Cartilha das Agroflorestas - Um Guia para a Trilha do Lago

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FICHA TÉCNICA Texto Rita Mesquita, Flávia Amend e Ana Catarina Jakovac Execução Técnica da Trilha Abraham Moreira, Tony Vizcarra, Flávia Amend e Ana Catarina Jakovac Diagramação e Layout Lara Denys

A p o i o PROJETO

PIONEIRAS

F i n a n c i a m e n t o

C A R T I L H A D A S A G R O F L O R E S T A S Um guia para a Trilha do Lago


? Apreciar a fauna e flora; ? Fotografar a natureza; ? Conhecer espécies nativas da Amazônia; ? Aprender o que é um Sistema Agroflorestal. MAS LEMBRE-SE DE QUE NÃO É PERMITIDO: ? Colher flores, frutos e plantas, pois servem de alimento aos animais; ? Andar fora da trilha; ? Pisotear ou danificar as plantas; ? Jogar lixo no chão, na floresta e nos cursos d' água; ? Entrar com animais domésticos, pois eles afugentam os animais da floresta e podem lhes transmitir doenças; ? Fumar, para não causar incêndios e não poluir o ar que os outros respiram;

Fibras

Ornamental

Frutífera

Nome comum

Oleaginosa

Nome científico

Medicinal

?

NA TRILHA DO LAGO VOCÊ PODE:

Madeireira

TIPOS DE USOS

Família

31

Clusiaceae

Rheedia brasiliensis

Bacuri

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32

Myrtaceae

Psidium acutangulum

Araçá Pêra

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33

Myrtaceae

Eugenia stipitata

Araçá Boi

x

34

Arecaceae

Oenocarpus bataua

Patauá

35

Olacaceae

Minquartia guianensis

Acariquara

36

Sapotaceae

Pouteria caimito

Abiu

37

Urticaceae

Pourouma sp.

Porouma benguê

38

Annonaceae

Rollinia mucosa

Biribá

39

Piperaceae

Piper umbellatum

Caapeba

40

Arecaceae

Astrocaryum aculeatum

Tucumã

41

Zingiberaceae

Várias espécies de Zingiberaceae Pobre velha

42

Urticaceae

Cecropia sciadophylla

Imbaúba

43

Burseraceae

Crepidospermum sp.

Breu

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44

Celastraceae

Laetia procera

Mata calado

x

45

Marantaceae

Ischnosiphon sp.

Arumã

46

Araceae

Heteropsis sp.

Cipó titica

47

Moraceae

Brosimum parinarioides

Amapá

48

Siparunaceae

Siparuna guianensis

Caapitiú

x

49

Clusiaceae

Vismia cayennensis

Lacre

x

50

Arecaceae

Astrocaryum gynacanthum

Mumbaca

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51

Rubiaceae

Palicourea guianensis

Erva de rato

x

52

Rubiaceae

Palicourea sp.

53

Várias famílias

Várias espécies de Pteridophyta

Samambaia

54

Fabaceae

Cedrelinga cateniformis

Cedrorana

x

55

Bombacaceae

Scleronema micranthum

Cedrinho

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56

Fabaceae

Acacia sp.

Acácia

x

57

Apocynaceae

Couma utilis

Sorva

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**Informações em fase de construção. Sugestões podem ser encaminhadas ao guia da trilha.

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Relação das espécies encontradas na Trilha do Lago

1

Celastraceae

Goupia glabra

Cupiúba

x

2

Meliaceae

Swietenia macrophylla

Mogno

x

3

Fabaceae

Hymenaea courbaril

Jatobá

x

4

Meliaceae

Cedrela odorata

Cedro

x

5

Fabaceae

Inga edulis

Ingá

6

Fabaceae

Parkia pendula

Visgueiro

7

Fabaceae

Dinizia excelsa

Angelim

8

Arecaceae

Mauritia flexuosa

Buriti

x

Fibras

Ornamental

Nome comum

Frutífera

Nome científico

Oleaginosa

Família

Medicinal

Madeireira

TIPOS DE USOS

x x x

x x

x

x x

9

Fabaceae

Copaifera sp.

Copaíba

10

Fabaceae

Dipteryx odorata

Cumaru

11

Melastomataceae

Bellucia imperialis

Goiaba de anta

x

12

Malpighiaceae

Byrsonima chrysophylla

Murici

x

13

Euphorbiaceae

Hevea guianensis

Seringa

14

Meliaceae

Carapa guianensis

Andiroba

15

Bixaceae

Bixa orellana

16

Malvaceae

Theobroma cacao

17

Icacinaceae

Poraqueiba sericea

Mari mari

18

Lauraceae

Aniba roseodora

Pau rosa

19

Arecaceae

Euterpe precatoria

Açaí

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20

Arecaceae

Bactris gasipaes

Pupunha

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21

Fabaceae

Stryphnodendron pulcherrimum

22

Malvaceae

Theobroma grandiflorum

Cupuaçu

23

Lecythidaceae

Bertholletia excelsa

Castanha

24

Fabaceae

Inga sp.

Ingá

25

Annonaceae

Annona squamosa

Ata

26

Lauraceae

Persea americana

Abacate

27

Anacardiaceae

Mangifera indica

Manga

28

Heliconiaceae

Heliconia sp.

Helicônia

29

Piperaceae

Piper sp.

Pimenta longa

30

Araceae

Várias espécies de Araceae

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São sistemas sustentáveis de cultivo da terra que combinam, de maneira simultânea ou seqüencial, espécies agrícolas de ciclo curto com espécies arbóreas perenes. São formas de cultivo milenares, que recentemente receberam o nome de Sistemas Agroflorestais ou SAF's.

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? Melhoram o uso do solo porque combinam espécies de raízes

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Urucum

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Cacau

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Os SAF's têm muitas vantagens:

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profundas com espécies de raízes mais superficiais; ? Protegem os solos contra erosão e aumentam sua fertilidade porque produzem matéria orgânica com a queda de folhas e galhos; ? Contribuem para aumentar a diversidade dos sistemas de cultivo, combinando espécies de interesse ecológico, animais, e espécies ameaçadas, com as de interesse econômico; ? Aumentam o potencial de retorno econômico ao longo do tempo, porque combinam espécies de crescimento rápido com outras de crescimento mais lento; ? Quando as espécies a serem cultivadas são bem escolhidas, geram rendimentos econômicos mais favoráveis, ? Ajudam a recuperar áreas de preservação permanente, nascentes, e margens de igarapés e lagos, mantendo a produção econômica Ajudam a restaurar e manter os serviços ambientais das florestas, como a manutenção de estoques de carbono, sem queima, e uma maior diversidade biológica de animais polinizadores, dispersores de sementes, decompositores de matéria orgânica, entre outros. 3


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R e f e r e n c i a s

T r i l h a 20m

s a r i e r i e d a M

Árvores brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Vols. 1 e 2. Harri Lorenzi. 4ª edição. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002.

is a t n e m a n r O

Cadeia Produtiva dos óleo vegetais do Estado do Amazonas. Mário Menezes, Marcos Roberto Pinheiro, Ana Cíntia Guazzell e Fábio Martins. Manaus, SDS: 2005. Série técnica ambiente e desenvolvimento sustentável, 36 pp., vol. 6. Flora da Reserva Ducke: Guia de identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra firme na Amazônia Central. José Eduardo L. da S. Ribeiro et al. 816p. Manaus: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 1999.

s a s o n i g a e l O

Flowering plants of the Neotropics. Nathan Smith, Scott A. Mori, Andrew Hederson, Dennis Wm. Stevenson, e Scott V. Heald. The New York Botanical Garden and Princeton University Press, 594 pp., 2004.

M e d i c i n a i s

Nomes vulgares de plantas amazônicas. Marlene Freitas da Silva, Pedro L. B. Lisboa, Regina C. L. Lisboa. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 222p. Belém: 1977.

F r u t if e r a s

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Plantas da Amazônia: oportunidades econômicas e sustentáveis. Juan Revilla. 1ª edição. Programa de Desenvolvimento Empresarial e Tecnológico, SEBRAE. Manaus, 2000. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas cultivadas. Harri Lorenzi & Francisco José de Abreu Matos. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras. Harri Lorenzi & Hermes Moreira de Souza. 3ª edição. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2001.

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F r u t i f e r o U s o

12 - Murici: Árvore de pequeno porte com altura de 6 a 16 metros, possui galhos tortuosos e pequenas flores amarelas. O murici ocorre muito em capoeiras e florestas secundárias e tem grande importância ecológica para esses ambientes e para as Agroflorestas. Seus frutos são atrativos para pássaros e suas flores possuem glândulas de óleo na porção inferior que atraem muitos insetos polinizadores. As pessoas apreciam seus frutos, levemente azedos, ao natural ou sob a forma de vinho, doces e sorvetes.

20 - Pupunha: Um exemplo de domesticação, a pupunha (Bactris gasipaes) originalmente possuía espinhos por todo o seu caule, o que dificultava a coleta de seus frutos. O homem, durante séculos, foi selecionando as plantas de pupunha que tinham menos espinhos até chegar às pupunheiras com pouco ou nenhum espinho no caule. Na trilha do Lago temos os dois exemplos, lembrando que são a mesma espécie botânica. Os frutos são comestíveis quando cozidos em água, e também usados para produzir uma saborosa farinha. De seu caule se extrai um palmito muito apreciado. 23 - Castanha: Árvores de porte gigantesco, universalmente conhecidas pelas suas sementes, as quais constituem um dos principais produtos de exportação da Amazônia. A madeira, apesar de muito boa, não é muito usada devido ao maior valor comercial de seus frutos, além da espécie ser protegida por lei contra o corte. A castanheira é polinizada por abelhas e dispersa por uma variedade de mamíferos, como macacos, pacas, e cotias. 24 - Ingá: Árvore de tamanho muito variável podendo atingir apenas 5m ou até 25 m de altura. Possui flores brancas vistosas e frutos longos que atingem até 1m de comprimento, daí os nomes ingá-de-metro ou ingá-cipó. Possui sementes grandes envoltas em uma polpa esbranquiçada adocicada muito apreciada pelos povos da Amazônia. É uma das plantas mais comumente encontradas em quintais de toda região.

N a C o m o O r i e n t a r S e T r i l h a D o

L a g o

? A Trilha do Lago possui 180 m de comprimento e está sinalizada para facilitar sua visita. As distâncias encontram-se marcadas no chão em blocos brancos de cimento, a cada 20 m. ? A trilha está dividida em cinco zonas de interesse de uso: grupos de plantas com finalidades madeireiras, oleaginosas, frutíferas, ornamentais e medicinais. Entretanto varias espécies podem ter mais de um uso. A localização das diferentes zonas de uso está sinalizada na trilha com placas retangulares. ? Cada espécie de interesse recebeu uma etiqueta metálica com um número. É possível que existam vários indivíduos da mesma espécie na trilha, e neste caso os números serão repetidos. Para saber o nome cientifico, nome comum, e tipos de uso de cada espécie, consulte a tabela da página 14. ? A seguir estão descritas algumas plantas que podem ser encontradas ao longo da trilha. Na frente das descrições das espécies está indicado um número, que é o mesmo com o qual elas estão identificadas na trilha, e na tabela da página 14.

A IMPORTÂNCIA DAS PLANTAS ÚTEIS DA AMAZÔNIA A Amazônia é a maior reserva de florestas tropicais do mundo. Suas espécies de plantas possuem múltiplos usos, e podem gerar benefícios ecológicos, econômicos e sociais. Plantas da Amazônia podem ser importantes fontes de alimento, de produtos medicinais, cosméticos, madeireiros e também não madeireiros, como fibras, cascas, palhas, e ainda serem ornamentais. No conjunto, as plantas da floresta são importantes na regulação climática, armazenam carbono da atmosfera, ajudam na formação de nuvens e no ciclo da água, abrigam a maior biodiversidade do planeta, e dão proteção à maior reserva de água doce do mundo. Na Trilha do lago você vai encontrar mais de 50 espécies de uso econômico, ou de interesse para o homem. A trilha está organizada de maneira que você possa conhecer um pouco das espécies de interesse madeireiro, medicinal, oleaginoso, frutífero e ornamental.

Vamos começar? 12

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A madeira foi um dos primeiros materiais naturais a ser utilizado pelo homem e continua sendo uma das matérias-prima mais valiosas e necessárias atualmente. Dentre seus usos estão a movelaria, a construção civil e naval e a geração de energia. Da madeira também é extraída a celulose, produto fundamental para a produção de papel e para as indústrias química e alimentícia. Na trilha do Lago você pode encontrar as seguintes espécies madeireiras: Mogno, Cupiúba, Jatobá, Angelim e Acariquara. 02 - Mogno: madeira escura, dura e de excelente qualidade. Atualmente a espécie encontra-se na lista de espécies ameaçadas de extinção, e sua exploração comercial esta proibida no Brasil. O mogno é de difícil cultivo em plantações porque é muito atacado por um fungo que afeta seu crescimento em altura e a ramificação de suas copas, diminuindo seu valor comercial. 01 - Cupiúba: Esta espécie considerada pioneira de vida longa é uma das árvores emergentes da floresta, podendo atingir 50 m de altura e mais de 2 m de diâmetro do tronco. Por ser uma espécie pioneira, os indivíduos jovens de cupiúba crescem em clareiras e locais bem iluminados. A madeira, de cor avermelhada, é muito utilizada em serrarias, pois é de fácil manuseio e de boa qualidade. 03 - Jatobá: Árvore de grande porte, que pode atingir até 40 metros de altura e quase 2 m de diâmetro do tronco. A madeira, de tom avermelhado, é dura, pesada, e muito utilizada na construção civil, na fabricação de móveis e de artigos esportivos. 07 - Angelim: Árvore emergente, com sapopemas altas, é o maior indivíduo da reserva do Jardim Botânico. É uma espécie que precisa de muita luz para crescimento, sendo comumente encontrada em clareiras e áreas de vegetação secundária. Sua madeira é dura e pesada e de cor avermelhada, bastante apreciada na indústria de móveis e na produção de portas, janelas e esquadrias. A casca do tronco se desprende em placas grandes e se acumula na base da árvore. 35 - Acariquara: Espécie de madeira muito dura e crescimento muito lento. Estudos na Amazônia central indicaram que ela cresce em uma taxa de apenas 1 mm por ano. A madeira é muito procurada para a jardinagem por apresentar reentrâncias e perfurações em seu tronco. Por sua alta resistência à umidade e aos ataques de cupins e pragas, ela é também muito usada como esteio na construção civil, como postes elétricos e diques de contenção em áreas alagáveis. 6

F r u t i f e r o U s o

São chamadas de frutíferas as árvores que produzem frutos comestíveis para o homem. Muitos frutos que consumimos hoje em dia são frutas silvestres que foram domesticadas pelo homem há milhares de anos. A domesticação das plantas acontece quando o homem seleciona as sementes das frutas mais saborosas, das plantas que produzem mais frutos, ou das árvores mais fáceis de colher e começa a cultivá-las no seu quintal ou roçado. Esse processo aconteceu com muitas frutas regionais que consumimos diariamente como a pupunha, o açaí, o tucumã, a castanha, o jatobá e outras espécies nativas da Amazônia que podem ser encontradas na Trilha do Lago (veja tabela nas páginas 14 e 15). Atualmente as frutas regionais são encontradas principalmente em feiras da região, e podem ser comercializadas na forma de polpas congeladas e ser apreciadas pelo mundo todo.

19 - Açaí: Palmeira comum na mata de terra firme e áreas alagadas. Os frutos, de cor roxa, fornecem um vinho muito apreciado na região amazônica que é rico em fibras, vitamina C e ferro. Do ápice do seu caule pode-se extrair o palmito, que se consome cozido ou em conserva. As duas espécies de açaí mais comuns diferem pela forma de crescimento, sendo que uma cresce em touceiras (açaí do Pará), e a outra em indivíduos isolados. 16 - Cacau: Árvore de pequeno porte, com galhos muito ramificados, formando uma copa frondosa. Essa espécie apresenta boa tolerância ao sombreamento, sendo comumente cultivada em associação com outras espécies. Em monocultivos é freqüentemente atacada por um fungo chamado de vassoura de bruxa que prejudica o crescimento da planta e a produção de frutos, como ocorre com o cupuaçu que pertence à mesma família botânica. A polpa do fruto é comestível e muito apreciada para a fabricação de doces e licores. As sementes, depois de torradas, produzem o chocolate e a manteiga de cacau. 22 - Cupuaçu: Árvore pequena de 4-8 m de altura, mas que na mata pode atingir até 15m. Possui muitos galhos formando uma copa frondosa. O cupuaçu pode ser cultivado a pleno sol, mas naturalmente ocorre em áreas sombreadas, no subosque da floresta. É muito cultivado em pomares caseiros e comerciais pelo valor comercial de seus frutos. Os frutos são muito apreciados em doces, sucos, sorvetes e compotas que são muito populares em toda região norte do Brasil. 17 - Mari: Árvore de pequeno porte, alcançando de 10 a 15m de altura. Em seu tronco os galhos começam a aparecer a partir dos dois metros de altura. A espécie se adapta bem a diversos habitats, condições de clima e solo. Os frutos são roxos ou amarelos, comestíveis, aromáticos e oleosos. O óleo do Mari é utilizado na produção de cosméticos. O fruto serve como alimento para as pessoas e animais (principalmente peixes e porcos) e para fazer sucos.

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M e d i c i n a l O r n a m e n t a lU s o U s o

As plantas ornamentais são aquelas apreciadas por sua beleza, que podem estar nas folhagens, na coloração ou formato das flores, ou ainda pelo seu porte e copa como nas palmeiras. Espécies desses grupos podem fazer parte dos sistemas agroflorestais, pois em geral gostam de pouca luz e possuem pequeno porte, podendo ser cultivadas sob as árvores ou sobre elas, como é o caso das bromélias e orquídeas. Muitas dessas espécies se reproduzem de forma vegetativa a partir da divisão de uma touceira ou do estolão da raiz da planta. Essa característica é vantajosa para a produção comercial, pois a reprodução vegetativa é mais rápida, fácil e barata do que por meio de sementes. Na Trilha do Lago você pode encontrar algumas espécies dos grupos descritos abaixo. 45 - Arumã: Planta herbácea utilizada em toda a bacia amazônica para produção de cestaria, tupés, balaios, e utensílios domésticos. Existem inúmeras espécies de arumã, tanto na terra firme, quanto nas várzeas e igapós. Reproduzem-se facilmente a partir de sementes ou vegetativamente. Em roçados abandonados e clareiras grandes, podem formar touceiras com dezenas de pedúnculos, que são utilizados para produzir as fibras utilizadas no artesanato. As fores são polinizadas por abelhas e beija-flores e as sementes são dispersas por pequenos mamíferos e jabutis. 28 - Heliconias: Também conhecidas como bico de papagaio e flor do paraíso, são um dos principais grupos de plantas ornamentais, com flores vistosas. São polinizadas principalmente por beija flores. Algumas espécies preferem locais alagadiços, outras crescem em campina de areia branca. Todas sobrevivem ao sombreamento, mas produzem flores de maneira mais intensa quando em pleno sol, ou em clareiras. Existem heliconias de flores vermelhas, amarelas, arroxeadas, laranjadas e matizadas de roxo, azul, e verde. 30 - Araceas: Grande grupo de plantas epífitas e terrestres, que apresentam uma interessante mudança na sua forma de crescimento ao longo da vida. Muitas espécies têm suas sementes dispersas por pássaros e morcegos e são depositadas diretamente em cavidades de troncos no alto das árvores, onde se estabelecem. Outras, ao cair no chão, iniciam um crescimento vertical ao longo de troncos, se fixam ao caule, e podem levar anos para atingir a copa da árvore. Nessa fase possuem folhas pequenas e achatadas, mas ao atingirem o alto das árvores elas alteram a forma das folhas e emitem raízes aéreas. Dessas raízes muitas vezes se extraem fibras para uso em artesanato e domésticos. São normalmente espécies de locais ensolarados.

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Desde a pré-história diversos povos utilizam as plantas para curar uma infinidade de doenças, tratar ferimentos e estimular o corpo e a mente. Podem ser utilizadas diversas partes das plantas como as folhas, o caule, as raízes, o óleo, a resina, ou até a planta inteira. Seu preparo pode ser feito por infusão (como um chá), em pó, pelo óleo, ou pela mistura de várias plantas formando um composto medicinal. A grande diversidade da flora brasileira tem sido cada vez mais estudada por cientistas em busca da cura para muitas doenças. Estima-se que somente na região Amazônica, mais de 10.000 espécies de plantas sejam utilizadas pela medicina popular. Algumas espécies medicinais da Amazônia encontradas na Trilha do Lago são:

14 - Andiroba: Árvore mediana de crescimento rápido e de fácil propagação. Ocorre em áreas alagadas de várzea e igapós e na mata de terra firme. Seus frutos produzem de 4 a 12 sementes, que devem ser coletados logo após a queda, pois se deterioram com facilidade. Das sementes se extrai um óleo, que é utilizado como repelente, antiinflamatório, analgésico, fungicida e no tratamento de artrites e distensões musculares. 09 - Copaíba: Também conhecida como pau-d'óleo e copal. Árvore de 20 a 30 m de altura, tronco reto, copa globosa e grande. A copaíba é tolerante à sombra mas apresenta crescimento mais rápido a pleno sol. É uma boa espécie para crescer em associação com outros cultivos. De seu tronco se extrai um óleo através de um orifício no tronco. Árvores com maior rendimento podem produzir de 20 a 30 l de óleo por coleta, sendo que podem ser realizadas de 2 a 3 coletas por ano. Esse óleo tem características medicinais e é utilizado pela medicina popular como antiinflamatório e anticancerígeno, mas também é empregado na indústria de fitoterápicos e de cosméticos. Também é usado como fixador de perfumes e como fungicidas. 15 - Urucum: É um arbusto de 3-5 m de altura, com copa bem ampla, que pode ser encontrado em muitos quintais como ornamentação. Da polpa das sementes prepara-se o colorau, utilizado na culinária popular e na indústria alimentícia. O corante sempre foi muito usado pelos indígenas como tinta para colorir o corpo, como repelente de insetos e para queimaduras por exposição ao sol. As folhas podem ser usadas contra febres, vômitos e conjuntivites e tem ação anti-diarréica e cicatrizante. A raiz pode ser usada para doenças como asma e malária. 39 - Caapeba: É um arbusto muito ramificado, com folhas amplas medindo de 15 a 23 cm de comprimento. Essa planta pertence à mesma família da pimenta-do-reino que utilizamos diariamente na preparação dos alimentos. A caapeba é conhecida pela medicina popular de quase todo o Brasil. Das suas raízes é preparado um chá indicado como diurético e estimulante das funções estomacais, hepáticas e pancreáticas. Com as folhas e as hastes prepara-se um xarope muito utilizado para febre e problemas das vias respiratórias como tosse e bronquite. Um estudo recente demonstrou que a caapeba pode ser utilizada também na cura da malária.

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O l e a g i n o s o U s o Plantas oleaginosas são aquelas que possuem grande quantidade de óleo em diferentes estruturas da planta. Estes óleos vegetais podem ser muito diferentes quanto à viscosidade, aroma, cor, resistência à temperatura, entre outras características, e servir para diferentes usos. Por exemplo, ser usados para a fabricação de tintas, de complemento à ração animal, de manteiga (como do cacau e do cupuaçu), de medicamentos e de biocombustíveis. Um uso importante das oleaginosas é como matéria prima para a indústria de cosméticos. A exploração e comercialização desses óleos pode ser fonte de renda para as comunidades tradicionais, que em geral realizam o extrativismo. No entanto, algumas espécies sob exploração comercial mais intensa podem sofrer impactos e ate sofrer risco de extinção local. Portanto é preciso sempre incentivar o manejo adequado dos recursos da floresta para diminuir estes impactos e não comprometer a sobrevivência das espécies na natureza. Diversas espécies oleaginosas da Amazônia têm potencial para serem utilizadas como biocombustíveis, principalmente palmeiras como o tucumã e o murumuru. Algumas plantas oleaginosas encontradas na Trilha do Lago são:

18 - Pau rosa: O óleo do pau rosa pode ser retirado da madeira triturada, das folhas e dos galhos. Um dos usos mais famosos do óleo de pau rosa é na produção do perfume francês Chanel no. 5. Houve tanta exploração de pau rosa no passado, que a espécie ficou ameaçada de extinção. Estudos mostraram que a espécie responde muito bem a podas sucessivas, rebrotando com vigor. Essa descoberta permitiu o desenvolvimento de novas tecnologias para extração do óleo das folhas e galhos finos, sem a necessidade de derrubar a árvore inteira. Essa tecnologia e o rápido crescimento do pau rosa em plantios possibilitaram a reabilitação dessa espécie e o retorno da sua exploração, com menor impacto.

RESINAS E LÁTEX Algumas espécies produzem exsudatos e compostos resinosos, como látex, que podem ou não ser oleaginosos. 13 - Seringas: Árvore grande, freqüente nas margens de rios e igarapés e em locais alagados da mata de terra firme. Na floresta amazônica existem mais de 11 espécies do gênero Hevea, todas conhecidas como seringueiras. A madeira é usada para caixotaria em geral e brinquedos, mas o maior valor das seringeiras está no látex. O látex amarelo é retirado do seu tronco e fornece uma borracha de excelente qualidade. Sua exploração já representou no passado a maior atividade econômica da nossa região, colocando o Brasil como único produtor e exportador de borracha na época. 43 - Breu: Árvore de porte mediano que possui em seu tronco uma resina branca de odor característico. Por ter aroma agradável, essa resina é muito utilizada para a fabricação de cosméticos, para a defumação de ambientes e para repelir insetos. 06 - Visgueiro (Parkia): Sete das dezessete espécies de Parkia neotropicais ocorrem na reserva Ducke, anexa ao Jardim Botânico. Essa espécie é polinizada por morcegos, que visitam as flores à noite para lamber o néctar produzido. A árvore recebe o nome de visgueiro pois produz um látex pegajoso que é muito utilizado na caça artesanal, calefação de barcos, e impermeabilização de superfícies.

10 - Cumaru: Árvore de grande porte, atingindo até 30m de altura, porém de porte mais baixo em florestas secundárias ou cultivadas. Madeira muito dura e pesada, resistente, usada em carpintaria e construção civil. A semente é coletada manualmente no chão, geralmente no mês de julho na região de Manaus. A semente do cumaru é constituída de 30 a 40% de seu peso seco de um óleo amarelo-claro de aroma agradável, cujo principal componente químico é a cumarina. Esse óleo é utilizado na preparação de rapé, como cosmético e como medicinal para dor de ouvido e pneumonias. 08 - Buriti: Uma das maiores palmeiras amazônicas, podendo atingir até 30m de altura, com caule grosso e grandes folhas em forma de leque. Essa espécie ocorre em todo o Brasil, normalmente acompanhando as margens de rios e igarapés. O Buriti tem muitos usos, um dos mais conhecidos é a fabricação do vinho a partir dos frutos, mas da sua polpa também se extrai um óleo muito utilizado. Esse óleo comestível é utilizado pela culinária popular para fazer doces, e é tido como a maior fonte de caroteno (pro-vitamina A) conhecida na natureza. Esse mesmo óleo também pode ser usado como biocombustível.

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