Jornal NOTAER - Edição de agosto de 2012

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www.fab.mil.br

Ano XXXV

Nº 08

Agosto, 2012

ISSN 1518-8558

FOTO: 3º/8º GAV

NOVO RUMAER: Quais são as principais mudanças? Nas páginas centrais desta edição, preparamos um “bizuzário” sobre as principais mudanças do novo Regulamento de Uniformes da Aeronáutica. Conheça melhor as alterações, pois muitas delas começam a vigorar em alguns meses.(Pág.8 e 9)

CB Silva Lopes/ CECOMSAER

ESPECIAL MOTOS

Sgt Simo/ CECOMSAER

BUSCA E SALVAMENTO: Depois de 80 dias de treinamento, FAB forma 35 militares especializados em missões de busca e salvamento. (Pág. 14)

INFANTARIA Equipe do III COMAR vence a sexta edição do Torneio da Tropa de Infantaria (TTI) que reuniu 240 militares em Anápolis (GO). Os dados dos resultados das seis modalidades disputadas serão utilizados no aprimoramento dos treinos operacionais. (Pág.10)

Durante 40 dias, o hospital fluvial da FAB foi o único serviço de saúde de Carreiro da Várzea (AM). (Pág.13)

Você usa moto para ir trabalhar? Saiba que 40% dos motociclistas que se envolvem em acidentes também. Conheça o trabalho de prevenção desenvolvido na Academia da Força Aérea (AFA) e os depoimentos de militares que mudaram de hábitos depois de sofrerem as consequências de um acidente de trânsito. (Pág.11)

MISSÃO DE PAZ

INTERCÂMBIO

O assunto que “bombou nas mídias sociais da FAB: o parto realizado por soldados no Haiti. (Pág.12)

Brasil e Canadá trocam experiências sobre a construção de pistas em locais inóspitos. (Pág.6)

HOSPITAL FLUVIAL


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Expediente

CARTA AO LEITOR

O jornal NOTAER é uma publicação mensal do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER), voltado ao público interno.

Sempre prontos Diariamente vemos os militares da Força Aérea treinando Brasil afora. Só nesta edição do Notaer vamos encontrar várias matérias abordando a preparação dos nossos profissionais, como os homens da busca e salvamento, os pilotos que pousam em pistas de terra na região amazônica ou o aprimoramento no uso do equipamento de visão noturna, o NVG, entre outras. O porquê de tudo isso pode ser resumido numa única frase: quando chega a hora da ação não há espaço mais para a preparação. É exatamente isso que aconteceu com os soldados da FAB na Missão de Paz no Haiti. Ao se depararem com

um casal buscando socorro durante uma patrulha na madrugada, não houve tempo para a dúvida, apenas agiram. O sargento que há poucos meses finalizou o extenso curso de formação na busca e salvamento já cumpriu missão num acidente no litoral de São Paulo. Seguindo este propósito, nesta edição também preparamos uma matéria especial para os motociclistas. Sabemos que o uso da moto proporciona economia e agilidade, mas para que estes benefícios não se tornem uma armadilha, é necessário atenção. Afinal, a vida humana é única. Em primeira mão, trazemos as mudanças do Regulamento de Uni-

formes da Aeronáutica (RUMAER), ilustrando as principais mudanças que serão adotadas, algumas já a partir deste ano. O anúncio que você vê na última página em homenagem ao Dia do Soldado, celebrado no dia 25 de agosto, foi composto a partir de fotos dos praças-padrão das unidades da FAB. Esta é mais uma maneira de agradecer ao trabalho e a dedicação de todos os profissionais que formam a nossa Força. Boa leitura! Brig Ar Marcelo Kanitz Damasceno Chefe do CECOMSAER

O novo “conto do vigário” especializadas produzem uma mala direta por meio de “documentos oficiais”. Militares da Força Aérea Brasileira, em várias capitais, já receberam mensagem disponibilizando um resgate de benefício oriundo da falência de um fundo de pensão e que após “processo judicial” (no qual a vítima é a beneficiária, sem se quer ter conhecimento da existência de tal processo) a vítima faria jus a um “valor em dinheiro”. O modus operandi do esquema fraudulento funciona da seguinte maneira: a vítima, alvo do golpe, recebe uma decisão judicial falsa onde são informados o teor do processo e o valor a receber. No entanto, para que o dinheiro seja liberado deve-se (a vítima) depositar um valor referente a custas processuais, taxas, impostos, honorários, etc. No documento falso consta inclusive números de telefones para possíveis esclarecimentos sobre a questão. A quadrilha age de modo atencioso e transmite segurança na conversação ao telefone, motivo suficiente para ludibriar uma pessoa desatenta ao conjunto dos fatos. Quando a vítima deposita o dinheiro na conta indicada o ciclo se completa, pois a

Chefe da Divisão de Comunicação Corporativa: Coronel-Aviador Gustavo Alberto Krüger Chefe da Divisão de Comunicação Integrada: Coronel-Aviador Antonio Pereira da Silva Filho Chefe da Divisão de Apoio à Comunicação: Tenente-Coronel-Aviador Mário Sérgio Rodrigues da Costa Chefe da Subdivisão de Produção e Divulgação: Tenente-Coronel-Aviador João Carlos Araújo Amaral Chefe da Agência Força Aérea: MajorAviador Rodrigo José Fontes de Almeida Chefe da Seção de Divulgação: CapitãoAviador Diogo Piassi Dalvi Tiragem: 30.000 exemplares

PENSANDO EM INTELIGÊNCIA

A promessa de receber uma importância em dinheiro que não estamos esperando, normalmente nos conduz aos mais variados tipos de golpes aplicados “na praça”. Aliado às promessas de ter em mãos um dinheiro fácil, existe a má-fé por parte de quem oferece o dinheiro. Precisamos estar atentos, pois todo dia alguém acaba por se deixar influenciar e o final da história é sempre o mesmo: paga-se a alguém para liberar determinado benefício e este nunca acontece, a pessoa que recebe desaparece junto com o dinheiro. Devido ao fato das pessoas, a cada dia que passa, prestarem mais atenção nos negócios aos quais se envolvem, os fraudadores têm desenvolvido técnicas mais apuradas no intuito de conseguir mais confiança por parte da vítima. Assim, dentre as variadas modalidades de golpes, podemos encontrar aquela onde os fraudadores, muitas vezes, já possuem informações a respeito da vítima tais como: endereço, CPF, local de trabalho, etc. Em virtude da facilidade de se obter informações sobre as pessoas, seja através da Internet ou da compra de informações cadastrais, quadrilhas

Chefe do CECOMSAER: Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno

partir desse momento, logicamente, o dinheiro referente a decisão judicial não é depositado e os telefonemas não são mais atendidos. As recomendações para esse caso são: Desconfie de qualquer mensagem recebida que contenha informações referentes a prêmios, indenizações, heranças ou coisas do gênero, onde seja necessário algum tipo de pagamento anterior ao recebimento do benefício; Acompanhe o andamento de ações judiciais nos sites oficiais dos tribunais onde o processo esteja se desenvolvendo; Lembre-se que ao ligar para o telefone indicado pelo anúncio da ação, não há certeza de que a pessoa que está do outro lado da linha é realmente quem diz ser. Obtenha os telefones de contatos através de lista telefônica ou sites oficiais da Internet; Não acredite em possibilidades de recebimento de dinheiro de origens inesperadas. Na maioria dos casos em que se vislumbra uma situação dessas, existe uma tentativa de golpe financeiro escondido por trás de toda a história. (Centro de Inteligência da Aeronáutica)

Jornalista Responsável: Tenente Jussara Peccini (MTB 01975-SC) Repórteres (JOR): Tenente Cesar Guerrero, Tenente Alessandro Silva, Tenente Alexandre Fernandes, Tenente Marcia Silva, Tenente Emília Cristina (V COMAR), Tenente Fávia Sidônia, Tenente Flávio Nishimori, Tenente Glória (III COMAR), Tenente Roberta (VI COMAR), Tenente Jussara Peccini e Fernanda Sobreira (COMARA). Colaboradores: CIAER e SISCOMSAE (textos enviados ao CECOMSAER, via Sistema Kataná, por diversas unidades) Diagramação, Arte e Infográficos: Sargento Rafael da Costa Lopes. Revisão: Ten Cel Amaral, Maj Fontes e Ten Flávia Sidônia. Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencionada a fonte. Comentários e sugestões de pauta sobre aviação militar devem ser enviados para: redacao@fab.mil.br Esplanada dos Ministérios - Bloco “M” - 7º andar CEP - 70045-900 / Brasília - DF

Impressão e Acabamento: Log & Print Gráfica e Logística S.A


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PALAVRAS DO COMANDANTE

Foto: 3º/8º GAV

Instrução de sobrevivência na montanha

Foto: SERSA 7

mercado não é tarefa simples, muito menos barata. Na Força Aérea a realidade é a mesma. Para chegar no nível da Intendência Operacional, por exemplo, demora. Isso não se restringe aos números dos cálculos financeiros. Estamos falando de tempo para prepararem os profissionais, da adequação da quantidade de pessoas para exercerem a função e da mão-de-obra especializada para o gerenciamento. Outro caso bem recente nos ajuda a compreender esta situação. Os homens que finalizaram o curso de busca e salvamento, uma área extremamente importante e que acompanhamos atuar em situações difíceis, especialmente acidentes aeronáuticos, ficaram em treinamento durante 82 dias. De volta a suas unidades, muitos deles, provavelmente, já cumpriram missão real a partir dos conhecimentos agregados. A rapidez com que são empregados significa que há demanda. Da mesma maneira, a medida que formamos nossos próprios profissionais, temos a preocupação e a responsabilidade de, também, formar cidadãos. São muitas as iniciativas que procuram incluir cursos técnicos-profissionalizantes na formação dos soldados. Independentemente de seguirem ou não a carreira militar, é importante que estes jovens recebam do estado brasileiro, que neste caso é representado pelas Forças Armadas, uma nova perspectiva. Algo que possa influenciar positivamente na conduta social, na escolha de uma profissão. São diferentes ações que se completam para atender as necessidades da Força. Ao mesmo tempo, repercutem em diversos segmentos da sociedade brasileira.

Atendimento no hospital fluvial (AM)

Foto: CIAAR

Tenente-Brigadeiro do Ar Juniti Saito Comandante da Aeronáutica

Neste mês celebramos duas datas: a Intendência (23) e o Soldado (25). O que há em comum entre estas atividades? Tudo. Nossas áreas não são estanques, muito menos isoladas. Todas as nossas atividades são dinâmicas, estão entrelaçadas, complementam-se para atingir o objetivo maior que é cumprir a missão. Essa interdependência demonstra, além da cooperação, a necessidade da permanente qualificação dos nossos profissionais. Cumprir uma tarefa com eficiência e eficácia requer saber tomar a decisão precisa do que deve ser feito, como executar e a qual custo. Por isso, o desempenho de uma área influencia direta ou indiretamente o sucesso de outra. Igualmente os trabalhos individuais interferem na coletividade, numa equipe. Os jogos olímpicos, em curso neste mês, nos ajudam a entender o processo. O resultado de anos de treinamento, desde a descoberta de um atleta potencial até a conquista de uma vaga para demonstrar seu potencial, é exibido em poucos segundos. A chance é única. O atleta pode ser consagrado ou eliminado. Dependendo do observador, a regra de que só os melhores permanecem, como Charles Darvin teorizou, pode parecer cruel. Sob outros aspectos, pode ser a inspiração, a motivação necessária para testar o limite e alcançar o melhor. Diferente do esporte, a nossa preocupação é com relação ao conjunto, para que todos estejam no mesmo nível. Com o boom do crescimento econômico brasileiro nos últimos tempos, a necessidade de qualificação profissional ficou mais latente. Deixar um trabalhador pronto para o

Intendência operacional na Mineirinho

Foto: VI COMAR

CB V. Santos/ CECOMSAER

A importância da qualificação profissional

Soldados exibem diploma profissional


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PROMOÇÃO DE OFICIAL-GENERAL

Brigadeiro-do-Ar Rui Chagas Mesquita O Brigadeiro-do-Ar Rui Chagas Mesquita é natural de Macapá (AP). É praça de 15 de fevereiro de 1980, tendo sido declarado Aspirante em 09 de dezembro de 1983. Principais cargos: Chefe da Subseção de Navegação Aérea do 1º/8º GAV, Chefe da Seção de Suprimento e Manutenção do 1º ETA, Chefe da Subdivisão de Manutenção da COMARA; Chefe da Seção de Pessoal do GTE 2, Adjunto da Seção de Material, Chefe da Subseção de Planejamento e Navegação Aérea, Instrução e Doutrina Aérea, e Informática do GTE; Chefe da Seção de Controle das Operações

Aéreas Militares da BABR; Chefe da Seção de Informática e de Tecnologia da Informação da CPO; Assistente do Secretário, Oficial de Inteligência, de Comunicação Social e Adjunto da Divisão de Finanças da SEFA; Chefe da Ajudância-de-Ordens do Presidente da República; Visiting Scholer – Center for Hemispheric Defense Studies (CHDS), Washington (EUA); Chefe da Divisão de Assessoria Parlamentar, Chefe da Divisão de Relacionamento com o Legislativo e Chefe Interino da Assessoria Parlamentar do Comandante da Aeronáutica (ASPAER). Cursos: Analista de Sistemas (ITA),

ACONTECE NA FAB

Envie as informações sobre a sua unidade via Sistema Kataná. TREINAMENTO Dez militares do Primeiro Grupo de Artilharia Antiaérea de Autodefesa (1º GAAAD), localizado em Canoas (RS), concluíram o estágio de operador e instrutor do Simulador 9F859 (KONUS) e Conjunto de Treinamento 9F663. O curso, que habilitou o grupo a conduzir instruções no simulador FOTO: III COMAR

PASSAGEM DE COMANDO O Major-Brigadeiro do Ar Marco Antonio Carballo Perez é o novo Comandante do Sétimo Comando Aéreo Regional (VII COMAR). O oficial-general substituiu o Major-Brigadeiro do Ar Nilson Soilet Carminati. A solenidade de passagem de comando foi realizada em 19/7.

Pós-graduação em Gestão Pública na Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), Mestrado em Defesa e Segurança Hemisférica (EUA). Experiência de voo: Possui mais de 4.750 horas de voo. Condecorações: Medalha Militar - Ouro; Medalha Mérito Santos-Dumont; Ordem do Mérito Barão do Rio Branco – Grau Oficial; Ordem do Mérito da Aeronáutica – Grau Cavaleiro; Medalha do Pacificador – Grau Cavaleiro. Cargo designado: Chefe da Assessoria Parlamentar do Comandante da Aeronáutica (ASPAER).

e no conjunto de treinamento, foi conduzido pelos sargentos Klein e Chrzanowski, treinados na Rússia e, até então, os únicos instrutores do sistema.

tos diversos. Fatores como segurança e infraestrutura são avaliados pelo Centro de Comunicação Social da Aeronaútica (CECOMSAER), responsável pela definição da agenda do grupo.

FUMAÇA JÁ No balanço do primeiro semestre, o Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA) realizou 54 demonstrações no Brasil e no exterior. No mesmo período do ano passado, foram 45 shows aéreos. A agenda, iniciada em 10 de março, incluiu apresentações no Chile, Argentina e Bolívia. No Brasil, capitais e cidades do interior tiveram a oportunidade de assistir às evoluções dos sete Tucanos T-27. Somente em junho, a Fumaça voou em sete estados brasileiros diferentes, entre eles São Paulo, Acre, Bahia e Mato Grosso do Sul. Por ano, o EDA recebe mais de mil pedidos para apresentação em even-

60 NOVOS INVESTIGADORES Após 45 dias de aulas em tempo integral, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) formou 60 novos investigadores de segurança de voo. O curso é dividido em módulos - prevenção e investigação - e proporciona exercícios simulados de ação inicial (coleta de dados) com abordagem da imprensa e a elaboração de relatórios de segurança de voo. Esta é a 70ª turma do curso de segurança de voo. Ela reuniu representantes da FAB, Exército, Marinha, Polícias Militar, Civil e Federal, Corpo de Bombeiros e empresas aéreas. Também participaram militares estrangeiros de seis países: Angola, Nigéria, Paraguai, Venezuela, Uruguai e Argentina.


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INTENDÊNCIA

Operação Mineirinho treina Intendência Operacional

“Q

uando deslocamos para uma missão em locais sem estrutura, o fato de saber que a intendência estará lá, prestando todo o apoio necessário, nos deixa mais tranquilos na missão. É muito bom sabermos que toda a estrutura de apoio será montada e que não teremos a incerteza de não saber onde dormir, comer e beber água. Com a UCI por perto, posso focar apenas no meu trabalho.” As palavras do sargento Alexandre de Souza, que há 23 anos trabalha na FAB, exemplifica a importância do trabalho da Intendência Operacional. Atualmente, o militar serve no Instituto de Logística da Aeronáutica (ILA), mas já atuou por diversas vezes em ambientes hostis. Ele chegou a ficar 16 dias acampado na Serra de Surucucu, Roraima, para fazer a remoção de uma aeronave acidentada. É para garantir o atendimento em situações como estas que a

Diretoria de Intendência da Aeronáutica (DIRINT) realiza o estágio de Intendência Operacional. Durante três semanas, oficiais e graduados são preparados para planejarem e operarem a logística de montagem da infraestrutura em localidades isoladas, como em situações de conflito ou calamidades.O treinamento é realizado no Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa (PAMA-LS), em Minas Gerais. No início do estágio, o Comandante-Geral de Pessoal (COMGEP), Tenente-Brigadeiro do Ar Antônio Gomes Leite Filho, afirmou que “o estágio é uma oportunidade de procurarmos aperfeiçoar o que já existe, propondo melhorias e criando novas soluções para a intendência”. Estrutura - Para a realização do estágio foram montadas 47 barracas que abrigam 14 alojamentos, dois auditórios (40 e 80 lugares), salas de estudo e de instrutores, além de

FOTO CIAAR

Lagoa Santa (MG) recebe a quinta edição do exercício que finaliza o estágio operacional dos oficiais intendentes

Segundo o comandante do COMGEP, estágio é oportunidade de aperfeiçoamento

um refeitório com capacidade para 150 pessoas. O RODOMAPRE da FAB (Módulo sobre-rodas de Alimentação a Pontos Remotos) permite o preparo de alimentos para os mais de 200 militares que ficarão acam-

pados no local por mais de 20 dias. A estrutura possui ainda seis módulos sanitários, academia e computadores com acesso à internet. Três geradores permitem a climatização e iluminação das barracas.

FOTO COMARA

Aspirantes conhecem dinâmica logística da COMARA

FOTO CIAAR

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Utilização do RODOMAPRE permite alimentar mais de 200 militares durante operação

m grupo com 36 aspirantes intendentes de todo o Brasil visitou a Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA), em Belém. O roteiro faz parte da programação do Estágio Prático para Aspirantes-a-Oficial Intendente (EPAINT), realizado na Diretoria de Intendência (DIRINT). O estágio, que complementa a formação acadêmica recebida na Academia da Força Aérea (AFA), é rea-

lizado no Rio de Janeiro, área que concentra16 unidades gestoras executoras da FAB. A visita à COMARA foi incluída na programação por se tratar de uma Organização Militar que, no universo de atividades atribuídas à Intendência, é referência na área logística por ser uma instituição que trabalha prevendo diferenciadas características sazonais e meteorológicas, grandes distâncias e dificuldade de acesso.


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INTERCÂMBIO

Pistas em locais de difícil acesso é tema de visita

O

que as geleiras canadenses e a floresta amazônica brasileira tem em comum? Num primeiro momento, nada. Porém, para os oficiais engenheiros das duas Forças Aéreas, o que une paisagens antagônicas é a expertise em construir aeródromos em localidades inóspitas. A Força Aérea Brasileira, por meio da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA), e a Real Força Aérea do Canadá (RCFA) realizam intercâmbio para trocar conhecimentos sobre novas técnicas e tecnologias aplicadas na construção de aeródromos nesses lugares, bem como o aperfeiçoamento das já existentes. Segundo o Chefe da Divisão de Engenharia da COMARA, Tenente-Coronel Engenheiro Raimundo Ubirajara da Fonseca Salgado Júnior, os canadenses constroem aeródromos vencendo as barreiras impostas pelo gelo, pelas baixas temperaturas, e falta de mão de obra qualificada, usando de soluções engenhosas e criativas. “Esse contato

com técnicas ainda desconhecidas no Brasil trazem enriquecimento para o desenvolvimento da infraestrutura aeroportuária no Norte e demais localidades onde a COMARA atua”, diz. Outro foco dos engenheiros brasileiros é o know-how canadense na engenharia de campanha. Ela consiste em reparos rápidos com eficiência em pistas de pouso e decolagem, além da infraestrutura de instalações de apoio como forma de exercício ou em situações de guerra. O interesse canadense é conhecer a logística utilizada para levar equipamentos e insumos a localidades de difícil acesso, onde as pistas são construídas. Ao utilizar os meios aéreos e fluviais, é preciso transpor corredeiras e trabalhar com planejamento para aproveitar o período de navegabilidade de cada rio. Na visita à obra de ampliação da pista de Yauaretê (AM), na fronteira com a Colômbia, a 1.061 Km de distância em linha reta de Manaus,

FOTO: Fernanda Sobreira/ COMARA

Forças Aéreas do Brasil e do Canadá trocam experiências sobre a construção de aeródromos no gelo e na selva

Soluções de engenharia para construção em locais inóspitos aproximam os dois países

o Vice-Comandante da RCAF, Major-General Yvan Blondin afirmou que é importante conhecer as estratégias para construir quando as condições climáticas permitem. “Às vezes, temos apenas três meses de clima favorável para a construção”, explica o militar. Continuidade – no final de agosto

os oficiais engenheiros canadenses devem visitar os destacamentos da COMARA para conhecer as soluções de engenharia de construção em plena selva amazônica. Até dezembro, os oficiais brasileiros seguem para o Canadá com o objetivo de conhecer as saídas canadenses para edificar no gelo.

TECNOLOGIA

CLA realiza simulação de acidente em nova torre Treinamento no Maranhão faz parte da Operação Salina, que retoma os testes de lançamento do VLS simulação de acidente realizada (16/7) no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, treinou equipes médicas para situações de emergência. O exercício faz parte do cronograma de atividades da Operação Salina, iniciada no final de junho, pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), vinculado ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). A situação ocorreu nas imediações do Setor de Preparação e Lançamento (SPL), na Torre Móvel de Integração (TMI). O mesmo local onde foram realizados testes funcionais com um

FOTO: Sd Gilberto/ CLA

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Na simulação foi testado o sistema de fuga da torre de escape na Torre Móvel

mock-up inerte do Veículo Lançador de Satélite (VLS) - uma maquete em tamanho real. Durante a atividade, também foram testados os sistemas de fuga da torre de escape instalada ao lado da nova TMI. Na Operação Salina foi realizado o transporte, a preparação e a integração mecânica de um mock-up do VLS-1 – estrutura real do veículo com substância inerte em substituição do propelente sólido – e ensaios e simulações para verificação da integração física, elétrica e lógica da Torre e dos meios de solo do CLA associados à preparação para voo do VLS-1.


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OPERAÇÕES

Arara consolida preparo para o uso de NVG

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segunda edição da Operação Coruja Verde foi marcada pelo aprimoramento da utilização do equipamento de visão noturna, o NVG. O treinamento, realizado na Amazônia pelo Esquadrão Arara (1°/9° GAV) e a 3° Companhia de Forças Especiais do Exército Brasileiro, de 2 a 6/7, envolveu 43 militares. Em mais de dez horas de voo a equipe exercitou técnicas de navegação a baixa altura, salto livre operacional, salto enganchado e lançamento de carga e pessoal em zona de lançamento (ZL) terrestre e aquática. Em caso de conflito e outras situações, estas técnicas podem ser empregadas

em missões de ressuprimento aéreo e assalto aeroterrestre noturnos para surpreender o inimigo. Além de consolidar a doutrina de lançamento utilizando o equipamento, houve o primeiro lançamento noturno de carga e pessoal em zona aquática. Novos pilotos também foram formados durante o exercício. De acordo com o coordenador da operação, Major-Aviador Juraci Muniz de Santana Júnior, com esta operação, “o Arara torna-se cada vez mais proficiente na utilização deste moderno equipamento, que é o avanço tecnológico militar de todo o mundo”.

FOTO: 3º/8º GAV

O treinamento permite maior precisão nos lançamentos de carga e pessoal, incluindo ambiente aquático

Esquadrão aprimora uso de equipamento de visão noturna na Coruja Verde II

Tracajá realiza exercício em Imperatriz (MA)

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FOTO: I COMAR

terceira edição da Operação Alfa, realizada na cidade de Imperatriz, sudoeste do Maranhão, nos meses de junho e julho, simulou uma guerra para treinar a capacidade operacional da unidade em missões de infiltração e exfiltração aérea, ligação de comando, observação, ressuprimento aéreo, apoio e evacuação aeromédica. O treinamento foi realizado pelo Esquadrão Tracajá (1º ETA), de Belém. No total, o exercício envolveu 118 militares e oito aeronaves (três C-95 Bandeirante, quatro C-98 Caravan e um C-97 Brasília) efetuaram mais de 87 horas de voo. Foram lançados 46 fardos isolados, 26 fardos múltiplos,

cumpridas seis missões de infiltração e exfiltração de tropas, 21 missões de ressuprimento aéreo, 17 missões de transporte e nove evacuações aeromédicas. Foram realizadas missões de navegação a baixa altura com lançamento de bordo isolado, ou seja, fardo com paraquedas e em formação tática; voo em formação, empregando formatura cerrada, entre outras. Pouso em pista não-preparada - Um treinamento importante para quem opera na região amazônica, onde os parâmetros de tempo, clima e condições da pista variam muito rápido, é o pouso em pista não preparada, ou seja, em aeródromos desprovidos de pavimentação. Essas missões foram realizadas com a aeronave C-98 Caravan. O 1º Tenente-Aviador Jardel de Souza Santana explica que “o terreno irregular exige um toque mais suave na pista para evitar danos à aeronave. O comprimento da pista obriga um pouso o mais próximo possível da cabeceira”. O pouso em pistas de terra exige treinamento específico

Padrões de busca no mar O acidente com uma aeronave bimotor próximo a Ilha de Cataguases, em Angra dos Reis (RJ) mobilizou o Esquadrão Puma (3º/8º GAV) na primeira quinzena de julho. Para resgatar o terceiro corpo, que estava dentro da aeronave submersa, o helicóptero realizou dois padrões de busca para ajudar a localizar a aeronave que caiu no mar: quadrado crescente e pente.

Pente: é utilizado quando há incerteza da localização dos sobreviventes, a área a ser pesquisada é muito extensa ou uma cobertura uniforme é requerida. É mais eficaz sobre a água ou terreno plano. Veja na figura acima como é feita a manobra que, pelo desenho que forma, é chamada de pente. Quadrado crescente: empregado quando há informações sobre a localização do objeto da busca dentro de uma área relativamente limitada. O padrão quadrado crescente é preciso e exige navegação acurada. É apropriado para a busca de embarcações pequenas, como barcos pesqueiros homem ao mar ou outro objeto de busca quando o caimento é muito pequeno ou nulo comparado à corrente marítima total.


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NOVO RUMAER

Novidades nos uniformes da Força Aérea Novas peças incluídas devem ser adotadas até dezembro; as substituídas podem ser trocadas até junho de 2014

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pesar de incluir novas peças e itens, o Regulamento de Uniformes para os Militares da Aeronáutica (RUMAER), que acaba de ser alterado, está mais enxuto. O número de composições entre as peças caiu de 166 para 66. O 7B, por exemplo, tinha 11 variações. Agora, são três versões apenas: feminina, masculina e gestante. As mudanças foram propostas por um grupo de trabalho formado por representantes dos grandes comandos, sob a coordenação do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER). As alterações levaram em conta critérios como, por exemplo, a funcionalidade, a natureza das tarefas, a economia e as condições climáticas regionais. O texto final foi publicado no Boletim do Comando da Aeronáutica (BCA) nº 114, de 15 de junho. O novo RUMAER Gestantes

Jaqueta azul /branca

pode ser consultado no site www. cendoc.intraer. O que for novidade passa a valer a partir de dezembro. As peças substituídas podem ser usadas por mais dois anos. O Notaer compilou as principais mudanças para você:

Colete

Ao utilizar jaqueta ou colete, a tarjeta de identificação do militar deve ser fixada no lado direito.

Educação Física (9º Uniforme) O design e o material do abrigo foi substituído. O novo RUMAER regulamenta também: - O uso do guarda-chuva na cor preta. - Os sapatos, masculino e feminino, serão sem verniz. - Capa de celular é permitida somente na cor preta fixada no cinto, inclusive para os militares da área de saúde.

Os 6º, 7º e 13º uniformes receberam novas peças para atender com mais conforto as gestantes. As peças são: • Bata e calça para gestante (cintura com elástico) • Opção de sapato de salto baixo • Novo modelo de vestido

Inclusão do boné, cujo uso é facultativo.

Camuflado (10º Uniforme)

OLGA A+ A tarjeta com identificação do militar (nome de guerra) deve incluir também o tipo sanguíneo.

Para os homens, uso da camiseta olímpica no lugar da camiseta tipo regata.

O dístico de nacionalidade deve ser adotado na manga esquerda da gandola. FORÇA AÉREA Utilizado em campanha, serviço e instrução militar, o uniforme traz identificação, em tira de tecido, com a inscrição “FORÇA AÉREA” acima do bolso esquerdo.


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NOVO RUMAER 7º Uniforme C e D

5º Uniforme

A versão C e D dispensa o uso da camisa azul claro.

Para facilitar o manuseio em viagens e cerimônias, agora, é também permitido utilizar o 5º Uniforme com o bibico. Mas atenção: observe a indicação do uniforme, pois o quepe continua valendo.

8º Uniforme

Identificação de nacionalidade, tipo dístico, será de uso permanente para todos.

O macacão de voo deve ser utilizado com a camiseta olímpica branca no lugar da camuflada.

A versão D do uniforme inclui a bermuda, elaborada com o mesmo tecido da calça do 7º uniforme. Bibico de Suboficial

7º Uniforme (A e B) O uso da camiseta branca passa a ser obrigatório. Inclusão do Distintivo de Condição Especial (DCE) no 7º B (bolso direito).

Aluno da EPCAR EIAC

CAFAR

CADAR

CAMAR

EAOEAR

CPOR

EAOF

EAOT

Inclusão de um friso azul royal no bibico de suboficiais

Abreviaturas para tarjetas Houve padronização das abreviaturas de postos e graduações para as tarjetas, como nos exemplos abaixo: • 1º Tenente passa a ser abreviado 1º Ten • 2º Tenente passa a ser abreviado 2º Ten • 1º Sargento passa a ser abreviado 1º Sgt • 2º Sargento passa a ser abreviado 2º Sgt

Cadete da AFA

Aluno do CFOE


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INFANTARIA

Operacionalidade é foco do Torneio de Infantaria Evento reuniu 240 militares em Anápolis (GO). Dados serão utilizados para aprimorar treinamentos erca de 240 militares participaram da 6ª edição do Torneio da Tropa de Infantaria (TTI), realizado de 23 a 27/7 na Base Aérea de Anápolis (GO). Das sete delegações, o Terceiro Comando Aéreo Regional (III COMAR) foi o campeão. Para esta edição houve alteração dos critérios das competições. De acordo com o coordenador do evento, Coronel de Infantaria Luiz Marcelo Sivero Mayworm, os militares tiveram que se preparar para todas as seis competições. “O objetivo é termos um conjunto, envolvendo conhecimento e capacitação”, explica. As provas estão diretamente ligadas as atividades desempenhadas pela Infantaria, como forças especiais, Polícia de Aeronáutica, batalhões, entre outros. “Todas as atividades envolvem espírito de corpo e o preparo da tropa”, diz o coronel. Os militares disputaram as modalidades de Tiro Militar Avançado com Armamento Terrestre, Corrida de Orientação, Emprego Operacional, Pista de Obstáculos, Conhecimento

Fotos: Sgt Simo / CECOMSAER

C

Acima, militares na prova de orientação. Ao lado, a pista de obstáculos.

Doutrinário e Cabo-de-Guerra. Além de promover o intercâmbio de experiências das tropas, o preparo físico e o aprimoramento de técnicas e doutrinas operacionais, as competições produzirão dados sobre o preparo da tropa, que serão utiliza-

dos pelos comandantes das unidades como parâmetro para saber quais áreas precisam ser aprimoradas. “É uma base de consciência situacional”, complementa o coordenador. Para o Brigadeiro de Infantaria Amilcar Andrade Bastos a competição simula, por meio das modalidades esportivas, as condições operacionais a que esses militares são submetidos no dia a dia. “A gente traz isso em cada uma das provas procurando associa-las às virtudes que o combatente precisa ter. Com isso temos condições de verificar o nível de aprimoramento tanto da parte de aptidão física quanto do conhecimento profissional desses militares para o desempenho de suas missões”, afirma. Para um dos competidores, o Capitão de Infantaria Sávio Mayer Gomes Pinto, “em algumas modalidades a gente trabalha a parte física, em outras são avaliados os conhecimentos técnicos, operacionais, e também o espírito de equipe. Portanto, a participação neste tipo de evento é de suma importância”, ressalta.

Brasil e Bolívia combatem tráfego ilícito

A

segunda edição do exercício entre as Forças Aéreas do Brasil e da Bolívia consolida procedimentos de interceptação e maior controle do espaço aéreo na região de fronteira com o objetivo de combater o tráfego de aeronaves supostamente envolvidas em atividades ilícitas. A BOLBRA II foi realizada, entre 22 e 27/7, a partir da Base Aérea de Campo Grande (BACG) no lado brasileiro. A base boliviana ficou em Puerto Suárez, cidade que fica na fronteira com o Brasil, próximo à Corumbá. Durante os cinco dias de exercício conjunto, atuaram lado a lado aero-

naves Cessna C210, Pilatus PC-7 e Krarakorum K-8, da Força Aérea Boliviana, e aeronaves A-29 Super Tucano, E-99 e C-98 e C-97, da Força Aérea Brasileira. O Chefe do Departamento III de Operações do Estado-Maior General da Força Aérea Boliviana (EMGFAB), General de Brigada Aérea Weber Gonzalo Quevedo Peña, salienta que “todos os esforços, incluindo este exercício, são para a defesa da sociedade, por meio de mecanismos de dissuasão a tráfegos irregulares. Isso serve para que a sociedade se sinta cada vez mais segura”. Militares brasileiros e bolivianos treinam em conjunto para maior controle do espaço aéreo

FOTO BACG

BOLBRA II


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SEGURANÇA NO TRÂNSITO

Se liga: gatos podem ter sete vidas. Pessoas não!

CB Silva Lope/CECOMSAER

e um lado da trincheira, o Sargento Eduardo Henrique de Medeiros se prepara para mais um dia de uma batalha incessante pela segurança no trânsito. Do outro, está um batalhão de mais de 800 motociclistas que chega para o expediente na Academia da Força Aérea, em Pirassununga, no interior de São Paulo. Encarregado da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (CIPAT), Medeiros trabalha para despertar nos condutores, a maioria jovens, cuidados com a prevenção. “Apostamos na educação e na conscientização para reduzir o número de acidentes de trajeto” explica. Proporcionalmente, mais de 60% dos acidentes de trabalho são registrados com motos no percurso até a Academia. O número que já foi maior, vem caindo depois que a CIPAT passou a realizar cursos periódicos sobre segurança, que inclui aulas práticas

“Percorro de moto todos os dias mais de 50 km para chegar ao trabalho na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. A BR-070 é uma das mais perigosas. No ano passado, fiquei 30 dias afastado por causa de um acidente. O carro da frente reduziu bruscamente a velocidade para deixar um passageiro e eu não consegui frear a tempo. Machuquei o tornozelo e a perna. Apesar de nunca andar colado no carro à minha frente, aprendi a manter uma distância bem maior e não tenho mais coragem de pegar corredor. Antes de sair de casa, beijo minha filha que tem quase dois anos e prometo voltar no final do dia. Como não quero quebrar a promessa, tomo muito cuidado no trânsito”. Cabo Rony Petterson Matias, 24 anos (CECOMSAER – Brasília)

de direção defensiva para recrutas, soldados, graduados, oficiais e civis. Até junho, foram duas ocorrências contra o total de 13 acidentes de moto do ano passado. Um dos soldados que faz parte desta estatística teve a moto atingida por um ônibus poucos dias antes da formatura. Ficou 30 dias em coma. Segundo os médicos, ele está vivo por sorte. Hoje, ele usa o próprio exemplo para alertar os colegas e costuma dizer que a atenção no trânsito deve ser por você e pelos outros. “Talvez por excesso de confiança, muitos acreditam que nada disso pode acontecer com você”, afirma o soldado da AFA. Não é bem isto que mostra o último estudo divulgado sobre o tema no país. Segundo o Mapa da Violência 2012, realizado pelo Instituto Sangari, a taxa de mortalidade por acidente de moto aumentou 846% nos últimos 15 anos. A de carros, 58,7%. O Brasil é o segundo país do mundo em acidentes fatais com motos, depois do Paraguai. O estudo também revela que a uma velocidade de 50 km por hora, o impacto de uma colisão sobre o corpo do condutor será equivalente ao de uma queda livre de 10 metros de altura. E ao contrário do que muita gente pensa, a maioria dos acidentes não acontece com motoboys. Quarenta por cento dos acidentados usam a moto como meio de transporte. Dezesseis por cento, como instrumento de trabalho. Além do excesso da autoconfiança típica de jovens, o sargento Medeiros tem de combater diariamente nas aulas, a adoção deliberada de práticas que alguns desavisados insistem em chamar de “moda” e não infração grave da lei. Uma das piores é a mania de pegar o caminho para casa ou escola sem o retrovisor. Além de multa e apreensão da moto, o uso de espelhos minúsculos no lugar dos dois equipamentos de segurança previstos pode significar uma viagem sem vol-

“Depois de ultrapassar um ônibus não tive tempo de desviar da caçamba que estava estacionada logo a frente, em local proibido. Fraturei a perna em nove lugares e fiquei internado por dois meses. Passei por quatro cirurgias. Poderia ter sido pior se não estivesse de capacete. Depois do acidente, presto atenção redobrada ao trânsito. A moto é uma alternativa rápida, econômica, mas não se pode facilitar. Só quem passa por um acidente sabe bem como é difícil”. Soldado Wellington Santos Nascimento, 21 anos, Companhia de

Polícia de Aeronáutica do Batalhão de Infantaria de Aeronáutica Especial de Belém (BINFAE-BE)

“Já sofri sete acidentes de moto. Depois do último, que foi mais sério, decidi vender a moto. A cada tombo, aprendi alguma coisa e sempre alerto meus amigos para andar com cuidado. O capacete afivelado, não é balela. A boa manutenção da moto também deve ser levada a sério. E o mais importante: não basta cuidar apenas de si, mas dos outros, como carros e caminhões, porque nunca se sabe o que os outros vão fazer no trânsito”. Cabo SAD Igor Machado de Souza, do efetivo do Batalhão de Infantaria de Aeronáutica Especial de Canoas (BINFAE-CO)

ta. “Sem os retrovisores você anda praticamente às cegas o que aumenta a probabilidade de acidentes fatais”, alerta o instrutor movido a desafios. “Educar é uma batalha que exige informação, paciência e abnegação”, resume o guerreiro atrás da trincheira na luta pela vida.

FOTO: V COMAR

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FOTO: I COMAR

Brasil é o 2º país no mundo em acidentes fatais com motos; 40% destes usam o veículo como meio de transporte

Veja o check list completo da segurança sobre duas rodas:


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FAB NO HAITI

Em patrulha, soldados fazem parto em Porto Príncipe Com mais de 20 mil visualizações, assunto foi o mais comentado na história das mídias sociais da Força Aérea assunto mais visualizado, compartilhado e comentado das mídias sociais da FAB em julho foi o parto realizado pelos soldados da FAB no Haiti. Mais de 20 mil pessoas conheceram a história de Ernesto e Rebeca Delise que vagavam pelas ruas de Porto Príncipe à procura de socorro. Grávida, com fortes contrações, a jovem e o marido tiveram de parar em uma das avenidas escuras da capital Porto Príncipe. Deitada na calçada, os dois esperavam. Na história desses pais haitianos, um encontro foi decisivo para o final feliz. Nove militares da Força Aérea Brasileira que participam da missão da Organização das Nações Unidas (ONU) no país, em missão rotineira de patrulha, viram a cena e socorreram a mãe. Os primeiros atendimentos aconteceram ali mesmo. Os militares embarcaram a jovem mãe haitiana na viatura e partiram em busca de

FAB NO HAITI

O

Com outros sete militares, os dois soldados da FAB integravam a patrulha no Haiti

socorro, rumo a postos médicos de entidades que prestam apoio à população haitiana. Não deu tempo. O

pequeno Junas Delise nasceu às 5h da quarta-feira (18/07), na viatura da patrulha, com a ajuda dos soldados

brasileiros Demorvã Diego Canton e Kaue Correa dos Santos Frois, que receberam treinamento de primeiros socorros antes do embarque para a missão. Com o menino nos braços da mãe, a equipe da FAB seguiu para o Centro de Referência de Urgências Obstétricas da ONG Médicos Sem Fronteiras. Os dois passam bem. “No momento mantivemos a calma para trazer uma nova vida ao mundo. A emoção foi muito grande. Fizemos o que fomos treinados. Foi uma lição que vamos levar por toda a vida”, afirma o soldado Demorvã. Frois diz que a experiência está sendo única, mas para ele “somente este fato já faz valer a pena toda a missão”. Tropas brasileiras, do Exército, da Marinha e da FAB, participam da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), ao lado de outros países.

QUALIFICAÇÃO

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alcão, jogo de damas e tamborete. Estes são alguns dos produtos confeccionados com madeira no curso de marcenaria. “Pude observar como é fundamental o papel de um marceneiro e quanta coisa legal a gente pode fazer. Quando levei pra casa os nossos produtos, minha mãe não acreditou que eu mesmo tinha feito aquilo tudo”, diz o soldado Rodrigo Nogueira dos Santos. Ele é um dos 114 soldados participantes do Curso de Qualificação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico em Emprego (PRONATEC-DF). O projeto é resultado de uma parceria entre o Sexto Comando Aéreo Regional (VI COMAR), Odontoclínica de Aeronáutica de Brasília (OABR) e

SENAI. Com duração entre 160 e 300 horas-aula, os cursos preparam os soldados em áreas como almoxarife, pedreiro de alvenaria, marceneiro, padeiro e auxiliar odontológico, possibilitando a eles uma formação técnica-profissional e a possibilidade do contato dos jovens com a prática profissional que fará a diferença em suas carreiras. O soldado João Paulo Cardoso de Pinho, colega de Nogueira, concluiu o curso de padeiro, área com a qual se identifica e já trabalha. “Fazer esse curso foi fundamental para aumentar a minha qualificação profissional numa área que eu já gosto tanto”, comenta. Ele também chama a atenção para como o curso abriu os olhos para a

FOTO:COMAR VI

Curso técnico-profissional complementa formação de soldados do VI COMAR

Em frente ao grupo alguns dos produtos elaborados pelos soldados durante o curso

necessidade de especialização profissional e as portas para o futuro no mercado de trabalho. O idealizador da iniciativa, Comandante do Sexto Comando Aéreo Regional (VI COMAR), Major-Brigadeiro do

Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, ressalta a importância do projeto. “Ao possibilitar conhecimento técnico aos nossos militares, eles terão condições de atuar, na FAB ou fora dela, como verdadeiros profissionais”, diz.


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SOCIAL

Hospital fluvial socorre ribeirinhos da Amazônia

O hospital fluvial passou a ser o serviço de saúde referência da região

explica o chefe do SERSA 7. A cada semana uma equipe com 17 militares se revezava para manter o atendimento. A estrutura utilizada recebeu oito módulos e foram oferecidas as seguintes especialidades e procedimentos: clínica médica, pediatria, pequenos procedimentos cirúrgicos, vacinação, curativos e remoções de urgência/emergência.

Balanço de atendimentos CLÍNICA MÉDICA: PEDIATRIA: REMOÇÕES: EMERGÊNCIAS: MEDICAMENTOS:

1.412 609 37 256 73.897

S

ão Sebastião da Boa Vista, na Ilha de Marajó (PA), fica aproximadamente 120km de Belém. Para chegar a um hospital mais próximo são 12 horas de barco. É nesse contexto que entra em ação o Esquadrão Falcão (1º/8º GAV). Na sexta-feira, 13/7, o grupo foi acionado para uma missão de misericórdia. A tarefa consistia em transportar Carlos Geraldo Campos de Melo, membro da Comitiva do Projeto RONDON que sofria de grave crise de apendicite e precisava ser transportado com urgência para a capital. Em menos de 10 minutos após o acionamento, um helicóptero H-1H decolou para transportá-lo ao Hospital da Marinha, onde foi medicado.

FONTE: SERSA 7

que chegou na linha da cintura e, em alguns lugares até o peito, foi a responsável pelas doenças que se propagaram rapidamente. De acordo com o médico, os casos mais frequentes atendidos foram diarréias – adultos e crianças -, pequenos acidentes com ferimentos e síndromes febris, decorrentes de viroses. “A população costuma construir pontes improvisadas de madeira, conhecidas como maromba, e ao caminhar sobre elas já submersas acabava se ferindo”, explica. Urgência – Para os casos que demandavam atendimento de urgência uma “ambulancha” (embarcação de pequeno porte com motores potentes) ficou de plantão. Eram apenas 20 minutos de Careiro da Várzea até o centro de Manaus. “Em casos de Crises de hipertensão, suspeita de acidente vascular cerebral (derrame), infarto e picadas de cobras removíamos o paciente para uma unidade com mais condições na capital”, diz o militar. A estrutura – Para que o socorro à população fosse possível, um outro desafio foi vencido: a estrutura do hospital. O porto de Careiro da Várzea é flutuante. Por isso, o hospital foi redimensionado para atender em apenas uma balsa. “Foi um esforço muito grande de toda a equipe para conseguir materializar a ideia”,

SGT OLAVO / ESQUADRÃO FALCÃO

oram quarenta dias de atendimento do Hospital de Campanha Fluvial da Força Aérea Brasileira (FAB) em Careiro da Várzea (AM). O município, situado às margens da região conhecida como Baixo Rio Solimões, fica a aproximadamente 25 Km da cidade de Manaus. De acordo com a Defesa Civil, cerca de 4,5 mil famílias foram atingidas diretamente pela enchente, 95% de seu território foi inundado. O local foi um dos mais afetados e chegou a decretar estado de calamidade pública em razão da maior enchente já registrada no Amazonas. O barco é o único meio para chegar a este local. Não há estradas e, com o território inundado, helicóptero não tinha onde pousar. O hospital fluvial passou a ser o serviço de saúde referência da região, depois que o hospital do município ficou debaixo d’água e os postos de saúde fecharam. Entre 21/5 e 29/6 era para a balsa atracada no porto flutuante que a população local recorria nos casos de emergência médica. “Ouvimos relatos de que as pessoas da região saiam 4h da madrugada de barco para serem atendidas no hospital às 8h da manhã”, explica o coordenador do hospital de campanha fluvial e Chefe do Sétimo Serviço Regional de Saúde (SERSA 7), Tenente-Médico Waldyr Moyses Oliveira Júnior. Casos mais frequentes - A água

FOTO SERSA 7

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FOTO SERSA 7

Durante 40 dias, o hospital montado sobre uma balsa foi a única referência em saúde da região inundada


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SEGURANÇA DE VOO

‘Troque a pipa por uma bola’ recolhe duas mil pipas

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lternativa de diversão mais segura é a proposta da campanha “Troque sua pipa por uma bola” desenvolvida por iniciativa do Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO) da Infraero com apoio do Primeiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA I) e do Destacamento de Controle do Espaço de Belém (DTCEA- BE). A ação realizada nos bairros do entorno do Aeroporto Internacional de Belém distribuiu 1.500 bolas em troca de pipas durante a 9ª edição do projeto, realizada na primeira quinzena de julho. Luciano Segura, gerente do SGSO, informa que a operação só acaba quando todas as bolas forem trocadas. “Depois de recolhidas, as pipas são destruídas”, completa. A ideia da campanha é conscientizar crianças, jovens e pais sobre o

que uma simples pipa pode causar. De acordo com a Chefe da Seção de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAA) da Base Aérea de Belém (BABE), Tenente-Aviadora Adriana Barros Magalhães Silva, todos os dias são recolhidas cerca de 30 pipas no entorno do Aeroporto. Recentemente, a linha de uma delas ficou presa ao rotor principal do helicóptero H-1H do Esquadrão Falcão (1º/8º GAV) que, por sorte, não causou acidente. “As pipas podem enroscar nas hélices ou serem tragadas para o motor, com risco de explosão. Há um caso catalogado no Rio de Janeiro onde o cerol feito com cola e cacos de vidro na linha da pipa cortou a corda de um rapel, causando a morte de dois militares em treinamento. Por isso devemos atuar de forma preventiva junto à comunidade para mantermos alto o nível de segurança das atividades aéreas, já que

Foto SERIPA I FOTO:

Foco de conscientização são crianças e jovens que utilizam pipas; brinquedo pode causar acidentes

Foco da campanha é conscientizar crianças e os pais sobre os perigos da pipa

segurança de voo é responsabilidade de todos”, ressalta Adriana.

Novos apartamentos em Manaus reduzem fila de espera por moradias em 50%

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io Japurá, com 24 apartamentos, é o nome do novo prédio residencial da Vila Militar Aleixo, em Manaus (AM). De acordo com o Prefeito de Aeronáutica de Manaus, Tenente-Coronel Intendente Genival De Luna, a entrega reduz em torno de 50% a fila de espera por próprios nacionais residenciais para oficiais. Segundo ele, o impacto maior será sentido nos quartéis. “Quando a família está bem alojada e não é motivo de preocupação , o rendimento do militar é muito maior”, destaca. A obra foi projetada e coordenada pelo Serviço Regional de Engenharia do VII COMAR (SERENG-7) e iniciou em janeiro de 2010.

“Nossa diretriz é proporcionar bem-estar ao nosso pessoal e cuidar da nossa gente”, afirma o Tenente-Brigadeiro do Ar Juniti Saito, Comandante da Aeronáutica, que participou da inauguração da obra em 19/7. A família do Major-Aviador Artur de Souza Rangel é uma das que irão morar no novo prédio. Para ele, o novo lar irá proporcionar maior conforto para a família. “O prédio fica mais próximo da escola onde minhas filhas estudam e do meu local de trabalho. Assim, vamos gastar menos tempo com os deslocamentos”, explica. Ao lado, imagem do prédio Rio Japurá

FOTO: VII COMAR

HABITAÇÃO


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ESPECIALIZAÇÃO

FAB forma especialistas em busca e salvamento O treinamento dos 35 homens durou 82 dias e incluiu mergulho livre, sobrevivência na selva, mar e montanha localização de vítimas de acidentes aéreos ainda com vida é a esperança de toda tripulação envolvida numa missão de busca e salvamento. Para isso, a equipe envolvida precisa estar preparada para tudo, incluindo encontrar companheiros de longa data sem vida. Para o grupo de 33 militares da FAB e dois da Marinha que acabaram o curso de busca e salvamento iniciou uma nova etapa na carreira. Agora, eles integram um seleto time de profissionais preparados para missões onde as condições são imprevisíveis e o sucesso depende, além da técnica, da determinação de cada homem. Por isso, o treinamento para estes militares não é fácil. Foram mais de 80 dias levando os militares aos limites das condições físicas e psicológicas. De acordo com o coordenador do curso, Tenente Eduardo da Costa Baptista, os cenários de busca e salvamento de acidentes aeronáuticos são sempre estressantes. “As condições em que o militar trabalha exigem preparo físico e emocional”, complementa. De volta às unidades aéreas, os militares reforçam as equipes de

FOTO: 3º/8º GAV

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Na montanha, eles enfrentam as temperaturas baixas e exercitam técnicas de rapel

resgate da FAB. O Sargento Rafael Ferreira Marques, recém-formado no curso, já enfrentou a primeira missão. Ele integrou a equipe acionada em 26/7 para auxiliar nas buscas de um ultraleve que caiu no litoral de São Paulo. “O acesso estava difícil. Foi necessário cortar a árvore para efetuar o resgate”. Para ele as visitas ao instituto médico legal, que integram

o programa de treinamento, foram fundamentais para lidar com a situação real. Pela primeira vez, o curso ocorreu sob a responsabilidade do Esquadrão Puma (3°/8° GAV), no período de 16/4 a 6/7. Os alunos foram treinados em diversas áreas, como módulo de acesso a aeronaves, combate a incêndio, comunicações, operação de

máquinas e motores, mergulho livre, sobrevivência no mar e na selva, táticas de combate SAR, operações em ambiente de montanha. Veja algumas das fases de treinamento do curso de busca e resgate: Água - Natação utilitária e adaptação ao mergulho livre, o mar agitado e a correnteza dos rios exigem proficiência do “resgateiro”. O domínio das técnicas aquáticas garante, além do sucesso da missão, a preservação da própria vida. Montanha – Acidente não escolhe dia, hora, lugar ou estação do ano. Por isso, os militares, foram para as montanhas exercitarem diversas técnicas de rapel. Com ar rarefeito e frio rigoroso, eles treinam a remoção de feridos, incluindo restos mortais. Sobrevivência no mar e na selva – Considerando mais de 7 mil quilômetros de costa e densas áreas de florestas, é fundamental o militar estar preparado para dominar as técnicas de sobrevivência no mar e na selva. Nesta, o treinamento inclui a capacidade de obter alimentos, água e construir abrigos improvisados.



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