Espanhol & Ensino: relatos de pesquisas

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Quem têm sido os promotores deste equilíbrio? Em meus anos de investigação, tenho apostado sempre pelo reconhecimento do trabalho conjunto hispano-brasileiro. De um lado, o governo espanhol tem se manifestado em favor do desenvolvimento da língua e da cultura espanholas através de três órgãos oficiais fundamentais: o Ministério de Assuntos Exteriores e Cooperação junto à Agência Espanhola de Cooperação Internacional, o Ministério da Educação e o Instituto Cervantes. O primeiro deles apostou desde cedo em políticas de cooperação cultural, criando programas de ajuda ao desenvolvimento no terreno do intercâmbio educativo através do antigo ICI, substituído posteriormente pela mencionada AECID. Graças a programas como o PCI, Jóvenes Cooperantes ou os Lectorados MAEC-AECID, e a criação dos antigos Centros Culturais BrasilEspanha, entre outros, foi possível favorecer a inter-relação entre profissionais do âmbito educativo hispano-brasileiro. Além disso, dotaram-se os centros culturais e educativos brasileiros de recursos profissionais (Leitorados, cursos de formação) e materiais (livros, bolsas de estudo). O trabalho do Ministério da Educação Espanhol no Brasil tem como antecedente a criação do Colégio Miguel de Cervantes de São Paulo em 1978. A presença do MEC propiciou desde seus inícios a ajuda à formação de profissionais brasileiros de redes de centros públicos através de sua aposta por programas como os cursos administrados pelas diferentes Assessorias Linguísticas, o fomento e apoio à consolidação das associações de professores brasileiros de espanhol e à Associação de Hispanistas, ou à publicação de materiais educativos com o fim de estudar a língua espanhola em seus diferentes âmbitos (metodologia, literatura, linguística…). De sua parte, o Instituto Cervantes também realizou sua primeira incursão no Brasil na cidade de São Paulo. Seguiram Rio de Janeiro e Brasília. Logicamente, as primeiras sedes estavam vinculadas às cidades onde a presença espanhola, econômica, política e social estavam mais desenvolvidas. Posteriormente, ocorreu uma ampliação, e atualmente o Instituto Cervantes possui uma ampla rede de centros que se distribuem ao longo do país, localizadas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Salvador de Bahia, Brasília, Recife e Porto Alegre. Se até aqui se falou da aposta do governo espanhol pela difusão da língua e da cultura espanholas, o processo não estaria completo sem o reconhecimento da contraparte brasileira. Além da promulgação das leis mencionadas, deve-se agradecer pelo trabalho desenvolvido por todas as instituições educativas tanto públicas como privadas, desde a escola até a universidade, cujos profissionais se dedicam com expressivo fervor para que o espanhol seja uma língua presente e patente no país ibero-americano. Desde o ano 2001, minhas investigações sempre têm apontado para o desenvolvimento e para a ampliação dos estudos da língua e da cultura hispânicas. Em um nível escolar mais básico, a Lei Federal n° 11.161, de 05 de agosto de 2005, levou a que um maior número de adolescentes opte por estudar espanhol como segunda língua. No âmbito universitário, não só se multiplicou o número de departamentos dedicados ao estudo do espanhol, mas também se intensificaram as pesquisas neste mesmo sentido.


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