Dental Press Journal of Orthodontics - v. 18, no. 3

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artigo inédito

Estabilidade em longo prazo do alinhamento anterossuperior em casos tratados ortodonticamente sem extrações

foi investigada somente por Surbeck et al.25 e por Erdinc, Nanda e Isiksal8. Surbeck et al.25 encontraram uma associação significativa (p < 0,001) entre a redução da distância intercaninos e a recidiva anterossuperior; entretanto, o resultado do teste de correlação revela uma associação fraca (r < 0,70). Erdinc, Nanda e Isiksal8 não encontraram correlação entre o aumento na irregularidade dos incisivos e a redução da distância intercaninos, corroborando os resultados do presente trabalho.

acordo com a irregularidade inicial25. Entretanto, analisando os resultados de outros autores e os resultados obtidos, uma correlação positiva entre a quantidade de apinhamento anterossuperior inicial sobre a quantidade de recidiva pós-tratamento parece improvável. No presente trabalho, por exemplo, o grupo experimental apresentava ao início do tratamento 6,56mm de irregularidade e apresentou uma recidiva pós-tratamento média de 1,52mm. A quantidade média de recidiva desse trabalho mostrou-se maior que a verificada por Ferris et al.9, Sadowsky et al.23 e Vaden, Harris e Gardner30, os quais apresentaram maiores valores para a irregularidade inicial dos incisivos superiores: 10,45mm; 8,0mm e 7,9mm, respectivamente. Esses trabalhos, mesmo apresentando quantidades ligeiramente maiores de apinhamento, demonstraram uma menor quantidade de recidiva do apinhamento no período pós-tratamento (0,47mm; 1,1mm e 0,3mm, respectivamente). A quantidade de recidiva do apinhamento anterossuperior no período pós-tratamento (LITTLE3-2) apresentou correlação estatisticamente significativa (p < 0,05) com as alterações das distâncias intercaninos (INTERC3-2) e entre os primeiros pré-molares (INTERPB3-2) durante esse mesmo período (Tab. 3). As correlações observadas apresentaram coeficiente de valor negativo. Interpretando esses resultados, verifica-se que quanto maior a redução das distâncias intercaninos e entre os primeiros pré-molares na fase pós-tratamento, maior a recidiva do apinhamento anterossuperior. Embora essas correlações apresentem significância estatística, os valores de seus coeficientes revelam uma correlação fraca (valores de r de -0,459 e de -0,419). Portanto, pode-se afirmar que a correlação observada entre recidiva do apinhamento anterossuperior e a redução dessas distâncias apresenta pouca significância clínica. Além disso, parece óbvio que a redução dessas distâncias tende a ser reflexo de um estreitamento da arcada superior na região anterior e, consequentemente, resulte em diminuição do espaço disponível e em aumento da quantidade de apinhamento. Apesar dos numerosos estudos que avaliaram uma possível relação entre as alterações da distância intercaninos inferiores e a recidiva ortodôntica anteroinferior, uma correlação entre a recidiva da distância intercaninos superiores e a recidiva da apinhamento anterossuperior

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Implicações clínicas O alinhamento dos dentes anterossuperiores apresenta menor tendência à recidiva quando comparado ao mesmo segmento na arcada inferior, tal fato talvez explique a escassa abordagem na literatura científica. Apesar da maior estabilidade, a recidiva anterossuperior pode comprometer o tratamento ortodôntico no período de pós-tratamento. O valor médio de recidiva observado no presente trabalho (1,52mm), apesar de estatisticamente significativo, pode ser considerado clinicamente aceitável14. Entretanto, essa pequena quantidade de recidiva pode ser a causa de insatisfação de alguns pacientes. A recidiva do apinhamento anterossuperior apresenta influência de vários fatores, como tempo de contenção, grau de apinhamento inicial, recidiva do segmento dentário oposto, alterações na forma da arcada, dentes rotacionados no período de pré-tratamento e falta de completa correção da giroversão dos dentes, resultando em quebra dos pontos de contato. Dessa forma, torna-se evidente que melhores resultados em longo prazo podem ser obtidos por meio de um protocolo de contenção mais rígido e uma boa finalização do tratamento. CONCLUSÕES Houve recidiva estatisticamente significativa (1,52mm) na irregularidade anterossuperior, após aproximadamente 5 anos de finalização do tratamento. Nenhuma das variáveis aferidas nos modelos pôde ser clinicamente associada à recidiva anterossuperior. Os resultados sugerem que o clínico deve tomar maiores cuidados em relação ao protocolo de contenção da arcada superior, pois a recidiva da correção do apinhamento anterossuperior, apesar de ocorrer em menor magnitude quando comparada à da arcada inferior, pode ser significativa.

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Dental Press J Orthod. 2013 May-June;18(3):46-53


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