Revista Evidências - Edição 08

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Revista Islâmica

Rájab / Shaaban / Ramadã 1430 (A.H.) - julho / agosto / setembro 2009 (A.D.) - Ano 2 / Número 8

Sociedade Islã, a religião do futuro Mulher Por que o uso do véu? Ramadã O sermão do Mensageiro de Deus(S)

Comportamento O sexo sob a ótica islâmica


O Sermão do Mensageiro de Deus (S) no Início do Mês de Ramadã

O

Imam Arredá (AS) narrou, baseado em seus pais, que se basearam no Imam Ali ibn Abi Tálib (AS), que disse: “O Mensageiro de Deus fez um sermão, um dia, dizendo: ‘Ó, gente, está chegando o mês de Deus, repleto de bênçãos, misericórdia e perdão. Para Deus, é o mês mais preferido; seus dias são os mais preferidos, suas noites as mais preferidas e suas horas as mais preferidas. É o mês em que todos são convidados à hospedagem de Deus, em que todos são transformados nas pessoas dignas de Deus. Vossos alentos neste período constituem glorificação, vosso sono, adoração, vossos atos são aceitos, vossas preces, atendidas. Pedi a Deus, vosso Senhor, com verdadeira intenção, com corações puros, que vos conceda a possibilidade de praticar o jejum e recitar o Alcorão, pois desgraçado é aquele que for desprovido do perdão de Deus nesse importante mês’. ‘Sabei que a fome e a sede, durante o Ramadã, assemelham-se à fome e a sede do Dia da Ressurreição. Portanto, sede caritativos com os pobres e necessitados, respeitai os seus idosos, tende misericórdia de vossas crianças, estreitai os laços de parentesco, conservai a língua pura, desviai os olhares do que é ilícito, evitai ouvir o que é ilícito. Tende carinho pelos órfãos dos outros que estes terão carinho pelos vossos. Arrependei-vos perante Deus pelos vossos pecados. Erguei as mãos com súplicas na hora da oração, pois é a hora preferida em que Deus terá misericórdia de Seus servos e os atenderá se O invocarem e O chamarem, conceder-lhes-á se pedirem, levará em conta as suas preces’. ‘Ó, gente, vossas almas estão hipotecadas pelos vossos atos. Devei livrálas com o pedido de perdão. As vossas costas estão pesadas com vossas culpas, aliviai o peso com o prolongamento de vossas prostrações. Sabei que Deus jurou pelo Seu Poder que não castigará os que praticam a oração e os prostrados, que não os amedrontará com o Inferno quando as pessoas se apresentarem perante o Senhor do Universo’.


Disse o Profeta(S): ‘O Ramadã é o mês em que todos são convidados à hospedagem de Deus’ ‘Ó, gente, para Deus, quem oferecer alimento para a quebra do jejum de um crente durante esse mês é como se tivesse libertado um escravo e receberá perdão dos pecados anteriores’. Então, perguntaram: ‘Ó, Mensageiro de Deus, nem todos nós podem fazer isso’. Respondeu (S): ‘Evitai o Inferno mesmo com um pedaço de tâmara, mesmo com um gole de água’. ‘Ó, gente, quem melhorar a sua conduta durante esse mês terá a possibilidade de passar por sobre a ponte de Sirah no dia em que os passos estarão trêmulos. Quem for benevolente com seus servos, Deus será benevolente na prestação de suas contas. Quem evitar a prática do mal, Deus evitará a Sua cólera no dia em que se apresentar perante Ele. Quem for generoso com o órfão, Deus será generoso com ele. Quem estreitar o laço de parentesco, Deus estreitará a sua misericórdia para com ele. Quem cortar suas relações de parentesco, Deus cortará Sua misericórdia em relação a ele. Quem praticar orações voluntárias durante o Ramadã, Deus lhe concederá isenção do Inferno. Quem praticar uma obrigação, é como se tivesse praticado setenta obrigações em outra oportunidade. Quem mais invocar a paz e a graça de Deus para mim, suas obras serão mais pesadas no dia em que elas serão leves. Quem recitar um só versículo do Alcorão durante este mês, terá a recompensa de quem recitou todo o Alcorão em outro mês. ‘Ó gente, as portas do Paraíso durante esse mês estarão abertas. Pedi ao vosso Senhor para não fechá-la diante de vós. As portas do Inferno estarão fechadas. Pedi a Deus para não abri-las diante de vós. Os demônios estarão acorrentados; pedi a Deus para não soltá-los sobre vós.’” O Emir dos Crentes, Ali ibn Abi Tálib (AS) disse: “Levantei-me e perguntei: quais são os melhores atos durante esse mês?” Respondeu o Nobre Mensageiro de Deus (S): “Ó, Abu Al-Hassan, o melhor ato durante esse mês é afastar-se das proibições de Deus.”

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Em nome do Altíssimo Revista Islâmica

Caro leitor,

N

“Em Nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso” “Enviamos os Nossos mensageiros com as evidências e enviamos, com eles, o Livro e a balança, para que os humanos observem a justiça.” Alcorão Sagrado (57:25)

Revista Islâmica Evidências

é uma publicação da Associação Beneficente Islâmica do Brasil CNPJ 43.759.802/0001-92

Rua Eliza Witacker, 17 – Brás - São Paulo - SP - CEP 03009-030

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Publicação Trimestral

Rájab / Shaaban / Ramadã 1430 (A.H.) julho / agosto / setembro 2009 (A.D.) - Ano 2 / Número 8

Diretor-Presidente:

Assayyed Sharif Sayyed (Teólogo e Pesquisador em Pensamento Islâmico) sayyed@revistaevidencias.org

Tradução:

Samir El Hayek (Matemático e Físico pela UNISA)

esta edição da Revista Evidências, trazemos inúmeros assuntos relevantes sobre a Religião Islâmica. Abordamos, por exemplo, a importância da oração, que era considerada pelo Profeta Muhammad (S) como o “pilar da fé”. Ou seja, assim como um edifício tem suas bases, que se não forem sólidas fazem a construção inteira desabar, a oração deve ser praticada com empenho e dedicação, sob pena de a fé ser abalada. Ao longo do dia, os muçulmanos são obrigados a realizar cinco orações – alvorecer, meio-dia, tarde, crepúsculo e noite. O Nobre Mensageiro (S) ensinava que a oração evita que o crente pratique abominações, prevenindo o mal. E assim é. Artigo do xeique Mohsen Atawi aborda a importante temática do sexo, mostrando as distorções a que se chegou no mundo atual. Infelizmente, a sociedade materialista transformou esta necessidade fisiológica do ser humano, tão bela e fundamental para a vida, em mera mercadoria. O sexo perdeu sua magia e destaque, transformando-se em ação mecânica, banal, corrompida e corruptora, causando muitos problemas e distúrbios sociais e individuais. É preciso resgatar sua poesia e trazer as pessoas, novamente, à responsabilidade. Afinal, da prática sexual advêm novas vidas, que devem ser recepcionadas no ambiente harmonioso e confortável da família legalmente constituída. Voltamos a falar, também, sobre o véu. No Islã, as mulheres devem usá-lo. O objetivo é protegê-las dos olhares ilícitos e da concupiscência dos homens. O recato no vestir-se, uma obrigação também para eles, é um meio eficiente de se prevenir do mal que, infelizmente, povoa a mente de certos indivíduos, e da corrupção. Esperamos que vocês façam uma boa leitura! Que a paz esteja convosco!

Jornalista responsável:

Omar Nasser Filho - MTB - 26164

Departamento Jurídico

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Ricardo Trovilho (OAB/SP n° 119.760)

Projeto gráfico / Diagramação: www.c2pontos.com.br (11) 9911-2513 / 3592-6398

Fale conosco:

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Os artigos publicados na “Revista Islâmica Evidências” não refletem, necessariamente, a opinião da revista. NOTA EXPLICATIVA: Ao longo dos textos de “Revista Islâmica Evidências”, o leitor encontrará algumas siglas e sinais particulares, os quais explicamos a seguir: Após a menção ao nome do Profeta Muhammad, segue-se uma letra “S” entre parênteses. Esta é a abreviatura da expressão arábe: “Salla allahu aleihi wa álihi wa sallam”, ou, traduzindo: “Deus o abençoe e lhe dê paz, bem como à sua Família”. Quando é citado o nome de um outro Profeta ou de um Ma’assum (isto é, pessoa imaculada), segue-se a sigla (A.S.), que significa: “aleihi salam” (A paz esteja com ele); “aleiha salam” (A paz esteja com ela); ou “aleihem salam” (A paz esteja com eles). Outra sigla utilizada é (R.A.), que significa “radi’allah an-hu (an-ha)”, ou “Deus esteja satisfeito com ele (ela)”.


Sumário

01 03 Cartas 08 Editorial A Caridade

Caro leitor

33 41

o Alcorão 08 Interpretando Exegese do Alcorão Sagrado 43 18 Mulher Por que o uso do véu no Islã? 46

49 54

22

Conceitos errôneos A utilização do nome familiar

23

Jurisprudência

26

Nós e a vida

27 32

Conceito de diligência (ijtihad)

Uma Olhada para nós mesmos

Nobres sentimentos O Amor

Narrativas do Alcorão Parte 3

57

Pilares da fé A Ressureição e a Vida após a Morte

Nossas Crenças Sinais fundamentais da mensagem islâmica - parte 4

Religiões Os Evangelhos no Cristianismo

Sabedoria Profética O Mensageiro de Deus conversa conosco

Atualidades A Eutanasia

Verdades Magníficas A Ciência convoca para a fé

Comportamento O Sexo na Ótica do Islã

59 Perguntas e respostas 63 Normas islâmicas Artigo 68 O Direito da pessoa e a precisão da balança

Turismo 68 Rio de Janeiro, cidade maravilhosa

75 79

Proteção ambiental Palavras Cruzadas Revista Islâmica Evidências - 3


Cartas

Envie-nos sua opinião através de carta para: Revista Islâmica Evidências Rua Eliza Witacker, 17 - Brás São Paulo - SP - CEP 03009-030, ou pelo e-mail cartas@revistaevidencias.org

Deus, o Altíssimo, diz: “Em suas histórias há um exemplo para os sensatos” (12:111). Foi dito: “O sensato é quem aproveita a advertência dos outros, quem consulta as pessoas e participa de suas idéias.” Leitor, esta página é dedicada à sua participação: opiniões, pensamentos, críticas e sugestões. Basta enviar sua mensagem pela internet ou carta, citando sempre o seu nome, número do RG e endereço. Devido ao espaço disponível, algumas mensagens podem ser editadas. Desde já, agradecemos por sua contribuição.

HIJAB

SEXO

EUTANÁSIA

Achei muito interessante a matéria da última Evidências sobre o véu islâmico. Não tem nada a ver com o que dizem para a gente, que é um símbolo da opressão da mulher, etc. É uma forma muito bonita e elegante de preservar a feminilidade. Gostei tanto que sugiro aos editores que façam uma nova reportagem sobre o hijab. Li e comentei com minhas colegas na faculdade. Parabéns pela qualidade da revista!

Sempre achei que o sexo fosse tabu nas sociedades islâmicas. Estou percebendo que não é isso. Não sabia que uma revista islâmica pudesse tratar desta questão de forma tão aberta e direta. Por ser brasileiro e viver num país liberal quanto a este tema, vejo que há uma distorção da prática sexual e fico chocado por certas cenas que vejo na televisão e nas ruas. Gostaria que voltassem ao tema.

Passamos por uma situação muito crítica na minha família, alguns meses atrás, e as palavras do religioso Mohammad Fadlallah foram muito úteis para que pudéssemos, à luz do Islã, obter uma orientação sobre muitas coisas. Gostaria de saber se há condições de entrarmos em contato com ele ou com seu escritório, para obter mais informações e orientações. Vamos assinar a revista. Parabéns!

Marcela Alegre – Rio de Janeiro (RJ)

Aldo Araújo – Londrina (PR)

Marília de Sanctis Ferrari – Videira (SC)

Resposta: Marcela, muito obrigado pelos elogios. Estamos trabalhando ainda mais para melhorar. Quanto à sua sugestão, leia a matéria da sessão “Mulher”. Que a paz esteja contigo!

Resposta: Atendendo ao seu pedido, Aldo, publicamos artigo do Xeique Mohsen Atawi sobre o sexo. Aprecie a leitura e envie seus comentários. Gratos! Que a paz esteja contigo!

Resposta: Marilia, você pode entrar no sítio do Sayyed Mohammad Fadlallah na internet: www.bayynat.org.lb. Ali você terá várias informações sobre o Islã. Que Allah a abençoe, bem como a sua família. Que a paz esteja contigo!

O Editor

O Editor

O Editor

www.sumerland.com.br


Editorial

Assayyed Sharif Sayyed

A poluição em nossa vida

V

amos olhar ao nosso redor. Como estão as nossas casas?

Fumaça emitida pela queima do óleo de cozinha, enchendo o ambiente do lar, fazendo suar as superfícies das paredes. As casas que utilizam a madeira para aquecimento, mesmo com o uso das chaminés para condução da fumaça, não conseguem vedar totalmente a penetração dos gases tóxicos em seu interior. Os aquecedores a gás com defeito podem emitir monóxido de carbono, que não é percebido por quem o inala, mas é fatal. Se acrescentarmos a isso o fato de que o dono da casa ou outro membro da família fume ou utilize o arguile(1), dá para imaginar a aglomeração de poluentes naquele local fechado. Estas substâncias causam males sem que nos defendamos, muitas vezes. Elas nos atingem com elementos prejudiciais, de ação lenta ou rápida, fazendo mal à nossa saúde ou podendo levar à morte. Acrescentemos à lista os odores dos modernos produtos de limpeza, compostos por elementos químicos que aspiramos sem ver. A eles somam-se as substâncias que emanam do sótão ou do porão das casas, entre cheiros e umidade, o que é gerado na garagem e pene-

1-Aparelho para fumar muito usado entre os árabes (NE).

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tra na casa quando colocamos o motor do carro em movimento e antes de desligá-lo; o que penetra da água da chuva pelas fissuras nos telhados e paredes, atingindo os tapetes estendidas no chão, formando um foco de produção de bactérias. Mesmo o sistema de ar condicionado c e n t r a l acumula pó e bactérias durante o funcionamento. As tintas, por sua vez, cumprem seu papel enviando outras levas de veneno para poluir o ar puro da casa. Será que, diante de tudo isso, há lugar para o ar puro? Quanto às regiões frias, ou durante o inverno, estamos condenando a nós mesmos com o sufoco e o ar viciado, de maneira premeditada, deixando as janelas e portas sempre fechadas. Podemos afirmar que a poluição residencial é, em muitos casos, mais perigosa que a poluição externa. Por acaso você já

ouviu falar de “edifícios enfermos”? Vamos falar deles! Em uma escola de Chicago, nos Estados Unidos, os professores e os alunos sofreram de sequidão da garganta, de cansaço, de dor de cabeça e dificuldade de respiração. Os médicos trataram a situação com antibióticos e nada obtiveram: nenhuma melhora na saúde do corpo docente, nem do corpo discente. Foi observado, mais tarde, que a situação das pessoas melhorava ou desaparecia durante os feriados e fins de semana. Os especialistas foram procurar a causa e descobriram que o edifício da escola era aquilo que se convencionou chamar de “edifícios enfermos”. São construções muito freqüentadas e que estão sempre fechadas, constituindo-se em fonte de poluição por nunca respirarem ar puro. Os edifícios enfermos de hoje em dia são numerosos: casas, escritórios, escolas, indústrias, mercados, shopping centers. Se o indivíduo quer saber se é atingido pela enfermidade do edifício fechado, não há necessidade de consultar um médico. Os seus sinais são os mesmos da gripe: olhos lacrimejantes, dor de cabeça permanente, tosse e sudorese. As sugestões apresentadas para a solução dos problemas dos edifícios enfermos são a limpeza permanente, remoção do pó acumulado sobre os tapetes, papéis de

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evapora, atingindo o nariz dos passantes. Nós devemos avaliar os males causados à saúde pela nossa negligência. Se o Islã nos aconselha a não urinar nos ninhos dos insetos, afogandoos e matando-os, que dirá fazê-lo nos locais de descanso e de lazer das pessoas? Esse é o significado corrente quanto à poluição ambiental. Porém, há outra dimensão do problema, à qual nem sempre damos importância. Ela não diz respeito, apenas, à sujeira, ao lixo, aos resíduos, ao mau cheiro. É a poluição sonora, que tem relação com a balbúrdia e os ruídos, causadores de danos à audição, reduzindo a sua eficácia, destruindo-a de forma irreversível em alguns casos, além de influenciar negativamente a tranqüilidade pessoal, o pensamento sossegado e o sono profundo. parede e tetos, remoção da poeira acumulada nos ares-condicionados, além da utilização de produtos naturais, em vez de químicos na medida do possível. Foi observado, também, que as plantas que crescem no interior das casas funcionam como purificadores de ar, ao ponto de se dizer que elas oferecem a melhor solução para os problemas de poluição no século 21. Podemos eliminar ou reduzir a poluição? Sim. Os preceitos islâmicos proíbem jogar lixo nas ruas, pois esta atitude favorece a proliferação de doenças, o acúmulo de moscas e outros insetos nocivos, além de mau cheiro. Os resíduos devem ser colocados em sacos fechados e jogados em locais apropriados. As pessoas não têm o direito de utilizar as ruas como quiserem, de forma que prejudiquem os passantes e os habitantes locais, sem falar em cuspir, urinar e defecar nas vias públicas.

O uso excessivo de buzinas automotivas e a utilização de alto-falantes em volume exagerado são proibidos pelo Islã, porque prejudicam as pessoas, causando perturbações de ordem psíquica e física, mesmo os aparelhos que transmitem programas religiosos. O mesmo se aplica ao som alto do rádio, da televisão e do gravador. A Tradição do Profeta (S) diz: “Não se pode prejudicar a si mesmo, nem prejudicar ao próximo.” O conselho de Lukman para o seu filho foi: “E modera o teu andar e baixa a tua voz, porque o mais desagradável dos sons é o zurro dos asnos.” (31:19).

Os preceitos islâmicos proíbem urinar em solo impermeável, porque ele não absorve a urina. A urina seca e seu cheiro venenoso Revista Islâmica Evidências - 7


Religião do futuro

Sayyed Qutb(*)

O Islã

O

e tão entrelaçado que cobre todos os aspectos Islã é um sistema prático para a da vida humana, bem como as várias necesvida humana em todos os seus assidades genuínas do homem e suas diferentes pectos. É um sistema que abranatividades. ge o ideal ideológico, o conceito convincente que expõe a natureza do UniverEsta religião não é uma mera crença so e determina a posição do homem nele, bem emocional, desligada do domínio temporal como seus objetivos finais. Inclui as doutrida vida humana, como se qualquer religião nas e as organizações divina pudesse ser pupráticas que emanam e ramente emocional e dependem desse ideal O Islã abrange o ideal ideológico, exclusivamente espiideológico, tornando-o ritual. Não se restrinuma realidade refletida o conceito que expõe ge a rituais mínimos na vida cotidiana dos de culto que os crena natureza do Universo seres humanos. Como tes, coletiva ou indie fixa a posição do homem nele exemplo, temos douvidualmente, praticam trinas e organizações para alcançar uma que incluem a base étiquantidade módica de ca e seu poder de sustentação, o sistema polífé. Nem o Islã é limitado a ser uma orientação tico juntamente com suas formas e caracteríspara a outra vida, para se conseguir a Eterna ticas, a ordem social, suas bases e valores, a Morada, nem é um caminho exclusivo para doutrina econômica com sua filosofia e suas se obter o Éden terrestre por meios religiosos. instituições e a organização internacional Estamos cientes dos vigorosos esforços com suas correlações. empreendidos há algum tempo no intuito de se No que concerne a estas esferas, cremos confinar o Islã aos círculos emocionais e rituque o Islã é a religião do futuro. De ais, impedindo-o de participar das atividades fato, o Sistema Islâmico é tão da vida cotidiana, controlando sua completa compreensivo, tão inpredominância sobre toda atividade secular, terdependente uma proeminência merecida em virtude de

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sua natureza e função. Essas características emocional e a do mero ritualismo, eliminande compreensão, realismo e predominância do sua intervenção e predominância nos oudo Islã são as razões tros aspectos da vida por trás dos esforços contemporânea, como vigorosos da ofensiva primeiro passo, ou O Sistema Islâmico é tão (1) cristã internacional primeira ofensiva, de compreensivo, tão interdependente contra os muçulmanos uma batalha para a sua nos países islâmicos. aniquilação final. e tão entrelaçado que cobre São também a causa Contudo, estamos todos os aspectos da vida da exaustão sofrida certos de que a relipelo esquema do siogião do Islã é tão innismo internacional(2) trinsecamente genuíhá um longo tempo. Ambos não possuíam na, tão colossal e profundamente enraizada, outra alternativa além de combinar seus esque todos esses esforços e golpes brutais de forços para restringir esta religião à esfera nada servirão. Estamos também certos de (1) Logo após os atentados de 11 de setembro de 2001, o presidente estadunidense George W. Bush afirmou diante dos meios de comunicação, num ato falho revelador, que era preciso empreender uma “cruzada” contra os “terroristas”, numa referência à invasão cristã da Palestina, entre os séculos XI e XII d.C. Desde então, países de maioria islâmica, como Afeganistão e Iraque, têm sido sistematicamente invadidos e ocupados militarmente, enquanto outros, como o Irã, sofrem ameaças constantes de agressão (NE). (2) Sionismo é o movimento nacionalista judaico que surgiu no final do século XIX e que levou à criação do “estado de Israel”, em 1948. Para dar lugar a este “estado”, milhares de árabes foram mortos ou expulsos de suas aldeias na Palestina por movimentos terroristas como Haganah, Palmach, Irgun Zwei Leumi, Lohamei Herut Israel (Lehi) e Gangue Stern. Fortemente infiltrado na imprensa, nas artes, na indústria da cultura de massa e em aparelhos de estado ocidentais, o sionismo, atualmente, tem grande influência sobre as decisões políticas em nações européias e nos Estados Unidos, além de grande poder de direcionamento da opinião pública mundial (NE).

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fazê-lo, porque este papel esperado não pode ser desempenhado por qualquer outro credo ou sistema, quer aprovem quer não os inimigos do Islã. Na realidade, cremos que a humanidade não pode dispensar esta religião. A distinção entre a feição desta religião e outros sistemas é que, de acordo com a maneira como o Islã é constituído, as pessoas adoram um Deus absolutamente único, que se distingue por Sua Divindade, Criatividade e Onipotência em todos os sentidos das palavras. Ele deriva suas concepções, valores e modelos, instituições, legislaturas e leis, orienque a necessidade premente da humanidade tações éticas e morais d’Ele, apenas. Em oupor este sistema é mais forte de que os ódios tros sistemas as pessoas podem adorar diferenacrimoniosos dos seus inimigos. A humanites deuses e ídolos. Agindo assim, conferem dade está caminhando para um aterrador e a outros seres humanos, não a Deus Todo-poprofundo precipício de destruição. Os sábios deroso, o direito de confiança sobre eles. Faestão lançando avisos de alarme e estão prozem deuses de homens como eles, adquirindo, curando o caminho da salvação, mas não há por intermédio deste salvação a não ser com o agente humano, suas retorno a Deus, seguinconcepções, valores do Sua senda e o Seu Não há salvação a não ser e modelos, suas inssistema justo de vida. com o retorno a Deus, seguindo tituições, legislatuDe todo lugar leras e leis, sua orienSua senda e o Seu sistema vantam-se altos brados tação ética e moral. justo de vida pedindo por socorro e Nós denominamos resgate, à procura de um tais sistemas de pré“salvador” com certos islâmicos (ateístas), aspectos e característiindependentemente de suas formas, ambiencas especiais. Mas estes aspectos e caractetes e tempos. A razão desta designação é que rísticas pertencem ao Islã e a nenhuma outra os sistemas ignorantes são construídos sobre mais. a mesma base corrompida da qual o Islã veio Devido à natureza elevada deste sistema libertar as pessoas. O Islã significa estabelecer religioso e à necessidade natural da humanidaum estrito monoteísmo para todos os povos, de por tal sistema, concluímos, com inabalável derrubando ideologias pagãs, que requerem a convicção, que o Islã é a religião do futuadoração do homem pelo homem, quando soro. Ele tem um papel primordial a mente Deus deveria ser adorado. desempenhar e será certaO Islã veio para abolir todas as formas mente chamado a de escravidão pelo homem e confinar a “escravidão” (serviço e

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submissão) sobre a terra ao Deus único, que controla e sustenta todo o Universo. Deus diz no Alcorão Sagrado: “Anseiam, acaso, por outra religião que não a de Deus? Tudo o que há nos céus e na terra, quer queiram quer não, estáLhe submetido, e a Ele retornará!” (3.a Surata, vers. 83.) O sistema de vida islâmico, que está sendo descrito, não é um sistema temporal que serve para uma era histórica específica, nem é um sistema local meramente idealizado para certa geração ou um ambiente em particular. É, de fato, o sistema básico ordenado por Deus para uma vida humana dinâmica, para que esta vida possa continuar a se desenvolver dentro desses limites divinos e a ser exaltada de acordo com o meio que Deus tem, sempre honrando aqueles que só a Ele adoram.

digno de ser adorado.

Assim sendo, ou as pessoas seguem estritamente este sistema e tornam-se muçulmanas (no sentido de se submeter à Vontade Divina), ou adotarão outro método humano de vida, abraçando a ignorância do ateísmo. A religião do Islã lança seu desafio diretamente ao coração do descrente. Ela veio para primeiramente eliminar o ateísmo e derrubá-lo de seu pedestal de arrogância; para convocar as pessoas a se afastar da adoração de outros seres humanos, dirigindo sua adoração a Deus, o único

Mas, temos confiança, como afirmamos previamente, que as pessoas retornarão a Deus e Seu método de vida e que o futuro repousa sobre esta religião. Temos também confiança que todos os esforços frenéticos empreendidos para corrompê-la falharão pela simples razão de que ela, pela sua natureza, não está isolada da vida. De fato, a reclusão não faz parte de qualquer religião revelada.

As pessoas devem decidir entre viver de acordo com este método Divino de vida por inteiro, anuindo com a ordem Universal e natural humana, ou O Islã veio estabelecer adotar qualquer outro Esse sistema de sistema estabelecido um estrito monoteísmo vida apresenta-se como pelo próprio homem. um atestado eterno e para todos os povos, Se isto for feito, a deuniversal para todas cisão se chocará com derrubando ideologias pagãs as gerações. E quando as leis naturais e a naum fenômeno externo tureza humana, sendo e universal afeta o coso homem uma parte do mos, na sua integral existência, os seres humaUniverso de Deus. Tal colisão deve ter terrínos atraem dor e destruição sobre si todas as veis conseqüências, cedo ou tarde. vezes que o desdenham ou o contradizem.

* Sayyed Qutb (1906-1966) foi importante poeta, ensaísta, crítico literário e ativista político egípcio, ligado à organização Irmandade Muçulmana. É considerado um dos principais teóricos do islamismo moderno.

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Conceitos Errôneos

Parte 4

A D A C O P E AÉ D A D I

C O L VE U

m dos conceitos errôneos correntes entre os jovens hoje em dia é o de que estamos na época da velocidade. Esta velocidade, contudo, é a dos meios de transporte, das comunicações, das ligações, das emissoras internacionais, da Internet. Mas isso nada tem a ver com um trabalho que estamos fazendo, que deve ser executado bem.

Pode ser que esta maior velocidade tenha a ver com a preparação dos instrumentos de trabalho mais rapidamente que antes. Ontem tinha, por exemplo, de utilizar a biblioteca da cidade para preparar uma pesquisa ou um estudo, que me exigia inúmeras leituras, muito tempo e empenho. Hoje, a biblioteca está à minha frente, aguardando um sinal meu, como o apertar de uma tecla, que me permite apressar a preparação da pesquisa ou do estudo. Porém, a própria pesquisa necessita de tempo suficiente para amadurecer e ser convenientemente completada. O escritor não pode ser perdoado se culpar a velocidade pelo fato de a sua pesquisa ou o seu estudo estar incompleto. Os recursos à disposição – indicados – tornam 12 - Revista Islâmica Evidências

a conta difícil para o pesquisador ineficiente. A produção rápida é diferente da produção sem cuidado, pois esta torna-se sem valor e fica sujeita à critica e ao rápido esquecimento. O automóvel economiza muito o tempo que perdíamos no caminho para visitar um parente ou um amigo. Porém, a natureza da visita não deve se postar sob o que se diz correntemente: “Estamos na época da velocidade”, principalmente se a visita serve para estreitar as relações de fraternidade ou de parentesco, amainar o clima e clarear um relacionamento turvo, afastar as preocupações devido às atribulações diárias, ou aumentar o conhecimento e o saber. O Islã pede para encurtar a visita ao enfermo, porque este, devido à condição de sua saúde e mente, não suporta longas conversas. Porém, o Islã não nos exige encurtarmos a visita aos irmãos ou aos amigos com boa saúde. Sim, nos aconselha a não perturbarmos as pessoas com a nossa permanência até altas horas da noite ou permanecermos por muito tempo, caso nossos anfitriões estejam ocupados com algo mais importante. A rapidez é exigida em alguns casos e rejeitada em outros.


Nos atos virtuosos, na prática do bem, na reforma e na benevolência, a rapidez é exigida e desejável. Por isso, a Nobre Tradição diz: “O melhor ato virtuoso é o feito rapidamente”. Quanto aos trabalhos que necessitam de cuidado, experiência, longa paciência e muita precisão, a rapidez fica como quem coloca o alimento em panela de pressão para cozinhá-lo mais depressa. Os grandes gourmets dizem que para ser saboroso e apetitoso o alimento deve ser cozido devagar. O ditado brasileiro diz: “O apressado come cru.” A velocidade tornou-se a marca das relações e amizades rápidas, de casamentos rápidos, de relações rápidas, de leituras rápidas, de supervisões rápidas, de obrigações rápidas. Por isso, muitas vezes a velocidade acabou provocando o efeito contrário. A amizade rápida se transformou em inimizade poderosa, o casamento rápido foi transferido para os tribunais de divórcio. A leitura rápida gerou conclusões errôneas. As refeições rápidas levaram os comensais para as clínicas, consultórios médicos e farmácias. Sim, Deus, exaltado seja, descreveu o ser humano apressado com estas palavras: “Porque o homem é impaciente.” Ele é impaciente quanto ao bem, quanto aos resultados, quanto a atingir ao cume, chegar com o automóvel ao seu destino, quanto à colheita do que foi semeado, mesmo que ainda esteja verde. Ele se esquece do ditado: “A pressa causa arrependimento e o cuidado causa salvação.” Esqueceu, à

sombra de sua pressa, que “quem colhe as frutas fora do tempo de madureza é como quem planta em terra alheia.” É louvável não perdermos tempo. É louvável aproveitarmos cada minuto de nossas vidas, todo instante que beneficie as pessoas e nos beneficie. É louvável não deixarmos para amanhã o que podemos fazer hoje. É louvável apressamos a prática do bem. Mais louvável ainda, contudo, é não sacrificarmos a qualidade, a perfeição, a precisão, e a excelência. Em vez de o nosso lema ser “Depressa, pois esta é a época da velocidade”, que seja: “Deus tem misericórdia da pessoa que faz a coisa bem feita.”


Mulher

Assayyed Sharif Sayyed

Por que o

O

no Islã?

véu era conhecido entre vários povos e tribos, antes do Islã. Quanto às religiões celestiais, não há o que se discutir. Will Durant diz: “O homem tinha direito de se divorciar da mulher se ela desobedecesse as leis judaicas. Se ela saísse em público com a cabeça descoberta, ou ficasse rebolando em vias públicas, ou conversasse com todo tipo de pessoas, ou se elevasse a voz, ou se falasse em casa e os vizinhos ouvissem a voz dela...” (A História da Civilização, volume 14, págs. 34-35). Sob essa luz, a forma do véu que os judeus adotavam é mais rígida do que a forma do véu islâmico. A Torá (o Velho Testamento) cita muitas regras quanto ao véu. As mulheres judias costumavam cobrir-se para que nenhum homem estranho as visse. Vejamos o que Gênesis diz: “E disse ao servo: Quem é aquele varão que vem pelo campo ao nosso encontro? E o servo disse: Este é meu senhor. Então tomou ela o véu e cobriu-se.” (24:65). “E deram aviso a Tamar, dizendo: Eis que o teu sogro sobe a Timna, a tosquiar as suas ovelhas. Então ela tirou de sobre si os vestidos da sua viuvez, e cobriu-se com o véu, e disfarçou-se, e assentou-se à entrada das duas fontes no caminho de Timna, porque via que Selá já era grande, e ela não lhe fora dada por mulher.” (38:13-14). Também: “E ela levantou-se, e foi-se, e tirou de sobre si o seu véu, e vestiu os vestidos da sua viuvez.” (38:19), porque se tornou sua esposa. Observamos, também, o uso do véu no texto dos Evangelhos: “Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu.” (Epístola de Paulo aos Coríntios I, 11:6). “Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças ou com ouro, ou pérolas ou vestidos preciosos. Mas como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus com boas obras. A mulher aprenda em silêncio com toda a sujeição.” (Epístola de Paulo a Timóteo I, 2:9-11).

“O véu era conhecido entre vários povos e tribos, antes do Islã, como judeus e cristãos” 14 - Revista Islâmica Evidências


“Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina. Os velhos que sejam sóbrios, graves, prudentes, sãos na fé, na caridade e na paciência. Às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem; para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos, a serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada.” (Epístola de Paulo a Tito, 2:1-5). “Para que, no tempo que vos resta na carne, armai-vos também vós com este pensamento, que aquele que padeceu na carne já cessou do pecado.” (Epístola I de Pedro, 4:2). “Assim como Sodoma e Gomorra e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se corrompido como aqueles, e ido após outra carne, foram postas como exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno.” (Epístola de Judas, 7) Um dado que indica a importância do véu entre os cristãos é o véu das freiras e a sua obrigatoriedade para as pessoas que entram na igreja, prática em desuso hoje em dia. Se algumas igrejas permitiram o abandono do véu nos últimos tempos, por outro lado não vemos uma foto da Virgem Maria sem o véu.

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A promiscuidade e a remoção do véu por parte de homens e mulheres causam imoralidade e intriga

O Véu no Alcorão Antes de apresentarmos os versículos que falam sobre a obrigatoriedade do véu no Alcorão Sagrado, é preciso saber que no Islã há três tipos de preceitos. Há preceitos “obrigatórios” ou “proibitórios”, que impõem que as pessoas adotem ou abandonem certas atitudes; há os preceitos “permissíveis”, que autorizam determinada prática e não proíbem abandoná-la, ou autorizam que ela seja abandonada e não proíbem que seja exercida; e há os preceitos “recomendáveis” e “não-recomendáveis”, que concedem ao indivíduo o direito de escolha. Fica a pergunta: Será que o véu é obrigatório, permissível ou recomendável? A resposta é que o véu é obrigatório, indubitavelmente. Quando lemos o Alcorão Sagrado e pensamos em seus versículos, encontramos muitos que tratam especificamente do véu, estimulando o seu uso, insistindo no seu emprego pelas mulheres, para que os muçulmanos não se deparem com problemas morais cujos castigos são indesejáveis. Entre esses versículos, temos: 1- As palavras de Deus, Exaltado seja: “E se desejardes perguntar algo a elas (suas esposas), fazei-o detrás de cortinas; isso será mais puro para os vossos corações e para os delas.” (33:53). Nesse nobre versículo, Deus, glorificado seja, ordena os muçulmanos, se quiserem pedir algo às esposas do Profeta, que o façam por trás de cortinas e do véu. A ordem se aplica claramente aqui às esposas do Profeta (S). Mas o preceito não é particularizado a elas, abrangendo todas as mulheres. Isso significa que o véu é obrigatório. As palavras de Deus: “... isso será mais puro para os vossos corações e para os delas” significam que a promiscuidade e a remoção do véu por parte de homens e mulheres causam imoralidade e intriga. Deus combateu a imoralidade e proibiu todas as suas formas. 2- Outro versículo fala de forma específica sobre a obrigatoriedade do uso do véu pelas mulheres crentes, além das esposas do Profeta (S): O Exaltado seja diz: “Ó, Profeta, dize às tuas esposas, tuas filhas e às mulheres dos crentes que (quando saírem) se cubram com as suas mantas; isso é mais conveniente, para que se distingam das demais e não sejam molestadas; sabei que Deus é Indulgente, Misericordioso.” (33:59). Neste versículo, Deus ordena a Mohammad (S) dizer às mulheres muçulmanas, suas esposas, suas filhas e às mulheres crentes para se cobrir e usar o véu, porque elas, no início do Islã, costumavam sair descobertas devido aos costumes pré-islâmicos, que ainda eram observados. Deus, então, ordenou o Seu nobre Profeta (S) dizer a elas para se proteger com o véu, proibindo-as de sair descobertas. 16 - Revista Islâmica Evidências


Observa-se que Ele começou com as esposas do Profeta (S), então pelas filhas e depois pelas crentes. Isso indica que o Profeta deve começar consigo próprio e sua família qualquer programa reformatório, uma conduta cobrada de todos os reformadores humanos. A obrigatoriedade do véu, que está em questão, começou com as esposas de Mohammad (S), porque são as mulheres que estão mais próximas do homem, e depois passou às filhas, pois elas se casam e passam a morar com os maridos. Os “jalabib”, plural de “jilbab”, são os véus que cobrem a cabeça da mulher e a protegem do estranho. “Isso é mais conveniente, para que se distingam das demais”, ou seja, o véu que cobre a cabeça da mulher e a protege dos estranhos. Além disso, o véu forma um bom conceito da mulher, tornando-a conhecida pelo pudor e virtuosidade. (E não sejam molestadas), ou seja, elas não ficam sujeitas aos maus tratos, aos olhares traiçoeiros, às agressões, evitando a maldade dos imorais. O que deduzimos do versículo é: a mulher muçulmana deve mover-se no meio das pessoas de forma que indique pudor, castidade e pureza, de maneira que essas virtudes sejam as marcas com as quais torna-se conhecida. Assim, os conquistadores libertinos perdem a esperança e não pensam em conquistá-las. Observamos que os néscios entre os jovens abordam as moças baratas, que não usam o véu. Quando as abordam, lhes dizem: “Se não quisessem ser abordadas, não estariam desse jeito”. Dirigindo-se às mulheres do Profeta (S), o Nobre Alcorão registra: “Não sejais insinuantes na conversação, para evitardes a cobiça daquele que possui enfermidade no coração.” (33:32). Este versículo mostra a relevância da dignidade e da castidade na conversa, enquanto o outro versículo mostra a importância da dignidade no andar, no ir e vir, porque os movimentos do ser humano, quando exagerados, mostram os contornos do corpo. Às vezes, a situação das vestes da mulher, seu andar e sua conversa tem significado. Dizem ao homem, sem palavras: “Dá-me o teu coração, pede-me, segue-me”. Às vezes dizem o contrário, sem palavras: “Não se coloque perante a minha dignidade”. 3. Deus, glorificado seja, diz: “E permanecei tranqüilas em vossos lares, e não façais exibições, como as da primeira época da idolatria.” (33:33) Não é intenção do preceito no versículo prender as mulheres do Profeta (S) em suas casas, pois a história islâmica nos informa que o Profeta (S) costumava fazer-se acompanhar de suas esposas quando viajava. Ele não as proibia de sair de seus quartos. Mas a intenção é que a mulher não saia de casa descoberta, sem véu, como era costume na época pré-islâmica (denominada de era da ignorância), pois a exibição significa a mulher mostrar os seus atrativos perante estranhos. Isso foi desaconselhado e proibido por Deus, principalmente para as mulheres do Profeta (S), pois o preceito é mais incisivo e a responsabilidade é bem maior. Nas palavras de Deus: “e não façais exibições, como as da


primeira época da idolatria”, indicando o aparecimento de uma outra época da ignorância no mundo. Estamos vendo os indícios apavorantes da época da ignorância dos séculos XX e XXI. Esse fato deve ser considerado uma das profecias milagrosas do Alcorão. Os árabes, na época pré-islâmica, tinham diferenças entre si e combatiam uns aos outros. O Mercado de Ukaz, por exemplo, era um campo de derramamento de sangue por motivos fúteis. Por isso, muitos foram mortos. Essa é uma verdade inquestionável. Podemos fazer um paralelo com a época da ignorância atual, em que acontecem guerras que ceifam as vidas de milhões de pessoas e deixam um número bem maior de sequelas físicas e psicológicas. Se as mulheres, na época pré-islâmica, tiravam os seus véus, deixando à mostra uma parte de seus colos, seus pescoços, seus colares e brincos, em nosso tempo há clubes de nudismo, onde os membros andam como suas mães os geraram. Os trajes de banho nas praias e nas piscinas e até nos locais e vias públicas envergonham até o lápis ao descrevê-los. Se na época pré-islâmica havia prostitutas que exibiam bandeiras sobre suas casas para convidar os clientes, na nossa época muitas pessoas exibem anúncios em jornais e revistas, na televisão e na internet, algo extremamente vergonhoso. Até mesmo a época da ignorância entre os árabes está num nível de honra superior diante da nossa época. O que dissemos é uma parte insignificante do passado, apenas para mostrar a vida daqueles que se afastam de Deus, exaltado seja. Mesmo que as sociedades e nações possuam milhares de universidades, centros científicos e cientistas famosos estão imersas na lama da imoralidade e no pântano dos vícios. Na realidade, colocam, às vezes, os centros de estudo a serviço das calamidades e imoralidades. 4. Deus exaltado seja, diz: “Ó crentes, não entreis em casa alguma além da vossa, a menos que peçais permissão e saudeis os seus moradores. Isso é preferível para vós; quiçá, assim, mediteis. Porém, se nelas não achardes ninguém, não entreis, até que vo-lo tenham permitido. E se vos disserem: Retirai-vos!, atendei-os, então; isso vos será mais benéfico. Sabei que Deus é Sabedor de tudo quanto fazeis. Não sereis recriminados se entrardes em casas desabitadas que tenham alguma utilidade para vós; Deus sabe tanto o que manifestais como o que ocultais. Dize aos crentes que recatem os seus olhares e conservem os seus pudores, porque isso é mais benéfico para eles; Deus está bem inteirado de tudo quanto fazem. Dize às crentes que recatem os seus olhares, conservem os seus pudores e não mostrem os seus atrativos, além dos que (normalmente) aparecem; que cubram o colo com seus véus e não mostrem os seus atrativos, a não ser aos seus esposos, seus pais, seus sogros, seus filhos, seus enteados, seus irmãos, seus sobrinhos, às mulheres suas


Ninguém pode ingressar em uma casa sem aviso prévio, o que a torna segura, com seus segredos e particularidades servas, seus criados isentos das necessidades sexuais, ou às crianças que não discernem a nudez das mulheres; que não agitem os seus pés, para que não chamem a atenção sobre seus atrativos ocultos. Ó crentes, voltai-vos todos, arrependidos, a Deus, a fim de que vos salveis!” (24:27-31). Deduzimos do primeiro e segundo versículos: Não é permitido aos crentes entrar em casas alheias sem permissão. O terceiro versículo excetuou os locais públicos e abandonados dos conceitos anteriores. Então, vêm dois outros versículos ligados ao relacionamento do homem com a mulher, abrangendo vários ramos: 1 – É dever de todo muçulmano, homem ou mulher, evitar dirigir olhares de desejo ao outro; 2 – É dever de todo muçulmano, homem ou mulher, ser casto, cobrir as suas partes pudicas perante os outros; 3 – É dever das mulheres usar o véu, evitando mostrar seus atrativos aos outros, e não provocar o desejo sexual dos homens; 4 – A exceção do uso do véu ocorre em dois casos: “Não mostrem os seus atrativos, além dos que (normalmente) aparecem”, referente a todos os homens; “Não mostrem os seus atrativos, a não ser aos seus esposos”. Não é permitido a qualquer pessoa, do ponto de vista do Islã, entrar em casa alheia sem permissão e conhecimento. Está claro que a filosofia desse conceito está baseada em dois pontos: Primeiro, a questão da honra e da dignidade, que significa cobrir a mulher. Daí esse conceito vir no mesmo contexto dos versículos do véu. Segundo, cada pessoa tem os seus segredos em sua casa e não deseja que os outros os vejam. É preciso saber que a filosofia do pedido de permissão não depende da presença da mulher dentro da casa, mas é absoluto e geral. Mesmo aquelas que não usam o véu podem ter uma situação particular dentro de seus lares e não desejam que os outros as vejam naquela situação. Portanto, o conceito de pedido de permissão é mais geral do que o do véu e a sua filosofia também. A frase “a menos que peçais permissão”, no versículo, significa: “não entrem nas casas sem avisar, fazendo saber quanto ao ingresso casual repentino”. A base é familiarizar-se. A frase sozinha indica a necessidade do anúncio e o pedido de permissão aos donos da casa habitada antes do ingresso nela. Não é permitida a entrada repentina, o que pode causar medo e transtorno aos outros. O pedido de permissão avisa os donos da casa que há um visitante que deseja entrar. Assim, eles podem se cobrir e ocultar o que gostam de fazer, arrumando o que desejam que seja visto. A pessoa visitante não será inconveniente. Foi narrado que um homem disse ao Profeta (S): “Devo pedir permissão para ingressar no quarto de minha mãe?” Respondeu-lhe: “Sim.” Disse o homem: “Ela não possui quem a sirva além de mim, devo pedir permissão a ela Revista Islâmica Evidências - 19


A mulher deve mover-se no meio das pessoas de forma que indique pudor, castidade e pureza toda vez que for entrar?” Disse-lhe: “Gostaria de vê-la nua?” O homem respondeu: “Não.” Disse-lhe: “Então, deve pedir permissão.” No final do versículo, é dito: “Isso é preferível para vós; quiçá, assim, mediteis”, para mostrar que o conceito está edificado em fundamentos de interesse. Então, diz o versículo: “Porém, se nelas não achardes ninguém, não entreis, até que vo-lo tenham permitido. E se vos disserem: ‘Retirai-vos!’, atendei-os, então; isso vos será mais benéfico. Sabei que Deus é Sabedor de tudo quanto fazeis.” Essa é uma forma da rejeição dos donos da casa de receber os visitantes por ter algum compromisso anterior, ou por estarem ocupados, ou por haver um inconveniente qualquer. É dever dos visitantes respeitar a vontade deles e não se chatear pela rejeição. Não devem se impor, pois é de direito natural e legal dos moradores não receber as pessoas sem um aviso prévio. Essas três regras representam o método alcorânico efetivo quanto ao ingresso nas casas dos outros. Não é permitido à pessoa ingressar em casa alheia se o seu dono não estiver presente e não tiver permissão para isso. Ele deve voltar se não lhe for permitido entrar, mesmo estando presentes os moradores. Porém, se obter permissão, ele pode entrar, sem problemas. Assim, o Islã garante ao ser humano a liberdade em seu lar. Ninguém pode ingressar em uma casa sem aviso prévio, o que a torna segura, com seus segredos e particularidade guardados dos olhares dos outros. Porém, a permissão não é exigida para se entrar em locais públicos como os hotéis, os mercados, as lojas. Esses lugares não são residências. Por isso, o versículo seguinte diz: “Não sereis recriminados se entrardes em casas desabitadas que tenham alguma utilidade para vós; Deus sabe tanto o que manifestais como o que ocultais.” Em seguida, o versículo diz: “Dize aos crentes que recatem os seus olhares e conservem os seus pudores”. Recatar o olhar significa conservá-lo baixo, sem prolongá-lo em todas as direções. O Islã visa, com isso, a formação de uma sociedade pura, distinta em suas relações e contatos, nas suas condutas, tradições e atos, de tudo que atenta contra a pureza e mancha a honra, ou avilta a moral, as sublimes características do ser humano e os costumes. Para realizar esse objetivo, é exigida do Islã uma visão real que proteja os seus membros, cerrando as portas do ilícito e da corrupção. Deve-se, primeiro, isolar o germe da doença e as causas de seu crescimento e proliferação. Segundo: aplicar a prevenção defensiva que a restringe, evitando o contágio e estimulando a imunidade. Então, aplicar o tratamento definitivo, que elimina o germe, garantindo a saúde. Assim faz o Islã. Os versículos citados garantem o distanciamento da imoralidade, que contamina a sociedade por meio do olhar adúltero, na verdade a mais 20 - Revista Islâmica Evidências


ampla das portas pela qual penetra e se espalha a epidemia. É a mais perigosa e mais influente contaminação. A primeira providência que o Islã tomou nesse comenos é o recato do olhar de homens e mulheres. O olhar gera desejo, o movimento gera desejo, o sorriso gera desejo, a brincadeira gera desejo. O caminho seguro é reduzir as causas de desejos, fazendo-os permanecer em seus limites. Então, serão satisfeitos por intermédio do casamento legal e da constituição da família. Este é o método escolhido pelo Islã, estabelecido para a raça humana para lhe conceder tranqüilidade psicológica, estabilidade mental e um vínculo inquebrantável, que une todos os seres humanos.

Quão belo o que foi dito por alguém quanto ao recato do olhar:

“Todos os acontecimentos começam com um olhar A maior parte do fogo se inicia com a menor das chispas! Quantos olhares causaram no coração do autor O que as flechas causam, mesmo sem arco e corda. Enquanto a pessoa continuar virando o olho Para o olhar das jovens, corre perigo. Satisfaz a tua pupila o que prejudica a tua alma Não é bem vida a alegria que causa dano”. Suponhamos que os homens e as mulheres crentes seguissem esse preceito, recatando os olhares. Será que isso seria suficiente para cerrar todas as portas? Não. Os olhares furtivos, sem intenção, às vezes caem sobre o que gera desejo e aplainam o caminho para o perigo. Mostrar os ornamentos e exibir os atrativos são fatores importantes na violação do olhar e no despertar do instinto, no estímulo à intriga. O que faz cessar tudo, além do véu? Suponhamos que a mulher muçulmana não saia sem véu, não mostre os seus atrativos, a não ser o que aparece naturalmente. Atrativo é tudo o que acentua a beleza ou duplica a sua atração. Enfeitar-se é um desejo de toda mulher, em todas as sociedades, em todas as épocas. É direito da mulher satisfazer esse desejo, uma vez que é inato nela. É seu direito encantar-se na sua satisfação, se os meios utilizados são legais e limpos. Porém, não é direito da mulher exibir seus ornamentos para qualquer um. O direito cessa a partir do momento em que começa a intriga ou gera-se a dúvida. Não é permitido à mulher, então, exibir os seus ornamentos. É melhor cobrir-se e se preservar. Ser de um homem só, como parceiro dela na vida. Não deve se mostrar a outro, a não ser que não haja perigo de intriga nem de dúvida. É claro que as Palavras de Deus, exaltado seja: “não mostrem os seus atrativos” significam que eles não devem ser expostos em locais públicos, gerando atração pelos seus corpos. Porque a ornamentação em si, se não for acompanhada pela exposição de algum órgão da mulher, não precisa ser oculta, não sendo proibido ao estranho vê-la. É claro, também, que as mulheres não devem mostrar as partes atraentes de seus corpos, mesmo que não ornamentados. A expressão “atrativos” é utilizada para designar os elementos de Revista Islâmica Evidências - 21


maior destaque. A indicação do versículo quanto à necessidade de se cobrir aquelas partes é clara. É certo que a intenção quanto às palavras: “além dos que (normalmente) aparecem” é indicar as partes do corpo que aparecem normalmente, entre aquelas que se podem ornamentadas. Contudo, há algumas divergências entre os interpretadores e juristas na sua determinação. O que surge a partir do exame das palavras de Deus, exaltado seja, na expressão seguinte: “Que cubram o colo com seus véus”, e da observação das obras dos Imames Infalíveis (AS) na interpretação do versículo, é que as partes do corpo que podem ser mostradas são o rosto e as mãos, com a condição de que a sua exibição não cause intriga nem dúvida. A exceção é para as mulheres já idosas, que não têm mais atrativos e não sentem mais atração sexual. Nas palavras de Deus, exaltado seja: “Quanto às idosas que não aspirarem ao matrimônio, não serão recriminadas por se despojarem das suas vestimentas exteriores, não devendo, contudo, exporem os seus atrativos. Porém, caso se abstenham, no todo, será melhor para elas. Sabei que Deus é Oniouvinte, Sapientíssimo.” (24:60). Não há inconveniente que elas fiquem sem véu, mesmo que algum estranho as veja, uma vez que não são mais atraentes e a idade desestimula os olhares dos homens sobre ela. Não devem, porém, com o abandono do véu, sair ornamentadas. Se fizerem isso, serão responsáveis por sua atitude, que não é permitida, desafiando, assim, a castidade que o Islã impõe. “Porém, caso se abstenham, no todo, será melhor para elas”: Os olhares dos homens se desviarão dela. Por isso, é-lhes permitido tirar o véu. Porém, pode ser que ainda possuam atrativos; pode ser que entre os homens haja alguém que as cobice e passe a olhá-las. Por causa dessa possibilidade, caso elas se abstenham de deixar o véu, será melhor para elas: “Sabei que Deus é Oniouvinte, Sapientíssimo”. Nossa linha de pensamento segue com a segurança contra os passos da intriga. É permitido ao homem olhar a mulher com quem deseja casar. É permitido ao médico ver os locais do exame e do tratamento do corpo da enferma. É permitido olhar a mulher para salvá-la do perigo se a sua salvação depender disso. É permitido olhar a mulher em repartição pública, tomando o seu testemunho para estabelecer um procedimento jurídico. O limite da permissão de se olhar para a mulher com a segurança da prevenção da intriga se estende alguns passos, porque esta é uma questão delicada, que só pode ser elucidada com precaução e estabelecida por medida clara. Voltemos a tratar dos versículos onde encontramos outras exceções na permissão da revelação dos atrativos: “e não mostrem os seus atrativos, a não ser aos seus esposos.” A primeira exceção estabelece a quantidade dos atrativos que é permitido mostrar para os homens em geral. Essa exceção estabelece as pessoas perante as quais podem-se exibir todos os atrativos. O primeiro círculo é mais amplo quanto às pessoas e mais estreito quanto às partes que podem ser descobertas. A maior parte das pessoas citadas pelo versículo constitui-se de gente denominada juridicamente de “mahárim”, ou seja: 1. esposos 2. pais, 3. sogros, 4. filhos, 5. enteados, 6. irmãos, 7. sobrinhos paternos 8. sobrinhos maternos, 9. as servas, 10. servos, 11. criados isentos das necessidades sexuais, 12. crianças que não discernem a nudez das mulheres. Cremos que os significados das palavras do versículo são claros, não necessitando de explicações adicionais.


Nobres Sentimentos

Assayyed Sharif Sayyed

Apresentação

do Amor

O

amor é a alegria do coração, que leva à percepção e à conquista do que se deseja. Não se pode imaginar o amor a não ser após a percepção e o conhecimento do ente amado. Ao assumirmos que este é perceptível e merecedor do nosso amor, legal e sentimentalmente, concluímos que a rejeição e o ódio fazem parte dos vícios. Já o amor é virtude. Se o sentimento de amor, contudo, for dirigido a uma pessoa censurável, dá-se o contrário. Foi dito: “O amor é tender para algo belo e prazeroso aos olhos do amante”. Se a tendência for confirmada e aumentar, passa a ser paixão, porque o coração se enamora completamente. Se aumentar ainda mais, passa a ser amor excessivo. Se aumentar ainda mais, passa a ser ardor, porque penetra profundamente no coração. Se aumentar anda mais, passa a ser veneração, porque faz do amante um servo do amado, subserviente, prisioneiro. Na realidade, o amor vivo, impulsivo, que se manifesta pela respiração ascendente, renovado pelas batidas do coração, expressa-se por palavras que muitas ou poucas, são sempre insuficientes para expressar a sua realidade. Os linguistas e outros estudiosos, não importa o que digam para mostrar o significado e seus derivados, fazem apenas meras tentativas para defini-lo, não

atingindo o âmago e a realidade última do amor. Rábi’a al ‘Adawiya, mestra do misticismo islâmico, uma das pioneiras do amor a Deus, foi perguntada como via o amor? Ela respondeu: “Não se pode descrever o que ocorre entre dois amantes, apenas dizer que são expressões de saudade, discrição e bom senso. Quem provar destes sentimentos saberá, pois é difícil de ser descrito. Como descrever algo que, estando presente, você está ausente? E na Sua presença é perseverante, ao vê-Lo se derrete, perto torna-se ébrio, está sempre à sua disposição, desatento à sua alegria, cujo respeito faz calar as línguas, cujo assombro trava a mente, em relação a Quem a dúvida paralisa os jardins de florescer. O que acontece é assombro perene, corações com insônia, segredos ocultos. O amor por seu estado decidido governa os corações”. Quanto à saudade, é a espera e o desejo por algo que está ausente. Os melhores níveis da saudade são a saudade em relação a Deus, glorificado seja, e os sentimentos de amor por Ele, o desejo de se aproximar d’Ele, pois Ele é o norte dos seguidores, a chave da porta da felicidade dos anelantes. Ter saudade de Deus é a luz que ilumina o caminho dos crentes, aumentando-lhes o resplendor toda vez que a veem: “(...) Uma luz fulgurará diante deles e, com a sua crença, dirão: Ó, Senhor nosso, completa-nos a nossa luz.” (Alcorão Sagrado, 66:8). Não há dúvida quanto à saudade dos servos de Deus, glorificado seja. Ele diz: “Por conse Revista Islâmica Evidências - 23


dia, desejando alcançar Quem ele sente saudade. Ele O invoca com a língua da saudade, expressando o seu segredo, da forma que Deus, exaltado seja, informou a Moisés no encontro de seu Senhor, dizendo: ‘Apressei-me até Ti, ó Senhor, para Te comprazer.’” (20:84). As Divisões do Amor Uma vez que o amor tem várias causas, divide-se em várias partes:

guinte, quem espera o comparecimento ante seu Senhor que pratique o bem e não associe ninguém ao culto d’Ele.” (Alcorão Sagrado, 18:110). A espera não se separa da saudade. O Mensageiro de Deus (S), em sua prece, disse: “Ó, Deus, peço-Te a satisfação após a sentença, o frescor da vida após a morte, a satisfação de mirar o Teu Generoso Rosto, e a satisfação da saudade ao encontrar-Te.” Alguns livros divinos dizem: “A saudade dos piedosos de Me encontrar já dura muito, e Eu tenho mais saudade de encontrá-los.” Deus inspirou a algumas pessoas verazes o seguinte: “Tenho servos que Me amam e Eu os amo; têm saudade de Mim e Eu deles; lembramse de Mim e Eu deles. Se tu seguires o teu caminho, amá-lo-ei; se te afastares dele, detestar-teei.” Foi perguntado: “Senhor, quais são os sinais dos Teus servos?” Respondeu: “Eles cuidam da sombra durante o dia como o pastor cuida de suas ovelhas. Desejam o pôr-do-sol como o pássaro deseja voltar ao ninho. Quando a noite cai, a escuridão se estabelece, os leitos são estendidos, as camas são armadas e cada amante se junta ao seu, armam para Mim seus pés, estendem para Mim seus rostos, invocam-Me com as Minhas Palavras, lisonjeiam-Me com as Minhas dádivas, entre gritos e choros, entre lamentos e queixas, entre os que estão em pé e sentados, inclinados e prostrados, vejo os que suportam por Minha causa e ouço o que Me pedem de amor.” O Imam Assádiq (a.s.) disse: “O saudoso não deseja comer, não aprecia beber, não lhe agrada sentar, nenhum amigo o consola, não se refugia em nenhum lar, não reside em nenhuma casa, não veste roupa, nada confessa e ama a Deus noite e 1 - Isto é, a vida terrena e após-túmulo (NE).

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Há o amor próprio. É o amor mais forte, pois depende da compatibilidade e do conhecimento e nada é mais compatível e conhecido do que a própria pessoa. Por isso, o conhecimento de si mesmo é a chave do conhecimento de seu Senhor, como o Emir dos Crentes, Ali (AS) disse: “Quem conhece a si mesmo, conhece a seu Senhor.” Se conhecermos Deus, exaltado seja, é nosso dever amar e educar a nós mesmos para obter a felicidade das duas vidas(1). Entre as categorias de amor, está o amor de uma pessoa em relação a um outro, que pode ser um indivíduo ou um ente material. É o tipo de amor entre homem e mulher, por exemplo, ou o amor da pessoa em relação a determinado alimento. A causa principal desse amor é a satisfação pessoal. Pode ser obtida rapidamente e desaparecer rapidamente. Por isso, requer cautelas, sendo necessário orientá-lo dentro do círculo de satisfação de Deus. Há o amor aos pais, que cresce na medida de nosso respeito por eles, numa relação de sinceridade, para agradarmos ao nosso Criador, glorificado seja. É um amor que não pode ser separado do amor a Deus. Há o amor aos filhos, que está no círculo da responsabilidade que Deus estabeleceu aos pais. Por intermédio deste sentimento, fundamentou a educação deles no amor ao bem, na boa orientação e nos bons costumes. Há o amor entre irmãos, que funda a estrutura da sociedade humana, pois todos provêm de um só pai e uma só mãe e são parceiros na adoração a Deus somente. Há o amor à tribo, ou seja, os parentes, que é considerado de importância vital, pois ocorre entre


parceiros de mesma carne e mesmo sangue, submetidos aos valores estabelecidos pelo Islã. Quanto mais próximas as pessoas estejam de Deus e vinculadas ao Seu amor, Deus determina amá-las. Há o amor a este mundo e ao Outro. É produto das ações estabelecidas para agradar Deus, para a habitação e administração do planeta, sendo o ser humano seu legatário. Se o amor ao mundo brota do amor a Deus, o coração fica limpo, familiarizando-se com o desejo de agradáLo. Assim, o homem se afasta dos desejos que o rebaixam no precipício das coisas proibidas. Há o amor à pátria. O homem é legatário de Deus na terra. Por isso, une o amor à pátria à fé pela sua base doutrinária. Trata-se de um sentimento limitado pela identidade em relação ao território que se habita. Há o amor do ser humano ao próximo por causa de benefício e benevolência. O ser humano é o servo da benevolência. As almas têm uma inclinação natural a amar quem for benevolente com elas e a odiar o malfeitor. Por isso, o Nobre Mensageiro (S) disse: “Deus, não permita que deva favor ao injusto, para que o meu coração não o ame.” Isso indica a tendência do coração a amar o benevolente, o que não pode ser evitado. O amor aqui não se destina ao praticante, mas ao ato em si. Não amamos o médico que nos restitui a saúde por ser médico, mas pela restituição da saúde que ele nos proporciona. Quem ama o benevolente não ama, necessariamente, a pessoa, mas a sua benevolência. Quando a benevolência cessa, o amor também cessa. Há o amor por Deus e a insatisfação por Deus. O amor por Deus significa que uma pessoa deve amar outra não por ser beneficiada por ela, mas por esta agir segundo os ditames do amor a Deus. Já a insatisfação por Deus é dirigida a uma pessoa por causa de sua desobediência a Deus. Se amamos uma pessoa que obedece a Deus, por outro lado devemos nos sentir insatisfeitos por alguém que O desobedece. Jesus (a.s.) disse: “Amai-vos por Deus, odiando os desobedientes e aproximai-vos de Deus, afastando-se deles. Esperai a satisfação de Deus, odiando-os.” O Imam Al-Báquer (a.s.) ensinou: “Se quiseres saber quem é uma pessoa do bem, verifica o seu cora-

ção. Se ela amar as pessoas que obedecem a Deus e odiar os que O desobedecem, é do bem e Deus a ama. Se odiar as pessoas que obedecem a Deus e amar os que O desobedecem, não é uma pessoa do bem e Deus a odeia, pois a pessoa estará sempre com quem ama.” Há muitas outras categorias de amor, mas nos contentamos, por enquanto, com as que citamos. Porém, o verdadeiro amado á Deus, glorificado seja. O Imam Zain al ’Abdin Ali Ibn Hussein (a.s.) disse, na sua Evocação dos Amantes: “Deus meu, quem sente o sabor de Teu amor deseja a Tua compensação; quem se familiariza com a Tua proximidade nunca deseja afastar-se de Ti.” Então disse: “Ó, Deus, faz de nós os que se acostumam com o Teu sossego e carinho. Nosso tempo constitui em suspiros e lamentos, nossas frontes estão prostradas pela Tua Magnitude, nossos olhos ficam despertos a Teu serviço, nossas lágrimas são derramadas por temor a Ti, nossos corações estão ligados ao Teu amor. Ó, Deus, a luz de Tua santidade está brilhante para quem Te ama! Ó, esperança dos corações dos saudosos! Ó, objetivo da esperança dos amantes, peço o Teu amor e o amor de quem Te ama e o amor de cada ato que me orienta para Ti. Que sejas mais amado por mim do que por outro. Faz com que o meu amor por Ti me oriente para o Teu agrado, com que minha saudade de Ti se transforme numa provisão contra a Tua desobediência. Concedeme o Teu olhar, com o olhar de amizade e de carinho por mim. Não desvia Teu rosto de mim e conta-me entre os donos da felicidade e da Tua estima. Atende-me, ó, o mais misericordioso dos misericordiosos Revista Islâmica Evidências - 25


Nós e a Vida

Parte 4

Enciclopédia da Trans

A

Eu e Sociedade

sociedade é constituída de um grupo problemas de sobrevivência. O necessitado pende pessoas e famílias vinculadas por sa em suprir as suas necessidades, não se impordiferentes ligações como crença, patando se as necessidades e as crises dos outros rentesco, interesses comuns e relações continuam. históricas, entre outras. Cada membro sente a sua Quem possui objetivo político em particupertinência à família e à sociedade, como parte lar, empenha-se em obter o seu objetivo pessode uma e outra. O membro beneficia a família e al, conquistando uma posição que ele cobiça. Ao a sociedade em que vive com sua colaboração, conseguir o seu objetivo, não se importa com o assim como absorve uma parte de seus conceitos que acontece com os outros em termos de segue do método de pensar. rança e sobrevivência. O Contudo, o indivíduo agricultor que possui terintegrante de um destes O egoísta, ou seja, ra arável não se associa grupos tem, muitas vecom os outros para a obzes, interesses e persoaquele que não pensa tenção da água ou de pesnalidade independenticidas se ele já tem acesno interesse da sociedade, tes. Ocorrem conflitos so a estes benefícios para entre os interesses do a sua plantação. Esse tipo não é verdadeiramente crente indivíduo, da família e de pessoa não olha para da sociedade. Por isso, os problemas e as quesos códigos e as orgatões do meio que a cerca, nizações humanas e divinas se preocuparam em a não ser através de seus interesses. organizar esta relação. O Nobre Profeta Mohammad (S) lançou Os ensinamentos religiosos se preocuparam suas considerações sobre esse perigoso problema em organizar a vida civil do indivíduo e da sosocial, esse egoísmo maléfico e desprezo pelos ciedade para preservar os direitos e os deveres interesses sociais, advertindo e dizendo: “Não é humanos. Da mesma forma, os estudos morais verdadeiramente crente o servo que não deseja e éticos sociais procuram equilibrar estes inteao irmão o que deseja a si mesmo.” Com este resses em bases morais, promovendo um sentidito, o Mensageiro de Deus (S) vincula o pensamento emocional sadio. Algumas pessoas não mento nos interesses da sociedade ao abandono pensam a não ser na realização de seus objetivos do egoísmo. O egoísta, ou seja, aquele que não pessoais, não se interessando quanto aos outros. pensa no interesse da sociedade, não é verdadeiO comerciante monopolizador, o vendedor e o ramente crente. Quem não pensa nos interesses produtor que manipula os preços não pensam a dos outros também não terá a contrapartida da não ser no lucro pessoal, não se importando com sociedade: ninguém pensará em seus interesses. o que acontece com os consumidores, com os poAssim, a unidade da sociedade se desintegra. Enbres, que vivem na carestia e enfrentam crises e 26 - Revista Islâmica Evidências


missão da Mensagem quanto não se realizar o sentimento psicológico e educacional sadio pelo indivíduo e a sociedade, enquanto não houver regras que protejam os interesses do indivíduo e da sociedade, esta se transforma em anarquia, egoísmo e desamparo. Assim, abre-se o caminho diante dos fortes para o domínio e o controle dos fracos. O sentimento emocional e moral existente em nosso íntimo, os sublimes princípios divinos, convocam-nos a proteger os interesses coletivos, da mesma forma que protegemos os nossos interesses individuais. Pois muitos interesses individuais prejudicam os interesses coletivos. Por isso devem ser evitados. O desvio de divisas, por exemplo, proporciona enormes lucros materiais aos indivíduos que praticam essas operações. Porém, isso causa grandes prejuízos à economia e desbarata os recursos da nação. Por isso, a Lei Islâmica proíbe e penaliza a sua autoria. Nas condutas dos virtuosos, vemos as considerações morais e a aplicação efetiva do equilíbrio entre os interesses individuais e coletivos. Dentre estes exemplos de conduta moral efetiva, temos o que foi relatado a respeito do Imam dos muçulmanos, Abu Abdullah, Jaafar, filho do Imam Mohammad Assádiq (a.s.). Um de seus companheiros, encarregado de administrar seus assuntos residenciais, de nome Mu’tab, contou: “Abu Abdullah me disse: ‘Os preços em Medina estão subindo. O que temos de alimento?’ Respondi:

‘Temos o suficiente para nos suprir por vários meses.’ Disse-me: ‘Pegue e venda.’ Disse-lhe: ‘Não há alimento em Medina.’ Respondeu-me, então: ‘Venda-o.’ Quando vendi, aconselhou-me: ‘Compre com os outros, dia por dia’.” Nessa narrativa, observamos a posição e um ato efetivo quanto à preocupação islâmica com os assuntos sociais. O Imam Assádiq (a.s.) rejeitou a aquisição no mercado, de uma só vez, do alimento que seria suficiente para suprir sua família por vários meses, armazenando-o em casa enquanto o restante da sociedade era incapaz de suprir suas necessidades diárias. Assim, com seu exemplo, ele desejou vedar a ganância, exortando os ricos, com sua atitude, a que mantenham os produtos no mercado, mesmo que tenham a capacidade de adquirir grandes quantidades de alimentos. Assim, proporcionarão maior oferta, reduzindo os preços e facilitando seu acesso a uma quantidade maior de consumidores. O Imam Assádiq (a.s.) tratou desse problema sob o princípio de preocupação com os assuntos da sociedade, sem deixar de se preocupar com os assuntos de sua própria família. Este é o exemplo sincero da fé. Deve ser dito que os malefícios causados à sociedade não livram o indivíduo de dano, mesmo que seus interesses individuais sejam realizados, pois o ser humano, como animal social, necessita viver num ambiente saudável e em segurança.

Revista Islâmica Evidências - 27


“ Interpretando o Alcorão

Assayyed Sharif Sayyed

Exegese do Alcorão Sagrado

Parte 9

Anuncia (ó Mohammad) aos crentes que praticam o bem, que obterão jardins abaixo dos quais correm os rios. Toda vez que forem agraciados com os seus frutos, dirão: Eis aqui o que nos fora concedido antes! Porém, só o serão (os frutos) na aparência. Ali terão pares imaculados e ali morarão eternamente.” (2:25) 28 - Revista Islâmica Evidências


O

versículo citado em nosso artigo da edição anterior falava do destino dos incrédulos. Este, agora, fala do destino dos crentes. Uma vez que um conjunto importante de prazeres reside na moradia, na alimentação e no casamento, Deus Altíssimo descreveu a Moradia Eterna, no versículo acima, dizendo: “jardins (jannát) abaixo dos quais correm os rios”; descreveu os alimentos, dizendo: “Toda vez que forem agraciados com os seus frutos, dirão: Eis aqui o que nos fora concedido antes!”; quanto ao casamento, disse: “Ali terão pares imaculados”. Como os prazeres obtidos por meio desses elementos são ameaçados pelo receio de que terminem, o Altíssimo explica que esse medo é inexistente, dizendo: “ali morarão eternamente”, tornando este versículo um indicativo da perfeição dos prazeres e da alegria.

Da mesma raiz vem “mujin”, que significa “o escudo que protege a pessoa”. O Altíssimo disse: “Fizeram dos seus juramentos uma coberta (para as suas más ações)” (Alcorão Sagrado, 58:16).

Os crentes sinceros morarão eternamente no Paraíso, sob os quais correm rios

Em árabe, a palavra “jardim” (jânnat), é todo pomar cujas árvores cobrem a terra. O Altíssimo diz: “Os habitantes de Sabá tinham, em sua cidade, um sinal: duas espécies de jardins, à direita e à esquerda” (Alcorão Sagrado, 34:15). O conjunto de árvores que cobrem é denominado de jardim, porque a raiz da palavra “aljan” significa “ocultar as coisas do sentimento”. Diz-se “Jannahul’ lail”, ou seja, “a noite o ocultou”. O Altíssimo disse: “Quando a noite o envolveu, viu uma estrela” (Alcorão Sagrado, 6:76).

Já o termo “janin” significa “criança enquanto no ventre da mãe”, oculta, ou seja, o feto. Allah, exaltado seja, disse: “(...) em que éreis embriões nas entranhas de vossas mães.” (Alcorão Sagrado, 53:32). O termo “janin” designa, também, a

A palavra árabe “jinán” também significa “coração”, por ser ele oculto das vistas. Revista Islâmica Evidências - 29


cova, porque cobre o morto, enquanto “jin” também é usado para designar os gênios invisíveis aos sentidos humanos. Por isso, o termo abrange os anjos e os demônios, pois todo anjo é jin, mas nem todo jin é anjo. O plural de jin é “jinnát”. Deus, exaltado seja, diz: “Minal jinnati wannáss” (entre gênios e humanos).” (Alcorão Sagrado, 114:6). Por sua vez, a palavra “jinna” significa loucura. O Altíssimo, diz: “Vosso companheiro não é um louco.” (Alcorão Sagrado, 34:46). Os jardins (jinan, plural de Jannát) citados no Alcorão são em número de sete: Jannat al Firdaus (Jardim Celestial), Jannat ‘Adn (Jardim do Éden), Jannat Anna’im (Jardim dos Prazeres), Dar al Khulud (Jardim da Eternidade), Jannat al Ma’wa (Jardim do Aconchego), Dar Assalam (Jardim da Paz) e ‘Illiyin (Planos Elevados).

ticam o bem, que obterão jardins abaixo dos quais correm os rios.” Muitos versículos do Alcorão juntam a crença com a prática do bem, porque ambas se complementam. Se a crença se infiltrar até as profundezas da alma, seus vestígios aparecem, certamente, nas boas ações. Podemos fazer uma analogia com uma lâmpada, que se for acesa num compartimento, fará com que a sua luz brilhe em todas as janelas. Com a lâmpada da crença acontece o mesmo: se brilhar no coração da pessoa, a sua claridade aparecerá nos olhos, nas orelhas, na língua, nos gestos. A crença é como o tronco de uma árvore e as boas ações são os seus frutos. A existência dos bons frutos é indicativa de uma boa raiz. A existência da boa raiz faz a árvore produzir bons frutos. É possível que indivíduos sem crença produzam boas ações, porém, isso não acontecerá, certamente, com regularidade. O que garante a permanência da boa ação é a crença infiltrada nas profundezas da existência do ser humano. Ela coloca sempre o indivíduo perante a sua responsabilidade. Após indicar a variedade dos frutos do Jardim, o versículo diz: “Toda vez que forem agraciados com os seus frutos, dirão: Eis aqui o que nos fora concedido antes!” No mundo ou no Paraíso, nada mudou quanto ao conhecimento dos frutos.

A crença é como o tronco de uma árvore e as boas ações são os seus frutos

A primeira parte do versículo diz: “Anuncia (ó Mohammad) aos crentes que pra-

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“Porém, só o serão (frutos) na aparên-


cia”, isto é, em termos de qualidade e beleza. Todos esses frutos são excelentes, sem possibilidade de se preferir um ao outro, algo diverso do que ocorre em nosso mundo quanto à madureza, cheiro, cor e sabor. “Ali terão pares imaculados”, ou seja, livres das máculas do espírito e do corpo. É possível que sejam moças virgens, de acordo com o que o Alcorão fala sobre as “húris de cândidos olhares”: “Sabei que criamos, para eles, uma (nova) espécie de criaturas. E as fizemos virgens. Amantíssimas, da mesma idade.” (Alcorão Sagrado, 56:35-37), com a pureza indicativa das vir-

gens, de acordo com as palavras do Altíssimo: “(...) jamais foram tocadas por homem ou gênio” (Alcorão Sagrado, 55:56). O par é aplicado ao homem e à mulher, cada um constituindo-se em par do outro. Assim sendo, o texto no versículo é sobre os homens crentes com mulheres imaculadas, assim como de mulheres crentes com homens imaculados. “(...) e ali morarão eternamente”, porque o Paraíso é o Lar Eterno.

O que garante a permanência da boa ação é a crença infiltrada no ser humano

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Jurisprudência

Como o Jurista (Mujtahid) desempenha a operação de dedução (Ijtihad)?

M

na adaptação dos acontecimentos, ou por uitos muçulmanos ignoram simples respostas espontâneas ou combinadas. o significado da operação A Inferência é uma operação puramente de Ijitihad (“inferência” científica. Como citamos na introdução, ou “dedução”, tendo sido possui suas fontes, provas, raízes, métodos traduzido na edição anterior de Evidências e regulamentos, da mesma forma como as como “diligência”). Alguns imaginam que ciências e conhecimentos humanos em geral, ela está ligada a uma classe particular de como a Lógica, a teólogos, por causa de Física, a Matemática, sua posição religiosa, etc. como é o caso do Papa A Inferência é uma operação na Igreja Católica. Ou Como o cientista pensam que as leis e os puramente científica, que possui da lógica, da física, pareceres jurídicos são da literatura e da resultado dos pontos suas fontes, provas, raízes, métodos matemática não de vista pessoais do e regulamentos pode colocar regras jurista. Ele é que pode particulares dele, e estabelece as de improviso e leis, baseado caprichosamente, o jurista não pode colocar em suas deduções e inferências leis e códigos particulares. A natureza da pessoais, ou justificativas de legislação islâmica e sua estrutura canônica acontecimentos em resposta a e ideológica não permitem essa operação, textos específicos, de forma mas é formada na sua totalidade como caprichosa. Essa compreensão resposta ao enganador e o falso. Isso porque sem dúvida representa qualquer dedução jurista deve estar vinculada ignorância em relação à Lei, à às suas provas, fontes, raízes, métodos e Jurisprudência e à Diligência regulamentos. Qualquer tentativa de sair Islâmica. dessas regras, métodos e planos científicos A Jurisprudência e a Inferência, no Islã, não são isso. Não há nenhuma relação ou elemento pessoal nelas. Como não é possível a operação de se justificar a realidade com base em ponto de vista pessoal ou

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representa seguimento dos desejos e abandono do espírito e dos princípios da Lei Islâmica.

Por que os Juristas Divergem?


Faltou respondermos uma pergunta não representa a lei natural da Física e da importante e perigosa. Se a Lei Islâmica Lógica em sua essência, mas a compreensão é uma só e suas regras são únicas, por que particular do cientista, que cometeu um os juristas divergem erro na identificação e emitem múltiplas da lei. O mesmo opiniões a respeito acontece em relação O jurista muçulmano de uma só questão? ao jurista muçulmano, veraz é incapaz, no aspecto Ou de maneira mais quando pratica uma científico-legislativo, de criar precisa: Por que operação na extração existe diversidade leis e prescrições caprichosamente das prescrições e das das opiniões dos leis islâmicas de suas juristas pertinentes a prístinas origens, o uma só questão? Para Alcorão e a Sunna. Às respondermos a essa pergunta, devemos vezes, ele pode cometer erro na operação de separar entre duas situações: a divergência descobrimento e de dedução. Porém, seu erro a respeito da metodologia e da prática não é cego ou de improviso, caprichoso. Pode científica. ocorrer por falta de instrumentos científicos ou capacidade pessoal. A falta de preparação Um exemplo de divergência surge da científica não lhe permite identificar a lei, inferência caprichosa, improvisada, não seguindo as condições e esgotando os meios baseada na integridade dos textos ou sem na sua operação de dedução. sólidas raízes científicas, que se coadunem com o espírito e as fontes da Lei Islâmica. Outro é resultado natural de uma atividade científica íntegra, devendo-se observar que os juristas são desculpáveis e não devem ser censurados.

Quanto às causas da divergência: Entre os Mujtahid de diferentes escolas islâmicas (Hanafita, Shafiíta, Jaafarita, Maliquita) ou de uma mesma escola, a divergência é causada pelo seguinte:

A ciência jurídica, como mostramos, é como as outras ciências e conhecimentos humanos. Como toda ciência, possui regras, fundamentos realistas e naturais pertinentes. Assim sendo, a Lei Islâmica também possui suas prescrições e regras.

1. A divergência lingüística a respeito do texto do Alcorão e da Sunna. Ela ocorre pela diferença de análise do sentido ou da recitação, o que leva à diferença na compreensão e na inferência das prescrições. Um exemplo é a divergência na análise do versículo da ablução. Nas palavras de Deus Altíssimo:

Como o físico empenha-se cientificamente para descobrir as leis da Física a partir da realidade natural, o cientista da Lógica empenha-se em descobrir as leis do pensamento de acordo com a realidade mental. Ambos são incapazes de criar por si leis particulares para a Lógica e para a Física. O mesmo acontece com o jurista muçulmano. Ele é incapaz, no aspecto científico-legislativo, de criar leis e prescrições caprichosamente e, em seguida, pintá-las com o verniz da legalidade e cientificismo. Uma falsa dedução

“Ó crentes, sempre que vos dispuserdes a observar a oração, lavai o rosto, as mãos e os antebraços até os cotovelos; esfregai a cabeça, com as mãos molhadas, e lavai os pés, até aos tornozelos. E, quando estiverdes polutos, higienizaivos” (5:6). Há alguns Revista Islâmica Evidências - 33


pensadores que defendem a plena lavagem (dois “n”), a palavra “yatharanna” significa dos membros citados, enquanto outros dizem que não se permite ter relações com a esposa que basta passar a mão úmida sobre eles. após o término da menstruação, a não ser que Da mesma forma, há divergências quanto ela se purifique (tome banho completo, ou ao termo “quru’”. Nas palavras de Deus, “ghusl”). Lida de maneira simples (“suave”), Altíssimo: “As divorciadas aguardarão o termo em árabe significa que é permitido três menstruações (thalathata quru’en)” ter relação com ela a partir da paralisação do (2:228). Os juristas têm opiniões diferentes sangramento. quanto ao significado da palavra qur’. Alguns Em qualquer assunto, a divergência entre interpretaram como “higienização”, outros os Mujtahid é quanto à obrigação de um ato como “menstruação”. Cada uma das opiniões e ou se ele é desejável, desaconselhável, se baseia na compreensão e interpretação se indica ilicitude ou aversão, se a palavra lingüística específica, porque a palavra qur’, significa veracidade ou alegoria, se as entre os árabes, é relações entre os textos aplicada tanto para a são de liberação ou de “menstruação” como restrição, entre o geral A veracidade da sentença para a “higienização”. e o particular, etc. De acordo com depende da integridade 2. A divergência essa divergência do método e das fontes a respeito da intenção lingüística, os (do Alcorão e da utilizadas Mujtahid divergem Sunna). Os Diligentes quanto ao período têm visões diferentes de espera: se são quanto à compreensão três higienizações do texto e a sua intenção, bem como à após o divórcio, ou três meses completos. compreensão das palavras de Deus, Altíssimo: A menstruação, aqui, pode ser interpretada “O divórcio revogável só poderá ser efetuado como um nome simbólico para o mês da duas vezes. Depois, tereis de conservá-las mulher, considerado como regra mensal. convosco dignamente ou separar-vos delas Há divergência, também, na com benevolência.” (2:229). “Porém, se ele recitação das palavras de Deus: se divorciar irrevogavelmente dela, não “Hatta yatharanna” (“Purifiquemlhe será permitido tomá-la de novo por se”), no versículo sagrado: esposa legal, até que se tenha casado com “Consultar-te-ão acerca da outro e também se tenha divorciado deste; menstruação; dize-lhes: É não serão censurados se se reconciliarem” uma impureza. Abstende-vos, (2:230). pois, das mulheres durante A divergência na compreensão das palavras a menstruação e não vos de Deus, Altíssimo: “O divórcio revogável só acerqueis delas até que se poderá ser efetuado duas vezes”, causou o purifiquem; quando estiverem surgimento de opiniões e prescrições jurídicas purificadas, aproximai-vos distintas. Algumas escolas afirmam que a então delas, como Allah vos esposa passa a ser ilícita para o marido se tem disposto, porque Ele declarar três vezes: “Está divorciada”, devido estima os que se arrependem e à sua compreensão ao versículo “O divórcio cuidam da purificação” revogável só poderá ser efetuado duas vezes”. (2:222). Lida com letra dobrada 34 - Revista Islâmica Evidências


Na terceira vez acontece a definitiva e não não estarem certos quanto aos significados, lhe é mais permitido tomá-la novamente até à exatidão e fidedignidade das palavras que se case com outro. Se este se divorciar nelas contidas. Podem, por seus estudos e dela, o primeiro esposo análises minuciosos, pode então casar com considerá-las ela novamente após o contraditórias em Os preceitos obtidos período de espera legal. relação ao significado Outro grupo entendeu alcorânico de uma pelo jurista estão sujeitos que as palavras de Deus Sunna reconhecida. à discussão científica e “O divórcio revogável Por isso, rejeitam ao esclarecimento legal preciso só poderá ser efetuado a tradição, quando duas vezes” indicam outros juristas a que é necessário que o aceitam por estarem divórcio seja efetivo, convencidos da e não por meras palavras, para que a esposa veracidade da tradição e da narração, passe a ser ilícita para o marido. O Alcorão aceitando-as para a sua inferência. não tenciona a repetição da declaração, mas o 5 – A divergência na consideração da acontecimento do divórcio, em que é permitido autenticidade ou não de algumas fontes, voltar atrás de forma efetiva duas vezes. Se a forma de utilizá-las como a analogia, a acontecer a terceira vez, não é mais permitido conveniência, a indução, o consenso, etc. voltar atrás. Alguns juristas baseiam-se em algumas Explicação: Se o esposo se divorciar da fontes e recorrem a elas para chegar às esposa, ele tem direito de voltar atrás. Se o prescrições, enquanto outros as rejeitam ou fizer e se divorciar dela novamente, ainda rejeitam a forma de se utilizar o meio operado tem o direito de voltar atrás. Se o fizer e se por outro jurista. divorciar dela pela terceira vez, não mais terá Assim, vemos as mais importantes causas direito de voltar atrás e ela passa a ser ilícita das divergências entre os juristas das para ele. Isso somente será admitido se ela escolas islâmicas, e os que emitem guardar o período para certificar-se de que opinião em seu nome. Por isso, faznão está grávida, casar com outro e este se se necessário que a opinião quanto divorciar dela ou vier a falecer. Terminar o à inferência divergente entre os período de espera pelo divórcio ou morte, muçulmanos esteja sujeita à crítica então é permitido ao primeiro esposo casare ao esclarecimento científico se novamente com ela. com base nas leis islâmicas 3 – A divergência de que o preceito foi ou objetivas e puras, distantes não revogado, como a divergência quanto ao do fanatismo e dos interesses casamento temporário (Muta’a), por exemplo. pessoais, para se obter o preceito 4 – A divergência quanto à aceitação ou legal que inocenta a consciência não de algumas narrativas e tradições. Alguns do responsável, de um lado, e juristas, devido às suas pesquisas científicas, permite a obtenção do objetivo concluíram pela falta de confiança no da Lei Islâmica na reforma e narrador e no transmissor de uma determinada unificação da comunidade, do tradição (Hadith). Por isso, não acreditam outro. nela ou rejeitam a narração e a tradição por Revista Islâmica Evidências - 35


Regras Objetivas: Para finalizar nosso estudo, devemos relacionar os princípios fundamentais considerados como regras objetivas para a inferência: 1 – Que o Alcorão e a Sunna sejam a fonte principal para o estabelecimento e avaliação dos preceitos; 2 – Não se pode inferir no texto. Não se permite inferência em qualquer preceito legal constante do Alcorão ou da Sunna. Ninguém tem o direito de fazê-lo, porque o Alcorão diz: “Aceitai, pois, o que vos der o Mensageiro, e abstende-vos de tudo quanto ele vos proíba.” (59:7);

pesquisa, quanto à inferência, é um método crítico, em que a opinião inferida fica sujeita à crítica, à análise, à avaliação científica pura, à procura da obtenção do preceito da melhor forma possível. Não há inferência que não aceite crítica e discussão;

6 – É preciso pureza, objetividade e liberdade de todo partidarismo ou tendências, heranças negativas, fatores pessoais ou externos, como os de ordem política e doutrinária, para adotar a opinião imediatamente e defendê-la, preservando diálogos científicos puros. A inferência é uma operação puramente científica, baseada na pesquisa e no empenho científico.

3 – Uma questão única, nas mesmas Quem é o jurista circunstâncias e condições, tem apenas um preceito que representa opinião legal íntegra. Como não é próprio de todo mundo Daí é preciso distinguir, na operação de descobrir leis físicas e lógicas caso não seja inferência, entre o especialista nestes objetivo e o resultado. campos, da mesma O objetivo é a obtenção forma não é qualquer O jurista deve ter do preceito efetivo e a um que pode exercer a inteligência, bom gosto cultural, sua revelação. Quanto operação de inferência ao resultado refereconhecimento elevado e deduzir preceitos e se à operação por ditar Leis Islâmicas. e compreensão precisa meio da qual os Portanto, para que a juristas obtêm pessoa seja jurista, mais de um com capacidade de preceito para um mesmo assunto. deduzir os preceitos legais secundários de A veracidade da sentença depende suas fontes originais - o Alcorão Sagrado, a da integridade do método e das nobre Sunna e as outras fontes consideradas fontes utilizadas. Nem todo – deve ter amplo conhecimento nestas método ou toda fonte pode áreas; deve possuir domínio completo da indicar o preceito correto; língua árabe, de forma que se capacite a entender o Livro e a Sunna lingüística e 4 – Os preceitos obtidos dialeticamente, em harmonia com a época pelo jurista são hipotéticos e da Revelação e da Mensagem; deve ter um não absolutos. Por isso, são conhecimento profundo do Alcorão Sagrado sujeitos à discussão científica e e suas ciências, que o capacite a entender e ao esclarecimento legal preciso; deduzir os preceitos e as leis islâmicas; deve 5 – De acordo com o citado também ter domínio completo da Nobre no ponto anterior, devemos Sunna, que o capacite a conhecer o que é entender que o método da 36 - Revista Islâmica Evidências


correto nela, o que foi introduzido nela, aquilo que lhe é estranho, por intermédio do estudo da tradição, de seus autores e narradores; deve conhecer profundamente a Tradição, suas circunstâncias e a capacidade de deduzir os preceitos dela, vinculando-a à Sunna e ao Alcorão; é necessária também a formação e a maturidade da personalidade do jurista, que deve estar familiarizado com as novas observações dos doutores nas ciências islâmicas, que ajudem na operação de dedução e na organização do pensamento jurídico, aprofundando o método de inferência e a sua fertilidade como. Entre estes saberes, citamos a ciência das origens da jurisprudência, a teologia dogmática, a lógica, a filosofia, etc. Os juristas islâmicos de hoje, que consideramos na dedução dos preceitos, são, como foram seus antepassados idôneos, o paradigma mais elevado na ciência, compreensão, poder de empenho e riqueza jurídica. São detentores de qualidades como a honestidade, a honorabilidade e a objetividade, porque pesquisam pela verdade e são responsáveis perante Deus, glorificado seja, quanto à sua pesquisa e dedução. O jurista deve ter inteligência, bom gosto cultural, conhecimento elevado, compreensão precisa e poder de vincular e deduzir para poder exercer a sua função com sucesso e precisão. Por isso, a inferência possui seus eruditos e especialistas, que se empenham o máximo possível, com todo a sua potência científica e capacidade pessoal sincera para obter a função de inferência e o poder de descobrir os preceitos. A Imitação Por meio deste nosso estudo, fica claro que todo ato praticado pelo ser humano, posição que toma, ou qualquer coisa com a qual se relaciona deve estar de acordo com o preceito legal e a organização legislativa que brota da Lei Islâmica.

Por isso, é obrigatório a cada muçulmano púbere conhecer os preceitos e as leis islâmicas que organizam as suas atividades de adoração, relações sociais, etc. Uma vez que esse conhecimento necessita, na maioria das vezes, de poder de empenho para ser deduzida, é dever do muçulmano, então, empenhar-se ou basearse num jurista capaz de conceder parecer jurídico, aprendendo com ele os preceitos legais para utilizá-los. Cumpre, assim, com suas obrigações, organiza suas atividades e suas diversas relações. Essa dependência do parecer do jurista é denominada imitação (Taqlid). A imitação signific: Depender do parecer do jurista para a ação e a adaptação. Portanto, a imitação é uma relação científica entre o jurista e os executantes do seu parecer jurídico (opiniões inferidas). É uma necessidade para quem não atingiu o nível de jurista, porque agir de acordo com o Islã e cumprir todas as obrigações legais depende do conhecimento dos preceitos legais. Uma vez que essa operação necessita de especialista em jurisprudência e legislação, torna-se obrigatório depender dele em todas as atividades como dependemos do médico, do farmacêutico, dos especialistas das outras ciências quando há a necessidade de um conselho científico e evidência do que se deve ou não se deve fazer. Portanto, é dever de toda pessoa consciente emular um jurista idôneo, capaz de emitir pareceres jurídicos. Assim, a pessoa responsável consegue agir e adaptar-se de acordo com a vontade de seu Criador e Orientador, o Clemente e Misericordioso, o Onisciente, o Sutilíssimo. Revista Islâmica Evidências - 37


???? Parte 5

A Continuidade

C

remos que a sabedoria Divina, assim como exige o envio dos profetas para a orientação da humanidade, exige também a presença do Imam (1) para a preservação das leis e das Mensagens Divinas do desvio e da mudança, atendendo às necessidades das pessoas em todas as épocas, convocando-as para Deus e para se apegarem à religião. Sem isso, o objetivo da criação, constituído de perfeição e felicidade, fica estéril, pois as pessoas tenderiam a se desviar do caminho da orientação e perder-se-iam as leis dos profetas. As pessoas ficariam confusas. Por isso, acreditamos na importância de seguir a um Imam, após o Profeta. “Ó crentes, temei a Allah e permanecei com os verazes!” (9:119). Esse versículo não especifica um tempo. A convocação para fazer parte (do grupo) “dos verazes” indica a existência de um Imam infalível, que deve ser seguido, em todas as épocas. Muitos exegetas do Alcorão Sagrado, tanto xiitas quanto sunitas, indicaram isso. Fakhr Eddin Arrazi, depois de um longa pesquisa a respeito do versículo acima, diz: “Ele indica que quem está sujeito a

come ter erro deve seguir os infalíveis. Estes são os que Deus, exaltado seja, determinou que fossem verazes. Isso indica que é obrigação de quem tende a cometer erros permanecer com o infalível, uma necessidade em todas as épocas, em todos os tempos.” (Attafssir al Kabir, 16:221)

A Verdade Sobre o Imamato Acreditamos que o Imamato não é mero cargo superficial de autoridade e governo, mas uma função espiritual e moral elevada. O Imam procede à orientação das pessoas nas questões espirituais e materiais, além de exercer as funções de governo e administração, proteger a lei de qualquer especulação ou desvio, auxiliando a realizar os objetivos para os quais o Profeta (S) foi enviado.

A sabedoria Divina exige a presença do Imam, para a preservação das leis e das Mensagens Divinas

Esse alto cargo Deus Altíssimo concedeu ao Profeta Abraão, após este percorrer sua jornada profética e missionária, vencendo muitas provas. Ele pediu a Deus que concedesse o cargo a alguns de sua descendência. Deus, contudo, rejeitou o pedido para alguns deles, porque esta é uma missão que os injustos não podem ocupar: “E quando o

(1) - A palavra Imam, correntemente “líder”, vem da raiz arábica “amam”, que significa “em frente de”. Portanto, o Imam é aquele que está à frente da comunidade, orientando-a nos aspectos espirituais e mundanos (NE).

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do Imamato seu Senhor pôs à prova Abraão, com certos mandamentos, que ele observou, disse-lhe: Designar-te-ei Imam dos homens. (Abraão) perguntou: E também o serão os meus descendentes? Res pondeu-lhe: Minha promessa não alcançará os injustos.” (2:124).

A Infalibilidade do Imam Quanto ao Pecado e ao Erro. Acreditamos que o Imam é como o Profeta, que deve ter a virtude da infalibilidade de todo pecado e erro. Afinal, além do que foi citado na interpretação do versículo acima, não são dignos deste posto os indivíduos dos quais são retirados os fundamentos e preceitos religiosos. Por isso, cremos que as afirmações do Imam constituem argumento legal, como no caso de seu ato e decisão.

Esse alto cargo Deus Altíssimo concedeu ao Profeta Abraão, após este percorrer sua jornada profética e missionária

Os profetas decididos ocupavam o posto de liderança moral, material, manifesta e oculta sobre as pessoas. Principalmente o Profeta Mohammad (S), a quem foi concedido cargo de liderança desde o início de sua missão. Ela não ficou restrita à transmissão dos ensinamentos divinos, mas espraiou-se para as esferas política, social e até militar. Acreditamos que a linha do Imamato, após o Profeta Mohammad (S), permaneceu entre os infalíveis de sua descendência (2). É evidente, pelo que citamos a respeito do Imamato, que a obtenção desse cargo depende de rígidas condições quanto ao temor a Deus (o temor até a infalibilidade de se cometer erro), quanto ao conhecimento em relação aos ensinamentos religiosos, ao ser humano e a suas necessidades em toda época e em todo lugar.

O Imam Protege a Lei Cremos que o Imam não apresenta uma nova lei, mas assume a responsabilidade de conservar e proteger a Lei Islâmica, de se empenhar em ensiná-la, transmiti-la e orientar as pessoas quanto ao Alcorão Sagrado e a Sunna.

O Imam é a Pessoa que Mais Conhece a Religião Cremos também que o Imam é o sucessor do Profeta. Cada Imam deve ser indicado

(2) - Na Escola Xiita, esta descendência purificada é conhecida por Ahlul Beit, ou, literalmente, “Gente da Casa” (NE).

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pelo anterior. Em outras palavras, o Imam é nomeado, como o Profeta (S) foi por Deus Altíssimo, estabelecendo-se, aí, uma espécie de “cadeia de comando”. Como foi demonstrado pelo versículo citado acima, referente ao Imamato de Abraão: “Designar-te-ei Imam dos homens.” Esta designação ocorre quando o temor sincero do crente pela autoridade divina atinge o nível da infalibilidade e o seu esforço intelectual abrange todas as leis e ensinamentos divinos, sem qualquer erro, algo possível apenas a Deus e ao Profeta. Portanto, aquele que tem a característica da infalibilidade deve ser nomeado pelo Profeta (S), não sendo tal nomeação passível de eleição popular.

O “Hadith de Athaqalain” não pode ser duvidado por ninguém, porque faz parte das tradições do tipo mutawátir (com narrações sucessivas), das quais nenhum muçulmano pode negar ou duvidar. Consta das narrativas que o Profeta (S) repetiu essa tradição mais de uma vez e em mais de um lugar. Certamente, não é possível que todos os descendentes do Profeta (S) ocupem essa posição ao lado do Alcorão Sagrado. É preciso que a indicação seja restrita aos Imames Infalíveis da descendência do Profeta (S). Algumas tradições inconsistentes e duvidosas, que não podem ser consideradas confiáveis, substituem o termo “meus familiares” por “minha Sunna”. Há outra tradição famosa na qual nos baseamos, que foi citada em fontes conhecidas e fidedignas como Bukhári, Muslim, Tirmizi, Abu Daoud e o Musnad de Ibn Hanbal, entre outros. Nela, o Profeta (S) disse: “A religião continuará estabelecida até a Hora do Juízo Final, quando se complete a linha dos doze sucessores (califas) coraixitas” (6)

A obtenção desse cargo depende de rígidas condições quanto ao temor a Deus e ao conhecimento

A Nomeação do Imames pelo Profeta (S): Acreditamos que o Profeta (S) é quem nomeia os Imames, como ficou demonstrado no conhecido Hadith(3) dos Dois Tesouros (Athaqalain), citado não apenas por fontes xiitas, mas também sunitas. O Sahih de Muslim, por exemplo, muito citado pelos sábios sunitas, registra que o Profeta (S) fez um discurso em um local chamado Khum, entre Meca e Medina, no qual disse: “Sou ser humano e é possível que o mensageiro de meu Senhor(4) venha e eu tenha de atendê-lo. Deixo-vos duas coisas importantes: Primeiro, o Livro de Deus, que abrange a orientação e a luz... E os meus familiares. Lembro-vos perante Deus dos meus familiares. Lembro-vos perante Deus dos meus familiares. Lembro-vos perante Deus dos meus familiares.”(5)

A Nomeação de Ali (AS) pelo Profeta O Nobre Profeta (S) indicou várias vezes que seu primo e genro, Ali ibn Abi Tálib (AS), seria o califa, seguindo a ordem de Deus. Em Ghadir Khum (um local próximo de Juhfa, na região do Hijaz, atual Arábia Saudita) o Mensageiro de Deus (S) fez um sermão durante seu retorno da Peregrinação de Despedida, numa grande aglomeração de companheiros. Nele disse a sua famosa fra-

(3) - Dito Profético (NE). (4) - I.é, o Arcanjo Gabriel (NE). (5) - Sahih Muslim, 4:1873. O mesmo significado consta do Sahih de Tirmizi (Sahih Tirmizi, 5:662). Nele há uma declaração clara quanto à indicação do Imam depois do Profeta (S) e de que ele viria de seus familiares (AS), como consta de Sunnan Ad Dárimi (2:432). A mesma informação consta de Khassáis An Nassá’i (20), Musnad Ahmad (5:182), Kanz Al ‘Ummal (1:185), hadith n° 945. E na maioria das fontes islâmicas conhecidas. (6) - Esse texto consta de Sahih Muslim (3:1453), com base em Jábir Ibn Samra, com base no Profeta (S). Está presente, ainda, em outras fontes, com pouca diferença (Sahih Bukhári, 3:101; Sahih Tirmizi, 4:501; Sahih Abu Daoud, 4, Livro do Mahdi).

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se: “Ó gente, não sou preferível a vocês de que vocês mesmos?” Responderam: “Sim!” Disse: “Pois, de quem sou líder, Ali é seu líder” (7). Como não visamos nos prolongar, contentamo-nos com o seguinte: “Não podemos passar por essa tradição superficialmente, ou interpretá-la apenas por amor ou amizade, apesar da sua confirmação pelo Profeta (S). Essa tradição se coaduna com o que Ibn Al-Assir disse no seu livro ‘Al Kámil’: que o Profeta (S) reuniu seus parentes e sua tribo no início de sua missão, quando foi revelado o versículo: ‘E admoesta os teus parentes mais próximos (...)’, propondo-lhes o Islã. Então, disse: ‘Quem me dará apoio nessa missão, será meu irmão, minha indicação e o meu sucessor?’ Ninguém respondeu a não ser Ali (AS), quando disse: ‘Eu serei o seu ministro, ó, Profeta de Deus.’ Então, o Profeta (S), indicando-o, disse: ‘Este é meu irmão, minha indicação e meu sucessor para vocês (8).”

(AS), que nomeou o seu filho, Mohammad Ibn Ali Attaqui (AS), este seu filho, Ali Ibn Mohammad Annaqui (AS), que indicou Imam seu filho, Hassan Ibn Ali Al-‘Askari (AS) que, finalmente, nomeou Mohammad Ibn Al Hassan Al-Mahdi (AS), que acreditamos continua vivo, aguardando a ordem de Deus para que se levante (que a paz de Deus esteja com todos eles). A crença no Mahdi (AS), que encherá o mundo com justiça depois de estar cheia de injustiça e tirania, não está restrita aos xiitas, mas crêem nisso todos os muçulmanos. Alguns eruditos sunitas escreveram livros independentes sobre a corrente de narrativas a respeito do Mahdi (AS). Há, inclusive, uma epístola publicada pela Organização da Conferência Islâmica confirmando, alguns anos atrás, a veracidade do aparecimento.

Cremos que cada um dos doze Imames foi indicado pelo seu antecessor, por inspiração divina

A Confirmação da Cada Imam pelo seu Antecessor Cremos que cada um dos doze Imames foi indicado pelo seu antecessor. O Primeiro deles foi Ali Ibn Abi Tálib (AS), indicado, como vimos, pelo Nobre Mensageiro (S) em pessoa. Ali (AS) indicou como Imam o seu filho Hassan, o Eleito (AS), então o seu outro filho, Hussein Ibn Ali, o Mestre dos Mártires (AS). Este nomeou seu filho Ali Ibn Hussein (AS), este o seu filho, Mohammad Ibn ‘Ali Al Báquer (AS), que nomeou o seu filho, Jaafar Ibn Mohammad Assádiq (AS), que nomeou seu filho, Mussa Ibn Jaafar (AS), na sequência este indicou seu filho, Ali Ibn Mussa Arredhá

Acreditamos que o décimo segundo Imam teve sua vida foi prolongada aos dias de hoje, como fez Deus com os profetas Idris e Jesus (AS), assim como outros. Ele aparecerá, com a anuência de Deus, e será encarregado com o estabelecimento da justiça e a eliminação da iniquidade.

Ali (AS) o Melhor Entre os Companheiros Acreditamos que Ali (AS) era o melhor dentre os companheiros do Profeta Mohammad (S). Sua posição no Islã vem em seguida à posição do Profeta (S). Ao m e s m o t e m p o , c o n s i d e r a m o s q u e q u a lquer exagero (ghulu) em relação ao papel de Ali (AS) é ilícito. Acreditamos q u e q u e m a f i r m a q u e A l i ( A S ) é d i v ino é incrédulo e apóstata, Isentamo-nos deste erro. É triste saber que alg u n s

(7) - Essa tradição foi narrada com base no Profeta (S), de várias maneiras. O número dos narradores chegou a 10 pessoas entre os seus companheiros e 84 da geração seguinte. Aprece em 360 fontes islâmicas conhecidas, que não temos condições de descrever aqui. Para mais informações, consultar o volume 9 do livro: Min Wahi Al-Qur’an (Da Inspiração do Alcorão, p. 181 e seguintes). (8) - Al-Kámil (“O Perfeito”), de Ibn Assir, 2:43, Beirute, Dar Sáder. O mesmo dito aparece, com pouca diferença, em Musnad Ahmad Ibn Hanbal, 1:11. Consta, também, de Sharh Nahj Al Balágha, de Ibn Abil Hadid, 13:210, além de outras fontes.

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até hoje fazem confusão entre os exagerados e os muçulmanos xiitas, apesar dos eruditos muçulmanos xiitas consideraram essa intriga estranha ao Islã.

Os Companheiros Perante a Sentença da Mente e da História Acreditamos que entre os companheiros do Mensageiro de Deus (S) há grandes personagens que se sacrificaram pelo Islã. O Alcorão cita suas inúmeras virtudes e as narrativas se ocuparam delas também. Porém, isso não significa que todos os companheiros estão incluídos entre os isentos de erro. Não significa que devemos considerar que seus atos sejam corretos sem exceção, porque o Alcorão fala, em muitos de seus versículos, a respeito dos hipócritas que se contavam entre os companheiros do Profeta (S). Temos, por exemplo, nas Suratas do Arrependimento, da Luz e dos Hipócritas versículos que os censuraram com veemência, apesar de serem, aparentemente, companheiros. Entre eles houve quem ateou o fogo da guerra entre os muçulmanos depois do falecimento do Profeta (S), violou a aclamação do Califa, derramando o sangue de milhares de muçulmanos. Podemos desculpar essas pessoas e os aceitar? Em outras palavras: como podemos considerar ambas as partes corretas, como as que se enfrentaram nas batalhas do Camelo e de Siffin (9)? Nisso há contradição inaceitável. Quem permitir isso baseado no ijtihad (inferência) e disser que um dos dois lados teve razão, pois agiu de acordo com o ijtihad e, por isso, deve ser desculpado e recompensado, comete erro inaceitável. Como pode alguém violar a aclamação do Califa do Mensageiro de Deus (S) com o argumento de ijtihad? Então, resolve atear o fogo da guerra e derramamen-

to de sangue de inocentes com o argumento de ijtihad também? Se é possível justificar o derramamento de sangue com o ijtihad, então é possível justificar todo ato com ele. Com franqueza, dizemos: Cremos que todo ser humano, mesmo que seja companheiro do Profeta (S), depende que a seus atos seja aplicado o aspecto alcorânico: “Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Deus, é o mais temente.” (49:13). Baseados nisso, devemos estabelecer a posição dos companheiros por meio de suas ações para chegarmos a uma sentença lógica que se aplique a todos eles. Quem foi um companheiro sincero na época do Profeta (S) e continuou seguindo esse método na proteção do Islã, sendo fiel à promessa com o Alcorão, após o Profeta (S), nós o consideramos dos virtuosos. Quem foi hipócrita na época do Mensageiro de Deus (S) e praticou atos que o prejudicaram, ou modificou sua conduta após o seu falecimento prejudicando o Islã e os muçulmanos, não lhe dedicamos qualquer tipo de consideração. Deus, Altíssimo, disse: “Não encontrarás povo algum que creia em Allah e no Dia do Juízo Final, que tenha relações com aqueles que contrariam Allah e o Seu Mensageiro, ainda que sejam seus pais ou seus filhos, seus irmãos ou parentes. Para aqueles, Allah lhes firmou a fé nos corações.” (58:22).

Entre os companheiros do Mensageiro de Deus (S) há grandes personagens que se sacrificaram pelo Islã

Certamente, consideramos que aqueles que se opuseram ao Mensageiro (S) durante a sua vida e após a sua morte não merecem qualquer elogio ou respeito. Não podemos esquecer aqui que um grupo dos companheiros do Profeta (S) fez o possível para divulgar a Religião Islâmica. Deus, glorificado e exaltado seja, fez referência a eles com a revelação de que as gerações posteriores que seguiram o método dos companheiros virtuosos mereciam grandes

(9) - Refere-se o autor a duas batalhas que colocaram em posição de contenda os Partidários do Imam Ali (AS) e seus adversários (NE).

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recompensas, como merecem todos os que seguirem esse método até o Dia da Ressurreição: “Quanto aos primeiros (muçulmanos), dentre os migrantes e os apoiadores (Ansar do Mensageiro), que imitaram o glorioso exemplo daqueles, Allah se comprazerá deles e eles se comprazerão n’Ele” (9:100).

O Conhecimento de Ahlul Beit (AS) Provém do Profeta (S) Cremos que as palavras, os atos e as determinações dos Imames (AS) são argumentos e ensinamentos fundamentais no Islã. Esta crença baseia-se na determinação do Profeta (S), segundo o que foi narrado quanto à necessidade de apego ao Alcorão e aos seus Familiares (AS), comprovando que os Imames da Casa do Profeta (AS) são infalíveis. Com base nisso, uma das nossas fontes jurídicas, depois do Alcorão e da Sunna Profética, são as palavras, os atos e as deter-

minações dos Imames da Casa Profética (AS). Se observarmos com precisão o que foi trazido pelos Imames (AS), pois eles se baseiam em seus pais, que se baseiam em seus pais, e então em seus pais, sucessivamente, até chegar ao Mensageiro de Deus (S) em pessoa, fica claro que suas narrações são, na realidade, narrações do Profeta (S). E nós sabemos que as narrações de pessoa fidedigna com base nos ditos do Profeta (S) são aceitas por todos os muçulmanos.

Aqueles que se opuseram ao Mensageiro (S) durante a sua vida e após a sua morte não merecem respeito

O Imam Mohammad Ibn Ali Al-Báquer (AS) disse para Jáber: “Ó Jáber, se emitirmos a vocês a nossa opinião e nossos desejos, estaríamos perdidos, mas transmitimos tradições originadas no Mensageiro de Deus (S).”

De qualquer forma, as tradições dos Doze Imames da Casa Profética (AS) adquirem o nível de consideração após o Alcorão e a Sunna Profética, com a condição de que a origem delas seja confirmada para, então, serem aceitas.


Narrativas do Alcorão e da Vida Parte 5

N

essa exposição vemos dois tipos de pessoa numa só cena de diálogo: Há o homem extremamente rico, com dinheiro, vastas terras cultiváveis, filhos, honra e pompa. E há o pobre, desprovido, que nada possui em termos materiais, mas tem o que é mais valioso e mais perene: fé em Deus, na Sua Beneficência e Magnificência. Deus, exaltado, seja, descrevendo ambos, diz: “Expõe-lhes o exemplo de dois homens: a um deles concedemos dois parreirais, que rodeamos de tamareiras e, entre ambos, dispusemos plantações. Ambos os parreirais frutificaram, sem em nada falharem, e no meio deles fizemos brotar um rio. E abundante era a sua produção. Ele disse ao seu vizinho: Sou mais rico do que tu e tenho mais poderio. Entrou em seu parreiral num estado (mental) injusto para com a sua alma. Disse: Não creio que (este parreiral) jamais pereça, como tampouco creio que a Hora chegue! Porém, se retornar ao meu Senhor, serei recompensado com outra dádiva melhor do que esta. Seu vizinho lhe disse, argumentando: Porventura negas Quem te criou, primeiro do pó, depois de esperma, e logo te moldou como homem? Quanto a mim, Allah é meu Senhor e jamais associarei ninguém ao meu Senhor.

Por que quando entraste em teu parreiral não disseste: Seja o que Allah quiser; não existe poder senão em Allah, mesmo que me visses inferior a ti em bens e filhos? É possível que meu Senhor me conceda algo melhor do que o teu parreiral e que, do céu, desencadeie sobre o teu uma centelha, que o converta em um terreno de areia movediça.” (Alcorão Sagrado, Surata Al Qahf, 32-40)

Comparação Entre as Duas Pessoas: A cena de diálogo acima descrita, entre o rico materialmente e o dono da fé profunda em Deus, mostra a identidade de cada um, mesmo ignorando os seus nomes. O importante é o conteúdo da narrativa e do diálogo, além do valor do estilo.

O dono dos pomares vê o seu valor na riqueza e nos filhos, enquanto o desprovido vê a riqueza no que ele crê

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1. O dono dos pomares pensa que seus bens são eternos, não cessam. O crente desprovido vê que aqueles bens, por maiores que sejam, estão sujeitos a desaparecer a qualquer instante.

2. Podemos pensar que o crente afirma isso por ser pobre. Mas, se ele possuísse muita riqueza, continuaria dando importância à fé e a consideraria melhor do que qualquer riqueza, pois


pensa no que permanece e não no que acaba e desaparece. 3. O dono dos dois pomares vê o seu valor na riqueza e nos filhos, enquanto o desprovido vê a sua riqueza no que ele crê. 4. O dono dos dois pomares vê que Deus irá beneficiá-lo na Outra vida também, como o beneficiou nesta vida, como parte de sua ilusão e imaginação. Ele pensa que Deus o ama por si e será generoso com ele pela cor dos olhos. O crente desprovido vê que a beneficência de Deus aos crentes e o que lhes preparou de jardins e bens no Paraíso são infindáveis. Será uma bênção mais ampla, melhor e mais perene do que Suas dádivas aos ricos na vida terrena.

os jardins terrenos, por mais ricos que sejam, podem ficar vazios por causa de uma inundação ou incêndio, transformando-os em desolação. Irão desaparecer como o dono: “Tudo quanto existe na terra perecerá. E só subsistirá o Rosto do teu Senhor, o Majestoso, o Honorabilíssimo.” (Arrahman, 26-27).

As Aplicações Práticas O dono dos dois pomares possui semelhantes e iguais na vida. Encontramos pessoas ricas, que se apóiam em suas riquezas como se apóiam num pilar fixo. Não reconhecem a benevolência de Deus nem se lembram d’Ele, não O agradecem. Imaginam que o que possuem é fruto de suas próprias mãos, como disse o riquíssimo Karun: “Isto me foi concedido devido a certo conhecimento que possuo!” (Al Qassas, 78)

Encontramos em nosso meio pessoas ricas, que se apóiam em suas riquezas como se fossem um pilar fixo

5. O dono dos dois pomares não crê que haja uma força maior do que a sua, que possa destruir o que ele possui, mesmo se houver uma inundação, enquanto o pobre vê que aquela situação não irá durar. Que


Encontramos pessoas ricas com dinheiro, imóveis, propriedades, porém são pobres de espírito, avarentas, débeis em sua fé e práticas. Pensam que estão em fortalezas inexpugnáveis, que não serão alcançadas pela morte. Encontramos um terceiro tipo de gente, que olha para os que estão em nível inferior de forma depreciativa, mesmo que estes sejam superiores a eles no âmbito religioso, prático ou cultural. Consideram que as suas propriedades são mais importantes do que a fé, o conhecimento, os bons atos e o empenho.

Temos, portanto, na parábola acima, duas realidades: a do rico, dono de dois pomares, e a do “pobre e desprovido”, ambas possuindo reflexos no ambiente social. Algumas pessoas respeitam o rico mais do que o pobre. Abrem espaço em suas reuniões e se levantam na presença dele para engrandecêlo. Se o rico lhes pedir a mão de alguma filha em casamento, apressam-se em aceitar o pedido. Se pedir um favor, apressam-se em atendê-lo, não fazendo isso com os crentes desprovidos, a não ser dificilmente. Isso significa que os dois tipos citados nos nobres versículos continuam vivos em nossas sociedades. E que a figura do dono dos dois pomares é a que mais chama a atenção, apesar de o dinheiro não representar valores intrínsecos de humanismo, conhecimento, caráter e solidariedade, tão necessários ao ser humano

Há, também, um terceiro tipo de gente, que olha para os que estão em nível inferior de forma depreciativa

Em oposição a esses estilos de vida, vemos pessoas pobres, que pouco possuem em bens terrenos, mas que são ricas pela castidade, com esperança e fé em que as dádivas terrenas, por maiores que sejam, nada são comparadas às dádivas da Outra Vida. Para esta se empenham e não esquecem o seu quinhão.


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Sinais Fundamentais da Mensagem Islâmica

Parte 5

As Particularidades da Mensagem Islâmica

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Lei Islâmica possui uma série de particularidades e aspectos pessoais pertencentes à natureza do seu conteúdo, legislação e método de divulgação. Ela revela os seus efeitos e distingue seu espírito em cada legislação, idéia e norma. Para lançarmos uma luz sobre essas particularidades, é melhor estudá-las e esclarecer as compreensões e os fabulosos conteúdos concentrados nelas, apresentando-os como segue:

1.A Eternidade A eternidade do Islã é a sua continuidade, a extensão de sua mensagem enquanto a humanidade viver sobre a terra. O Islã é eterno porque é a derradeira das legislações e o complemento das mensagens que vieram antes dele, expressando a

benevolência e a misericórdia de Deus pelas Suas criaturas. O homem, em cada etapa da história, em cada período de sua vida, não pode prescindir da religião. Está sempre necessitando de uma Revista Islâmica Evidências - 47


traçaram o aspecto da eternidade e da perenidade religião que o oriente, uma fé que da Lei Islâmica. Eles expuseram em detalhe o seu o salve da ignorância, do domínio dos conteúdo e objetivos, de um lado, e os elementos do sedutores e do desvio da disciplina. Foi tempo e do espaço, do outro, para fornecer às bases da anuência de Deus, glorificado seja, que da lei e às suas sentenças o aspecto de eternidade o Islã fosse essa religião, acompanhando a e a aplicação desprovida de qualquer influência humanidade na sua marcha, abrangendo aspectos exterior. A Lei Islâmica se relaciona com o ser de renovação e de desenvolvimento na sua vida, humano com imparcialidade e objetividade, para porque é a religião capaz de iluminar o caminho ser aplicada a todo membro da raça humana, em diante do ser humano e comandá-lo na direção todas as épocas e etapas, levando em consideração do bem-estar e do sucesso. Quão admirável é a que o ser humano, na sua formação, natureza, descrição do Imam Ali (a.s.) a respeito dessa Lei necessidades, tendências e instintos, está sujeito Eterna, esse método vivo, que foi revelado ao a mudanças ou trocas, devido à sua exposição ao derradeiro dos profetas, o Profeta Mohammad tempo, lugar e outras circunstâncias exteriores. (S). Disse o Imam (a.s.): “Então, Deus lhe enviou o Livro como uma luz, cujas chamas A mudança e a não podem ser evolução acontecem nos apagadas, uma meios e nos métodos candeia cujo O Alcorão é uma que o ser humano brilho não se utiliza para satisfazer constituição completa extingue, um suas necessidades oceano cujas de vida, um apelo para psicológicas e profundezas orgânicas e expressar a orientação e salvação não podem ser seus pensamentos e sondadas, um sentimentos. Com o caminho cuja direção crescimento e a evolução não pode extraviar, um dos meios e métodos vitais, ou o que se chama de raio cuja luz não escurece...”.1 “evolução cultural”, aumentam e expandem-se O Imam Jaafar Ibn Mohammad Assádiq (a.s.) ilustrou o que significa esta eternidade e extensão da Lei Islâmica, dizendo: “O Alcorão é vivo e não morre, ele segue como seguem o dia e a noite, como seguem o sol e a lua, segue para o último como segue para o primeiro.” O horizonte dessa idéia se amplia em esclarecimento e a sua dimensão se enche de clarividência com a declaração do Imam Al Báquer (a.s.): “O Alcorão é vivo e não morre, o versículo é vivo e não morre. Se o versículo fosse revelado para as pessoas e elas morressem, o versículo morreria com elas e o Alcorão também morreria. Mas ele segue seu curso para os que ficam, como seguiu para os anteriores.” Com esse estilo expressivo perfeito, os líderes do pensamento e os Imames Imaculados (a.s.) 1 - ALI, Imam. Nahj Al Balágha, sermão 198.

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os bens e serviços, crescem e se multiplicam as necessidades e os meios de satisfazê-las, como os meios de transporte, tratamento médico, moradia, ensino, alimentação, etc. Ao nos aprofundarmos na análise desse aspecto, descobrirmos os elementos essenciais que fornecem à Lei a substância da eternidade e da perenidade, que são:

A) A Amplidão e a Abrangência Entre os fatores importantes que ajudam a Lei Islâmica a permanecer e se eternizar diante do ser humano estão a sua amplidão e abrangência. A Lei Islâmica é abrangente e trata dos assuntos da crença, da adoração, da moralidade, dos diferentes códigos que organizam os assuntos familiares, da nação, do tesouro, da economia, da guerra, da paz, das relações terrenas e do trabalho, como abrange as várias atividades individuais


de novas relações financeiras, políticas, do homem, como a higiene, os alimentos, as econômicas e sociais - como as casa de câmbio, bebidas, a proteção da saúde física, das situações sociedades econômicas, as diversas instituições psicológicas, etc. O Alcorão Sagrado indicou financeiras e comerciais, os clubes de investimento essa verdade e a esclareceu, dizendo: “Temos-te e organizações revelado, pois, o Livro, associativas, as que é uma explanação instituições sociais de tudo, é orientação, Deus estabeleceu um e administrativas, os misericórdia e limite para cada coisa, sistemas de governo, o boas-novas para os desenvolvimento das muçulmanos” (Alcorão determinando um castigo relações entre trabalho Sagrado, 16:89). para quem ultrapassá-lo e produção – enfim, O Alcorão, pela toda essa ampla amplidão de seus rede de relações conceitos, a extensão de encontra um suas regras e a abrangência de seus versículos, é 4, uma raiz legislativa cobertura canônica uma constituição completa de vida, um método que a compreende e regula de acordo para o governo e para a política, um apelo para com a opinião e o método do Islã. Essa a orientação e para a salvação, cujo conteúdo compreensão ideológica e legislativa é a a Sunna2 profética garantiu revelar e explicar, causa da eternidade da Lei e a extensão de definir as fontes de suas aplicações, esclarecer sua existência. É o elemento principal, a suas partes e detalhá-lo na sua totalidade. Com fonte básica para abranger tudo que surge e isso, produziu-se essa unidade legislativa formada evolui no mundo humano. pelo Livro (o Alcorão) e pela Sunna, constituindose um conteúdo sistemático de ampla extensão ideológica. Essa verdade positiva da Lei Islâmica inspirou a estruturou a base legislativa do Islã, que diz: “Não há acontecimento sem a sentença de Deus.”

Os versículos e as tradições provenientes dos Familiares do Profeta3 (AS) declaram e confirmam essa verdade. O Imam Abu Jaafar Mohammad Al Báquir (a.s.), disse: “Deus, abençoado e exaltado seja, nada deixou que a comunidade necessitasse sem que o tenha revelado em Seu Livro e evidenciado ao Seu Profeta (S). Ele estabeleceu um limite para cada coisa e uma indicação para ela. E determinou um castigo para quem ultrapassar o limite.” Assim, a legislação islâmica reúne todos os textos e confirma a amplidão do Islã, a extensão de seus horizontes legais, sistemáticos, ideológicos, ritualísticos, para que o muçulmano saiba que o Islã possui opinião, código e posição quanto a qualquer questão, acontecimento e assunto que surja no mundo humano, independentemente de tempo e lugar.

B) A Flexibilidade

Ao examinarmos a vida do ser humano e definirmos as suas necessidades de sobrevivência, crescimento e aperfeiçoamento, verificamos que estas se dividem em duas partes: Uma é constante, permanente, imutável e está relacionada com as necessidades humanas constantes, vinculadas ao instinto, à natureza e à existência: o alimento, a água, a vestimenta, o casamento, a saúde, o conhecimento, a segurança, etc. Todas essas necessidades humanas são constantes, existentes no próprio homem, estão atadas a sua formação e natureza, na qual estão presentes os estímulos imutáveis. Estas características não mudam, por mais que se alterem as circunstâncias ou se transformem os meios de vida. Quanto ao outro aspecto das necessidades humanas, ele diz respeito aos meios e métodos

A evolução da vida humana e o surgimento 2 - Literalmente, “caminho”. Contempla as práticas do Profeta Muhammad (A.S.). (NE). 3 - “Ahlul Beit”, literalmente, “Gente da Casa” (NE). 4 - Do árabe “qanun”, ou seja, “lei”, “norma” (NE). Revista Islâmica Evidências - 49


crença. É uma espécie de “constância do conteúdo e que garantem ao ser humano a resposta capacidade de mudança na forma, em cada questão às suas necessidades constantes, permitindoem relação à qual o Islã não tenha estabelecido uma lhe agir para satisfazê-las. Esses meios e característica ou forma particular.” métodos representam o lado mutável, evolutivo, da vida do homem. Os meios de produção C.)A Diligência de alimentos, vestimentas, moradia, saúde, O terceiro fator básico quanto à perenidade conhecimento, defesa e segurança, os métodos da lei, estabelecida ao mesmo tempo em que de administração e organização das atividades há o poder de absorver tudo o que for novo e políticas, sociais e econômicas, evoluem em evolutivo na vida do ser humano, é a aceitação, quantidade e complexidade dia após dia. Por no âmbito da Lei Islâmica, do ato de Diligência. isso, o Islã organizou o lado constante da vida, Este é entendido como um ato científico, que os colocando bases e regras gerais, considerando-o juristas e os especialistas na legislação islâmica uma verdade existencial constante no próprio utilizam para obter regras, leis e conceitos que homem. E considerou a parte evolutiva da o ser humano necessita na sua vida, retirados vida humana como uma dimensão aberta, das fontes básicas do Islã. O Alcorão Sagrado e a movimentar-se de acordo com regras e a nobre Sunna profética conceitos gerais são a fonte fundamental que traçam para e principal para a ele os caminhos Esta é a religião que operação de Diligência. de crescimento e estabelecendoilumina o caminho do ser A Diligência possui lhe a marcha. técnicos especializados

humano e comanda-o

no estudo das Leis Cada evolução na direção do bem-estar e sucesso Islâmicas e absorção do aspecto dinâmico de seus conceitos, da vida humana na “digestão” dos encontra a sua porta seus conteúdos e no legislativa aberta e entendimento dos seus objetivos e motivos. uma regra canônica em geral que se debruça Assim, torna-se capaz de estabelecer os preceitos, sobre ela, condicionando-a aos limites do os conceitos e as regras necessárias para a respeito, aos conceitos da lei e suas bases sociedade, o indivíduo e a nação, em diferentes fundamentais. O homem, assim, só pode assuntos da vida. Esses juristas e especialistas agir dentro dos limites determinados pelos da Legislação fixam suas atividades científicas interesses e segurança da humanidade. dentro do círculo das fontes fundamentais. Os Assim, o Islã permanece como uma juristas imamitas5 citam quatro fontes para a possibilidade aberta: incorpora tudo Legislação Islâmica: O Alcorão Sagrado, a Sunna o que é novo e que traz o bem da profética, as decisões intelectuais e o consenso. humanidade e seu crescimento.

Contudo, segue um alerta: antes de terminarmos o assunto que trata da flexibilidade legal, devemos ter cuidado para não misturar os conceitos e entender de forma errada essa característica da Lei Islâmica. É preciso que esteja claro para nós que a flexibilidade permitida no Islã não significa a mudança do seu espírito, a troca de seus preceitos ou a especulação quanto aos seus conceitos. O que se deseja com a flexibilidade é a capacidade do Islã de aceitar diferentes formas de adaptação e execução, dentro de seu círculo geral de 50 - Revista Islâmica Evidências

Portanto, a Diligência é um empenho científico, baseado em fontes legislativas específicas, apegado a um método inventivo específico. Sem essas fontes e esse método científico, não passa de um ato de capricho, um desvio maléfico do espírito e dos objetivos da Legislação. Afinal, não é qualquer fonte ou método que é capaz de oferecer a sentença legislativa, realizar os objetivos legais ou seus propósitos legislativos. Por isso, a Diligência estabelece as fontes fundamentais no Islã (o Alcorão e a Sunna),


recorrer aos especialistas e depender deles em que constituem uma corrente que segue como cada novo acontecimento ou no surgimento o rio abundante, que fornece água aos riachos, de algo novo no mundo. Deus, o Altíssimo, diz: aos canais e aos afluentes deles, para regar “Ao tomarem (os hipócritas) conhecimento de todas as superfícies distantes de seu leito. Se qualquer rumor, quer seja de tranqüilidade ou considerarmos o rio como sendo o Alcorão e a de temor, divulgam-no espalhafatosamente. Sunna; as superfícies da terra como os assuntos Porém, se o transmitissem ao Mensageiro ou às e as questões inovadoras no mundo humano; suas autoridades, os discernentes, entre estes, e a rede de canais e riachos afluentes como as saberiam analisá-lo. Não fosse pela graça de novas determinações em termos de regras e leis, 6 ocupa o lugar do Deus e pela Sua misericórdia para convosco, diríamos que o “Diligente” teríeis todos seguido Satanás, salvo poucos” engenheiro, o engenheiro excelente, que nos abre (Alcorão Sagrado, 4:83). os canais e satisfaz o terreno sedento de água. Por isso, a paralisação da Diligência surge como Nesse texto corânico há uma ordem clara a operação de fechar o canal de água abundante, para se recorrer a quem se confia, após o não permitindo a distribuição do precioso Mensageiro de Deus (S), no conhecimento líquido à rede de canais que fornecem à terra a das situações e dos preceitos, para absorver umidade e a fertilidade. Por fim, causa a aridez o que possa acontecer ou renovar o mundo e a esterilidade do solo. muçulmano. Uma vez que o Islã é a Deve-se levar fertilidade do mundo, em conta que a o desenvolvimento da A Lei Islâmica Diligência não humanidade, ninguém significa mudar relaciona-se com tem o direito de paralisar os preceitos do a fluência dessa o ser humano com Islã e seus princípios importante corrente, que imparcialidade e objetividade constantes (inovação foi destinada a penetrar ), ou brincar com as barragens do tempo eles, o que seriam e regar as superfícies dois terríveis da vida: “Óh, crentes, atendei a Deus e ao pecados. Estes princípios são regras Mensageiro, quando ele vos convocar à fixas e, portanto, imutáveis. A operação salvação. E sabei que Deus intercede entre de Diligência, que envolve compreensão o homem e o seu coração, e que sereis e exegese responsáveis, não passa de congregados ante Ele” (Alcorão Sagrado, 8:24). empenho científico do jurista, numa Por isso, os muçulmanos foram ordenados a

tentativa de conhecer o texto e tirar dele o significado para o estabelecimento das regras gerais, os códigos e as sentenças exigidas. Se o Diligente errar na compreensão e absorção destes elementos, o princípio alcorânico e o texto profético permanecem eternos, protegendo o seu espírito e sua originalidade, não sendo prejudicados pelo erro do Diligente nem sendo influenciados pelas alterações da compreensão humana. Por isso, a base de prevenção islâmica diz: “Não há Diligência quanto ao texto.”

6 - Em árabe, “mujtahid” (NE). Revista Islâmica Evidências - 51


Práticas islâmicas

As Preces Diárias A prece de domingo “Em nome de Deus, unicamente de Quem almejo favores, só temo a Sua justiça, não aceito a não ser Suas palavras, não me apego a não ser ao Seu Vínculo. Em Ti peço refugio, ó Perdoador e que concede satisfação diante da injustiça e da opressão, da mudança dos tempos, da sucessão das tristezas, da desgraça das inovações, do esgotamento do tempo antes da preparação e dos instrumentos. A Ti peço orientação para o que constitui a salvação e a reconciliação, Peço-Te ajuda para o que constitui sucesso e êxito. A Ti desejo na obtenção da perfeita vitalidade, a abrangência da constância da segurança. Peço refúgio em Ti, ó, Senhor, do sussurro dos demônios, guardo-me na Tua autoridade contra a tirania dos governantes. Aceita as minhas orações e jejuns, faz de meu amanhã e o dia que o sucede melhor do que a hora e o dia presente. Honra-me na minha tribo e povo, Protege-me estando desperto ou dormindo, pois és o melhor dos protetores e és o mais misericordioso dos misericordiosos. Ó, Deus, recorro a Ti nesse dia e nos que o sucederão contra a solidão, o politeísmo e o ateísmo. Dirijo a minha prece somente a Ti, esperando ser atendido, submeto a minha alma à Tua obediência para ser recompensado. Abençõe Mohammad e seus Familiares, as melhores dentre Tuas criaturas, que convocam para a Tua religião. Honra-me com a Tua honra inigualável, protegeme sob o Teu olhar que não dorme. Finalizo colocando a minha questão na Tua mão, aguardando o Teu perdão, pois és o Indulgente, o Misericordioso.” 52 - Revista Islâmica Evidências


Explicação da prece (Em Nome de Deus): Ingresso nesse dia, pelo que me foi concedido de prolongação da vida, de força, de aumento da conscientização no enfrentamento das adversidades e da irresponsabilidade do ser humano. (Unicamente de Quem Almejo Favores): porque Ele é quem concede tudo ao ser humano em termos de potência da mente, de força dos sentidos, de agudeza dos sentimentos, colocando nele todos os instrumentos que movem sua vida, numa organização em que se integram os órgãos. Ele é Quem protege a nossa vida, concedendo-nos todas as coisas que suprem nossas necessidades, cumulando-nos com Sua bondade e benevolência. Não há favor a não ser o d’Ele, mesmo que os outros façam o que precisamos, pois é por intermédio da riqueza concedida por Deus e de Sua inspiração que os homens agem. Portanto, Deus está por trás de tudo e a graça pertence a Ele em tudo: “Tal é a graça de Deus, que a concede a quem Lhe apraz, porque é Agraciante por excelência” (Jum’a, 4). “Todas as mercês de que desfrutais emanam d’Ele” (Nahl, 53). “E se contardes as mercês de Allah, não podereis enumerá-las” (Ibrahim, 34).

proibições. A Sua justiça, exaltado seja, é baseada na precisão da prestação de contas e na retidão da sentença. Deus, exaltado seja, disse: “O Livro-registro será exposto. Verás os pecadores atemorizados por seu conteúdo, e dirão: Ai de nós! Que significa este Livro? Não omite nem pequena, nem grande falta, senão que as enumera! E encontrarão registrado tudo quanto tiverem feito. Teu Senhor não defraudará ninguém.” (Kahf, 49). Por isso, enfrento a Sua justiça, com temor respeitoso. Como não temer a Sua justiça perante tudo, quando sou aquele que a prece diz: “Ó Deus, se quiser nos perdoar será pela Tua graça, e se quiser nos castigar será por Tua justiça. Portanto, facilita-nos o Teu perdão como favor Teu e perdoa-nos de Teu castigo, pois não conseguimos suportar a Tua justiça e ninguém está salvo sem o Teu perdão.”

Deus é Quem protege a nossa vida, concedendo-nos todas as coisas que suprem nossas necessidades

(Só Temo a Sua Justiça): devido aos pecados que cometi, desviando-me das injunções d’Ele, que me encarregou de obedecer Seus mandamentos e

(Não Aceito a Não Ser Suas Palavras): porque as Suas palavras são a verdade. Todas as palavras que não estão ligadas à Sua mensagem nem se inspiram na Sua revelação são falsas. Deus, exaltado seja, disse: “Isto porque Deus é a Verdade; e o que invocam, em vez d’Ele, é a falsidade. Sabei que Ele é Grandioso, Altíssimo.” (Hajj, 62). À luz disso, é meu dever, na linha do meu pensamento e dinâmica, assumir a responsabilidade, incorporando as Tuas palavras, na revelação que enviaste por meio de Tua Missão ao Teu Mensageiro. (Não Me Apego a Não Ser ao Seu Vínculo): que é o Alcorão, que orienta para a verdade, concedendo à mente consciente e aberta ao desco Revista Islâmica Evidências - 53


minha debilidade perante sua força, agem sobre mim com seus métodos selvagens, porque, ó Senhor, és Quem possui todo o poder, protege os injustiçados e rejeita os tiranos. Peço refúgio em Tua Onipotência, que tem origem na Tua Misericórdia, que me proteja da injustiça que possa me ocorrer, da inimizade que desafia a minha existência, do que não posso pagar, pela minha modesta força.

nhecido o que não possui meios de atingir, os testemunhos com os quais resolve seus problemas, complementando a mente na sua ponderação alcorânica, apegando-se aos seus exemplos. Deus nos ordenou, em Seu Livro, a nos apegarmos ao Seu Vínculo, considerando que Ele representa a base da unidade. Daí as palavras de Deus: “E apegaivos, todos, ao vínculo de Deus e não vos dividais” (Ál Imran, 103). Se o Alcorão é o Vínculo de Deus, de acordo com algumas interpretações, ele sumariza todo o Islã, nas suas doutrinas, legislações, entendimentos e ponderações.

(Da Mudança Dos Tempos): e de suas inversões, do desenrolar dos acontecimentos e das mudanças, que deixam suas influências em nós nos nossos assuntos gerais e particulares, no que pode destruir a nossa situação, embaraçar a nossa economia ou elimina a nossa segurança. Pedimos refúgio em Ti, Senhor, para que reduzas as influências negativas de tudo aquilo que é mau. (Da Sucessão Das Tristezas): que pesam sobre a alma e o coração, causadas pelas desgraças pessoais que atingem o homem em seus bens e em sua honra, ou a aflição em movimento nas importantes questões das pessoas, dependendo de suas relações com essa ou aquela questão. A sucessão das tristezas, de uma situação a outra, deixa a sua influência negativa sobre o ser humano, transformando-o numa pessoa que vive a aflição psicológica, separando-se, em seguida, da realidade dinâmica ao seu redor, distanciando-se da alegria. Ele fica numa situação de ausência, devido aos perigos psicológicos e à angústia, perdendo o seu equilíbrio.

Pedimos refúgio em Ti, Senhor, para que reduzas as influências negativas de tudo aquilo que é mau

(Em Ti Peço Refugio, ó Perdoador e Que Concede Satisfação): Ó, de Quem desejo o perdão, para me aceitar na Sua misericórdia, e desculpe-me pelos meus erros, sem me rejeitar, à procura de Sua satisfação, com a qual cumula Seus servos, que se voltam a Ele e recorrem ao pedido de Sua satisfação. Peço refúgio n’Ele de tudo que pesa na minha consciência, que pressiona os meus sentimentos e sentidos. (Da Injustiça e Da Opressão): os opressores se aproveitam da

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(Da Desgraça Das Inovações): peço refúgio em Ti, Senhor, das sucessivas novidades do clima, que atingem a vida das pessoas em hora de aflição; de acordo com o movimento do sistema natural, representado pelas inundações, tremores de terra e vulcões, e do movimento do sistema humano, que causa guerras, discussões e disputas.


(Do Esgotamento do Tempo Antes da Preparação e Dos Instrumentos): a questão que tememos é o destino na Outra Vida, quando somos acometidos com o fim antes da preparação para nos apresentarmos perante Deus: “Recorda-lhes o dia em que cada alma advogará pela própria causa e em que todo o ser será recompensado segundo o que houver feito e (ambos) não serão defraudados” (Nahl, 111). Essa é uma condição aflitiva do ser humano. Protege-me, Senhor, de tudo isso. (A Ti

peço Orientação Para o Que ConstiSalvação e a Reconciliação): Tu, Senhor, é que concedes a orientação à mente, fornece consciência para se descobrir as causas que levam à reforma pessoal e da realidade ao nosso redor, na linha de nossa responsabilidade, e pelo muito que foi inspirado, pelo que revelaste em Teu Livro e transmitiste por meio de Teus mensageiros. Por isso, recorro somente a Ti, Senhor, para me cumular com Teus favores abrangentes.

tui a

teriores. Pedimos-Te que nos conceda a vitalidade permanente. (A Abrangência da Constância da Segurança): és, Senhor, Quem concede a Vida e a morte; portanto, concede-nos a segurança na sua abrangência, a todas as nossas situações, e a sua constância até a nossa morte, pois Tu és Onipotente. (Peço Refúgio em Ti, ó Senhor, do Sussurro dos Demônios): em seus movimentos ocultos e seus sussurros maliciosos, que penetram as mentes e os sentidos, nos seus passos que se mesclam com a segurança, a paz, o movimento e a integridade humanos, as relações gerais entre as pessoas, inspira-os os ornamentos da fala, que distanciam o ser humano da senda reta.

Recorro somente a Ti, Senhor, para me cumular com Teus favores abrangentes

(Peço-Te Ajuda Para o Que Constitui Sucesso e Êxito): porque, Senhor, vou planejar um empreendimento que diz respeito à minha religião, ou à cultura, ou à vida, preparando-me todas as oportunidades de sucesso, chocando-me com alguns obstáculos, impedimentos, ou contrariedades, fazendo ruir os elementos do sucesso no mesmo ato ou empreendimento, ou nas tentativas de sucesso. Peço-Te, Senhor, ajuda de Teu poder, que não conhece incapacidade, de Tua bondade, que inunda todas as coisas, transformando a debilidade em força, concedendo às situações a mudança do insucesso para o sucesso. Peço-Te que me prepare um pouco de tudo, porque os assuntos estão em Tuas Mãos e Tu dominas toda a realidade, tanto na sua força como na sua debilidade, Pois Tu és a Quem Se recorre e a esperança reside em Ti. (A Ti Desejo na Obtenção da Perfeita Vitalidade): és, Senhor, o protetor da vitalidade, que nos concede a imunidade por nós pretendida, pois não possuímos poder contra os acidentes ex-

Concede-nos, Senhor, o que nos conscientiza em relação aos Teus planos, os Teus movimentos e o que nos torna daqueles que atingem o nível de abertura para Tua Unicidade. Estimula nossa sinceridade para contigo, para que possamos nos apresentar a Ti e Adorar-Te com sinceridade, distantes da adoração de Satanás e seus amigos, pois não há ninguém para ser adorado além de Ti e não há outra divindade além de Ti. (Guardo-me na Tua Autoridade Contra a Tirania dos Governantes): a Tua autoridade, Senhor, está acima de qualquer outra, porque qualquer poder adquire sua força do que lhe concedeste de poder e lhe forneceste de meios para o poder. A Tua autoridade está acima de qualquer coisa. Portanto, incluame sob a Tua autoridade para proteger-me da tirania dos governantes, que aproveitam do poder e da arrogância, para que eu não me rebaixe perante suas ameaças e promessas, suas pressões psicológicas e externas, para debilitar a minha determinação Revista Islâmica Evidências - 55


de enfrentamento, o meu movimento de defesa, estendendo sobre mim o poder de Teu Poder e refugiando-me sob a Tua autoridade da autoridade deles. (Aceita as Minhas Orações e Jejuns): aproximei-me de Ti com orações e jejuns em adoração a Ti, em submissão à Tua Soberania, em cumprimento às obrigações quanto à Tua adoração, e o que me determinaste para obedecer-Te, com sinceridade, na medida de meu empenho, que pode se desviar do caminho, tender de seu objetivo, devido à negligência total e a ausência espiritual, para ascender-me a Ti com a minha alma na minha oração, e abrir-me à profundeza do sentimento de piedade no meu jejum. Peço-Te que as aceite, perdoe a minha deficiência, aumente os Teus favores, pois Tu és, Senhor, o Benevolente para com Teus servos, e és o Generosíssimo.

Senhor, que me favoreça para aproveitar melhor o tempo, no saldo do crescimento espiritual, cultural e dinâmico nos dias futuros. (Honra-me na minha tribo e povo), pois, Senhor, queres a honra para os crentes: É o que dizes no Teu Livro Sagrado: “A honra só pertence a Allah, ao Seu Mensageiro e aos crentes” (Munáfiqun, 8). Quiseste que o crente não se humilhe, como é afirmado na tradição do Imam Jaafar Assádiq: “Deus facilitou todos os assuntos do crente, e não permitiu que fosse humilhado”, porque a honra representa a originalidade do humanismo, considerando que o ser humano tem domínio sobre si nos seus elementos particulares e ninguém mais tem domínio para ser emprestado dos outros.

Peço-Te que perdoe a minha deficiência e aumente os Teus favores, pois Tu és benevolente para com Teus servos

(Faz de Meu Amanhã e do Dia que o Sucede Melhor do que a Hora e o Dia Presente): porque, Senhor, planejei que minha vida caminhe em ascendência, na quantidade e qualidade, na prática do bem e das boas ações, no avanço espiritual, cultural e dinâmico, para que o futuro seja melhor do que o presente que desejei. Que seja melhor do que o passado, que não desejo que seja semelhante ao anterior, seguindo a orientação da tradição de transmissão ininterrupta: “Quem tem dois dias iguais, certamente é um perdedor.” A nova potência concedida pelo dia seguinte impõe que se beneficie de seus elementos vitais na melhora de seus atos e planos, de forma melhor do que a experiência anterior. Assim, estendemos as mãos a Deus com a prece, dizendo: “Ó Deus, faz o meu futuro melhor do que o passado, e que as melhores ações sejam as últimas, o melhor dos dias seja o de encontrar-Te.” Peço-Te,

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Se a exigência, como é visto na prece, é a honra na tribo e no povo, é porque esses dois círculos são os que originam a nossa posição no ambiente social, por serem as células onde se encontram os elementos que se movem moldando as nossas características particulares. Portanto, a questão da honra do ser humano abrange todo âmbito social em que ele vive, e não se restringe aos temas particulares. (Protege-me Estando Desperto ou Dormindo, Pois és o Melhor dos Protetores, e és o mais Misericordioso dos Misericordiosos): estou, Senhor, sujeito aos perigos, oculta e publicamente, desperto, quando vivo entre as pessoas, e dormindo quando me ausento do mundo sensorial da realidade ao meu redor. Não sinto o que me desafia e trama contra mim. Peço-Te - e és o Protetor de todos os Teus servos - os Teus meios ocultos, desde que éramos embriões até o Final dos Tempos, para me proteger pela frente, por detrás, pela direita, pela esquerda e de todos os lados, contra o que possa me acometer de males materiais e espirituais; que a Tua proteção a mim seja para livrar-me de desobedecerTe, orientando-me a obedecer-Te, utilizando-me a amar-Te, ó mais Misericordioso dos misericordiosos.


meus assuntos, gerais e particulares, neste mundo e no Outro. (Submeto

Minha Alma à Tua Obediência para ser Recompensado): porque prometeste às Tuas criaturas que recompensarás quem melhor fizer o bem. Disseste no Teu Livro Sagrado: “Quem tiver feito o bem, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á” (Zálzala, 7). A minha obediência a Ti, Senhor, mostra o meu apego à crença na Tua Unicidade, determinada pela obediência, adoração e servidão somente a Ti, Que não possui parceiro algum.

(Ó, Deus, Recorro a Ti Nesse dia e nos que o Sucederão Contra a Solidão, do Politeísmo e do Ateísmo): eu me inspiro na palavra “Único”, a indicação de Unicidade, para confirmar a minha inocência de todos os termos que contrariam a minha crença. Na minha linha de crença, acredito na Unicidade de Deus em tudo, como base da doutrina islâmica; creio somente em Deus, o Deus da Existência, que concedeu ao universo a sua existência. Por isso, isento-me do politeísmo, qualquer que seja a característica do parceiro, pedra que seja ou ser humano, sol ou lua, como me isento do ateísmo que nega a existência de Deus, numa ignorância total do ponto de vista de todo o universo. (Dirijo a Minha Prece Somente a Ti, Esperando ser Atendido): porque disseste, e o que dizes é a verdade, e prometeste, e o que prometes é veracidade: “O vosso Senhor disse: Invocai-Me, que vos atenderei!” (Gháfer, 60). Eu, Senhor, continuarei invocando-TE para pedir-Te por mim, apresentando-Te todas as minhas necessidades, pedindo a Tua intromissão em todos os

a

(Abençõe Mohammad e seus Familiares, as Melhores dentre Tuas Criaturas, que Convocam para a Tua Religião): O Profeta Mohammad (A.S.) é a melhor das criaturas porque foste generoso com ele pelo que sabes de suas bondades. Ele suportou o fardo que enviaste a ele. Ele se lançou para transmitir a Tua Mensagem da melhor forma possível, e foi sincero contigo na melhor forma de sinceridade. Eis-me, Senhor, pedindo que eleve o nível dele, pelo reconhecimento da bondade que lhe concedeste. (Honra-me com a Tua Honra Inigualável): ou seja, ninguém consegue alcançar nem competir, pois toda a honra a Ti pertence, uma vez que o Poder é totalmente Teu. Por isso, a Tua honra é estável, no significado e abrangência a quem deste. (Protege-me sob o Teu Olhar, que não Dorme): pois Tu és o Protetor de toda a vida, com o Teu poder e misericórdia. És o Bondoso, que olha os Teus servos com a visão da indulgência e da misericórdia. Finalizamos colocando nossas questões na Tua mão, aguardando o Teu perdão, pois és o Indulgente, o Misericordioso “Guia-nos à senda dos que agraciaste, não à dos abominados, nem à dos extraviados” (Fátiha, 7)

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Sabedoria Profética

O Mensageiro de Deus (S) Conversa Conosco

O

Mensageiro de Deus (S) disse: “Querem que lhes indique quais as melhores condutas do mundo? São relacionar-se com quem cortou suas relações convosco, dar a quem lhes negou e perdoar a quem foi injusto convosco.” O Mensageiro de Deus (S) saiu um dia e viu pessoas rolando uma pedra. Disse-lhes: “O mais forte dentre vós é quem dominar a sua cólera. O mais sábio é quem perdoar na hora de poder.” Em outra ocasião, o Nobre Profeta (S) exortou: “Deus diz: ‘Essa é uma religião que esco-

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lhi para Mim e só pode ser renovada com a generosidade e a boa conduta. Portanto, sede generosos com ela.’” Em outra oportunidade, disse Mohammad (S): “O melhor crente é aquele de melhor conduta.” E disse mais: “A boa conduta eleva a pessoa ao nível do jejuador e do praticante da oração noturna.” Certa feita, foi-lhe perguntado: “O que de melhor o servo pode dar?” Respondeu: “A boa conduta.” E disse, ainda: “A boa conduta confirma a amizade.” E disse mais: “O melhor dentre vós é quem tiver melhor conduta, que viver em harmonia com os outros.”


Ensinou o Nobre Mensageiro de Allah (S): “As mãos são de três tipos: A que pede, a que dá e a que nega. A melhor delas é a que dá.” E disse também: “O pudor é de dois tipos: Pudor da mente e pudor da insensatez. O pudor da mente é o conhecimento e o pudor da insensatez é a ignorância.” Um dia, afirmou o Profeta (S): “Quem crer em Deus e no Dia do Juízo Final, que cumpra o prometido.” Disse, ainda: “A confiança gera a abundância e a traição gera a pobreza.” Disse também: “O olhar dos filhos aos pais com amor é um ato de adoração a Deus.” Em certa oportunidade, um homem levou-lhe leite e mel para beber. O Profeta (S), então, disse: “Uma só das duas bebidas é suficiente. Não bebo e não proíbo, mas sou modesto perante Deus, pois quem for modesto perante Deus, Deus o elevará. Quem for arrogante, Deus o aviltará. Quem for econômico na sua sobrevivência, Deus será generoso com ele. Quem for perdulário, Deus o privará. Quem mais se recorda de Deus, Ele o recompensará.”

Certa vez, declarou Mohammad (S): “Quem fizer algo sem conhecimento, corromperá mais do que reformará.” E disse também: “Há quatro indícios de miséria: a paralisação do olho; a dureza do coração; a preocupação exagerada pela vida terrena; a insistência no pecado.” E disse, ainda: “Quem lhes fizer um favor deve ser recompensado. Se não tiverem com que recompensá-lo, agradecei, pois o agradecimento é um tipo de compensação.” E disse mais: “Quem perder a amizade perde todo o bem.” O Nobre Mensageiro ensinou: “Que lhes parece se vossas mulheres e vossos jovens se corromperem, e vós não recomendardes o bem e proibirdes o ilícito?” Perguntaram: “Poderá acontecer isso, ó, Mensageiro de Deus?” Respondeu: “Sim! E coisa pior. Que lhes parece se ordenardes o ilícito e proibirdes o lícito?” Perguntaram novamente: “Poderá acontecer isso, ó Mensageiro de Deus?” Respondeu: “Sim! E pior do que isso. Que lhes parece se virem o proibido transformado em lícito e o lícito em proibido?” E disse mais: “Se tiver mau augúrio, segue em frente. Se sentir dúvida, não aja e se for invejado, não sede injusto.”

O Profeta de Deus (S) disse: ‘A fé é composta de duas partes: metade de paciência e metade de agradecimento’

Um dia, ensinou o Nobre Mensageiro (S): “Os mais próximos de mim amanhã, perante Deus, serão os mais verazes, mais confiáveis, mais sinceros, os de melhor conduta e os mais próximos das pessoas.” E disse: “Fui ordenado a tratar bem as pessoas, como fui ordenado a transmitir a Mensagem.” E disse mais: “Guardai segredo de vossos assuntos, pois todo aquele que é agraciado é invejado.”

Em outra feita, afirmou: “Minha comunidade foi perdoada em nove atos: O erro, o esquecimento, o compulsório, o desconhecido, o insuportável, o obrigatório, a inveja, o mau augúrio, o pensar na tentação das criaturas, o que não é pronunciado pelo lábio e pela língua. E disse ainda: “Há dois tipos de pessoas na minha comunidade que, se forem íntegros, íntegra será minha comunidade; contudo, caso se corrompam, corrompida será ela.” Foi perguntado: “Quem são, ó, Mensageiro de Allah?” Respondeu: “Os juristas e os governantes.”

O Profeta de Deus disse: “A fé é composta de duas partes: metade de paciência e metade de agradecimento.” E disse ainda: “Quem amanhecer e anoitecer tendo a Outra Vida como sua maior preocupação, Deus colocará a riqueza em seu coração; quem amanhecer e anoitecer tendo esta vida como sua maior preocupação, Deus colocará a pobreza entre seus olhos e o desconcertará, não obtendo ele do mundo mais do que lhe foi destinado.”

Certa ocasião, disse o Profeta (S): “Os mais sensatos são os que mais temem e obedecem a Deus. Os mais insensatos são os que mais temem e obedecem o governante.” E disse: “Se Deus ficar irado com um povo e não o castigar, os preços dos bens aumentarão, seu tempo de vida diminuirá, seu comércio não terá lucro, não vingarão seus frutos, seus rios não terão água, sobre ele não cairá chuva e seus criminosos o dominarão.”

Revista Islâmica Evidências - 59


Atualidades

Os órgãos do corpo humano e o Código

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om o desenvolvimento e a evolução da ciência, alguns temas assumem importância crescente, dentre os quais o transplante de órgãos, a sua doação e transferência de um corpo morto a outro vivo. O ponto de vista e os valores em voga na sociedade têm um papel preponderante na permissão ou proibição de tais procedimentos. As fontes éticas e jurídicas que fundamentam essa questão têm, igualmente, o seu papel. Devido à complexidade que a cerca, devemos, desde um ponto de vista islâmico, lançar alguma luz sobre esse importante assunto. De acordo com a opinião de Sua Eminência, o jurisconsulto Sayyed Mohammad Hussein Fadlallah, apresentamos as mais importantes peculiaridades entre as visões islâmica e não-islâmica sobre este tema.

O ponto de Vista do Islã Sobre o Morto

Há muita diferença entre o ponto de vista ocidental e o conceito oriental no que diz respeito ao tratamento do ser humano, especialmente quanto à doação e o transplante de órgãos. Isso causa muita polêmica, principalmente no campo jurídico. Há alguns juristas que permitem a operação e há os que têm reservas sobre ela. Se são permitidos o transplante e a doação dos órgãos pelo doador ou por outras pessoas, com testamento ou não, são algumas das dúvidas sobre o assunto. Sua Eminência diz: “Essa questão continua sendo examinada no âmbito jurídico. No Islã há um respeito ao corpo do morto, como há respeito à sua vida. A inviolabilidade do crente morto é a mesma estando ele vivo. Por isso, o Islã estabeleceu compensação pela amputação e desfiguração do morto, da mesma forma como se estivesse vivo. Isso no âmbito islâmico. Sem 60 - Revista Islâmica Evidências

Islâmico

dúvida, algumas religiões não possuem sistema jurídico. Por isso, o Islã trata os que não consideram a dissecação do corpo do morto uma questão anti-ética ou desonra ao morto, trata-os na base de não colocar empecilho na questão. Ele permite ao médico muçulmano dissecar os órgãos dos não-muçulmanos, não por considerá-los inferiores, mas no Islã há uma base de relacionamento com as outras religiões: ‘Tratai-os como tratam a si mesmos.’ ‘É permitido tratar a cada seguidor de cada religião conforme o que a sua religião permite.’ Esse é um ponto de abertura no Islã. O Islã possui regras e organização e as outras religiões, regras e organizações particulares”. “Por isso, o Islã estabeleceu as linhas gerais, que não se diferenciam ou contradizem as outras religiões. Existem as regras islâmicas para o casamento, mas o Islã respeita as formas de matrimônio de outras religiões. Cada povo tem um tipo de casamento, com o qual se afasta da fornicação. Por isso, o Islã lhe dá valor legal” “Portanto, em vista dos outros que não veem a dissecação do corpo como violação dos valores éticos, mas uma questão natural, o Islã os trata de acordo com seus costumes nesse campo. Por isso, permite ao médico muçulmano dissecar e remover dos órgãos, se for legal para eles. Quanto ao morto muçulmano, uma vez que há


um respeito específico quanto à inviolabilidade do corpo, não é permitida a dissecação e a remoção dos órgãos.”

Nessa situação, podemos dizer que se pode demolir a parede, quebrar a porta e salvar a pessoa se afogando. E assim em todas as situações.”

“Porém, há algumas opiniões que podem abrir a porta da permissão no assunto, quando há necessidade de conservação da vida de uma pessoa. Muitos juristas muçulmanos permitem isso. Alguns falam de compensação. Outros, ainda, falam que tudo que é legal não merece compensação. Porém, há alguns juristas que têm reservas quanto a essa opinião.”

“Aqui, dizemos que a Nobre Sunna (2) citou que o corpo é inviolável. Porém, se a questão for entre dar ao morto o respeito moral, do que nada lhe adianta, e entre salvar a vida de um ser humano, é natural a salvação do ser humano, que pode morrer se não lhe concedermos o órgão. Isto é mais importante do ponto de vista legal do que conservar o respeito ao morto. Não há dúvida sobre isso entre os juristas. Portanto, se a questão for salvar a vida de um ser humano com a remoção de um dos órgãos do morto, isso é permitido.”

“A permissão é concedida por alguns juristas e nós fazemos parte deles, de acordo com a base fundamental denominada de ‘Tazáhum’ (competência) na Doutrina Imamita (1). O mesmo tema é denominado de ‘Al-Massálih Al-Mursala’ (Questões de Absoluto Interesse) na Doutrina Sunita. Isso significa que, se estamos perante duas questões, uma abrangendo assunto imoral e outra interesse, não podemos conciliar entre elas. Neste caso, devemos avaliar para determinar a sentença legal final: a imoral diz que é proibido, o interesse diz que é legal. Há conflit o entre elas. Porém, devemos escolher uma para nos movermos. Se a imoral é mais forte que o interesse, de forma que a imoral sobrepuja o interesse, então o resultado é a proibição. Caso contrário, se o interesse sobrepuja a imoral, o resultado é a permissão. Exemplo: se há alguém se afogando num rio e a salvação depende de quebrar uma porta ou demolir uma parede para conseguir alcançá-lo o mais depressa possível antes de se afogar, nessa situação a prioridade é salvar a pessoa se afogando. Porém, é proibido demolir casa alheia. Se analisarmos ambas as condições, verificaremos que a salvação da pessoa se afogando, de acordo com o conceito jurídico, é mais importante, porque a salvação do ser humano é mais importante que a pedra ou a construção.

“Em outra situação, quando a remoção do órgão do morto servirá para o equilíbrio da vida de um ser humano e não para conservar-lhe a vida, como a tirada de uma córnea ou qualquer outro órgão, há reservas de alguns juristas. Porém, em nossa opinião, o fato de a pessoa viva poder desfrutar melhor a vida é mais importante do que um eventual desrespeito ao morto. Por isso, dizemos que toda vez que o interesse for mais forte e mais importante que o dano moral – se este houver –, o interesse tem prioridade. Assim, consideramos permitido remover os órgãos, mesmo que seus parentes não aceitem, porque quando a pessoa morre, acaba o seu relacionamento com os demais. Ela não tem relação com os filhos, com os irmãos e com todo o mundo, porque o morto não herda, mas é herdado. Ele passa a pertencer à terra, que não pertence a ninguém, a não ser de forma específica. Por isso, em situações em que é permitido remover um órgão do morto, devido ao que citamos acima, os familiares não têm relação com a questão, nem é necessário pedir-lhes permissão.” “Há um terceiro ponto: É o morto deixar testamento doando os órgãos, como muitos fazem em vida. É um procedimento conhecido no Ocidente, quando a pessoa assina um papel aceitando a remoção de seus órgãos após a sua morte. Contanto que tenha assinado com consciência, porque algumas pessoas assinam sem ler o que estão assinando. Fazem-no sem pensar. Isso, porém, não tem consideração, porque não o fazem com resolução. Porém, se estiverem conscientes do que estão fazendo, o seu ato é considerado testamento. E quando a pessoa deixa testamen Revista Islâmica Evidências - 61


to, não há to, pormeio da pessodonos

problema quanto ao respeique ela é respeitada por satisfação de sua vontade al. Se não, seríamos mais que o proprietário.”

“Portanto, a questão não está fechada nesse campo. É permitido remover os órgãos do morto nos casos em que depende a vida, ou seja, em que o transplante do órgão no corpo do vivo tem importância maior do que o dano moral ao morto. Na questão do testamento não há problema: é considerada uma atitude de preferência e de benevolência. É um ato louvável juridicamente, como lemos nas palavras de Deus, exaltado seja: ‘Preferem-nos, em detrimento de si mesmos, mesmo estando em necessidade’.” (59:9).

A Doação em Vida “Quanto à doação em vida, há órgãos cuja falta representa perigo para a vida do ser humano. Se a remoção de um órgão, na opinião médica, não representa perigo ao doador, não há inconveniente. Porém, a nossa reserva está no risco da comercialização de órgãos humanos. Alguns juristas, talvez, nas questões difíceis e insolúveis, que atingem a categoria de situação acima do normal, permitam a doação de um órgão em vida, como a córnea para uma outra pessoa. Esses detalhes serão estudados de acordo com os acontecimentos, as bases legais e as circunstâncias.” Por outro lado, Sua Eminência confirma a permissão para que uma pessoa, ainda viva, doe alguns de seus órgãos, pouco antes de sua morte. Ele diz: “É permitido ao enfermo doar, pouco antes de sua morte. Se a morte depende da parada dos batimentos cardíacos com a morte cerebral, é permitida a doação antes da morte. A não ser que o órgão seja vital e acarrete a morte. Nesse caso, não é permitido.” Sua Eminência, porém, não permite a venda dos órgãos. Considera a venda ilegal. Quanto a doar ou fazer testamento doando, não há inconveniente.

Transplante de Coração de Porco no Corpo Humano

Quanto ao transplante do coração do porco ou de outras partes deste animal no corpo humano, Sua Eminência permite, dizendo: “Sim, é 62 - Revista Islâmica Evidências

permitido. Se o órgão do porco tornar-se órgão do ser humano, passa a ter a mesma consideração de todos os outros órgãos originais. É considerado órgão puro, como todos os outros órgãos humanos. A proibição é quanto ao consumo da carne de porco e não ao transplante de algumas partes do animal no corpo humano. Principalmente em caso de necessidade.”

Entre o Código e a Lei Islâmica Podem ocorrer situações de discordância entre o Código Civil e a Lei Islâmica. Como no caso do falecimento de uma pessoa no hospital. Suponha-se que haja a necessidade de uma pessoa usar sua córnea. Caso o órgão seja removido e transplantado na pessoa que necessita sem o conhecimento dos familiares do morto e estes movam um processo, Sua Eminência diz: “Falemos do aspecto fundamental. É permitido ou não? Quanto à sentença do Código Civil, é uma outra questão. Creio que quando a família move um processo, o faz perante os tribunais civis. Se a questão for apresentada ao nosso Tribunal Islâmico, haverá a oportunidade de opinarmos de forma diferente”. Quanto à solução da discordância, a opinião de Sua Eminência é: “Que o Código Civil acate as regras legais islâmicas.”


Verdades magnifícas

Milagres Científicos no Alcorão:

A Situação do Peito na Altitude

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emos em nosso aparelho respiratório canais muito estreitos, por onde passa o ar, chamados alvéolos. Quando subimos a níveis altos, como nas montanhas, o ar se torna rarefeito, o oxigênio diminui e a pressão é menor. Então, os alvéolos se contraem, provocando no peito uma sensação de aperto, dificultando a respiração. Do nível do mar até 3.000 metros não há mudanças significativas. De 3000 m até 5000 m o corpo começa a se condicionar para compensar a alteração que aconteceu no suprimento de oxigênio. De 5000 m a 9000 m começa a sensação de aperto forte no peito. A pessoa chega a ficar tonta e a desmaiar, tornando-se a respiração muito difícil. O mesmo acontece com o aviador quando os aparelhos de pressurização apresentam defeitos na cabine do avião. Quanto mais a pessoa sobe, mais rarefeito torna-se o oxigênio e mais a respiração fica difícil, comprometendo as operações vitais do organismo. Após os 9000 m os gases se expandem no estômago e pressionam a membrana protetora, pressionando os pulmões e apertando o peito. Tudo isso é indicado por Deus, exaltado seja quando diz: “A quem Deus quer iluminar,

dilata-lhe o peito para o Islã; a quem quer desviar, oprime-lhe o peito, como aquele que se eleva na atmosfera. Assim, Deus cobre de abominação aqueles que se negam a crer.” (6:125). Neste versículo é dado o exemplo da situação da pessoa que se eleva na atmosfera. Será que o Profeta Mohammad (S) tinha conhecimento suficiente de aeronáutica, fisiologia ou física, há 14 séculos, para “inventar” este versículo? Ele tinha mais do que isso. Tinha a revelação de Deus, Exaltado seja! Revista Islâmica Evidências - 63


Comportamento

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Xeique Mohsen ‘Atawi

O Sexo na Ótica do Islã

esejamos, no início de nosso texto, indicar que o objetivo de apresentar um resumo a respeito da vida sexual na sociedade materialista é a consideração da situação das nações passadas e contemporâneas. Nossa intenção é fazer uma admoestação útil, que influencie as pessoas e as façam ver as conseqüências maléficas geradas pela liberdade sexual, como a perniciosidade e a licenciosidade.

José (AS), tratando da castidade com o objetivo de educar, ensinar e estimular o ser humano a seguir o exemplo deste Profeta, que sobrepujou seus desejos com vontade inabalável, dominando-os pelo temor e pela obediência a Deus. O objetivo do Excelso no Alcorão não foi registrar o desvio sexual com o sentido de mera reprovação e para isso nem ocupou muito espaço, mas citou casos até mesmo suaves para se levar o tema do sexo em consideração, dar exemplo e amedrontar, é verdade, os que possuem tendência ao desvio.

A linha natural e correta é a do respeito ao casamento e a condenação do adultério

O Alcorão trata de algumas dessas questões com esse espírito e objetivo. Ele fala, por exemplo, do povo de Lot e do fenômeno do homossexualismo que proliferou entre eles. Esta prática constituía a preocupação deste Profeta, que desejava eliminá-la por completo. O Alcorão cita o caso como motivo de merecimento de castigo, com o objetivo de amedrontar os corruptos quanto à vingança e ao Poder de Deus quando os servos se desviam das Suas ordens. O Alcorão cita também a narrativa a respeito de

As Civilizações Antigas e o Sexo É difícil imaginarmos uma sociedade desprovida de atividade sexual, que


tenha vivido suas relações com ascetismo, abstenção e desapego à prática do sexo. A atividade sexual acompanha o ser humano desde o seu surgimento. A relação sexual se deu com o aparecimento do ser humano e se manifestou desde então, clamando por satisfação. A mulher é a outra metade, que satisfaz as necessidades e o desejo do homem. Uma vez que a consequência do ato sexual é a gravidez e o nascimento de um novo ser, ampliou-se a relevância da simples relação física, transformando esta ação em relação humana social.

se devem à legislação divina que acompanhou as civilizações, vinculando-lhe leis e ensinamentos. Se houve desvio, elas não conseguiram anular a importância do casamento, a não ser muito pouco, devido ao respeito que sempre subsistiu por ele, mesmo em ambiente pervertido. Contudo, ao lado das práticas igualitárias, deu-se a perversão na satisfação do desejo sexual. Ela começou nas camadas ricas, que vivem o exagero em tudo e exigem cada vez mais de tudo. Certamente, a perversão não está restrita às sociedades modernas e às civilizações materialistas; existiu nas civilizações antigas também, de forma semelhante, talvez da mesma forma, porque o ser humano é o mesmo nas suas esperanças e desejos no decorrer dos anos.

O fenômeno da liberdade sexual criou influências perigosas, que ameaçam o ser humano e a civilização

Nas sociedades desviadas e não civilizadas, a satisfação dos desejos sexuais era permissiva. Ao longo da história, à medida que as sociedades se organizavam e estabeleciam a instituição do casamento, surgia a liberação e a permissividade; enquanto algumas sociedades instituíam a poligamia, outras criavam a poliandria; da mesma forma que foi estabelecida a relação de igualdade entre homem e mulher, foram estabelecidas relações anormais. Porém, qual foi a primeira organização humana a definir as regras quanto ao sexo? Quanto tempo perdurou? Em que sociedade estas normas foram estabelecidas e adotadas na sua totalidade ou em parte? Essas perguntas não têm resposta antes do estabelecimento da civilização, como na pré-história. Nenhum registro deixou algo sobre esse período. Tudo que se diz a respeito não passa de conjectura, sem nenhuma prova. Quanto às civilizações das quais temos notícias, a história registrou algo de suas atividades. Percebe-se que em todas elas foi estabelecida a organização do casamento como meio para satisfazer o desejo sexual. Muitas civilizações reconheceram a poligamia de uma forma ou de outra, ao mesmo tempo em que praticamente nenhuma adotou o sistema de poliandria. Essa foi a linha natural e correta, assim como o cuidado no respeito ao casamento e a condenação do adultério e da licenciosidade, estabelecendo-se até o uso do véu para a mulher. Sem dúvida que muitas regras

O Sexo na Civilização Moderna Dissemos que as práticas sexuais modernas não diferem em muito do passado nas suas formas e modalidades. Hoje em dia, o indivíduo tem o direito de satisfazer seus instintos com toda liberdade, do jeito que quer. A mulher que não pratica sexo antes do casamento passou a ser indesejável e sem experiência sexual. O casamento passou a ser uma instituição desnecessária e foi suprimida do linguajar corrente de muitas sociedades a palavra “fornicação”. Ela passou a ser considerada uma palavra antiga e extinta. A descendência passou a correr perigo de diminuição no decorrer dos anos. As crianças ilegais, concebidas fora do casamento, não representam mais preocupação nem são consideradas problema. Com o aumento do prazer e as relações com várias pessoas, a variedade de aventuras e tipos humanos tornou-se uma coisa normal e desejável. A procura de homens e mulheres que se correspondem em situações particulares para encontrar o companheiro ideal, a troca de casais e o homossexualismo foram liberados. A causa principal desse fenômeno é o modo de pensar das sociedades atuais. O conteúdo da civi Revista Islâmica Evidências - 65


Hoje em dia, o indivíduo tem o direito de satisfazer seus instintos com toda liberdade lização moderna é o pensamento materialista, que se concentra nas necessidades mundanas do ser humano. Esse pensamento explica todas as atividades, mesmo as ideológicas, de forma materialista, suprimindo todos os valores espirituais e morais. Talvez o fanatismo do cristianismo e seu abominável ponto de vista quanto ao sexo tenha culpa pelo aparecimento da corrente materialista, que resgata a renascença do pensamento idólatra greco-romano. Os judeus sionistas, por meio dos seus famosos protocolos (1), manifestaram a necessidade de estimular a debilitação moral e sexual, de várias maneiras, para facilitar o seu domínio do mundo. A maior parte dos responsáveis pelas empresas, instituições, clubes e revistas especializadas em sexo é de judeus sionistas. O fenômeno da liberdade sexual deu conseqüência a muitas influências perigosas, que ameaçam a existência do ser humano e da civilização. Tais influências, que crescem em número e variedade, são representadas pela injustiça praticada contra os indivíduos, pela desintegração da família, pelo desemprego, que leva ao suicídio. Tornou-se costume a prática de crimes sexuais, que ameaçam a segurança do indivíduo, a tal ponto que em alguns países é cometido um estupro a cada dois minutos, coisa que fez com que o ser humano, principalmente a mulher, viva temendo pela vida. Tornou-se costume o abuso da honra da mulher e da sua feminilidade, a vulgarização da prática sexual, pois ela é efetivada em todo lugar e descrita de todas as formas. Tornou-se corrente o abandono do casamento, da formação de família, da concepção, dando-se preferência ao prazer mais do que à responsabilidade. Assim, aparece a colheita desse fenômeno: o perigo que ameaça o futuro da humanidade. Se os que praticam a liberalidade não olham para esses 66 - Revista Islâmica Evidências

riscos, porque não se importam – indivíduos e governantes –, no futuro, depois de satisfazerem o seu egoísmo e individualismo, paralisando seus sentimentos, estarão transformados em insensíveis feras em busca do prazer. O destino inteiro da humanidade não se compara, na sua ótica, a um instante de prazer usufruído ou a um centavo visado. Depois dessa sucinta alusão que apresentamos a respeito do sexo na civilização materialista antiga e moderna, abordaremos, no próximo número, o sexo na concepção islâmica, se Deus quiser.



Normas Islâmicas

A Fraternidade

no Islã O

mais importante passo dado pelo Profeta Mohammad (S) após a sua chegada a Medina foi o estabelecimento dos vínculos do amor e da amizade entre os muçulmanos, que se dividiam entre Ansar e Muhajirin(1), irmanando-os. Esse sagrado vínculo teve a sua

profunda influência no fortalecimento das relações sociais. Isso eliminou os vestígios dos costumes de vingança, do fanatismo pré-islâmico, substituindo-os pelo amor, a amizade e a fraternidade islâmica, fundindo-se todos no crisol da religião correta, tornando-se uma só fileira e uma só nação.

(1) - Ansar (em português “apoiadores”) eram os muçulmanos de Medina que deram auxílio aos muçulmanos emigrados de Meca, os Muhajirin ou “emigrantes” (NE).

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O Islã anulou toda consideração de superioridade, de distinção com base na origem, na tribo, na cor, no nível econômico. Os membros da sociedade islâmica são iguais nos direitos e nos deveres. O medidor da distinção passou a ser o temor a Deus, exaltado seja. O anúncio divino é claro: “Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Deus, é o mais temente. Sabei que Deus é Sapientíssimo e está bem inteirado.” (49:13). Essa fraternidade foi uma dádiva de Deus, exaltado seja, com que Ele cumulou a humanidade para fazer prevalecer o bem e a paz. “E apegai-vos, todos, ao vínculo de Deus e não vos dividais; recordai-vos das mercês de Deus para convosco, porquanto éreis adversários mútuos e Ele conciliou os vossos corações e, mercê de Sua graça, vos tornastes verdadeiros irmãos; e quando estivestes à beira do abismo infernal, (Deus) dele vos salvou. Assim, Deus vos elucida os Seus versículos, para que vos guieis.” (3:103).

O Imam Assádiq (AS) relatou que o Mensageiro de Deus (S) perguntou aos companheiros, um dia, qual o aspecto da fé mais estreito. Responderam: “Deus e o Seu Mensageiro sabem melhor.” Uns disseram que era a oração. Outros que era a Zakat (2), outros, disseram que era o Jejum, outros ainda, que era a peregrinação e a Umra (peregrinação menor), outros mais disseram que era o Jihad. O Mensageiro de Deus (S), porém, afirmou: “Tudo que disseram são virtudes, mas não são o aspecto mais estreito da fé. Este é o amar por Deus e o odiar por Deus, seguir os preferidos por Deus e afastar-se dos inimigos de Deus.” O Alcorão Sagrado diz: “Os crentes são irmãos.” A consolidação da fraternidade é estimulada pela franqueza da fé em Deus, a obediência a Ele. Tudo que é desejo material, além disso, é falso e não tem nenhuma consideração. Aqueles que amam os ricos ou os chefes e lhes mostram respeito por receio ou cobiça, ou por mero deslumbre, seu amor e respeito não são permanentes, porque quando obtiverem o que visam em termos de riqueza e posição, ou quando a vida do ídolo mudar, a relação cessa. O amado de ontem passa a ser o odiado ou desprezado de hoje. Porém, o amor islâmico é fixo, não cessa porque a sua base é forte e fundamenta-se nos eternos valores divinos.

O mais importante passo do Profeta Mohammad(S) em Medina foi o estabelecimento dos vínculos do amor

O Profeta (S) e seus Familiares Purificados (AS) confirmaram o vínculo de fraternidade entre os crentes para constituir um vínculo forte que aumenta a consolidação da sociedade e o fortalecimento das relações entre os indivíduos, obtendo estes graus elevados de distinção no Dia da Ressurreição.

O Profeta Mohammad (S) disse: “Quem se irmanar por Deus, Ele o elevará a um grau no Paraíso que não obterá com suas ações.” Ele também disse: “Serão preparadas cadeiras ao redor do Trono Divino para uma classe de pessoas cujos rostos serão como a lua cheia. As demais ficarão com medo e eles não. São os preferidos de Deus, não serão presas do temor nem se atribularão.” Foi-lhe perguntado: “Quem serão, ó, Mensageiro de Deus?” Ele respondeu: “São os que se amam por Deus.”

Por isso, a consolidação da fraternidade islâmica ultrapassa as considerações materiais de cor, origem, posição e as outras considerações materiais. A era islâmica testemunha esse vínculo de irmandade. O Nobre Profeta (S) costumava sentar com os jovens e com os escravos na mesma mesa para comer. Daí que a consolidação da irmandade muçulmana é autêntica, brota do íntimo da crença islâmica e constitui a joia e a símbolo dessa crença.

(2) - Contribuição financeira dada aos mais necessitados. O significado literal da palavra é “Purificação” (NE)

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Turismo

ILHA DO A Gruta das Encantadas é um curioso acidente geográfico que chama a atenção dos turistas

ENCANTA TURISTAS NO LITORAL DO PARANÁ

E

ntre as várias atrações turísticas existentes no Estado do Paraná, uma das que merecem destaque é a Ilha do Mel. Muitas pessoas consideram que ela tem as melhores praias do estado. A ilha é administrada pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e possui um restrito programa de manejo. Não é permitida a tração animal ou a motor no local. Existem muitas áreas onde não é permitida a presença de visitantes. Ela possui quatro pontos turísticos de destaque: Ao norte a Fortaleza; no centro Nova Brasília e o Farol das Conchas; ao Sul as Encantadas. A Ilha do Mel localiza-se no Oceano Atlântico Sul, tendo seu ponto mais próximo do continente a cerca de 4 km de Pontal do Sul, no município de Pontal do Paraná. São 2.585 hectares de área composta por sistemas de restinga e Floresta Atlântica protegidas e destinadas exclusivamente à preservação integral da flora e da fauna, de um total de 2.762 hectares (35

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km de perímetro). Sua Estação Ecológica, com 2.240 hectares, tem o objetivo de preservar o meio-ambiente. É vedada a entrada de pessoas não autorizadas. Na Reserva Natural, com 345 hectares, é admitida a existência de trilhas, desde que não afetem a paisagem. Já a Zona de Ocupação tem 120 hectares. Há cem mil anos, o nível do mar estava aproximadamente 120 metros acima do atual. Nesta época, os morros da Ilha formavam um arquipélago. De lá para cá, o mar recuou e avançou várias vezes. Essa sucessão de eventos formou a Ilha como é vista hoje, com formação de terraços, cordões litorâneos e dunas. A areia marrom que se observa nas praias do Farol e de Nova Brasília tem cinco mil anos e sua coloração deve-se à presença de matéria orgânica. O ponto mais alto da Ilha do Mel localiza-se no Morro do Miguel (também chamado Morro Bento Alves), com 151 metros. Dos seus 2.700 hectares, apenas 200 têm permissão de uso - o restante é reserva ecológica


(tombada pelo Patrimônio Histórico em 1975, é administrada pelo Instituto Ambiental do Paraná desde 1982). Quanto à estrutura para o visitante, o turista dispõe de pousadas e pequenos restaurantes. A ilha tem cinco vilarejos: Fortaleza, Nova Brasília ou Brasília, Farol, Praia Grande e Encantadas. Não há ruas ou estradas, só trilhas. Em 1998, através de cabos submarinos, a luz elétrica chegou do continente, vinte e quatro horas por dia.

Em 15 de abril de 1982, a Ilha do Mel, por aforamento, foi transferida da União para o Estado do Paraná. A Fortaleza, o Farol e a Rádio Farol permaneceram sob o domínio da União. Em 1985 chegou a água tratada; em 21 de setembro de 1988, foi criada a Estação Ecológica da Ilha do Mel. Instalado no Império, o farol, ativo até hoje, orienta as embarcações que seguem para o Porto de Paranaguá

A travessia para a Ilha do Mel a partir do embarque em Pontal do Sul é um espetáculo à parte. Cruza o Canal da Galheta, por onde passam imensos navios em direção ao Porto de Paranaguá. Feita com segurança, pode ser realizada tendo como ponto de partida Pontal. Neste caso, a viagem dura cerca de meia hora. Saindo de Paranaguá, a travessia é um pouco mais longa: 1h45min. Existem linhas regulares diariamente entre as 8h00 e 17h00, mas também podem ser fretadas embarcações em outros horários. Durante a temporada, os barcos partem a cada 30 minutos, e fora de temporada a cada hora cheia. Os destinos das embarcações são dois, ambos com trapiche para desembarque: Encantadas ou Nova Brasília (que também abrange Farol e Fortaleza). Existe uma linha regular de barco entre


Canhões do século XVIII apontam ainda hoje para a barra, por onde chegam apenas navios amigos

Encantadas e Nova Brasília, que parte a cada hora. As principais atrações turísticas da Ilha do Mel são: • Farol das Conchas: Mandado construir em 1870 pelo Barão de Cotegipe, durante o reinado do imperador D. Pedro II, o Farol, feito de ferro fundido, com uma altura de 18 metros, vindo de Glasgow – Escócia, orienta os navegantes com o seu piscar desde 1º de abril de 1872. Localizado no alto do Morro das Conchas, pode ser avistado de quase todos os pontos da Ilha do Mel, da mesma forma que lá de cima se pode observar quase toda a Ilha do Mel e região. Uma escada com quase 140 degraus leva até o alto do morro. • Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres: Único monumento militar do século XVIII existente no Paraná, instalado nos contrafortes do Morro da Baleia, erguido com paredes de um metro e meio de espessura, a Fortaleza foi con-

72 - Revista Islâmica Evidências

cluída em 23 de abril de 1769. No alto do Morro da Baleia, junto à Fortaleza, estão canhões e trincheiras de pedras. É o chamado “Labirinto dos Canhões”. Há também um mirante, com uma incrível vista panorâmica. Chega-se até lá por trilha no morro. • Gruta das Encantadas: Fica situada na parte sul e é um dos patrimônios naturais mais importantes da Ilha do Mel. A gruta se formou pela ação do mar sobre o diabásio, uma espécie de pedra, que é menos resistente. Para facilitar o acesso, foi construída uma passarela que leva até a sua entrada. • Istmo: Localizado em Nova Brasília, o Istmo ou Passa-Passa (como é conhecido pelos locais) é a parte mais estreita da Ilha do Mel e sofre um processo de erosão desde 1930. Porém, atualmente, a água já não atravessa mais de um lado ao outro, como aconteceu em 1995. A largura hoje chega a 30 metros e somente nas grandes ressacas do mar a água chega a atravessar.


Revista Islâmica Evidências - 73


Boa guia

Xeique Muhammad Khalil*

A vida do Imam Ali

“Em nome de Deus, o Clemente o Misericordioso, Que a paz e as bênçãos divinas estejam com todos!” Meus professores e meus colegas presentes aqui na nossa querida escola. Neste dia abençoado, parabenizo a todos vocês pela celebração do nascimento do Imam Ali (1), que comemoramos num ambiente humilde, repleto de sinceridade e respeito. Nós não somos os únicos que estão celebrando este dia especial. Todos os seguidores da Religião Islâmica estão festejando, no mundo inteiro. E coube a mim a responsabilidade de esclarecer algumas características do Imam Ali. Sua personalidade uniu múltiplas características. Ele foi místico e governante, sábio e valente, o prudente e guerreiro, herói e tolerante, o homem mais firme na justiça e mais nobre na sua humanidade. Ele foi primo do nosso Profeta Muhammad e esposo da sua filha Fátima. Assim foi definido pelos historiadores com relação a sua árvore genealógica. Mesmo assim, tinha personalidade simples. Pela sua personalidade e características ele é “Ali”, palavra que na língua árabe significa “elevado”, “supremo”, “imaculado”, “purificado de todas as atitudes inferiores”. Contudo, a História - como ela acostumada ser injusta com as pessoas esclarecidas e grandiosas na sociedade humana! – não deu a ele o mérito e o direito devidos, como um homem marcante. Aqui, vou exercer meu papel e aproveitar esta boa oportunidade para esclarecer e prestar algumas informações sobre Ali. Não como ele realmente foi, mas como eu consigo fazê-lo. Ali foi ... o único ser humano nascido dentro da Caaba Sagrada; A Caaba Sagrada é o primeiro templo construído na terra em louvor ao único Deus, Allah; Ali... foi a primeira criança que o profeta Muhammad educou, quando ele tinha quatro anos de idade; Ali... foi, aos 11 anos de idade, o primeiro homem que se tornou muçulmano, convicto da mensagem revelada ao Nobre Profeta; Ali... foi o primeiro companheiro do Nobre Profeta a registrar por escrito, de maneira ordenada, o Alcorão Sagrado e memorizá-lo; Ali... foi quem dormiu na cama do Profeta, colocando em risco sua vida por ele quando o Nobre Mensageiro emigrou da cidade de Meca à cidade de Al-Medina; Ali... foi o único genro do profeta Muhammad,

sendo que Deus Altíssimo gerou por ele a descendência profética: Al-Hassan, Al-Hussein, Zeinab e Umm Kulthum, aos quais o profeta Muhammad chamava “meus filhos, meus queridos, meus amados”; Ali foi... pela sua valentia, sabedoria, paciência, coragem e perseverança, quem conseguiu, com o Profeta Muhammad, construir as bases da Religião Islâmica e protegê-la de alterações e preconceitos; Ali... foi o exemplo perfeito da justiça e a essência pura da equidade, durante a história. Ele carregou o alimento para os pobres nas noites escuras, sendo que seus membros ficaram inchados pelo peso dessa carga; durante o dia, cavava poços de água para suprir os amigos e os que não eram seus amigos. Suas lágrimas escorriam quando ouvia o sofrimento dos órfãos e a tristeza das viúvas. Ele apagava “a vela” das dependências do governo quando queria realizar algo particular. Ele censurou sua filha Zeinab quando ela colocou diversas guloseimas em seu aparador. Ele se recusou a aumentar o salário do seu irmão, quando este trabalhava para o governo islâmico, só por ser seu parente; Ali... foi único companheiro do Profeta que o lavou e o preparou para o seu nobre funeral; Ali... foi, dentre todos os companheiros do Profeta, quem recebeu homenagens e louvores de Deus no Sagrado Alcorão e do Profeta pelos seus ditos e suas palavras lúcidas; Ali... foi dentre as personalidades islâmicas, quem chamou a atenção dos historiadores, sábios e cientistas, mulçumanos ou não; Ali... foi a pessoa que chamou a atenção de muitos sábios ocidentais e libaneses cristãos, como o escritor Dante Alighieri, autor de “A Divina Comédia”, Gerard Robenz, Edward Gibon, Sir Willian Miller, Henri Stop, Robert Osborn, Gibran Khalil Gibran, Bolis Salame, Jorge Jordak, Sleiman Ketani e outros e outros; Ali... é o conhecimento que devemos ter na mente e o amor que nos devemos ter nos nossos corações. Ele é a valentia descente que deve ser alcançada pelos nobres cavalheiros. Ele é quem carregou a grande crença no seu coração, a sabedoria ampla na sua mente e o sentimento sensível na sua consciência. Ele é o homem perfeito no seu interior e a voz verdadeira que sempre está pulsando em nossos lábios. A paz esteja com todos!

* O xeique Muhammad Khalil é líder religioso da comunidade islâmica de Foz do Iguaçu (PR). (1) Imam Ali ibn Abi Tálib (a.s.), genro e primo do Profeta Muhammad (S). Nasceu no dia 13 do mês islâmico de Rajab do ano 24 A.H. (Antes da Hégira), ou 23 de outubro de 598 d.C. Seus seguidores integram a Xi’at Ali (ou “Partido de Ali”) e por isso são designados, até hoje em dia, como xiitas (NE).


Perguntas e Respostas

Pergunta: O que quebra o jejum durante o mês de Ramadã? Resposta: O jejum é a abstinência total de comida, bebida e sexo durante as horas claras do dia, isto é, entre o nascer e o pôr do sol. As ações que anulam o jejum e que, portanto, devem ser evitadas, são: 1): Comer, o que significa consumir qualquer tipo de alimento, como carne de animais terrestres, aves e peixes, verduras, frutas legumes e tudo o mais. O jejuador deve abster-se do alimento durante o período determinado, mesmo restos de comida que eventualmente fiquem entre os dentes;

provoquem, necessariamente, ejaculação, como o beijo, o toque ou a carícia. Nestes casos, anula-se o jejum. Mas, se o sêmen for expelido por causa do beijo, do toque e da carícia sem que haja a intenção de ejacular e desde que tal reação não seja costumeira, isso não anula o jejum; 5): Continuar sem higiene após a relação sexual até a alvorada, durante o mês de Ramadã e durante o pagamento dos dias não jejuados. É obrigatório o banho completo após a relação sexual e antes da alvorada. Se a pessoa não puder tomar banho por falta de água tempo, ou por receio de dano, ou por outros motivos, deve praticar o tayammum (ou seja, a ablução com areia ou terra puras) e, então, o banho, quando for possível;

O jejum é a abstinência total de comida, bebida e sexo durante as horas claras do dia.

2): Beber, desde água a todos os demais líquidos, como refrigerantes, chás, sucos de frutas ou similares; 3): A relação sexual; 4): Expelir o sêmen. Isso é considerado anulador do jejum em duas situações:

a) Se o jejuador intenciona expeli-lo com um ato que o cause, como o beijo, a carícia, o toque e outras atitudes de caráter erótico; b) Mesmo que seja costume da pessoa expelir sêmen ao praticar atos que para outros homens não

6): cobrir a cabeça com água intencionalmente, mesmo que o corpo permaneça fora da água. Quem cobrir a cabeça intencionalmente ou colocála debaixo da água, mesmo que por um só instante, anula o seu jejum. Porém, se a água cair acidentalmente sobre a cabeça ou o jejuador ficar debaixo da chuva, isso não anula o jejum. Da mesma forma, se apenas uma parte da cabeça for coberta com água, isso não anula o jejum.

7): O vômito intencional. Revista Islâmica Evidências - 75


Observação: 1. Se quem estiver jejuando esquecer e utilizar algo que anula o jejum citado acima, por exemplo, comer por esquecimento, o seu jejum continua válido e este dia não deve ser reposto. Porém, caso se lembre durante o ato, deve expelir a comida que tiver na boca. 2. O remédio aplicado no olho, ouvido ou nariz e se infiltrar para o estômago não anula o jejum. 3. Tomar injeção no braço ou na perna ou em outros órgãos não anula o jejum, a não ser que a substância injetada tenha caráter vitamínico.

4. Em quadros gripais, não se deve engolir a secreção que sai do peito ou do nariz, caso ela alcance a boca. Mas se não chegar à boca, não há inconveniente. 5. Quem for obrigado a comer algo que anula o jejum, este fica anulado, porém, sem culpa do jejuador. Este deve apenas repor o dia não jejuado.

Pergunta: Qual é a filosofia do Azan para a oração?

O Azan atinge o coração com o grito que repete o lema da Unicidade, elevando o nome de Deus bem alto.

Resposta: O Azan, ou chamamento para a oração islâmica, é feito em várias oportunidades. Especificamente, cinco vezes ao dia e a cada transformação cósmica, mudança temporal e astronômica que acontece no mundo que nos cerca. É feito estando nós submergidos nas questões do cotidiano ou não, ingressos na corrente de seu operante e ininterrupto movimento, com alguns envolvidos no esquecimento de recordarem de Deus, atraídos pelos aspectos mundanos da vida. Enquanto está nessa submersão, a pessoa ouve o chamado da oração perfumando o clima da terra. Ele atinge o coração com o grito que repete o lema da Unicidade, elevando o nome de Deus bem alto, condenando o esquecimento d’Ele. Convoca-nos para as melhores obras e o encontro com o Mais Magnífico da Existência. Ouvimos o chamado e prestamos atenção ao seu significado sublime, a beleza de sua entoação, e ficamos enlevados. O chamado agradável e eterno se espalha nas ondas do espaço para presentear a vida, coadunando-se com os corações sedentos como uma luz que ilumina as almas perdidas. Ele desper76 - Revista Islâmica Evidências

ta a atenção da mente, o sentido da consciência, a precisão da esperança. A entoação repete “Allahu Akbar” (Deus é Maior). Deus é maior para ser descrito, Deus é Maior que a pretensão de quem ouse alcançar o fim de Sua Grandeza. Deus é Maior para que algum coração possa conceber a beleza de Sua existência. Magnífico, quão Magnífico é. Grande, quão Grandioso é. Todas as criaturas deste mundo levam o ser humano a encontrá-Lo, convocando-o ao conforto de Sua Misericórdia, ao desfrute da delícia de Sua Evocação, à iluminação com o brilho de Sua Luz. O chamado se eleva como lembrança colocada perante a mente, um raio de luz que cerca o espírito. “Presto testemunho que não há outra divindade além de Deus”, para despertar a mente, avivar a consciência, de que não há outro Deus além d’Ele. O Muezin, ou seja, a pessoa encarregada de entoar o Azan, prossegue sua maravilhosa melodia: “Presto testemunho de que Mohammad é o Mensageiro de Deus”, apresentando o anúncio dos céus à terra e a convocação para se seguir o Mensageiro da verdade e da orientação. Pede às pessoas que se apressarem para a oração dentro de um clima espiritual flagrante e aberto ao sentimento. O Muezin continua entoando seu cântico, dizendo: “Vinde para a oração, vinde para a salvação, vinde para o sucesso.” Vem, ó muçulmano para a oração, para o encontro com teu Senhor, para ficar entre Suas Mãos. São os mais belos instantes da vida e as mais lucrativos das atividades. Vem com a sua alma, o seu coração e a sua mente. Nela está a sua salvação e o seu bem.

O Azan termina com o anúncio da verdade e do testamento: “Deus é Maior, não há outra divindade além de Deus.” A mente do ser humano não consegue conceber alguém mais magnífico que Deus. Depois desse chamamento, deve se apressar em ir ao encontro de seu Senhor e se postar entre Suas Mãos, glorificado e exaltado seja.


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A partir de agora, você poderá ter acesso a estes temas, tão importantes para compreender o mundo em que vivemos. Afinal, a Religião Islâmica é considerada a que mais cresce no mundo, contando com 1,5 bilhão de seguidores em todo o planeta. A Revista Islâmica Evidências traz a você o conhecimento sobre o Alcorão Sagrado, a vida do Profeta Muhammad (S), práticas e costumes dos muçulmanos.

Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 4

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Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 3

Você conhece a História e a Cultura Islâmica? Sabe quem são os muçulmanos e no que acreditam? Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 2

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Palavras Cruzadas

Respostas das cruzadas edição número 7

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HORIZONTAL

2. Nome da mãe do Imam Mehdi (que DEUS apresse o seu retorno)... 4. Reino antigo de Canaã, situado no Oriente Médio. Antes de os judeus chegarem lá, havia um povo que habitava a região, estes habitantes eram chamados de... 6. Um dos atributos de Deus... 7. Após o discurso do Profeta Muhammad (s.a.a.a.s), todos os presentes parabenizaram o Imam Ali (a.s) pela sucessão. Este dia é chamado “Dia do ... 8. A mulher deve ser valorizada e não apenas sua beleza exterior. É obrigatório, no Islã, o uso do... 10. Por intermédio do Arcanjo Gabriel desceu a primeira revelação sobre o Profeta, quando ele orava na gruta de... 11. Em que cidade nasceu Sayyed Mohammad Hussein Fadlullah? 13. Todo muculmano __________a Deus, somente. 14. Deus atende aos seus servos, principalmente se fizerem... 18. Há dois anjos que indagarão ao morto em seu túmulo sobre seus atos, bons ou ruins. Munkar e... 19. Lugar de sepultamento do Imam Al Hassan (a.s.), filho de Ali Ibn Abu Taleb (a.s.) ... 20. Grande filósofo e político muçulmano, que estudava o sistema ideal de governo baseando-se em teorias de Platão e apontava como solução o imamato... 21. Quantos imames estão enterrados no Cemitério de Al-Baqui, em Medina? 22. Rei da antiga Abissínia, que era cristão e se converteu ao Islamismo, logo após conhecer a Mensagem Divina

VERTICAL

1. Edward Said ficou mais famoso devido a um livro que mostra a forma como o Ocidente descreve, de forma este reotipada, o Oriente, em especial os árabes. O nome que ele dá ao livro é... 3. Quem falou a frase: “Aquele que dorme enquanto seu vizinho está faminto não é muçulmano”? 5. Nacionalidade do grande filósofo, matemático, médico e cientista Avicena. 6. Palavra árabe que tem significado literal de “Empenho” ou “Esforço”... 9. Mesquita também construída pelo profeta Abraão, traduzida como a “Mesquita Distante”; de lá houve a Viagem Noturna, quando o Profeta Muhammad (s.a.a.a.s) ascendeu ao céu. 12. Antes da oração o muçulmano deve fazer a ... 14. O termo_________ tem como principal designação o con junto linguístico composto por uma família de vários povos, entre os quais se destacam os árabes e hebreus, que compartilham as mesmas origens culturais. 15. Quatro mulheres que o Paraíso anseia pela sua presença: Fátima Azahrá(a.s), Virgem Maria, Assia e ... 16. Diferente dos cristãos, muçulmanos e judeus não acreditam na.... 17. “Isaac é especialmente abençoado, mas a Ismael Deus pro meteu transformar em uma grande nação”. Esse é um versículo presente na…


Palavr

Palavras Cruzadas por Chadia Kobeissi

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Quando falamos de martírio, quem vem a nossa mente? Cidade na qual foi fundada a primeira farmácia moderna do mundo. Doutor francês convertido ao Islã, após verificar muitos milagres científicos no Alcorão, em especial em relação ao corpo mumificado de faraó. Seu sobrenome é Bucaille. Oração não obrigatória mas muito recomendada, após a meia-noite. Nome do filho do Profeta Noé (a.s)... A “Era de Ouro” do Islã, depois da morte do Profeta Muham mad (s.a.a.s), ocorreu na época de qual dinastia? Os 5 mensageiros resolutos são: Noé (a.s),________, Moisés(a.s), Jesus (a.s) e Muhammad (s.a.a.s). Há vários versículos da Bíblia que falam que virá o “Portavoz”, após Jesus. Em grego, qual é essa palavra, que anuncia a missão de Muhammad (s.a.a.s)? “É mais nobre perante Deus quando a pessoa está em família do que quando está na mesquita em situação de devoção total”. Quem narrou esse ditado? “________ e para mim, como Arão era para Moisés”; a única diferença é que ele não era profeta. Complete o dito do Pro feta Muhammad (s.a.a.s)

VERTICAL

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Um dos melhores alunos de Imam Ali (a.s). O Profeta Zacarias(a.s), pai de João Batista, está enterrado em uma mesquita, mas em qual país? Seu nome em árabe é Ibn Rushd. De acordo com ele, a filo sofia e a religião caminham de mãos dadas, são diferentes caminhos para chegar à mesma verdade. Cemitério onde estão enterrados quatro dos doze imames. Um dos 99 atributos de Deus, presente na primeira surata do Alcorão Sagrado... Montanha do lado da Caaba, em Meca, na qual é realizado um dos rituais da peregrinação. O muçulmano é enterrado sem caixão, apenas no... Religião na qual a mulher não tem obrigação de fazer nenhum serviço doméstico. No Alcorão Sagrado o cham do Versiculo do ________ dá muita proteção ao crente. “Não há imposição quanto à religião, porque já se destacou a verdade do erro”. Esse versículo encontra-se na surata da... Palavra árabe que significa “doutrina islâmica” ou o con junto de leis o qual o muçulmano é obrigado a colocar em prática durante sua vida. Combinação de formas geométricas frequentemente semelhantes às plantas. É um elemento da arquitetura islâmica, normalmente usado para enfeitar as paredes das mesquitas. Al-Farabi acreditava que o estado deveria ser chefiado por um filósofo. Nesse pensamento, quem o influenciou foi o filósofo grego...

alavras

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