Discurso proferido por S.E. o Presidente da República, Dr. Jorge Carlos de Almeida Fonseca,

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Presidência da República

Gabinete do Presidente

Discurso proferido por S.E. o Presidente da República, Dr. Jorge Carlos de Almeida Fonseca, no encerramento da Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa Santa Maria – Ilha do Sal, 18 de Julho de 2018

Excelências Senhores Presidentes, dos países irmãos de Angola, Brasil, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, Senhor Presidente da Assembleia Nacional, Excelência, Excelências Senhores Primeiros Ministros, de Cabo Verde, de Moçambique, e de Portugal, Excelências Senhores Ministros dos Negócios Estrangeiros, dos diferentes países aqui presentes, Senhora Secretária Executiva da CPLP, Senhor antigo Presidente da República, Comandante Pedro Pires, Senhores Chefes das Delegações, Ilustres Convidados, Minhas Senhoras e Meus Senhores, 1


Estes dias têm sido muito gratificantes para mim, para as autoridades cabo-verdianas, mas seguramente também para a população desta extraordinária Ilha do Sal e para o povo de Cabo Verde. Se a memória não me falha, nunca tivemos tão ilustres personagens em tão significativo número na nossa terra, Cabo Verde. É uma subida honra para mim e para Cabo Verde. E o nosso regozijo é ainda maior quando personagens tão ilustres são nossos irmãos, irmãos na história, irmãos nos propósitos políticos, irmãos na cultura, mas irmãos também na amizade. Acreditem meus caros amigos e irmãos que a vossa presença, para além de todo o significado político que comporta, cala bem fundo em todos nós. Esta vossa presença ficará para sempre registada na nossa história, porque é também um gesto de irmandade e de profunda amizade. Para lá das razões e interesses do Estado, que são importantes e que nunca podem ser desconsiderados, aqui também falou a alto a emoção, teve voz a amizade e sentimos que não é muito difícil nos entendermos, mesmo quando a matéria é ela mesma muito difícil. Mas entre amigos, entre gentes com séculos de convivência, é muito mais fácil nos entendermos. Mas queria estender a todos vós, membros de governo dos vários países que estiveram e estão presentes nesta Ilha do Sal, aos Embaixadores, ...... diplomatas, altas autoridades civis e militares, o nosso sentimento de gratidão pela vossa presença. Esta manifestação de profundo interesse pela CPLP é de enorme importância, pois que, para além do que tipicamente comporta, constitui um grande incentivo para os países membros e para esta presidência, convocando-nos a todos para um esforço ainda maior, para um comprometimento ainda mais sólido e para uma dinâmica !2


ainda mais acelerada no sentido de afirmação plena e substantiva da nossa comunidade. Está bem viva a nossa comunidade e existem sinais políticos inequívocos que nos dizem que ela pode fazer ainda mais e afirmar-se mais ainda, como uma importante voz política no concerto das nações, mas também que pode dar escala às nossas iniciativas endógenas e viabilizar importantes empreendimentos. Neste mundo cada vez mais complexo e especializado existe uma gama muita variada de matérias especializadas que só podem ter resposta técnica e científica apropriada num quadro mais vasto, num sistema partilhado com todos, pois que exigem investimentos, equipamentos e tecnologias de grande porte e ou de elevada sofisticação.

A resposta pode ser encontrada num quadro

comunitário, na nossa comunidade em progressiva construção. Estamos todos nós na CPLP com a cabeça e com o coração. E esta cimeira foi prova disso. Com a cabeça porque não ignoramos que em qualquer comunidade de Estados soberanos existem sempre interesses legítimos e que se impõem aos Estados, em nome dos seus respetivos povos, a defesa desses mesmo interesses. Devemos todos encarar com normalidade a existência desses interesses, políticos, estratégicos, materiais ou outros. É mesmo assim a vida dos Estados! Mas estamos nesta Cimeira, todos nós, também com o coração, porque não se trata de uma simples agregação de Estados movidos por certos interesses em comum, mas sim de uma comunidade assente na história, na convivência secular – apesar de todos os incidentes – na cultura e na amizade! Uma comunidade que tem como referência essencial a língua, mas que tem uma substância muito mais profunda – as condições históricas, sociais e culturais nas quais a língua se revelou e se revela. A língua !3


que também nos une é mais um resultado do que o fundamento. É mais consequência do que premissa! Mas ela é de enorme importância porque é, para além do mais, o veículo que usamos para nos entendermos! Temos várias línguas, línguas nacionais, fundadas na nossa cultura, mas a língua portuguesa é também nossa língua por direito próprio, não só pela amizade que temos por ela, ditada por séculos de uso, mas também porque contribuímos e de que maneira para o seu enriquecimento, para o seu desenvolvimento. É nossa porque usamo-la correntemente, construímo-la, moldamo-la ao nosso ambiente, dando-lhe contexto, ambiente e sonoridade singulares. Mas é nossa também, porque é língua da nossa comunidade, é língua dos nossos entendimentos, das nossas literaturas, das nossas ciências, dos nossos comércios. É com ela que forjamos a nossa cumplicidade, que ultrapassámos as nossas eventuais divergências e afirmamos a nossa comunidade de valores e de afeto. Mas também aqui reafirmámos que estamos cientes das dificuldades de caminhada, mas que mesmo assim queremos percorrer esse caminho, com firme vontade boa fé, o caminho da mobilidade que não é outra coisa que não seja a intensificação dos nossos contactos, das nossas parcerias, das nossas trocas, da nossa cooperação a vários níveis, politico, cultural, científico e tecnológico, mas também económico, empresarial. Reafirmámos aqui que não ignoramos o nosso contexto regional e os nossos compromissos, mas eles não se opõem aos nossos propósitos de construir uma verdadeira comunidade na qual os nossos cidadãos se revejam e nela sintam orgulho! E por que encaramos as dificuldades com realismo, acordámos que vamos dando passos seguros e firmes, com cautela que se impõe, mas com determinação em vencer os obstáculos e atingir a meta.

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E comprometemo-nos aqui também num investimento mais consistente num programa de cultura na CPLP, na profunda convicção de que existem traços estruturantes e comuns que facilitam as nossas relações nesse nível, criando um fluxo intenso, com impacto no reforço da cumplicidade entre escritores, artistas, agentes e promotores culturais, mas também com impacto económico, abrindo caminho para um autêntico mercado da CPLP de cultura, na diversidade que nos caracteriza, mas também na unidade de propósitos. Mas também soubemos dar atenção aos oceanos, a estrada única no passado que nos uniu, mas ainda hoje estrada da economia, das empresas e do comércio. Oceanos que nos unem e que oferecem excelentes oportunidades de desenvolvimento. Agradeço muito sentidamente as vossas palavras de apreço e de amizade. Foram dias ricos em trabalho e em resultados. Dias que vão marcar o nosso futuro, temos preocupações, temos vontade e temos uma agenda.

Temos as condições necessárias para dar

passos mais firmes e seguros no sentido de afirmação da nossa comunidade. Naturalmente que nem tudo deve ter corrido bem, pois que sabem seguramente quão difícil é para o pequeno país como o nosso organizar uma cimeira com esta magnitude. Sabemos que podemos contar com a vossa inteira indulgência, porque certamente que o que pôde não ter corrido bem não se deveu à falta da nossa boa vontade e amizade. Seguramente que não! Quisemos o melhor para todos vós e se não o conseguimos fazer completamente, foi tão só por que não pudemos! Muito obrigado!

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