Jornal Notaer - Edição de Maio de 2013

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Ano XXXVI

Nº 5

Maio, 2013

ISSN 1518-8558

ANTÁRTIDA - Desbravadores do continente gelado 1S REZENDE / CECOMSAER

O Esquadrão Gordo (1º/1º GT) há 30 anos supera as adversidades do clima para levar pesquisadores à estação brasileira Comandante Ferraz na Antártida, o continente gelado. A equipe do Notaer acompanhou o sétimo voo de verão realizado no final de março deste ano e mostra a atuação dos militares da FAB em diferentes funções. (Pág. 8 e 9)

Esquadrões treinam resgate em combate nos EUA

Saúde - Conheça e previna-se contra o HPV

Blog é o novo canal de comunicação da FAB (Pág 4)

Um grupo de militares da FAB participou em abril do Angel Thunder, exercício militar de resgate em combate. Organizado pela Força Aérea dos Estados Unidos, o treinamento é considerado o maior do mundo e reuniu dois mil militares de mais de 15 países. (Pág. 10)

O Notaer deste mês traz entrevista sobre o HPV, doença sexualmente transmissível que faz do Brasil um dos líderes mundiais em incidência. Leia a entrevista com a Capitão Médica Maria Raquel Louzeiro, ginecologista do Hospital de Força Aérea de Brasília, e saiba como se previnir. (Pág. 15)

P-3 participa de exercício militar na Europa (Pág 10) Capitão de Infantaria do CLBI expõe quadros (Pág 13) CDA apoia projetos socias que revelam atletas (Pág 14)


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CARTA AO LEITOR

Expediente O jornal NOTAER é uma publicação mensal do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER), voltado ao público interno.

Desbravadores do gelo 1S REZENDE / CECOMSAER

Nesta edição do Notaer você vai conferir uma matéria especial sobre a missão da Força Aérea Brasileira (FAB) na Antártida. A nossa equipe acompanhou um voo de verão do Programa Antártico Brasileiro, que está completando 30 anos. Conheça o papel dos militares do Esquadrão Gordo durante essa expedição ao continente gelado. Mostramos também a participação da FAB em dois dos maiores exercícios da aviação militar mundial. O nosso P-3 foi para a Escócia participar da Joint Warrior e uma equipe de 43 militares de vários esquadrões foi para os Estados Unidos treinar técnicas de resgate em combate. Nesta edição trazemos uma entrevista especial sobre uma doença silenciosa e muito comum: o HPV. Veja como se dá a transmissão, manifestação e o tratamento do vírus que chega a atingir 80% das mulheres sexualmente ativas. Não deixe de conferir duas histórias especiais. Uma sobre o Capitão

Chefe do CECOMSAER: Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno Chefe da Divisão de Comunicação Integrada: Coronel Aviador Henry Wilson Munhoz Wender Chefe da Divisão de Comunicação Corporativa: Coronel Aviador João Carlos Araújo Amaral Chefe da Subdivisão de Produção e Divulgação: Tenente-Coronel Aviador Max Luiz da Silva Barreto Chefe da Divisão de Apoio à Comunicação: Tenente-Coronel de Infantaria Vandeilson de Oliveira Chefe da Seção de Divulgação: Capitão Aviador Bruno Perrut Gomes Garcez dos Reis Chefe da Agência Força Aérea: Capitão Aviador Igor Corrêa Rocha Editor: Tenente JOR Willian Cavalcanti

de Infantaria Marcos Popó, que realizou sua primeira exposição de quadros depois de voltar do Haiti, e a do pequeno Arthur, que teve o suporte do Hotel de Trânsito da Vila Helena,

em São Paulo, durante o tratamento de câncer. Boa leitura! Brig Ar Marcelo Kanitz Damasceno Chefe do CECOMSAER

PENSANDO EM INTELIGÊNCIA

Colaboradores: Equipe Angel Thunder, 1º/7º GAV, CDA, BASM, CIAER e SISCOMSAE (textos enviados ao CECOMSAER, via Sistema Kataná, por diversas unidades)

Guia prático: FCA 200 - 6 Em 13 de março de 2013 foi aprovado o Folheto (FCA 200-6/2013) que dispõe sobre a prática das medidas do Decreto de Tratamento das Informações Classificadas no Comando da Aeronáutica, publicado no BCA nº 060, de 28 de março de 2013. O Centro de Inteligência da Aeronáutica recomenda a todo o Público Interno do Comando da Aeronáutica que tome conhecimento do conteúdo da publicação que está alinhada à Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011 – Lei de Acesso à Informação, regulamentada pelo Decreto nº 7.724, de 16 de maio de 2012, e pelo Decreto nº 7.845, de 14 de novembro de 2012. Com a edição deste documento

Repórteres: Maj AV Marcos Santos (CINDACTA 2), Ten JOR Flávio Nishimori, Ten JOR Glória Galembeck, Ten Lizzie Trevilatto (SRPV-SP), Ten JOR Willian Cavalcanti, Ten JOR Carla Dieppe, Ten JOR Jussara Peccini, Ten RP Mariana Helena, Ten RP Saulo Vargas, Ten JOR Gabrielli Siqueira (DCTA), Ten JOR Geraldo Bittencourt (DCTA).

pretende-se padronizar a execução das medidas adequadas ao trato de informações classificadas. Sabe-se da ampla variedade de áreas, instalações e atividades que há no Comando da Aeronáutica, além da grande gama de situações e atividades executadas. Pretende-se, dentro da viabilidade, que tais medidas sejam igualmente implementadas respeitando-se, porém, as particularidades e limitações de cada organização. Por oportuno, cabe informar que o FCA 200-6/2013 está disponível para download no site do CENDOC: www.cendoc.intraer. Centro de Inteligência da Aeronáutica - CIAER

Arte, Diagramação e Infográficos: Tenente José Maurício Brum e Suboficial Claudio Bomfim Ramos. Revisão: Cap Av Rocha Tiragem: 30.000 exemplares Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencionada a fonte. Comentários e sugestões de pauta sobre aviação militar devem ser enviados para: redacao@fab.mil.br Esplanada dos Ministérios - Bloco “M” - 7º andar CEP - 70045-900 / Brasília - DF

Impressão e Acabamento: Log & Print Gráfica e Logística S.A


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PALAVRAS DO COMANDANTE

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A vigilante patrulha

Tenente-Brigadeiro do Ar Juniti Saito Comandante da Aeronáutica

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dia 22 de maio de 1942 é histórico para a Aviação de Patrulha da Força Aérea Brasileira (FAB). Há 71 anos, uma aeronave B-25 Mitchel, comandada pelos Capitães Aviadores Afonso Celso Parreiras Horta e Oswaldo Pamplona, detectou, localizou e atacou o submarino italiano Barbarigo. A data tornou-se um marco da virada na batalha no Atlântico Sul na Segunda Guerra Mundial e passaria a ser comemorada como o Dia da Aviação de Patrulha da FAB. A Aviação de Patrulha no Brasil surgiu em 1931 dentro da Aviação Naval da Marinha. Em fevereiro de 1942, um ano após a instituição do Ministério da Aeronáutica, foi criado o Sétimo Grupo de Aviação (7º GAV), com origem nos Grupos de Patrulha. Com os ataques de submarinos alemães e italianos contra navios mercantes brasileiros durante a guerra, a FAB empregou todos os meios aéreos disponíveis na época - inclusive os aviões de Patrulha A-28 Hudson, PBY-5 Catalina e PV-1 Ventura cedidos pelos Estados Unidos. Seguindo esse legado de luta, a FAB se orgulha dos seus três esquadrões de Patrulha: 1º/7º GAV, Esquadrão Orungan, sediado em Salvador (BA); o 2º/7º GAV, Esquadrão Phoenix, com base em Florianópolis (SC);

e o 3º/7º GAV, Esquadrão Netuno, sediado em Belém (PA). Subordinados à Segunda Força Aérea, a Patrulha da FAB realiza missões de esclarecimento e acompanhamento do tráfego marítimo no litoral brasileiro. A descoberta da camada do pré-sal e de novas fontes de recursos do Oceano Atlântico vêm transformando a Aviação de Patrulha em importante instrumento de defesa das riquezas naturais na costa brasileira. Atenta a esses novos desafios, a FAB está recebendo as aeronaves P-3AM Orion, dotadas de equipamentos de primeira geração. No ano passado, o P-3AM participou de exercícios multidisciplinares, principalmente com a Marinha do Brasil, com o lançamento de sonoboias, retomando a capacidade antissubmarina da FAB. No mês passado, o nosso P-3 foi para a Escócia e participou do Joint Warrior, o maior exercício combinado da Europa. Foi a primeira vez que a Patrulha da FAB participou de um exercício conjunto com forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Os valentes P-95 Bandeirante Patrulha estão sendo modernizados, com a inclusão de instrumentos embarcados atualizados. O radar de busca de superfície está sendo substituído e instalado um novo painel de controle totalmente digitalizado. Com o investimento em equipamentos, táticas e técnicas, a Aviação de Patrulha da Força Aérea Brasileira ascendeu à posição de destaque, sobretudo pela sua importância estratégica na defesa de recursos naturais imprescindíveis para o futuro do Brasil.

Patrulha ontem e hoje: PBY-5 Catalina; P-95 Bandeirulha; e P-3AM Órion.

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2S JOHNSON / CECOMSAER

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COMUNICAÇÃO

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Blog é o mais novo canal de comunicação da FAB

“Força Aérea Blog” é o novo canal de comunicação da FAB e surgiu para complementar as redes sociais da instituição. “O blog trabalha conjuntamente com o Facebook. A ideia é tratar os assuntos com mais profundidade, em uma linguagem mais leve e coloquial”, explica a Tenente Relações Públicas, Mariana Helena de Oliveira, que trabalha na implantação da ferramenta. O blog irá tratar das formas de ingresso, carreira militar, atividade aérea e assuntos que mostrem os bastidores da FAB. “O público busca detalhes e quer participar mais do dia-a-dia da Força Aérea. O blog cria oportunidades para falar de temas independente de sua atualidade”, completa a Tenente.

Porque o blog? Mais informação: o blog cria mais valor para as informações com dicas, depoimentos e até tutoriais. Várias audiências: O blog pode ser acessado por qualquer um, mesmo que a pessoa não faça parte de uma rede social. Atualizações: O blog possui o “feed”, que avisa por e-mail quando houver um conteúdo novo publicado. Acesse: www.forcaaereablog.aer.mil.br

ACONTECE NA FAB Acompanhe as mudanças nos comandos das unidades militares em todo o Brasil Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER) O Tenente-Brigadeiro do Ar Marco Aurélio Gonçalves Mendes assumiu a chefia em substituição ao Tenente-Brigadeiro do Ar Aprígio Eduardo de Moura Azevedo. Comando-Geral do Pessoal (COMGEP) O Tenente-Brigadeiro do Ar Luiz Carlos Terciotti assumiu o comando e m s u b s t i t u i ç ã o a o Te n e n t e Brigadeiro do Ar Antonio Gomes Leite Filho. Departamento de Ensino da Aeronáutica (DEPENS) O Tenente-Brigadeiro do Ar Dirceu Tondolo Nôro assumiu a direção em substituição ao Tenente-Brigadeiro do Ar Luiz Carlos Terciotti. Vice-Diretor Departamento de Ensino da Aeronáutica (VICENS) O Major-Brigadeiro do Ar Carlos Augusto Amaral Oliveira assumiu o cargo em substituição ao TenenteBrigadeiro do Ar Dirceu Tondolo Nôro. Segundo Comando Aéreo Regional (II COMAR) O Major-Brigadeiro do Ar Luiz

Fernando Dutra Bastos assumiu o

comando em substituição ao MajorBrigadeiro do Ar Luis Antonio Pinto Machado. Terceiro Comando Aéreo Regional (III COMAR) O Major-Brigadeiro do Ar Raul Botelho assumiu o comando em substituição ao Tenente-Brigadeiro do Ar Rafael Rodrigues Filho. Quinto Comando Aéreo Regional (V COMAR) O Major-Brigadeiro do Ar Roberto Carvalho assumiu o comando em substituição ao Major-Brigadeiro do Ar Flávio dos Santos Chaves. Estado-Maior do Comando-Geral de Apoio (COMGAP) O Major-Brigadeiro do Ar Oswaldo Machado Carlos de Souza assumiu a chefia em substituição ao MajorBrigadeiro do Ar Raul Botelho. Diretoria de Administração do Pessoal (DIRAP) O M a j o r- B r i ga d e i ro d o A r Waldeísio Ferreira Campos assumiu a direção em substituição ao MajorBrigadeiro do Ar Luiz Fernando Dutra Bastos.

Academia da Força Aérea (AFA) O Brigadeiro do Ar Carlos Eduardo da Costa Almeida assumiu o comando em substituição ao MajorBrigadeiro do Ar Carlos Augusto Amaral Oliveira. Primeira Força Aérea (I FAE) O Brigadeiro do Ar Paulo Borba assumiu o comando em substituição ao Major-Brigadeiro do Ar José Hugo Volkmer. Terceira Força Aérea (III FAE) O Brigadeiro do Ar Luiz Fernando de Aguiar assumiu o comando em substituição ao Brigadeiro do Ar Paulo Érico Santos de Oliveira. Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR) O Brigadeiro do Ar Alex Picchi Izmailov assumiu o comando em substituição ao Major-Brigadeiro do Ar Waldeísio Ferreira Campos. Escola de Comando e EstadoMaior da Aeronáutica (ECEMAR) O Brigadeiro do Ar Maximo Ballatore Holland assumiu o comando em substituição ao Brigadeiro do Ar Roverson William Milker Figueiredo.

Subdiretoria de Abastecimento (SDAB) O Brigadeiro Intendente Sergio Lins de Castro assumiu o cargo em substituição Brigadeiro Intendente Eurico Jorge de Lima. Subdiretoria de Administração Logística (SDAL) O Brigadeiro do Ar Sérgio Roberto de Almeida assumiu o cargo em substituição ao Brigadeiro do Ar Carlos Eduardo da Costa Almeida. Centro Logístico da Aeronáutica (CELOG) O Brigadeiro do Ar Ricardo Cesar Mangrich assumiu a direção em substituição ao Major-Brigadeiro do Ar Oswaldo Machado Carlos de Souza. Estado-Maior do II COMAR O Coronel Aviador Gustavo Augusto Krüger assumiu a chefia em substituição ao Coronel Aviador Paulo Vladimir Ribeiro Rodrigues. Estado-Maior do VII COMAR O Brigadeiro do Ar Tarcisio de Aquino Brito Veloso assumiu a chefia em substituição ao Brigadeiro do Ar Carlos José Rodrigues de Alencastro.


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CIÊNCIA E TECNOLOGIA

ITA fecha parceria com Petrobras para uso de robôs

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S2 LUCAS MARCO / DCTA

om o objetivo de propor soluções para os desafios da indústria nacional, o Laboratório de Automação da Montagem Estrutural (LAME), do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), acabou de fechar uma parceria de cooperação técnico-científica com a Petrobras. Durante seis anos, a petrolífera vai investir no projeto “Automação da Montagem de Reservatórios de Grande Porte” (AGE), que usa robôs industriais e equipamentos de medição para automatizar o processo de construção e montagem de tanques para armazenamento de óleo e gás. Sistema inédito Parte do Centro de Competência em Manufatura (CCM), o LAME é um dos 17 laboratórios do ITA e foi criado em 2009 para atender a demandas da indústria aeronáutica. Em parceria com a Embraer e financiados pela FINEP, os pesquisadores desenvolveram um sistema capaz de automatizar o processo de alinhamento das peças de fuselagem de aviões e também de furação e inserção dos rebites. “Alguns componentes e peças têm geometria complexa e a montagem

Pesquisa do ITA em parceria com a Embraer agora irá atender a Petrobras

ainda é predominantemente manual. Com a automação, é possível otimizar a produção: fabrica-se mais em menos tempo, sem comprometer a qualidade do produto”, explica o coordenador do LAME e professor do ITA, Luís Gonzaga Trabasso. O sistema desenvolvido no ITA, inédito na indústria aeronáutica, é baseado na inserção de robôs industriais para realizar as tarefas. Antes da pesquisa, o uso de robôs não era

bem-visto no segmento aeronáutico, devido à dificuldade de garantir a exatidão da montagem. Os robôs são largamente utilizados na indústria automotiva, onde é aceita uma margem de erro de 2mm nos sistemas automatizados. Mas, na indústria aeronáutica, esse valor precisa ser, no mínimo, 20 vezes menor. O professor do ITA Carlos Eguti, que desenvolveu sua tese de doutorado a partir do estudo, conta que o sucesso

do projeto foi superar a limitação dos robôs acrescentando ao processo equipamentos de medição externos. “Neste trabalho foram avaliadas três soluções: o iGPS ou indoor GPS, um equipamento de Laser Radar – único da América Latina – e um sistema de fotogrametria”, afirma Eguti. O projeto rendeu também quatro dissertações de mestrado e dois mestrados profissionais, além da obtenção de duas patentes no Brasil, EUA, Canadá, Europa, China e Japão. Com a conclusão do projeto em 2011, o ITA iniciou mês passado as tratativas com a Petrobras para dar início à pesquisa de automação da construção de reservatórios de grande porte. Nessa nova parceria, o conceito permanece o mesmo: aplicação de robôs industriais e equipamentos de medição na automatização de processos de fabricação. Entretanto, surgem novos desafios: adaptar os robôs à geometria de tanques de armazenamento e trabalhar com a soldagem em vez de rebitagem. A mudança, porém, não assusta os pesquisadores. “É característica do ITA se adequar rapidamente às necessidades da indústria nacional”, afirma o professor Gonzaga.

DCTA define programação de lançamento de foguetes

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Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) reuniu, em Alcântara (MA), pesquisadores de unidades subordinadas para a maratona de reuniões do Grupo Interfaces de Lançamento (GIL). Mais de 50 engenheiros e estudiosos da área espacial discutiram o andamento de projetos e propuseram a agenda de lançamentos para os próximos anos. Os pesquisadores trataram das oito operações previstas para este ano, duas no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) e seis no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). A primeira deve ser a Águia, em junho, com o lançamento do Foguete de Treinamento Intermediário (FTI).

Segundo o engenheiro Mauro Dolinsky, coordenador de Espaço do DCTA, o destaque das atividades deste ano são os nove foguetes brasileiros lançados no exterior: na Noruega e Suécia. “É importante construirmos credibilidade junto à comunidade científica internacional. Pois, se conseguimos fazer bem algo extremamente complexo como um foguete, é sinal de que estamos em um nível de excelência nas tecnologias mais simples”, afirma o engenheiro. O GIL tratou também do projeto VLS-1, cujo próximo passo é o lançamento do VSISNAV, que é um veículo espacial lançado para qualificar os sistemas de navegação e de separação do primeiro e segundo estágios do VLS. Em seguida, a depender dos

TEN GABRIELLI / DCTA

Pesquisadores e estudiosos espaciais participaram do GIL em Alcântara (MA)

repasses orçamentários, será lançado o XVT-02, veículo completo com carga tecnológica, ou seja, um equipamento que permita identificar sua localização. O projeto VLS-1 chegará ao ápice com o lançamento do V04, que colocará em órbita um satélite de 200 kg a 700 km de altura.

Para o atual presidente do GIL, Tenente-Coronel Aviador Paulo Junzo Hirasawa, as reuniões do grupo são uma oportunidade para reunir os envolvidos no programa espacial brasileiro – são convidados, inclusive, representantes da Agência Espacial Brasileira (AEB).


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CAÇA

Major-Brigadeiro Meira, um herói da aviação militar

Última homenagem As últimas homenagens de militares, parentes ou daqueles que simplesmente admiravam o Major-Brigadeiro foram feitas durante o velório realizado no Terceiro Comando Aéreo Regional (III COMAR), no Rio de Janeiro. “De eterno, o seu legado de inconteste amor à FAB e sua sublime devoção à aviação de caça permanecerão, carinhosamente, guardados em nossos corações”, afirmou o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Juniti Saito. Durante o velório, companheiros do Grupo de Caça relembraram histórias do herói. O Capitão Ozias Machado da Silva conheceu o então Segundo Tenente Meira no Panamá, em 1944,

ARQUIVO

O Tenente Aviador Meira cumpriu 93 missões de combate durante a guerra na Itália

quando o esquadrão realizava a transição entre as aeronaves T-6 e P-40. A amizade durou uma vida toda. “Não tínhamos piloto de caça no Brasil, e fomos ao Panamá em fevereiro de 1944 para fazer a formação. O Tenente Meira tinha o jeito e a aparência de um garoto, era muito inteligente e excelente piloto”, contou o Capitão Osias, que foi para o Panamá como Soldado de Primeira Classe. Para Ariston Andrade, que integrou o GAVCA como Soldado no Panamá, o Major-Brigadeiro Meira se destacava pelo trato com os demais militares. “Ele tinha uma excepcional capacidade de relacionamento humano. O Meirinha dava atenção a todos,

e tinha uma atenção especial com os Soldados”, observou. Para as gerações mais novas, o Major-Brigadeiro Meira é fonte de inspiração. “A maneira entusiasmada como ele falava da aviação naturalmente fazia dele um espelho para qualquer aviador”, afirmou a Tenente Aviadora Carla Borges. Integrante do 1°/16° GAV, Esquadrão Adelphi, ela teve contato com o veterano nas diversas solenidades da caça que ele sempre fazia questão de ir na Base Aérea de Santa Cruz (BASC).

missões de combate de novembro de 1944 a maio de 1945. Ao regressar ao Brasil, o Oficial Aviador Meira construiu uma brilhante carreira na FAB. Cumpriu mais de 6.000 mil horas de voo, a maioria em aeronaves de caça e transporte. Foi instrutor para pilotos de caça e de diversas Escolas da Aeronáutica. Foi membro da Escola Superior de Guerra e participou da Comissão Aeronáutica em Washington (EUA). Chefiou também unidades importantes, como a Seção de Planejamento do Estado-Maior da Aeronáutica. Em outubro de 1966 foi reformado. Em sua carreira civil, trabalhou em empresas de pesquisa e aviação, como a Cia Viação Aérea São Paulo (VASP) e a Cia Brasil Central Linha Aérea Regional. ARQUIVO

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erói de guerra. O Major-Brigadeiro do Ar José Rebelo Meira de Vasconcelos alçou seu último voo. Aos 90 anos de idade, o caçador do pioneiro 1º Grupo de Aviação de Caça (1° GAVCA) durante a Segunda Guerra Mundial faleceu no final de março em decorrência de infarto agudo do miocárdio e pneumonia. Depois de uma longa vida dedicada à Força Aérea Brasileira (FAB), o Major-Brigadeiro Meira deixa a esposa, filhos e netos.

Carreira militar e civil Piloto da esquadrilha verde do 1° GAVCA na guerra, realizou 93

Homenagens a veteranos marcam o Dia da Aviação de Caça 1S REZENDE / CECOMSAER

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O Capitão Ozías Machado da Silva recebe o estandarte do 1O GAVCA

trajetória dos pilotos da Aviação de Caça brasileira na 2º Guerra Mundial foi mais uma vez lembrada no dia 22 de abril, na solenidade do Dia da Aviação de Caça, na Base Aérea de Santa Cruz (BASC), no Rio de Janeiro (RJ). O 22 de abril é celebrado como a data com o maior número de missões dos pilotos brasileiros no conflito: foram 11 ataques aos alemães em um só dia. Este ano, gerações de pilotos de caça homenagearam o MajorBrigadeiro do Ar José Rebello Meira de Vasconcelos. Ele foi lembrado em cerimônia no monumento P-47, que homenageia os heróis de guerra. A solenidade teve simulação com bombas dos caças A-29 Super Tucano e

tiros ar-solo com canhões, lançamento de foguetes e de flares pelo helicóptero AH-2 Sabre. “É sempre uma grande honra participar de uma solenidade que lembra a nossa Aviação de Caça”, salientou o Ministro da Defesa, Celso Amorim. RAC 2013 O Dia 22 de abril é antecedido por um tradicional encontro que reúne 11 Esquadrões de Caça da FAB. Durante uma semana, caçadores discutem doutrinas, reciclam técnicas, aprimoram procedimentos e realizam demonstrações operacionais. Este ano, o 1º GDA recebeu o troféu de unidade aérea mais eficiente de 2012.


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REAPARELHAMENTO

FAB define nova aeronave de reabastecimento aéreo

2S JOHNSON / CECOMSAER

s aeronaves reabastecedoras Boeing 707, ou KC-137, se despedirão em breve do 2° Esquadrão do 2º Grupo de Transporte (2°/2°GT). A Força Aérea Brasileira (FAB) finalizou o processo que escolheu a empresa Israel Aerospace Industries (IAI) para converter aeronaves comerciais Boeing 767-300ER em plataformas capazes de realizar reabastecimento em voo, transporte estratégico de carga e tropa e evacuação aeromédica. O Projeto KC-X2, conduzido pela Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC), buscou as melhores opções do mercado, considerando requisitos técnico-operacionais, logísticos, industriais e de compensação comercial e tecnológica para o Brasil.

BRUNO ARAÚJO

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O Esquadrão Corsário e o Boeing 707 A Força Aérea Colombiana opera um 767 semelhante ao escolhido pela FAB

Projetos de reaparelhamento são destaques da FAB em feira de defesa

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Força Aérea Brasileira (FAB) apresentou programas de reaparelhamento durante a LAAD, a maior feira de defesa e segurança da América Latina, realizada em abril no Rio de Janeiro. A FAB expôs projetos de modernização das aeronaves de caça A-1, a construção do cargueiro KC-390 e as Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP). O vice-presidente Michel Temer abriu o evento e ressaltou a importância dos projetos para a proteção dos 22 milhões de km2 que compõem nosso espaço aéreo. “A Força Aérea tem feito um trabalho excepcional nas operações de fronteiras”, analisou o vice-presidente. No evento, FAB e Embraer assinaram dois contratos. O primeiro para a manutenção das 92 aeronaves A-29 Super Tucano e o segundo que prevê a conversão e pintura dos novos aviões da Esquadrilha da Fumaça. A FAB também anunciou a aquisição dos radares Saber M60, utilizados para detectar alvos de baixa altitude. Os equipamentos serão

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Na área externa da feira, a FAB expôs equipamentos de infraestrutura logística

destinados aos Grupos de Artilharia Antiaérea de Autodefesa (GAAD) de Canoas (RS) e Manaus (AM). Nos dois estandes da FAB, o público conferiu o Veículo de Sondagem VSB-30, o Foguete de Treinamento Básico (FTB), além de peças nacionalizadas pela FAB. Em uma área de 2,8 mil m2, os visitantes conheceram o escalão móvel de apoio, que provê toda a infraestrutura logística necessária em operações reais. O anúncio

da entrega da primeira aeronave KC390 para a FAB, estimada para 2016, também foi anunciado na LAAD. O Ministro de Defesa, Celso Amorim, também salientou a importância dos programas de modernização. “Os projetos têm todo o nosso apoio: o KC-390 já está adiantado; continuamos a desenvolver os nossos Super Tucanos e os helicópteros, e temos confiança que teremos o F-X2 em breve”, disse.

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ediado na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, o Segundo Esquadrão do Segundo Grupo de Transporte, o Esquadrão Corsário, foi criado em 1968 e inicialmente operou os quadrimotores Douglas C-118 Liftmaster, servindo principalmente ao Correio Aéreo Nacional (CAN) em linhas nacionais e internacionais e apoiando o Projeto Rondon. Em 1975, o Esquadrão recebeu o C-91A Avro, equipado com motores turbo-hélice. Já em 1978, passaram a operar o C-95A Bandeirante, fabricado pela Embraer. Em 1986 e 1987, o Esquadrão Corsário recebeu quatro Boeing 707-320, possibilitando a ampliação de suas atividades, já que são equipados com quatro motores a jato e têm grande capacidade de carga. As quatro aeronaves pertenceram à empresa aérea VARIG e foram modificadas para o reabastecimento em voo (REVO), transporte aéreo logístico e transporte especial. Atualmente, o Esquadrão Corsário realiza o transporte de tropa e de carga e o reabastecimento dos caças da FAB em todo o território nacional e até no exterior. Até a chegada do Airbus VC-1A em 2005, o Esquadrão realizou o transporte do Presidente da República em viagens ao exterior.


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TRANSPORTE

Peritos do voo no gelo Único esquadrão da FAB a operar no continente gelado, o trabalho do Gordo é fundamental no esforço logístico para o Programa Antártico Brasileiro O Esquadrão Gordo (1º/1º GT), sediado na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, há 30 anos supera as adversidades do clima para levar pesquisadores à Antártida, o continente gelado onde está em reconstrução a estação brasileira Comandante Ferraz, incendiada em fevereiro do ano passado. A equipe do Notaer acompanhou o sétimo voo de verão realizado no final de março deste ano e mostra a atuação dos militares da FAB em diferentes funções

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Suboficial Evandro Rodrigues Motta já perdeu a conta de quantas vezes esteve na Antártida e de quantas histórias têm para contar sobre a travessia para o continente de gelo a bordo do C-130 Hércules. Na mais recente delas, o avião estava na cabeceira da pista na base chilena Eduardo Frei, prestes a decolar, quando um caminhão do Corpo de Bombeiros atravessou na frente da aeronave. A visibilidade foi a zero no curto trajeto entre o pátio e a cabeceira da pista e a neblina fechou o aeroporto. “Uma coisa é estar em Punta Arenas e não poder pousar. Outra, bem diferente, é estar na Antártica e não poder decolar”, compara o radionavegador que já ocupou quase todas as funções no único grupo de transporte da FAB perito em pouso glacial.

Naquela noite, lembra ele, cada um da tripulação se revezava de hora em hora para evitar que a temperatura de 30 graus negativos congelasse os sistemas da aeronave. “A cada quatro horas tínhamos que dar partida na aeronave”, lembra. A equipe do Notaer não passou por este apuro porque chegou no verão, com a sensação térmica de 10 graus negativos. No final de março, a cor predominante da paisagem antártica é cinza. A neblina encobre as rochas do terreno montanhoso várias vezes ao longo do dia. O tempo fecha e abre num piscar de olhos. O fenômeno constante tem explicação. “A ilha [onde está localizada a base chilena] fica entre dois grandes blocos glaciais: Kolins e Nelson. São como duas muralhas. O ar quente chega,

esfria e condensa sobre o aeroporto”, afirma o meteorologista chileno Jorge Prudant, que há 20 anos identifica as mudanças do clima antártico. Nos poucos momentos em que o sol aparece, o continente exibe as únicas cores vibrantes: o azul da água gelada e o alaranjado das construções modulares. É entre elas que aparece a pista de pouso feita de chão batido e cascalho. Os 1.300 metros de comprimento e 39 metros de largura desafiam a perícia das tripulações. A área é considerada pequena para o tamanho da aeronave, que de uma asa a outra tem 40 metros de envergadura. “A neve acumulada nas laterais da pista chega a três metros de altura; a gente pousa praticamente num túnel”, explica o Capitão Aviador André Faleiros. Os pilotos ainda

sofrem com a força do vento. Mesmo com 10 toneladas a bordo, as rajadas empurram o avião para as laterais. Para ingressar no seleto grupo - dos 30 aviadores do esquadrão, apenas dez integram o quadro de tripulantes antárticos - o piloto precisa ter no mínimo 800 horas de voo de C-130, experiência mínima para tornar-se instrutor da aeronave, e quatro anos de trabalho no Gordo. Depois de ser aprovado em conselho interno, o aviador tem de passar ainda pelo curso de sobrevivência no gelo, realizado nas montanhas chilenas. “Ao contrário do que muitos imaginam, a aeronave não é o melhor local para se abrigar em uma situação de emergência porque o avião congela”, explica o SO Alexandre Dias Barreto, mestre de lançamento de cargas.


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FOTOS: 1S REZENDE /ARTE: SO RAMOS - CECOMSAER

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O piloto precisa ainda cumprir um treinamento operacional na Antártida. São dois voos no verão e outros dois no inverno. “Depois de voar o C-130, é inevitável que você tenha vontade de ser piloto antártico”, afirma o Capitão Aviador Flávio Abadie. Ao conquistar um lugar na equipe, o novo integrante ostenta na gola do macacão de voo um pin com a figura de um pingüim, símbolo da operacionalidade do Esquadrão. Para que todos possam participar da missão, há um rodízio entre tripulantes e pilotos. “Sempre temos um piloto do quarto ano, um do primeiro ano que está em formação, e um do segundo ou terceiro ano para a manutenção operacional”, explica o Major Aviador Cláudio Garcia, o mais experiente e instrutor da equipe.

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1 e 4 - O mecânico de voo, também chamado apenas de flight, controla todos os sistemas do C-130. O Major especialista em aviões Marcos Conceição Arantes alterna com o sargento Paulo Rezende Sacramento a sentinela na função de administrar o combustível, o aquecimento interno, entre outros. Fica com eles o gerenciamento dos procedimentos específicos para climas frios antes da partida da aeronave. 2 – Durante os longos voos, fica sob a responsabilidade do taifeiro Santiago Santos Carius Pimenta, do efetivo da Base Aérea do Galeão, o preparo das refeições da tripulantes. 3 – A cada ponto de controle nas aerovias – caminhos invisíveis percorridos pelo avião a 20 mil pés de

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altitude -, o radionavegador Evandro Rodrigues Motta informa o controle aéreo em terra.

9 - Veja o momento exato em que a carga deixa a rampa da aeronave e o paraquedas abre.

5 e 8– Presos por cintos de segurança, os loadmasters ou mestres de carga, os Suboficiais Robson Meireles Freire e Alexandre Dias Barreto, ficam a poucos metros da rampa aberta do C-130. Eles trabalham em sintonia afinada com os pilotos para liberar a carga no momento certo. Poucos segundos são determinantes para que a carga desça intacta e no local certo.

10 – A lama da pista de terra praticamente cobre o avião no pouso. Mesmo assim, o pouso de verão é mais simples em relação ao inverno, quando a pista fica com neve entre 3cm e 10cm.

6 – Meteorologia, a principal preocupação dos pilotos para voar no continente gelado. 7- A vista da cabine no momento final da aproximação do Hércules na pista de pouso da base chilena.

11 – Os sargentos Daniel Souza de Oliveira e Cleiton Henrique Oliveira do Nascimento apertam com força as fitas de segurança que envolvem os fardos de 200 Kg de carga. O lançamento de verão é treinamento, mas eles têm consciência da importância do conteúdo das caixas que, no inverno, carregarão alimentos e materiais de estudo destinados aos pesquisadores e equipe de apoio da estação brasileira Comandante Ferraz.


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EXERCÍCIOS INTERNACIONAIS

FAB treina resgate em combate nos Estados Unidos m grupo de 43 militares da Força Aérea Brasileira (FAB) participou em abril do Angel Thunder, exercício militar de resgate em combate e recuperação de pessoal. Organizado pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), o treinamento é considerado o maior do mundo e reuniu dois mil militares de mais de 15 países na Base Aérea de Davis-Monthan, em Tucson, Estados Unidos. “O objetivo do intercâmbio com militares experientes em combate real e recente é vivenciar, planejar e aperfeiçoar doutrinas, táticas e técnicas, primordiais para o emprego operacional das unidades da FAB”, explica o Tenente-Coronel Aviador Potiguara Vieira Campos, comandante da missão. A comitiva da FAB foi dividida em cinco células: intercâmbio, comando e controle, operações especiais, tripulantes e manutenção. Treinamento no deserto Os militares dos esquadrões da FAB voaram nas aeronaves HH-60G Pave Hawk, CH-47 Chinook, HC-130J e simulador do AH-64 Apache, consideradas as mais modernas do mundo. A equipe de operações especiais brasileira treinou sobrevivência e evasão no deserto, além do curso de resgate tático, com o atendimento a

civis feridos, retratando um cenário comumente encontrado em operações no Afeganistão e Iraque. O time de Comando e Controle visitou o Combined Air Operation Center (CAOC), que tem a responsabilidade de planejar, coordenar, comandar e controlar as operações aéreas bem como o uso do espaço aéreo. Os tripulantes do C-130 Hércules da FAB cumpriram missões de lançamento de paraquedistas, ressuprimento aéreo e resgate de feridos, operando através de precários campos de pouso.

FOTOS:CAP ISRAEL - 1º/1º GT / 1º TEN MURIEL - 2º/10º GAV

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Em sentido horário: militares da FAB em missões com tropas estrangeiras; e o treinamento de resgate tático com o atendimento a vítimas.

1º/7º GAV

P-3 participa do exercício internacional Joint Warrior

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P-3AM Orion da Força Aérea Brasileira (FAB) esteve na Escócia para participar pela primeira vez do Joint Warrior, maior exercício

militar europeu. Organizada pela Força Aérea Britânica (RAF), a manobra reuniu cerca de 4.500 militares e embarcações do Reino Unido,

Alemanha, Bélgica, Holanda, Noruega e Dinamarca e aeronaves dos Estados Unidos, Canadá e França. O Brasil foi o único país convidado que não faz parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). O exercício foi dividido em duas fases. Na primeira, houve treinamento para integração das forças, com meios aéreos e navais fazendo missões combinadas. Na segunda fase foram feitos os voos, simulando o aumento da tensão entre os países fictícios até a eclosão do conflito armado, treinando todos os aspectos

de uma guerra aeronaval. O P-3AM do 1º/7º GAv, Esquadrão Orungan, realizou missões com submarinos nucleares (ASW) e missões antissuperfície (ASuW). “O exercício foi um desafio operacional, já que a aeronave e a tripulação brasileira foram testadas em conjunto com as forças da OTAN. Cumprimos todas as atividades programadas, absorvendo experiência técnica-operacional para a consolidação do Projeto P-3”, disse o comandante do 1º/7º GAv, Tenente-Coronel Aviador Fabio Luis Morau.


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BUSCA E SALVAMENTO

PARA-SAR forma paraquedistas

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FOTOS: 3S BATISTA / CECOMSAER

Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (EAS - PARA-SAR) formou mais uma turma de paraquedistas para a FAB. O curso foi realizado na Base Aérea de Campo Grande (BACG) e os alunos tiveram que saltar de uma altura de 400m, a aproximadamente 240 km/h. Com o apoio de uma aeronave C-105 Amazonas, do Esquadrão Pelicano, os alunos fizeram os saltos armado e mochilado e o enganchado. A instrução é parte do curso de Busca e Salvamento do PARA-SAR e pode ser feita por qualquer militar da FAB. Saiba mais: www.bacg.intraer/EAS


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SOCIAL

Muito mais que um hotel de trânsito

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a próxima vez que você se hospedar no hotel de trânsito da Vila Helena, na zona Sul de São Paulo, preste atenção no jardim. A área verde ganhou no início do ano uma árvore que virou símbolo de solidariedade e renascimento. A planta foi um presente do garoto Arthur de 5 anos. Ao travar uma batalha contra um sarcoma de Ewing, um tipo de câncer nos ossos, ele foi obrigado a se mudar de Brasília para um longo tratamento na capital paulista. Por dez meses, entre sessões de quimioterapia, cirurgia e fisioterapia, o hotel foi a residência da família. “Foi um apoio importante para que pudéssemos enfrentar as dificuldades decorrentes da doença e de adaptação à maior cidade do país”, diz o suboficial Fábio Teixeira Peixoto, controlador de tráfego aéreo, pai de Arthur. Além da solidariedade dos

militares do hotel, a família contou com outros amigos que conheceu durante a batalha contra o câncer. Caetano Beccari, de 88 anos, foi um deles. Tenente reformado da FAB, ele é conhecido por cuidar e preservar áreas verdes, em especial, das unidades militares. Desde 1992, já plantou mais de 1.000 árvores, 300 delas estão no Hospital de Aeronáutica de São Paulo (HASP). Tudo catalogado em um arquivo pessoal com data, localização e até fotos das mudas. “É uma maneira de tentar resgatar um pouco da cidade que encontrei em 1943, quando cheguei aqui”, explica ele. Foi por causa da convivência com Beccari, que Arthur teve a ideia de plantar uma árvore no jardim do hotel. Não soube dizer o nome da espécie, só exigiu “uma bem grande”. Um gesto simples para exprimir o tamanho da gratidão pelos novos amigos que conquistou na difícil jornada.

SAIBA MAIS:

O pequeno Arthur e seus pais plantam árvore no jardim do hotel com o Tenente Beccari

Faça já sua reserva usando o QR-Code:

Hotel Vila Helena O hotel, localizado no bairro de Moema, na zona sul paulista, próximo ao aeroporto de Congonhas, dispõe de 62 leitos que apoiam militares, dependentes e civis assemelhados em missões na capital.

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ANTONIO CARLOS

Projeto do CINDACTA 2 valoriza “Pais e Filhos” da FAB

Segundo Centro Integrado de Defesa e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA 2), de Curitiba (PR), implementa desde o início do mês de abril, um projeto que vai resgatar histórias de pais e filhos ligados à FAB. O idealizador é o Major Aviador Marcos Antonio dos Santos. “A ideia nasceu de conversas descontraídas em que percebi que muitos colegas têm raízes militares”, explica. Depois de uma pesquisa, o oficial comprovou que 15% do efetivo do CINDACTA 2 tem algum vínculo

familiar com a Força. “Ao incentivar o compartilhamento das histórias, valorizamos as pessoas e aproximamos o efetivo”, ressalta o aviador. A primeira homenagem narra a história de dois fabianos de corpo e alma: o Tenente-Coronel R/1 José Clemente, já falecido, e um dos filhos dele, o Suboficial BCT José Clemente Júnior, que trabalha no Centro de Controle de Área de Curitiba (ACC-CW). Para saber porque o Suboficial decidiu seguir os passos do pai acesse o site da unidade www.cindacta2.gov.br.

ARQUIVO PESSOAL

O Suboficial Clemente e o Tenente-Coronel Clemente recebendo medalha em Curitiba


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Das armas às artes: infante da FAB realiza exposição

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nome é de lutador, a profissão é de combate, mas a veia é artística: desde que retornou do Haiti, onde participou da missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2012, o Capitão de Infantaria Marcos Popó, 30 anos, divide seu tempo entre a defesa e a arte. Desenhista “desde moleque”, quando reproduzia os super-heróis das histórias em quadrinhos, o atual comandante da Companhia de Infantaria do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), em Natal (RN), transformou seu gosto e talento para as artes plásticas em muito mais do que um hobby. “Os últimos desenhos que havia feito foram na época da Academia, quando eu era colaborador do jornalzinho da AFA, mas acabei deixando de lado para me dedicar à infantaria. Depois que retornei do Haiti, resolvi que era a hora de voltar à ativa: quero levar para as telas tudo o que vi”, explica Popó. A volta à ativa do Capitão rendeu rápida repercussão: sua primeira mostra em Natal durou um mês e foi vista por mais de 300 visitantes. A exposição de 38 quadros levou o nome de “Andedan”, que significa, no creolo haitiano, “aquilo que vem de dentro”. A obra ganha relevância pela originalidade dos materiais usados

S2 CHRISTIAN DAVIS / CLBI

Os quadros do Capitão Marcos Popó são produzidos com diferentes técnicas e materais O Capitão Marcos fez sua primeira exposição depois de retornar de missão no Haiti

para criação: apenas um dos quadros foi feito com tinta. Na arte de experimentar, vale tudo: o rosto do escritor Machado de Assis composto por folhas dos seus livros, as feições dos familiares feitas com calda de chocolate, e o rosto da esposa, Capitão Carolina, construído com alfinete e linha – seu preferido. “Nem toda a matéria-prima funciona. Uma vez tentei usar geleia de morango e não deu certo, mas digo, com certeza, que foi mais

culpa minha que da geleia. Eu tenho umas 50 ideias diferentes para colocar em tela, trazer novos materiais é questão de tempo”, planeja o infante-artista. O fato de ser infante e membro, inclusive, do seleto grupo de resgate e salvamento da FAB não é um problema. “Existe um estigma de que o infante é bruto, mas isso é lenda. Aqueles que optam por servir à infantaria também são multifacetados”, afirma Popó.


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ESPORTE

Usain Bolt conhece projeto social na CDA 3S BATISTA / CECOMSAER

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campeão olímpico Usain Bolt, maior velocista do mundo, esteve na Universidade da Força Aérea

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(UNIFA), no Rio de Janeiro, para conhecer o Projeto Futuro Olímpico, apoiado pela Comissão de Desportos da

Aeronáutica (CDA). O astro jamaicano movimentou a pista de atletismo da CDA. Ele foi recepcionado pelos jovens do projeto, respondeu perguntas, tirou fotos e deu autógrafos. “Bolt é minha grande inspiração. Quero correr tanto quanto ele um dia”, diz o estudante Marcos. Desenvolvido para levar o atletismo a jovens da periferia da capital fluminense, o projeto atende cerca de 140 crianças e adolescentes carentes. Para Usain Bolt, o projeto é importante por motivar as crianças a se envolverem com esportes. “Quando muitas crianças se juntam, você encontra diferentes talentos e podem surgir grandes atletas”, disse Bolt.

O projeto Na pista cedida pela CDA, os jovens têm aulas de segunda a sexta. Além disso, o projeto tem acompanhamento fisioterápico, psicológico, pedagógico e nutricional. As crianças têm que estar matriculadas na escola e com boas notas. Para o idealizador do projeto, o medalhista Arnaldo de Oliveira, a visita de Usain Bolt inspira os jovens a buscar oportunidades através do esporte. “Essa é uma chance única para eles. Bolt é o cara que deu certo no esporte. Aqui, além de mostrarmos os benefícios e possibilidades do esporte, incentivamos também a educação, pois se complementam”, disse.

CDA apoia projetos sociais que revelam atletas

romover o esporte na Força Aérea é a missão da Comissão de Desportos da Aeronáutica (CDA). Mas o trabalho da instituição vai muito além disso. Ao longo de 45 anos, a CDA tem apoiado programas para jovens, incentivando a cultura e a educação. E o fruto disso são diversos atletas, civis e militares, revelados para o mundo esportivo. Atletas militares como o Tenente-Coronel Aviador Júlio Almeida, no tiro esportivo, o Suboficial Abcélvio Rodrigues e o Taifeiro Nelson Prudêncio, no salto triplo, são alguns dos militares da Força Aérea Brasileira (FAB) com destaque no cenário esportivo internacional. Os projetos apoiados pelo CDA também tem revelado atletas de destaque. Bárbara Leôncio, que se prepara para as Olimpíadas do Rio de Janeiro, e Rosangela dos Santos, que disputou a de Londres, foram reveladas pelo Programa Futuro Olímpico, do medalhista olímpico Arnaldo de Oliveira e que acontece na CDA. “Por meio dos nossos programas, jovens oriundos de famílias de baixa renda têm oportunidade de transformar suas vidas, realizando sonhos e

FOTOS: ARQUIVOS CDA / CBF/ DIVULGAÇÃO

conquistando vitórias através do esporte”, afirma a Major Terzi, da CDA. Em parceria com os Ministérios da Defesa e dos Esportes, a CDA promove o Programa Forças no Esporte, que tem atendido centenas de jovens carentes do Rio de Janeiro. O projeto já revelou atletas para outro programa apoiado pela CDA: o Team

Chicago Brasil. Por meio do futebol feminino, o projeto tem capacitado meninas para atuarem em equipes universitárias nos Estados Unidos e também na seleção brasileira. Dois casos recentes de sucesso são das jovem Júlia Nobre, de apenas 15 anos e que foi convocada para a seleção brasileira sub 17, e de Geovana

Cristina, de 19 anos, que participa de intercâmbio na Inglaterra, jogando futebol e estudando inglês. Apesar de atuar somente com o futebol feminino, o Team Chicago indicou o jovem Alex Luiz e um ex-soldado da CDA, Gabriel Silva, para disputarem a Liga Universitária de Futebol nos EUA, onde terão uma bolsa de estudos para cursar universidade.


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SAÚDE

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Previna-se contra o HPV transmissão durante a gravidez e no parto. Não está comprovada a contaminação por uso de vaso sanitário e piscina ou pelo compartilhamento de toalhas e roupas íntimas, embora se considere essa possibilidade. Para ocorrer o contágio, a pessoa infectada não precisa apresentar sintomas. Mas, quando a verruga é visível, o risco de transmissão é muito maior. Notaer – Como detectar o HPV? Por exames ou por sintomas? Cap Maria Raquel - Depende de como o vírus se apresenta no organismo. Há lesões que não apresentam sintomas e são diagnosticadas por meio de exames laboratoriais ou por colposcopia, peniscopia e anuscopia. Já as lesões clínicas se apresentam como verrugas, têm aspecto de couve-flor e tamanho variável. Nas mulheres, podem aparecer no colo do útero e na região genital. Em homens, surgem na glande do pênis e bolsa escrotal, principalmente naqueles com excesso de pele peniana e fimose. As lesões também podem aparecer na boca e na garganta. Notaer – A infecção se manifesta depois de quanto tempo do contágio? Cap Maria Raquel - As manifestações da infecção podem ocorrer meses ou até anos depois do contato. Por isso não é possível determinar se o contágio foi recente ou antigo. Notaer - Como saber se foi contaminado?

2S JOHNSON / CECOMSAER

ocê sabe o que é HPV? O Notaer deste mês traz as principais informações sobre a doença sexualmente transmissível que faz do Brasil um dos líderes mundiais em incidência. Em entrevista, a Capitão Médica Maria Raquel Louzeiro, ginecologista do Hospital de Força Aérea de Brasília (HFAB), explica que tratar as lesões no primeiro estágio é imprescindível para reduzir as mortes pelo câncer de colo uterino. Notaer – O que é HPV? Cap Maria Raquel - HPV é a sigla para papiloma vírus humano, uma doença sexualmente transmissível, conhecida como verruga genital ou “crista de galo”. Há mais de 100 tipos de vírus, que infectam a pele e mucosas, sendo que cerca de 40 podem infectar o trato ano-genital. Alguns tipos podem originar lesões precursoras. Se não forem identificadas e tratadas, podem progredir para o câncer, principalmente no colo do útero, mas também na vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca. O Brasil é um dos líderes mundiais em incidência de HPV. Na maioria dos casos estão mulheres entre 15 e 25 anos, embora também acometa os homens. Notaer - Quais as formas de contágio? Cap Maria Raquel - A principal forma é pela via sexual, que inclui contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital. O contágio pode ocorrer mesmo sem penetração vaginal ou anal. Também pode haver

Durante as consultas, a Capitão Médica Maria Raquel procura conscientizar as pacientes

SAIBA MAIS SOBRE O HPV

Vírus HPV

O QUE É ? Vírus que provoca lesões na pele e nas mucosas. Há mais de cem tipos. MANIFESTAÇÃO Na mulher, as lesões surgem na vagina, vulva, ânus e colo do útero. No homem, as verrugas são comuns no pênis. TRANSMISSÃO Relação sexual (mesmo sem penetração) e de mãe para filho durante gravidez e parto. DIAGNÓSTICO Nas mulheres, exame Papanicolaou; nos homens, exame urológico; em ambos, exame dermatológico. TRATAMENTO Acompanhamento com Papanicolaou e colposcopia, cauterização elétrica ou química, cremes e cirurgia. CÂNCER Alguns tipos podem evoluir para câncer. De 1 a 5% das mulheres infectadas terá câncer de colo do útero. O desenvolvimento pode demorar de 15 a 20 anos. Na maioria das vezes, o sistema imunológico combate de maneira eficiente a infecção, eliminando o vírus.

Áreas afetadas apresentam verrugas

De 70 a 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas pelo HPV durante a vida.

Fonte: Ministério da Saúde, Cap Med Maria Raquel

Cap Maria Raquel - Manter relação sexual com uma pessoa infectada pelo HPV não significa que obrigatoriamente ocorrerá transmissão da infecção. Pessoas expostas ao vírus devem ficar atentas para o surgimento de alguma lesão que pode levar semanas a meses para aparecer. As mulheres devem obedecer à periodicidade de realização do exame preventivo (Papanicolaou) e os homens, agendar consulta em um serviço de urologia. Notaer - A vacina contra a doença está disponível onde? Cap Maria Raquel - O Ministério da Saúde espera incorporar a vacina no calendário do SUS ainda este ano. Mas a partir deste mês, o Distrito Federal deve imunizar 64 mil meninas entre 11 e 13 anos de escolas públicas e privadas. No momento, disponível em laboratórios e clínicas particulares. Notaer – Como é o tratamento? Cap Maria Raquel - Não há tratamento específico para eliminar o vírus. Depende de fatores como idade, local e quantidade das lesões,

se existe gravidez e principalmente da imunidade da paciente, entre outros aspectos. Podem ser usados laser, cauterização elétrica ou química e medicamentos que melhoram o sistema de defesa do organismo. O tratamento apropriado das primeiras lesões é imprescindível para a redução da incidência e mortalidade pelo câncer do colo uterino. A doença HPV tem cura clínica. A participação do casal é fundamental para o êxito do tratamento, que é individual. Notaer – Então, qual a forma mais eficiente de prevenir? Cap Maria Raquel - É a vacinação em massa de meninas adolescentes. As mulheres podem se prevenir realizando o exame de Papanicolaou. Quando a lesão precursora é diagnosticada e tratada a tempo, o câncer de colo de útero pode ser prevenido em 100% dos casos. Ter parceiro fixo e usar camisinha são formas de prevenção. Postos de coleta de exames preventivos ginecológicos do SUS estão disponíveis em todo país e são gratuitos. Os hospitais da FAB também realizam exames preventivos.



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