Espanhol & Ensino: relatos de pesquisas

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professores precisam conhecer e refletir sobre suas próprias crenças, sejam elas positivas ou negativas, e suas ações em sala de aula, para, com isso, influenciar positivamente os seus alunos, e também tentar promover a aprendizagem da língua estrangeira da melhor forma possível. Ainda segundo Barcelos (2004, p.145): Precisamos criar oportunidades em sala de aula para alunos e, principalmente, futuros professores, questionar não somente suas próprias crenças, mas crenças em geral, crenças existentes até mesmo na literatura em LA, e crenças sobre ensino. Isso faz parte de formar professores críticos, reflexivos e questionadores do mundo a sua volta (não somente da sua prática). Nós precisamos aprender a trabalhar com crenças em sala, já que ter consciência sobre nossas crenças e ser capazes de falar sobre elas é um primeiro passo para professores e alunos reflexivos. No nosso estudo, procuraremos investigar as crenças dos professores de espanhol, egressos da UECE, no que se refere ao uso do texto literário como ferramenta para o ensino/aprendizagem de espanhol. Entendemos que investigar as crenças desses professores já formados é ao mesmo tempo um desafio e uma necessidade. Percebemos que, apesar do grande avanço nas pesquisas sobre crenças, pouco se explorou sobre a crença dos professores de E/LE. Muitos desses professores, quando se formam, perdem o contato com a universidade e não encontram oportunidades para refletirem sobre o que fazem dentro das suas salas de aula e, em função de vários fatores, precisam geralmente ocupar grande parte do seu tempo com uma carga horária exaustiva, entram no automatismo, investem pouco no autodesenvolvimento e deixam de identificar o que é melhor ou pior dentro das suas próprias ações. Nesse contexto, os professores, mesmo dispondo dos instrumentos, não atuam como investigadores de suas próprias aulas. Marques (2001) investigou a influência das crenças na abordagem de ensinar de duas professoras de espanhol em um curso de licenciatura, bem como a relação entre a abordagem de ensinar do professor e a do aluno. Entre os seus resultados, a autora observou incongruência entre o dizer do professor, que aponta para uma abordagem mais comunicativa, e o seu fazer, que se ancora numa abordagem mais tradicional. Já Nomemacher (2002) realizou uma pesquisa, na região noroeste do Rio Grande do Sul, com professoras de espanhol ainda em formação, porém já atuando na docência no Ensino Médio. Os resultados revelaram, além de algumas crenças, como se dava a prática dessas professoras, indicando que aulas tinham foco na gramática e no uso de estruturas linguísticas descontextualizadas. No entanto, algumas crenças se manifestaram apenas na prática e, portanto, essa deve ser uma atenção dos pesquisadores de crenças: nem sempre o sujeito verbaliza o que faz, ou seja, “mesmo não podendo verbalizá-las as crenças estão dentro de nós e se manifestam em nossas atitudes” (REYNALDI, 1998).


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