um Estado que tem o triplo do território do Estado norte-americano, no entanto, o PIB da Califórnia é 40% maior que o PIB do Brasil e 220 vezes maior que o PIB paraense. Enquanto no Pará a riqueza gerada por km2/ano é de US$ 20 mil,

sustentabilidade que seu governo está implementando, como o zoneamento ecológico-econômico da zona oeste, já concluído, e o da borda leste e Calha Norte, em fase final de elaboração; o Cadastro Ambiental Rural (CAR); a lei estadual de regularização fundiária; o Plano

estabelecimento de metas de redução do desmatamento ilegal, previsto no PPCAD, de 80% até 2020, saindo de 6 mil km2 até o limite de 1.200 km2. "Ao estabelecermos essa meta, estamos contribuindo tambémparaareduçãodasemissõesdoBrasil",frisou.

Ana Júlia Carepa entrega lembrança do Pará ao governador Arnold Schwarzenegger

na Califórnia é de US$ 4 milhões por km2/ano. "Não dá para pensar em meio ambiente, em defender o pulmão do mundo, sem diminuir essa discrepância, que ao mesmo tempo em que nos separa, nos aproxima", enfatizou. Para Ana Júlia Carepa, é necessário avaliar a dimensão dessa relação. "Não podemos falar em conservação sem levar em conta a melhoria da qualidade de vida dos povos que vivem na floresta", disse ela, acrescentando que a floresta, que tanto bem faz ao mundo, não pode tercomoônusosofrimentosocial.

Políticas A governadora discorreu ainda sobre as políticas de

Governadora Ana Júlia Carepa presenteia o embaixador José

Prevenção, Combate e Alternativas Alfredo Graça Lima, cônsul-geral do Brasil em Los Angeles, durante o coquetel oferecido na embaixada Brasileira aos governadores ao Desmatamento (PPCAD); o decreto que institui a recomposição Ao final, a governadora paraense chamou a atenção dos de áreas degradadas; o Fórum Estadual de Mudanças Estados e empresas poluidoras para apresentarem seus Climáticas, além do programa 1 Bilhão de Árvores para a projetos e suas oportunidades de negócios, a fim de que Amazônia e parcerias com instituições não junto com os Estados detentores de carbono possam governamentais,comoaTheNatureConservancy(TNC), contribuir para conservar o planeta, gerar renda e Conservação Internacional, Imazon e institutos de reduzirapobreza. pesquisas,comooMuseuParaenseEmílioGoeldi. "Não quero ser cobrada amanhã pelos meus filhos e "Não é possível promover a sustentabilidade sem meus netos por não ter tomado ações acertadas quando enfrentar os problemas históricos da Amazônia, que é o devia. Estou com a caneta na mão e comprometida com ordenamento territorial com regularização fundiária e asfuturasgerações,paraconstruirummundomelhorna ambiental",destacou. questãoambiental",ressaltou. Outro aspecto enfatizado pela governadora foi o REVISTA AMAZÔNIA |15

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Ana Júlia Carepa durante a abertura do painel dos governadores

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Ana Júlia Carepa e o governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger, durante o encerramento do GGCS2

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overnadores, primeiros-ministros e autoridades ambientais de 70 estados e províncias ao redor do mundo assistiram a Governors' Global Climate Summit 2, em Los Angeles, pela primeira vez, é co-patrocinado pelas Nações Unidas. Manoel Silva da Cunha, líder de um grupo grande de habitantes da floresta brasileira, disse que os seringueiros, castanheiros e pescadores que vivem nas florestas tropicais querem o dinheiro de empresas americanas para ajudá-los a preservar as árvores que vão esfriar o planeta. "Essas empresas têm muito poluído", disse ele. "Vocês tem que compensar isso." Muitos dos 1.200 delegados que lotaram Hyatt Regency Century City vieram com esperanças semelhantes: a tecnologia e o multimilionário mercado de carbono que deverá ser lançado em 2012. Schwarzenegger dizia a todos: “ação, ação, ação”, e, Olav Kjorven,secretário-geral adjunto da ONU: “ é essencial proteger suas florestas

de fogo, suas fontes de água da contaminação e a orla costeira da erosão”. Cerca de 20% das emissões de CO2 do planeta resultantes são resultantes da queima de florestas tropicais e sua conversão em plantações de soja e fazendas de gado. As florestas, que são muito complexas para regulamentar, não faziam parte do Protocolo de Quioto de 1997 – o tratado global que está para ser revisto em Copenhague, em dezembro. Em função disso os negociadores estão debatendo se os países ricos vão compensar países como o Brasil e a Indonésia, para preservarem as árvores, que armazenam grandes quantidades de carbono. É necessário também discutir regras – semelhantes às recentemente aprovada na Califórnia, para medir o carbono em suas florestas e conceder créditos a empresas dispostas a pagar para compensar as emissões industriais. Em um sistema de comércio de carbono que poderia arrecadar centenas de milhões de dólares para as comunidades, tais como seringueiros brasileiros, moradores da ilha indonésia e moradores da Tanzânia.

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As despedidas...

O encerramento Ao encerrar o encontro o governador Arnold Schwarzenegger, disse: "Enfrentar os problemas causados pela mudança climática é o maior desafio ambiental do nosso tempo e, nesta cimeira, ouvimos dirigentes e especialistasdetodoomundodiscutiremos passos inovadores e as estratégias que estão sendo defendidosnalutacontraoaquecimentoglobal". "Temos que aprofundar nossas parcerias e renovar nosso compromisso de trabalhar juntos para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e criar um planeta mais limpo e uma economia mais forte para a

próxima geração. Ao assinar esta declaração estamos enviando uma mensagem poderosa para os dirigentes nacionais na negociação da próxima reunião sobre o clima global e que estamos prontos para a ação ", disse Schwarzenegger."Ahoradeagiréagora." Os participantes concordaram em trabalhar juntos para buscar o transporte limpo e mobilidade, apoio à legislação nacional para as alterações climáticas, as florestas no desenvolvimento de políticas climáticas, reconhecem a necessidade de esforços de adaptação, e reconhecer o papel dos governos subnacionais nas discussões sobre o próximo acordo climático global, em

Copenhague, na Dinamarca, onde a conferência climática da ONU será realizada de 7-18 dezembro. Lá, líderes do mundo são esperados para chegar a um acordo sobre um tratado para limitar os gases do efeito estufa que irá assumir quando o Protocolo de Kyoto expirarnofinalde2102. O Global de Governadores Climate Summit atraiu 14 governadores dos Estados Unidos,de sete províncias canadenses, os governadores dos estados e regiões na França, Indonésia, Nigéria, Coréia do Sul, Senegal e Ucrânia, bem como os prefeitos de Londres, Inglaterra, e Toronto,OntárioeosgovernadoresdaAmazônia.

Arnold Schwarzenegger, governador da Califórnia fazendo o encerramento da Reunião de Cúpula dos Governadores sobre Clima Global 2, em Los Angeles, na Califórnia

Força Tarefa – GCF

O governador do Amazonas, Eduardo Braga, e a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, vão dividir a presidência do Governors' Climate and Forest Task Force - Força Tarefa (GCF) durante o próximo mandato. Eles substituirão Arnold Schwarzenegger, governador da Califórnia (EUA). Braga e Carepa ficam à frente da GCF de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2010, com o compromisso de executar o Plano de Ação Conjunta desenvolvido pelos estados e províncias membros do grupo e assegurar que as preocupações e questões envolvendo carbono florestal subnacional sejam representadas em esforços de políticas climáticas nos contextos estaduais, nacionais e internacionais.

Os dois dividirão a presidência e administrarão seis meses cada um. “Nossa meta será desenvolver ações sobre a Amazônia brasileira com a perspectiva de duas regiões que são parecidas, mas não são iguais”, afirmou Braga, destacando que o Amazonas vai enfocar a administração em preservação das florestas, unidades de conservação e desenvolvimento sustentável. Ana Júlia Carepa observa que Amazonas e Pará vão continuar somando os esforços que já vêm fazendo para propagar a política de conservação da floresta em pé e a necessidade de cuidados com a população que nela habita. À frente do CGF, Braga e Carepa terão a oportunidade de compartilhar políticas e mostrar ao mundo as ações que estão sendo implementadas no Amazonas e na Amazônia, onde há experiências de sucesso e pioneirismo na área de conservação. REVISTA AMAZÔNIA |17

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Diálogos Capitais Na Rota de Copenhague

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A mesa de debate Diálogos Capitais na Rota de Copenhague, uma promoção da revista Carta Capital Fotos: Lucivaldo Sena/Ag.Pará

O Brasil e os compromissos para a construção de uma economia de baixo carbono

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pesquisador José Goldemberg, doutor em Ciências Físicas pela Universidade de São Paulo e ex-ministro da Ciência e Tecnologia, defendeu a implantação de projetos de reflorestamento como estratégia para gerar emprego e renda e retirar carbono da atmosfera, contribuindo assimparamitigarosefeitosdasmudançasclimáticas. A defesa de Goldemberg foi feita no painel“ A economia da biomassa”, no evento Diálogos Capitais - Na Rota de Copenhague,promovidopelarevistaCartaCapitalepela ONG Elvolverde, em São Paulo, do qual a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, foi uma das debatedoras, junto com Linda Murasawa - Superintendente de

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Desenvolvimento Sustentável do Grupo Santander Brasil; Ladislau Dowbor – Economista e professor da PUC-SP, defensor de um modelo de desenvolvimento baseado na sustentabilidade; João Norberto Noschang Neto - Gerente Executivo de Tecnologia da Estrutura da Presidência da Petrobras Biocombustíveis e Dal Marcondes,diretordaEnvolverde,comoModerador. Para o pesquisador José Goldemberg, a ideia, que certamente será discutida na Dinamarca, de que os países com maiores florestas sejam remunerados para que a mata seja mantida em pé, por meio de um fundo global–nãopassadeum“bolsa-floresta”,defilantropia, e defende que o plantio de árvores tem um impacto muitomaior,inclusivecomageraçãodeempregos. O ex-reitor da USP entende que o avanço das lavouras voltadas ao etanol ocorre sobre áreas de pastagem, as quais podem ser reduzidas sem prejudicar a produção de carne bovina, rebatendo que o incentivo ao etanol, ao gerar a expansão das lavouras de cana-de-açúcar, provoca desmatamento e avanço sobre áreas de produçãodealimentos. Na opinião dele, trata- se de uma 'energia solar

liquefeita” e o Brasil poderá gerar de 7 a 8 milhões de quilowatts com o bagaço da cana. É a melhor fonte de combustívelexistentenestemomento. “Nada mais natural do que tentarmos repetir o que a natureza fez há cem milhões de anos, que é converter biomassa em produtos que sejam parecidos com o que nós usamos para movimentar automóveis e caminhões”,disseenfaticamente.. Goldemberg se mostrou entusiasmado com as ações para garantir a promoção de negócios sustentáveis e de baixo carbono no Pará, como o Programa 1 Bilhão de Árvores para a Amazônia, o Plano de Prevenção, Controle e Alternativas ao Desmatamento, a lei de regularização fundiária, o Cadastro Ambiental Rural, o Zoneamento Ecológico-Econômico, o Fórum Paraense de Mudanças Climáticas, encorajou a governadora Ana Júlia a direcionar os esforços do governo para a implantaçãodeumapolíticadereflorestamento. "Essa atividade não exige tecnologia de ponta e cada hectare de floresta plantada sequestra pelo menos 100 toneladasdecarbono,quepodeservendidonomercado voluntário".SegundoGoldemberg,aatividadefaztodoo

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O Brasil terá de assumir compromissos de redução de suas emissões globais de carbono. Há caminhos que passam por uma redução drástica do coeficiente de desmatamento da Amazônia, por meio de mecanismos de REDD (Redução Evitada do Desmatamento e da Degradação), e há grandes possibilidades para a construção desta nova economia da biodiversidade através de um eficiente e aplicado zoneamento econômico-ecológico do País.

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Queremos transformar a nossa riqueza em qualidade de vida para a nossa população

sentido do ponto de vista econômico, levando em conta que na Europa a tonelada de carbono pode chegar a 20 euros. "Quando se queima a floresta estamos incinerandodinheiro". A governadora Ana Júlia falou ao público sobre as ações e políticas públicas do seu governo voltadas para o combateapobrezaeoenfrentamentoatemashistóricos como o desmatamento e regularização fundiária. "Queremos transformar a nossa riqueza em qualidade devidaparaanossapopulação". Questionada sobre a usina hidrelétrica de Belo Monte, a governadora disse que é favorável ao empreendimento, desde que seja feito precedido de um planejamento estratégicoparaosmunicípiosimpactadosequepelomenos 25%daenergiageradafiquenoPará,desdequevinculadosa empreendimentosindustriaisnoestado,conformedefendeu juntoaoMinistériodasMinaseEnergias.

A governadora também foi questionada sobre como o estado enfrenta a força da atividade madeireira ilegal e respondeu que esse tipo de crime não se combate apenas com comando e controle, mas com políticas que ofereça alternativas econômicas à população. Segundo ela, não basta identificar os autores de eventuais ilícitos, é preciso promover a regularização fundiária das áreas saqueadas, inclusive para criminalizar a atividade. "A regularização fundiária é um instrumento importante paracombateroscrimesambientais". A governadora defendeu ainda a produção de dendê no Pará, informando que o dendê recebe críticas na Ásia, pois ali ocorre desmatamento para seu plantio.“No Pará, temos terras para recuperar disponíveis para este cultivo”, destacou, apontando um projeto da empresa Vale que movimentará suas locomotivas exclusivamente com óleo de dendê, até 2014, em parceriacomaBiopalma.. Ana Júlia finalizou afirmando: “A Amazônia não pode mais servir apenas como fornecedora de matériasprimas para as regiões ditas 'desenvolvidas'. Além de combate e controle, temos que criar alternativas econômicas com a floresta de pé para conter o desmatamento e recuperar as matas. Chega de simplesmentemandardesenvolvimentoparafora”. Linda Murasawa, do Grupo Santander, disse que o

banco, no Brasil, está em fase de implementação dos Princípios do Equador – critérios de sustentabilidade para a liberação de investimentos. Por outro lado, ela sinalizou interesse do grupo financeiro na concessão de recursos à construção de hidrelétricas na Amazônia, apesar dos impactos que esses empreendimentos geramàfloresta. "O Santander Brasil está em fase de implementação desses princípios, que são voltados a projetos mais estruturados, que custam acima de 10 milhões de dólares. As usinas na Amazônia estão sendo levadas em consideração",disse.

José Goldemberg: O plantio de árvores tem um impacto muito maior, inclusive com a geração de empregos

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Empresas brasileiras lançam carta aberta ao Brasil sobre mudanças climáticas visando à COP 15

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Produzido por 22 entidades e empresas, por iniciativa da Vale, do Instituto Ethos e do Fórum Amazônia Sustentável, o documento, lançado, traz compromissos de redução de emissões e faz sugestões ao Governo brasileiro Fotos David Alves/Ag Pa, Klauter Machado

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inte e duas entidades e empresas privadas de capital brasileiro lançaram em seminário, em São Paulo, uma carta aberta ao Brasil sobre mudanças climáticas, apresentando seus compromissos voluntários para a redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE). O documento – uma iniciativa da Vale, Instituto Ethos e Fórum Amazônia Sustentável– traz ainda uma série de sugestões à posição do Governo brasileiro na 15ª Conferência das Partes (COP-15) doTratado da ONU para as Mudanças Climáticas, que ocorrerá em dezembro em Copenhague. Na COP-15 serão debatidos novos compromissos e mecanismos para combater o aquecimentoglobal. O documento foi entregue ao ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e ao negociador-chefe da delegação brasileira em Copenhague, Luiz Alberto Figueiredo Machado, no seminário Brasil e as Mudanças Climáticas - Oportunidades para uma economia de baixo carbono. No evento, foram discutidos, em três painéis, os desafios das mudanças climáticas para os negócios e a sociedade; o papel do setor privado no combate ao aquecimento global; e o papel do governo

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nocombateàsmudançasclimáticas. A carta representa um marco na discussão do tema, porque, pela primeira vez, empresários do setor produtivo do país apresentam formalmente iniciativas para combater o aquecimento global. Entre os compromissos, está o monitoramento das emissões pelas empresas signatárias, com a publicação de inventários anuais para acompanhamento da sociedade, e a busca da redução contínua do balanço líquido de CO2 (redução da diferença entre emissão e capturadeCO2) Outro ponto importante é o apoio à criação de mecanismo de incentivo para a redução de emissões por desmatamento e degradação florestal (REDD), incluindo a conservação e o manejo florestal sustentável. A idéia do REDD é criar valor econômico para a floresta em pé ou para o desmatamento evitado. Este mecanismo pode vir a se transformar em uma alternativa rentável para reduzir o desmatamento da Amazônia, hoje o principal fator de emissões de CO2 do Brasil, porque propõe compensações financeiras aos proprietários de matas naturais que se prontificarem a protegersuasflorestas. "As mudanças climáticas vão induzir a substituição de fontes energéticas e de matérias primas para a produção de bens e produtos. A atividade básica da Vale é a mineração desses insumos. Assim, o tema faz parte da avaliação estratégica do portfólio de nossos produtos e serviços, com visão de longo prazo. Avaliamos ainda custos de adaptação, bem como as oportunidades de negócios verdes e alternativas tecnológicas que reduzam nossas emissões", afirma o diretor de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Vale, Luiz ClaudioCastro. A carta está dividida em três partes. A primeira traz uma visãogeraldosdesafiosparaoenfrentamentoglobaldas mudanças climáticas e a oportunidade que o Brasil tem de liderar as discussões em torno de uma economia de baixo carbono. Na segunda parte, as empresas expõem seus compromissos para reduzir suas emissões e, na terceira e última parte, são apresentadas as propostas ao

Ricardo Young Presidente do Instituto Ethos e José Luciano Penido Presidente da VCP/Aracruz

No painel 3 “O papel do governo no combate às mudanças climáticas”

No painel 2 “O papel do setor privado no combate às mudanças climáticas”

governo brasileiro, incluindo sugestões para a COP 15. Entre as propostas, está à publicação de estimativas atuais de emissões de GEE no Brasil e, a cada três anos, o Inventário Brasileiro de Emissões de GEE, cujo último datade1994. "O Brasil tem a oportunidade única de construir seu modelo de desenvolvimento sustentável e influenciar o resto do mundo no mesmo caminho", afirma Beto Veríssimo, secretário-executivo do Fórum Amazônia Sustentável, que reúne mais de 180 instituições que atuam na Amazônia. Para RicardoYoung, presidente do Instituto Ethos, as empresas brasileiras engajadas no movimento da responsabilidade social podem incentivar o país a liderar a transição a uma economia de baixo carbono. "Assim fazendo, o empresariado vai abrir novas oportunidades de negócio e aumentar a competitividade de todos os setores da economia", afirmaYoung. O presidente da Vale, Roger Agnelli, disse que, apesar de ser difícil convencer alguns empresários a mudar de atitude em relação à sustentabilidade, é evidente que o planeta está partindo para uma economia verde. "O consumidor tem exigido isso e o setor que não se adaptar seráexpulsodaeconomiaemváriospaíses",falou. Agnellidestacouqueopassivoambientalnãoéalgoque desaparece. "Ele fica para a vida toda e traz lembranças. Em sua opinião, “o mundo está mudando e é hora de todos,independentementedacamadadasociedadeem que se inserem, agirem e assumirem compromissos", finalizou.

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Carta aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas

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Nossa Visão As mudanças climáticas constituem um dos maiores desafiosdenossotempo.O4°relatóriodoIPCC(Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) indica que um aumento de temperatura acima de 2° C em relação ao início da era industrial traria consequências desastrosas para a economia dos países e o bem-estar da humanidade, em termos de saúde, segurança alimentar, habitabilidade e meio ambiente, comprometendo de forma irreversível o desenvolvimentosustentável. No Brasil, um aumento de temperatura desta magnitude traria graves reflexos sobre a produção agrícola, a integridade das florestas e da biodiversidade, a segurança das zonas costeiras e a disponibilidade hídrica, e energética. Implicaria, portanto, em retrocesso no combate à pobreza e na qualidade de vida da sociedade. Reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) representa um grande desafio. Para que o aumento da temperatura se estabilize abaixo de 2° C, o IPCC aponta a necessidade de limitar a concentração de É evidente que o planeta está partindo para uma economia verde

CO2 e na atmosfera em até 450 ppm (partes por milhão). Para isso, a emissão total de GEE durante este século não deve ultrapassar, em média, cerca de 18 Gt CO2e/ano (bilhões de toneladas de GEE expressos em CO2 equivalente por ano). As emissões globais atualmente ultrapassam 40 Gt CO2e/ano. Mesmo que os países desenvolvidos reduzissem imediatamente a zero suas emissões, não seria possível alcançar a meta global de redução sem uma participação das economias emergentes,entreelasoBrasil. Vivemos uma oportunidade única de construir um novo modelo de desenvolvimento, baseado numa economia de baixo carbono, que deverá mobilizar empresas, governos e a sociedade civil. Acreditamos que o Brasil, mais do que qualquer outro país no mundo, reúne as Wilson Ferreira Jr, diretor-Presidente da CPFL Energia e André Trigueiro, jornalista GloboNews

condições de liderar a agenda desta nova economia. A meta de redução do desmatamento em 80% até 2020, preconizada pelo Plano Nacional de Mudanças Climáticas, dará significativa contribuição para a redução das emissões globais. O país tem experiências positivas em outros setores, a exemplo da produção de biocombustíveis, que demonstram a nossa capacidade deatingiresseobjetivo. Estamos certos de que as empresas brasileiras podem dar uma contribuição decisiva para que o país lidere a transição para uma economia de baixo carbono, aproveite novas oportunidades de negócios e aumente sua competitividade. Nesta Carta ao governo e à sociedade brasileira, assumimos compromissos em relação à agenda de mudanças climáticas e propomos açõesparaopoderpúblico.

Nossos compromissos Como contribuição aos esforços globais de redução dos impac tos das mudanças climáticas, nos comprometemosa: Publicar anualmente o inventário das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) de nossas empresas, bem como as ações para mitigação de emissões e adaptação às mudançasclimáticas. Incluir como orientação estratégica no processo decisório de investimentos a escolha de opções que promovam a redução das emissões de GEE nos nossos processos,produtoseserviços. Buscar a redução contínua de emissões específicas de GEE e do balanço líquido de emissões de CO2 de nossas empresas por meio de ações de redução direta das emissões em nossos processos de produção, investimentos em captura e sequestro de carbono e/ou apoio às ações de redução de emissões por desmatamentoedegradação. Atuar junto à cadeia de suprimentos, visando a redução deemissõesdefornecedoreseclientes. Engajar-nos junto ao governo, à sociedade civil e aos nossos setores de atuação, no esforço de compreensão dos impactos das mudanças climáticas nas regiões onde atuamosedasrespectivasaçõesdeadaptação.

Propostas ao Governo Brasileiro Em dezembro deste ano, em Copenhague, ocorrerá a COP 15 – a 15ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Na oportunidade serão discutidos por representantes de cerca de 200 países novos compromissos e incentivos

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Beto Veríssimo, pesquisador do Imazon e membro da Comissão Executiva do Fórum Amazônia Sustentável

para a redução das emissões de GEE, para a adaptação aos efeitos das emissões históricas e para o desenvolvimento, o financiamento e a cooperação tecnológica que promovam a redução das emissões globaiseaestabilidadeclimática. Para que o Brasil possa avançar na agenda da economia de baixo carbono e seja possível às empresas se planejarem para atuar neste novo contexto, é fundamental que se estruture um sistema previsível e estável de governança para as questões de mudanças climáticas. Para tanto, sugerimos ao Governo, no âmbito daparticipaçãodoBrasilnaCOP15: Assumir posição de liderança nas negociações para a definição de metas claras de redução global das emissões de GEE, garantindo a aplicação do princípio dasresponsabilidadescomuns,porémdiferenciadas. Defender a simplificação e a agilidade da implementação do MDL, passando a ter como critério central de elegibilidade a sua comprovada redução de emissões, eliminando os conceitos de adicionalidade financeira e regulatória e a caracterização dos créditos florestaiscomotemporários. Apoiar a criação de um mecanismo de incentivos para a redução das emissões por desmatamento e degradação florestal (REDD), incluindo a conservação e o manejo florestal sustentável. Tal mecanismo deve considerar recursos de diferentes fontes, incluindo contribuições voluntárias, como o Fundo Amazônia, e outras formas decaptaçãoadvindasdeinstrumentosdemercado. Enoâmbitonacional, Produzir e publicar Estimativas Anuais de Emissões de GEE no Brasil e, a cada três anos, o Inventário Brasileiro deEmissõesdeGEE. Estabelecer um Sistema Nacional de Controle de Emissões, incluindo mecanismos de consulta e participação da sociedade, e a definição de uma instânciareguladoraindependenteparaotema. Priorizar a redução das emissões de GEE nas políticas e investimentos públicos, para consolidar o posicionamento dopaísnumaeconomiadebaixocarbono. Promover a simplificação do processo de avaliação de projetosMDLnoBrasil. Definir e implementar uma política de apoio aos povos da floresta, produtores rurais, empresas e instituições, para as ações de conservação e manejo sustentável das florestas que promovam a redução das emissões de desmatamentoedegradaçãoflorestal(REDD). Estabelecer e implantar uma estratégia de adaptação do paísàsmudançasclimáticas. Ricardo Young lê a Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas. Ao fundo, da esquerda para a direita, Luiz Figueiredo Machado, do Ministério das Relações Exteriores, ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente, jornalista Daniela Chiaretti, do Valor Econômico, ministro Sérgio Rezende, da Ciência e Tecnologia, e Roger Agnelli, presidente da Vale REVISTA AMAZÔNIA |21

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Vale lidera na AL em transparência sobre emissões

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Carbon Disclosure Project (CDP): O Carbon Disclosure Project é uma organização independente sem fins lucrativos, detentora do maior banco de dados de informações corporativas mudança climática primária no mundo

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Vale é a empresa latino-americana mais bemposicionadanoíndicequeavaliaograu de transparência das informações sobre mudanças climáticas, de acordo com o levantamento feito pelo Carbon Disclosure Project (CDP), divulgado recentemente. Se forem consideradas as empresas dos países que não fazem parte do Anexo 1 (aqueles que têm obrigações com metas de redução no Protocolo de Kyoto), aVale ficou em segundo lugar, atrás apenasdasul-coreanaSamsungElectronics. O CDP, que representa 475 grandes investidores, com ativos totais de US$ 55 trilhões, produz o relatório Global 500 anualmente. Envia questionários a mais de 3.700 grandes empresas solicitando informações sobre suas emissões de gases do efeito estufa (GEE), potenciais riscos e oportunidades relacionadas a mudanças climáticas e suas estratégias. As respostas são voluntárias. "O resultado mostra que a Vale está conseguindo melhorar a transparência na divulgação de seus dados de emissão, considerando o refinamento crescente das informações exigidas pelo questionário do CDP", afirma o gerente-geral de meio ambiente e desenvolvimento sustentável,KatsuoHomma. De 0 a 100, a Vale obteve 74 pontos, bem acima da média de 59 pontos do setor de materiais, que inclui mineração, siderurgia, química, manufatura e papel e celulose. A média de outras companhias brasileiras ficou em46pontos. Roger Agnelli no Fórum de Sustentabilidade quando foi lançada a diretriz corporativa do Programa Carbono Vale

Ações No ano passado, a empresa lançou suas Diretrizes Corporativas sobre Mudanças Climáticas e Carbono que incluem o Programa Carbono Vale, que constitui um conjunto de ações, coordenadas globalmente. Entre as ações implementadas, estão a substituição de óleo combustívelporgásnaturalemusinasdepelotizaçãodo Espírito Santo e de Minas Gerais, que resultou em redução de 139 mil toneladas de CO2 equivalente em 2008 em relação ao ano anterior, e a captura de metano para geração de eletricidade em operações da mina subterrânea Integra, em New SouthWales, na Austrália. Além de reduzir as emissões de GEE, a usina tem capacidade de gerar 10 megawatts de eletricidade, suficientesparasuprirademandade15milcasas. Do total da eletricidade comprada pela Vale (energia indireta), 76% são provenientes de fontes hidrelétricas. No Brasil, a empresa investe intensamente na geração de energia elétrica principalmente a partir de fontes hidrelétricas por meio de consórcios (sete usinas estão em operação e uma em construção, Estreito), e também a partir de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). AVale produz34%desuanecessidadedeenergiaelétrica. A empresa vem investindo também em gás natural e biodiesel como substitutos do diesel e do óleo combustível em suas operações. Em fevereiro, a Vale lançou o Trem Verde (ou Trem Flex), projeto que prevê a mistura de gás natural e diesel em suas locomotivas, com concentrações do gás variando entre 50% e 70%. O projeto está sendo implantado em caráter experimental na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). Estimativas indicamque,comousodogásnaslocomotivasdaEFVM e da Estrada de Ferro Carajás (EFC), deixarão ser emitidas, anualmente, 73 mil toneladas de CO2 equivalentenaatmosfera.

A Vale assinou, também este ano, convênio com a empresaBiopalmadaAmazôniaS.A.paraaproduçãode biodiesel a partir do óleo de palma - que apresenta um índice de produtividade 10 vezes maior que a soja. A intenção é usar a mistura B20 (20% de biodiesel e 80% de diesel comum) na EFC e em algumas operações de mineração do Sistema Norte a partir de 2014, antecipando-se à regulamentação que prevê a obrigatoriedade do uso da mistura apenas em 2020. Hoje,aValeusaB3emsuaslocomotivas. A transparência na divulgação de emissões daVale, que publica seu inventário de gases de efeito estufa anualmente, e as ações que a empresa vem empreendendo nos últimos anos já foram reconhecidas pelo mercado. Hoje, aVale é líder mundial no ranking de mudanças climáticas no relatório GS Sustain - Change is coming: a framework for climate change - a defining issue of the 21st century, do Goldman Sachs, publicado em julho e que analisa oportunidades e desafios relacionadosaotema. O banco de investimentos considerou no documento que a empresa gera suas emissões de forma mais efetiva que seus pares. Foram analisados relatórios públicos de cerca de 800 companhias globais, divididas em 24 setores, com valor de mercado equivalente a cerca de 90% do índice MSCI World, composto por ações de empresasde48países.

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Governadora Ana Júlia Carepa no 2º Congresso das Populações Extrativistas

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A Vale assinou contrato com a Biopalma para produção de óleo de palma, para posterior transformação em biodiesel. Já foi realizado o plantio de 800 mil mudas em 5.000 hectares e estão sendo preparadas mais de 2 milhões e 300 mil mudas de palma para o plantio de 12.500 hectares no início de 2010.

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Lula recebe o prêmio Woodrow Wilson for Public Service

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Fotos Ricardo Stuckert/PR

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m reconhecimento por sua luta pela democracia e pela justiça social e por seu papel fundamental na transformação política e econômica do Brasil e da América Latina, o presidente Lula recebeu recentemente o prêmio Woodrow Wilson por Serviço Público, oferecido pelo CentroInternacionalWoodrowWilsonparaAcadêmicos. Em discurso na cerimônia de entrega do prêmio, Lula afirmou que o Brasil tem responsabilidade com os vizinhos sulamericanos em condições mais desfavoráveis, assim como os Estados Unidos têm com países vizinhos e aliados políticos e econômicos. O presidente brasileiro voltou a enfatizar a boa saúde da economia brasileira e afirmou que 2010 será um ano “extremamentepromissor”. “A cultura da cana-de-açúcar é sustentável, não crescerá na Amazônia e estaremos produzindo cada vez mais etanol e estes fatores deveriam levar os Estados Unidos a abrir suas portas para mais importações de etanol do Brasil, afirmou Lula perante uma seleta platéia de empresários reunidos no hotel Waldorf Astoria, no centro de Manhattan. Lula foi agraciado com o prêmio Woodrow Wilson for Public Service, homenagem concedidapeloWoodrowWilsonInternationalCenterfor Scholars.

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Sobre o Woodrow Wilson

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OWoodrowWilson Center foi fundado pelo Congresso Americano em 1968 e sua sede fica na capital dos Estados Unidos, Washington.

Instituição apartidária, o Centro é mantido por financiamentos públicos e privados para a discussão de questõesnacionaiseglobaispormeiodefórunsabertos. Entre os principais assuntos debatidos este ano no Brazil Institute estão as mudanças climáticas e os biocombustíveis. O PrêmioWoodrowWilson por Serviço Público é dado a indivíduosqueserviramcomdistinçãonavidapública,e demonstraram compromisso especial em ouvir sempre opiniões informadas e pontos de vista ponderados em sua atividade. Em vez de basear suas políticas e ideias em expedientes profissionais, estes líderes devotam-se aexaminaropanodefundohistóricoeasimplicaçõesde longoprazodetodaspolíticaspúblicas. O prêmio já foi entregue a autoridades políticas americanas como o general Colin Powell, o ex-vice presidente norte-americano Richard Cheney e o senador republicano e ex-candidato à presidência

Presidente Lula discursa na entrega do prêmio Woodrow Wilson for Public Service, no Hotel Waldorf Astoria, Nova York-EUA

norte-americana John McCain, além de celebridades das artes e dos esportes como os tenistas Andre Agassi e StefanieGraf,eacantoraDollyParton.

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Presidente Lula recebe o prêmio Woodrow Wilson for Public Service

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Sustentabilidade no pós-crise

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s modernos sistemas de gestão e de administração estabelecem claramente em s e u s p re c e i t o s q u e a s a ç õ e s d e responsabilidade e de sustentabilidade socioambiental são, hoje, não apenas um diferencial a ser buscado e conquistado pelas corporações, mas, sim, atividades imprescindíveis a serem adotadas, incorporadas e desenvolvidas costumeira e sistematicamente por todas as áreas de atuação das empresas. É notável como o envolvimento das corporações brasileiras em questões relacionadas à sustentabilidade vem progressivamente avançando, especialmente nas últimas duas décadas. O problema é que, em razão da grave crise financeira internacional que eclodiu em setembro do ano passado e da escassez de recursos justamente em razão de seus efeitos sobre o mundo corporativo, houve uma natural desaceleração nas atividades de responsabilidade socioambiental corporativa. Assim, o consequente corte de despesas e de custos nas mais diversas áreas também foi sentido no segmentodasustentabilidade. Com a reversão da tendência econômica recessiva a partir do segundo trimestre deste ano – notadamente no Brasil, mas que inclui uma onda positiva que movimenta grande parte dos países –, a expectativa é de retomada dos caminhos que já vinham sendo traçados antes da crise. No entanto, é evidente que a economia mundial mudou: os recursos financeiros, anteriormente quase infinitos pela produção virtual de papéis sem lastro, agora estão escassos e mais difíceis de serem obtidos; os sistemas de controle e de gestão financeira estão mais rígidos e passaram a exigir muito mais atenção às transações que movimentam a economia global; e as relações comerciais ficaram mais restritivas, por uma conjugação que envolve justamente a baixa oferta de crédito, a reduzida procura internacional por bens e serviços e a profunda aversão a riscosdesenvolvidapelosagentesdomercado. O que é certo é que o mercado e os consumidores estão muito mais exigentes hoje do que antes da crise, e este rigor certamente irá refletir-se sobre as atividades de

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Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, ao lado de Alexandre Silva, inaugurou, ao lado de Alexandre Silva, uma placa comemorativa dos 90 anos de atividade ininterrupta da Amcham no país

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Divulgação/Amcham

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responsabilidadeedesustentabilidadedascorporações. Desta forma, todas as ações corporativas precisam estar adequadas a essas exigências, que, apesar de não serem novas,serãocadavezmaiscontundentes. Nunca é demais lembrar que a sustentabilidade veio para ficar e está intimamente ligada aos resultados da empresa, exigindo cada vez mais inovação, além da atenção especialmente dedicada de gestores, funcionários, colaboradores e demais stakeholders dos empreendimentos. O conceito deve, portanto, permear todos os processos, produtos e cadeias de negócios das empresas, representando um sistema concatenado que agregue o valor esperado a partir dos resultados efetivamenteobtidosnocampodaaçãoresponsável. É nesse contexto que está inserida a 27ª edição do Prêmio ECO, promovido pela Amcham (Câmara Americana de Comércio), entidade que completa 90 anos. Com o tema “Inovação e Sustentabilidade nas Empresas”,apremiaçãobuscaindicaçõessobrequalserá o modelo de gestão que, a partir de agora, permitirá que um negócio seja classificado como sustentável. O Prêmio ECO pretende, assim, mobilizar as empresas no reconhecimento dos esforços cada vez mais engajados em direção do desenvolvimento sustentável dos Iêda Novais na Amcham lançamento Prêmio Eco

negócios baseados no triple botton line: o social; o ambiental; e o financeiro, com a perspectiva da inovação. O Prêmio ECO é pioneiro no reconhecimento das práticas socialmente responsáveis, estimulando e promovendo, desde 1982, uma reflexão sobre o desenvolvimento empresarial sustentável no Brasil. Hoje, em um mundo que emerge da maior crise financeira em muitas décadas, a política socioambiental é colocada à prova. As iniciativas classificadas comporão um Banco de Projetos no site da Amcham, e as organizações que forem reconhecidas pela premiação passarão a ser um exemplo de mudança e de disseminação da cultura da sustentabilidade na gestão inovadora em linha com os novostempos. Ao longo desses 27 anos, o Prêmio ECO acompanhou as mudanças no mundo dos negócios. A recente crise internacional levou os líderes empresariais a novas reflexões endereçadas ao desenvolvimento empresarial sustentável no Brasil, especialmente com ênfase na inovação.E,agoraem2009,apremiaçãopretendetornarse uma referência nesse campo, contribuindo para que a culturadasustentabilidadeestejaintimamenteenvolvida com os princípios da inovação, o que, certamente, permitirá a geração de novas e eficientes soluções, que se tornarãoexemplosemnossopaís.

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(*) Iêda Novais é diretora corporativa da BDO Trevisan e presidente do Comitê de Sustentabilidade da Amcham São Paulo (Câmara Americana de Comércio)

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Referência nacional no manejo de florestas

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Manejo de Precisão em Florestas Tropicais: Modelo Digital de Exploração Florestal

João F. Salomão em recente visita ao Plano de Manejo Florestal São Jorge, próximo a Floresta Estadual do Antimary, manipulando um GPS, usado para zoneamento da floresta

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ameaça representada pelas mudanças climáticas e a imperiosa necessidade de preservação e exploração racional dos recursos naturais exigem ampla disseminação de modelos bem-sucedidos. E um desses exemplos encontra-se nas ações da indústria madeireira do Acre, um referencial na decisiva prática do manejo florestal sustentável. No Estado, 80% das empresas de transformação da madeira trabalham absolutamente dentro desses parâmetros ecologicamente corretos. As principais já têm o chamado selo verde, uma garantia de É muito visível a posição destacada do Acre no tocante ao manejo florestal

respeito às normas ambientais e fator condicional para que os produtos sejam aceitos nos principais mercados internoseinternacionais. Assim, o Acre tem sido um verdadeiro modelo na Amazônia nessa importante área da madeira certificada. Graças a isso, o Estado tornou-se um dos principais exportadores do produto. Europa, Ásia e EstadosUnidossãoosprincipaiscompradores,emboraa crise econômica mundial tenha reduzido os embarques a quase zero e causado prejuízos próximos a 30%. O mercado interno tem sido a alternativa enquanto os efeitos do crash financeiro não sejam mitigados no Exterior. O Estado de São Paulo, o maior consumidor da produção acriana, só aceita a entrada da madeiras certificadas. O braço brasileiro da organização ambiental global WWF foi um dos parceiros na elaboração da Agenda do Setor Madeireiro Empresarial, elaborada pelo Sindusmad (Sindicato das Indústrias Madeireiras do Estado do Acre). O desenvolvimento do modelo teve todo o apoio da Fieac (Federação das Indústrias do Estado do Acre), à qual o sindicato é filiado. O papel da reconhecida ong internacional dá-se em duas frentes: a preparação das empresas para receber o selo verde; e a elaboração de estudos e pesquisas que garantam a viabilidadeeasustentabilidadedaexploração. AWWF Brasil também contribui para o avanço do tema no Estado, e é relevante a experiência relatada no livro “Manejo de Precisão em Florestas Tropicais: Modelo Digital de Exploração Florestal”. A obra detalha as

principais etapas do processo de planejamento florestal informatizado, tecnologia desenvolvida pela Embrapa. Como se vê, a indústria local está em muito boa companhia no imprescindível trabalho de harmonização da atividade econômica e da sustentabilidade. É muito visível a posição destacada do Acre no tocante ao manejo florestal, considerando que o processo tem garantido a preservação. A cobertura florestal no Estado, de aproximadamente 90%, denota a importância e a atenção destinadas àquele processo. O modelo desenvolvido é de imensa importância, pois o setor florestal configura-se como a principal vocação econômica do Estado. O atendimento, por parte das empresas, dos preceitos legais para acesso à madeira é uma prática de excelência na interação entre natureza e atividadeeconômica. Apoiar o setor de base florestal no seu fortalecimento e desenvolvimento tecnológico faz parte dos preceitos da Fieac. A entidade acredita ser possível alcançar uma produção industrial socialmente justa, politicamente correta, economicamente viável e ecologicamente sustentável. Tais referências são fundamentais ao Brasil paraosucessoemsuaintransferívelresponsabilidadede preservar a Floresta Amazônica, cujos 7,6 milhões de quilômetros quadrados são os guardiões das melhores oportunidades da humanidade de vencer as mudanças climáticaseviabilizaraperpetuaçãodavida. (*) Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre - FIEAC

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Na Floresta Estadual do Antimary

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Indústria apresenta proposta conservadora para Copenhague Mudanças Climáticas: o Valor das Convergências

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presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, aproveitou recentemente a vinda de Al Gore ao Brasil (participando de fórum sobre mudanças climáticas) para apresentar suas propostas paraaCOP15,aconferênciadeCopenhague. O documento intitulado "Mudanças Climáticas: o Valor das Convergências" , não fala em metas de corte de emissões para o setor, limitando-se a elogiar o Brasil como "economia verde" e a listar tópicos "para o debate". O documento diz que, no âmbito da COP-15 (a conferência de Copenhague), "o que se espera do Brasil são compromissos de erradicação do desmatamento ilegal". Não menciona o crescimento de 77% das emissões do setor industrial e de 56% no de transportes (acimadoPIB)entre1994e2007. Afirma que a Fiesp "não se omitirá" diante do impacto causado pelas mudanças climáticas e liderará a produção de inventários e estudos setoriais para estimular as empresas a adotarem, voluntariamente, metasderedução. Mas diz também que os compromissos assumidos na COP-15 deverão ter como prioridade a "inclusão social e o nivelamento de assimetrias regionais, de estabelecer como prioridade a inclusão social e o nivelamento das assimetrias regionais, conciliando a redução das emissõesdegasesdoefeitoestufacomocrescimentodo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – ou seja, desenvolvimentoemprimeirolugar. No documento, a Fiesp ressalta a importância de que os países se adaptem ao uso das fontes de energia renováveis a partir do bagaço de cana-de-açúcar e da energia eólica, bem como as renováveis com baixa intensidade de carbono, como a nuclear e o gás natural, para garantir a segurança energética. De acordo com o

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Al Gore durante palestra sobre meio ambiente, na Fiesp

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Paulo Skaf: "Temos que subsidiar onegociador brasileiro para que possa levar algo concreto no bolso para Copenhage"

documento, a adição de 10% de etanol brasileiro a toda a gasolina consumida no mundo reduziria em até 9% o total de emissões provocadas pelo uso do combustível emautomóveis. Odocumentotambémevidenciaaintençãoderefutarleis nacionais sobre clima que possam distorcer o comércio internacional e a necessidade de expansão da utilização de biocombustíveis no transporte de carga no Brasil e a promoçãoeoincentivodapesquisadeetanoldesegunda geração. A Fiesp acha importante ainda incrementar a transferência de tecnologias brasileiras de produção e utilizaçãodebiocombustíveisparaoutrospaíses.

O presidente da Fiesp também defendeu que, como o Brasil responde com um percentual pequeno das emissões globais, o país não deveria se prender a “compromissos precipitados”. Para ele, quem deve se comprometer com as metas de emissões são os países mais ricos e industrializados, principais responsáveis pelamaiorpartedapoluiçãoglobal.

O ex-vice presidente dos Estados Unidos, Al Gore, disse acreditar que os países participantes da próxima reunião da Organização das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, em Copenhague (Dinamarca) chegarão a um acordo. Al Gore estima que as chances de um entendimento em Copenhague aumentariam se o presidente norte-americano, Barack Obama, fosse capaz de negociar um consenso para a aprovação de um projeto que tramita no Congresso dos EUA antes da reunião marcada para dezembro. Os Estados Unidos são, junto com a China, um dos maiores responsáveis pela emissão de carbono na atmosfera. O projeto em tramitação no Congresso norte-americano prevê uma redução de 4,5% da produção de gases de efeito estufa com base nos níveis de 1990.

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Governadores da Região Norte posam para foto oficial do 6º Fórum de Governadores da Amazônia Legal, no marco zero da Linha do Equador, que separa o Hemisfério Sul do Norte

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Governadores da Amazônia e a Carta de Macapá

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Fotos Lucivaldo Sena / Ag. Pará e Marcello Casal Jr./ABr

GovernadorWaldez Góes foi o anfitrião doVI Fórum de Governadores da Amazônia Legal realizado nos dias 15 e 16 de outubro no Ceta Ecotel, em Macapá. O Fórum definiu ações prioritárias para for talecer a política de desenvolvimentodosestadosdaAmazônia. Participaram das discussões os Governadores Carlos Henrique Gaguim (Tocantins), Carlos Eduardo (Amazonas), Arnóbio Marques (Acre), Blairo Borges Maggi (Mato Grosso) e Ana Júlia Carepa (Pará). A governadora do Maranhão Roseana Sarney foi representada pelo Secretário Chefe da Casa Civil João Guilherme Abreu e o governador de Rondônia representado pelo Secretário de Planejamento João CarlosRibeiro.

Os Ministros de Relações Institucionais, Alexandre Padilha; do Meio Ambiente, Carlos Minc; de Assuntos Estratégicos, Daniel Vargas e o advogado interino Geral da União, ministro Evandro Costa Gama também participaramdoencontro. O VI Fórum de Governadores da Amazônia Legal foi marcado por discussões sobre: Mudanças Climáticas, Viação Aérea Regional, Fundo Amazônia, Programa de Estradas Vicinais da Amazônia (PREVIA) e Integração Regional. Os governadores destacaram também, o descontingenciamento de R$ 400 milhões dos recursos da Superintendência da zona Franca de Manaus. A ampliação da rede hidroviária na Amazônia teria impacto nos encargos de transportes de cargas,

O pagamento por serviços ambientais e a valorização dos estados que contribuem para a preservação da maior floresta tropical do mundo, a Floresta Amazônica, transformaram-se em bandeira de luta dos governadores do Acre, Amapá, Amazonas, de Mato Grosso, do Maranhão, Pará, de Rondônia, Roraima e do Tocantins. 28| REVISTA AMAZÔNIA

reduzindo preços finais, aumentando a competitividade e ao mesmo tempo possibilitando o acesso aos mercados nacional e internacional, além reduzir emissão de gás carbônico (CO2) na atmosfera; e viação aérea regional pedindo a consolidação do Plano de DesenvolvimentodeLigaçõesRegionais,elaboradopela SecretariadeAviaçãoCivil. “Acomunidadeamazônicatemseesforçado,mastemos consciência de que o Brasil tem uma dívida ambiental centenária com a região e que começa a mudar com as políticas públicas ambientais”, disse o governador do Amapá,WaldezGóes. A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, aprovou a decisão do Fórum que incluiu no documento oficial a solicitação à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que faça a revisão dos critérios de homologação dos aeródromos da Amazônia, juntamente com a Infraero para que haja melhorias e ampliação da infraestrutura aeroportuária. “É preciso que isso aconteça. Hoje, Anac, Infraero e prefeituras não estão assumindo esse compromisso. Com isso, toda a responsabilidade acaba recaindo sobre o estado, que se ver obrigado a fazer todos esses O governador do Amapá, Waldez Góes, disse que a Amazônia está preparada para discutir questões sobre mudanças climáticas globais

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Carlos Minc e os governadores na abertura do 6º Fórum

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Os governadores assinaram a Carta do Amapá, que norteará o posicionamento brasileiro sobre as mudanças climáticas

serviços”,disseagovernadora. O governador do Amazonas, Eduardo Braga, também criticou o sistema de avião na Amazônia,“É mais barato sair do Amapá para os Estados Unidos que ir para o Amazonas. Ainda não houve uma redução de custo das passagensaéreas,nãodámaisparasuportarisso”,disse. Segundo o governador do Acre, Binho Marques, a cada reunião o Fórum se transforma na principal ferramenta de negociação dos estados amazônicos junto ao governo federal. “Nunca tivemos tanto consenso, tanta capacidade de abrir de um projeto para construir uma identidadeamazônica”,disse. Os governadores dos estados amazônicos pretendem também ajudar o governo brasileiro a ingressar no mercado de créditos de carbono e, ainda, inserir o país na pauta das discussões da 15ª Conferência da Partes (COP-15), que reunirá os países signatários da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças

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No Hemisfério Sul e no Hemisfério Norte

Segundo o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, os governadores dos estados da Amazônia chegaram a um consenso sobre a necessidade de promover cada vez mais ações de preservação da Floresta Amazônica e estão empenhados em mobilizar o Congresso Nacional para aprovar a decisão sobre a remuneração por serviços ambientais e a criação do – FPE Verde, o Fundo Verde de Participação dos Estados. “Selamos uma aliança entre o governo federal e os governos da Amazônia e vamos unidos e fortes para a COP-15, em Copenhague”, afirmou Carlos Minc.

Climáticas, em dezembro, em Copenhague, na Dinamarca. A proposta dos líderes da Amazônia também é exigir o aumento da meta para diminuição de emissões dos países mais emissores atualmente, entre eles,aChinaeosEstadosUnidos. Na avaliação do governador do Amazonas, Eduardo Braga, está faltando um reconhecimento Em visita à Fortaleza nacional e internacional pelos serviços de São José de Macapá ambientais que a Floresta Amazônica produz. Braga disse que o povo amazônico não pode ser punido ou se sentirculpadoporvivernaregião. “A Amazônia não pode ser tratada como um santuário e sim como uma grande prestadora de serviços ambientais que, com tecnologia, racionalidade e inteligência, deve ser usada para prestar muito serviço ambiental. Esperamos que esse serviço ambiental possa ser monetizado (revertido em dinheiro) e que possa representar melhoria da renda per capita do povo da Amazônia”, destacou. Para o governador do Acre, Binho Marques, por causa dos reflexos das mudanças climáticas globais, é preciso agir rapidamente. Para Marques, o 6º Fórum de Governadores da Amazônia Legal tem papel fundamental para que o país tenha um consenso firmado e vá para Copenhague em busca de novos mecanismos que garantam a floresta em pé, mas com justiça social, sobretudo para os moradores da

Vamos unidos e fortes para a COP 15

região, sejam eles das cidades ou das áreas mais isoladas. O ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Daniel Vargas, acrescentou que a transição esperada pelos governadores da Amazônia já está em andamento. “Entendo que está em curso uma transição para um outro modelo ancorado em atividades econômicas intensivas, de alta tecnologia e valor agregado e que, com isso, acabe atribuindo mais valoràflorestaempé.” “Qualquer acordo relacionado às questões ambientais globais precisa incluir a Amazônia. Existem pessoas vivendo na área da Floresta Amazônica e isso não pode ser ignorado, precisa ser pensado na hora de se definir saídas econômicas que sejam viáveis para essa área”, defendeu. Até 2020, o governo brasileiro quer reduzir em 80% o índice de desmatamento da Amazônia e diminuir de 20% a 40% as emissões de gás carbônico pelo país. O parâmetro para esses percentuais é uma atualização do inventário sobre emissões de gases de efeito estufa feito peloBrasilem2002,combaseemdadosde1994.

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Ana Júlia Carepa com outros governadores da Amazônia, debatem ações para reduzir impactos ambientais na região REVISTA AMAZÔNIA |29

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CARTA DE MACAPÁ

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CONSIDERANDO que a política de integração regional é estratégica para o desenvolvimento sustentável dos Estados da Amazônia Legal; CONSIDERANDO a necessidade de ampliação dos investimentos na Região Amazônica com o descontingenciamento dos recursos previstos no orçamento da União para as agências ou programas de desenvolvimento regional; CONSIDERANDO a necessidade de consolidar a Proposta dos Estados Amazônicos para apresentação pelo Governo Brasileiro na 15ª Conferência do Clima (COP 15) da Organização das Nações Unidas (ONU) que ocorrerá na cidade de Copenhague, no Reino da Dinamarca. Nós, Governadores dos Estados que compõem a Amazônia Legal - Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins -, reunidos em Macapá, capital do Estado do Amapá, cientes de nossas responsabilidades institucionais e comprometidos com o desenvolvimento sustentável de nossa região, decidimos: Mudanças Climáticas 1. Empreender, sob a liderança do Presidente Lula, esforços para inclusão do REDD na 15ª Conferência do Clima (COP 15) da ONU, contemplando as florestas tropicais com mecanismos de mercado compensatórios e não compensatórios por desmatamento evitado, em especial como parcela das obrigações adicionais dos países ricos, reafirmando a posição brasileira em Copenhague, nos termos do Relatório da Força Tarefa. Tais recursos são cruciais para o financiamento de investimentos em infraestrutura, ciência e tecnologia, capacitação e apoio à produção, necessários à transição do atual modelo econômico para uma socioeconomia sustentável, de baixo carbono e alto conteúdo tecnológico. 2. Aprovar a adição ao texto do Relatório da Força Tarefa, nos seguintes termos: “Como condição para inclusão do REDD como mecanismo compensatório, os países do Anexo I deveriam: 1. Assumir compromissos, de natureza obrigatória e em volumes financeiros significativos, para apoiar ações de mitigação de emissões dos países não-Anexo I; 2. Assumir compromissos, de natureza obrigatória, na forma de metas mínimas para a redução das suas emissões domésticas, respeitando as diferenças entre os países Anexo I. Viação Aérea Regional 3. Apoiar a consolidação do Plano de Desenvolvimento de Ligações Regionais, elaborado pela Secretaria de Aviação Civil, bem como atuar na aprovação em regime de urgência do Projeto de Lei que regulamenta a aviação civil de caráter regional e que dispõe sobre políticas de incentivo para estímulo da viação aérea na Região Amazônica. 4. Indicar a revisão imediata pela ANAC dos critérios de homologação dos aeródromos da Amazônia e que a INFRAERO, em conjunto com os governos estaduais promovam melhorias e ampliação da infraestrutura aeroportuária em operação. Fundo Amazônia 5. Sugerir ao Comitê Orientador do Fundo Amazônia (COFA), que recomende ao BNDES enquadrar e aprovar projetos estruturantes para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, independentemente de seu valor. O financiamento desses projetos poderá ser realizado em etapas, de acordo com a disponibilidade de recursos do Fundo. O próprio proponente auxiliará na captação de recursos para viabilização das demais etapas. Programa de Estradas Vicinais da Amazônia (PREVIA) 6. Articular, junto à Bancada Parlamentar da Amazônia e de cada Estado, a inclusão de Emenda de Comissão, de caráter regional, no Projeto de Lei do Orçamento Geral da União para 2010 (OGU), para contemplar o financiamento do Programa de Estradas Vicinais da Amazônia (PREVIA), tendo em vista a inexistência de dotações no texto enviado pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional. Integração Regional 7. Fortalecer a integração regional sulamericana e a cooperação suprarregional, através da organização e priorização da Agenda de Compromissos para Cooperação na Amazônia, sob coordenação centralizada do Governo Federal, nos aspectos científicos, tecnológicos, culturais, sociais e econômicos, visando o aumento da competitividade e da participação dos Estados Amazônicos no cenário nacional e internacional 8. Apoiar a criação do Fórum Pan-amazônico, como estratégia para integração e cooperação regional, visando à atuação conjunta para superação das dificuldades enfrentadas, de maneira solidária e eficaz e, que reúna as principais lideranças regionais, presidentes dos países, governadores e demais autoridades locais, o qual será instalado no próximo dia 27 de novembro, no I Congresso das Cidades Amazônicas, no Estado do Pará. 9. Apoiar o ingresso da República da Venezuela ao Mercado Comum do Cone Sul (MERCOSUL), por considerar o país um parceiro estratégico para a integração regional sulamericana e pan-amazônica e, solicitar ao Senado brasileiro a manifestação favorável para essa adesão. Encaminhamentos das proposições dos Fóruns anteriores 10. Reafirmar nossa disposição no engajamento com representantes do Congresso Nacional e do Governo Federal para criação de uma Força Tarefa para o equacionamento e soluções dos seguintes temas: Aprovação em regime de urgência do FPE Verde (PLC 351/2002) e da PEC 315/2008, que trata da cobrança de ICMS na geração, transmissão e distribuição de energia; Decisão sobre o Marco Regulatório das Hidrovias; e o Descontingenciamento dos Recursos Arrecadados pela SUFRAMA e ampliação do crédito suplementar encaminhado pelo Ministério do Planejamento ao Congresso Nacional. Macapá-AP, 16 de outubro de 2009.

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Antônio Waldez Góes da Silva Governador do Estado do Amapá

Arnóbio Marques de Almeida Júnior Governador do Estado do Acre

Carlos Eduardo de Souza Braga Governador do Estado do Amazonas

João Guilherme Abreu Representante da Governadora do Estado do Maranhão

Blairo Borges Maggi Governador do Estado do Mato Grosso

Ana Júlia de Vasconcelos Carepa Governadora do Estado do Pará

João Carlos Ribeiro Representante do Governador do Estado de Rondônia

José de Anchieta Júnior Governador do Estado de Roraima

Carlos Henrique Amorim Governador do Estado do Tocantins

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Conselho da Sudam define investimentos para 2010 A 6ª reunião ordinária do Condel da SUDAM, realizada no 6º Fórum de Governadores da Amazônia

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investimento em inovação tecnológica na área de equipamentos médico-hospitalares e na área de farmoquímicos é uma das novidades entre as diretrizes e prioridades para aplicação do Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA) para o exercício de 2010. A pauta, que inclui ainda investimentos em infraestrutura nos setores tradicionaisdaindústriaenoturismo,foiaprovadanesta sexta-feira, em Macapá, durante a 6ª reunião ordinária do Conselho Deliberativo da Sudam (Condel), responsávelpelagestãodofundo. Presidida pelo superintendente da Sudam, Djalma Mello, a reunião aconteceu paralelamente ao 6º Fórum de Governadores da Amazônia, que têm assento no Condel, assim como representantes da indústria, do comércio, prefeituras e trabalhadores. Participaram da reunião a governadora Ana Júlia Carepa (PA) e os governadores Waldez Góes (AP), Binho Marques (AC), Eduardo Braga (AM), Blairo Maggi (MT), José de Anchieta (RR), Carlos Henrique Amorim (TO), além de representantesdeRondôniaeMaranhão. Pela primeira vez, foram incluídas entre as prioridades

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Ainda na audiência pública sobre os povos tradicionais

de investimento a fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares e de instrumentos de precisão óptica, a fabricação de produtos cosmetológicos e farmacêuticos, estes tanto de uso humanoquantoveterinário,alémdefitoterápicos. A novidade está afinada com os temas abordados durante o Fórum de Governadores, onde os discursos pontuaram a necessidade de investimento em ciência, tecnologiaeinfraestruturalogísticaparafazercomquea Amazônia passe a um novo formato de desenvolvimento, não mais direcionado pelo uso irracionalepredatóriodafloresta. Esta foi a tônica, por exemplo, da fala do ministro de Assuntos Estratégicos, Daniel Vargas, que defendeu a implantação na região de indústrias de alta tecnologia, como farmacêuticas, e um formato de transporte multimodal como forma de integrar os estados amazônicos entre si e com o resto do país. Neste ponto, ele destacou o uso das hidrovias, que defendeu que sejam previstas inclusive nos projetos de barramento para construção de hidrelétricas, já integrando a construçãodeeclusas.

No Fórum, onde também esteve em pauta o apoio federal para a construção e melhorias de estradas vicinais, a governadora Ana Júlia Carepa também destacou a importância estratégica do investimento em logística. "Se não tivermos aporte de recursos federais para estradas, vamos continuar condenando agricultores a viver na pobreza e no isolamento, mesmo que façamos investimentos em agricultura familiar", disseela. Estão incluídas entre as prioridades para 2010 investimentos em geração de energia e combustíveis, abastecimento de água e esgotamento, transportes, telecomunicações, agroindústria, indústria de transformação, incluindo metalurgia e siderurgia, e ainda biotecnologia, mecatrônica e informática, e empreendimentosvoltadosparaturismo. Além da votação das prioridades, também foi feita uma explanação aos governadores e demais conselheiros sobre o Fundo Amazônia. A diretora de gestão do fundo, vinculado ao BNDES, Cláudia Costa, explicou as formas de acesso, critérios de financiamento e setores de investimento prioritários, além de outros programas de financiamento do banco que podem ser utilizados pelos estados.

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Ao centro Djalma Mello, superintendente da Sudam

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ichele Silveira

Quando o assunto é castanheira os braços são pequenos para o abraço

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O caminho das árvores Por aqui passa o DNA da Amazônia

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sta é uma história que poderia começar pelo final. Aliás, seria o correto sob as lentes do jornalismo que defende que o maisimportantedeveestarnocomeço.E o mais importante aqui é dizer que vai se falar de onde está guardada boa parte do DNA da Amazônia. Isso mesmo. Esse lugar existe e, enganando um pouquinho as regras de redação, é preciso antes disso falar do caminho e do tempo que levamàIlhadeGermoplasmadeTucuruí. Pra quem chega pelo céu, a massa verde até confunde. Mas lá embaixo, uma das 1.600 ilhas que formam o MosaicodeTucuruí,éespecial.Eessadiferençacomeçoua 32| REVISTA AMAZÔNIA

Fotos Arquivo Eletronorte

ser construída em 1980, quando uma parceria entre a Eletronorte e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Inpa, com a participação de outras instituições de pesquisa, deu início ao processo de resgate do material genético das principais espécies florestais existentes na área de inundação e de plantio em local específico. Era sabido que, depois do enchimento do reservatório da HidrelétricaTucuruí, algumas milhares de ilhas seriam formadas, em razão das diferenças no relevo. A do Germoplasma foi uma delas. Foi um trabalho de resgate, espécie por espécie. O plantio foi feito numa área dividida em quadras e a Ilha passou a abrigar a parte nativa(insitu)eaplantada(exsitu).

Naquela época, seu Expedito ainda não pensava em sair do Maranhão e tão pouco imaginava o que era esse tal Germoplasma, cuja definição é admitidamente complexa pelos próprios especialistas. Hoje ele dá aula deencantamentopelaIlhae,comasabedoriaconcedida pelo tempo, define um pouco do que representa a Ilha e do que é o germoplasma: “é muito bom estar aqui, ajudando a cuidar da floresta, pegando as sementes, fazendo as mudas, recebendo o pessoal que vem pesquisareguardandotudoissoaquiprofuturo,né?”. É, seu Expedito, o senhor tem razão. Ele trabalhou na obra, ficou no enchimento do Lago e participou da Operação Curupira (ação de resgate da fauna na região e

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liberação nas chamadas áreas de soltura, criadas em 1984 e que passaram a abrigar animais como o jabuti, macaco guariba, macaco-prego, veado-mateiro, cutia e preguiça). Há oito anos, Expedito Pereira Sobrinho ajuda a cuidar da Ilha.“Quando a gente chegou aqui não tinha nada, e hoje vocês tão vendo tudo isso aí, organizado, com as sementes indo pra laboratório; mas não é por causa de mim, é porque a Eletronorte tá evoluindo cada vez mais as coisas”. Modéstia, seu Expedito. A Empresa e qualquer um sabem que pra fazer todo esse trabalho dar certoéprecisoterpessoascomoosenhor.

Banco genético A área da Ilha é de 129 hectares. O banco de conservação in situ compreende 32 ha de floresta nativa, com a identificação e marcação de 100% das árvores com diâmetro igual ou superior a 25 cm. Foram identificados e mapeados 2.914 indivíduos adultos, pertencentes a 221 espécies botânicas distribuídas em cinqüenta famílias. No banco ex situ estão representadas 28 famílias botânicas e 82 espécies. Para esse fim, foram plantadas aproximadamente 15 mil mudas distribuídas em 29 quadras, com área total de 22.6 ha. A definição está na apresentação do livro Ilha de Germoplasma de Tucuruí – uma reserva de biodiversidade para o futuro, de autoria dos pesquisadores Ima Célia Vieira, exdiretora do Museu Paraense Emílio Goeldi; Noemi Vianna Martins Leão, coordenadora do Laboratório de Sementes da Embrapa da Amazônia Oriental; Selma Toyoko Ohashi, da Universidade Federal Rural da

Ilha de Germoplasma de Tucuruí

Amazônia e Rubens Ghilardi Jr., analista ambiental da Eletronorte. A edição, lançada em dezembro de 2005, reúne os resultados de pesquisas de campo e da experiência de conservação de material genético que já durammaisdevinteanosnaIlhadeGermoplasma. Vinte anos.Tempo que o seu Zé do Carmo e o seu Expedito partilham na região e, juram eles, sem nenhuma briga. Seu Zé já perdeu as contas, mas lembra que entre oito e dez anos é o tempo que está na Ilha. Com olhar atento ao que é gravado e fotografado, ele caminha e mostra as espécies com o talento nato da vida. Provoca o jovem analista ambiental João Marcelo de Rezende, recémconcursado da Eletronorte, sobre os nomes das espécies que cata no chão. Mas o jovem é rápido e responde ao desafio. O olhar de aprovação do seu Zé do Carmo é uma pista de porque João Marcelo fica tão feliz ao passar dias na Ilha. A troca de conhecimento é marca do lugar. “Muitos pesquisadores vêm fazer os seus trabalhos aqui e

é muito bom saber que todos estão preocupados em preservar e ampliar isso tudo”, dizseuZé. Ampliar? Essa parte quem explica é o coordenador do Programa, Francisco Neto, engenheiro ambiental da Regional de Produção e Comercialização de Tucuruí. Segundo ele, em 2001 foram implantadas áreas de coleta de sementes na floresta nativa e no banco ex situ localizados na Ilha de Germoplasma. Em 2003 foi implantada uma nova área de coleta, na Base 4 (área protegida localizada na Zona de Preservação de Vida Silvestre da Área de Preservação Ambiental - APA do Lago de

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Preparação da escalada

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Veridiano, Zé Leal, Expedito e Adilson mostrando, sim, que é possível fazer grandes empreendimentos hidrelétricos, com responsabilidade socioambiental e de qualidade

nativas; com o Ministério da Agricultura, especialmente noquedizrespeitoànovaLeideSementes;ecomaRede de Sementes da Amazônia. “No geral, o que existe são programas de mitigação simplesmente. O diferencial desse programa é a possibilidade real de desenvolvimento científico e tecnológico. Criamos a Rede de Sementes – são sete redes e mais a Rede Brasil para permitir que os técnicos conversem entre si e, a

No interior da Ilha de Germoplasma

Tucuruí), com 200 ha de floresta nativa inteiramente conservadaemantidapelaEmpresa. Em 2005 a Eletronorte criou uma nova área de coleta de 200 ha em floresta ombrófila, localizada em outra área protegida pela Empresa, a Base 3.“A proposta é produzir sementes e mudas de material genético de qualidade para recomposição de áreas alteradas e para programas de reflorestamento e sistemas agroflorestais”, explica Francisco. O Laboratório de Sementes da Eletronorte já está com a estrutura pronta para receber o produto das coletas, dependendo apenas de tramitações administrativasejurídicasparacomeçaroprocesso.

Coleta se sementes O projeto faz parte do Programa de Germoplasma de Tucuruí. Nessas áreas estão sendo realizados estudos de dinâmica de populações, fenologia entre outros. As espécies alvo de coleta e estudo incluem aquelas de valor ecológico e econômico, como a castanha-do-pará, açaí, bacaba, bacuri, cedro, angelim-vermelho, jutaíaçu, andiroba e copaíba. Hoje o Programa é um dos condicionantes de licenciamento da Usina Hidrelétrica Tucuruí. Mas, segundo o analista, antes disso já era um processo na Empresa, que desde 1984 está envolvida. 34| REVISTA AMAZÔNIA

“Até 2000 havia apenas o plantio e manutenção das quadras. Em 2001 foram contratados os pesquisadores e o resultado foi a idéia de revitalização do banco. Eles pensaram: temos a Ilha, temos um banco genético plantadoem1984,vamostentartirarprodutos,produzir mudas para recuperar áreas alteradas na Amazônia e gerarconhecimentocientífico”,explica. E foi mesmo essa a idéia. O orgulho de falar do Programa denuncia: desde muito cedo NoemiVianna Martins Leão está envolvida com o tema. “Um dia desses achei um certificado do meu primeiro estágio, que foi num levantamento aerofotogramétrico da região do Lago, isso lá por volta de 1976. Logo depois, me formei em 1978, entrei na Embrapa e já participei do resgate do material em 1984; agora, vinte anos depois, do Programa de Germoplasma; acho que perderam meu umbigo no Lago”, diz brincando a pesquisadora da Embrapa, que é também vice-coordenadora da Rede de SementesdaAmazônia. Ciente dos desafios do Programa, ela elogia a atuação da Eletronorte e alerta que as próximas ações devem ser as de interação com o Serviço Florestal Brasileiro, especialmente em relação à criação dos distritos florestais - que prevêem reflorestamento com espécies

Adilson Pereira Gonçalves, técnico em coleta da Ilha

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E o que é, afinal, o Germoplasma?

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Banco de Germoplasma em Tucuruí

partir daí, possamos estabelecer o reflorestamento com espécies nativas. Já temos os parceiros e esperamos que o banco de sementes de Tucuruí seja um desses parceiros”,afirmaNoemi.

Parakanã De acordo com a pesquisadora, é preciso estar atento para a realidade da indústria madeireira, por exemplo. “Uma indústria de compensado e laminado precisa plantar espécies que proporcionem isso. A extração da castanha, por exemplo, logo precisará de plantio. E daí a importância desse Banco. Em oito anos, a castanheira já pode começar a produzir sementes. O mogno é outro exemplo: a gente pensa que é muito tempo, mas sabemos que é possível, em dez anos, ter um mogno produzindo. Há pesquisas que mostram que um plantio de mogno bem adubado, bem conduzido, em 12 anos já pode ser cortado para o laminado e a partir de 18 anos, para serralheiro. É uma madeira nobre e muito abundantenaterraParakanã”. Em 1999 os Parakanã começaram a receber treinamento para coleta de sementes florestais e estabeleceram contatos para comercialização junto à

o cotidiano, a explicação do seu Expedito. E não é que é bem próxima da científica? Germoplasma é qualquer parte da planta que permita a reprodução – seja uma folha, uma célula, uma estaca – enfim, o necessário é que ela permita a propagação. Ou seja, a garantia de futuro. A professora Noemi explica que é possível fazer outros tipos de propagação. “Mas para isso é preciso ter a mãe, o material genético. E é isso que estamos preservando lá na Ilha”. Para o analista ambiental da Eletronorte, Rubens Ghilardi Junior, as espécies de árvores mantidas nas áreas de coleta de sementes florestais da Ilha de Germoplasma, das áreas de soltura e da Terra Indígena Parakanã, garantem a perpetuação dos recursos da floresta em seu estado natural. “Esta é uma conservação consciente, pois por meio dos inventários florestais e o monitoramento fenológico das matrizes de sementes, é possível conhecer cada uma das 'árvoresmães' que geram sementes saudáveis e que estão sendo utilizadas para reflorestamentos com objetivos ecológicos, sociais e comerciais. Os bancos de germoplasma mantidos pela Eletronorte permitirão que a região de Tucuruí e outras regiões recuperem sua vocação natural de uso sustentável de florestas nativas”, afirma. Segundo ele, as sementes florestais existentes nos bancos poderão suprir grande parte da demanda identificada, também de forma inédita, no Estado do Pará. A Empresa já encomendou um estudo específico para mapear essa demanda. As sementes poderão ser distribuídas para recuperação de áreas alteradas e desmatadas - margens de rios, igarapés e lagos, projetos de agrosilvicultura para pequenos produtores e até para projetos de reflorestamentos em larga escala. O Programa de Germoplasma Florestal, em 2004 e 2005, coletou aproximadamente 227.354 sementes em suas áreas de atuação. As sementes foram destinadas a doações para instituições de pesquisa e organizações civis. Em 2006 foram produzidas 21.514 mudas e 198.831 sementes. Um percentual destas sementes coletadas foi destinado à interface com outros programas ambientais de Tucuruí, tais como Programa de Recuperação de Áreas Degradas – Prad e Programa de Educação Ambiental – PEA, para doação em campanhas, como o dia da árvore e semana do meio ambiente. Para o gerente da Regional de Tucuruí, Antônio Augusto Pardauil, o Banco de Germoplasma é uma grande mostra do que é feito lá. “O processo de gestão ambiental de Tucuruí mexe com qualquer um de nós. É impossível conhecê-lo sem se emocionar. Bem em frente à Usina temos a representação de espécies de árvores nativas, que primeiro usamos para recuperar áreas degradadas e agora para produzir sementes. Mas aquela ilha não está produzindo somente sementes, está produzindo vida. E essa vida e essas árvores estão sendo levadas para todo o entorno. Ao reproduzir sementes, estamos recontando história da região e mostrando, sim, que é possível fazer grandes empreendimentos hidrelétricos, com responsabilidade socioambiental e de qualidade. Poucos conhecem a dimensão do que é feito aqui em Tucuruí em termos de meio ambiente”. E a opinião não é só de quem faz parte da Empresa: “Eu imagino que seja muito difícil para um engenheiro, no caso da área elétrica, falar da importância de uma sementinha, que é pouco palpável; mas o grupo que trabalhou conosco, e a Eletronorte, acreditaram no programa e passaram a olhar o Banco de Germoplasma de forma diferente. Hoje podemos mostrar esse Programa, em qualquer lugar do mundo como exemplo do que pode e deve ser feito. Como engenheira florestal, mas muito mais como cidadã do Pará, tenho orgulho de ser dessa terra e participar de uma proposta como essa; e ainda mais: de ver agora a possibilidade real de uso”, afirma a pesquisadora Noemi Leão. De acordo com Rubens, o Programa de Germoplasma Florestal da Eletronorte está entre as principais iniciativas dessa natureza no Brasil. “A possibilidade de preservar, conhecer e poder utilizar de forma sustentável o potencial da floresta é um motivo de esperança para o futuro da região amazônica. Os desafios e o trabalho ainda são árduos, mas seguramente a Empresa e seus colaboradores poderão se orgulhar de ter compensado um dos principais impactos ambientais causados por Tucuruí com efetividade e criatividade, em consonância com sua missão de atuar com responsabilidade socioambiental, contribuindo para o desenvolvimento do País”.

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Embrapa. Um ano depois eles começaram as coletas de mogno e nos anos seguintes, diversificaram a coleta para copaíba, favão, paricá, tatajuba e castanha. Os números mostram a quantidade de sementes coletadas, e conseqüentemente o incremento na produção extrativista: em 2000 os Parakanã coletaram 27,33 quilos de sementes de mogno; em 2003 esse número foi para194,29quilose,em2006,chegoua333,97quilos. Hoje a reserva dos Parakanã inclui uma área de coleta de sementes,demarcadaecomlevantamentobotânicodas espécies existentes, que faz parte do Programa de GermoplasmaFlorestaldeTucuruí.

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A rainha da floresta Quando o assunto é castanheira os braços são pequenos para o abraço. Conhecida como a rainha da floresta amazônica, pode atingir cerca de 45 metros de altura e até mil anos. Mas o tamanho não assusta Adilson Pereira Gonçalves, técnico em coleta da Ilha. Orgulhoso, conta que participou do curso de rapel para coletar sementes como a da castanheira. “Foram seis anos. Uma vez por ano a equipe de instrutores contratada pela Eletronorte vinha para a Ilha nos treinar. Alguns acabaram se especializando nisso”, conta de forma modesta o jovem que hoje é considerado um dos melhores técnicos em coletadaRegiãoNorte. Ele nunca tinha praticado o rapel e hoje domina a teoria e a prática: “É melhor pegar a semente no momento certo e antes que ela caia no chão. No caso da castanheira, por exemplo, é melhor pegar antes que o ouriço caia no chão, pois aí teremos a semente em perfeitascondições”,explica. É hora de sair da trilha e descer um pouco para dentro da mata fechada. É lá que está a rainha. Adilson vai à frente. É hora de mostrar que lá no meio da Amazônia tem gente simples fazendo a diferença na preservação da floresta. Mais alguns metros ouvindo o farfalhar das folhas no chão e pronto. Mas é preciso olhar pra cima. E é à medida que os olhos vão fazendo um ângulo vertical que chega a hora de fazer reverência. Ali está ela. O sol Hidrelétrica Tucuruí

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Castanheira, a rainha da floresta amazônica, pode atingir cerca de 45 metros de altura e até mil anos

entre as folhas sequer permite que se veja onde elas terminam; parece que no céu. Adilson pega um estilingue. É preciso misturar o velho e o novo:“primeiro jogamos o fio de nylon para poder jogar a corda mais forte. Com isso conseguimos alcançar qualquer copa de árvore. Juntamos peças modernas de rapel com um simplesestilingue”. O barulho do metal dos ganchos avisa que a preparação para a escalada está pronta. Adilson começa a pegar o impulsoe,comumacordinhaauxiliarquepodelhealcançar aáguaeatéolanche,vaisubindoorgulhoso,certodequesó divide os olhares atentos com a própria rainha. Aos poucos vai sumindo no contra-luz das folhas que tocam o sol. A silhueta mostra que o rapel é diferença no cotidiano de quemfazacoleta. Ele conta que, antes, a coleta era feita com a técnica da peconha, que consiste na utilização da folha da palmeira atracada nos pés para escalada na árvores. “Só que esse processo não oferece segurança nenhuma para o coletor. O rapelfezdiferençanaqualidadeenotempodecoleta,além de proporcionar mais segurança para quem faz o trabalho”. Outra técnica utilizada é a chamada espora, que implica na utilizaçãodeumestriboespecíficoquevaisendocravadona

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Poucos conhecem a dimensão do que é feito aqui em Tucuruí em termos de meio ambiente

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Para recuperação da vocação natural de uso sustentável de florestas nativas

árvorenamedidaemquesesobeaárvore. O jovem entrou no programa em 2001, como cozinheiro. Encabulado com a piada de que cozinhava tão mal que foi virou técnico, foi rápido ao encher o peito de reconhecimento diante da justiça feita por seu Zé Leal do Carmo: “O diferencial dele foi mesmo a coragem, a habilidade e a dedicação”. E a declaração parece ser mesmo justa. Perguntado sobre qual espécie tem a coleta mais difícil, ele responde com simplicidade: “sinceramente,aindanãoacheiesseobstáculo”. Zé do Carmo agora trabalha no novo laboratório de sementes criado pela Eletronorte. Mas não consegue ficar muito longe da Ilha. Foi a experiência nela que o levou para o laboratório e é ela mesma que o mantém por perto. Seu Zé era morador de uma cidade submersa pelo reservatório. Com sorriso sereno, diz“que os tempos são outros e que, se era bom antes porque não tinham muito progresso, hoje a tecnologia permite que eles tenham luz, televisão, que as pessoas estudem e que tenham trabalho”. O que preocupa na Ilha? Segundo ele os invasores que tentam caçar nas áreas proibidas. “Muitas vezes já vimos gente tentando caçar nas

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Árvore da copaíba

O Programa de Germoplasma Florestal da Eletronorte está entre as principais iniciativas dessa natureza no Brasil

vistorias que fazemos à noite em vários pontos das áreas de proteção do Lago. Só não é pior porque sabem que sempre tem alguém de olho. E quando são pegos são registradas ocorrências, apreendidas as armas ou outro material”, explica. Dessa preocupação com os animais quem mais gosta é Bia, um filhote de anta que há cinco meses virou xodó de todos na Ilha. Dócil, entra no alojamento e faz bagunça nas coisas de seu Expedito. Mas tem o perdão de todos e a saudade prévia de quem sabe que ela terá de ir embora para um lugar definido peloIbama,ondetenhaoutrosdamesmaespécie. No Laboratório, seu Zé vai receber o material que já conhece. Lá estão estufas e equipamentos específicos para o beneficiamento de cada espécie que o Adilson vai coletar. Em Belém, a pesquisadora Noemi espera pelas sementes que serão utilizadas em projetos de reflorestamento com espécies nativas. É o DNA da Amazôniapercorrendocaminhosnafloresta.

E sobre a história começar pelo início ou fim, o mais importante ficou mesmo pelo caminho. Tal qual o processo de propagação que passa pelo seu Expedito, pelo seu Zé, pelo Adilson, pelo laboratório, pelo canteiro, mas, sobretudo, que começa na terra; e é nela que termina. Antes de partir, uma pergunta sobre o comentário de Adilson que, no pé da castanheira, se diz um privilegiado. Por quê? “Por colaborar com um projeto importante como esse, por ajudar uma etnia como os Parakanã, que apoiamos com a coleta mas, principalmente, porque só eu vejo a beleza dessa Ilha lá de cima; a não ser, claro, vocês que chegam de avião, eu acho”.Tenhacerteza,Adilson,visãoprivilegiadaéasua. (*) Revista Corrente Contínua-Eletronorte

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Amazônia discute desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas

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Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional (CAINDR) e a Co m i s s ã o d e M e i o A m b i e n t e e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) realizaram recentemente, no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, a 3ª edição do Simpósio Amazônia. Cerca de 300 pessoas participaram do evento. Neste III Simpósio, a Comissão da Amazônia foi o primeiro Colegiado desta Casa a utilizar o sistema de transmissão por videoconferência, o que permitiu a participação ao vivo de deputados estaduais do Amazonas e do Amapá nos debates. Problemas técnicos no Interlegis (sistema que permite a conferência) impediram a transmissão para outros Estados, que não puderamserconectados. Em seu discurso de abertura, o presidente da Comissão da Amazônia, deputado Silas Câmara (PSC-AM), ressaltou a impor tância de se discutir o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Para o parlamentar, os interesses dessa população devem ser levados em conta antes de tudo, ainda que a região seja consideradaestratégicaparaoPaíseparaomundo. Durante o evento, o governador de Rondônia, Ivo Cassol, defendeu a criação de incentivos econômicos como forma de alavancar o desenvolvimento sustentável. Cassol sugeriu a retenção no seu Estado de parte do ICMS resultante da geração de energia pelas futuras usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, a isenção do PIS/Cofins para a instalação de indústria de calçados na região e ainda a compensação ambiental para os

O deputado Silas Câmara, presidente da Comissão da Amazônia, ressaltou a importância de se discutir o desenvolvimento sustentável da Amazônia

produtoresquepreservam. Cassol informou que essas medidas servirão para gerar empregos e dar cidadania à população de Rondônia, prevenindo o desmatamento. "Não podemos concordar com soluções que saem aqui de Brasília, porque a realidade lá é diferente", afirmou, lembrando que seu Estadotemreduzidoodesmatamento. Para o professor aposentado da Universidade Federal do Pará e especialista em planejamento regional Armando Mendes, o País deve refletir sobre a Amazônia considerando todos os aspectos de uma região que não

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é homogênea, com população de 25 milhões de pessoas. Ele ressaltou que a região não deve ser vista apenas como um espaço natural, mas como habitat de pessoas que precisam se valer dos recursos naturais para preservarsuasvidas.

Proposta O ministro da Aquicultura e Pesca, Altemir Gregolin, informou que está discutindo no âmbito do Ministério uma forma de incentivar a piscicultura na Amazônia, no lugar da criação de gado, para reduzir o desmatamento.

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Hall de entrada do restaurante-escola do SENAC 38| REVISTA AMAZÔNIA

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Ele afirmou que a criação de peixes é mais rentável do que a de gado, e que há ainda um mercado inexplorado: em 2008, 16% do pescado consumido no Brasil foram importados. Gregolin destacou que no Brasil existem 750 mil pescadores artesanais e que grande parte está na Amazônia. "A atividade não necessita de grandes extensões de terra e é forte em geração de emprego e renda",afirmou. Já o diretor-geral da Fundação Amazonas Sustentável, Virgílio Viana, afirmou que 20% das emissões de gases do efeito estufa (GEE) são do segmento florestal. Em sua opinião, o desafio é reduzir o desmatamento e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade de vida da população que vive na região. Viana defendeu a remuneração dos créditos de carbono pelo estoque de florestaepelonão-desmatamento. O evento contou com a parceria da Confederação Nacional do Comércio, de Bens, Serviços e Turismo (Sistema CNC/SESC/SENAC) e do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília(CDS/UnB). Participam da abertura do Simpósio o 1º vicepresidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS); o presidente da Comissão da Amazônia, deputado Silas Câmara (PSC-AM); o presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Roberto Rocha (PSDB-MA); o governador de Rondônia, Ivo Cassol; o vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Gil Siuffo; e o professor do Centro de Desenvolvimento Sustentável daUnBDonaldSawyer.

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Ainda na audiência pública sobre os povos tradicionais

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Entre expositores e palestrantes participaram do evento Alberto Lourenço (da Secretaria de Assuntos estratégicos da Presidência da República); Gilberto Câmara (diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais-INPE); Carlos Eduardo Young (professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ); Antônio Cláudio Barbosa (pesquisador do Laboratório de Geografia e Planejamento Ambiental da Universidade de Rondônia); Alfredo Homma (pesquisador da Embrapa/PA); Roberto Ventura Santos (Diretor de Geologia e Produção Mineral do Ministério de Minas e Energia (MME)) e Rafael Godoi Bittencourt (Coordenador do Programa E-Democracia Participação Digital,CidadaniaReal).

Alberto Lourenço, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República; Dep. Roberto Rocha, PSDB-MA, Presidente da Comissão de Meio Ambiente; Armando Dias Mendes, Especialista em Planejamento Regional e Gilberto Câmara, Diretor do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais INEP. Na oportunidade o dep. Roberto Rocha falava ao vivo, através de videoconferência, com o Presidente da Comissão de Assuntos Amazônicos e Recursos Hídricos, dep. Estadual do Amazonas, Luís Castro Andrade Neto

Faleiro comemora os bons frutos para as populações tradicionais na Amazônia

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Espaço Mesa Brasileira faz "homenagem à culinária Amazônica"

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Fotos Joaquim Souza

uem passou pelo restaurante panorâmico da Câmara dos deputados, no décimo andar do anexo IV, entre os dias 7 e 8 de outubro, pôde presenciar um ambiente regional acompanhado de um variado cardápio de comidas típicasdaAmazônia. A idéia fez parte do III Simpósio "Amazônia: Desenvolvimento Sustentável e Mudanças Climáticas",

promovido pela Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional (CAINDR) e pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) da Câmara dos deputados, em parceria com o Sistema CNC/SESC/SENAC e do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília(CDS/UNB). Os pratos e a decoração foram preparados pelo

restaurante-escola do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), dentro do programa Mesa Brasileira, criado pela Câmara dos Deputados e pelo SENAC, em 2008, com o propósito de transformar os espaços gastronômicos da Câmara em empresas pedagógicas e, tornar alunos em profissionais competentes, éticos e criativo na área da hospitalidade e da gastronomia, privilegiando a diversidade da culinária brasileira. Os Parlamentares e expositores que participaram do III Simpósio puderam saborear pratos como a maniçoba, polenta com ragout de linguiça, tucupi no tacacá que são à base de mandioca, além de peixes comoTambaqui eTucunaré. Sobremesas à base de açaí e frutos da região não poderiam deixar de acompanhar estes saborosos pratos. Para completar esta homenagem à culinária da Amazônia, o espaço contou com a exposição do curador Raul Lody, que teve por objetivo dar suporte e transmitir informações aos usuários do restaurante sobre a cultura amazonense. As imagens do século XVIII, reproduzidas pelo artista plástico Francisco Santos, retrataram a história da memória da Amazônia. Para Lody, unir culinária e cultura é essencial. "Os mais importantes indícios da sociedade estão na comida e no idioma",

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Unir culinária e cultura é essencial

Governadora Ana Júlia Carepa no 2º Congresso das Populações Extrativistas

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Raul Lody, Curador da exposição

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comentou. Ele ainda relacionou a exposição com a Comissão da Amazônia pela temática, já que a comida é um assunto cultural e também uma forma de chegar a todosossistemas. O espaço ambientado especificamente para o Mesa Brasileira, também apresentou a coleção de livros "Formação da Culinária Brasileira" de Arthur Bosizio, editor da série. Este projeto do Senac Nacional nasceu em 1996, já publicou 14 títulos, reuniu mais de 1.000 receitas de diversas partes do país e, produções culturais que falamdehistória,geografiaedascaracterísticasétnicasde cada região. "Devemos estar no mercado com mais de 150 mil volumes, um best seler não só para o mercado brasileiro,masparaodelivros",relatouRaulLody.

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Imagens do artista plástico Francisco Santos

Formação da Culinária Brasileira

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Utilização racional da floresta em pé é defendida pelo Amazonas

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epresentante do estado brasileiro com maior área de floresta intacta e o primeiro no mundo a criar uma lei de mudanças climáticas, o governador do Amazonas, Eduardo Braga, cumpriu uma série de compromissos no exterior defendendo a utilização e conservação racional dos recursosnaturais. Durante oito dias, as ações e os resultados obtidos no Amazonas, nos últimos sete anos, em prol da manutenção da floresta em pé, foram apresentados a autoridadespolíticas,eclesiásticaseempresariais. A missão governamental do Amazonas iniciou por Mônaco, onde foi realizado o lançamento do projeto Floresta Amazônica Sustentável, seguido de um leilão no Museu Oceanográfico, de nove quadros amazônicos, cujas obras estão avaliadas em US$ 184 mil, e que teve a rendarevertidaàssuasações. A iniciativa visa conscientizar e educar sobre a conservação de mares e rios, além de chamar atenção sobre a importância da política ambiental. A ação é coordenada pela organização sem fins lucrativos Ocean Futures Society, de Jean-Michel Cousteau, em parceria comaFundaçãoPríncipeAlbertII. Na Rússia, Braga buscou estreitar as relações comerciais dentro do bloco econômico BRIC, que envolve aquele país, além do Brasil, Índia e China. A Federação Russa possui um dos subsolos mais ricos do mundo em recursos naturais, como petróleo, carvão, cobre, ferro, ouro e zinco, considerada uma superpotência energética. Entre as potencialidades de parceria com o Amazonas, destaca-se o interesse dos russos na área dos biocombustíveis. Em 2008, as principais importações do Amazonas para a Rússia foram carvão vegetal, reatores nucleares, caldeiras, máquinas, ferramentas e artefatos de

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Encontro com Pres. da Federação das Industrias da Rússia

cutelaria. Já as exportações ficaram por conta de aparelhos elétricos, combustíveis e óleos minerais, alumínio,pedraspreciosas,borrachaeseusderivados. Atualmente, o intercâmbio entre Rússia e Amazonas também já vem sendo realizado no âmbito cultural com diversosmúsicosrussoscompondoaOrquestraEstadual AmazonasFilarmônica. A viagem de negócios da comitiva do Governo do Amazonas à Europa encerrou noVaticano, onde Eduardo Braga foi recebido pelo Papa Bento XVI. Entre os temas discutidos estavam à questão ambiental, assistencial e sócio-econômica, com destaque para as condições das populações que vivem nas comunidades mais distantes e que serão as primeiras a sofrer com as mudanças climáticas. No encontro, Braga solicitou o apoio internacional do Papa na remuneração das florestas preservadas do

Eduardo e Sandra Braga, em audiência com o Papa

mundo,quandodanegociaçãodasmetasdeemissãode carbono, assuntos estes que serão pauta da Conferência das Partes das Nações Unidas (COP-15) a se realizar em dezembroemCopenhagen,Dinamarca. Governador do Amazonas com o Príncipe Albert II, de Mônaco

Encontro com o oceanógrafo JeanMichel Custeau

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CÚPULA AMAZÔNICA DE GOVERNOS LOCAIS

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Autoridades participam da Cúpula Amazônica de Governos Locais

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Fotos Agência CNM

Carta de Manaus

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s Prefeitos, os Alcaldes, autoridades locais, as associações de municípios e líderes de municipalidades reunidos em Manaus, Amazonas, Brasil, por ocasião da Cúpula Amazônica de Governos Locais, realizada de 07-10 de outubro de 2009, a fim de discutir a inclusão da Amazônia nas Negociações de mudanças climáticas apresentam: Considerando a importância dos governos locais da Amazônia, patrimônio dos povos dos 9 países que a compartilham, na responsabilidade de protegê-la à ser viço das presentes e futuras gerações; Considerando que as emissões oriundas do desmatamento das florestas tropicais devem ser reduzidasparaseevitaroaquecimentoglobal; Considerando outros instrumentos adotados pelos governos locais em relação às mudanças climáticas globais; entre outros, o Acordo Mundial dos Prefeitos e Governos Locais sobre a Proteção do Clima, lançado em 12 de dezembro de 2007; o Chamamento dos Governos Locais e Regionais às Partes em Copenhague adotado na

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Cúpula sobre liderança dos Governos Locais na Mudança Climáticaa4dejunhode2009emCopenhague. Considerando o disposto na Declaração de Princípios sobre as Florestas reconhecida pelas Nações Unidas na UNCED-92 - Conferência das Nações Unidas sobre o M e i o A m b i e nte e D e s e nvo l v i m e nto. Respaldando o trabalho realizado pelo ICLEI – Governos Locais para Sustentabilidade e Cidades e Governos Locais Unidos - CGLU como interlocutores dos governos locais no processo de negociação das partes para os acordossobreasmudançasclimáticas. Considerando que a redução das taxas de desmatamento constitui a principal contribuição que os países da região amazônica têm a oferecer no esforço global de redução das emissões dos gases de efeito estufa; Compreendendo que a Amazônia, maior floresta tropical do planeta deve ser reconhecida como fonte de produtos e serviços ambientais e não somente como depositária de estoques de carbono e, acima de tudo, como uma oportunidade de desenvolvimento local s u s t e n t á v e l e e c o l o g i c a m e n t e c o r re t o ; Considerando que até 2030 a maior parte da população estará vivendo em cidades e que na Amazônia temos ainda a possibilidade de desenvolver uma harmoniosa integraçãoentreacidadeeafloresta; Admitindo-se que embora o reflorestamento e o plantio de florestas sejam formas úteis de mitigação de emissões, a preservação das florestas já existentes representa uma oportunidade muito maior em termos da magnitude das emissões, trazendo benefícios ambientais tais como a conservação da biodiversidade, a regulação do clima local e regional, a proteção de mananciais hídricos e dos solos e a preservação cultural decomunidadesrurais; Reconhecendo que a agricultura familiar tem

fundamental importância nos processos de mitigação dasemissões,deadaptaçãoàsmudançasclimáticasena manutenção da agrobiodiversidade, representando assim um setor valioso para o desenvolvimento sustentável da região amazônica e, portanto, merecedora de instrumentos econômicos para o seu desenvolvimento; Cientes que os mecanismos multilaterais de negociações e ações para o enfrentamento das mudanças climáticas devem assegurar a transparência, a participação e o controle social, a completude e a consistência de dados, baseados nas referências do IPCC –InternationalPanelClimateChange; Cientes que a linha base do IPCC deve reconhecer os riscos e as pressões da manutenção de estoques de carbonoemumasériehistórica; Destacando a importância que os governos locais desempenham na gestão do território e na interface direta com as comunidades, indispensáveis à eficácia das ações necessárias ao cumprimento dos objetivos almejadosdereduçãodasemissões.

Declaram Ser imperioso avançar na implementação de projetos de Redução de Emissões Decorrentes de Desmatamento e Degradação-REDD que abordem o aspecto sócioambiental das reduções das emissões proporcionando benefícios conjuntos para as comunidades e para o meio-ambiente preservado em especial em espaços de predominância florestal e com a participação dos municípios no controle local e na tomada de decisões de forma global por meio da criação do fórum permanente degovernoslocaisdaAmazônia. Ser necessária a formulação de programas de compensação por serviços ambientais aliados ao manejo ou manutenção de cobertura florestal tais como

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agricultura familiar, manejo florestal, produção de energia oriunda da biomassa, e outros que impliquem na melhoria do desenvolvimento humano das comunidades da região amazônica. Ser necessária a implementação de políticas e medidas que incentivem a adoção de tecnologias limpas e fontes renováveis de energia e educação ambiental. Ser fundamental o acesso direto à recursos para o fortalecimento das capacidades locais a elaboração de projetos, produção do conhecimento científico e domínio de tecnologias para o monitoramento ambiental. Ser adequado compreender os mecanismos de mitigação das mudanças climáticas não somente como incentivos econômicos, mas também como transferência de tecnologia, capacitação e apoio para a regulamentação, em especial, a regularização fundiária e remediação dos impactos ambientais causados em áreasjádegradadas. Ser importante a adoção de parâmetros de compensação diferenciados para áreas com diferentes graus de vulnerabilidade e de pressão antrópica e contemplando a sociodiversidade da região e as questões de gênero e inter-geracional, a fim de se estimular a adoção de práticas mais eficientes e sustentáveis. Ser inadiável o enfrentamento dos impactos associados à expansão urbana e a adoção de medidas que aumentam a proteção dos fragmentos florestais

urbanosedasbaciashidrográficas. Ser indispensável a participação dos governos locais na formulação das políticas regionais, nacionais e internacionaissobreotema.

Comprometem-se A adotar metas municipais voluntárias de redução de desmatamento e degradação florestal negociadas com os setores da sociedade, tendo-se como base a série históricalocal. A apresentar à comunidade internacional e aos Governos Nacionais Amazônicos suas iniciativas locais e em rede para o compartilhamento de recursos financeiros, tecnológicos e de capacidades.

Deliberam

Que a partir desta data, está constituído o Fórum Permanente de Governos Locais da Amazônia para Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Sustentável que permita o intercâmbio de experiências e a solidariedade entre governos, com poder deliberativo e caráter propositivo a ser reconhecido pela Comunidade InternacionaleGovernosNacionais. Que se reunirão num prazo de 30 (Trinta) dias para, através de uma Comissão Provisória avaliar, formalizar e regularizar o funcionamento e atuação da Instituição, cuja comissão será composta de 15 (Quinze) membros, asaber: a) Organizadores da Cúpula: CNM – Confederação

nacional de Municípios (Brasil), AMM – Associação AmazonensesdeMunicípiosePrefeituradeManaus. b) Um representante das associações de municípios de cada um dos 09 (nove) países amazônicos. c) Um representante da FLACMA – Federação Latino Americana de cidades, municípios e associações de governoslocais. d) UmrepresentantedoICLEI. e) Um representante das entidades Estaduais dos MunicípiosAmazônicosBrasileiros

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Aos governos nacionais, por ocasião da 15a Conferência entre as Partes- COP-15, a ser realizada em Copenhague de 07 a 18 do mês de dezembro de 2009 para discutir a revisão do Protocolo de Quioto pós-2012, que: (1) Seja apoiada a inclusão do mecanismo de Redução de Emissões Decorrentes de Desmatamento e Degradação-REDD e REDD-plus como instrumento reconhecido pelo Protocolo para a mitigação das emissões de gases que ocasionam o efeito estufa. (2) A sistematização das abordagens de implementação dos projetos de REDD obedeçam normas gerais nacionais de validação que estabeleçam a participação das demais esferas de governo e, em especial, o incentivoaparticipaçãodegovernoslocais. Manaus 09 de outubro de 2009

A Cúpula Amazônica de Governos Locais foi bastante concorrida

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14º Meeting Internacional de Líderes Empresariais

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urante o Seminário do 14º Meeting Internacional promovido pelo LIDE – Grupo d e L í d e re s E m p re s a r i a i s, C E O S , parlamentares, autoridades políticas brasileiras e dominicanas, em Cap Cana, na República Dominicana discutiram sobre “Desenvolvimento Econômico e Sustentável Pós-Crise”,“O Papel doTurismo na Geração de Riquezas” e “Preservação Ambiental e Cultural na América Latina”. O tema central das discussões foi a preocupação com a consciência ambiental, social e política dos governantes latino americanosparaodesenvolvimentoeconômico. Stephanes apresentou as principais ações na vertente agrícolabrasileiraparaapreservaçãoambiental,oponto mais sensível, que está no descontrole as queimadas e consequentes desmatamentos florestais. “O Brasil possui 30% das florestas originárias do mundo e a Amazônia mantém 98% da sua floresta em pé. Temos que pensar numa integração entre a lavoura e a pecuária. Por isso,oministério adotará a partir dejaneiro de 2010 um programa que controla em 100% os desmatamentosrealizadosemalgumasregiõesdoPaís”, afirma o ministro. O monitoramento será via satélite e cerca de 12 mil propriedades já estão prontas para o estudo. “Inicialmente, o projeto abrangerá o estado do Pará,RondôniaearegiãonortedeMatoGrosso”,finaliza. O ministro do Turismo Luiz Barretto destacou durante a exposição sobre “O Papel do Turismo na Geração de Riquezas” que a projeção do Brasil no setor evoluiu mundialmente. Essa transformação se deu pela integração de ações combinadas entre o governo

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Eduardo Braga, durante o 14º Meeting Internacional, na República Dominicana

federal, poder legislativo e a rede privada. “Não somos mais vistos somente como o País do Carnaval ou do futebol. Hoje, o Brasil é visto como uma nação moderna, exportadoraderiquezasepromissora,disseBarretto. BarrettoreconhecequeasconquistasdoBrasilemsediar a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016) são fundamentais para que os investimentos aumentem na área de turismo e para que a preparação estrutural necessária esteja pronta até lá, mas isso não é tudo. “A realização dos dois eventos impulsionará os investimentos, a geração de renda e novos empregos. Mas, não podemos achar que após esses acontecimentos os nossos problemas estarão totalmente resolvidos”. O ministro também destacou a

exposiçãodoPaísnocontextopolíticointernacional,que ganhou força na reunião do G20.“O resultado de nosso trabalho foi reconhecido e fortaleceu a participação na relação mundial junto ao Grupo, recentemente, o que representa o maior rearranjo político da atualidade brasileira”,complementa. A exposição realizada pelo governador do Amazonas, Eduardo Braga, abordou o desenvolvimento de novas tecnologias em prol da preservação e do desenvolvimento sustentável, econômico e sociocultural da Amazônia. Para ele, o Amazonas também é constituído de pessoas, por isso, é fundamental que exista um envolvimento da iniciativa privada nacional para a geração de novos investimentos

Reinhold Stephanes: "O Brasil possui 30% das florestas originárias do mundo e a Amazônia mantém 98% da sua floresta em pé. Temos que pensar numa integração entre a lavoura e a pecuária”

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Victor Fasano, Christiane Torloni, Regina Duarte e Daniela Mercury foram apresentados ao presidente da República Dominicana, Leonel Fernández, por João Doria Jr., presidente do LIDE

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no estado. “O desafio é de todos, precisamos enxergar que a agricultura e as florestas têm a sua importância ambiental. Mas, lembremos de que essa floresta é composta também de seres humanos que precisam de educação, saúde e infraestrutura para se desenvolverem”,declaraBraga. A importância da Zona Franca de Manaus foi destacada pelo governador, como pólo de controle do desmatamento. Braga convocou os empresários a investirem na região. “Conseguimos controlar nosso desmatamento em 60%, precisamos valorizar a floresta em pé para manter o equilíbrio ambiental. Na Zona Franca criou-se a chamada“ZonaVerde”que gera renda e empregos aos guardiões da floresta", conclui o governadordoAmazonas. OpresidentedaRepúblicaDominicanaeanfitriãodo14º Meeting Internacional, Leonel Fernández, destacou seu

grande interesse em estreitar as relações entre a República Dominicana e o Brasil. Fernández apresentou algumas possibilidades de novos negócios entre os países, como tecnologia e indústria automobilística, assim como o interesse de uma aliança estratégica para a exportação de produtos, utilizando a costa do País. Fernández, um entusiasta brasileiro, disse durante sua exposição:“Hay aqui un corazón carioca”referindo-se à escolha do Brasil como sede das Olimpíadas de 2016, e ainda declarou“vou convidar o Pelé para que ele nos dê sortequandodecidirmossediarasOlimpíadas”. A economia da República Dominicana apresentava, antes da crise, um crescimento médio de 8%, no entanto, com a crise econômica mundial, o presidente Fernández acredita que em 2010 as finanças se equilibrem, e em 2011 o país volte a apresentar o mesmo percentual de crescimento.“Vemos o futuro com

otimismo.Temos promovido acordos de livre comércio e o nosso interesse é fazer parte de novos mercados, promovendo novos acordos com países estratégicos, comooBrasil”. O ator Victor Fasano, um dos criadores do projeto Amazônia para Sempre, participou do Seminário do 14º Meeting Internacional, promovido pelo LIDE – Grupo de LíderesEmpresariais,presididoporJoãoDoriaJr. Fasano sugeriu ao governador do Amazonas, Eduardo Braga, que seja criado um instituto nos moldes da EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, para promover o desenvolvimento de tecnologia aplicada e defesa da floresta. A iniciativa pode ter início no Amazonas e se estender por todo o País. A ideia de Fasano foi aprovada por Braga e aplaudida pelos empresários e políticos brasileiros e dominicanos.

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irton Faleiro mesmos erros do passado? Qual é a possibilidade da diminuição dos impactos? Qual é o lucro que fica para a sociedade? É possível um projeto com este se adequar ao desenvolvimento local? Ser integrante de um desenvolvimento regional ou não? Então são temas como estes que estão colocados para se debater no Dia da Natureza. Aqui no estado do Pará estamos tomando medidas práticas, como por exemplo, o zoneamento ecológico-econômico da BR-163 e das outras regiões, criamos o Cadastro Ambiental Rural- CAR que está em execução e isto tudo pode ser considerado a porta de entrada da economia para a regularização ambiental da economia. Hoje também o governo federal está trabalhando junto com o governo do estado um plano de regularização fundiária para o estado do Pará e digo que estamos saindo do ciclo de uma crise fundiária e no meio de uma crise regularização ambiental. A nossa economia é profundamente irregular do ponto de vista ambiental e se nós não avançarmos para a regularização ambiental sofreremos embargos, boicotes, retaliações e isso acarretaria num prejuízo econômico profundo para a nossagente. O próximo desafio do nosso estado será a crise da regularização trabalhista, nós temos muita gente trabalhando de forma irregular e o nosso governo está

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Deputado Aírton Faleiro numa das ações do mutirão Arco Verde/Terra Legal no interior do Estado

O homem é inteligente o suficiente para evitar a autodestruição Os governos do Brasil e do Pará já trilham o rumo certo para a utilização sustentável dos recursos naturais aliado ao desenvolvimento das pessoas

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Fotos David Alves/Ag Pa

credito que os governos estão tomando consciência desta temática do desenvolvimento sustentável, do equilíbrio ambiental como um pilar para o desenvolvimento e ganha corpo na opinião pública nacional e internacional. Não se admite mais o desmatamento ilegal, a destruição desordenada dos recursosnaturais,amáutilizaçãodosrecursosnaturais,e sim que nós podemos ter um equilíbrio entre o

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desenvolvimento ambientalmente correto e o desenvolvimento humano das pessoas que vivem na Amazônia. Neste sentido a governadora do Pará Ana Julia está mostrando que na Amazônia tem gente que precisa se desenvolver e ao mesmo tempo apontando que isso é possível combinado a preservação do meio ambiente, ou seja, existe uma idéia mestre que guia a atuação do governo Ana Júlia que é cuidar das pessoas mas também cuidar do meio ambiente. Com isso o governo consegue dialogar com a opinião pública brasileira e internacional com o programa 1 bilhão de arvores. Nós vemos que este programa se apresenta com uma oportunidade econômica onde os produtores vão fazer reflorestamento em consorciamento com espécies arbóreas e frutíferas e tornar aquela área também produtiva e com isso melhorar a qualidade de vida das pessoas. Outra temática que o programa dialoga é a necessidade do pagamento de serviços ambientais. Vamos ter que aprofundar outro debate na Amazônia com relação a geração de energia. Temos que discutir qual é a modalidade de geração de energia que nós defendemos. Se a Amazônia pode ou não cumprir este papel. Qual é a modalidade de implantação de projetos como este na Amazônia? Como é que não se repete os

encarando um a um os problemas estruturais e históricosaquinoestadodoPará. Nós não temos outro caminho, se quisermos deixar um futuro melhor para as gerações futuras precisamos saber trabalhar de forma inteligente o uso dos recursos naturais e a sua preservação e reposição.Também quero dizer que acredito que o ser humano é inteligente suficienteparaevitaracatástrofe.

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eputado Paulo Rocha 100

Não ao desmatamento da Amazônia Vale repassará ao Estado a tecnologia e o governo do Pará fornecerá pessoal e infraestrutura para o monitoramentodetodooEstado. O Estado do Pará informou que já foram criados normativos jurídicos de regularização fundiária; Cadastro Ambiental Rural, Zoneamento Ecológico e Econômico. São ações que contribuem para que possamos chegar à nossa meta e contribuir com a diminuição do desmatamento, mantendo a nossa floresta. Já temos a certeza de que não se combate o desmatamento apenas com repressão, nós temos que ter alternativas. Quando capacitamos pessoas para gerir o sistema de monitoramento, já estamos gerando empregoparaevitarosincêndios.Vamosunirforçaspara conter o desmatamento e pensar de forma séria como utilizar a natureza sem prejudicá-la, pois já estamos sentindo na pele os efeitos dessa má utilização do meio ambiente.

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governo do presidente Lula tem se empenhado em combater o desmatamento de forma séria e comprometida com o desenvolvimento de cada região de nosso imenso Brasil. E para isso, o presidente Lula anunciou que o Brasil tem a meta de reduzir em 80% o desmatamento da Amazônia até 2020. Com essa medida, o país irá ampliar o uso de biocombustível e irá também investir na construção de mais hidroelétricas como forma de aproveitar a potencialidade dos rios brasileiros como alternativa de gerar renda e trabalho paraquemprecisa. Essa proposta será levada à Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, em Copenhague, em dezembro, onde se pretende fechar um novo acordo mundial para combater o aquecimento do planeta. Durante a conferência, os 192 países membros buscarão um novo acordo para substituir o Protocolo de Kioto, que expira em2012. Se o Brasil não tomasse nenhuma providência, as emissões cresceriam 45% até 2020. Mas o

congelamento será possível se, além de reduzir o desmatamento, forem ampliados o uso de biocombustível e os investimentos em hidrelétricas. A proposta conta com financiamento por parte dos países desenvolvidos. Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, os países desenvolvidos têm que reduzir até 2020 de 25% e 40% suas emissões de gases estufa (com base no nível das emissões em 1990) para que o aquecimento fique em 2 graus Celsius — umaelevaçãoconsideradaadministrável—eoplaneta nãosofraconsequênciasmaisgraves. Temos de ressaltar que Estado do Pará também está fazendo sua parte. A governadora Ana Júlia firmou um acordo de cooperação técnica com a Vale para o monitoramento de incêndios florestais no Pará, através do uso de um sistema utilizado pela mineradora para processar e classificar imagens de satélite de todo o território paraense e identificar focos de calor para prevenir incêndios florestais. A vale já utiliza o sistema na Floresta Nacional de Carajás, no sudeste do Pará. A

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Governadora Ana Júlia Carepa no 2º Congresso das Populações Extrativistas

Vamos unir forças para conter o desmatamento e pensar de forma séria como utilizar a natureza sem prejudicá-la, pois já estamos sentindo na pele os efeitos dessa má utilização do meio ambiente (*) Coordena a bancada da Região Amazônica como também é o coordenador da bancada do Pará no Congresso Nacional

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MATRIZ: ANANINDEUA-PA

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Brasil estuda estabilizar emissões de gases de efeito estufa até 2020

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Fotos Antonio Cruz e Marcello Casal Jr/ABr

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Brasil pode chegar a 2020 com os mesmos índices de emissão de gases de efeito estufa medidos em 2005, de 2,2 bilhões de toneladas anuais, sem comprometer a meta de crescimento econômico de 4% ao ano. A conta é do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que apresentou hoje (13) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a proposta da pasta para a posição a ser defendida peloBrasilnareuniãodaOrganizaçãodasNaçõesUnidas (ONU) sobre mudanças climáticas, em dezembro, em Copenhague. “Se nada for feito, vamos chegar a 2020 com 2,8 bilhões detoneladas,umcrescimentode30%”,comparouMinc, que aposta da redução do desmatamento, no combate à desertificação, no uso de etanol e de biocombustíveis e no estimulo ao uso de carvão vegetal para reduzir a curvadecrescimentodeemissõesdopaíseestabilizaras emissõesaté2020. O esforço, no entanto, depende de recursos internacionais. A convenção da ONU sobre mudanças climáticas prevê que países ricos financiem ações de

redução nas nações em desenvolvimento, mas o mecanismo para o repasse e os valores ainda não estão definidos. Pelos cálculos de Minc, seriam necessários O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, após reunião sobre posição brasileira na negociação do clima, no Centro Cultural Banco do Brasil

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O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, fala à imprensa após reunião sobre posição brasileira na negociação do clima, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)

cerca de de US$ 10 bilhões por ano para financiar as açõesbrasileiras. “As faixas [de redução] vão depender de fundos internacionais. É preciso ampliar os fundos que os ricos estão se dispondo a oferecer. Atualmente falam em US$100 bilhões [para investimentos em todo os países em desenvolvimento], mas o Brasil defende pelo menos trêsouquatrovezesmais”,afirmou. Além da proposta do Ministério do Meio Ambiente, os ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, e o secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa, também apresentaram propostasparaaposiçãodoBrasilemCopenhague.“Não foram posições divergentes. Agora vamos sintetizar em umapropostasó”,disseMinc. A ideia é fechar a posição brasileira ainda este mês, provavelmentenodia20,quandoopresidenteLuladeve se reunir novamente com os ministros responsáveis pela negociação e com o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Segundo Minc, Lula ainda pretende reunir presidentes de países da região Amazônica para acertar uma posição conjunta sobre a inclusão das florestas no novoacordoclimáticoglobal.

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Lula afirma que irá reduzir em 80% desmatamento na Amazônia

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Integrantes da organização não governamental Greenpeace participam de protesto contra mudanças climáticas em frente ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)

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e acordo com o coordenador da Campanha de Clima do Greenpeace, João Talocchi, o principal objetivo do protesto é pedir ao presidente Lula que garanta um acordo efetivo na Conferência do Clima da ONU sobre o aquecimento global. “O Greenpeace veio aqui para pedir uma posição efetiva no combate às mudanças climáticas do governo brasileiro. A gente quer o desmatamento zero, energias renováveis e a proteção dos oceanos. A gente precisa reduzir a emissão de gases de efeito estufa”, afirma. De acordo com o Greenpeace, o primeiro passo a ser dado é zerar o desmatamento da Amazônia até 2015. O governo federal apresentou uma meta de redução de 80% do desmatamento até 2020. O protesto contou com bonecos fantasiados, que representavam as reivindicações do movimento. O objetivo principal era que a caricatura do presidente entregasse uma passagem aérea a Lula para Copenhague, somada às propostas do Greenpeace. A presidência enviou um representante da Secretaria Nacional de Comunicação Social para receber as propostas dos ativistas. Segundo Manuel Messias, assistente da secretaria nacional de articulação social da Secretaria Geral, as propostas serão apresentadas ao presidente. “A documentação e o material vão ser todos encaminhados e posteriormente vocês poderão acompanhar o andamento de toda a documentação e processo.”

O governo brasileiro pretende assumir o compromisso externo de reduzir em 80% o desmatamento da Amazônia até o ano de 2020, evitando a emissão de 4,8 bilhões de toneladas de CO2, o principal gás do efeito estufa. A meta foi anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu programa de rádio "Café Com o Presidente", e faz parte da proposta que o Brasil pretende levar à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a ser realizada em dezembro, em Copenhague, a COP-15. O número divulgado por Lula respalda a proposta do Ministério do Meio Ambiente (MMA) para a reunião da ONU, segundo a qual o Brasil estabilizaria suas emissões de 2020 em valores de 1994 com a redução do desmatamento também em outros biomas, a ampliação do uso de biocombustível e um maior investimento em hidrelétricas. Em ambos os cenários, o país manteria um crescimento anual da ordem de 4%. Se nada for feito, o aumento das emissões seria de 45%. Para o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, os países desenvolvidos têm que reduzir até 2020 entre 25% e 40% suas emissões de gases causadores de efeito estufa para que o aquecimento se estabilize em 2 graus Celsius - uma elevação considerada administrável. Em seu programa de rádio, Lula também falou da importância da contrapartida dos países ricos, e que espera que na COP-15 essas nações assumam compromissos, não apenas para diminuir as emissões, mas para que possam pagar pelo estrago que já fizeram ao planeta. A contrapartida dos países desenvolvidos seria dada na forma de financiamentos para o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e um acordo de Redução de emissões de Desmatamento e Degradação Florestal (REDD), mecanismos para contabilizar emissões evitadas; mas, sobretudo, por meio das Ações Nacionais Apropriadas de Mitigação (Anama), a criação de projetos específicos para áreas consideradas cruciais. De acordo com estimativas governamentais, cerca de 60% das emissões brasileiras de gases-estufa são provenientes das queimadas.

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DiálogoMinisterial Sobre Climáticas em Ilulissat, Brasil poupa 2 bilhões de toneladas de CO2 em 4 anos

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redução do desmatamento da Amazônia que ocorreu entre 2004 e 2008 fez o país deixar de emitir para a atmosfera 2 bilhões de toneladas de CO2, principal gás envolvido no aquecimento global. É mais do que emite, ao ano, o Japão ou o próprio Brasil, dois dos seis maiores poluidores do mundo. Cada nação emite 1,2 bilhão de toneladas. A conta, feita pela secretária nacional de Mudança Climática, Suzana Khan, foi apresentada pelo Ministério do Meio Ambiente em Ilulissat, na Groenlândia, no Diálogo Ministerial sobre Mudanças Climáticas com ministros e secretários da pasta Meio Ambiente de 34 países que mais contribuem com as emissões de gases deefeitoestufa. No período analisado, houve uma diminuição da taxa de desmatamento de 53 mil km2. A área é maior do que o territóriodaSuíça–quepossui41milkm2. O objetivo da secretária foi mostrar o esforço que o país tem feito para acabar com o desmate na floresta amazônica. "Eles podem dizer que ainda desmatamos muito. Mas olha o nosso tamanho. E moram 20 milhões de pessoas na região, essas pessoas precisam de renda", disseKhan. A conta também visou aplacar os ânimos da comunidade internacional. A recente ação do presidente Lula, que sancionou a medida provisória 458, é considerada um desastre pelos ambientalistas e teve repercussão internacional. O país quer mostrar que o desmatamento está caindo e que merece receber compensação financeira por isso. O prazo final para se

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Suzana Khan, secretária nacional de Mudança Climática

chegar a um novo pacto global sobre o clima é na reunião da Conferência das Partes sobre o Clima (COP15), em dezembro, em Copenhagen, e há um grande impasse nas negociações para esse próximo acordo climático global. O clima é de desconfiança entre os paísesdesenvolvidoseospaísesemdesenvolvimento. "Assim como o Brasil está fazendo a sua parte, é hora de outros países em desenvolvimento fazer a sua também", ressaltou a secretária, destacando o Plano Nacional sobre Mudança do Clima que estabelece que o país

reduzirá em 70% o desmatamento na Amazônia, até 2017. Para colocarem propostas verdadeiras na mesa, os ricos querem que os mais pobres se comprometam a também reduzirem as emissões de gases-estufa. E os países em desenvolvimento evitam se comprometer com metas --dizem que a responsabilidade histórica é dospaísesindustrializados. Entre os participantes do encontro na Groelândia estiveram Estados Unidos, China, Índia, África do Sul e

Em Ilulissat, na Groenlândia, o Diálogo Ministerial sobre Mudanças Climática

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Mudanças na Groenlândia diversos europeus – Alemanha, França, Dinamarca, SuéciaeNoruega. "Os dois lados, dependendo da forma como se analisa, têm razão", diz a secretária. E seu ponto de vista é que o Brasiltemmuitoaperdercomoaumentodatemperatura do planeta. "Mais até do que a China, por exemplo", diz. O aquecimento global pode transformar a Amazônia em savanaeafetaraagriculturaemtodoopaís. "Assim como o Brasil está fazendo a sua parte, é hora de outros países em desenvolvimento fazer a sua também", ressaltou a secretária, destacando o Plano Nacional sobre Mudança do Clima que estabelece que o país reduzirá em 70%odesmatamentonaAmazônia,até2017.

Ministros defendem redução de 80 por cento das emissões até 2050 Até 2050, os países desenvolvidos devem reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) em, pelo menos, 80 por cento, a níveis de 1990, defenderam os ministros e representantes das delegações de 29 países que estiveram reunidos em Ilulissat, Groenlândia, para acelerareintensificarasnegociaçõesclimáticas. A comunidade internacional tem até Dezembro para encontrar um novo plano de acção climático global que substitua o Protocolo de Quioto, que expira em 2012. Mas ainda são várias as vozes dissonantes, nomeadamente quanto à aceitação de que a temperatura do planeta não deverá aumentar mais do que 2ºC acima da era préindustrial. A União Europeia defende este limiar, mas os EstadosUnidosnãoestãodeacordo. No Diálogo Ministerial sobre Alterações Climáticas, que aconteceuemIlulissat,osministrosaceitaramafronteirados 2ºC.“Pela primeira vez sentimos que há consenso entre os países participantes sobre as temperaturas globais não subirem mais do que 2ºC acima dos níveis pré-industriais”, comentou Connie Hedegaard, ministra dinamarquesa do

O cheirinho da Amazônia a seu dispor

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Groenlândia

Clima e Energia e cujo país será o anfitrião da conferência de Copenhagem, em Dezembro. Estes 2ºC significam que a concentração de dióxido de carbono equivalente na atmosfera se deve manter nas 450 ppm (partes por milhão). Para os ministros reunidosemIlulissat,ospaísesdesenvolvidosdevemreduzir as emissões em, pelo menos, 80 por cento abaixo de 1990, até2050.Paratalseráprecisoaprovarmetasemmédioprazo (2020),algoquenãopareceseraindamuitopacífico. A má notícia é que as “propostas de redução apresentadas pelos países desenvolvidos ainda não demonstram a necessária liderança e não são adequadas às exigências da ciência”, declararam os par ticipantes no encontro informal. Apesar de um número cada vez maior de países em desenvolvimento estarem a adoptar planos de ação nacionais de mitigação (chamados NAMA, National Aappropriate Mitigation Actions), estes devem fazer mais, nomeadamente “identificar o nível de ambição que estão dispostos a levar a Copenhagem”. O sucesso da conferência da ONU está dependente ainda da criação de novos mecanismos de financiamento que, após 2012, “garantam a disponibilidade dos recursos a l o n g o p r a zo e d e f o r m a i n i n t e r r u p t a”. ODiálogodaGroenlândiadeclarouqueaadaptação,que tem sido negligenciada em detrimento da mitigação, deve ter um papel proeminente no novo tratado. “Os impactos das alterações climáticas vão agravar as disparidades existentes entre ricos e pobres”, lembraram osministros. O presidente da Comissão Européia, Durão Barroso, deverá insistir no limiar dos 2ºC e na redução de, pelo menos, 50 por cento das emissões até 2050. Os países desenvolvidos “terão de estar dispostos a reduzirem as suas emissões em, pelo menos, 80 por cento durante o mesmo período”, diz a Comissão Européia.

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A ronda negocial continua com um encontro de alto níveldaONUa22deSetembroemNovaIorque. O Diálogo da Groenlândia foi o último de uma série de cinco diálogos lançada na Groenlândia pelo governo dinamarquês em 2005 para os debates ministeriais necessáriosparaoperíododenegociaçõesdeumacordo climáticopós-2012.

34 ministros e delegados de vários países, entre eles os maiores poluidores do planeta, estiveram reunidos na Groenlândia para tentar acelerar as negociações para um acordo pós-Quioto, na conferência das Nações Unidas em Copenhagem, em Dezembro.

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UM PRODUTO:

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Audiências públicas de apresentação do EIA e RIMA da UHE de Belo Monte

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Fotos: Lucivaldo Sena / Ag. Pará

Em Vitória do Xingu

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uase mil pessoas lotaram o ginásio poliesportivo do município de Vitória do Xingu, para participar da segunda audiência pública de apresentação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da usina hidrelétrica de Belo Monte. Estiveram presentes gestores, parlamentares e líderes políticos, religiosos e populares, garantindo amplo debate sobre o projeto por mais de seis horas, em intenso calor que tomacontadaregião. O secretário-chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, representou a governadora Ana Júlia Carepa na audiência e reafirmou a importância da implantação da hidrelétrica para o estado, desde que sejam assegurados o plano de desenvolvimento regional sustentável e as vantagens tarifárias para os empreendedores e povos locais. Puty destacou que a governadora formalizou o interesse do estado na construção de Belo Monte e as condições que devem afiançar a melhoria da qualidade de vida dos paraenses. "O presidenteLula e a ministra Dilma Roussef estão sensíveis às causas defendidas pelo nosso povo. Estamos confiantes de que Belo Monte permitirá a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento social",afirmouosecretário. O posicionamento tem repercutido bem entre boa parte da população local. Ariston Filho Portugal, vereador no município de Brasil Novo, diz que "o governo está agindo da forma correta, com os pés no chão e com lado definido, que é o lado da população local e do estado. O governo está afirmando que a gente precisa do projeto, mas com desenvolvimento social e principalmente

No município de Brasil Novo, usina hidrelétrica de Belo Monte foi bem recebida

preservaçãodomeioambiente". Liberalino Neto, prefeito de Vitória do Xingu, também ressaltou a necessidade de realização do projeto com condições: "Se o município vai ajudar a produzir mais de 11 mil megawats de energia e contribuir com o desenvolvimento da nação, é justo que não fiquemos apenas assistindo o progresso passar e tenhamos também empregos e desenvolvimento em toda região daTransamazônica". O diretor de Energia da Eletrobrás, Valter Cardeal, informou que o órgão é responsável pela chancela sócio-ambiental e estudos de viabilidade do projeto,

que agora estão sendo apresentados nas audiências públicas, por determinação legal. Ele lembrou que o projeto está em análise e ajustes há 34 anos e acredita que será possível, definitivamente, implantar a terceira maior hidrelétrica do país, com energia renovável e limpa.

Preocupação Era pequeno o número de indígenas na audiência e as posições entre eles são divergentes. Representante de povosJuruna,SheilaJurunamanifesta contrariedade e dúvidas sobre o projeto: "Temos preocupação ambiental e social. A saúde e a educação

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O prefeito de Vitória do Xingu, Liberalino Neto, defendeu o projeto de Belo Monte, desde que a usina traga progresso também para o município 54| REVISTA AMAZÔNIA

Maria Augusta, da comunidade Xipaia, discutiu a construção de Belo Monte: "Nem todos concordam entre nós"

O secretário Cláudio Puty, em nome da governadora Ana Júlia Carepa, reiterou a importância de Belo Monte com um plano de desenvolvimento sustentável

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Ainda na audiência pública sobre os povos tradicionais

O diretor de Energia da Eletrobrás, Valter Cardeal, lembrou que o projeto está em análise e ajustes há 34 anos

para nós são precárias.Temos preocupação ainda com a invasão de nossas terras, porque o município vai crescer e já estão chegando pessoas estranhas na área. Será que vão garantir nossos direitos, a qualidade de vida do nosso povo? A gente quer diálogo, para que a gente possaconquistaralgumascoisas". Já a Maria Augusta Borges Xipaia, de 63 anos, da comunidade Xipaia, chegou vestida com camisa de apoio ao projeto. "Nem todos concordam, entre nós, mas não temos muita assistência, a gente 'veve' pela graça de Deus. Com certeza vamos ter desenvolvimento grandenaregiãocomoprojeto",acredita. Órgãos da segurança pública dos governos federal e estadual acompanham as audiências públicas, sob a coordenação do coronel Paulo Roberto Barros, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Ele explica que a mobilização foi feita com foco na prevenção de danos materiais e humanos e está confiante de que as manifestações ocorrerão apenas no campodasideias. Mais de 200 novos policiais se integraram às tropas do Xingu, incluindo homens do Batalhão de Choque, de Belém, da Polícia Federal, da Força Nacional de Segurança e da Polícia Rodoviária Federal. Polícia Civil, BombeiroseDetrantambémparticipamdamissão.Para Vitória do Xingu também foram mobilizadas lideranças de Pacajás, Anapu, Senador José Porfírio, Porto de Moz e Gurupá.

Em Altamira Diferente do que ocorreu em Brasil Novo e Vitória do Xingu,emAltamiraomovimentodeoposiçãoaoprojeto estava mais forte e expresso em pichações de prédios públicos e particulares; em faixas dependuradas nos postesdasavenidas;eemoutdoorsatingidosportinta. Na Casa do Índio, a população se alojou e repassava, com representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai), as orientações sobre o processo. Em frente ao ginásio

poliesportivo, onde ocorreria a audiência, grupos de jovens instalaram caixa de som e protestam. A Segurança monta esquema e garantiu a realização pacíficadaaudiência. Os muros de hospitais, unidades escolares, pontos comerciais e templos religiosos estavam pichados desde o início da semana. A ação ficou mais ampla pelo movimento de mulheres, Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e Movimento Xingu Vivo Para Sempre. Altamira já foi palco de ocorrências simbólicas de contrariedade com o projeto. Em 1989, por ocasião do I Encontro de Povos Indígenas do Xingu, a índia Kayapó Tuyra encostou a lâmina de seu facão no rosto de José Antônio Muniz Lopes, então presidente da Eletronorte, hoje presidente da Eletrobrás. Em 2008, a segunda edição do evento também foi encerrada com protesto semelhante, com a agressão ao engenheiro Paulo

FernandoRezende,daEletrobrás. Segundo representantes de povos indígenas, a disposição de hoje é para o debate pacífico. "A gente está se organizando da melhor forma possível, sem nenhum atrito, sem confusão. Gostaríamos apenas de sermos ouvidos", garante José Carlos Arara, Arara Maia. Ele é um dos 90 indígenas de sua comunidade e faz parte do grupo de 150 líderes, de um total de 18 aldeias e nove etnias,quevieramparaAlmiracomoapoiodaFunai. Ele diz que sua comunidade ainda tem muitas dúvidas para serem esclarecidas e o projeto que tem sido discutido nos últimos meses dentro das comunidades incomoda: "Vamos perder a navegação, ficaremos com maisdificuldadeparatermosacessoàsaúdeeeducação, nossas plantas medicinais ficarão sem água para sobreviver, perderemos peixe e água para consumo", avalia. A equipe de segurança montada para a audiência pública, promovida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), esperava a presença de pelo menos quatro mil pessoas e

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A audiência pública que discutiu o projeto de construção da hidrelétrica de Belo Monte reuniu lideranças de vários segmentos sociais

adianta que o esquema montado é para acolher a todos egarantirarealizaçãopacíficadaação.

Plenárias O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), responsável pelas audiências, fez uma apresentação didática de cerca de uma hora sobre o Eia/Rima e o processo de licenciamento ambiental. Na segunda parte da audiência, a plenária fez questionamentos diversos sobreosimpactosprevistoscomaobraetambémhouve defesas do empreendimento. Sem restrição ao número de inscritos, a plenária entrou pela madrugada, com número reduzido a cerca de 300 participantes, mas aindacomfortesembatespróecontraabarragem. REVISTA AMAZÔNIA |55

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atingida pelo empreendimento também foi tema levantado pelo Ministério Público do Estado, que requer mais ampla participação das comunidades indígenas, especialmente dentro das próprias aldeias. A próxima audiência pública será realizada em Belém, dia 15, encerrandoociclodereuniões.

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Em Belém

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O ginásio poliesportivo de Altamira estava repleto

Foi em Belém, a realização da quarta e última audiência pública para apresentação do EIA e do Rima – mais uma etapa dos debates sobre a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, oeste do Pará. Um pequeno grupo de manifestantes contrários ao projeto protestou em frente ao Centur, gerando momentos de tensão antes do início da audiência no teatroMargaridaSchiwasapa. Foi negociada a entrada dos 30 indígenas da etnia Tembéportandobordunas(arma

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Representantes de várias etnias indígenas reuniram na Casa do Índio em Altamira

A gente está se organizando da melhor forma possível, sem nenhum atrito, sem confusão

Eles vieram para Altamira com o apoio da Funai

Apesar da expectativa com a reação dos povos indígenas, os cerca de 150 índios fizeram suas tradicionais saudações e participaram pacificamente da audiência. Joaquim Curuaia, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, denuncia: "Quero contrariar muitas pessoas que estão usando os povos indígenas, dizendo que os povos são contra a barragem. Isso não é verdade. Nós somos contra todo e qualquer projeto que venha de encontro à integridade física, intelectual e cultural dos povos. Não estamos aqui para atrapalhar; estamos para construir, desde que nossos direitos e o nossoespaçosejarespeitado".

Ele, no entanto, teceu algumas críticas ao processo: reclamou de não terem sido ouvidos nos estudos do empreendedor os povos Curuá e Xicrin, que somam aproximadamente 250 indigenas; e de não ter sido dadas as garantias de assistência aos povos atingidos. "Muitos indígenas, principalmente os mais velhos, temem essa barragem como se ela fosse um elemento de destruição total, um cavaleiro do apocalipse, destruindo tudo. Nós não fomos visitados", queixou-se. A Fundação Nacional do Índio (Funai) tem até o próximo dia25paraapresentarseupareceraoIbama. A ampliação da participação de indígenas da região

de madeira) e de militantes de movimentos sociais, que deixaram para trás os cabos das bandeiras. Da sessão participaram 600 pessoas. Os manifestantes acabaram deixandoolocaldemaneiravoluntária. O secretário de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, Maurílio Monteiro, assegurou que todos no Pará querem desenvolvimento, acrescentando que o governo estadual propõe medidas destinadas à garantia de alcance desse anseio, paralelamente à compensação dos impactos advindos do empreendimento. "É preciso ser implantado um plano de desenvolvimento regional

Representantes de movimentos sociais chegaram cedo a Altamira para participar da discussão sobre a construção da usina de Belo Monte

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Sabendo detalhes do Projeto 56| REVISTA AMAZÔNIA

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A mesa diretora em Belém

Walter Cardeal, diretor de Engenharia e representante da Eletrobras, faz defesa do estudo de impacto ambiental da hidrelétrica de Belo Monte,em Belém

Durante a audiência pública em Belém

e oferecer uma parcela da energia gerada a produtores locais. Assim, podemos inserir o empreendimento de BeloMontenaeconomialocal",afirmou.

Participação popular Maurílio Monteiro disse que o projeto, nestas condições, pode contribuir para "aumentar e distribuir riquezas, objetivo que tem sido levado a cabo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela governadora Ana Júlia

Carepa". Ele destacou ainda que a participação da sociedade tem sido fundamental para aperfeiçoar o projeto, e que a ampliação do espaço de debate, diferentemente do que ocorreu com a usina de Tucuruí, só está sendo possível porque no país, e no Pará, "se vive umgovernodemocráticoepopular". Os procuradores Rodrigo Timóteo e Silva e Raimundo Moraes, dos Ministérios Públicos Federal e Estadual, respectivamente, convidados à mesa de abertura, criticaram a ausência de representação da sociedade no

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ato oficial, e convidaram a se retirar todos que concordassemcomamanifestação. A caravana do município de Altamira, polo principal da região do Xingu, e outras lideranças locais favoráveis ao projeto assistiram à apresentação do EIA/Rima feita pelo Ibama, responsável pela audiência, e deram prosseguimento ao debate. Representantes da Eletrobras também responderam a todos os questionamentos feitos pelo público, centrados no interesse pela geração de emprego e renda para a população e compensações para habitantes das áreas impactadas. Brasil Novo, Vitória do Xingu e Altamira foram municípios pólos das audiências realizadas na semana passada, reunindo moradores das cidades que serão impactadas direta e indiretamente pela usina. O Ibama concede o prazo de 15 dias, a contar da data da audiência, para receber novas manifestações sobre o EIA/Rima, e entregará seu parecer até novembro sobre os estudos, concedendo ou não a licença prévia para que tenhainíciooprocessodelicitaçãodasobras.

Conclusões Questões práticas do cotidiano dos moradores da região, levantadas durante as plenárias, desafiaram os técnicos responsáveis pelos estudos a abordar as soluções previstas para promover a assistência à saúde e educação; gerar emprego e renda locais; compensar os impactos ambientais; e dar todo suporte capaz de fomentar o desenvolvimento dos municípios. O Ibama tem até o final deste ano para emitir seu parecer sobre o Eia/Rima e liberar ou não a licença ambiental para o início do processo de construção do empreendimento, incluso no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal.

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Em Belém, 600 pessoas interessadas em ouvir os relatórios de impacto ambiental da construção de Belo Monte na região do Xingu. O teatro Margarida Schiwasapa estava lotado

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UHE de Belo Monte

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Áreas de Influência ÁreadeInfluênciaIndireta(AII) A área corresponde aos trechos médio inferior e baixo da bacia do rio Xingu. Estende-se, ao longo do rio Xingu, desde sua foz no rio Amazonas até a foz do rio Iriri, há cerca de 45 km acima do final do futuro Reservatório do Xingu. Esta área corresponde a aproximadamente 5% dabaciahidrográficadorioXingu. Em relação ao meio socioeconômico e cultural, esta área corresponde aos municípios que compõem a Região de Integração do Xingu: Altamira, Anapu, Brasil Novo, Gurupá, Medicilândia, Pacajá, Placas, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Uruará eVitória do Xingu, além de Gurupá. O conjunto desses municípios ocupa uma área de 243.587 km2, cerca de 20% da extensão territorial do EstadodoPará. ÁreadeAbrangênciaRegional(AAR) CorrespondendoàbaciahidrográficadorioXingu.

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DefinidaspeloTermodeReferência(TR)feitopeloIbama para a elaboração do EIA do AHE Belo Monte: Área Diretamente Afetada (ADA), Área de Influência Direta (AID), Área de Influência Indireta (AII) e Área de AbrangênciaRegional(AAR). AreaDiretamenteAfetada(ADA) A ADA corresponde às áreas a serem ocupadas fisicamente pelo empreendimento: as obras principais de engenharia componentes do arranjo geral, a infraestruturadeconstrução,osbota-foradeescavaçõespara os canais, as áreas de inundação dos reservatórios, as áreas de preservação permanente (APP's) e o Trecho de VazãoReduzida.TambémfazpartedaADAumtrechode cerca de 15 km do rio Xingu, abaixo do ponto onde as águas que passarão pelas turbinas da Casa de Força PrincipalretornarãoaorioXingu. ÁreadeInfluênciaDireta(AID) Esta área inclui as terras que serã ocupadas diretamente pela infraestrutur de apoio à construção, pelas obras principais (barragens, vertedouros, casas de força) e pelos reservatórios do AHE Bel Monte, além daquelas que sofrerão efeitos diretos, positivos ou negativos, do empreendimento. Já sob o ponto de vista socioeconômico, a AID inclui as sedes municipais E alguns povoados, localidades ou imóveis rurais com alguma infra-estrutura social, além doseixosrodoviáriosdearticulaçãoregional.

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Belo Monte

O mapa mostra a Bacia do Rio Xingu, que corresponde à Área de Abrangência Regional (AAR) do empreendimento.

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dson Coelho

A sede da empresa Dongfan Eletric Corporation Limited International, em Chengdu, na província de Sichuan na China

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garantir, posteriormente, melhores condições no preço da energia e também da distribuição. "Não apenas convidamos, mas estimulamos a participação em consórcios de todas as grandes empresas que atuam no Pará, como a Vale, a Rio Tinto e a Alcoa. A Alcoa, aliás, integraamissãooficialdoParáaquinaChina". A missão do governo em Chengdu, capital de Sichuan, oeste chinês, tem o objetivo de assinar acordos cooperação e irmandade, e buscar parceiros comerciais emáreascomoenergiaesaúde.Ogovernoparaense,em cooperação com a Alcoa, o Banco da Amazônia e a Eletronorte, tem um estande na 10ª Feira de Economia e Comércio de Chengdu, o maior acontecimento

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Os Chineses e a UHE de Belo Monte

Sichuan (China) - Um dos maiores negócios do Brasil em 2009, o leilão da hidrelétrica de Belo Monte, previsto para 15 de dezembro próximo, teve recentemente na China, um lance que pode ser decisivo: uma reunião entre a Eletronorte, representantes do governo do Pará e diretores da Dongfang, a maior produtora mundial de turbinas para hidrelétricas. Como são poucas as empresas que produzem esses equipamentos, e a Donfang é a única que, em tese, não terá conversas com as congêneres que atuam no Brasil para deliberar sobre preços, a gigante chinesa pode ser o fiel da balança no leilão: para onde pender, será decisiva no preço final oferecidopelaconcessão. Participaram da reunião o titular da Secretaria de Desenvolvimento, Ciência eTecnologia do Pará (Sedect), Maurílio Monteiro, o diretor de novos negócios da Eletronorte, Wilson Fernandes de Paula, o gerente da coordenação regional da Eletronorte no Pará, Yvonaldo do Nascimento Bento, e três diretores da Dongfang: Zhong Honghua, diretor de novos projetos, QiaoYongjie, gerente geral, e o vice-presidente (e presidente interino, jáqueaempresaestásempresidente),LuoXiaoming. "A Dongfang sinalizou de duas formas significativas que fechará com o consórcio a ser constituído pela Eletronorte", avalia o secretário Maurílio Monteiro: "Primeiro, aceitou fornecer preços para representação; segundo, sugeriu, e já foi concretizado, registrar em ata o teor da reunião, com as negociações preliminares ". (A Dongfang já foi procurada por vários grupos brasileiros e internacionais para fixar preços com vistas ao leilão de Belo Monte, mas não havia assumido nenhum compromisso.) Pelo que ficou definido, a Eletronorte enviará à Dongfang todas as especificações técnicas da usina de Belo Monte, envolvendo as turbinas e equipamentos acessórios (como os referentes ao sistema de bombeamento). A empresa chinesa, então, fornecerá os preços, que serão um dos principais itens na composição

do valor a ser oferecido pelo consórcio liderado ela Eletronorteduranteoleilão. Após a conclusão das negociações, a Eletronorte firmará sua proposta e convocará, por edital nos jornais de maior circulação nacional, uma chamada para os grupos interessados em compor o consórcio: por prática do governobrasileiro,aEletronorte(umadascincoempresas do grupo Eletrobrás, do governo federal) ficará com 49% dausinaeosparceirosprivados,com51%. A decisão da Dongfang em assumir o compromisso de dar preço e assinar ata com a Eletronorte foi anunciada, durante a reunião, como resultante de informações "quentes" de parceiros da empresa no Brasil, que dão a Eletrobrás como a mais forte candidata a vencer o leilão marcadopara15dedezembro. "Entre os trunfos que temos", avalia Wilson de Paula, "está o fato de que a Eletronorte é responsável pelos principais processos envolvendo Belo Monte, como o estudo de viabilidade técnica e econômica, além do que estamos envolvidos com Belo Monte há mais de trinta anos, sendo os responsáveis pelas principais negociaçõesquevãoculminarnoleilão". O secretário Maurílio Monteiro informa que o governo

Luo Xiaoming, presidente interino da Dongfan, durante a reunião com o governo do Pará e a Eletronorte

econômico do ano na China. Para se ter uma ideia da importância da Dongfanf no mercado mundial de produção de energia, dos seis presidentes de países que visitaram a Feira, quatro se reuniram com a direção da empresa. Quanto a Belo Monte, o secretário Maurílio Monteiro também negocia com o Ministério das Minas e Energia e a Casa Civil para que haja condições especiais, já no leilão, aos auto-produtores de energia (os que comprarem energia para instalar plantas industriais no estado, gerando emprego e renda de forma permanente). "A ideia é reservar 25% do total de energia gerada para os industriais que atuam no Pará, viabilizando plantas para a tão sonhada e urgente verticalização de nosso minério de ferro, entre outras", afirmaMaurílio. Em novembro próximo, uma missão oficial de Sichuan estará no Pará, em visita amistosa e também dando prosseguimento aos primeiros acordos de cooperação nasáreasdosesportes,daculturaedasartes. (*) Ascom Sedect

Chineses da empresa Dongfan Eletric Corporation Limited International, e paraenses , Governo do Pará, Eletronorte, discutem a forma de participação no leilão da hidrelétrica de Belo Monte

do Estado soma com a Eletronorte na busca de parceiros por estar "alinhado com o governo federal em políticas de desenvolvimento para diminuir as desigualdades regionais, em que se inserem os grandes investimentos infraestruturais no âmbito do Programa de Aceleração doCrescimento(PAC)". MaurílioMonteiroacrescentaqueaprimeiraintençãodo governo do Estado é buscar parceiros para o empreendimento, como forma de baixar preços e

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Wilson Fernandes de Paula, diretor de Novos Negócios da Eletronorte, e o secretário Maurílio Monteiro, durante a reunião na empresa Dongfan Eletric Corporation Limited International REVISTA AMAZÔNIA |59

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Cientistas estipulam valores máximos para a ação do homem de modo a evitar consequências catastróficas. Em alguns itens, como perda da biodiversidade e mudanças climáticas, os limites já eram

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Limites da

dentificar e quantificar os limites planetários que não podem ser transgredidos poderia ajudar a impedir as atividades humanas causem alterações ambientais inaceitáveis, argumentam no artigo“A safe operating space for humanity”, destacado na edição recente da revista Nature, o grupo internacional de cientistas: Johan Rockström, Will Steffen, Kevin Noone, Åsa Persson, F. Stuart Chapin, Eric F. Lambin, Timothy M. Lenton, Marten Scheffer, Carl Folke, Hans Joachim Schellnhuber, Björn Nykvist, Cynthia A. deWit, Terry Hughes, Sander van der Leeuw, Henning Rodhe, Sverker Sörlin, Peter K. Snyder, Robert Costanza, Uno Svedin, Malin Falkenmark, Louise Karlberg, Robert W. Corell, Victoria J. Fabry, James Hansen, Brian Walker, Diana Liverman, Katherine Richardson, Paul Crutze e JonathanA.Foley. Segundo eles, a humanidade deve permanecer dentro dessas fronteiras para os processos essenciais do sistema terrestre se quiser evitar alterações ambientais de dimensões catastróficas. Esses limites representariam os espaços seguros para a ação e para a vidahumana. O conceito de limites (ou fronteiras) planetários representa um novo modelo para medir as agressões ao planeta e define espaços seguros para a existência humana. Seguros tanto para o sistema terrestre como paraoprópriohomem,porconsequência. Johan Rockström, da Universidade de Estocolmo, na Suécia, e seus colegas sugerem nove processos

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Foto: Nasa

TERRA I Governadora Ana Júlia Carepa no 2º Congresso das Populações Extrativistas

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O sombreamento interior verde representa o espaço de manobra de segurança proposto por nove sistemas planetários. As cunhas vermelhas representam uma estimativa da posição atual de cada variável. Os limites em três sistemas (taxa de perda de biodiversidade, mudanças climáticas e da interferência humana no ciclo do nitrogênio), já foi ultrapassado.

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Ainda na audiência pública sobre os povos tradicionais

estabelecer os limites também para a emissão de aerossóis atmosféricos e de poluição química, apesar de não haver, atualmente, dados suficientes para tal definição. Transgredir uma única dessas fronteiras planetárias por um tempo demasiadamente longo é o suficiente, argumentam, para promover alterações ambientais “abruptas e inaceitáveis que serão muito danosas ou até mesmo catastróficas à sociedade”. Além disso, quando um limite é derrubado, os níveis de segurança dos outros processos acabam sendo seriamente afetados. “Embora aTerra tenha passado por muitos períodos de alterações ambientais importantes, o ambiente planetário tem se mantido estável pelos últimos 10 mil anos. Esse período de estabilidade, os últimos 11.000 anos da história daTerra – que os geólogos chamam de Holoceno–viucivilizaçõessurgirem,sedesenvolverem e florescerem. Mas tal estabilidade pode estar em risco”,descrevemosautores. “DesdeaRevoluçãoIndustrial,umnovoperíodosurgiu, o Antropoceno, no qual as ações humanas se tornaram o principal condutor das mudanças ambientais globais”, destacam. Segundo os pesquisadores, se não fosse a pressão promovida pelo homem, o Holoceno continuariaaindapormuitosmilharesdeanos.

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Observações:

sistêmicos principais para esses limites: mudanças climáticas; acidificação dos oceanos; interferência nos ciclos globais de nitrogênio e de fósforo; uso de água potável; alterações no uso do solo; carga de aerossóis atmosféricos; poluição química; e a taxa de perda da biodiversidade,tantoterrestrecomomarinha. Para três desses limites da ação humana – ciclo do nitrogênio, perda da biodiversidade e mudanças climáticas –, os autores do artigo argumentam que a fronteira aceitável já foi atravessada. Afirmam também que a humanidade está rapidamente se aproximando dos limites no uso de água, na conversão de florestas e de outros ecossistemas naturais para uso agropecuário, naacidificaçãooceânicaenociclodefósforo. O estudo dá números para esses limites. Para o ciclo do nitrogênio, por exemplo, antes da Revolução Industrial

a quantidade de nitrogênio removido da atmosfera para uso humano era zero. O limite estabelecido pelo estudo é de 35 milhões de toneladas por ano. Parece muito, mas os valores atuais são de 121 milhões, mais detrêsvezesalémdolimiteaceitável. A taxa de perda de biodiversidade, calculada em número de espécies extintas por milhão de espécies por ano era de 0,1 a 1 até o início da era industrial. O limite proposto pelo estudo é de 35, mas o valor atual passoude100. O consumo de água potável por humanos era de 415 quilômetros cúbicos por ano antes da Revolução Industrial. Hoje, chegou a 2.600, perigosamente próximo ao limite sugerido de 4.000 quilômetros cúbicosporano. Os pesquisadores destacam a necessidade de se

Embora nós apresentarmos evidências de que três limites foram ultrapassados, continuam a existir muitas lacunas no nosso conhecimento. Temos tentativamente quantificado sete fronteiras, mas algumas das figuras são meramente nossos melhores palpites. Além disso, porque muitos dos limites estão ligados, o superior de um vai ter implicações para outros de forma que nós ainda não entendemos completamente. Há também uma significativa incerteza sobre quanto tempo leva para causar alterações ambientais perigosas ou para acionar outros feedbacks que reduzir drasticamente a capacidade do sistema Terra, ou subsistemas importantes, para retornaraníveisseguros. A evidência até agora sugere que, contanto que os limites não são cruzados, a humanidade tem o direito de exercer livremente a longo prazo o desenvolvimento socialeeconômico.

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El Niño está de e pode afetar padrões climáticos

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Organização Mundial de Meteorologia, com sede em Genebra, afirmou recentemente que os padrões climáticos para os próximos seis meses deverão ser diferentes, devido ao impactodofenômenoElNiño,noOceanoPacífico. Nas últimas semanas fazendeiros do sul da Ásia ficaram alarmados com a falta das tradicionais chuvas de monção,queatingemaregiãonestaépocadoano.

Partes da Indonésia e Malásia se encontram atualmente escondidasdebaixodeumanévoaforte. Asecaestácausandoumefeitodevastadornaslavourasenos estoquesdealimentosnoQuêniaelestedaÁfrica,enquanto queonúmerodefuracõesnoCaribediminuiumuito. Segundo a Organização Mundial de Meteorologia, todos esteseventosclimáticosparecemestarinterligadosepodem ser conseqüência do El Niño, que está de volta, porém com intensidade menor do que a registrada em 1997 quando ocasionouumadaspioressecasnaAmazônia. Há 12 anos, o efeito do fenômeno foi responsabilizado pela perda de lavouras e centenas de mortes no mundo inteiro.

El Niño, no Oceano Pacífico

Diferenças A Organização Mundial de Meteorologia afirmou que o fenômeno neste ano apresenta uma intensidade de fraca a moderada, que ocorre devido a temperaturas mais altas do que o normal nas águas da região tropical doOceanoPacífico.

Previsões

Seca de 2005, considerada uma das piores dos últimos cem anos

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Seca de 2005 no lago Manaquiri, Amazônia

Em 2005, a Amazônia experimentou a pior seca de sua história. Na ocasião, diversos rios secaram isolando comunidades inteiras, que viram suas atividades econômicas praticamente cessar. Milhares de quilômetros quadrados de mata arderam por meses, liberando na atmosfera uma quantidade aproximada de 100 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Alguns leitos de rios lembravam as cenas do seco sertão nordestino. Naquele ano, os climatologistas já haviam observado uma aparente correlação entre a temperatura da água do oceano Atlântico e a

menor precipitação de chuvas na Amazônia, mas somente agora essas observações foram confirmadas. O trabalho de Marengo e de seus colegas do INPE e do Instituto de Aeronáutica e Espaço, IEA, mostram que a seca de 2005 não estava ligada ao El Nino, mas ao aquecimento das águas do Atlântico tropical Norte. Este aquecimento tem sido identificado pelos cientistas do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos EUA, NCAR, como parte da tendência de aquecimento global, que foi de 0.7 ºC nos últimos 50 anos naquela região do Atlântico. De acordo com o cientista Carlos Nobre,

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ENTENDENDO O EL NIÑO O Oceano Pacífico abrange cerca de 180 milhões de quilômetros quadrados da face externa de nosso planeta, o que representa um terço de toda a superfície da Terra. Sendo o maior de todos os oceanos, o Pacífico também reúne quase a metade do volume de água e da superfície de todos os mares. Esse fenômeno natural também ocasiona uma subida ou ressurgência das águas mais frias das profundezas do Pacífico, que acabam aflorando na extremidade direita deste Oceano, próximo à costa da América do Sul. Essas águas mais frias das profundezas possuem grande quantidade de oxigênio dissolvido, e também sobem carregadas de nutrientes e microorganismos. Tudo no Planeta fica equilibrado até o fenômeno El Niño entrar em cena. O El Niño é, à grosso modo, o aquecimento acentuado das águas da superfície do gigante Oceano Pacífico, na região ao longo da linha do Equador.

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Mas como isso ocorre?

Esses gráficos mostram a diferença entre os perfis verticais de temperatura ao longo do equador durante o verão de um ano normal, 1996, e o verão de 1997, um ano em que ocorreu um episódio forte do El Niño. Em 96, as águas superficiais mais quentes, com temperatura ao redor dos 30 graus, estavam localizadas no Pacífico Ocidental

Apesar de a diferença ser de menos de um grau, já é o bastante para criarumasériedeeventosnomundotodo,comoumefeitocascata. O nome formal para o fenômeno que ocorre com intervalo de alguns anos é El-Niño-Oscilação do Sul. Entre os efeitos, a água do mar fica mais quente do que o costume, cardumes se movem de forma imprevisível, a chuva que deveria ocorrer não vem, ventos podem mudardedireção. Essesefeitospodemduraraté12meses. O modelo de clima da Organização Mundial de Meteorologia pode fazer previsões mais precisas apenas para os próximos meses e sugere que os efeitosdoElNiñopoderãosersentidosaté,pelomenos,marçode2010. também ligado ao INPE e considerado uma das maiores autoridades sobre aquecimento global, naquele ano o El Niño praticamente não afetou o Pacífico Tropical. Além disso, o El Niño raramente afeta o sudoeste da Amazônia, que foi a região mais atingida. “A ideia e ocorrência de seca durante episódios de El Niño não é sempre correta", diz Nobre. "Durante o El Niño a estiagem ocorre mais sobre a região central e oriental da Amazônia, como foi o caso das secas de 1926, 1983 e 1998. A seca de 2005 foi igual à de 1964, e que não esteve relacionada ao El Niño”.

Em primeiro lugar, os cientistas garantem que o El Niño é um fenômeno natural, que ocorre em alguns anos e em outros não, num ciclo não definido e que dura entre 2 e 7 anos geralmente. Embora não haja certeza, alguns cientistas afirmam que em anos de El Niño, o aquecimento das águas também é ocasionado pela atividade dos vulcões submersos no Pacífico. Outros afirmam que os El Niños coincidem com os anos de maior incidência das manchas solares. Atualmente, pelo fato de ser um fenômeno natural, os estudiosos só sabem ao certo prever quando um novo El Niño irá começar, o que irá causar, e quando irá terminar. Sem que possa ser explicado o motivo certo, um El Niño ocorre quando os Ventos Alíseos ficam mais fracos e até, em certas ocasiões, sopram no sentido contrário ao observado em anos que não há El Niño. Essa mudança interrompe o deslocamento das águas quentes para o oeste, onde está a Indonésia.

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Sequestro de Carbono De que forma é calculado quanto gás carbônico uma árvore (ou planta) consome? -Todasasplantasfazemfotossíntese; - Pra fazer fotossíntese elas absorvem CO2 atmosférico (gáscarbônico); - O CO2 absorvido passa por reações químicas dentro da plantaesuamoléculaéquebrada; - O carbono do CO2 (C) é utilizado (incorporado) para a

formaçãodamoléculabaseglicose; - A partir da glicose são formados inúmeros outros compostos orgânicos (frutose, sacarose, amido, celulose,etc.); - Muitos destes compostos passam a fazer parte da estrutura física da planta (tronco, ramos, raízes, folhas, cascas,etceetc.); - A estrutura molecular destes compostos é repleta de carbono e este carbono veio do CO2 que a planta tirou do ar; - Então, quando se fala em sequestro de carbono, está se falando da fixação dele nas e pelas plantas, através deste processo; -Costuma-sechamaraestruturafísicadeumaplantade matéria seca (se pegarmos uma samambaia, triturarmos e secarmos completamente, o que sobra é a matériaseca); - Via de regra podemos considerar que na matéria seca da planta está contido muito carbono, fixado nas

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moléculascarbonadas; - Uma roseira tem mais folhas e ramos (matéria seca) do que um pezinho de salsinha,porexemplo,logo,aroseirasequestramaiscarbonoqueasalsinha; -Umaárvore(ex.:pitangueira),porsuavez,temmaismatériasecaqueuma roseira,logo,sequestramaiscarbonoqueela; - Uma plantinha herbácea que tenha ciclo de vida pequeno (1 ano, por exemplo), acumula uma certa quantidade de matéria seca. Após morrer, cai aosoloeédecomposta.NoprocessodedecomposiçãoéliberadoCO2parao ar, como subproduto. Assim o carbono que estava fixado volta novamente paraaatmosfera; - Uma plantinha herbácea perene (tempo de vida longo) mantém os carbonosfixadosemsuamatériasecaportodoseutempodevida. - Comparando plantas de mesmo porte, podemos dizer que as que vivem maismantémocarbonosequestradopormaistempo; - De um modo geral, pode-se dizer que plantas maiores sequestram mais carbono que plantas menores, plantas que vivem mais mantém o carbono sequestrado por mais tempo e plantas que acumulam mais matéria seca sequestrammaiscarbonoqueplantasqueacumulammenosmatériaseca; - Cálculos de sequestro de carbono por árvores são baseados em médias, já que há milhares de árvores diferentes, com diferentes taxas de produção de matéria seca (troncos mais grossos, troncos mais finos, madeiras pesadas, madeiras leves, folhas grandes, folhas pequenas, muitas folhas, poucas folhas,etc.,etc.eetc.); - Por fim, todas as plantas (do musguinho à sequóia) sequestram carbono, umasmais,outrasmenos. (*) Engº Agrônomo e Ambientalista Integrante da Agenda 21 do Grande ABC

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Como tratar bem nossas amigas árvores, há muitas coisas que podemos fazer, mas vou selecionar as que acho mais relevantes: - Devemos evitar a pintura do tronco das árvores, principalmente se for um tronco de casca fina. A tinta tapa os poros, impedindo que o tronco respire, facilitando o ataque de pragas e doenças; - Não devemos pregar pregos nas árvores, pois os furos são porta de entrada para fungos e bactérias; - Ao redor das árvores de calçada, devemos sempre deixar um espaço amplo, sem cimento, onde pode ser plantado grama ou outra vegetação rasteira. Quanto maior o espaço, melhor. Isso fará com que mais água e ar entrem no solo, deixando as raízes menos agressivas. Para árvores adultas, cujo piso do passeio já está perto do tronco, devemos quebrá-lo para ampliar o espaço; - O espaço deixado ao redor da árvore nunca deve ser contornado pelos famosos murinhos. Eles impedem que a água da chuva (que escorre na calçada) penetre no solo; - Não devemos jogar perto da árvore óleo queimado, água com sabão, ou qualquer substância que possa "irritar a pele de um bebê", pois a árvore, mesmo que não morra, terá sua saúde debilitada; - Se precisarmos cortar algum galho verde, devemos evitar quebrálo e puxá-lo com a mão, pois isso pode provocar o lascamento da casca, dificultando muito a cicatrização. Temos que procurar cortar o galho com um serrote ou uma tesoura de poda; - Se for preciso podar a árvore, nunca corte o galho rente à sua base. Deixe sempre um "toquinho" com pelo menos 1 ou 2 cm. Isso ajuda na cicatrização perfeita do corte. Cortes rentes não fecham direito, deixando uma porta de entrada para pragas e doenças; - Sempre que pensarmos em adubar uma árvore, devemos dar preferência a adubos orgânicos, pois, ao contrário dos adubos minerais, eles levam ao solo muito mais do que só nutrientes, levam vitalidade. Isso melhora a aeração, deixa a terra mais fofa e úmida, além de proporcionar mais saúde e viço à árvore; - Etc., etc. e etc....

Árvore da Amazônia

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Sumidouro de carbono da Amazônia sob ameaça Seca transforma floresta em fonte de gás carbônico

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Esta folha é de uma árvore jovem morrendo após a grave seca na bacia amazônica de 2005 66| REVISTA AMAZÔNIA

pós acompanhamento de longo prazo sobre a saúde da floresta tropical amazônica, pesquisadores,fizeram uma surpreendente descoberta. A severa seca em 2005 não foi apenas restrita à capacidade de absorver dióxido de carbono da atmosfera, mas também, em alguns muitos casos,morreramtantasárvoresquetornouessasáreas– emissoras de CO2. Os resultados, que devem ser comunicadas no futuro da questão da Ciência, indicam que nem mesmo as florestas tropicais podem ser consideradas seguras, quando se trata de seqüestro de gasesdeestufa. Quandoasflorestastropicaisdomundoestãocrescendo, eles podem absorver uma grande quantidade de CO2 da atmosfera - na ordem de 1,8 bilhões de toneladas métricas por ano, ou quase um quinto das emissões globais de combustíveis fósseis, a combustão. Mas quando árvores não são saudáveis, eles não usam quase tanto CO2 e, em alguns casos, pode até ser um emissor líquido. A Rede Amazônica de Inventários Florestais – RAINFOR, procedeu o estudo, que envolveu cientistas de 41 instituições de 15 países, inclusive vários brasileiros, (é o primeiro a calcular o impacto da estiagem sobre o balanço de carbono da floresta, por meio de medições diretas no campo) fez o monitoramento da saúde da floresta na Amazônia, pesquisando locais espalhados na região. Os pesquisadores mediram a variação no crescimento da vegetação e no número de árvores mortas em 55 pontos da Amazônia, comparado à média dos últimos 25 anos, quando a Amazônia funcionou como um

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Estudo de campo na Amazônia mostra que mais árvores morreram na estiagem de 2005 e a emissão de CO2 foi igual à de combustíveis nos EUA

sorvedouro de carbono, retirando da atmosfera cerca de 1,65 bilhão de toneladas de CO2 por ano. Na seca de 2005, os pesquisadores correram por toda a Bacia Amazônica para avaliar os danos potenciais. Eles conseguiram remensurar grande parte no mesmo ano. Antes da seca, as árvores em 76% das áreas pesquisadas tinham sido seqüestro de cerca de 0,5 toneladas de carbono por ano e por hectare, enquanto o restante foi crescendo rapidamente. Durante a seca, no entanto, apenas 51% continuaram a seqüestrar carbono, enquanto o resto perdeu carbono – tanto como 6 toneladas por hectare por ano - o resultado de podridão e digestão pelos microorganismos do solo. Eles descobriram que, por causa da seca, mais árvores morreram e aquelas que ficaram vivas cresceram mais devagar. A área mais afetada foi o sudoeste da Amazônia, na região do Acre, com elevada mortalidade de árvores e mesmo assim, alguém que caminhasse pelas florestas dificilmente notaria a diferença.Visualmente, o impacto émuitosutil. "Encontramos a Amazônia surpreendentemente sensível à seca", diz o autor principal e ecologista Oliver Phillips, da Universidade de Leeds, no Reino Unido. A

seca de 2005 "foi forte o suficiente para mudar a floresta de ser um compromisso de longo prazo para absorção deCO2...sendoumafontetemporáriadeCO2”. Alguns modelos climáticos apontam para um aumento da incidência de seca na Amazônia neste século,

A seca de 2005, que fez desaparecer rios inteiros na Amazônia, também matou milhões de árvores de sede

acrescenta, e a perda de florestas tropicais como um sumidouro de carbono pode aumentar ainda mais rápidoosníveisdeCO2. Ronald Neilson, bioclimatologista, do Departamento de Agricultura do Serviço Florestal, em Corvallis, Oregon, diz que o estudo mostra que a seca na floresta tropical "pode ter um impacto muito significativo sobre o balanço de carbono planetário". Mas ele lembra que nas secas – porque tendem a produzir menos dias nublados, o aumento da luz solar podem incentivar o A RAINFOR, fez o monitoramento da saúde da floresta crescimento de CO2, mesmo na Amazônia, pesquisando locais espalhados na região emtemposeco.

Segundo Oliver Phillips (Leeds University), co-fundador da rede RAINFOR, "As florestas tropicais, não só têm mais espécies do que qualquer outro ecossistema, mas também desempenhar um papel fundamental no ciclo global de carbono. Estes ecossistemas ciclo e armazenar grandes quantidades de carbono, calor e água, de forma relativamente pequenas alterações irão afetar o clima do planeta como um todo. Amazônia contém a maior parte dos remanescentes da floresta tropical do mundo e o seu balanço de carbono é vital, mas o seu comportamento permanece controversa". Phillips ainda acrescentou," Entretanto, e apesar deste baixo nível de compreensão, há uma dinâmica de florestas tropicais, inclusive como parte de uma estratégia de controle das alterações climáticas globais".

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O estudo da RAINFOR, envolveu cientistas de 41 instituições de 15 países

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Oliver Phillips, da Universidade de Leeds

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Feira Internacional de Boas Práticas - FIBoPs selos de sustentabilidade e conta com reconhecimento internacional. Lançou em 2007 o Livro BenchMais, as 85 melhores práticas da gestão socioambiental do Brasil, e em 2008, a Revista Benchmarking, aprendendo com os melhores. Ambas publicações com distribuição gratuita. É também detentor do maior banco de boas práticas socioambientais de livre acesso do país. Está na 7ª edição e já selecionou mais de 100 instituições para integrar o Ranking Benchmarking, e 171 cases de boas práticasparaoBDdelivreacesso.

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Cases nacionais e internacionais

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proximadamente 6 mil pessoas de varias regiões do país tiveram contato com as mais avançadas práticas, produtos, processos e inovações da gestão sustentável do Brasil e de outros 09 países no Centro de Convenções Frei Caneca,emSãoPaulo. A FIBoPS reuniu a massa crítica da sustentabilidade nacional e internacional numa intensa programação distribuída em 04 dias temáticos e organizados em painéis e fóruns, aulas técnicas e intercâmbio de cases. Os conteúdos foram expostos por nomes relevantes da sustentabilidade, sempre mediados por representantes daacademiaoumídiaespecializada. Estiveram palestrando na FIBoPS, lideranças publicas e privadas, especialistas, pesquisadores científicos, gestores e profissionais atuantes nos 03 setores da economia falando sobre as mais diversas vertentes da sustentabilidade, promovendo o maior intercâmbio já visto. A FIBoPS reuniu 110 palestrantes de várias regiões do Brasil e de outros países que se apresentavam simultaneamenteem03auditórios.

Os dias temáticos A FIBoPS foi além e agregou segmentos específicos para falar das boas práticas de sustentabilidade nos dias temáticos. O primeiro deles foi o Dia da Saúde Sustentável que com suas principais lideranças e especialistasabordaramtemasdirecionadosaosetor. Tivemos também o Dia da Construção Sustentável reunindo arquitetos, engenheiros e demais profissionais da área para apresentar as práticas do setor em relação a 68| REVISTA AMAZÔNIA

sustentabilidade. Outro muito importante, foi o Dia Ecomídia que reuniu profissionais da comunicação, publicitários,jornalistas,RelaçõesPúblicas,etc.paraum grande debate sobre os conteúdos socioambientais dentrodasmídiasespecializadasedemassa. E o ultimo dia, fechou com chave de ouro com a 7ª edição do Dia Benchmarking, Compartilhar para Crescer onde foi conhecido o Ranking Benchmarking 2009 com os 30 melhores da gestão socioambiental brasileira. A apresentação do Ranking Benchmarking foi feita pela jornalista e atriz Laura Wie e contou com a presença do DeputadoFederalMendesThame. O Programa Benchmarking é um dos mais respeitados

A rica programação da FIBoPS inclui um bloco de intercâmbio entre países com experiências bem sucedidas na área socioambiental. Tivemos no total 10 paísesrepresentadoscomcasessustentáveisrelativosao uso de espaços públicos urbanos (Nova York/USA), construção sustentável (Flórida/USA), Permacultura (Austrália), Living Machine (Escócia), Centro de Formação Profissional (Angola) e um case especial de Dubai,EmiradosArabes:WorldTradeCenterconsiderado umdosmaioresprojetosLEED®domundocom1milhão demetrosquadrados. Representando o Brasil tivemos 05 cases: Cultivando Água Boa - na Bacia Hidrográfica do Rio Paraná III, da Itaipu Binacional, Operação Natureza (Programa Córrego Limpo), da SABESP, Tecnologia Limpa: Pró Sustentabilidade da Ecologia Humana e do Planeta, Brasil, da Johnson & Johnson, Estabelecendo Parcerias e Quebrando Paradigmas, da Firmenich, e ResponsabilidadeSocioambiental,daRadioEldorado. Inovaçõestecnológicas A Itaipu Binacional colocou em exposição o seu carro A FIBoPS reuniu a massa crítica da sustentabilidade nacional e internacional

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elétrico, desenvolvido recentemente em parceria com a Fiat. O Palio Elétrico utiliza uma estrutura praticamente igual ao modelo convencional, mas possui motor elétrico com potência de 15 Kw (o equivalente a 20 cavalos) e atinge 130 km/h. O propulsor é alimentado por uma bateria de níquel, situada no fundo do portamalas,quegaranteumaautonomiade120km. A bateria é totalmente reciclável, o que praticamente elimina preocupações ambientais com o seu destino final após o fim de sua vida útil. Outra diferença é a alavanca de câmbio, do tipo joystick, com três posições: drive, neutro e ré. O console central conta com um display para monitoramento do comportamento da bateria com informações sobre carga, tensão,

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temperatura e corrente. O carro já recebeu encomendas de várias empresas, inclusive na Suíça, além da EletrobráseaCPFLEnergia.

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Sustentabilidade em tempo real A FIBoPS realizou uma enquete comportamental e em temporealcomopublicovisitanteparaconheceroshábitos eatitudesnapráticaquandooassuntoéasustentabilidade e o resultado foi surpreendente. Das 04 perguntas da enquete, uma delas era sobre consumo consciente, e metade dos pesquisados (50%) informaram que somente as vezes adotam o critério da sustentabilidade na hora de consumiralgumprodutoouserviço.

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1. Um novo formato de economia baseado nos princípios da sustentabilidade deve ser liderado por qual segmento da sociedade?

2. Você usa o critério da sustentabilidade na hora de consumir algum produto ou serviço?

3. Em sua opinião, qual o cenário real do mercado brasileiro em relação aos reais atributos de sustentabilidade?

4. O que acha da iniciativa e formato FIBoPS - um evento plural e gratuito para universalizar o conhecimento sobre a sustentabilidade

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várias vertentes da gestão socioambiental, comprovando evidências do compromisso da empresa com os princípios da sustentabilidade, assegurando destaformarealconvergênciaentrediscursoeprática. A partir de agora, estes cases vencedores farão parte do maior banco de boas práticas de sustentabilidade de livre acesso do país com mais de 150 catalogadas até o momento. Este BD é fonte de consulta para universidadesemídiasespecializadas. Esta foi a 7ª Edição do Programa Benchmarking que apresenta anualmente a sociedade o Quem é Quem da Sustentabilidade. Para concorrer ao Ranking 2010 da 8ª Edição do Programa, as empresas devem inscrever seus cases de fevereiro a junho do próximo ano no site www.benchmarkingbrasil.com.br

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Estiveram presentes, lideranças publicas e privadas, especialistas, pesquisadores científicos, gestores e profissionais atuantes

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Ranking Benchmarking 2009 dos detentores das melhores práticas de Sustentabilidade

Os vencedores

Temas atuais foram discutidos em 06 diferentes painéis reunindo 36 especialistas e lideranças ambientais. Dr. Adriano Branco (Ex Secretário dos Transportes), Deputado Federal MendesThame, José Osvaldo Lasmar (Agencia de Desenvolvimento RMBH), Wagner Soares da Costa (FIEMG), Antonio Miguel Vieira Monteiro (INPE), Emerson Kapaz, entre outros, participaram dos debates moderados por jornalistas especializados como Matthew Shirts – Redator Chefe da Revista National Geographic Brasil e Planeta Sustentável, Alencar Izidoro do Caderno Cotidiano da Folha de São Paulo e Paulina ChamorrodaRadioEldorado.

Um evento plural e democrático que veio para ficar A FIBoPS introduziu um novo conceito de intercâmbio para congressos e exposições. Ao apostar na pluralidade e universalização do conhecimento inova e lidera um movimento agregador, livre e democrático, diferente do convencional. Uma nova postura que chegou para revolucionarefazerescola.

Dia Benchmarking, Compartilhar para Crescer Um seleto público, formado por executivos, gestores, especialistas e jornalistas, conheceu os 30 melhores da gestão socioambiental brasileira que integram o

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RankingBenchmarking2009. AapresentaçãodoRankingfoifeitapelaapresentadorae atriz, Laura Wie e o evento contou com a presença do Deputado Federal Mendes Thame fazendo uma breve saudaçãoaosgestoreseempresasBenchmarking. o Ranking Benchmarking, é necessário antes passar pelo crivo de uma comissão técnica multidisciplinar, formada por especialistas de vários países que pontuam os cases sem ter acesso ao nome da empresa. Em 2009, a comissão técnica contou com 16 especialistas de 06 diferentes países. É também necessário cumprir um regulamento conforme determina o Programa Benchmarking que já se encontra em sua 7ª edição e já selecionou 171 cases de mais de 100 instituições neste período. Instituições e gestores apresentam suas práticas nas

1º Duratex – SP: Parcerias em pesquisas da biodiversidade; 2ºWal-Mart – SP: Consumo consciente de sacolas plásticas; 3º Itaipu Binacional- PR: Programa de Educação Ambiental para a Sustentabilidade; 4º DAEE – SP: Centro de Recuperação de Animais Silvestres Orlando Villas-Boas; 5º INB - Industrias Nucleares do Brasil – RJ: Programa de Restauração Ambiental em área do Bioma Mata Atlântica; 6º RodoNorte – PR: Projeto Sócio-Ambiental SacoLona; 7º Caraiba Metais – BA: Aproveitamento do Efluente Água Ácida para Produção de Ácido Sulfúrico 45%; 8º AGCO do Brasil – RS: Práticas Eficazes na Gestão dos Resíduos Sólidos; 9º Duke Energy International Geração – SP: Corredor Florestal para conectividade do Parque Estadual do Morro do Diabo a Estação Ecológica Mico Leão Preto; 10º Anglo America Copebrás Cubatão – SP: Otimização do Reuso de Água – ORAC; 11º CPFL Geração – SP: A Repotenciação de Pequenas Centrais Hidrelétricas e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo; 12º Johnson & Johnson – SP: Tecnologia Limpa: Pró Sustentabilidade da Ecologia Humana e do Planeta; 13º IBG - Instituto Brasileiro de Geobiologia – MG: Estudante Sustentável; 14º Caixa Economica Federal- DF: Agenda CAIXA para a sustentabilidade.

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A rica programação da FIBoPS inclui um bloco de intercâmbio entre países com experiências bem sucedidas na área socioambiental

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Presidente Lula discursa na cerimônia de inauguração do terminal

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Ainda na audiência pública sobre os povos tradicionais

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O novo terminal de passageiros do Aeroporto Internacional de Boa Vista/RR Fotos Ricardo Stuckert/PR

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irar o estado de Roraima do isolamento, reconhecer a sua importância estratégica na integração do País e da América Latina, e desenvolver uma nova política aeroviária para o país, que fortaleça a aviação regional e desenvolva a interligação entre as cidades brasileiras. Estes foram alguns dos pontos importantes enfatizados pelo presidente Lula em seu discurso, na cerimônia de descerramento da placa de inauguração do terminal de passageirosdoAeroportoInternacionaldeBoaVista. A inauguração do novo terminal do Aeroporto Internacional de Boavista, obra realizada com R$ 9 milhões em recursos do PAC, é um passo importante na integração do estado de Roraima ao resto da região. O aeroporto é considerado pela Infraero como estratégico para a integração do País e para a conexão do Brasil com os parceiros da América Latina. O novo terminal inaugurado amplia a capacidade operacional do aeroportode270milpara330milpassageirosporano,e aumenta a área do terminal de passageiros de 4,5 mil metrosquadradospara7milmetrosquadrados.

Por meio da Lei 11.920/2009, sancionada pela Presidência da República e publicada em 13/04/2009, no Diário Oficial da União, o complexo aeroportuário da capital de Roraima passou a se chamar Aeroporto Internacional de Boa Vista-Atlas Brasil Cantanhede. A nova denominação homenageia o pioneiro piloto de aeronaves, Atlas Brasil Cantanhede, que desbravou os céus do então Território Federal de Rio Branco e depois de Roraima, na década de 50, quando localidades ficavampraticamenteisoladas. O Aeroporto Internacional de Boa Vista foi construído sobreaáreaondeopilotopioneiromantinhaseuhangar. Após a inauguração do terminal de passageiros de Boa Vista

Foram criadas amplas áreas envidraçadas, substituídos revestimentos de piso, parede, forro e bancadas

Nova escada rolante para embarque de passageiros

Novo túnel do Aeroporto, passarela de acesso ao finger Presidente Lula com Murilo Marques Barboza presidente da Infraero

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Inauguração no Aeroporto de Boa Vista

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Ana Júlia Carepa, na abertura da 3ª Conferência Estadual de Pesca e Aquicultura do Pará

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Altemir Gregolin, Ministro da Pesca

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Socorro Pena, secretária de Estado de Pesca e Aqüicultura

Deputado federal Paulo Rocha, coordenador da bancada federal paraense

3º Conferência

de Aquicultura e Pesca

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m dos principais produtores de pescado do Brasil e responsável por 59% da produção pesqueira na região norte, o Pará possui grande potencial para liderar o ranking nacional. As soluções para que a potencialidade se torne realidade foram discutidas durante a 3º Conferência Estadual de Aquicultura e Pesca, que aconteceu na UniversidadeFederalRuraldaAmazônia(Ufra). O evento reuniu pescadores artesanais, industriais e autoridades da gestão pública, entre eles o ministro do recém criado Ministério da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolin, e a secretária estadual de Pesca e Aquicultura, Socorro Pena, em busca de soluções para os problemas nosetorpesqueirodoestado. Com o tema "Consolidação de uma política de Estado para o desenvolvimento sustentável de Aquicultura e Pesca", o evento teve palestras, grupos de trabalho e estandes com programas voltados para o setor. No final, foram eleitos 140 delegados que vão representar o estado na 3º Conferência Nacional de Pesca e Aqüicultura,queaconteceemSetembroemBrasília. Karin Bacha, subsecretário de Desenvolvimento da Aqüicultura e da Pesca da Presidência da Republica; Socorro Pena, secretária de Pesca e Aqüicultura do Estado do Pará e Fernando Antônio Ferreira, presidente da ECOMAR, visitaram as novas instalações da ECOMAR – Industria de Pesca S/A, junto com uma comissão da Secretaria de Aqüicultura e Pesca do Estado – Sepaq, e da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da Republica

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Fotos David Alves, Eunice Pinto, Rodolfo Oliveira/AgPa

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Fernando Ferreira presidente do Conselho Nacional de Pesca e Aquicultura (Conepe)

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Constantino Alcântara, secretário Adjunto da Sepaq, durante palestra sobre Gestão Pública Institucional nas Esferas de Governo

Um dos passos importantes para a expansão da aquicultura no estado será a implantação do Parque Aquícola no reservatório da Usina Hidrelétrica deTucuruí, parceria entre governo estadual e federal. Esse será o terceiro Parque Aquícola em reservatório do Brasil com capacidade para vinte mil tanques-rede, cada um com produtividadedeumatoneladadepeixesemmédia. "Na nossa avaliação, o parque vai mudar a cara daquela região porque em média um pescador vai receber 17 tanques-rede, o que vai proporcionar uma renda média de mil reais por mês. Não tem nenhuma empresa no estado que garanta um emprego com essa renda", afirmaSouza. O edital para a implantação dos primeiros 3 mil tanques-rede foi lançado durante a abertura da 3ª Conferência. Ao todo, 1700 famílias tradicionais das comunidades de Tucuruí e Breu Branco serão beneficiadaspeloedital.

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Socorro Pena, secretária de Pesca e Aqüicultura do Estado do Pará

Pioneirismo

Desafios Para o superintendente federal de Pesca e Aquicultura, Paulo Souza, um dos problemas do setor no Pará é a baixa produção regional em aquicultura. "A nossa produção vem basicamente da pesca, enquanto outros estados têm uma boa produção também na aqüicultura", diz. Segundo Souza, 70% da produção regionalaindaéprovenientedapescaartesanal.

Criada em 2007, a Secretaria Estadual de Pesca e Aquicultura foi uma das primeiras secretarias a ser criada no Brasil e vem somando benefícios sociais e econômicos no setor. Um dos avanços é fruto da criação do Sistema Estadual de Informações de Pesca e Aquicultura, que garante um amplo diagnóstico sobre a pesca e aquicultura no estado tornando viável a formulaçãodepolíticaspúblicasparaosetor. Para Aladyn Gomes, que pesca desde os sete anos no municipio de Braganca e hoje atua no movimento dos pescadores do estado do Pará, os maiores problemas enfrentados pelos pescadores são a garantia de preço mínimo para o pescado e capacitação para garantir a qualidadenaproduçãodentrodasembarcações. Ele avalia que, com a criação da Secretaria de Pesca e Aquicultura, o governo do estado resgatou um compromisso com o setor. "O que nós temos visto é que o governo está dando mais atenção para o setor, o que nunca aconteceu, mas ainda é preciso avançar muito", afirmou. Ministro e governadora entregam caminhões frigoríficos a pescadores O ministro da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolin, e a governadora Ana Júlia Carepa entregaram na sede da

Delegacia Federal de Agricultura, caminhões frigoríficos para colônias de pescadores artesanais, associações, cooperativas e prefeituras municipais. São 41 veículos e outros equipamentos adquiridos com recursos de emendas da bancada federal e do ministério, que apoiarão a atividades de pesca e aquicultura em cerca de 60 municípios. Da cerimônia participaram ainda representantes dos trabalhadores, deputados federais, deputadosestaduaiseprefeitos. Com o caminhão frigorífico cedido à colônia de pescadores do município de Santana do Araguaia, a Z54, o presidente da entidade, Genário Monteiro da Silva, 52 anos, espera aumentar a produção dos atuais 2.500 kg semanais para 3.500 kg. "A colônia reúne 320 pescadores. Fornecemos nossa produção para o próprio municípioeregião.Pescamostucunaré,jaraqui,pintado, pirarucu. Não tínhamos como armazenar o peixe, por isso tudo o que se produz é vendido. Agora poderemos estocaretransportar",disseele. Com a renda obtida com a pesca, ele sustenta a família de cinco pessoas. "Pesco desde os sete anos de idade. Sou nascido e criado à beira do rio Araguaia, e quero continuarlá",contou.

No auditório da Universidade Federal Rural da Amazônia- UFRA, a III Conferência Estadual de Aquicultura e Pesca

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Na fabrica da Industria de Pesca S/A – ECOMAR, no municipio de Vigia de Nazaré, nordeste do Pará

Durante a visita na ECOMAR

Victoria Isaac, da UFPA, uma das palestrantes

Infraestrutura Os caminhões frigoríficos e demais equipamentos, como15fábricasdegelo,cincotanquesdecombustíveis e 2.600 tanques-rede, totalizam R$ 21 milhões em investimentos. O restante dos R$ 28 milhões executados pelo ministério foi usado em infraestrutura para avançar na política de fomento ao setor pesqueiro, como as quatro estações de alevinagem nos municípios de Santarém,TerraAlta,CuruçáeAbaetetuba. "Não é fácil apresentar e aprovar emendas. E mais difícil ainda é liberar os recursos e executá-los. Os R$ 28 milhões foram o maior valor de emenda nessa área. Essa entrega sela um esforço de dois anos do governo federal, parlamentares e governo do Estado", ressaltou Altemir Gregolin. Para o deputado federal Paulo Rocha, coordenador da bancada federal paraense, a entrega dos caminhões frigoríficos é um exemplo da unidade política da representação do Estado, quando se trata dos interesses do Pará e de sua população. "Sintonizamos a unidade política com os programas dos governos federal e estadual, e logramos um investimento importante para 74| REVISTA AMAZÔNIA

avançarmos na pesca e aquicultura. Os R$ 28 milhões se referem a emendas de 2008; ainda temos R$ 26 milhões de emendas de 2009. E temos também o ministro como parceironesseprocesso",enfatizou.

Terminal Durante o evento, a governadora entregou ao ministro a licença prévia emitida pela Secretaria de Estado de Meio

O auditório da UFRA ficou sempre lotado

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Chegada do pescado

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Ambiente (Sema) para a construção do Terminal Pesqueiro de Belém.Gregolin assinou na abertura da 3ª Conferência Estadual de Pesca e Aquicultura, os editais de licitação do Terminal Pesqueiro de Belém, no valor de R$ 40 milhões, e de habilitação de 900 famílias aos 2.600 tanques-redesqueserãoconstruídosnaregiãodoLagodeTucuruí. "O presidente Lula já disse que não terá contingenciamento do recurso para o terminal. Queremos superar as décadas de incerteza do setor e de falta de políticas sólidas", garantiu o ministro, lembrando que recentemente foi aprovada a lei de criação do Ministério, em substituiçãoàSecretariadePescaeAquicultura,eaLeidaPesca.

Reuniões de grupos de trabalho

Marco Aurélio, reitor da Universidade Federal Rural da Amazônia

O Pará é o único no Brasil a possuir uma secretaria de Estado de Pesca e Aquicultura, criada em 2007 para fomentar as políticas públicas para o setor. A produção do Estado é de aproximadamente 153 mil toneladas de pescado ao mês e são cadastrados cerca de 100 mil pescadores. Segundo Ana Júlia Carepa, o Pará oscila entre o primeiro e o segundo lugar na produção pesqueira. "Nossa produção ainda é pequena diante do nosso potencial. Queremos transformar a pesca numa alternativa de desenvolvimento com inclusão social e respeito ao meio ambiente. Estamos investindo em toda a cadeia produtiva porque, só assim, o pescador melhorará sua vida. Com essa infraestrutura, esperamos também baratear o preço do pescado que chega à mesa do paraense", afirmou. REVISTA AMAZÔNIA |75

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SEMARC 2009

Seminário de Marketing e Relacionamento com Clientes

Na empresa argentina Crediclick, o crédito é 100% em portal B2B, na Internet

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empresa Crediclick oferece empréstimos pessoais com parcelas fixas e pagamento em 48 vezes. A Crediclick não possui agências; todo o processo, da solicitação do crédito à avaliação do pedido, é realizado via web, com o apoio,nomáximo,deumserviçoportelefone. O CEO da Crediclick, Santiago de Paul, informa que o índice de satisfação é alto: um terço dos seus 10 mil clientes já realizou mais de um empréstimo. No ano de sua criação, 2005, a instituição registrou duas mil operações e vêm crescendo constantemente. Encerrou o últimoanocom6,2milempréstimos. A Crediclick foi durante o Semarc, um dos exemplos de utilização de tecnologia para ampliar e qualificar o atendimento a clientes, com a necessária aquisição de conhecimentosobreeles. Fabio Barbosa, presidente da Febraban, abriu oficialmente o evento

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Tecnologia B2B Associado, desde 2006, ao banco Comafi, também daquele país, a Crediclick montou um berço tecnológico na Internet, simples e eficaz. Sua plataforma conta com aplicações web feitas em java, desenvolvidas na própria Santiago de Paul, presidente da Crediclick.com (da Argentina), no painel “Relacionamento e vendas por meio dos canais eletrônicos: experiências latino-americanas”

Tom Kelley, CEO da IDEO Global Design Consultancy, no painel Inovação

O evento recebeu sob o tema Inovação, Tom Kelley, presidente da IDEO Global Design, uma das mais importantes empresas de design no mundo e uma das 10 mais inovadoras, de acordo com pesquisas dos grupos Fast Company e Boston Consulting Group. A IDEO tem clientes como o Bank Of América, Basf e Microsoft. Sua palestra forneceu ferramentas para uma cultura perenedecriatividadeeinovação.Kelleyéautordosbest sellers“Aartedainovação”e“As10facesdainovação”. No painel específico sobre o tema (Autorregulação bancária: o modelo britânico), teve a participação de dois representantes, um do governo (David Thomas, Corporate Director and Principal Ombudsman da FOS,

instituição. O sistema operacional é Windows e os bancosdedadosrelacionaisedinâmicossãoSQLServer. Santiago de Paul explica o segredo: “o aplicativo e os servidores rodam a partir da estrutura e segurança do banco Comafi”. A instituição possui convênios com 20 das maiores empresas mundiais que atuam na Argentina como Coca Cola, Grupo Telefónica, Shell, Repsol-YPF,AmericanExpress,entreoutras.

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Nove keynote speakers internacionais

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As disciplinas relacionamento, sustentabilidade e marketing são convergentes e fundamentais para a criação de diferenciais. Por isso, o Semarc reuniu nove keynotespeakersinternacionaisemais17palestrantese personalidades brasileiras em 11 painéis de conferênciasedebates.

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Miguel Santos, CEO da Technisys Banking on SOA (EUA), no painel “Relacionamento e vendas por meio dos canais eletrônicos: experiências latino-americanas”

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Lior Aussy, CEO Strativity Group, Inc., palestrante do painel “Melhorando a experiência do cliente e criando diferenciação em mercados comoditizados”

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Financial Ombudsman Service, organismo oficial de solução de disputas entre consumidores e instituições financeiras); e outro do setor privado, Robert Skinner, Chief Executive & Director do BCSB, Banking Code Standards Board, entidade responsável pelo monitoramento e aplicação dos códigos de autorregulação bancária, criada em 1999 e que reúne todososbancoscomerciaisdaInglaterra.

Especialista em relacionamento com clientes foi destaque

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Lior Arussy, CEO do Strativity Group, garante que bancos devem investir no caráter humano das relações, na capacidade de inovação e na praticidade da realização denegócios Os avanços tecnológicos ocorridos nos últimos anos têm levado os bancos a um processo de “commoditização”, no qual produtos e serviços tornam-se cada vez mais similares. Nesse cenário, é preciso buscar novos diferenciais, para ir além das operações mais básicas. A avaliação foi de um dos maiores especialistas mundiais em relacionamento com cliente, o CEO da Strativity Group,LiorArussy. Segundo o especialista, os diferenciais a serem buscados pelos bancos como forma de fugir da “commoditização” podem ser, por exemplo, o caráter humano das relações, a

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Rubens Sardemberg, economista Chefe da Febraban

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O Seminário de Marketing e Relacionamento com Clientes (Semarc), foi realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Os executivos, lideranças e principais especialistas de bancos tiveram uma excelente oportunidade de se atualizar em temas relevantes, como cenários e tendências do universo do relacionamento com clientes e marketing.

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Relacionamento sustentável O Semarc teve um painel internacional dedicado à cultura da sustentabilidade na gestão de relacionamento das companhias, com o consultor Andrew Savitz, CEO da Sustainable Business Strategies e autor do best seller internacional de políticas empresariais sustentáveis, Triple Bottom Line. Outro keynote foi Lior Arussy, que investigou a experiência dos clientes e a criação de diferenciais. Arussy é CEO da Strativity Group, e defende a busca de produtos e serviços com características que evitem a 'commoditização' de produtos e serviços, cada vez mais parecidos.

capacidade de inovação, ou ainda uma praticidade na realização de negócios. “Cada banco terá de refletir para identificar qual seu fator”, afirma. Mas como mensurar o retornodeumbomcliente,atraídopelosdiferenciais?“Cada experiência de consumo deve ser posta na ponta do lápis”, diz Arussy.“É preciso perguntar: teve o efeito esperado de reter clientes? Ajudou a aumentar o número de negócios por cliente? Fará com que o correntista mantenha o relacionamento com o banco por mais tempo? Há, portanto, mensurações que devem, obrigatoriamente, ser incorporadas como forma de justificar o investimento em

José Carlos Halpern Doherty, Superintendente de Autorregulação da ANBID (Associação Nacional de Bancos de Investimento)

Sérgio Odilon, chefe do Departamento de Normas e Organização do Sistema Financeiro do Banco Central

Robert Skinner, Chief Executive & Director do BCSB – Banking Code Standards Board, no painel Autorregulação bancária: o modelo britânico Geraldo Carbone (presidente do Conselho de Autorregulação Bancária)

David Thomas, executivo do FOS Financial Ombudsman Service, no painel Autorregulação bancária: o modelo britânico

experiênciasdeconsumo”,avalia. A Strativity Group, empresa comandada por Arussy, tem como clientes grandes corporações, como SAP, Siemens, Lokheed Martin, Nokia e Computer Associates. Arussy é autordolivro“AexperiênciadoCliente”.

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Charles Bezerra foi contratado pelo grupo controlado pela Consultoria de Marcas GAD para liderar uma empresa de inovação em novembro de 2008, a GAD'Innovation. Bezerra é especialista em inovação, e assumiu a diretoria-executiva da nova empresa da holding, com a missão de potencializar design e inovação como ferramentas fundamentais na estratégia corporativa das organizações. O executivo é PhD em design pelo Illinois Institute of Technology, conhecido no mundo acadêmico como “The New Bauhaus”. Em sua trajetória profissional, o novo diretor registra passagens por multinacionais, como Steelcase e Motorola. Como membro do grupo Advanced Concepts da Steelcase, ganhou o prêmio “The thinker award” e, como gerente de design para América Latina da Motorola, ganhou Ouro no IDEA'08 Brasil.

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Amazônia:

Atividades de reforço na queima da floresta

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esta vezada, o autor levará ao conhecimento dos leitores, componentes que interferem na destruição da floresta, abarcando os itens a seguir relacionados e que dizem respeito ao reforço incendiário por que atravessa a grande floresta, cada um deles contribuindo com menor ou maior produção de fumaça, carvão, serragem e atividades outrasquefazempartedagrandepirafunerária. O que vem a seguir são apenas complementos das atividades dos madeireiros e fazendeiros que vindos do sul e do sudeste do país, recebem incentivos dos governos para serem os maiores incendiários da Amazônia. AlgodãoBrabo O autor tem quase certeza que o componente a seguir beira pelos cem anos de prática continuando que é a queima do algodão brabo pelos fazendeiros marajoaras

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SerragemI Apenas como exemplo, vale citar a queima de gigantescos montes de serragem em Tailândia, às margens da Belém/Marabá, em serraria que trabalha dia e noite o fumaceiro dela resultante pode durar dias, semanasemeses. O mesmo acontece em Oriximiná, no Rio dasTrombetas, no estado do Pará, com gigantesca motoeira de serragem,bemnabeiradorio.

paraformaçãodecapineiras. Interessante é que de acordo com a direção do vento, é possível identificar, da orla de Belém, as colunas de fumaça,nooutroladodabaía. PegadoMussuam (kinosternonscorpioides) Costume bem antigo é a queima nos campos marajoaras para captura desse pequeno quelônio que é prato de primeiríssima qualidade em alguns restaurantes apesar da proibição pelo IBAMA com a finalidadede preservaresseanimal.

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SerragemII Em Paragominas, localizada na Belém-Brasília, no Estado do Pará, a fumaceira cobre a cidade permanentemente, causando grandes problemas de saúde. Moradores afiançam, mesmo que se ponha em dúvida, que não se trata de apenas uma serraria mais de 600 delas.

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manobrista da máquina infernal, encareceu que não abatesse as árvores pois o seu lucro com a venda da madeira seria muito maior do que o roçado que se propunha fazer. Ele apenas respondeu que não aceitava interferência de quem não sabia nada do tipo de lavoura queusavanoParaná,deondeeraoriginário. O passo seguinte seria tocar fogo na mata derrubada, o que realmente aconteceu, não só nesse lote como em todososdemais.

AfogueirinhadaWolkswaggen Registrada por satélite americano de observação, a fogueira daWolks no sul do Pará, resultou da incineração de10milKmdemata,sendoamaioriamogno. A denuncia foi feita por oficial da força Aérea Brasileira em recente palestra, na Assembléia Legislativa (A Província do Pará, domingo, 14/09/1975)... e era só o princípio. Lixeiras Praticamente, todas as cidades, municípios ou vilas da Amazônia, com raríssimas exceções, possuem lixeira. Talvez por incapacidade administrativa ou por falta de espaço, só tende a crescer, atraindo famílias inteiras para catar o que possa ser aproveitado, inclusive na alimentação. São frequentes os pontos de fogo. No período chuvoso, uma espécie de chorume infiltra-se no soloesub-solo. Outro problema é o surgimento de grande quantidade deurubusquepodemcausaracidentesdeaviação. FogueirasdeSãoJoão Os festejos juninos introduzidos pelos colonizadores apresentam como principal atração a “Fogueira de São João” e podem ser encontradas nos subúrbios das grandes cidades e no interior, às vezes constituindo sériosriscosàsresidênciasdemadeira. CaroçosdeAçaí Nas áreas onde existem cooperativas de apanhadores de açaí, cujo produto é usado regionalmente e para exportação por multinacionais, os caroços são amontoados e, invariavelmente, queimados, podem servirdeadubo,oucombustível.

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Nãodeixandopormenos Na safra das grandes queimadas, a zona Bragantina, na capital do Estado do Pará, fica com o céu vermelhado principalmente no rumo da BR, muitas vezes estendendo-sesobretodaacidade. CascadeArroz O sub-produto do aproveitamento do arroz, geralmente é amontoado perto das fabriquetas e é incinerado, sendo,portando,maisumprodutordefumaça. FazdeConta Cortadores de cana foram trazidos especialmente de Sertãozinho, centro canavieiro de São Paulo para trabalhar em Altamira na usina Abraham Lincoln, em dia de visita de presidente da República já programada. Diziam os línguas tortas da comunidade que alguma coisa não estava certo é a solução foi comprar açúcar refinadonocomérciolocal. Nacerimôniadessapapagaiadatodahouveaqueimado canavial pelos cortadores recém-chegados, método usado em Sertãozinho. Para completar a enganação, sobrou para os moradores de Altamiraenormefumaceira. Fogossemfumaça Pelo menos em dois desses tipo de fogos, só há referência ao fogo e não a fumaça sendo que esses dois já fizeram parte de comunicações pelo autor. OprimeirodeleséochamadoFogoda Seis (estrada de seringal de Belterra), do tempo dos americanos. O outro é o Fogo do Campo, observado na fazenda Santa Rita, no Marajó. Ambos, segundo informações colhidas pelo autor, tem muito a ver como“Assombrado”.

Competição Duas poderosas transrodovias que ainda não foram terminadas, a Santarém-Cuiabá e a Pará-Maranhão, também participam em estranha competição com a Transamazônica, na produção de fumaça a cada ano, no verão. Simbolismo Em diferentes oportunidades o relator teve oportunidade de topar com dois aspectos simbólicos por que atravessa a Amazônia, castigada por fumaceira infernal. Na rodovia Castanhal-Capanema na beira da BelémBrasília, gigantesca carreta carregando carvão para a fábrica de cimento, estava ardendo em fogo provocando muita fumaça. Segundo informações do motorista, teria sido brincadeira, de amigo seu. Em outra ocasião o que estava pegando fogo nessa mesma BR, eram os rolos de malvaconduzidosporgigantescacarreta. Reforço Fato que ocorre nos céus da Amazônia em decorrência das queimadas diz respeito aos grandes aviões de carreira que em decorrência do enorme fumaceiro, são impedidos e aterrizar e levantar vôo nos aeroportos da Região. (*) SOBRAMES/SOPREN

Na Transamazônica

ExperiênciaImportada Em determinado dia, na Transamazônica, quando o autor se dirigia ao colégio onde trabalhava a professora Nina, perto da perto da comunidade de Panela, escutou, pela primeira vez, o ronco de moto- serra, que lhe lembrou o barulho de motor de lambreta. Descendo do carro, teve a oportunidade de conversar com o

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Os biomas

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do Brasil

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t e r r i t ó r i o B r a s i l e i ro e s t á conformado por seis biomas Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa. Sendo o bioma da Amazônia o maior de todos, chegando a ocupar o 49,29% do território brasileiro, mas o bioma do Pantanal o qual é o menorocupasóo1,76%. O Bioma Amazônia é definido pela unidade de clima, fisionomia florestal e localização geográfica Este bioma é constituído por igapós (permanentemente inundados), várzeas (inundadas apenas durante as épocas de cheia) e terrafirme. O Bioma Mata Atlântica, que ocupa toda a faixa continental atlântica leste brasileira e se estende para o interior no Sudeste e Sul do País, é definido pela vegetação florestal predominante e relevo diversificado. Fortemente degradado é apenas umapálidaimagemdoquejáfoi. O Bioma Pantanal constitui a maior superfície inundável interiorana do mundo. Estende-se pelo oeste do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, avançando pelos países vizinhos como Paraguai,

Bioma

Área Aproximada (km2)

Área/Total Brasil

Bioma Amazônia

4196943

49.29%

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Bioma Mata Atlântica

1110182

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Bioma Caatinga

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Bioma Pampa

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Bioma Pantanal

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MATO GROSSO

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MARANHAO

34%

TOCANTINS

9%

ESPÍRITO SANTO

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RIO DE JANEIRO

100%

SANTA CATARINA

100%

PARANÁ

98%

OUTROS 11 ESTADOS

indeterminado

DISTRITO FEDERAL

100%

GOIÁS

97%

MARANHAO

65%

MATO GROSSO DO SUL MINAS GERAIS

61% 57%

TOCANTINS

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OUTROS 6 ESTADOS

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rupestres e outros. Nas matas de galeria aparecem por vezes as veredas. Grande parte do Cerrado já foi destruída, em especial para a instalação de cidades e plantações, o que o tornaumbiomamuitomaisameaçadodoquea Amazônia. O Bioma Caatinga, típico do clima semi-árido do sertão nordestino. O termo caatinga vem do tupi-antigo Ka'a 'mato' e tinga 'branco', neste bioma existem características desérticas ou pelo menos de revestimento florestal ralo. É o único bioma exclusivamente brasileiro, o qual significa que grande parte do seu patrimônio biológico não poderá ser achado em outros lugaresdomundo. As formações florestais são constituídas pelas florestas ombrófilas (em que não falta umidade durante o ano) e estacionais (em que falta umidade num período do ano) situadas tanto na região amazônica quanto nas áreas extraamazônicas, mais precisamente na Mata Atlântica. Na Amazônia, predominam as florestas ombrófilas densas e abertas, com árvores de médio e grande porte, com ocorrência de cipós, bromélias e orquídeas. As florestas extra-amazônicas coincidem com as formações florestais que compõem a Mata Atlântica, onde predominam as florestas estacionais semideciduais (em que 20 a 50 % das árvores perdem as folhas no período seco do ano), e as florestas ombrófilas densas e mistas(comaraucária).Emambososconjuntos florestais ocorrem, em menor proporção, as florestas estacionais deciduais (em que mais de 50% das árvores perdem folhas no período seco).

BolíviaeArgentinaondeessebiomarecebeonomede"chaco". O Pampa, restrito ao Rio Grande do Sul, se define por um conjunto de vegetação de campo em relevo de planície. São os chamados campos sulinos que se estendem pelo Rio Grande do Sul e ultrapassam nossas fronteiras em direção ao Uruguai e Argentina. O clima da região é o subtropical, que caracteriza-se por temperaturas amenas e chuvas com pouca variação ao longo do ano. O solo em geral é fértil, sendo bastante utilizado para a agropecuária. A vegetação predominante dá nome ao Cerrado, segundo bioma do Brasil em extensão, que se estende desde o litoral maranhense até o Centro-Oeste. Dependendo de sua concentração e das condições de vida do lugar, pode apresentar mudanças diferenciadas denominadas de cerradão, campestre e cerrado intercalado por formações de florestas, várzeas, campos

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Fotos Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

o assumir recentemente a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães afirmou que trabalhará em parceria com todos os órgãos do governo federal, em especial, o Ministério do Meio Ambiente. Por orientação do presidente da República, o novo ministro vai priorizar a concentração de esforços para a segurança, preservação e o desenvolvimento da Amazônia. Ele entra no lugar de Daniel Vargas, que assumiu interinamente a secretaria em substituição a Mangabeira Unger, que deixou o governo há quatro meses para voltar à Universidade de Harvard (EUA). “A SAE vai trabalhar em conjunto e não de forma paralela com os demais órgãos do governo federal”, dissePinheiroGuimarães.“Temosdedefinirumplanode preservação do bioma [amazônico] e também de

O novo ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Samuel Pinheiro Guimarães, fala na cerimônia de posse

garantias de qualidade de vida para 25 milhões de p e s s o a s q u e v i v e m n a q u e l a á r e a .” No passado, a ex-ministra Marina Silva e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, tiveram momentos de tensão com a SAE que defendia uma política desenvolvimentista em substituição à preservação ambiental. Porém, desta vez, Pinheiro Guimarães afirmou que os conflitos não ocorrerão. O embaixador afirmou que não é filiado a partido algum, mas admitiu que tem princípios rigorosos para a execução de políticas públicas. Como secretário-geral do Itamaraty, Pinheiro Guimarães determinou que os novos diplomatas conhecessem as áreas de risco no Brasilenoexteriorparaquetivessemexperiênciaprática doquelidavamteoricamente. Ao empossar o novo ministro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que ele deverá elaborar um plano completo de ações de governo até 2022. Bemhumorado, Pinheiro Guimarães afirmou que“terá muito trabalho pela frente”. “Definitivamente o futuro não existeisoladamente”,disse.

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O presidente Lula discursa na posse do novo ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães

O presidente Lula cumprimenta o novo ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães

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Novo ministro de Assuntos Estratégicos vai dar prioridade à Amazônia

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