VERSOS AVULSOS

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Poebook Versus Avulsos - 1º Edição eletrônica, 2010 Texto & Projeto Gráfico: José Luís de Freitas saraudopovo.blogspot.com Capa & Ilustrações - Serafim Marques do Souto Junior sjr242.blogspot.com poesia - literatura contemporânea brasileira ISBN - Inteligente Sempre, Bocoió Nunca


POEBOOK VERSOS AVULSOS

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Nota do autor

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sse projeto de Poebook nasce despretensioso e com o intuito de reunir vinte poesias nessa compacta antologia poética para difundir uma pequena parte de alguns textos que escrevi entre os anos de 2006 e 2007. Numa noite insone de novembro de 2009, relendo parte da produção desse período percebi que pouco ou quase nunca divulguei os textos que produzi durante minha convivência acadêmica, ainda estudante de jornalismo. Geralmente ao iniciar a prática da escrita, sinto uma necessidade absurda de ler outros autores, pois acredito que muito pouco se sabe sobre a própria escrita até que de fato passe a dedicar parte do seu tempo para exercer a leitura de contemporâneos do ofício. E incluo nesse ritual a leitura religiosa de pelo menos dois livros por quinzena, gosto disso para me manter num diálogo permanente com novas histórias, causos e observações de outros escribas. Porém, minha dedicação a escrita é anterior ao primário, começou mais ou menos quando tinha cinco anos e minha mãe percebeu que admirava curioso uma dúzia de livros na estande de nossa antiga casa. Mãe atenta, percebeu utilidade na minha curiosidade e resolveu me educar através de métodos próprios, e desde então permaneço numa vontade diária de ler, escrever e promover escritores que sinto serem importantes de compartilhar aos amigos, colegas e poetas de bar e de vida que tenho encontrado no meu cotidiano. Esse deleite que começou na infância passa a ser visto de modo menos infantojuvenil aos quinze anos durante meu curso de magistério e depois durante minha graduação, finalmente resolvi assumir um lado mais autoral e reunir agora alguns textos de momentos agradáveis, humorados e observações distintas. Agradeço muito pelos desenhos geniais da capa e miolo criados pelo Serafim, aos colegas virtuais que desde 2006 compartilham textos, comentários e críticas diversas, contatos que fiz na blogosfera e sites onde se reúnem escritores anônimos e outros tarimbados como o Recanto das Letras e Autores. Para o próximo ano, ainda guardo para revisões e atualização um romance que também será publicado em versão digital, até lá os deixo com alguns poemas que poderão conhecer melhor a partir desse momento e se gostarem, por favor, indiquem e ofereçam aos amigos. É de graça. Abraço fraterno e boa leitura! José Luís de Freitas


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Prefácio Mergulhei em “VERSO AVULSO” Fui por ele mergulhado Mas que mergulho feliz Nos versos de Zé Luís Um Poeta Antenado! É com imensa satisfação que estou prefaciando o primeiro livro de poesias do José Luis, confesso que fiquei surpreso e orgulhoso pelo convite. É grande a responsabilidade de falar de um poeta do nível do Zé, poeta antenado, de visão, informado e informante da boa poesia, poeta empreendedor, capaz de trafegar com a sensibilidade da “Interpretação de um poeta bêbado”: “Toda vez que penso em algo Sinto que passo algo a alguém Mas nada passo por entre passos Consideram-me... Um Zé Ninguém” Ou da “Lésbico golpe de amor”: Teu corpo é o pecado em forma humana Víbora que devora bondades sabiamente Desejos sexuais? Coisa de mulher mundana Ela deixa-o consternado e gentilmente Versos Avulsos a princípio pode nos enganar com o título, mas logo no primeiro mergulho constatamos prazerosamente que não se trata de meros versos soltos ao léu, são as “Dúvidas de um Zé”, sentimentos do poeta derramados no teclado. Um Zé brasileiro, como tantos outros Zés, Zé do povo, do Sarau do Povo. Aliás Zé deveria ser uma instituição pública: Seu Zé! Jornalista da poesia, que de forma cristalina, nos convida a mergulhar em seu universo de poesias harmoniosamente, “gostosamente” dispostas aqui em Versos Avulsos. Mergulhe você também. Carlos Galdino


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ÍNDICE Limites da Manhã .................................................. 07 Enigmática Pagã ..................................................... 08 Acorde! Ainda estamos vivos .................................. 09 3º Ato após uma ilusão ........................................... 11 A dúvida de um Zé ................................................ 12 Ahhhhhh! Mas que agonia ..................................... 13 Estas lueca de la cuca? ............................................ 15 Lá vai ela ................................................................ 16 Eu bebo sim ........................................................... 17 Lésbico golpe de amor ........................................... 18 Corada vai ficar ....................................................... 19 Sensível Percepção ................................................. 21 Pedidos / Semanas ................................................. 22 Saudade do seu selinho .......................................... 23 Refaço-me ............................................................. 25 Lágrimas desinformadas ........................................ 26 Interpretação de um poeta bêbado ......................... 27 Certa insônia por um incerto beijo ........................ 28 Acordado vivo sonhando ....................................... 29


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Limites da ManhĂŁ Hoje sonhei de novo Um sonho jĂĄ acostumado Sonhei que estava noivo Em cima de um altar admirado Admirado assim fiquei Quando ao meu lado senti Noivava comigo alguĂŠm Que por anos pretendi Como estava feliz No meu sonho limitado Por mais um minuto, um triz. Acordaria, casado!


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A enigmática Pagã Quantos dias poderia suportar? Sem ao menos desejar lhe tocar. Na face, os quadris ou os lábios Talvez impossibilitado pela covardia Não consiga demonstrar meus ocultos Anseios... Ao modo e do jeito menos intolerável E repreensivo de tua parte; Existe certa repulsa, medo... Resistência. A qual não cabe a mim julgar Se ages, conforme tua vontade Ou desconhecimento prévio da minha Sei que não poderia dormir Sem escrever sobre isso. A fim de repensar um modo Para que não furtes o meu sono E impeça-me de reviver meus ideais Instintivos e contempladores... Por enquanto. Exagero nas ponderações, Pois contigo na mente Não posso ter pensamentos sadios ou lúcidos Também não os desejo agora Já posso esquecer que um dia fui racional E deixei de me exaltar, ousar e correr o risco De ser um pouquinho mais feliz Com um beijo teu.


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Acorde! Ainda estamos vivos Necessito de um amor modernista Para recomeçar minha vida simplista Navegar pelos mares nunca antes vistos E comigo viajar pelos dizeres assim ditos: SIM, ESTAMOS NOVAMENTE VIVOS Eu quero e posso te buscar No momento e dia que desejar Enxugue essas tuas lágrimas meu bem Não fique triste assim... SIM, ESTAMOS NOVAMENTE VIVOS Como posso dizer o que desejo, Sem feri-la com tua própria culpa Se habituaram a nós culpar Pois desconhecem os francos motivos SIM, ESTAMOS NOVAMENTE VIVOS “O meu sono é tão lindo... E eu quero continuar dormindo” Disse o compadecido musicista: “Só queria ver você, caladinha Ao me ver dormindo...” SIM, ESTAMOS NOVAMENTE ACORDADOS


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3º Ato após uma ilusão Alçada foi. Uma cobiça alheia, Endereçada ao prévio destino! Modificada pela feição dela... Sei ainda que restava o mínimo De estima e consideração, porém Feminilidade e feminismo São fetiches que dilacerarão! Sua conduta periodicamente Demarcada pela irregularidade do batom sobre teus lábios E deste olhar mulher! Os Homens por incríveis que possam ser Comunicam-se pela retina! Oh sua irresponsável, sem paciência Descompromissada com o sentir Dos sentimentos. Sim sentir! Os sentidos. Assim bem ditos Tornam-se um ato criminoso, E você meu caso amoroso Nada mais é que uma doce ilusão.


A Dúvida de um Zé A dúvida! Que crueldade Principalmente agora Nesta tênue idade Não há espera, nem demora Para escolher ou trocar, Trocar os pingos pelos “is” Seria mesmo o correto? Tenho certezas mortas, sabia? Das quais afligem minha alma Meu futuro e destino Somente podem ser decididos Por este que com vós escreve E a cada segundo que se passa Nossa morte se aproxima mais As ideias mais que desabituais Transformam-se em Meras árvores infrutíferas E deixam milhares ao léu Observo acima mais um Outro arranha-céu, gigante! Magnífica engenharia moderna Será que quantos como eu Simplórios jornalistas Já adentraram nela? Quantos casos de amor? Quantas brigas infames? Histórias infindáveis... Andando entre o Separador das avenidas, Preciso agora escolher Um caminho para seguir No meio, ali parado, me noto observado E pior. Sem direção. Norte ou Sul? Eu só preciso de uma intuição mais forte.

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Ahhhhhhh! Mas que agonia... O cartão tá estourado Minha vida sem pecado E você sem poesia! Ahhhhhhh! Mas que agonia Já estou sentindo âzia E um pouco de frustração Como ouvi: Calminha... Alegria Zé! Sem disposição? Agora não. Qualé! Tenho motivos próprios E sei dos meus labores Ainda ouço pseudodoutores Admirados entre gurias? Ahhhhhhh! Mas que agonia Lá vem de novo essa azia Domesticada com café E amansada num cafuné Da moça esbelta e sem beleza Só quer dinheiro e safadeza Com um pouquinho de atenção Já sei. Vamos lá então. Vou ouvir e ficar mudo Talvez me fingir de surdo Possa ser a solução Ahhhhhhh! Mas que agonia Perdeu a graça essa poesia Minha inspiração... Já foi Motivação tá lá no brejo Coaxando com o sabo boi


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Estas lueca de la cuca? A música que ouço Me faz pensar em você Eu sei que pareço um tolo Mas é assim, que relembro de tudo Vida intensa, desproporcional Vivíamos felizes, por que ficou. Assim?! O tempo termina com tudo e refaz Pensamentos, fantasias. Tivemos? E mesmo daquele jeito infantil, Nada poderia durar, sem ter ao menos algo que nos fizesse deixar as coisas mais desejáveis. Pelo menos para... Eu Ah! Egoísta que sou, pudera ser... Não seria? Mente, quando fala que gostas Por que gostaria? Se nem de ti pode falar Abertamente em prosa ou poesia Como faço com você! Se talvez amasse as letras como eu amo Teria noção exata desse valor universal Transcreveria também em verso Seus sentimentos de bem e mal E ainda assim tenho certeza, Seria feliz, Moça bonita do laço de fita Que canta, chora, berra e grita Por que não querer aproveitar? Meu sentido de poeta, sofrível...


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Lá vai ela Uma linda jovem que passa Uma bela morena devassa És um mistério profundo Que maltrata tal escritor... Moribundo Cansado desse seu andar Não sei o que escrever e falar Imagino as palavras corretas Para não tropeçar nas muletas Do vocabulário angustiado Poético e um pouco dissimulado Pergunto-a, como num conto ditado: Posso ser o seu sapo encantado?


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Eu bebo sim Se sorrir quando lhe vejo é amar Se sentir o teu cheiro é enlouquecer Se abraçar o teu corpo é viver Se gostar de lhe observar é prazer Se ouvir tua voz é melodia Se dançar sua dança é alegria Se beber contigo for um convite para seu ninho “Por favor Jonny, duas taças de vinho!”


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Lésbico golpe de amor Teu corpo é o pecado em forma humana Víbora que devora bondades sabiamente Desejos sexuais? Coisa de mulher mundana Ela deixa-o consternado e gentilmente Sorri os dentes à mostra podres Esconde sua avareza junto com dores Comprometem a estima da Dra. Dolores Companheira de vida e alguns dissabores Vão à capela, mas são ateístas Ouvem portela e preferem solistas Querem homens que saibam sorrir Desejam a todo custo deles destituir Seu afeto próprio e assim facilitar O golpe derradeiro, por fim apaziguador E terminam sua estadia ricas a gozar Do moderno e egocêntrico... Lésbico amor


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Corada, vai ficar Insconsequência costumeira? Não diria ser isto Prefiro comida mineira E um bom queijo suíço No banquete ilustre E conosco a mesa Linda e sorridente Senta-se a portuguesa Abrilhantou o espetáculo Com seu jeito cortês Enigmática e espiritual E eu e meus porquês... Que mulher é essa? Pensaram os aventureiros Da mais nobre beleza Admirada no seu meio Corada vai ficar Como eu estou agora Quando ler esse poema De um poeta que te adora!


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Sensível Percepção Estranhei ontem, quando vi como nunca tinha a visto antes?


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Pedido Seus olhos cansados ainda me dizem: Te quero Seus quadris insinuantes ainda provocam-me Tuas necessidades de mulher carente de amor verdadeiro Gritam silenciosamente Te quero

Semanas Espero a terรงa Pois a segunda passou assim sem pressa E nรฃo temo pela quarta Antes de uma uma quinta leitura plena Da sexta que anima as almas E deixa-nos aos sรกbados Reflexivos, aos cantos, num domingo.


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Saudade do seu selinho Uma melodia... Ainda ressoa Sempre aos sábados Essa constante garoa Versos inacabados E decibéis inalterados Comovem nossos ouvidos Nada passa inalterado... Notada, ela feliz canta comigo Uma saudosa poesia que nos consome Enquanto viver, persisto e prossigo Com versos que levam seu nome E longe sei que sabe Que só existe pra nós um motivo Meu maior presente é simples Receber de tí, o que nenhum poeta recebe Duvido que até convidados da Hebe Selinho como o seu no nariz recebem


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Refaço-me É pensar no dia Que refaço a poesia É pensar na escrita Que de soslaio me fita É pensar na saudade Que refaço a felicidade É pensar no resultado Que refaço meu trabalho É pensar na morte Que refaço a minha sorte É pensar no adverso Que refaço os meus versos É pensar na bebida Que refaço as engolidas É pensar no meu dinheiro Que me refaço o ano inteiro É pensar em você que não penso mais em mim


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Lágrimas desinformadas Anjo de boca calada Goteja a lágrima sacrificada No qual enxergo e miro Seus tristes olhos que admiro Teu resplandescente E discreto sorriso mudo Atormenta-lhe a alma Com dúvidas tolas E neuras esquizofrênicas Por que? Quem te ama. Não fala Retribui e reconhece O amor que lhe foi doado


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Interpretação de um poeta bêbado Toda vez que penso em algo Sinto que passo algo a alguém Mas nada passo por entre passos Consideram-me... Um Zé Ninguém Todavia... A via-crucis, Feriu fiéis e precavidos Até eu... Um desprovido Já fui hostil e sem virtudes Não sei ao certo por que seria Sei que sou quase um abutre Não seria um jornalista Sem más notícias que a todos nutre Despeço-me da teogonia Que um certo Drummond Escreveu em sua poesia E retratou outro José Cá estou. Sabe como é Alcoolizado e sentado É mais seguro do que em pé ...Posso escrever, agora bêbado


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Certa insônia por um incerto beijo É certo que a noite cai E certo que o dia vem É certo que me contenho É certo que tive um sonho É certo que me emociono É certo que exagero É certo que eu não quero É certo que ainda minto É certo que ainda sinto É certo que não consigo Dormir sem um beijo teu


Acordado vivo sonhando Caminho e sigo. Sem ritmo, sem canção Controlei falácias e perenemente mantive-me longe Coloca-me sob tutela do próprio juízo, este domesticado Não sabe bem por quem. Controle total José! -- Olhe as estribeiras menino! -- Olhe as sutilezas da menina! É prendada como uma jóia polida e bem tratada Casta alta, talentosa e educada Quem mais poderia cultuar a arte dos sonhos como ela? Sabe? Sei não... Mas sonhei com ela.



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