A ponte do Guaìba, Porto Alegre, Brasil.

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A alternativa B foi a que suscitou mais controvérsias. O projeto de fazer a ligação das duas margens no ponto onde elas ficam mais próximas parece ter sido muito atraente, talvez pela continuidade urbana que oferecia. Para substituir o polêmico projeto de túnel subfluvial, que, entre outras coisas, exigiria uma grande chaminé de ventilação em forma de edifício no meio do percurso, foram desenhadas novas opções de pontes para vencer os 1.200 metros sobre as águas. Um segundo trecho, entre a ilha da Pintada e a margem sul, sobre o Saco de Santa Cruz, com 3.600 metros, não chegou a suscitar debates e poderia ser vencido com viadutos, aterros ou a combinação de ambos. Se a alternativa A foi facilmente descar: : 9 Estudos alternativos de travessia pela Ponta do Gasômetro.

outras grandes cidades e antevê, com rara clarividência, muito do

tada, esta provocou defesas apaixonadas, como a do engenheiro

que veio a ocorrer em Porto Alegre, como a desvalorização do cen-

e professor José Baptista Pereira. Primeiro diretor-geral do DAER,

tro da cidade em decorrência da excessiva verticalização. Mostra

Pereira fazia uma defesa intransigente a favor da solução em túnel,

semelhanças entre ela e o Rio de Janeiro, pela vocação residencial

comparando a situação de Porto Alegre à de Nova York ao utilizar o

na Zona Sul e industrial e de serviços na Zona Norte.

túnel Holland sob o rio Hudson como parâmetro referencial.

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A alternativa A previa uma ponte no mesmo lugar de onde

Algumas vozes também defendiam a opção B pela facilidade

partiam as barcas, na Vila Assunção, fazendo a ligação direta-

da ligação direta ao centro da cidade e ao porto então operante.

mente com a cidade de Guaíba. Apesar da vantagem de ser o

Esta posição provocava duras críticas daqueles que tinham uma

caminho mais curto rumo ao sul e de ligar diretamente as zonas

visão mais rodoviária da questão. Pesava ainda, a favor dessa

urbanas das duas cidades, o trajeto sobre a água era o mais longo.

opção, o desenvolvimento urbano da ilha da Pintada, que já con-

Além disso, exigiria que todo o trânsito de passagem, vindo do

tava sua população aos milhares, abrindo caminho a um novo

norte, fosse obrigado a cruzar grandes extensões da zona urbana

grande bairro muito próximo do centro da cidade.

de Porto Alegre. O custo estimado da travessia de 5.450 metros,

A travessia a seco, por ponte, neste local, deveria contemplar a

com vão livre central de 100 metros de extensão e 50 metros de

necessidade de altura do vão sobre o canal de navegação. As opções

altura e plataforma de 8 metros (pista simples, portanto), era

eram a construção de um vão levadiço, de uma grande rampa cir-

praticamente igual ao da opção finalmente adotada, mas o custo

cular sobre a água ou, ainda, de uma ponte saindo de um ponto

das obras urbanas muito maior. Essa solução parece ter sido facil-

mais alto da rua Riachuelo. De qualquer forma, o impacto urbano

mente descartada, talvez pelos inconvenientes que causaria aos

sobre a ponta histórica da cidade seria muito grande.

já tradicionais bairros residenciais de Porto Alegre.

A alternativa C era a que melhor resolvia a questão rodoviária do trânsito de passagem, de ligação entre o norte e o sul do Estado,

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Uma Travessia, Muitas Pontes

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Idem.

pois as principais estradas de acesso a Porto Alegre chegam pelos


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