A ponte do Guaìba, Porto Alegre, Brasil.

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O gesto espetacular desta guerra foi a tomada de Laguna, para onde se expandiu o movimento, criando a República Juliana. A falta de uma saída para o mar obrigou Garibaldi a transportar seus lanchões Seival e Farroupilha por terra, entre a lagoa dos Patos e a barra do Tramandaí. Uma cena incomum: uma comitiva de soldados, cavalos e “duas naves, atravessando em carretas puxadas por duzentos bois cinqüenta e quatro milhas ou dezoito léguas”4, por campos e várzeas.

Caminhos do Imperador e dos viajantes Ao término da Guerra dos Farrapos, o imperador D. Pedro II, aos 19 anos, veio com a imperatriz e comitiva visitar a Província, permanecendo cinco meses. Chegou por Rio Grande e, depois, se dirigiu a Porto Alegre, Rio Pardo e São Gabriel. Em Pelotas, foi hospedado pelo barão de Jaguari, e se registra que se deliciou com a culinária local, com doces de ovos, como a ambrosia, acompanhados da bebida fermentada, o hidromel. Voltou 20 anos depois, em 1865, no início da Guerra do Paraguai. Desta vez, acompanhado pelos genros. Em Porto Alegre chovia e o povo se aglomerava sob os guarda-chuvas junto à escadaria chanfrada do porto, à espera de sua embarcação. Depois passou por Rio Pardo, Cachoeira e Caçapava, onde se construía o forte que recebeu seu nome, e de lá foi para o Alegrete. Ao chegar a Uruguaiana, recebeu a rendição do exército paraguaio.

Durante o século XIX, o território também foi trilhado por viajantes de distintas profissões. Com múltiplas visões, curiosos,

Com curiosidade de cientista, o “imperador viajante” regis-

registraram em diários ou em minuciosos desenhos suas impres-

trava em diários e fotografava seus roteiros, suas incursões.

sões. Os relatos eram publicados na Europa e noticiavam regiões

Diz-se que ele deixava mudas de palmeiras imperiais para

desconhecidas ou inóspitas, numa visão externa do contexto local.

marcar os lugares que visitava. Geralmente, se hospedava nos

Entre eles, estavam os franceses, como Auguste Saint-Hilaire, que

principais casarões das cidades que ainda hoje se orgulham de

descreve em “Viagem ao Rio Grande do Sul” grande parte do terri-

tê-lo recebido.

tório gaúcho; o Dr. Alfred Demersay, que escreveu “História Física,

: : 13 Garibaldi e a Esquadra Farroupilha. Óleo sobre tela. Lucílio de Albuquerque. Instituto de Educação, Porto Alegre.

Econômica e Política do Paraguai”, publicado em Paris, com dados 4

Alexandre Dumas. Memórias de Garibaldi, 2002.

etnológicos, geográficos, estatísticos e demográficos dos usos e

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