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Estética Revist a De n ta l P r e ss d e

Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):1-136

ISSN 1807-2488


Estética

Sumário

5

5

R e vi st a De n t a l P r e ss d e

Editorial

13

Acontecimentos

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Entrevista

13

16

Pascal Magne

volume

7 - número 3

julho / agosto / setembro 2010

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Eventos

22

Excelência em Laboratório

12

22

Incisivo lateral superior Mauricio Umeno watanabe

34

34

Fotografia

Flashes laterais, como usá-los?

44

44

Jairo Pires de Oliveira

Ponto de vista

Você prefere realizar cirurgia para recobrimento radicular com ou sem o auxílio do microscópio? Cléverson de Oliveira e Silva Glécio Vaz de Campos

50

50

Gestão em Odontologia

Estou ligando para marcar um horário na sua clínica… Celso Orth

128

128

Biologia da Estética

Reabsorção Cervical Externa versus Reabsorção Interna Coronária Alberto Consolaro, Leda Francischone, Renata Bianco Consolaro, Carlos Eduardo Francischone

1


a

54

54

64

Análise bidimensional de tensões em modelo de segundo pré-molar inferior, reconstruído com pinos de fibra de vidro e de carbono, por meio do método dos elementos finitos

64

Uma nova concepção na estratificação com resinas compostas A new concept in composite resins stratification Sanzio Marques

Stress distribution in a second lower pre-molar reconstructed with fiber glass and carbon post systems by 2D finite element analysis Gilmara Abrão Alves do Nascimento, Milton Edson Miranda, Pedro Yoshito Noritomi

82

82

94

Restabelecimento estético com laminados cerâmicos

94

Aesthetic excellency in ceramic venners Fabiano Carlos Marson, Sidney Kina

Endocrown – uma alternativa restauradora para dentes posteriores desvitalizados: relato de caso clínico Endocrown – a restorative option to devitalized posterior teeth: clinical case report Gabriella Francisco Manta, Frederico dos Reis Goyatá

104

104

118

Desafio estético em dentes anteriores: aplicando a biomimética – relato de um caso clínico

118

Fluorose dentária – etiologia e uma opção de tratamento Dental fluorosis – etiology and a treatment option

Aesthetic challenge in upper teeth: applying biomimetics - clinical case report

Ana Lourdes Miranda de Vasconcelos,

Chrys Morett Carvalho de Freitas, Wilker Morett Carvalho de Freitas, Rivanda Martins Costa de Freitas

Monica Aratani, Eloisa Lorenzo de Azevedo Ghersel

Herbert Ghersel, Catarina Prado,


EDITOR EXECUTIVO Ewerton Nocchi Conceição - UFRgS - RS EDITORA CIENTÍFICA Renata Corrêa Pascotto - UEM - PR PUBLISHER laurindo Zanco Furquim - UEM - PR CONSULTORES INTERNACIONAIS albert Heller - Montevideo - Uruguai august Bruguera - laboratório Disseny Dental Bcn - Barcelona - Espanha Daniel Edelhoff - Universidade de Munique - alemanha David a. garber - Medical College of georgia School of Dentistry - georgia Didier Dietschi - Universidade de geneva - Suíça gerald Ubassy - International Dental Training Centre - França João Pimenta - Clínica particular - Barcelos - Portugal Markus lenhard - Clínica particular - Suíça Milko Vilarroel Cortez - Universidade de Valparaíso - Chile Oliver Brix - Clínica particular - Kelkheim - alemanha Pablo abate - Universidade de Buenos aires - argentina Ricardo Mitrani - Clínica particular - México Shigeo Kataoka - Osaka Ceramic Training Center - Osaka - Japão Victor Hugo do Carmo - Hot Spot Design - Cugy - Suíça CONSULTORES CIENTÍFICOS adair luiz Stefanello Busato - UlBRa - RS alberto Consolaro - FOB-USP - SP alberto Magno gonçalves - UFgO - gO andréa Brito Conceição - UFRgS - RS antônio Salazar Fonseca - aPCD - SP anuar antônio Xible - Clínica particular - Vitória - ES Carlos alexandre l. Peersen da Câmara - Clínica particular - Natal - RN Carlos Eduardo Francci - USP - SP Carlos Eduardo Francischone - FOB-USP - SP Cesar augusto arita - São leopoldo Mandic - SP Claudia Cia Worschech - Clínica particular - americana - SP Claudio Pinho - Clínica particular - Brasília - DF Dickson Martins da Fonseca - Clínica particular - Natal - RN Dulce Simões - UFal - al Eduardo Batista Franco - USP - SP Eduardo galia Reston - UlBRa - RS Eduardo Passos Rocha - FOa/UNESP - SP Euripedes Vedovato - aPCD - SP Fabiano Marson - Faculdade Ingá - PR Fernando Borba de araújo - UFRgS - RS

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Revista Dental Press de Estética / Dental Press International. -- v. 1, n. 1 (out./nov./dez.) (2004) – . -- Maringá : Dental Press International, 2004Trimestral. ISSN 1807-2488. 1. Estética (Odontologia) – Periódicos I. Dental Press International. II. Título. CDD. 617.643005

INDEXAÇÃO: Revista Dental Press de Estética é indexada pela BIREME, nas bases BBO e LILACS - 2005.

Fernando Cauduro - PUC - RS glauco Fioranelli Vieira - USP - SP guilherme Senna - PUC/Mg - Mg Isabel Tumenas - aPCD - SP Jairo Pires de Oliveira - Clínica particular - Ribeirão Preto - SP João Carlos gomes - UEPg - PR José arbex Filho - Clínica particular - Belo Horizonte - Mg José Carlos garófalo - Clínica particular - São Paulo - SP José Roberto Moura Jr. - Clínica particular - Taubaté - SP Katia Regina Hostilio Cervantes Dias - UERJ / UFRJ - RJ leonardo Muniz - EBMSP - Ba luiz antônio gaieski Pires - Clínica particular - Porto alegre - RS luiz Fernando Pegoraro - FOB-USP - SP luiz Narciso Baratieri - UFSC - SC Marcelo Balsamo - aPCD - SP Marcelo Fonseca Pereira - Clínica particular - Rio de Janeiro - RJ Márcio grama Hoeppner - UEl - PR Marco antonio Bottino - FOSJC/UNESP - SP Maria Fidela de lima Navarro - USP - SP Mário Fernando de góes - FOP/UNICaMP - SP Mario Honorato da Silva e Souza Júnior - UFPa - Pa Osmir Batista de Oliveira Júnior - UNESP - SP Oswaldo Scopin de andrade - CES/SENaC - SP Patrícia Nobrega Rodrigues Pereira - Univ. of North Carolina at Chapel Hill e clínica particular em Brasília - DF Paulo Kano - aPCD - SP Raquel Sano Suga Terada - UEM - PR Rodolfo Candia alba Júnior - Clínica particular - São Paulo - SP Ronaldo Hirata - UFPR - PR Sérgio Roberto Vieira - PUC - PR Sidney Kina - Clínica particular - Maringá - PR Sillas luiz lordelo Duarte Júnior - FOar/UNESP - SP Sylvio Monteiro Junior - UFSC - SC Waldemar Daudt Polido - Clínica particular - Porto alegre - RS Walter gomes Miranda Jr. - USP - SP Wanderley de almeida Cesar Jr. - Clínica particular - Maringá - PR CONSULTORES EM PRÓTESE DENTÁRIA José Carlos Romanini - laboratório Romanini - londrina - PR luiz alves Ferreira - aPDESP - São Paulo - SP Marcos Celestrino - laboratório aliança - São Paulo - SP Murilo Calgaro - Studio Dental - Curitiba - PR Rolf ankli - Dental atelier - Belo Horizonte - Mg CONSULTORES DE FOTOGRAFIA any de Fátima Fachin Mendes - Fotógrafa - PR Dudu Medeiros - Fotógrafo - SP

DIRETORa: Teresa R. D’aurea Furquim - aNalISTa Da INFORMaçãO: Carlos alexandre Venancio - PRODUTOR EDITORIal: Júnior Bianchi - DIagRaMaçãO: Diego Ricardo Pinaffo, Fernando Truculo Evangelista, gildásio Oliveira Reis Júnior, Tatiane Comochena - PRODUçãO gRÁFICa E ElETRÔNICa (SBOE): Elizabeth Salgado REVISãO: Ronis Furquim Siqueira - TRaTaMENTO DE IMagENS: andrés Sebastián - BIBlIOTECa: Marisa Helena Brito - NORMalIZaçãO: Marlene gonçalves Curty - BaNCO DE DaDOS: adriana azevedo Vasconcelos - E-COMMERCE: Soraia Pelloi COORDENaçãO DE aRTIgOS: Roberta Baltazar de Oliveira - CURSOS E EVENTOS: ana Claudia da Silva, Rachel Furquim Scattolin - INTERNET: Carlos E. de lima Saugo - FINaNCEIRO: Márcia Cristina Plonkóski Nogueira Maranha, Roseli Martins - DEPTO. COMERCIal: Roseneide Martins garcia - SECRETaRIa: ana Claudia Reis limonta. a Revista Dental Press de Estética (ISSN 1807-2488) é uma publicação trimestral (quatro edições por ano) (Tiragem: 3.500 exemplares) da Dental Press Ensino e Pesquisa ltda. - av. Euclides da Cunha, 1718 - Zona 5 - CEP 87.015-180 - Maringá/PR - Brasil. Todas as matérias publicadas são de exclusiva responsabilidade de seus autores. as opiniões nelas manifestadas não correspondem, necessariamente, às opiniões da Revista. Os serviços de propaganda são de responsabilidade dos anunciantes. assinaturas: www.dentalcompras.com.br ou pelo fone/fax: (44) 3031-9818.


Editorial

Marca e Valor Poucos eventos conseguem atrair tanta atenção e ocupar imenso espaço na mídia internacional como a Copa do Mundo de futebol. Será que isso é por acaso? Claro que não... todos nós sabemos. O futebol é um esporte com regras simples, que alimenta nos povos um sentimento de paixão e também oportuniza a inclusão social. Aliado a esses ingredientes, existe um imenso trabalho para dar VALOR para a “MARCA” futebol. É indiscutível a contribuição do brasileiro chamado João HaveEwerton Nocchi Conceição*

Renata Corrêa Pascotto**

lange, que assumiu a FIFA na década de 70 com uma condição econômica apenas satisfatória e a transformou em uma entidade que fatura milhões de dólares anualmente, e que ainda tem uma grande influência política, social e econômica. No caso da Seleção Brasileira de Futebol acrescenta-se, ainda, uma bela história de vitórias e qualidade técnica dos jogadores, e essa MARCA fica mais valiosa ainda. E o que isso tem a ver com uma revista de Odontologia Estética, que trabalha constantemente para melhorar sua qualidade, ou com a atuação de nós dentistas no dia a dia? VALOR e MARCA. Sim, isso mesmo. Perseguimos muito o reconhecimento de nossos pacientes, de nossos colegas e da sociedade de modo geral, através de um trabalho ético e de qualidade. Uma revista persegue o reconhecimento dos professores, profissionais e acadêmicos por meio de publicações relevantes e que contribuam como importante fonte de atualização. Aproveitei esse ano de Copa do Mundo de futebol para ilustrar e convidar todos a refletir sobre a importância de construir uma MARCA, quer seja pessoal ou institucional, realmente consistente e que possa gerar um enorme VALOR. Na correria do dia a dia, muitas vezes não paramos para pensar em que direção estamos indo e o que realmente estamos fazendo para atingir o tal reconhecimento ou, em outras palavras, obter maior VALOR para nossa MARCA. No projeto da revista Estética, estamos trabalhando com paixão e foco na busca

* Professor de Dentística da FO/UFRGS. Mestre e Doutor em Materiais Dentários pela FOP/UNICAMP. Especialista em Dentística Restauradora pela FO/UFSC. Coordenador do Curso de Especialização em Dentística da FO/UFRGS. Membro Credenciado da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética. Clínica particular com ênfase em Odontologia Estética em Porto Alegre/RS.

para agregar cada vez mais VALOR à nossa MARCA. E você, no seu dia a dia profissional, o que e como está fazendo?! Desejo-lhes uma boa leitura e que todos tenham êxito na construção de sua MARCA e alcancem o VALOR desejado!

E-mail: ewertonn@dentalpress.com.br. **

Professora Associada do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Mestre e Doutora em Dentística pela Faculdade de Odontologia de Bauru - USP. Coordenadora Adjunta do Programa de Pós-graduação em Odontologia Inte-

Ewerton Nocchi

grada (mestrado) da UEM. E-mail: rpascotto@dentalpress.com.br.

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Em 2011, juntos no Rio de Janeiro...

E muito mais...




Eventos nacionais

» 7ª FEIRA E CONGRESSO INTERNACIONAL DE ODONTOLOGIA ESTÉTICA • DATA: 26 a 28 de agosto de 2010 • LOCAL: Espaço APCD – São Paulo/SP • INFORMAÇÕES: 0800 12 8555 - www.apcd.org.br/estetica – decofe@apcdcentral.com.br

» 4º ENCONTRO BRASILEIRO TPD 14º Cursão

• DATA: 24 e 25 de setembro de 2010 • LOCAL: Espaço APCD - Santana - São Paulo/SP • INFORMAÇÕES: (11) 3287-1933 - www.apdesp.org.br

» 18º CIOPG - CONGRESSO INTERNACIONAL DE ODONTOLOGIA DE PONTA GROSSA

4º SBPqO Sul - Encontro Anual 2010 9º EPATESPO - Encontro Paranaense de Técnicos e Administradores do Serviço Público Odontológico

• DATA: 14, 15 e 16 de outubro de 2010 • LOCAL: Colégio Marista Pio XII - Ponta Grossa/PR • INFORMAÇÕES: (42) 3219-5610 - abopg@abopg.com.br - www.abopg.com.br

» 16º CONGRESSO INTERNACIONAL DE ODONTOLOGIA ESTÉTICA - SBOE • DATA: 21 a 23 de outubro de 2010 • LOCAL: Hotel Transamérica Ilha de Comandatuba – Comandatuba/BA • INFORMAÇÕES: (21) 2239-4370 – www.sboe.com.br

» 3º MEETING DE IMPLANTODONTIA E PERIODONTIA ESTÉTICA • DATA: 21 e 22 de outubro de 2010 • LOCAL: Ouro Minas Palace Hotel - Belo Horizonte/MG • INFORMAÇÕES: (31) 3292-7968 - www.meetingimplante.com.br

Eventos internacionais

» 9TH ANNUAL MEETING & SCIENTIFIC SESSION - “THE INTERSECTION OF MACRO AND MICRO DENTISTRY” • DATA: 4 a 6 de novembro de 2010 • LOCAL: Fess Parkers Doubletree Resort Santa Barbara – Santa Barbara/EUA • INFORMAÇÕES: www.microscopedentistry.com – info@microscopedentistry.com

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Acontecimentos Acontecimentos

Entre os dias 14 e 17 de julho, foi realizado em Barcelona, na Espanha, o 88º encontro anual da IADR

(International Association for Dental Research). Os brasileiros que participaram do evento foram muito bem representados pela professora da USP, Maria Fidela de Lima Navarro, presidente eleita do IADR. Pela primeira vez na história da instituição, uma brasileira foi escolhida para o cargo.

Rachel Furquim, Renata Pascotto, Myuke Hayacibara e Luciana Manzotti (Maringá/PR).

Mabel Cordeiro, Thaisa Triches, Ana Carolina Zaze, Cezar Aurelio Zaze e Rodrigo Triches (Florianópolis/SC).

Shigeyoshi Shimizu, Takahashi Kouichi e Shota Hatakeyama (Sapporo, Japão).

Ana Skaleric e Eva Skaleric (Ljubljana, Slovênia).

George Aliades (Atenas, Grécia) e Imad About (Marseille, França).

Petra Werder (Basel, Suíça).

Luciano Casagrande e Thiago Ardenghi (Santa Maria, Brasil).

Lilian Paula (Brasília/DF) e Sigmar de Mello Rode (São Paulo/SP).

Giancarla Sangianantoni e Tiziana Cantile (Trentola Ducenta, Itália).

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Entrevista

Pascal Magne

O Dr. Pascal Magne nasceu em La Chaux-de-Fonds, Suíça, em 1966. Cresceu em Neuchâtel, onde concluiu o ensino médio. Em seguida, mudou-se para Genebra, onde se formou em Odontologia em 1989, concluindo sua tese de doutorado em 1992. Passou, então, a lecionar e continuou seus estudos de pós-graduação em Prótese e Dentística Operatória na Universidade de Genebra, até 1997. Foi contemplado com fundos de pesquisa oferecidos pela Fundação Suíça de Estudos Médico-Biológicos e pela Associação Internacional de Pesquisa Odontológica. Atuou como pesquisador em tempo integral, na área de Biomateriais e Biomecânica na Universidade de Minnesota, entre 1997 e 1999. De volta à Universidade de Genebra, recebeu o título de Doutor em 2002 e atuou como conferencista sênior entre 1999 e 2004. A partir de fevereiro de 2004, tornou-se Livre Docente e Professor Associado da Universidade do Sul da Califórnia (USC, Los Angeles), onde se tornou catedrático do Departamento de Odontologia Estética. É autor do livro

Bonded Porcelain Restorations in the Anterior Dentition: A Biomimetic Approach (Restaurações Adesivas de Porcelana na Dentição Anterior: Uma Abordagem Biomimética), da Quintessence Publishing, de 2002, disponível em 10 idiomas; além de artigos clínicos e científicos em Odontologia Estética e Adesiva, sendo frequentemente convidado para ministrar palestras sobre esses temas. Atualmente, os Drs. Pascal Magne e Michel Magne são considerados a melhor equipe de profissionais da Estética Dental. Pascal apresenta e ensina seus conhecimentos inovadores, baseados em evidências científicas sólidas, especialmente sobre plano de tratamento, técnicas de preparo e de cimentação adesiva. Se acrescentarmos, ainda, suas sofisticadas técnicas de estratificação cerâmica e recriação artística do sorriso humano, teremos o que de melhor pode oferecer a Odontologia moderna.

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Magne P

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Entrevista

Quantas vezes você já visitou o Brasil? O que acha de nosso país? Já estive no Brasil sete vezes, entre Rio de Janeiro, Curitiba e Florianópolis. Cada visita me deixou muita admiração pelo país e pelos brasileiros. Acredito que alguns dos melhores dentistas do mundo são brasileiros; eles são caracterizados pela sua paixão e criatividade. Os professores Luiz Narciso Baratieri, Sylvio Monteiro Jr., Antonio Carlos Cardoso (todos da Universidade Federal de Santa Catarina) e Dr. Newton Fahl Jr. (de Curitiba) são amigos muito especiais. Além disso, tenho tido o privilégio de “receber o Brasil”, na medida em que recebo muitos professores visitantes, doutorandos, etc., participando de pesquisas realizadas pela minha equipe (Fig. 1). Todos vêm demonstrando um nível muito elevado de capacidade e precisão. Já realizaram muitos trabalhos de suma importância para nossa profissão. Não hesitaria em me tornar paciente de qualquer um deles. Você costuma falar sobre restaurações adesivas. Acha que nós estamos vivenciando a era da “adesão” na Odontologia Estética? Sim, nós estamos e, pelo que sei, essa “era da adesão” começou há 15 anos, pelo menos. Lembre-se que um mundo “sem adesão” seria muito triste. Muitas coisas comuns em nossas vidas deixariam de funcionar: os aviões, seu carro, sua bicicleta, seus sapatos, etc.; e, claro, suas restaurações dentárias. Adesão é um “conceito”, e é atemporal. Lembre-se de que um dente pode ser descrito como uma lâmina de esmalte perfeitamente aderida sobre um núcleo de dentina. Esse é o projeto divino e é legítimo imitar biomimeticamente esse conceito. Infelizmente, têm-se realizado grandes danos aos dentes e polpa por conceitos protéticos tradicionais (forma de retenção e resistência). Conte-nos um pouco sobre sua experiência nos Estados Unidos. Poderia apontar as principais

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Lembre-se de que um dente pode ser descrito como uma lâmina de esmalte perfeitamente aderida sobre um núcleo de dentina.

diferenças na forma como a Odontologia é ensinada, pesquisada e praticada nos Estados Unidos e na Europa, onde você lecionava? Baseado em sua visão e conhecimento sobre o Brasil, há grandes diferenças entre esses três lugares? Como aluno de Odontologia na Suíça, recebi o apoio e a influência de excelentes mentores (entre eles, o professor Urs Belser). Em minha alma mater, a Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Genebra, recebi um ensino “boutique” (excelência em primeiro lugar), com a média de 1 docente para 4 a 5 alunos, no máximo. Quando descobri o novo continente, em meados dos anos noventa, percebi que as grandes turmas (1 docente para cada 8 a 10 alunos, ou mais), o alto valor das mensalidades e a preocupação com a produtividade jamais me permitiriam ter evoluído de forma semelhante nos Estados Unidos. Em especial, as deficiências inerentes à estrutura de ensino oferecido na área de tecnologia odontológica me causavam (e ainda me causam) profunda revolta. No entanto, sou grato a Deus pelo privilégio de crescer dentro de um “ninho aconchegante” chamado Suíça, mas por ter tido a oportunidade de fazer essa viagem para o “velho oeste” dos Estados Unidos. Graças aos anos em que residi na América do Norte (8 anos no total, sendo 6 anos em Los Angeles), aprendi a abrir a mente para outras culturas e horizontes. Conheci pessoas do mundo todo (bem-vindos a Los Angeles). Acredito que, se o mundo fosse um cérebro, a Europa estaria do lado direito e os EUA à esquerda. Mas o incrível é que, quando os dois lados se encontram (europeus nos EUA ou norte-americanos na Europa), é possível realizar coisas extraordinárias. Naturalmente, até onde consigo perceber, o Brasil é muito semelhante à Europa.


Magne P

foi contaminada pela necessidade atual de que tudo seja rápido e simples. Qual a sua opinião? Você se preocupa com esse fenômeno? Concordo que tendemos a ser impacientes e isso me preocupa. Eu tenho grande admiração por tudo o que somos capazes de realizar em nossa profissão. Graças ao Criador, um dente precisa de cerca de 9 anos para se desenvolver plenamente no corpo humano (4 a 5 anos para a coroa de um incisivo central, e mais 4 a 5 anos para a raiz). Quando o dente sofre algum dano, vamos ao dentista e esperamos que esse humilde homem possa consertá-lo em uma hora. E normalmente funciona muito bem, surpreendentemente. Mas essa presteza nem sempre basta, porque, pelo visto, nossa fome de “rapidez” é difícil de satisfazer. A indústria entende profundamente esse processo e se esforça em abastecer os profissionais para que possam satisfazer essa fome. É a “síndrome do fast-food” na Odontologia. Acredito que alguns conceitos bastante úteis poderão surgir daí, mas os profissionais precisam ter cautela. Eu gosto de comer no McDonald’s de vez em quando. Mas não todo dia!

Algumas das questões dessa entrevista foram originalmente publicadas na edição portuguesa da revista Dentistry (www.dentistry.pt) e sua republicação foi autorizada pelo entrevistado.

Pascal Magne • Professor das Universidades de Genebra e Los Angeles.

E-mail: magne@usc.edu

Você gostaria de mandar uma mensagem ou conselho aos profissionais mais jovens que pretendem seguir carreira em Odontologia Estética? Gostaria de dizer-lhes que “se liguem e fiquem ligados” (“get bonded and stay bonded ”) (risos). Agora falando sério, eu quero que eles derrubem as barreiras conceituais que o ensino tradicional construiu em sua volta. Que possam romper as barreiras e seguir um mentor. O mentor tem um papel fundamental na carreira de jovens dentistas (na minha, certamente teve). Além disso, cuidado com a palavra “estética” em Odontologia. A estética, em si, nada mais é do que um belo símbolo da vida espiritual, sem a qual a estética é apenas uma sombra sem substância 1. Se você acredita nisso, compartilhe com seus pacientes, Deus fará o resto.

REFERênCiAs 1. Murray WJ. The realm of reality. Saint Louis: Divine Science Publishing Association; 1922.

Coordenadora Rachel D’Aurea Furquim - Graduada pela Universidade Estadual de Londrina. - Mestranda em Odontologia Integrada pela Universidade Estadual de Maringá. - Aluna do curso de Especialização em Prótese Dentária pela Universidade Estadual de Maringá. - Membro Associado da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética.

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Excelência em Laboratório

Mauricio Umeno WATANABE*

22

* Especialista em Periodontia pela Funbeo (Bauru). Especialista em CTBMF pela UNIP (São Paulo). Mestrando em Prótese pela São Leopoldo Mandic (Campinas).

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Watanabe MU

Incisivo lateral superior

O incisivo lateral superior é, dentre os dentes an-

dentes antagonistas durante os movimentos mandibu-

teriores superiores, o que apresenta a maior variabili-

lares. Isso faz com que não haja desgaste da borda in-

dade anatômica. É comum encontrarmos diferenças

cisal devido à atrição. Nesses casos, é comum encon-

anatômicas inclusive entre os incisivos laterais do

trarmos incisivos laterais apresentando borda incisal

mesmo indivíduo. Apesar da sua forma mais comum

com a anatomia quase intacta, mesmo nos indivíduos

ser similar à do incisivo central superior, variações de

adultos. Dentre as características mais marcantes nes-

formas anatômicas são bastante frequentes. Além

se grupo de dentes estão as que diferem do incisivo

disso, seu posicionamento na arcada também apre-

central. Comparativamente, o lateral apresenta uma

senta uma falta de padronização.

convergência mais acentuada para cervical das cristas

Dentre as variações anatômicas encontradas, Ha-

marginais vestibulares, um arredondamento maior do

tjo cita que Mühlreiter afirma serem as mais comuns:

ângulo que une a borda incisal com o contorno distal,

a forma similar à do canino, a torção da coroa para

uma superfície vestibular mais lisa e com sulcos ver-

mesial e a forma conoide. O incisivo lateral superior,

ticais menos evidentes3. Outras características tam-

por estar posicionado num arco, se encontra natu-

bém podem ser evidentes, como a presença de uma

ralmente girovertido com relação ao incisivo central.

saliência na porção mediana do lado lingual da borda

A magnitude dessa giroversão faz com que, muitas

incisal; a existência de cristas marginais linguais bem

vezes, encontremos uma sobreposição da mesial do

desenvolvidas delimitando lateralmente a fossa lingual;

incisivo lateral sobre a distal do incisivo central. Esse

e a presença de uma depressão mesiovestibular que,

apinhamento, quando não exagerado, é esteticamente

quando acentuada, faz com que a coroa do dente

aceitável e muitas vezes utilizado para compor o ar-

apresente o aspecto torcido para mesial1.

1

ranjo dos dentes anteriores em modificações estéticas

A seguir, será apresentada uma sequência de en-

com técnicas restauradoras diretas e indiretas. O ta-

ceramento progressivo de um incisivo lateral superior

manho médio do incisivo lateral superior é de 9,34mm

direito com as características mais comumente en-

de altura por 7,38mm de largura, segundo Magne,

contradas. O enceramento foi realizado com ceras de

Gallucci e Belser . Devido à sua menor dimensão, se

diversas cores e translucidez, de forma que ficassem

comparada à do incisivo central e do canino, o incisi-

evidentes os volumes ocupados pelas diversas estru-

vo lateral muitas vezes não entra em contato com os

turas do dente.

2

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23


Watanabe MU

Figura 42 - Detalhes da face lingual.

Figura 43 - Detalhes da vestibular e incisal.

REFERÊNCIAS

1. Hatjo J. Anteriores: a beleza natural dos dentes anteriores. São Paulo: Ed. Santos; 2008. p. 109-43. 2. Magne P, Gallucci GO, Belser UC. Anatomic crown width/length ratios of unworn and worn maxillary teeth in white subjects. J Prosthet Dent. 2003 May;89(5):453-61. 3. Picosse M. Anatomia dentária. 4ª ed. São Paulo: Sarvier; 1983.

Endereço para correspondência Mauricio Umeno Watanabe E-mail: mauriciowatanabe@yahoo.com.br

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Fotografia

Flashes laterais, como usĂĄ-los? Jairo Pires de Oliveira

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Oliveira JP

INTRODUÇÃO A fotografia intrabucal é cada vez mais utilizada pelos cirurgiões-dentistas no registro de seus casos

da qualidade profissional, visto que a fotografia é um juiz imparcial quanto à qualidade dos serviços e trabalhos oferecidos pelo cirurgião-dentista.

clínicos. Vários fatores têm propiciado, ao cirurgião-

Com o aparecimento cada vez mais frequente de

dentista brasileiro, o treinamento específico no registro

máquinas fotográficas com sensores e dispositivos

de seus casos através da fotografia digital intrabucal,

mais poderosos e sofisticados, e a obsolescência

entre eles: a facilidade de digitalização das imagens;

dos equipamentos num círculo de vida útil cada vez

redução dos preços dos computadores e baratea-

menor dos mesmos, muitas vezes o protocolo foto-

mento das viagens internacionais, além do aumento

gráfico e os ajustes usados em equipamentos anti-

do poder aquisitivo da moeda brasileira frente ao dó-

gos não se aplicam aos novos equipamentos. Isso é

lar americano; a facilidade e velocidade de informa-

especialmente aplicado com a abertura do diafrag-

ção através da internet; além do fervilhante intercâm-

ma em uma nova câmera fotográfica.

bio de grandes profissionais da Odontologia mundial

Enquanto para uma sequência intrabucal em um

e o acesso do dentista brasileiro a esses profissionais

equipamento fotográfico adquirido em 2004 (como

em congressos e cursos em nosso país, sem contar a

a Canon D300, com sensor de 6,3 megapixels) nós

nossa própria e intensa produção científica.

usávamos uma abertura de 22 no diafragma, com

A grande revolução aconteceu com a substitui-

ISO 100 e velocidade de 1/125 segundos; numa

ção do filme fotográfico pelos sensores digitais, nas

máquina Canon XSI (adquirida no ano de 2009,

máquinas fotográficas. A fotografia deixou de ser

com sensor de 12,6 megapixels) notamos que a

um passatempo caro e para poucos, para se tornar

mesma configuração faz com que obtenhamos fo-

disponível para a população através das máquinas

tografias mais claras.

fotográficas digitais.

Temos que reconhecer que cada máquina foto-

Hoje, temos telefones celulares que filmam e

gráfica é um equipamento único e que seus ajustes

fotografam, permitindo o envio automático dessas

devem ser individualizados para que continuemos

imagens pela internet; e qualquer pessoa, em qual-

a obter fotografias de qualidade. Notamos que não

quer lugar do mundo, pode ter acesso instantâneo a

basta fechar o diafragma da máquina, passando

essas imagens e informações.

por exemplo de uma abertura 22 para uma aber-

Com esse novo cenário, o cirurgião-dentista tem o estímulo e os meios necessários para o registro

tura 29, mas precisamos também calibrar o flash, diminuindo a sua potência.

de seus casos e apresentação desses perante o pa-

Um detalhe extremamente importante é, ao ad-

ciente ou seus colegas, através de um programa de

quirir um sistema fotográfico, manter-se fiel a ele,

computador.

evitando usar intermediários de outros fabricantes,

Esses recursos possibilitam uma facilidade maior

pois eles geralmente são mais baratos e o doce

no planejamento de tratamentos, comunicação com

sabor da economia na hora da compra revelará o

laboratórios de prótese, comprovação de trabalhos

amargor da perda de qualidade fotográfica quando

realizados junto a convênios odontológicos, e con-

o equipamento for usado.

vencimento do paciente na aquisição de serviços odontológicos de maior valor agregado. O registro dos casos também leva a uma melhora

Ao se adquirir um equipamento Canon, adquira também as lentes e o flash da mesma marca; procedendo da mesma forma com equipamentos Nikon, etc.

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35


Flashes laterais, como usá-los?

Distante

CONCLUSÃO

Para finalizar a nossa documentação, após termi-

Atualmente, o avanço tecnológico e a concorrência

nar o nosso trabalho odontológico fotografaremos o

em nossa profissão nos levam a um constante apri-

sorriso do paciente e novamente faremos a fotografia

moramento e a fotografia é um dos meios que nos

da face, dos lados direito e esquerdo, para que pos-

mantêm sempre atualizados e capacitados a oferecer

samos usá-las como comparação com as do início

o melhor aos nossos pacientes.

do tratamento. Dessa forma, teremos um caso completo, com início, meio e fim.

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42

Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):34-42

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Jairo Pires de Oliveira • Especialista em: Dentística Restauradora, Periodontia e Implantodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru – USP. • Coordenador Científico da Associação Odontológica de Ribeirão Preto (AORP) de 1998 a 2001. • Presidente da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética (SBOE) de 2006 a 2007. • Autor do livro Fotografia intra-oral (Ed. Santos, 2004). • Coautor do livro Micro-Odontologia: visão e precisão em tempo real (Dental Press, 2008). • E-mail: jairopo@clinicacanada.com.br


........................................................

7º CONGRESSO INTERNACIONAL DE

ODONTOLOGIA ESTÉTICA

26 a 28

de

agosto

apcd central

- conferências nacionais - hands-on - ateliê do sorriso


Ponto de Vista

Você prefere realizar cirurgia para recobrimento radicular com ou sem o auxílio do microscópio? 44

Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):44-8


Ponto de Vista

procedimento é baseada nos princípios de sucesso,

REFERêNCIAS

economia, morbidade do paciente e reprodutibilidade. Para uma boa reprodutibilidade da técnica, ela deve ser de fácil execução, necessitando de menor habilidade do operador. A utilização do microscópio e de microinstrumentos requer um intenso treinamento prévio clínico e laboratorial. Além disso, há um elevado custo para a aquisição do microscópio e dos microinstrumentais. Os resultados mostrados na literatura indicam que tanto a abordagem macrocirúrgica quanto a microcirúrgica promovem percentuais de recobrimento radicular satisfatórios, melhora estética

1. Bittencourt S, Del Peloso Ribeiro E, Sallum EA, Sallum AW, Nociti FH Jr, Casati MZ. Comparative 6-month clinical study of a semilunar coronally positioned flap and subepithelial connective tissue graft for the treatment of gingival recession. J Periodontol. 2006;77:174-81. 2. Burkhardt R, Lang NP. Coverage of localized gingival recessions: comparison of micro- and macrosurgical techniques. J Clin Periodontol. 2005;32:287-93. 3. Campos GV, Bittencourt S, Sallum AW, Nociti FH Jr, Sallum EA, Casati MZ. Achieving primary closure and enhancing aesthetics with periodontal microsurgery. Pract Proced Aesthet Dent. 2006;18:449-56. 4. Francetti L, Del Fabbro M, Testori T, Weinstein RL. Periodontal microsurgery: report of 16 cases consecutively treated by the free rotated papilla autograft technique combined with the coronally advanced flap. Int J Periodontics Restorative Dent. 2004;24:272-79. 5. Shanelec DA, Tibbetts LS. A perspective on the future of periodontal microsurgery. Periodontol 2000. 1996;11:58-64. 6. Tibbetts LS, Shanelec DA. An overview of periodontal microsurgery. Curr Opin Periodontol. 1994;1:187-93.

e da hipersensibilidade, e ganho de tecido queratinizado. Embora boa parte dos estudos demonstre vantagens estatísticas com o uso do microscópio para o recobrimento radicular, um acompanhamento em longo prazo se faz necessário para verificar a estabilidade da técnica. Ainda, novos estudos precisam ser desenvolvidos avaliando mais técnicas macro e microcirúrgicas e comparando a satisfação estética, morbidade pós-operatória, hipersensibilidade dentinária e tempo de cicatrização.

Cléverson de Oliveira e Silva • Professor Adjunto de Periodontia UEM. • Mestre em Periodontia FOP/Unicamp. • Doutor em Periodontia FOP/Unicamp e Ohio State University - EUA. • Pesquisador Visitante Ohio State University EUA.

46

Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):44-8


Silva CO, Campos GV

GLÉCIO VAZ DE CAMPOS

pequenas recessões residuais também pode repre-

Prefiro com o microscópio operatório. Há 14 anos estou convencido do seu inigualável potencial. A tendência atual da Periodontia estética é a bus-

sentar um problema estético, pois o milímetro mais coronal da raiz exposta é, muitas vezes, a única área visível quando o paciente sorri.

ca de técnicas cirúrgicas cujo sucesso seja avaliado

Portanto, os procedimentos cirúrgicos para o re-

pela previsibilidade dos resultados, pela qualidade do

cobrimento radicular são de difícil execução e bastan-

pós-operatório e pela ausência de cicatrizes.

te sensíveis a falhas, os resultados estéticos gengivais

A partir da comprovação de que o enxerto conjuntivo subepitelial (ECS) é capaz de induzir a quera-

são variáveis e nem sempre atendem à expectativa dos pacientes.

tinização dos tecidos1, vários autores desenvolveram

Além de resultados aceitáveis baseados em da-

técnicas utilizando o ECS combinado com diferentes

dos clínicos, a cirurgia plástica periodontal busca o

desenhos de retalhos pediculados, objetivando o re-

desenvolvimento de técnicas menos invasivas para o

cobrimento dos variados tipos de defeitos. Esse gru-

recobrimento radicular, que favoreçam uma cicatriza-

po de técnicas aumentou a previsibilidade das cirur-

ção mais rápida, menor desconforto pós-operatório e

gias para recobrimento radicular devido ao aumento

maior satisfação dos pacientes.

da nutrição do enxerto. Recentes revisões sistemáti-

O microscópio operatório (MO) vem sendo utiliza-

cas têm demonstrado que as técnicas que utilizam o

do com o objetivo de atender a esses requisitos7,9,10.

ECS são previsíveis para tratar recessões gengivais e

É um instrumento que oferece ótima visualização do

oferecer homogeneidade de cor entre a área enxerta-

campo de trabalho, versatilidade na magnificação das

da e os tecidos adjacentes

2,3,4

.

imagens (3x a 30x) e postura de trabalho ergonômica.

No entanto, encontramos na literatura estudos clí-

Suas características ópticas proporcionam conforto

nicos controlados com ECS onde a média de recobri-

ao operador, já que seus olhos posicionam-se em re-

mento radicular varia de 64%5 a 97%6. Essa grande

pouso, como se estivesse observando o horizonte,

variação de resultados pode ser atribuída à dificuldade

sem a convergência que ocorre na visão a olho nu ou

de execução da técnica, ao grande número de passos

com o uso de lupas. Outra vantagem é a possibilida-

técnicos, aos tipos de defeito, ao número de raízes a

de de se adaptar um sistema de captura de imagem

serem recobertas e à espessura dos tecidos. Quando

para filmagens e fotografias simultâneas ao trabalho.

os defeitos são mais largos (no sentido mesiodistal), a

O uso do MO e de microinstrumentos para o re-

dificuldade técnica é maior e o risco de perda de nutri-

cobrimento radicular possibilita um procedimento

ção do enxerto aumenta. Os retalhos com espessura

cirúrgico minimamente invasivo através de incisões

igual ou inferior a 0,8mm são de difícil manipulação, o

precisas, dissecação uniforme dos retalhos (finos ou

que aumenta o risco de necrose pós-operatória7.

espessos) e suturas imperceptíveis. Esse refinamen-

Vários estudos controlados mostraram que o re-

to de técnica em que a acuidade visual é melhorada

cobrimento radicular completo somente ocorre em

pela magnificação é chamado de microcirurgia plás-

80% dos casos. Uma vez que a maior parte das

tica periodontal9.

áreas com hipersensibilidade radicular está próxima

A microcirurgia plástica periodontal é baseada em

à junção cemento-esmalte, somente um comple-

três princípios11. O primeiro é o aumento da habilidade

to recobrimento radicular poderia garantir resolução

motora para melhorar o desempenho cirúrgico. Isso é

total dessa queixa dos pacientes . A presença de

evidente nos movimentos das mãos, executados com

7,8

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47


Ponto de Vista

grande precisão e reduzido tremor. O segundo princí-

REFERêNCIAS

pio da microcirurgia é o uso de microinstrumentos, que possuem ponta ativa precisa e delicada, para reduzir o sangramento e o traumatismo dos tecidos. O terceiro é a busca do fechamento da ferida de borda a borda, o que elimina espaços vazios e evita a proliferação de um tecido inflamatório. Para isso, utilizam-se suturas delicadas e precisas, com mínima tensão nos retalhos. O reduzido traumatismo nos tecidos envolvidos na microcirurgia e o padrão de cicatrização por primeira intenção levam a um pós-operatório mais confortável e a uma rápida cicatrização, sem a produção de fibroses. Isso contribui para uma melhor aceitação dos procedimentos cirúrgicos pelos pacientes, e para que se obtenham resultados estéticos mais previsíveis. Alguns estudos controlados começam a demonstrar que o uso do MO e microinstrumentos aumenta significativamente a vascularização do enxerto12 e o percentual de recobrimento radicular completo, quando comparado a procedimentos realizados a olho nu13. Os melhores resultados alcançados com o uso do MO são atribuídos à sua capacidade de ampliar a imagem, o que permite melhor acuidade visual e, dessa forma, possibilita o refinamento da técnica cirúrgica.

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O uso do MO para o recobrimento radicular exige dos periodontistas uma curva longa de treinamento laboratorial e clínico. Porém, aqueles que superam as dificuldades iniciais relatam uma grande satisfação profissional por realizarem um trabalho mais previsível e preciso. À medida que mais estudos comparativos demonstrarem os resultados favoráveis proporcionados pelo MO, um número cada vez maior de periodontistas passará a adotar essa filosofia de trabalho. O domínio do MO foi decisivo para a minha opção de dedicação exclusiva aos procedimentos de cirurgia plástica periodontal. Assim, no dia a dia, é possível alcançar um índice de sucesso compatível com a expectativa dos colegas que nos indicam pacientes e, sobretudo, com a satisfação desses últimos.

48

Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):44-8

Glécio Vaz de Campos • Especialista em Periodontia e em Prótese Dental pela APCD – Araraquara. • Professor coordenador de Microcirurgia Plástica Periodontal, EAP – APCD Central. • Introdutor no Brasil da técnica de Microcirurgia Periodontal.



GestĂŁo em Odontologia

50

Rev Dental Press EstĂŠt. 2010 jul-set;7(3):50-2


Orth C

Estou ligando para marcar um horário na sua clínica… Celso Orth

E aí, quem vai atender o telefone está prepara-

Costumo dizer que a pessoa que atende o tele-

do? Será que, ao atender, vai demonstrar entusias-

fone é tão importante quanto o profissional mais titu-

mo com minha ligação? Será que nesse meu primeiro

lado que temos na clínica. O nosso negócio, muitas

contato vou me sentir bem recebido e até acolhido?

vezes, nasce aí.

As nossas certezas nesse ponto começam a se

Existem pessoas que contratam simplesmente

transformar em dúvidas e até, talvez, em preocupa-

uma telefonista treinada, educada e com currículo,

ções. Aqui reside um ponto de sensibilidade, muito

mas sem o essencial, que é o comprometimento. E

crítico, que remete ao primeiro contato de um cliente

acabam pagando pouco por isso. A contrapartida

com a clínica.

é que também recebem pouco em troca, ou seja,

Por mais que confiemos em nossa telefonista/

um desserviço.

recepcionista ou atendente — seja lá qual for a de-

Dica: remunere e valorize muito bem aquela que é

nominação —, existem muitas variáveis que influen-

a primeira pessoa que comunica e exterioriza a ima-

ciam no atendimento personalizado, que deveria

gem de nossa organização.

ser excelente. Com certeza absoluta, a primeira

Bem, vamos considerar que essa primeira etapa

delas é o bom humor! Pessoas mal humoradas não

foi cumprida com êxito. Finalmente o nosso cliente

deveriam fazer parte da linha de frente de uma or-

chegou. Ele traz consigo muitas expectativas e, claro,

ganização que presta serviços, principalmente na

muitos desejos. Como será que ele, quando entrar

área de saúde, onde a tendência é atender inúme-

em nossas instalações, vai enxergar o ambiente? Ar-

ras pessoas que ligam ou nos procuram em mo-

rumado, limpo, iluminado, acolhedor? Lógico, diriam

mentos que se encontram fragilizadas por algum

vocês, isso é básico. Será?

problema de saúde ou de estética bucal. Em segundo lugar, a prontidão para tentar resolver, mostrar logo a vontade de encaminhar a solução. Parece óbvio, mas não é. Todos nós vemos má vontade, desconsideração, burocracia e dificuldades

E a pessoa que vai recebê-lo? Tem uma expressão corporal simpática, demonstrando claramente o quanto a visita dele é importante? Óbvio, diriam muitos. É fundamental recebê-lo muito bem, surpreendêlo até com a forma afetiva que lhe é demonstrada.

em vários lugares para os quais ligamos ou frequen-

Qual o som que está no ambiente: música, som da

tamos. Será que na nossa clínica isso não acontece?

TV, do DVD ou de conversas internas e/ou particula-

Dica: investigue, analise e pesquise com os clien-

res em tom mais alto? Qual o cheiro do lugar, há um

tes como anda o atendimento da linha de frente.

aroma agradável?

Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):50-2

51


Estou ligando para marcar um horário na sua clínica…

E assim as coisas vão acontecendo de acordo com as percepções de quem chega. Dica: que não seja somente na primeira vez que o esmero do lugar deva ser observado e a recepção

deve ser baseado e é decisivo na avaliação feita pelo cliente. O preço baseado em custos ou na concorrência não é a melhor escolha em se tratando de prestação de serviços.

desse cliente seja excepcional. Que, a cada vinda ao

Dica: esse valor precisa ser comunicado para que

longo do tratamento, nós possamos proporcionar

o cliente o perceba e valorize. Crie um modelo de co-

sensações memoráveis, tornando o invisível visível na

municação para que isso seja realmente implementado

percepção dele.

como parte do processo de atendimento ao cliente.

Como vai ser a estada de nosso cliente na clíni-

Tudo isso que foi escrito vai gerar a maior fonte de

ca, com quais profissionais ele terá contato? Temos

indicações, ou não, de clientes: o boca a boca. Exis-

um protocolo de recepção? Mostrar as instalações,

tem trabalhos que mostram que 78% das pessoas

apresentar a nossa equipe, etc.? Analise o tratamento

procuram um profissional por uma indicação de outra

que está sendo oferecido, o grau de intimidade, que

pessoa. Acredito que o atendimento seja realmente a

nem é dado, mas às vezes é tomado naturalmente por

maior fonte de sucesso de um profissional que presta

algum(a) atendente que se supõe mais próximo, ao

serviços, ainda mais na área da saúde.

chamá-lo de meu querido, meu amor, beijinho pra cá,

Dica final: um cliente que nos é indicado já vem

beijinho pra lá. Isso às vezes acontece também ao tele-

sabendo da maioria dos procedimentos que são exe-

fone e choca o interlocutor, que não o reconhece como

cutados na clínica, inclusive preços, o que facilita

um gesto de afeto e muito menos de profissionalismo.

muito o relacionamento e a negociação.

Tudo o que gira em torno do atendimento, confor-

Não esqueçamos: diferencial em uma clínica é ter

to, decoração, tecnologia, resultados, pessoas, etc.

pessoas preparadas, entusiasmadas e comprometidas.

faz parte de algo que se chama valor percebido pelo cliente. Aliás, esse é o paradigma em que o preço

Bons atendimentos, e principalmente muitas indicações, para vocês.

Celso Orth • Graduado em Odontologia pela UFRGS. • MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. • Fundador da Clínica Orth. • Clínico em tempo integral. • E-mail: celsorth@uol.com.br

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Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):50-2


...............

crescer

agregar para

...........

LOCAL:


Artigo Inédito

Gilmara Abrão Alves do NASCIMENTO* Milton Edson MIRANDA** Pedro Yoshito NORITOMI***

* Especialista em Odontopediatria pela Faculdade de Odontologia de Bauru - SP. Especialista em Endodontia pelo Centro de Microscopia Odontológica de Curitiba/PR. Mestre em Odontologia. ** Doutor em Prótese Dentária pela FO-USP. Coordenador do Curso de Mestrado em Prótese Dentária da Faculdade de Odontologia e Centro de Pós-graduação São Leopoldo Mandic - Campinas/SP.

*** Doutor em Engenharia Mecânica pela Divisão de Tecnologias Tridimensionais do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer - Campinas/SP.

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Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):54-63


Nascimento GAA, Miranda ME, Noritomi PY

Análise bidimensional de tensões em modelo de segundo pré-molar inferior, reconstruído com pinos de fibra de vidro e de carbono, por meio do método dos elementos finitos Stress distribution in a second lower pre-molar reconstructed with fiber glass and carbon post systems by 2D finite element analysis Resumo

Abstract

O objetivo deste trabalho foi analisar comparativamente, pelo Mé-

The objective of this work was to compare, through the Finite

todo dos Elementos Finitos, a distribuição de tensões internas

Elements analysis, the distribution of internal stress in 2D mod-

em dois modelos bidimensionais de um segundo pré-molar infe-

els of a second lower pre-molar, without coronary remnant,

rior, sem remanescente coronário, em uma vista mesial. A análise

under mesial view. The analysis was accomplished, comparing

foi realizada comparando pinos de fibras de vidro e de carbono,

fiber glass and carbon fiber posts, both with parallel and ech-

ambos com formato paralelo e escalonado. Foi aplicado um car-

eloned format. It was applied a loading of 100 N, distributed

regamento de 100N, distribuído na superfície da porção coro-

in the coronal portion of the resin, in the longitudinal direction.

nária do núcleo de resina composta, em sentido longitudinal. A

The analysis of the data was accomplished with the software of

análise dos dados foi realizada com um software específico e os

the finite elements specific method and the results visualized

resultados visualizados pelo critério de von Mises. Nas condições

in a scale of colors and values, according to von Mises’ crite-

“simuladas”, foi possível concluir que: houve uma distribuição de

rion. In the experimental conditions it was possible to conclude

tensões uniforme no interior dos modelos na região da raiz e nos

that: there was a uniform stress distribution in the interior of the

2/3 inferiores dos pinos, tanto os de fibra de carbono quanto os

casts in the root region and the inferior 2/3 of the posts, both

de fibra de vidro, o que indica que o direcionamento da aplicação

the carbon fiber and glass fiber, what indicates that the applica-

de carregamento no sentido longitudinal contribuiu com a unifor-

tion of the loading in longitudinal direction contributed with

midade na distribuição das tensões; no terço superior ocorreram

the uniformity in the stress distribution; in the superior third

concentrações de tensões nos ângulos das paredes de resina

occurred stress concentrations in the angles of the resin walls in

para os dois modelos, provavelmente devido à geometria exis-

both casts, probably due to the existing geometry in the men-

tente nas regiões referidas; ocorreu uma concentração de ten-

tioned regions; there was a stress concentration in the right and

sões nos ângulos da região da porção coronária de resina, com

left angles in the region of coronal portion of the resin with dif-

valores quantitativos diferentes para os dois modelos, indicando

ferent quantitative values for the two casts indicating that the

que as propriedades mecânicas dos pinos interferem na concen-

mechanical properties of the posts interfere in the stress concen-

tração de tensões; uma maior concentração de tensões ocorreu

tration; a greater tension concentration occurred in the coronal

na porção coronária de resina e terço superior do pino de fibra de

portion in the resin and in the superior third of the glass fiber

vidro devido ao fenômeno chamado “stress shielding”.

post due to a phenomenon called “stress shielding”.

Palavras-chave: Pinos intrarradiculares. Pinos de fibra de vidro. Pinos de fibra de carbono. Análise de tensões. Método dos elementos finitos.

Keywords: Intrarradicular posts. Fiber glass posts. Carbon fiber posts. Stress analysis. Finite Elements Method.

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Nascimento GAA, Miranda ME, Noritomi PY

REFERêNCIAS

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Endereço para correspondência Gilmara Abrão Alves do Nascimento Av. República Argentina, 50 - sala 91, Água Verde CEP: 80.240-210 – Curitiba / PR E-mail: gilmaranas@brturbo.com.br

Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):54-63

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Caso Clínico

Sanzio Marques*

* Mestre em Dentística Restauradora (FO-UFMG). Especialista em Prótese Dental (FORP-USP). Autor do livro “Estética com resinas compostas em dentes anteriores: percepção, arte e naturalidade”. Coordenador do Curso de Excelência em Odontologia Estética do IEO-Belo Horizonte. Coordenador do Curso Dominando a Arte com Resinas Compostas do IEO-Belo Horizonte.

64

Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):64-79


Marques S

Uma nova concepção na estratificação com resinas compostas A new concept in composite resins stratification

Resumo

Abstract

Dois requisitos são fundamentais no sucesso clínico e estético

Two requirements are fundamental to the success of clini-

das restaurações com resinas compostas: o conhecimento

cal and aesthetic restorations with composite resins: the

das propriedades ópticas dos dentes naturais e o conheci-

knowledge of the optical properties of natural teeth and the

mento do sistema restaurador adotado pelo profissional. O

knowledge of the restorative system used by the profes-

domínio desses dois fatores possibilita ao clínico reconhecer

sional. The dominance of these two factors allows the cli-

quais massas de resinas compostas, e em que espessura,

nician to recognize which masses of composite resins, and

são capazes de imitar com naturalidade as características do

in what thickness, are able to mimic the characteristics of

elemento a ser restaurado. O desafio restaurador não se li-

a natural element to be restored. The restorative challenge

mita a uma mimetização de cor, mas também ao equilíbrio

is not limited to mimicking of color, but also to balancing

nos níveis de translucidez e opacidade. O objetivo deste relato

the levels of translucency and opacity. The purpose of this

é apresentar, passo a passo, a reconstrução direta de dois

report is to present the step-by-step direct reconstruction

incisivos centrais superiores fraturados, com o sistema Ama-

of two fractured upper central incisors, with the Ama-

ris (Voco), enfatizando o conceito de estratificação da resina

ris system (Voco), emphasizing the concept of composite

composta, bem como a etapa de acabamento e polimento,

resin stratification and the step of finishing and polishing

visando proporcionar naturalidade às restaurações.

in order to provide natural restorations.

Palavras-chave: Resina composta. Estratificação. Ajuste estético.

Keywords: Composite. Stratification. Aesthetic finishing.

Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):64-79

65


Marques S

REFERÊNCIAS

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Endereço para correspondência Sanzio Marques Rua Lavras, 605 CEP: 37.902-314 – Passos / MG E-mail: sanzio@sorrisobelo.com.br

Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):64-79

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Caso Clínico

Fabiano Carlos Marson* Sidney Kina**

* Mestre e Doutor em Dentística pela UFSC. Professor de Dentística, Clínica integrada e do Mestrado em Prótese da Faculdade Ingá, Maringá/PR. Professor do Curso de Especialização em Dentística, Uningá, Cuiabá/MT.

** Mestre em Clínica Odontológica pela FOP/UNICAMP. Professor do Curso de Especialização em Odontologia Estética, SENAC – São Paulo.

82

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Marson FC, Kina S

Restabelecimento estético com laminados cerâmicos Aesthetic excellency in ceramic venners

Resumo

Abstract

As coroas adesivas livres de metal promovem a estética e

Metal free adhesive crowns promote function and aes-

função; porém, para conseguir excelência estética com

thetics, however, to achieve aesthetic excellence with

esses materiais indiretos, são necessários conhecimentos

these indirect materials it is necessary to know about col-

acerca de cor, forma, técnica restauradora e características

or, shape, filling technique and characteristics of opac-

de opacidade e translucidez. Através do relato de dois casos

ity and translucency. Through the report of two cases

clínicos serão demonstradas todas as fases do tratamento

it is demonstrated all treatment phases from planning

desde o planejamento e diagnóstico até o preparo cavitá-

and diagnosis, cavity preparation, forming and cement-

rio, moldagem e cimentação adesiva. O primeiro caso clínico

ing adhesive. The first case study deals with the resto-

aborda o restabelecimento do sorriso através de facetas de

ration smile through porcelain veneers and the second

porcelana; e o segundo, a melhora estética anterior com as-

improves the anterior aesthetic associated with veneers

sociação de facetas e coroas livres de metal.

and free metal crowns.

Palavras-chave: Cerâmica. Porcelana dentária. Estética dentária. Cor.

Keywords: Ceramics. Dental porcelain. Dental esthetics. Color.

Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):82-92

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Restabelecimento estético com laminados cerâmicos

progresso fosse acompanhado por uma evolução no

desde que realizadas com critério e técnicas ade-

preparo cavitário, no sentido de preservar maior quan-

quadas. O sucesso do tratamento depende de vá-

tidade de estrutura dentária sadia

. Dessa forma,

rios fatores: treinamento, conhecimento técnico e

considerando a possibilidade de restaurar dentes an-

sobre as características da cerâmica a ser utilizada,

teriores com laminados cerâmicos, a estrutura dentária

ótima relação com o protético, dentre outros fatores.

sadia deve ser preservada ao máximo .

A porcelana livre de metal pode ser realizada desde

1,5,13

11

a técnica convencional, com 2,0mm de espessura, CONCLUSÃO As restaurações indiretas livres de metal promovem excelentes resultados estéticos e funcionais

até laminados que podem ser realizados sem a necessidade de desgaste dentário ou com preparos minimamente invasivos.

REFERêNCIAS

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Endereço para correspondência Fabiano Carlos Marson Av. São Paulo, 172, sala 721, Edif. Aspen Park CEP: 87.013-040 – Maringá / PR E-mail: doutorfabiano@hotmail.com

92

Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):82-92


11 | 12 | 13

ÁREAS

BIOMATERIAIS ENDODONTIA ESTÉTICA REABILITAÇÃO ORAL PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL ESTÉTICA | DENTISTERIA PRÓTESE FIXA ENDODONTIA ESTÉTICA | PERIDONTOLOGIA MEDICINA ORAL | PATOLOGIA ORAL CURSO DE FOTOGRAFIA E VÍDEO DIGITAL ORTODONTIA IMPLANTOLOGIA BIOMATERIAIS IMPLANTOLOGIA OCLUSÃO ESTÉTICA | CIRURGIA ORAL ODONTOPEDIATRIA

NOV | 2010

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PORTO | PORTUGAL

CONFERENCISTAS

ARON GONSHOR | CAN CARLOS BÓVEDA | VNZ CLÁUDIO PINHO | BR FRANCESCA VAILATI | IT FRANK KAISER | BR FEDERICO FERRARIS | IT GEORGE PRIEST | USA GILBERTO DEBELIAN | BR GIULIO RASPERINI | IT GIUSEPPE FICARRA | IT LIVIO YOSHINAGA | BR MARCO ROSA | IT MARIANO HERRERO CLIMENT MARIANO SANZ | SP NITZAN BICHACHO | ISR PETER SVENSSON | DEN ROGÉRIO ZAMBONATO | BR SORAYA LEAL | BR

| SP

FÓRUM IBÉRICO TRATAMENTO DE CASOS INTERDISCIPLINARES

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Caso Clínico

Gabriella Francisco Manta* Frederico dos Reis Goyatá**

* Cirurgiã-dentista graduada pelo curso de Odontologia da Universidade Severino Sombra (USS) – Vassouras/RJ. ** Doutorando em Prótese na UNITAU – Taubaté/SP. Professor Assistente II de Dentística e Prótese do Curso de Odontologia da USS.

94

Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):94-103


Manta GF, Goyatá FR

Endocrown – uma alternativa restauradora para dentes posteriores desvitalizados: relato de caso clínico Endocrown – a restorative option to devitalized posterior teeth: clinical case report

Resumo

Abstract

A reabilitação de dentes tratados endodonticamente com

The rehabilitation of devitalized tooth with a little dental

grande perda de estrutura dentária constitui um desafio para

structure is a challenge to a dentist. With the advancement

o cirurgião-dentista. Com o avanço da Odontologia Adesiva,

in restorative dentistry, new materials and restorative tech-

novos materiais e técnicas restauradoras permitem solucio-

niques allow to solve different clinical cases in posterior

nar, de uma maneira mais conservadora e funcional, diferentes

teeth with conservative and functional procedures. The

situações clínicas em dentes posteriores. Este trabalho tem

aim of this work is to report a case treated with the endo-

como objetivo relatar, por meio de um caso clínico, a realiza-

crown (endodontic adhesive crown) in a fragile and devi-

ção de coroa endocrown (coroa endodôntica adesiva), em um

talized tooth using a lithium disilicate ceramic. It could be

dente desvitalizado e fragilizado, utilizando-se uma cerâmica

concluded that this restorative technique was efficient in

de dissilicato de lítio. Concluiu-se que essa opção restaura-

clinical and aesthetic aspects.

dora foi eficaz tanto do ponto de vista clínico quanto estético.

Keywords: Posterior teeth. Endocrow. Adhesive restoration.

Palavras-chave: Endocrown. Restauração adesiva.

Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):94-103

95


Manta GF, Goyatá FR

É importante estabelecer critérios rígidos para se

REFERêNCIAS

trabalhar com as cerâmicas odontológicas, assim como com os cimentos resinosos, respeitando suas limitações e tendo um controle rigoroso no isolamento do campo operatório16,17. CONCLUSÃO Conclui-se que, no caso apresentado, a coroa en-

docrown em cerâmica foi considerada uma excelente alternativa restauradora, restabelecendo função e estética ao paciente, que apresentava um molar inferior desvitalizado e fragilizado.

1. Mannocci F. Three-year clinical comparison of survival of endodontically treated teeth restored with either full cast coverage or with direct composite restoration. J Prosthet Dent. 2002;88(3):297-301. 2. Heydecke G, Peters MC. The restoration of endodontically treated, single-rooted teeth with cast or direct post and cores: a systematic review. J Prosthet Dent. 2002;87(4):380-6. 3. Anusavice KJ. Phillips materiais dentários. 11ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2005. 4. Göhring TN, Peters OA. Restoration of endodontically treated teeth without posts. Am J Dent. 2003;16(5):313-8. 5. Mondelli SSI, Sábio SS, Furuse AY, Bodanezi A. Coroas endodônticas adesivas como recurso terapêutico para dentes tratados endodonticamente. Rev Dental Press Estét. 2006 jan-mar;3(1):99-113. 6. Al-Ali K, Yousef T, Abuljabbar T, Omar R. Influence of timing of coronal preparation on retention of cemented cast posts and core. Int J Prosthodont. 2003;16(3):290-3. 7. Lander E, Dietschi D. Endocoroas: um relato clínico. Quintessense Int. 2008;2(2):101-215. 8. Robbins JW. Restoration of the endodontically treated tooth. Dent Clin North Am. 2002;46:367-84. 9. Bindl A, Mormann WH. Marginal and internal fit of all-ceramic CAD/CAM crown copings on chamfer preparations. J Oral Rehabil. 2005;32(6):441-7. 10. Akgungor G, Sen D, Aydin M. Influence of different surface treatments on the short-term bond strength and durability between a zirconia post and composite resin core material. J Prosthet Dent. 2008 May;99(5):388-99. 11. Scotti R, Ferrari M. Pinos de fibra: considerações teóricas e aplicações clínicas. São Paulo: Artes Médicas; 2003. 12. Della Bona A. Adesão às cerâmicas. São Paulo: Artes Médicas; 2009. 13. Mormann WH, Bindl A. The bonding area of intra- and extra-coronal tooth preparations. Am J Dent. 2006;19(4):201-5. 14. Burke FJ, Crooks L. Reconstruction of a hemisectioned tooth with an adhesive ceramic restoration using intraradicular retention. Dent Update. 1999 Dec;26(10):448-52. 15. Otto T. Computer-aided direct all-ceramic crowns: preliminary 1-year results of a prospective clinical study. Int J Periodontics Restorative Dent. 2004 Oct;24(5):446-55. 16. Hilgert LA, Schweiger J, Beuer F, Andrada MAC, Araújo E, Edelhoff D. Odontologia restauradora com sistemas CAD/CAM: o estado atual da arte. Parte 1: princípios de utilização. Clínica – Int J Braz Dent. 2009;5(3):294-303. 17. Goyatá FR, Queiroz APG, Santos A, Gilson JGR, Arantes DCP, Bertoldo SL. Odontologia estética: integração entre prótese e periodontia – relato de caso clínico. Rev Dental Press Estét. 2010 jan-mar;4(1):71-8.

Endereço para correspondência Frederico dos Reis Goyatá Av. Rui Barbosa 310/802 CEP: 27.521-190 – Resende / RJ E-mail: fredgoyata@oi.com.br

Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):94-103

103


Caso Clínico

Chrys Morett Carvalho de Freitas* Wilker Morett Carvalho de Freitas** Rivanda Martins Costa de Freitas***

* Especialista em Prótese Dentária pela ABO/MA. Mestrando em Prótese Dentária na Faculdade São Leopoldo Mandic – Campinas/SP. Professor do curso de especialização em Dentística do Uniceuma (São Luís/MA).

** Pós-graduado em Ortodontia pela ABO/MA.

*** Aluna do Curso de Graduação do Uniceuma (São Luís/MA).

104

Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):104-16


Freitas CMC, Freitas WMC, Freitas RMC

Desafio estético em dentes anteriores: aplicando a biomimética – relato de um caso clínico Aesthetic challenge in upper teeth: applying biomimetics - clinical case report

Resumo

Abstract

Os conceitos restauradores mudaram drasticamente, influen-

Restorative concepts have changed dramatically, influ-

ciados principalmente pelos conhecimentos sobre a adesão.

enced by the knowledge of the adhesion. Thus the re-

Com isso, a filosofia restauradora se modificou, estamos em

storative philosophy has changed, we are in search of

busca de materiais restauradores que se comportem de for-

restorative materials that behave similarly to the tooth

ma semelhante à estrutura dentária, objeto de estudo da Bio-

structure, subject studied by the biomimetics. Historical-

mimética. Historicamente, a filosofia de seleção de materiais

ly, the philosophy of restorative materials selection has

restauradores foi sempre baseada naquele de maior resis-

always been based on the highest solidness or hardness.

tência, ou dureza. Entender que os materiais restauradores

The understanding that the restorative materials should

não devem ser selecionados somente pela sua rigidez, e sim

be selected not only because of their rigidity, but based

com base em seu comportamento biomecânico, é o objetivo

on biomechanical behavior, is the goal of this article by

desse artigo através de um relato de um caso clínico.

means of a case report.

Palavras-chave: Materiais restauradores. Cerâmicas dentárias. Biomimética.

Keywords: Restorative materials. Dental ceramics. Biomimetics

Rev Dental Press Estét. 2010 jul-set;7(3):104-16

105


Desafio estético em dentes anteriores: aplicando a biomimética – relato de um caso clínico

Cerâmicas adesivas são os materiais que melhor

aparência estética desses materiais, mas principalmente

se aplicam a essa tendência de imitar a vida, não so-

pela forma biomecânica que os mesmos se comportam

mente na aparência (mimetizar) mas também de forma

em relação aos elementos dentários. Através de uma

biomecânica semelhante à estrutura dentária — apesar

adesão entre esses materiais e o dente, há formação de

da Odontologia estar apenas no começo de tudo. Por

uma unidade suficientemente resistente para promover

isso, também, núcleos de fibra de vidro, que apresentam

um resultado excelente em longevidade.

módulo de elasticidade próximo ao da estrutura dentária são preferíveis, em elementos unitários, aos núcleos me-

CONClUsÃO

tálicos fundidos, que são materiais de alta resistência .

Os materiais livres de metal são uma tendência.

Os pinos de fibra de vidro se comportam de modo se-

A cada dia, uma diversidade de sistemas cerâmicos

melhante ao elemento dentário, protegendo-o frente aos

surge, muitas vezes baseados somente na resistência

desafios diários. Em verdade, foi através da adesão de

como parâmetro avaliador. Porém, entender e indicar

materiais restauradores à estrutura dentária que a ver-

de forma correta é uma necessidade. Materiais res-

dadeira Odontologia com custo biológico mínimo come-

tauradores que podem ser aderidos aos dentes se

çou . A transformação feita na Odontologia por causa

comportam de forma semelhante à estrutura natu-

da adesão, atualmente, levou ao desenvolvimento da

ral, sendo então mais indicados para restauração de

ciência das restaurações dentárias sob três princípios:

elementos unitários (tooth-like, biomimética). Os ma-

estética, preservação máxima dos tecidos dentários e

teriais de alto desempenho, como a zircônia, seriam

desempenho biomecânico semelhante ao do dente7.

reservados para pontes fixas e restaurações sobre

1

2

No caso clínico apresentado, foram propostos pi-

implante, já que, segundo a biomimética, que tende

nos de fibra de vidro, resinas compostas para confec-

a imitar a vida, esses elementos (próteses fixas e im-

ção dos núcleos e coroas adesivas, não somente pela

plantes) não são encontrados na natureza.

ReFeRÊNCIas

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endereço para correspondência Chrys Morett Carvalho de Freitas Rua Florêncio Monteiro 280 – Centro Cidade CEP: 65.700-000 – Bacabal / MA E-mail: chrys_morett@hotmail.com



Caso Clínico

Ana Lourdes Miranda de Vasconcelos* Herbert Ghersel** Catarina Prado*** Monica Aratani**** Eloisa Lorenzo de Azevedo Ghersel*****

* Especialista em Odontopediatria pela ABO-MS. ** Professor Doutor da Disciplina de Clínica Integrada da UFPB. Professor do Curso de Odontopediatria da ABO-MS.

*** Doutora em Odontopediatria, Coordenadora do Curso de Especialização em Odontopediatria da ABO-MS. **** Professora Doutora da UNIDERP. Professora do Curso de Odontopediatria da ABO-MS. ***** Professora Doutora da Disciplina de Clínica Integrada da UFPB. Professora do Curso de Odontopediatria da ABO-MS.

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Vasconcelos ALM, Ghersel H, Prado C, Aratani M, Ghersel ELA

Fluorose dentária – etiologia e uma opção de tratamento Dental fluorosis – etiology and a treatment option

Resumo

Abstract

Os autores discutem a etiologia e, a partir do diagnóstico, su-

The authors discuss, through a case report, the etiology

gerem uma opção de tratamento para um caso de fluorose

and a treatment option for a mild level dental fluorosis in a

dentária de grau moderado, em uma jovem de 13 anos de

13 years old girl. The treatment option is a mix of an abra-

idade. Utilizam uma técnica para resolução estética, que é a

sion agent and an etching acid, as aesthetic microabrasion

microabrasão do esmalte dentário com um produto comercial,

procedure. In this specific case, the obtained results where

composto pela mistura de um agente abrasivo e um ácido.

quite good.

Para esse caso específico, os resultados obtidos foram bastante satisfatórios.

Keywords: Dental fluorosis. Enamel microabrasion. Dental esthetics.

Palavras-chave: Fluorose dentária. Microabrasão do esmalte. Estética dentária.

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Fluorose dentária – etiologia e uma opção de tratamento

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Endereço para correspondência Eloisa L. A. Ghersel Av. Oceano Atlântico, 254, Ap. 101, Intermares CEP: 58.310-000 – Cabedelo / PB E-mail: eloisa@ghersel.com.br

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Biologia da Estética

Alberto Consolaro* Leda Francischone** Renata Bianco Consolaro*** Carlos Eduardo Francischone****

* ** *** ****

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Professor Titular da FOB-USP (Bauru) e da Pós-Graduação da FORP-USP (Ribeirão Preto). Professora Doutora em Odontopediatria e Coordenadora Geral da Pós-Graduação na USC-Bauru. Professora Substituta de Patologia da FOA-UNESP/Araçatuba. Professor Titular da FOB-USP e de Implantologia da USC.

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Consolaro A, Francischone L, Consolaro RB, Francischone CE

Reabsorção Cervical Externa versus Reabsorção Interna Coronária: diagnóstico diferencial e implicações terapêuticas e estéticas

A Reabsorção Cervical Externa inicia-se necessariamente na junção amelocementária, mais especificamente nos gaps ou janelas de dentina expostas entre o esmalte e o cemento (Fig. 1 a 4). A Reabsorção Interna necessariamente preserva a superfície externa do dente, inclusive a do esmalte e da região cervical, pois representa uma pulpopatia. O processo tem o sentido de dentro para fora (Fig. 5, 6). Um ponto em comum pode ocorrer nesses dois tipos de reabsorção dentária: a presença de manchas ou pontos rosados na coroa, sob um esmalte com superfície preservada. Por transparência, o esmalte pode permitir a visualização do processo reabsortivo subjacente e caracterizado por um processo inflamatório associado a numerosos vasos sanguíneos dilatados e congestos, em ambos os tipos de reabsorção (Fig. 6). As dificuldades diagnósticas ocorrem pois, em

Figura 1 - Esquematicamente, nota-se reabsorção cervical externa em incisivo superior, onde se destaca a preservação dos limites e da vitalidade pulpar (cortes longitudinal e transversal).

alguns casos, a abertura correspondente ao local de início da reabsorção cervical externa é pequena, apesar da socavação já ser adiantada em relação ao

Como se inicia uma reabsorção cervical externa

esmalte (Fig. 1). Em função dessa pequena abertura

Na dentina, existem algumas proteínas que, na vida

cervical muito diminuta, a gengiva ainda pode não

intrauterina, não foram catalogadas pelo nosso sistema

modificar sua cor, volume e contorno. Nessa situ-

imunológico como parte de nossa constituição. Em ou-

ação, pode ser feito o diagnóstico equivocado de

tras palavras, na dentina há algumas proteínas estranhas.

Reabsorção Interna.

As proteínas estranhas são também conhecidas como

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Consolaro A, Francischone L, Consolaro RB, Francischone CE

de reabsorção interna, quando houver uma localiza-

seja tecnicamente inviável, requerendo uma abor-

ção ou extensão cervical e radicular do processo. Mas,

dagem endodôntica. Do ponto de vista biológico, a

com as células reabsortivas assim eliminadas pelo uso

polpa dentária não tem relação etiopatogênica com a

de material à base de hidróxido de cálcio, a possibili-

Reabsorção Cervical Externa.

dade do processo continuar em alguns pontos é remotíssima. Quando a Reabsorção Interna for exclusivamente coronária, sem envolvimento cervical radicular, esses cuidados podem ser abrandados.

CONSIDERAÇÃO FINAL Se o diagnóstico de Reabsorção Interna for equivocado, os procedimentos endodônticos não terão

Da mesma forma importante deve ser a manipulação

influência no processo reabsortivo externo e cervi-

instrumental de toda a superfície dentinária envolvida na

cal, que continuará fragilizando a estrutura dentária

reabsorção interna, para contribuir com a eliminação de

e levará a manifestações gengivais inflamatórias e até

todas as células reabsortivas antes da obturação do ca-

fraturas. Caso o diagnóstico equivocado seja de Re-

nal e/ou procedimentos restauradores coronários.

absorção Cervical Externa, a abordagem periodontal

Na Reabsorção Cervical Externa, o tratamento

não influenciará na evolução do processo reabsortivo

necessita de uma abordagem cirúrgica para locali-

interno e o processo seguirá fragilizando a estrutu-

zar a abertura cervical do processo (Fig. 2, 3) e, a

ra dentária, podendo levar a inconvenientes clínicos

partir deste ponto, debridar toda a área reabsorvida

como a fratura coronária repentina e inoportuna para

e prepará-la para receber os procedimentos de pro-

o paciente. Em ambas as situações, a perda dentária

teção pulpar com material à base de hidróxido de

pode ser a consequência final. Por fim, o diagnóstico

cálcio e sistema restaurador adesivo (Fig. 4). Uma ob-

da Reabsorção Interna e da Reabsorção Cervical Ex-

servação importante a ser considerada é a vitalidade

terna deve ser o mais precoce possível e a interven-

pulpar a ser preservada e protegida, a não ser que

ção terapêutica imediatamente viabilizada.

REFERÊNCIA PARA LEITURA COMPLEMENTAR 1. Consolaro A. Reabsorções dentárias nas especialidades clínicas. 2ª ed. Maringá: Dental Press; 2005.

Endereço para correspondência Alberto Consolaro E-mail: consolaro@uol.com.br

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Normas de apresentação de originais

— A REVISTA DENTAL PRESS DE ESTÉTICA, dirigida à classe odontológica, destina-se à publicação de artigos de investigação científica, relatos de casos clínicos e de técnicas, artigos de interesse solicitados pelo Corpo Editorial, revisões significativas, comunicações breves e atualidades. — Os artigos serão submetidos ao parecer do Corpo Editorial da Revista, que decidirá sobre a conveniência ou não da publicação, avaliando-os como “favoráveis”, indicando correções e/ou sugerindo modificações. — A cada edição, o Corpo Editorial selecionará, dentre os artigos considerados favoráveis para publicação, aqueles que serão publicados imediatamente. — Os artigos não selecionados serão novamente avaliados para as edições seguintes. Depois de um ano sem serem selecionados os mesmos poderão ser devolvidos para os autores. — A Dental Press, ao receber os artigos, não assume o compromisso de publicá-los. — Os artigos podem ser retirados a qualquer momento antes de serem selecionados pelo Corpo Editorial. — As afirmações assinadas são de responsabilidade integral dos autores. — Os artigos devem, se aplicável, fazer referência a pareceres de Comitê de Ética. — Os textos devem ser enviados em formato eletrônico, digitado em um programa de edição de texto. — As notas elucidativas devem ser restringidas ao número essencial, apresentadas no fim do texto. — Não utilizar notas de rodapé. — Exige-se: correção do português e do inglês (obrigatório). — Adequar palavras-chaves ou descritores conforme o DeCS. — Os textos devem ser acompanhados do resumo em português e inglês que não ultrapasse 200 palavras, bem como de 3 a 5 palavraschave também em português e em inglês. — Os textos devem ter, na primeira página, identificação do autor (nome, instituição de vínculo, cargo, título, endereço, e-mail) que não ultrapasse 5 linhas. — Por motivo de isenção na avaliação dos trabalhos pelo Corpo Editorial, a segunda página deve conter título em português e inglês, resumo, palavras-chave, abstract, keywords, omitindo nomes ou quaisquer dados referentes aos autores. — Os quadros, tabelas e figuras, com suas respectivas legendas, devem vir em páginas separadas, porém inseridas no texto (de forma a orientar a montagem final do artigo), e numerados em algarismos arábicos.

Referências — A exatidão das referências é de responsabilidade dos autores; as mesmas devem conter todos os dados necessários à sua identificação. — As mesmas devem ser ordenadas numeradas em ordem de citação. — Com o objetivo de facilitar a leitura do texto, as citações dos autores devem ser apenas numéricas. — Todas as referências listadas devem ser citadas no texto. — Todos os autores citados no texto devem constar na lista de referências. — As abreviaturas dos títulos dos periódicos devem ser normalizadas de acordo com as publicações “Index Medicus” e “Index to Dental Literature”. — As referências devem ser apresentadas no final do texto obedecendo às Normas Vancouver, não ultrapassando o limite de 30, conforme os exemplos a seguir: Autor(es) (pessoa física) – de um até seis autores Sterrett JD, Oliver T, Robinson F, Fortson W, Knaak B, Russell CM. Width/length ratios of normal clinical crowns of the maxillary anterior dentition in man. J Clin Periodontol. 1999 Mar;26(3):153-7. Autor(es) (pessoa física) – com mais de seis autores De Munck J, Van Landuyt K, Peumans M, Poitevin A, Lambrechts P, Braem M, et al. A critical review of the durability of adhesion to tooth tissue: methods and results. J Dent Res. 2005 Feb;84(2):118-32. Capítulo de livro Kina S. Preparos dentários com finalidade protética. In: Kina S, Brugnera A. Invisível: restaurações estéticas cerâmicas. Maringá: Dental Press; 2007. cap. 6, p. 223-301. Autor(es) e editor(es) Breedlove GK, Schorfheide AM. Adolescent pregnancy. 2nd ed. Wieczorek RR, editor. White Plains (NY): March of Dimes Education Services; 2001. Dissertação, tese e trabalho de conclusão de curso Franco APGO. Análise não linear do mecanismo de cimentação de pinos intra-radiculares utilizando método dos elementos finitos. [dissertação]. Ponta Grossa (PR): Universidade Estadual de Ponta Grossa; 2008. Formato eletrônico Câmara CALP. Estética em Ortodontia: Diagramas de Referências Estéticas Dentárias (DRED) e Faciais (DREF). Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006 nov-dez;11(6):130-56. [Acesso 12 jun 2008]. Disponível em: www.scielo.br/pdf/dpress/v11n6/a15v11n6.pdf. — Todos os artigos devem ser enviados, preferencialmente, pelo site:

— Todas as imagens devem ser enviadas em alta resolução (no mínimo 300dpis). — Os desenhos enviados podem ser melhorados ou redesenhados pela produção da revista, a critério do Corpo Editorial.

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