Jornal ESCrito 28

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Ano VI N.º 28 Preço: 0,50 •

Escola Secundária

de

Casquilhos - Barreiro

abr 12

Diretor: Renato Albuquerque

Novidades

História da escola

Dia das Artes

O próximo ano letivo ainda não começou mas já se anuncia cheio de novidades. Mais pormenores na

Nas comemorações dos 50 anos deste espaço que ocupamos, divulgamos diversos elementos para a sua história. Um conjunto de artigos nas

Já vai na 5ª edição e para falar de Artes nada melhor do que uma reportagem fotográfica. Relembra o que aconteceu nas

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Novidades para 2012/13

Saudade

O próximo ano letivo vai trazer novidades, algumas já anunciadas e publicadas, outras que se vão sabendo pela comunicação social. De entre elas, destacamos: - a escolaridade obrigatória passa para o 12º ano ou 18 anos. Esta medida vai ser aplicada pela primeira vez aos alunos que terminam este ano o 9º ano e que terão de ficar na escola até ao 12º ano ou até concluírem os 18 anos de idade; - o ensino do inglês é reforçado, passando esta a ser a língua estrangeira obrigatória no 2º e 3º ciclo e mantendo-se a opção por uma outra língua estrangeira apenas no 3º ciclo; - aumenta, no 3º ciclo, a carga letiva de várias disciplinas: História e Geografia passam a ter, no seu conjunto, 5, 5 e 6 tempos letivos no 7º, 8º e 9º anos, respetivamente (eram 4, 5 e 5 tempos); Ciências Naturais e Físico-Química passam a ter 6 tempos em cada um dos anos (em vez de 4, 4 e 5 tempos). Neste caso, ainda não se sabe como serão feitos os desdobramentos, embora se avance a hipótese de serem feitos em semanas alternadas; - a disciplina de Educação Visual passa a existir nos 3 anos do 3º ciclo (2 tempos no 7º, 8º e 9º anos); - a disciplina de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) inicia-se no 7º ano, embora no próximo ano letivo seja lecionada também no 9º ano. No desenho curricular apresentado pelo Ministério da Educação TIC passa a estar em alternativa com uma disciplina de Oferta de Escola; - no 12º ano a disciplina de Português passa de 4 para 5 tempos semanais; - a disciplina de Desenho (do 10º ao 12º ano) volta a ter 3 tempos semanais de 90 minutos, perdendo 45 minutos semanais; - as disciplinas de opção do 12º ano (Psicologia B, Química, Biologia,

Faleceu no passado mês de Março o Sr. António Mourão que trabalhou como auxiliar de ação educativa durante vários anos nesta escola. o Sr. Mourão desempenhou as suas tarefas principalmente no turno noturno (quando ainda existiam essas aulas na nossa escola), geralmente na portaria da escola pelo que todos os alunos o conheciam. À família enlutada, apresentamos as nossas mais sentidas condolências. António Mourão (1937-2012)

Foto: Serviços Administrativos da ESC.

Sociologia, Geografia C…) passam de 6 para 4 tempos semanais; - Formação Cívica, que já tinha desaparecido do 3º ciclo, juntamente com Área de Projeto e Estudo Acompanhado, desaparece também do 10º ano. Esta disciplina tinha, aliás, começado a ser lecionada no 10º ano apenas neste ano letivo; - a disciplina que a escola podia oferecer, no 7º e 8º anos, e que é constituída atualmente por “Expressão Plástica”, desaparece; - a escola pode oferecer, com carga letiva a definir, uma “oferta complementar” em cada um dos 3 anos letivos do 3º ciclo, embora essa oferta seja retirada do crédito de horas a que a escola tem direito e não da carga letiva; - para além de todas estas alterações, o Ministério da Educação permite ainda que sejam as escolas a organizar os tempos letivos, deixando de ser obrigatório que cada disciplina tenha 45 ou os 90 minutos diários, desde que os programas sejam cumpridos, Cartoon com o mesmo número de horas

anuais. Entretanto, anuncia-se já para o próximo ano letivo o aumento do tamanho das turmas, passando de 24-28 para um mínimo de 26 e um máximo de 30 alunos.

de Antero. http://antero.wordpress.com/

Ficha técnica

ESCrito Proprietário: Escola Secundária de Casquilhos – Barreiro Diretor: Renato Albuquerque (prof. G. 400) Colaboraram neste número: António José Almeida (ex-aluno); Mária Almeida(Prof. G. 500); Mestre Coelho (ex-Prof. G. 510) Fotos: Andreia Saraiva (12ºC); Leonor Inácio (Prof. G. 400). As fotos não identificadas são de Renato Albuquerque Maquetagem: ReAL Impressão: Serviços de Reprografia da Escola Capa: ReAL Correspondência: Jornal ESCrito. Escola Secundária de Casquilhos. Quinta dos Casquilhos. 2830-046 BARREIRO Telef.: 212148370 Fax: 212140265 E mail: jornal@esec-casquilhos.rcts.pt Tiragem desta edição: 250 exemplares Os textos não assinados são da responsabilidade da Direção. O ESCrito adota a ortografia do Acordo de 1990.


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Human Rights and Digital Literacy for Editorial Young Europeans A nossa escola está a desenvolver um projeto europeu com mais cinco países (Eslováquia, Espanha, Itália, Polónia e Turquia) subordinado ao tema “Human Rights and Digital Literacy for Young Europeans” cujo objetivo principal é a promoção dos direitos humanos através das novas tecnologias. Esta parceria multilateral, inserida no Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida (PROALV), da Comissão Europeia, tem a duração de dois anos, ao longo dos quais serão desenvolvidas diversas atividades educativas, assim como atividades de mobilidade a todos os países participantes. Até ao momento, este projeto Comenius, coordenado pela professora Cristina Ramalho, já envolveu uma deslocação de 2 professoras à Turquia entre 24 e 29 de outubro do ano passado e uma outra à Itália entre 12 e 18 de fevereiro. Nesta segunda deslocação, para além de 3 professores, participaram também 3 alunos do 10º ano da nossa escola. Cada uma das duas turmas envolvidas (10º A e 10º C) realizou também um guião para um filme sobre os direitos humanos, tendo também recolhido, com a colaboração da Associação Cultural Os Filhos de Lumière, as imagens e os sons que irão, em breve, ser editados.

A próxima visita está programada para Espanha, no próximo mês de maio, e o ponto alto para nós será a receção, nos Casquilhos, dos representantes de todas as escolas participantes em abril de 2013. Entretanto, pela temática escolhida, este projeto recolheu também o apoio das Nações Unidas.

Da esquerda para a direita: os alunos Rui Bravo (10º C), Érica Santos e Lara Matos (10º A) em Itália

A autora do logótipo, Yuliya Pavelko

PARA SABER MAIS https://sites.google.com/site/ comeniusescallrights As imagens deste artigo são retiradas deste site.

O logótipo deste projeto foi aprovado em fevereiro na reunião das várias escolas que teve lugar na Sicília, em Itália, sendo escolhida uma proposta realizada pela aluna Yuliya Pavelko do 11ºF (Curso Profissional de Design Gráfico).

ESCOLAS ENVOLVIDAS Eslováquia - Gymnazium Bl. Pavla Petra Gojdica Presov, Prešov; Espanha - IES Sácilis, Pedro Abad (Córdoba); Itália - Istituto Tecnico Industriale Statale “Evangelista Torricelli”, Sant’Agata Militello; Turquia - Mehmet Gunes Anadolu Ogretmen Lisesi, Sanlýurfa; Polónia - Zespol Szkol W Libiazu, Libiaz; Portugal - Escola Secundária de Casquilhos - Barreiro.

Portugal e as palmeiras

Renato Albuquerque

1. Quando andava na escola primária, em Lisboa, a minha professora, a D. Domitília, beirã da Guarda e admiradora de Salazar, cumpria escrupulosamente as funções que o Governo da altura (Governo com “G” maiúsculo, como queria Salazar) lhe determinava. Entre muitas outras coisas, lembro-me de como ela elogiava as muitas virtudes da Pátria que até no clima se manifestavam e que permitiam que crescessem, por todo o lado, magníficas palmeiras. Essas palmeiras, majestosas, que foram crescendo um pouco por todo o lado, em casas particulares mas também plantadas pelas autarquias nos espaços públicos, existentes até na nossa escola, estão doentes: uma praga de escaravelhos vermelhos vindos de África chegou a Portugal, nidificou dentro dos troncos destas árvores e vai-as corroendo até à morte. A solução era possível se todas as entidades, públicas e privadas, se tivessem unido, investido algum dinheiro, efetuado os tratamentos preventivos existentes e eliminado da forma correta as árvores mortas. Em vez disso, por todo o lado, encontramos palmeiras de folhas mais ou menos amarelecidas, caídas ou totalmente mortas, à espera de um sopro de vento que as derrube, talvez em cima de alguém. As palmeiras estão irremediavelmente condenadas. 2. Acabou-se o país rico em que vivíamos e que tinha dinheiro para, de uma só vez, reconstruir todas as escolas do ensino secundário. A promessa de termos grandes obras de requalificação na nossa escola, talvez mesmo um pavilhão desportivo e melhores condições de trabalho caiu por terra. Este sonho está adiado. 3. A crise chegou, vinda não se sabe de onde, e instalou-se dentro do país, corroendo-nos a vida e a alma. O país está condenado?


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Galeria d’Arte A Galeria d’Arte mostra os projetos desenvolvidos pelos alunos de artes, renovando periodicamente o espaço da nossa escola situado em frente da sala de professores. impacto ambiental Eficiência energética Qualidade e durabilidade Modularidade Reutilização/Reaproveitamento Partimos do material (cartão) e do módulo para criarmos objetos de iluminação, que fazem parte do nosso ambiente. São peças funcionais, estéticas e ecológicas. Abr.2012 | Reciclagem? Design? Arte? | 8º B e 9º A | Coordenadora: professora Helena Oliveira

A partir da repetição do módulo construímos a estrutura que deu origem ao objecto final, patente nesta exposição “Cartão Iluminado”.

"O que a reciclagem tem a ver com a arte?!? Tudo!!!

Passeava com dois amigos ao pôr-dosol – o céu ficou de súbito vermelhosangue – eu parei, exausto, e inclinei-me sobre a muralha – havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fiorde e sobre a cidade – os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade – e senti o grito infinito da Natureza. Nas suas pinturas de caráter fortemente expressionista existe uma carga emotiva, ansiosa e perturbada onde amor e inquietação, solidão e melancolia, dor e morte se conjugam naquilo que o pintor designou de “o terror das forças da natureza".

Os materiais que seriam jogados em aterros sanitários ou em papelões, que passaria anos ou décadas decompondose e consequentemente poluindo o nosso habitat, servirá de matéria-prima para os mais variados objectos de arte. Essa arte é voltada para a consciencialização da população de que é possível sim, através da reciclagem melhorar a nossa qualidade de vida e principalmente mostrar que até no 'lixo' existe arte.

Out.2011 | O terror das forças da Natureza Coordenador: professor Paulo Nunes

Out.2011 | Casquilhos, 50 anos

Nem todos os artigos reciclados têm que ter um propósito funcional em mente, algumas das obras mais atraentes da arte Estudar reciclada são é... apenas isso - pedaço estético concebido para inspirar e provocar a emoção do pensamento.

Celebrando o Halloween 2011 prestamos homenagem a Edvard Munch (1863-1944) e a uma obra marcada pelo desespero, desencanto, ansiedade ou angústia.

Desde design, escultura ou pintura de lixo, aqui se apresentam algumas peças criativas, embora não necessariamente funcionais, obras de arte e design reciclado."

O Grito, Desespero, Ansiedade ou Angústia foram algumas obras do pintor norueguês nas quais deixou vincada a perturbação emocional e psíquica que percorreu a sua vida.

Para lembrar os 50 anos dos Casquilhos como espaço educativo, um conjunto de professores passou a pente fino as diversas arrecadações da escola e desenterrou autênticas peças de museu que foram, durante muitos anos, os instrumentos didáticos e pedagógicos usados com os nossos alunos. (...)

Acerca de O Grito registou no seu diário o estado de espírito que o invadiu e serviu de inspiração à obra:

Soluções da página 16 Voltas à cabeça

Os objetivos do projeto foram baseados nos princípios do eco-design: Escolha de materiais de baixo

A. A face amarela.

O projeto “Cartão Iluminado” foi realizado no âmbito da disciplina de Materiais e Tecnologias, pelos alunos do 12ºE.

B. Se cada bife demora 20 minutos a grelhar, isto significa que cada lado demora 10 minutos. Se a cada bife atribuirmos uma letra e a cada lado um número (o primeiro bife seria A1 e A2) o melhor esquema seria do estilo: A1+B1, A2+C1, B2+C2. Assim, os 3 bifes estariam grelhados ao fim de 30 minutos.

Fev.2012 | Cartão iluminado | 12º E Coordenadora: professora Carmen Luís

Nesta foto vemos manuais escolares, do tempo em que eram o "livro único" (...), um projetor de diapositivos, globos terrestres e mapas, um sismógrafo (...) e até um Spectrum (aquele que foi, de facto, o primeiro computador pessoal (...))

Sudoku


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História de 50 anos de ensino nos Casquilhos – I Mária Cristina Almeida António José Almeida Projeto financiado pelo FPdMC/07/2011/12

A Escola Secundária de Casquilhos, no Barreiro, ocupa atualmente instalações que foram inauguradas a 9 de Outubro de 1961 sob o primeiro nome de Externato João Manuel Venâncio, mais tarde Externato D. Manuel de Mello, posteriormente, secção do Barreiro do Liceu Nacional de Setúbal, Liceu do Barreiro e Escola Secundária do Barreiro, tendo sido aprovado o presente nome em Despacho de outubro de 1992. Neste primeiro texto procuraremos ilustrar, recorrendo a jornais da época, a normativos e a artigos encontrados, a história da nossa Escola. A primeira referência a um estabelecimento de ensino secundário existente na vila do Barreiro, é de um colégio particular, o “Colégio Barreirense” para o ensino liceal, comercial e industrial, fundado em 1928 e propriedade do professor José Joaquim Rita Seixas. No final da década de 20 e início da de 30, as famílias barreirenses, com poucos recursos financeiros, não tinham, na sua maioria, condições para que os seus filhos continuassem os estudos em Lisboa. A necessidade de tornar a população barreirense mais preparada para o desempenho de tarefas numa vila essencialmente operária, onde a mão-deobra especializada constituía uma necessidade constante, será fundamental para o aparecimento de uma escola essencialmente técnica. Sobre essa tipologia de ensino, as primeiras referências que encontramos a uma escola oficial de nível secundário no Barreiro, aparecem no preâmbulo do Decreto n.º 35402, de 27 de dezembro de 1945. De há muito que se fazia sentir na vila do Barreiro a necessidade da criação de uma escola de ensino técnico; bastará dizer que desde há muitos anos atinge algumas centenas o número de alunos que residem naquele grande centro industrial e frequentam as escolas industriais e comerciais de Lisboa. Muito se deve ali, neste campo, à iniciativa particular. E a Câmara Municipal que muito tem pugnado no sentido de ser dotada aquela vila de uma escola técnica (…) É também criada, nesse mesmo decreto, uma Comissão de Patronato que, em ligação com a Escola, é constituída por delegados da Câmara Municipal, Organismos Corporativos locais – representativos das atividades profissionais e económicas cujo ensino era ministrado na Escola – bem como pelas empresas industriais e comerciais

que pudessem empregar os alunos e diplomados pelos diversos cursos. A escola a que nos referimos, a Escola Industrial e Comercial Alfredo da Silva, será inaugurada a 12 de janeiro de 1947. Em 15 de dezembro de 1960 é criada na vila do Barreiro uma segunda escola do ensino técnico. No preâmbulo do Decreto n.º 43 401, é justificado a criação dessa nova escola – a Escola Técnica Elementar do Barreiro. A par do alcance educativo que comporta, a difusão do ensino técnico constitui uma das faces mais relevantes dos planos de fomento económico. Por isso o Governo lhes vem dedicando a melhor atenção. (…) criam-se, pelo presente diploma, mais sete escolas.(…) As duas restantes destinam-se a assegurar o descongestionamento dos centros de ensino existentes nas mesmas localidades: a cidade do Porto e a vila do Barreiro. Assim, a partir do ano letivo de 1961/ 62 entrou em pleno funcionamento a Escola Técnica Elementar do Barreiro e deixou de ser ministrado o ensino do ciclo preparatório na Escola Industrial e Comercial Alfredo da Silva. Sendo este aparecimento coerente com o plano de fomento já referido e com o crescente operariado existente na vila do Barreiro, não era esta escola sentida como necessária para uma fatia da população que procurava um futuro não fabril. Não existindo no Barreiro um grande estabelecimento de ensino não técnico, a população jovem que não frequentava o colégio Barreirense ou o ensino Comercial e Industrial, estudava então maioritariamente em Setúbal. Referia sobre essa temática o semanário da vila, o Jornal do Barreiro: Existia um só comboio que partindo do Barreiro às 7.20 h devia chegar a Setúbal às 8.06. Simplesmente, por isso ou aquilo, o comboio atrasa-se e nem sempre chega à capital do distrito a tempo de permitir aos numerosos estudantes do concelho do

Barreiro a entrada no liceu antes de iniciada a primeira aula Resultado: os alunos são considerados faltosos, o que os prejudica, visto que há, na lei, um limite de faltas, para além do qual se corre o risco de perder o ano. (Jornal do Barreiro, n.º 531, de 8/12/1960, p.5) Continua ainda o artigo com um número que consideramos interessante: São centenas esses estudantes (a propósito informamos os nossos leitores de que, da população estudantil do liceu de Setúbal, mais de 50% residem no concelho do Barreiro). (idem) Nesse mesmo jornal, ainda na mesma página, aparece um outro artigo intitulado O Barreiro carece de um Liceu oficial, em que se começa por referir ser uma das grandes aspirações do Barreiro a de ter um liceu, quer pelo elevado número de estudantes que por um lado, ou estudavam em Setúbal, distante 30 quilómetros e com pouco fiáveis comunicações, ou estudavam em Lisboa, requerendo a travessia do rio. Acrescentava ainda o inconveniente de quer uns quer outros, terem de se levantar “demasiado cedo”. Pela primeira vez encontramos uma nota sobre a nossa escola. O artigo em causa refere: Constou, há pouco, que a Companhia União Fabril está disposta a criar no Barreiro um liceu particular, para os filhos dos seus empregados. Seria bom, mas não é o suficiente. É preciso ir mais além, conseguindo do Ministério da Educação Nacional um liceu oficial, ao menos para o primeiro ciclo. (idem) A Companhia União Fabril (CUF), na altura a maior empregadora do Barreiro já dispunha, para os filhos dos operários da empresa, de uma escola primária - O Externato C.U.F. - e de duas creches, uma para latentes e outra para crianças de 1 a 3 anos. Contudo, sentia a necessidade de um outro estabelecimento de ensino para os filhos dos quadros superiores e essa diferenciação já era referida ao mencio-


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Casquilhos: nar ser o externato para “os operários da empresa”. Sente então a CUF e, como já referimos, a pedido dos engenheiros desta empresa que reclamavam pelo facto de os seus filhos não possuírem nesta vila outro local para estudar para além da Escola Industrial Alfredo da Silva e não

A construção será acompanhada sempre com “elevado interesse” pela população e pelo já referido Jornal do Barreiro. No n.º 561, de 22 de junho de 1961, é relatado, em artigo intitulado Começou a construção do Colégio-Liceu do Barreiro, “ter sido recentemente iniciada a construção do

Jornal do Barreiro, nº 568

desejarem que os seus filhos abraçassem o ensino técnico, a necessidade de construir um liceu no Barreiro. Será escolhido para a tarefa o arquiteto Formosinho Sanches. A revista Arquitectura, n.º 77, de jan. 1963, desenvolve um interessantíssimo artigo explanando uma nota descritiva e as características e comentários técnicos sobre a obra realizada. É referido, por exemplo, nesse artigo que Na estrutura do liceu distinguem-se claramente os dois sectores fundamentais relacionados com a idade dos alunos: o 1.º ciclo que constitui a primeira fase da obra e a que se referem as fotos da obra que se publicam, os 2.º e 3.º ciclos, agrupados de forma mais compacta, com aulas em pisos sobrepostos, ao contrário da solução dada aos primeiros anos em que está assegurado o contacto imediato com o espaço exterior. (Revista Arquitectura, n.º 77, Jan. 1963, p.6) (1)

Colégio-Liceu, no sítio dos Casquilhos. A obra orçada em mais de 4000 contos (2) estava a cargo, não da Companhia União Fabril, embora com o seu patrocínio, mas da firma A. Silva & Silva, do Seixal”. Era essa “conceituada empresa”, referida assim pelo artigo, que estava construindo o «nosso» liceu, salientando não ser o colégio apenas para os familiares dos empregados da CUF mas para todos os habitantes do Barreiro e ser o Patriarcado quem administrava a construção. No n.º 565, de 20 de julho, em artigo intitulado Externato D. Manuel de Mello, nome pelo qual será posteriormente conhecido, refere que continuava em bom ritmo a obra, “na Quinta dos Casquilhos,

local magnífico de localização e a que a abertura dum novo acesso irá integrar, perfeitamente no perímetro urbano”. Continua o artigo acrescentando que o colégio entraria em funcionamento no próximo mês de Outubro e desde logo com o 1.º ciclo (1.º e 2.º anos). Funcionaria o 3.º ano se se verificassem inscrições em número suficiente. Nos anos seguintes seriam lecionados todos os anos do Curso Liceal até ao 7.º ano, para a frequência masculina e feminina. Era ainda referida ser a orientação do colégio assegurada pelo Rev. Sr. Padre Cabeçadas do Patriarcado de Lisboa e estar a secretaria já a funcionar, provisoriamente, na Rua da União, n.º 20. A primeira imagem da construção vamos encontrar no n.º 568, de 10 de agosto. Salientava que estava para breve o início dos trabalhos de construção da rua de acesso por forma a que no início das aulas fosse possível à Câmara Municipal levar os seus autocarros até ao Externato para transporte dos alunos e professores. No n.º 569, de 17 de agosto, encontramos uma descrição do andamento da construção, pelo que deve o repórter do jornal ter visitado o local das obras. Descreve então aquilo que viu. Vamos transcrever uma parte substancial

Jornal do Barreiro, nº 569 (1)


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cinquenta anos de ensino do artigo pelo seu interesse ao descrever a nossa escola e os seus propósitos: Quem for ver as obras do Colégio Liceu poderá apreciar que um corpo de dez aulas está já no fim de acabamentos interiores e outro já entrou em idêntica fase. Os recreios estão delineados e aguardam apenas as coberturas metálicas e o corpo central necessário à ligação em breve entrará também em acabamentos. A primeira fase estará portanto pronta a receber os alunos na data de abertura das aulas. (…) Na realidade o projecto do Formosinho Sanches é verdadeiramente sensacional. Não conhecemos em Portugal nada no género. O Barreiro vai ter um Colégio-Liceu que despertará pelas suas instalações verdadeira curiosidade nos meios escolares e arquitectónicos. O local privilegiado possui na moldura de floresta que o envolve em tom de interioridade e de estudo que não podia ser quebrado por um edifício de grandes proporções e por isso se adoptou uma construção em corpos colados à encosta e espraiando-se por ela de maneira que todos e cada aluno trabalhassem dentro da escola com se estivessem no bosque. Longe de ruas barulhentas e da simetria monótona e triste de aglomerados populacionais, o Colégio-Liceu é um pulmão magnífico em que o trabalho intelectual da criança se pode fazer num ambiente saudável e tonificante. Sem luxos nem confortos excessivos o traçado funcional e a construção sóbria revelam uma intenção de ordem e disciplina que permita aos rapazes e raparigas adquirirem uma noção de trabalho e método sem a qual não poderão vir a ser elementos válidos da sociedade. Esse mesmo número do jornal dava a notícia de que também se iria iniciar o 3.º ano liceal, já que existiam alunos suficientes para que tal fosse possível, e terminava com a publicação de mais três fotografias. A primeira mostra uma das salas com vista para o que atualmente chamaríamos o eucaliptal, à altura referido por o bosque. A segunda, uma das salas de aulas que pensamos serem as atuais B´s. Por fim uma imagem do caminho que a Câmara Municipal do Barreiro teve de construir. Esta imagem é expressiva do

Jornal do Barreiro, nº 569 (2)

afastamento da nossa escola em relação à vila do Barreiro em 1961. Chegamos finalmente ao dia 9 de Outubro de 1961. Encontramos duas notícias referentes à inauguração. A primeira e a mais curiosa das que vamos mencionar durante este trabalho é a publicada pelo Diário de Lisboa na sua edição desse mesmo dia, na secção intitulada “Diário da Outra Banda”.

Insere-se aí a notícia, recebida pelo telefone, de que tinham aberto nesse dia “as aulas no ‘Externato João Manuel Venâncio (3)’ de que é director o padre João Soares Cabeçadas. A frequência é aproximadamente de 100 alunos de ambos os sexos.” Continuava referindo que “A inauguração oficial desse importante estabelecimento de ensino que muito veio valorizar o concelho, deverá efectuar-se

Jornal do Barreiro, nº 569 (3)


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Casquilhos: quando estiver terminada a segunda fase do gio e dos problemas do Algarve”. Certamente que o tipógrafo que trabalhou nesta página trocou a última frase pelo que pensamos que se referia à “segunda fase do estabelecimento de ensino” e não do “gio e dos problemas do Algarve”. Podemos dizer que até a notícia da sua inauguração foi atribulada (4).

Sobre a continuação das obras foi, na sessão de inauguração referido que As obras de construção da 2.ª fase continuarão em ritmo acelerado mas sem prejuízo das aulas e por forma a que quando se iniciar o ano lectivo de 19621963 todo o excelente conjunto de edifícios que o Sr. Arquitecto Formosinho Sanches concebeu se encontre em pleno funcionamento. Da leitura das notícias acima descritas e do normativo que autoriza a abertura do externato notamos algumas discrepâncias em relação à realidade atualmente encontrada. A primeira, o nome do externato “João Manuel Venâncio”. Em conversa com o último reitor do Externato (5), foi referido terem acontecido situações semelhantes

abril de 1962 e publicado no Diário do Governo n.º 130 de 1 de junho desse mesmo ano. Esse alvará concedia à Diocese do Patriarcado de Lisboa a autorização para o funcionamento de um estabelecimento de ensino particular liceal (1.º e 2.º ciclos) (o que seria hoje o 2.º e 3.º ciclo do ensino secundário - do 5.º ao 9.º ano), fixando a lotação em 320 alunos externos no total, sendo 160 para cada uma das secções – masculina e feminina, em regime de planos e programas oficiais, ainda sob a direção do “R. P. (7) João Soares Cabeçadas”. A segunda, era nunca se referir uma possível autorização para se poder lecionar o 3.º ciclo (6.º e 7.º ano), mas ter sido essa possibilidade referida por diversas vezes nos jornais, assim como

Diário de Lisboa, 9 de outubro de 1961

O Jornal do Barreiro dá uma notícia mais pormenorizada. Descreve que a sessão inaugural, realizada pelas 16 horas, primeiro com a alocução de boas vindas pelo diretor do colégio “que a todos agradou pela elevação de conceitos”, teve a comparência das famílias dos alunos, terminando a mesma com uma visita às instalações escolares. Assinalou ainda a colaboração da Câmara Municipal do Barreiro pela construção dos acessos e pela criação de duas carreiras de autocarros que serviam o colégio. Não terminou a notícia sem um reparo crítico à notada falta de presença de algumas individualidades: O Jornal do Barreiro aproveita o ensejo para renovar os agradecimentos de toda a população a quem tão generosamente dotou esta terra de mais uma excelente escola, suprindo uma impossibilidade que se deparou ao Estado de o fazer – os Srs. D. Manuel de Mello e Dr. Jorge de Mello e Sua Eminência, o Senhor Cardeal Patriarca.

Revista Arquitectura, nº 77, pág. 8

com outros colégios. Por não terem sido emitidos os alvarás definitivos a tempo do início do ano letivo, eram utilizados alvarás já licenciados. Pensamos ter o Externato, durante a espera para a emissão do alvará, utilizado provisoriamente um alvará anteriormente concedido. Só mais tarde será emitido o alvará com o n.º 1674, para o funcionamento do “Externato Manuel de Melo (6)” situado na Quinta dos Casquilhos, que acontecerá no dia 16 de

estaria prevista numa 2.ª fase do projeto de construção, em que era referido ser um projeto para 600 alunos. A última mas talvez a mais importante e que ainda hoje não se resolveu, a justificação para a interrupção na construção da 2.ª fase. Essa fase teria tido, e a imagem o demonstra (8), um ginásio e um anfiteatro assim como um novo bloco para o 2.º e 3.º ciclo. (continua no próximo número)


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cinquenta anos de ensino NOTAS: Este artigo pode ser consultado no site da escola, em www.eseccasquilhos.rcts.pt/historia.htm (2) Vinte mil euros em moeda atual. (3) Sobre este nome revelou-se, até ao momento, infrutífera a nossa pesquisa mas não a daremos por terminada até (1)

se deslindar este nome. Procurámos em todo o jornal qual seria a troca existente no texto, mas tal busca revelou-se inglória. (5) Professor Fernando Alves Cristóvão, membro da diocese de Lisboa. (6) De notar que o alvará refere o Externato (4)

por “Externato Manuel de Melo” e não como normalmente o designamos “Externato Diocesano D. Manuel de Mello”. (7) R.P. - Reverendo Padre. (8) Revista Arquitectura, n.º 77, jan. 1963, p. 8. Ver Nota 1 deste artigo.

A Quinta dos Casquilhos em 1902 A Quinta dos Casquilhos vai à praça[1] no Seixal, então comarca do Barreiro, em 1902, conforme cita o jornal daquela vila seixalense, “O Sul do Tejo”. Dessa notícia soubemos que [a] Quinta se compõe de propriedade urbana e rústica, “com entrada por um portão de ferro colocado para um caminho de servidão. A parte rústica compõe-se de horta, terra de semeadura, vinha, oliveira e alguns pinheiros, tendo poço com uma nora, tanque, poço com moinho automático, tanque e bomba para levar água para o jardim, parreira com esteios de ferro, tanque para lavar e para regas, mina com regadeiras para condução de água, e bosque. A parte urbana está dividida em três corpos: o primeiro é para habitação, com

lojas e primeiro andar, tendo este doze compartimentos, e na casa de jantar uma torneira para água com um recanto em mármore e estuque: num dos compartimentos existe uma retrete em mármore e madeira, lavatórios em pedra branca com uma torneira, noutro compartimento tem retrete para creados; além dos referidos compartimentos há despensa e um pequeno sótão. Tem entrada pelo jardim por meio duma escada de pedra com grades de ferro e além da entrada principal há outra entrada reservada. Nas lojas tem adega, celeiro e casa para caseiro com quatro compartimentos; junto à casa está um jardim guardado por um gradeamento de ferro montado sobre um muro de pedra e cal; tem um largo, canteiros, árvores de jardim

e palmeira. O segundo corpo compõe-se de casa de malta[2] com forno e abegoaria[3] grande com uma mangedoura e pia de pedra. O terceiro corpo compõe-se de casa para guardar carro, arribana[4], casa para creação com três compartimentos e vedada à frente com rede de arame e casa de arrecadação.” Reproduzido de Um Olhar Sobre o Barreiro n.º 4 – II Série – abril de 1991

NOTAS: [1] Ir à praça: ser posta à venda. [2] Casa de malta: dormitório para trabalhadores rurais ocasionais. [3] Lugar para guardar gado, carros e utensílios agrícolas. [4] Curral.

Foto tirada sobre parte da Quinta dos Casquilhos a partir do local da atual escola (foto: Silvestre. 1965?)


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Casquilhos: Evolução do número de alunos (1972/1995) Fazer a história de uma escola é sempre falar dos alunos que por lá passaram. Neste artigo não falamos de pessoas concretas mas de números, ou melhor, da evolução do número de alunos desde o ano letivo de 1972/73, em que a escola apenas funcionava no período diurno, até 1994/95. Socorremo-nos dos dados contidos num trabalho realizado em 1995/96 para a disciplina de História, lecionada pela professora Bebiana Gonçalves, e que, graças ao esforço enquanto desempenhou a função de bibliotecária nesta escola, se mantém arquivado na nossa biblioteca(1). Chamamos a atenção para uma ou outra incongruência: por exemplo, em 1973/74, ano letivo do 25 de abril, a soma de alunos do ensino noturno e do ensino diurno não coincide com a soma dos alunos por tipo de ensino. Numa época em que não havia computadores e tudo era feito à mão, bastava que uma contagem fosse feita num mês e outra meses depois para que os valores não batessem certo. Os dados apresentados foram recolhidos à época nos serviços administrativos e, mesmo com algumas pequenas divergências, mostramnos de forma segura a evolução do número de alunos desta escola. Antes do 25 do abril apenas existiam duas escolas secundárias no concelho do Barreiro: a Escola Industrial Alfredo da Silva e o Liceu do Barreiro que funcionava nestas instalações. O ensino liceal, com a duração de 5 anos, estava dividido em curso geral (equivalente aos atuais 7º, 8º e 9º anos) e curso complementar (atuais 10º e 11º anos, indicado no quadro como Compl.). Estes cursos passaram a ser lecionados também à noite desde 1973/ 74. A partir de 1975, este ensino começa a ser substituído pelo ensino unificado (do 7º ao 11º anos). Em 1977/78 introduziu-se um ano propedêutico de preparação para o acesso ao ensino superior, frequentado após o 11º ano. Este ano propedêutico seria substituído, a partir de 1980/81, pelo 12º ano. A partir de 1991/92, seriam introduzidos os chamados cursos experimentais noturnos (indicados no quadro como Exper.) que viriam a dar origem aos cursos noturnos por unidades capitalizáveis (SEUC e SUC). Todo o ensino noturno termina na nossa escola no final do ano letivo de 1988/99. Em 1977/78 é inaugurada uma nova

escola secundária na freguesia de Santo André e uma outra na Baixa da Banheira. Em 1987/88 começa a funcionar a Escola Secundária de Alto do Seixalinho. A evolução do número de alunos na nossa escola reflete estas realidades. Veja-se como o número total de alunos (Gráfico 1) quase duplica até 1976/77, diminui bruscamente quando abre a escola de Santo André, e recupera desde essa altura até 1989/90, ano em que atinge o máximo na história da nossa escola: 3468 alunos matriculados. Se olharmos para a divisão entre alunos matriculados no ensino diurno e noturno (Gráfico 2 - página seguinte), vemos que a diminuição de alunos se deve à redução de matrículas de alunos diurnos, visto que à noite os alunos são

cada vez mais, ultrapassando os de dia no ano de 1992/93. Por outro lado, o quadro resumo (ver página seguinte) revela-nos que esta escola teve sempre mais alunos naquilo que hoje chamamos ensino secundário do que no ensino básico.

Escola Secundária de Casquilhos. Ano lectivo de 96/97. Trabalho elaborado em 96/97 pelos alunos Anabela Ferreira, Filomena Martins, Nuno Ventura e Rosa Magalhães do 12º Ano, Turma O [para a disciplina de História, professora Bebiana Gonçalves]. Cota da Biblioteca da Escola Secundária de Casquilhos: 908(469.42) ESC FER (1)

Gráfico 1


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cinquenta anos de ensino Gestão (1974/2012) Desde o 25 de abril de 1974 a responsabilidade da gestão da escola esteve sempre entregue a um professor. Nos primeiros anos faziam também parte os representantes dos alunos e dos funcionários. Lembremos os diversos responsáveis desde essa data:

Evolução do número de alunos dos Casquilhos (1972/1995)

Gráfico 2

até 25.04.74 - dr. Vitorino (Reitor) 26.4.74 até ao fim de 73/74 - drª Felismina (ex-vice-reitora) 1974/75 - Durães (Presidente) 1975/76 (a partir de Fev. 76) - Fernanda Rosa (Presidente) 1976/78 - Alda Barata (Presidente) 1978/79 - Lurdes Cardoso (Presidente) 1979/81 - Julieta Neves (Presidente) 1981/83 - Rosário Vaz (Presidente) 1983/85 - José António Dias (Presidente) 1985/87 - Ivone Garrido (Presidente) 1987/89 - Ivone Garrido (Presidente) 1989/90 - Manuela Rodrigues (Presidente) 1990/91 - José António Dias (Presidente) 1991/93 - Renato Albuquerque (Presidente) 1993/95 - Orlando Nunes (Presidente) 1995/97 - Orlando Nunes (Presidente) 1997/99 - Orlando Nunes (Presidente) 1999/02 - Orlando Nunes (Presidente) 2002/05 - Jorge Duarte (Presidente) 2005/08 - Jorge Paulo Gonçalves (Presidente) 2008/09 - Jorge Paulo Gonçalves (Presidente) 8.Jun.2009/... - Jorge Paulo Gonçalves (Diretor)


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Os piqueniques nos Casquilhos durante a ditadura Os piqueniques a que este artigo faz referência eram uma forma de convívio mas também de contestar a ditadura militar que se instala em Portugal após o 28 de maio de 1926 e o Estado Novo que Salazar formaliza em 1933. À proibição de reunião e de concentração, as forças do oposição respondiam com estes convívios feitos geralmente no único dia de descanso, o domingo, mas que não esqueciam nunca o 1º de maio, data que assinala o dia do trabalhador e que, pelo menos em 1951, era feriado municipal. Veja-se como, após o final da guerra, em 1945, e perdidas as esperanças de que Salazar fosse demitido pelas países democráticos vencedores, o programa para o piquenique de setembro de 1946 refere que este será um dia alegre numa existência sombria. Note-se também que a resistência ao Estado Novo se fazia com o recurso a uma música diferentes da cultura de espírito do regime - o Jazz. Apesar de o texto citar outros locais para além da Quinta dos Casquilhos, achamos por bem reproduzi-lo na íntegra. PIQUENIQUES NOTAS EXTRAÍDAS DE PROGRAMAS DA “COLECÇÃO” JOSÉ ANTÓNIO MARQUES [1]

17 Junho 1928 — Excursão dos caixeiros de Lisboa, para confraternização com os caixeiros do Barreiro (Associação de Classe dos Empregados no Comércio e lndústria do Barreiro). Bilhetes para entrada na Quinta dos Casquilhos, da CUF. 27 Agosto 1933[1] — Agradável tarde de convívio familiar proporcionada pela S.l.R.B. «Os Penicheiros», na Quinta dos Casquilhos, cedida pela CUF. 1 Maio 1935[2] — Concerto pela Banda da Liga Instrução e Recreio da CUF; corrida de velocidade e estafetas (entre as Secções de Tecidos, Fiação, Carpetes, Obras, Caldeiraria e Cordoaria), saltos em comprimento e altura, corridas de sacos, três pernas, agulhas, luta de tracção (equipas dos Tecidos, Fiação, Obras, Cais, Caldeiraria, Serração, Adubos —carga—e Bombeiros da CUF); bailes populares por Grupos da Banda. Saída do Barreiro às 14 horas e final da Festa às 20, na Quinta dos Casquilhos. 26 Maio 1935[1] — Horas de verdadeira alegria, no viveiro da Mata da Machada, onde a Banda da Soc. Filarmónica U. Agrícola 1º Dezembro, de Santo António da Charneca, executará trechos musicais, seguidas de bailes abrilhantados pelos seus dois grupos de jazzes e outros atractivos. Tarde de Festa—Tarde de Alegria. 1 e 3 Maio 1936 [3] —Corrida de obstáculos (cross-country) com passagem da sébe, despacho da carta, passagem do pinhal, saltos dos valados, recepção do galhardete, passagem das barricas; gincana ciclista com os seguintes obstáculos: passagem da cancela e da prancha, abrir e beber refresco, deslocação de burros, contorno de paulitos, recepção de linha e agulha; corrida de burros com obstáculos, aparelhar, abrir cancelas, apanhar e encher saco de ervas; demonstração de Jogo de Pau por José e Alfredo Ribeiro

Chulas; início das toirinhas, sendo lidados alguns animais, pela quadrilha “Los Niños del Barrio”, cavaleiros e oito toureiros e respectivos grupos de forcados e andarilhos; há para divertimento das crianças um Teatro de Fantoches e Barracas de Pim-Pam-Pum; bailes populares abrilhantados pelos três Jazzs da CUF, na Quinta dos Casquilhos. 7 Junho 1936 [1] —Tarde alegre e divertida aos sócios e famílias da Soc. F. União Agrícola 1º de Dezembro, de Santo António da Charneca, no recinto do viveiro da Mata da Machada, com surpresas, bailes, etc.. 5 Junho 1942[4] — Pic-Nic na agradável Quinta dos Lóios, no Lavradio, organizado pela “Penicheiro Orquestra-Jazz”, privativa da S. I. R. B., com a colaboração de três das melhores orquestras amadoras do distrito de Setúbal, Imperial OrquestraJazz (CUF), Ritmo Orquestra-Jazz (Franceses) e Royal Orquestra-Jazz (Penicheiros); atracções desportivas, esmerado serviço de bufete, sendo a entrada para esta Festa a partir das 9

horas. 15 Setembro 1946 [1] — Grandioso Piquenique organizado pelo Grupo Campista do Barreiro, lugar do Pinhal em frente da Telha (Antigo Tónita), cedido pela Firma Francisco Rodrigues & Filhos, com a participação de duas magníficas Orquestras (Penicheiro Orquestra Jazz e Orquestra Mista) e um acto de Variedades, por conceituados artistas amadores, Eva Pinto, Lisete Pires, Guilherme Fragata, Lenine Silva e Deodoro Neto, Fernando Correia, para além da colaboração dos artistas Domingos Silva, José Coelho, Militão Hilário e Francisco Ferreira; esmerado serviço de bufete, “será um dia alegre numa existência sombria”; que ninguém falte ao Piquenique. Reproduzido de Um Olhar Sobre o Barreiro, n.º 5 – II Série – dezembro de 1991 [1]

Domingo. Quarta-feira. [3] Sexta-feira e domingo. [4] Sexta-feira. [2]

Piquenique - corrida de três pernas. Canadá, 1946. (http://2.bp.blogspot.com/-EYpePEHs4K8/ TZRv6cwVNRI/AAAAAAAAHtg/Uk_dqXEQZso/s1600/picnicrace1946.jpg)


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Dia das Artes: 5ª edição No passado dia 19 de abril o grupo de professores de Artes Visuais e os seus alunos mobilizaram-se para levar a cabo mais um Dia das Artes, aberto à escola e à comunidade. Este ano, contámos com duas visitas excecionais: a chuva que caiu durante parte do dia e impediu a realização do concerto de bandas de garagem, e o Secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar, Dr. João Casanova de Almeida. Acompanhado por vários vereadores da Câmara e, mais tarde, pelo próprio presidente, Carlos Humberto, pelo diretor do Centro de Formação de Professores, por representantes dos pais, por elementos da comunicação social e pela Direção da escola, o Secretário de Estado visitou demoradamente as instalações dos Casquilhos, sempre guiado pelo professor Paulo Nunes, coordenador do departamento de Expressões. Para além destas visitas, o Dia das Artes decorreu com a animação a que já nos acostumou e que as imagens ilustram melhor que as nossas palavras.

Cartaz do 5º Dia das Artes: professor Miguel Brinca Fantoches construídos para receber os convidados mais pequenos

Uma estátua gigante aponta o caminho aos visitantes.

A comitiva que acompanha o Secretário de Estado ouve as explicações do professor Paulo Nunes

O início da intervenção no muro...

e o resultado final


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Body painting

Instalação com octaedros no bar dos alunos

ola a esc tio d á p no mob Flash

Exposição: ténis e flores . ção.. agina im à rgas m la dera s e t itan ns vis Jove

Instalação interativa: 5 sentidos

Exposição: pintura com acrílico sobre tela

ras ravu linog m a imir impr ... e

Mais uma iniciativa que fica na memória de todos os que a viveram e que fica para a história dos Casquilhos. Um dia dirão aos vossos filhos: Eu estive lá!

Exposição: esculturas de pacotes

Esculturas de animais


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Dia do diploma Esta iniciativa do Ministério da Educação pretende valorizar o esforço dos alunos que concluem o ensino secundário em cada ano letivo. Assim, os alunos finalistas que terminaram o 12º ano (cursos científico-humanísticos e profissionais) no final de 2010/2011, receberam a 30 de setembro de 2011 os diplomas comprovativos das mãos dos exdiretores de turma, numa cerimónia que decorreu a partir das 18:30. Na mesma altura foram atribuídos pela direção prémios pecuniários ao melhor aluno dos cursos científico-humanísticos e ao melhor aluno dos cursos profissionais. Foram também atribuídos prémios pecuniários aos alunos do ensino básico que tiveram média de 4 ou superior.

O professor Carlos Bernardino, regulando o telescópio da nossa escola.

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A Biblioteca Escolar continua a desenvolver atividades para fomentar entre os alunos o gosto pela leitura. Nesse sentido, para além de continuar a participa no projeto “Oficina Saramago” trouxe à escola, em momentos diferentes, 2 escritores de língua portuguesa. Dia 8 de fevereiro foi a vez de Ondjaki (pseudónimo do escritor angolano Ndalu de Almeida) que prendeu a plateia com os seus dotes de grande comunicador. A 13 de março Rui Zink veio falar com os alunos dos Casquilhos sobre as suas experiências de vida e de escrita.

Ondjaki. Foto de Andreia Saraiva

No final, cada um dos autores autografou algumas das suas obras. Entretanto, a aluna Vanessa Duarte, da turma C do 11º ano, alcançou o primeiro lugar na eliminatória distrital do Concurso Nacional de Leitura que teve lugar no passado dia 26 de abril, em Álcácer do Sal.

Rui Zink na Biblioteca da escola

Vanessa Duarte (11ºC), ao centro, com as restantes participantes da nossa escola: Joana Veríssimo (10ºB), à esquerda e Inês Costa (12ºB), à direita. Foto de Leonor Inácio.

Observações astronómicas No dia 7 de novembro de 2011 os professores, funcionários, alunos e encarregados de educação puderam observar as crateras da Lua, o planeta Júpiter e 4 das suas luas. Esta iniciativa do Departamento de Matemática e Ciências Experimentais, foi dinamizada pelo astrónomo amador, professor Carlos Bernardino.

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Escritores e leitores

Assim, a nossa aluna irá representar o distrito de Setúbal na final desse concurso que se irá realizar em Lisboa, no final do mês de maio.

Nicolas Encarnação, do curso de Marketing, recebe do diretor, professor Jorge Paulo Gonçalves, o prémio para o melhor aluno dos cursos profissionais. Leonor Parra, do curso de Artes, viria a receber mais tarde o prémio para o melhor aluno dos cursos científicohumanísticos

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D. Rosa

Associação de Estudantes A campanha eleitoral para a direção da Associação de Estudantes decorreu nos dias 23 (lista S) e 25 de novembro de 2011 (lista X). As votações foram na segundafeira, dia 28, tendo ganho a lista X.

Miguel Pedro, do 11º A, o novo presidente da direção da associação de estudantes

A D. Rosa Maria Mil-Homens atingiu, em janeiro, o limite de idade que a obrigou a aposentar-se da função pública. Desde 1975 que a D. Rosa trabalhava neste espaço a que agora chamamos Escola Secundária de Casquilhos. Ao longo destes quase 38 anos, conviveu com centenas (milhares?) de alunos e dezenas (centenas?) de professores, principalmente da área das ciências, que se habituaram a que ela lhes resolvesse todos os problemas, com uma abnegação e uma entrega permanente e inexcedível.


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Sudoku

fornecido por Mestre Coelho

No Sudoku* é preciso preencher os espaços em branco de forma a que cada um dos quadrados possua os 9 algarismos (de 1 a 9) apenas uma vez. Depois de preenchidos, cada linha, vertical ou horizontal, também terá os mesmos 9 algarismos, sem repetições. Grau de dificuldade: difícil.

Voltas à cabeça

* Abreviatura da expressão japonesa suuji wa dokushin ni kagiru que significa os dígitos devem permanecer únicos.

A. A figura representa o mesmo cubo em 4 posições diferentes. Sabendo que cada face tem uma cor diferente, de que cor é a face desconhecida? (Problema retirado do manual Matemática, 5º ano, Parte 1, de Maria Augusta Neves e outros, pág. 65)

B. O Sr. Francisco tem um pequeno grelhador no exterior da sua casa que leva apenas dois bifes. A sua mulher e filha estão ansiosas por comer. Qual é a maneira mais rápida de grelhar três bifes no mínimo tempo possível, sabendo que são precisos vinte minutos para grelhar ambos os bifes? (Problema retirado da Gazeta Casquilhense - publicação do Núcleo de Estágio de Matemática da nossa escola, 2ª edição, janeiro de 1998)

Soluções na página 4


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