Casa do Jardim de Cristal

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1 Casa do Jardim de Cristal Maria Luiza d´Orey Lacerda Soares Formação em Secretariado, paisagista, escritora e Filiada Institucionalmente ao Instituto Lina e Pietro Maria Bardi Email : mldols@yahoo.com.br


2 Casa do Jardim de Cristal House of the Crystal Garden

A Casa foi comprada em 1973 , por Guilherme Giorgi Lacerda Soares e Maria Luiza d´Orey Lacerda Soares. Tinha muito trabalho: arrumar o jardim, fazer uma reforma elétrica ; combinamos de fazer economia e não viajar algum tempo para investir na moradia. Minha mãe Maria Eleonora de Odivellas deu para nós os móveis que pertenciam a família. A mãe do Guilherme, Amélia Giorgi de Lacerda Soares, contribuiu também para essa aquisição. Com o tempo, fomos realizando o sonho de ter esse paraíso que nos foi dado por Deus. Nossa casa foi feita pela Lina Bo Bardi, o jardim, aos poucos, por mim, e o nome dado à casa, pelo meu amigo Francisco Brennand: “Casa do Jardim de Cristal”.”Continuei trabalhando para a casa,, fizemos posteriormente uma reforma na Torracia. Fiz um Museu de Affiches, um quarto de hóspedes e um quarto para o meu trabalho com as plantas. Guilherme fez uma cascata que cai do telhado com a água da piscina. Certa vez, numa viagem a Paris, percebi que estavam fazendo cursos de Arte Japonesa na Bagatelle, me inscrevi para a Arte de Bonseki e, neste momento, tive a idéia de fazer um jardim de cristal em casa, desejo realizado quando voltei de viagem”. “Quando a Casa da Fazenda começou a ser restaurada pela Academia Brasileira de Arte Cultura e História, fiz a entrada com árvores da Mata Atlântica e doei para meus vizinhos e amigos da ABACH.” “Fiquei encantada quando recebi a visita de Arquitetos da Universidade de Arquitetura de Veneza. Os desenhos técnicos da Casa do Jardim de Cristal, feitos pela Arquiteta Lina Bo Bardi e as fotos tiradas a pedido de Antonella Gallo estiveram, recentemente expostas na Galeria Internazionale de Arte Moderna di Ca`Pesaro”. Refletindo nas maravilhas da natureza inspirei-me na construção de uma nova casa. Fiz um projeto e parti em busca de realizá-lo, ou seja, construir um jardim todo de cristal, em nossa casa. A idéia seria fazer dela um monumento no meio da natureza, sem prejudicar essa reserva natural, pois Deus está presente nela! Na natureza existem animais, as aves, que enfeitam os jardins!. O cantar dos pássaros, o barulho das águas, tudo é belo! Por intermédio da minha amiga Maria Sylvia Levy, conseguimos comprar nossa casa e ela, partilhando nossa alegria, escreveu no livro que possuo, para registrar as opiniões dos visitantes: Encanta-me a lembrança de ter sido eu a encontrar a casa de Maria Luiza e Guilherme. O projeto de Lina Bo Bardi atingiu a excelência pelas mãos de Maria Luiza com a natureza e as obras de arte dos donos da casa, plantas flores raras foram carinhosamente espalhadas por todos os lados. (Maria Sylvia Levy). Quando comecei a fazer o Jardim de Cristal, pensei na escolha dos materiais com sutileza e delicadeza. A maneira de integrá-los com os elementos da natureza e de arte em especial, as pequenas esculturas nos arranjos das plantas, os cuidados com cada uma delas, espaço e canto,cantos que recantam e recoam dentro e fora de uma poética arquitetura.

PALAVRAS CHAVE:

Casa; Jardim; Cristal


3 Casa do Jardim de Cristal A Casa foi comprada em 1973 , por Guilherme Giorgi Lacerda Soares e Maria Luiza d´Orey Lacerda Soares. Tinha muito trabalho: arrumar o jardim, fazer uma reforma elétrica ; combinamos de fazer economia e não viajar algum tempo para investir na moradia. Minha mãe Maria Eleonora de Odivellas deu para nós os móveis que pertenciam a família. A mãe do Guilherme, Amélia Giorgi de Lacerda Soares, contribuiu também para essa aquisição. Com o tempo, fomos realizando o sonho de ter esse paraíso que nos foi dado por Deus. Nossa casa foi feita pela Lina Bo Bardi, o jardim, aos poucos, por mim, e o nome dado à casa, pelo meu amigo Francisco Brennand: “Casa do Jardim de Cristal”.”Continuei trabalhando para a casa,, fizemos posteriormente uma reforma na Torracia. Fiz um Museu de Affiches, um quarto de hóspedes e um quarto para o meu trabalho com as plantas. Guilherme fez uma cascata que cai do telhado com a água da piscina. Certa vez, numa viagem a Paris, percebi que estavam fazendo cursos de Arte Japonesa na Bagatelle, me inscrevi para a Arte de Bonseki e, neste momento, tive a idéia de fazer um jardim de cristal em casa, desejo realizado quando voltei de viagem”. “Quando a Casa da Fazenda começou a ser restaurada pela Academia Brasileira de Arte Cultura e História, fiz a entrada com árvores da Mata Atlântica e doei para meus vizinhos e amigos da ABACH. “Fiquei encantada quando recebi a visita de Arquitetos da Universidade de Arquitetura de Veneza” . Os desenhos técnicos da Casa do Jardim de Cristal, feitos pela Arquiteta Lina Bo Bardi e as fotos tiradas a pedido de Antonella Gallo estiveram, recentemente, em 10 de setembro de 2004, expostas na Galeria Internazionale de Arte Moderna di Ca`Pesaro”. Refletindo nas maravilhas da natureza inspirei-me na construção de uma nova casa. Fiz um projeto e parti em busca de relizá-lo, ou seja, construir um jardim todo de cristal, em nossa casa. A idéia seria fazer dela um monumento no meio da natureza, sem prejudicar essa reserva natural, pois Deus está presente nela! Na natureza existem animais, as aves, que enfeitam os jardins!. O cantar dos pássaros, o barulho das águas, tudo é belo! Por intermédio da minha amiga Maria Sylvia Levy, conseguimos comprar nossa casa e ela partilhando nossa alegria, escreveu no livro que possuo, para registrar as opiniões dos visitantes: Encanta-me a lembrança de ter sido eu a encontrar a casa de Maria Luiza e Guilherme. O projeto de Lina Bo Bardi atingiu a excelência pelas mãos de Maria Luiza com a natureza e as obras de arte dos donos da casa, plantas flores raras foram carinhosamente espalhadas por todos os lados. (Maria Sylvia Levy). Quando comecei a fazer o Jardim de Cristal, pensei na escolha dos materiais com sutileza e delicadeza. A maneira de integrá-los com os elementos da natureza e de arte em especial, as pequenas esculturas nos arranjos das plantas, os cuidados com cada uma delas, espaço e canto, cantos que recantam e recoam dentro e fora de uma poética arquitetura. A arquitetura dessa casa não é somente uma utopia, mas um meio de alcançar certos resultados coletivos. Essa casa é um mundo que criei, e minhas paixões estão dentro dela. Sua arquitetura é bela e funcional. Coloquei o meu toque pessoal e os ensinamentos da minha professora e critica de arte Liseta Levy. Consegui fazer, como dizem uma casa mágica, com uma rede tecida no nordeste, toda bordada à mão com pássaros e flores, onde fico meditando e apreciando o jardim de cristal, as plantas, a mistura das pedras, com elas as sensação forte de arte; onde, também, tiro a inspiração para escrever. Nela observo o quanto a vida é bela e o quanto a natureza é perfeita! Temos que preservar o que Deus nos deu. Não podemos destruir nossa existência, temos que fazer qualquer coisa de belo nessa vida. A vida é feita de coisas que vamos juntando. Não tenham medo de


4 fazer e trabalhar, que todos sejamos uma só coisa, uma só alma e um só coração. preenchimento da inteligência é a bondade.

O

Ao visitar o amigo Brennand em Recife, fiquei encantada com os jardins que Burle Marx projetou para ele. Recomendo uma visita para conhecer o trabalho das cerâmicas deste artista e o espaço com jardins e animais como o ganso preto no lago. Aproveitei a ocasião e pedi que desse um nome para nossa casa e o colocasse numa cerâmica. Ele executou um trabalho com azulejos e a batizou de Casa do Jardim de Cristal. A artista Tomie Ohtake foi-me apresentada pela professora e critica de arte Liseta Levy. Fiquei encantada com ela e com suas obras e, na Galeria do Paulinho Figueiredo, tive a oportunidade de adquirir o quadro que temos hoje em casa, depois de ser exposto no MASP. Tomie Othtake, ao visitar-nos afirmou: Quando eu fui convidada pela Maria Luiza d´Orey Lacerda Soares para visitar a sua casa, o que chamou muito minha atenção foi a coleção de cactos, cujas formas eu nunca tinha visto e me surpreenderam por serem tão retorcidas, esquisitas e fortes. (Tomie Ohtake). Gosto também das obras da Ester Grinspum, minha amiga artista. Cada vez que vou a uma exposição ou no atelier fico com vontade de ter tudo para a Casa do Jardim de Cristal. Da Tete comprei quadros, pratos e até mesa de frente para o sofá , da Torracia.. Tenho até uma escultura que foi exposta na Pinacoteca. Gosto de presentear meus amigos, que gostam e apreciam arte, com seus trabalhos. A Tete foi comigo para Natal, Rio Grande do Norte, onde temos uma casa em Porto Mirim, ela viu uns cascos de tartaruga que morreram na beira da praia, e pintou numa parede da casa uma pessoa tartaruga muito genial! Estive com a Tete em Paris, vi uma exposição dela, fomos visitar o Piza e a Clélia no seu Atelier. Por isso sua opinião é muito valiosa para mim e, em relação a minha casa, disse: A casa da Maria Luiza e do Guilherme é resultado e espelho de sua generosidade: generosidade com as pessoas, com a natureza e com a arte. (Ester Grinspum). Outra grande amiga e artista muito querida que eu gostaria de citar é a Kimi Nii. Conheço seu trabalho há muitos anos e gosto de visita-la em seu atelier. Recentemente fiz uma exposição de Ikebana, organizada pela minha querida professora Emilia Tanaka, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, local Palácio 9 de julho, com um vaso da Kimi. Foi maravilhoso! Estava presente o Grão Mestre do Japão. Kimi escreve para a Casa do Jardim de Cristal: A casa da Maria Luiza me surpreende. No arrojo da Arquitetura da Lina Bo Bardi, com um jeito naturalista vive o espírito holístico de Maria Luiza, rodeada de quadros esculturas e objetos de arte. Lá fora reluzem jardins de cristais e vigorosas plantas cultivadas com amor. (Kimi Nii). Outro comentário que gostaria de registrar é o de Mario Cravo Neto: Na “Casa do Jardim de Cristal” é como nos sentimos no útero materno. Textos feitos por Willem Boshoff para “Casa do Jardim de Cristal”: Nos salvamos o mundo e ás vezes é o mundo que nos salva, e também: Luz é um símbolo de ser e estar presente e a luz na casa de Lina Bo Bardi Tem uma mágica especial – a mágica feita pelo gentil toque de Maria Luiza d´Orey Lacerda Soares, uma mágica na sua própria luz. Willem Boshoff fez o alfabeto em madeira para os cegos e participou da 23ª Bienal de São Paulo e disse: Toda linguagem relativa à arte foi preparada com a ajuda de um computador, também toda poesia visual, poesia concreta e escultura. Tenho um amigo o Edson Néri da Fonseca, que é apaixonado por gatos. Ele tem gatos de verdade, gatos de porcerlana, o telefone que é um gato, a campainha que é uma cerâmica do Brennand um gato. Ele é de Recife, vive em Olinda, sua casa tem uma passagem para o Mosteiro de São Bento. É poeta, escritor e oblata. Ao visitar-nos comentou: A vida copia a arte ou é a arte que copia a vida? A vida está na sensibilidade dos que habitam essa bela casa; os humanos, os cães, as aves e as plantas. A arte esta na casa, nos quadros, nos trabalhos de Maria Luiza. Aqui arte e vida se aliaram numa vivência de santidade. A felicidade mora nessa casa. (Edson Néri da Fonseca). Contar também da amizade com Zélia Gattai e o maravilhoso texto que ela fez para Casa do Jardim de Cristal: Ao comprarem a casa em 1973 Maria Luiza d´Orey Lacerda Soares e


5 Guilherme Giorgi Lacerda Soares aceitaram o desafio de restaurar a casa, encontrada em péssimo estado, fechada havia anos, após a morte de Valéria Cirell. Deviam reforma-la sem desvirtuar o projeto original. Paisagista competente, entendida e apaixonada por plantas e jardinagem, com o apoio do marido, ele também empenhado na restauração, Guilherme inventou uma cascata caindo do telhado sobre a piscina da casa e do jardim. O casal conseguiu seu intento. A antiga casa de Lina Bo Bardi está como foi concebida ornamentada de plantas raras e de flores. Se estivesse viva, estou certa, Lina teria aberto os braços aos atuais proprietários da casa, que souberam tão bem entendê-la e amá-la.

Referências bibliográficas: D´Orey Lacerda Soares Maria Luiza. Nós Mulheres Vol.4, 1ª EDIÇAO 2005, p.111 – Oficina do Livro Editora


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