VEJA EDUCAÇAO SETEMBRO 2010

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o d n a z i n Desorgaorganizar para se Oliveira Arte: Aldiane de ão eç ir D jo | s: Ethi Arcan ara | Foto âm C le el ab Texto: Is

Agora é irreversível. Com o novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), a educação brasileira vai sofrer um processo de mudança, para melhor, mesmo que seja a médio ou longo prazo. Os motivos são vários, mas, fundamentalmente, a mudança reside no fato de que o exame vai avaliar competências e habilidades, não conhecimentos. Depois que Ministério da Educação (MEC) apresentou uma proposta de reformulação do Exame e ele passou a ser utilizado como forma de seleção unificada por algumas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), as escolas conteudistas terão que rever seus métodos e objetivos, pois agora a missão é maior: nada de preparar pessoas para serem aprovadas no vestibular, disputarem um espaço no mercado de trabalho, competirem por um lugar ao sol; as escolas terão que formar cidadãos. Indivíduos críticos, conscientes, solidários, justos, éticos, produtivos, capazes de compreenderem fenômenos e de atuarem de maneira proativa numa sociedade multirreferenciada e plural. “O novo Enem trará o empoderamento do sujeito”, antecipa Wagner Andriola, psicólogo, mestre em Psicologia Social e do Trabalho pela Universidade de Brasília (UNB), doutor em Filosofia e Ciências da Educação pela Universidad Complutense de Madrid, consultor do MEC e especialista em TRI – Teoria da Resposta ao Item, o modelo estatístico adotado para o Enem e que vai avaliar as habilidades e os conhecimentos dos estudantes, permitindo comparar suas proficiências. “O Enem é um divisor de águas na educação brasileira. Ele existe desde 1998, mas o que é novo é que hoje ele não cobra conteúdos ou memorização, ele valoriza o raciocínio. Os conteúdos continuarão sendo ensinados, mas

com um novo olhar: a relevância que eles têm para a vida do aluno”, avalia Silvio Mota, supervisor geral do pré-universitário de uma grande rede de escolas fortalezenses que, tradicionalmente, preparava estudantes para desaguarem nos grandes concursos do País. Na prática, isso quer dizer que não interessa mais se o aluno tem na ponta da língua o significado de “prosopopeia” ou “catacrese”, tampouco se vai saber fazer uma equação algébrica. “É muito mais importante que ele consiga ler, compreender plenamente a questão que está posta e saber como aquilo se aplica na vida”, atesta Mota. Por reconhecer a revolução social que o Enem vai fazer, Silvio saiu na frente e elaborou diversos textos para se adaptar aos novos tempos, tanto que grandes jornais locais e nacionais estão reproduzindo esses materiais, fazendo esse novo conhecimento chegar a um número incontável de pessoas, professores e estudantes, somados aí os 40 mil das escolas públicas que recebem esse material em casa. “Estamos cumprindo nossa função social, ampliando oportunidades para aqueles que se deparam com esse desafio. E o novo Enem pede atitudes assim”, explica.


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Competências e habilidades A espinha dorsal do novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está nas matrizes de referência que serão cobradas. Essas matrizes estabelecem as competências e habilidades do candidato que se espera que a prova avalie. Com base nessas matrizes, o conteúdo mais específico da prova é definido. O novo Enem também cria mecanismos de avaliação dos cinco eixos cognitivos, que serão comuns a todas as áreas do conhecimento. “Dessa forma, o estudante deixa de ser um escore. Isso é muito bonito”, encanta-se Silvio Mota. Para cada área do conhecimento, foi definido um conjunto de competências e habilidades passíveis de serem exploradas nas questões das provas. As habilidades se referem às aptidões intrínsecas aos humanos. “O homem possui as habilidades de respirar, de caminhar, de mover os braços etc. As competências se referem às capacidades aprendidas e que estão fundadas em habilidades. Por exemplo: o homem pode adquirir a competência de nadar, através do aprendizado de técnicas de controle da respiração, de movimentos harmonizados de braços e pernas etc. Logicamente, o Enem busca avaliar competências mais complexas, que devem ser desenvolvidas para que sejam empregadas pelos futuros universitários com vistas à geração de conhecimento científico, proposição de ações para resolver problemas sociais, promoção da inovação tecnológica, dentre outras”, sugere Wagner Andriola. O novo Enem é composto por testes em quatro áreas do conhecimento humano: linguagens, códigos e suas tecnologias, incluindo redação; ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias e matemática e suas tecnologias. Cada grupo de testes será composto por 45 itens de múltipla escolha, aplicados em dois dias, constituindo um conjunto de 180 itens. Além disso, tem a redação, que deverá ser feita em língua portuguesa e é estruturada na forma de texto dissertativo-argumentativo, a partir de um tema da atualidade. Na redação algumas competências podem ser avaliadas, como domínio da norma culta da língua escrita; compreensão da proposta da re-

dação, aplicando conceitos das várias áreas do conhecimento; seleção, organização e interpretação de informações, fatos e opiniões; capacidade de argumentação e defesa de um ponto de vista; e elaboração de proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos direitos humanos.

Eixos cognitivos Dominar linguagens (DL): dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das linguagens matemática, artística e científica e das línguas espanhola e inglesa. Compreender fenômenos (CF): construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas. Enfrentar situações-problema (SP): selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema.

Construir argumentação (CA): relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente. Elaborar propostas (EP): recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.


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TRI:

Novo procedimento de aferição do aprendizado

Linha do tempo

Um procedimento estatístico que gera medidas quase invariáveis e que permite comparar as proficiências dos avaliados em diferentes momentos. Através da TRI os estudantes podem ter suas habilidades e competências avaliadas, mesmo diante de suas complexidades. A TRI também traz outros benefícios para a educação: acabam-se os “bizús” e as respostas “decorebas”. “Ademais, a TRI minimiza injustiças”, afirma Wagner Bandeira Andriola, psicólogo, especialista em Psicometria e em TRI, mestre em Psicologia Social e do Trabalho pela Universidade de Brasília (UNB), doutor em Filosofia e Ciências da Educação pela Universidad Complutense de Madrid e consultor do Ministério da Educação (MEC). A TRI surgiu para tentar solucionar problemas da sua antecessora, a Teoria Clássica dos Testes (TCT), que ainda é usada para fundamentar as análises estatísticas de muitos vestibulares brasileiros. Uma das mais graves limitações da TCT foi destacada pelo psicólogo norte-americano Louis Leon Thurstone, nos idos de 1930: “Um instrumento de medida não pode ser seriamente afetado pelo objeto de medida. Na extensão em que sua função de medir for assim afetada, a validade do instrumento é prejudicada ou limitada. Se um metro mede diferentemente pelo fato de estar medindo um tapete, uma pintura ou um pedaço de papel, então nesta mesma extensão a confiança neste metro como

instrumento de medida é prejudicada. Dentro dos limites de objetos para os quais o instrumento de medida foi produzido, sua função deve ser independente das características do objeto”. Andriola explica: “Se duas pessoas acertarem 120 questões das 180 propostas, elas podem ter notas finais diferentes, visto que as questões têm graus de dificuldades distintos, variáveis entre fáceis, médias e difíceis”. De acordo com o especialista, a TRI busca respeitar dois princípios distintos e complementares: a convergência e a separabilidade. “O princípio da convergência está fundamentado na ideia de que o instrumento utilizado para medir as competências deve maximizar a probabilidade de escolher os melhores candidatos, independentemente de estes alunos serem submetidos a outros instrumentos de medida em outras situações de seleção. Em síntese: os resultados devem convergir para a escolha dos melhores candidatos, independente dos instrumentos de medida utilizados para tal”. Andriola vai além. Para ele, a TRI tem o mérito de avaliar o indivíduo de maneira mais humana, independente de estratégias fossilizadas de ensino. “É uma tentativa do MEC de reorientar o Ensino Médio para desenvolver novas habilidades e competências. No médio prazo, todas as escolas, desde a Educação Infantil, terão que se adaptar a essa nova realidade”, prevê.

1998

2001

2004

2005

O Ministério da Educação cria o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), de caráter voluntário, com o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim do Ensino Médio. Mais de 157 mil estudantes se inscrevem e apenas 115.600 participam.

O Exame alcança a marca expressiva de 1,6 milhão de inscritos e de 1,2 milhão de participantes.

O Enem se populariza porque o Ministério da Educação instituiu o Programa Universidade para Todos (ProUni) e vinculou a concessão de bolsas em IES privadas à nota obtida no exame. Além disso, cerca de 500 Instituições de Ensino Superior (IES) já usam o resultado do exame como critério de seleção para o ingresso no ensino superior, seja complementando ou substituindo o vestibular.

O Enem alcançava a marca histórica de 3 milhões de inscritos e 2,2 milhões de participantes.


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•Cálculo da nota no ENEM•

Wagner Andriola: “A TRI minimiza injustiças”

O cálculo das notas do Enem passa por algumas fases de elaboração das questões: 1. Escolha das competências e das habilidades a serem avaliadas, conforme a matriz de referências do INEP/MEC. 2. Elaboração das questões. 3. Análise qualitativa das questões por especialistas da área de conhecimento e por revisor técnico-pedagógico. 4. Pré-teste das questões aprovadas na análise qualitativa, através do emprego de amostras de alunos do Ensino Médio do 2º ano. 5. Determinação das propriedades métricas dos itens: probabilidade de acerto ao acaso, dificuldade e discriminação, que possibilitam gerar a Curva Característica do Item (figura abaixo). Esses parâmetros tornam o item invariável, pois são os mesmos para qualquer aluno. 6. Hierarquização dos itens conforme a dificuldade destes (fácil, intermediário e difícil) e as competências avaliadas. 7. Organização das distintas provas do Enem. 8. Aplicação das Provas do Enem. 9. Identificação dos padrões de respostas certas e erradas, de cada aluno. 10. Cálculo da nota de cada aluno.

Para ilustrar esse cálculo, imaginemos que João acertou duas questões: a fácil e a intermediária (conforme a figura acima). Sua nota será 2, que equivale a dois acertos. Pedro também acertou duas questões: a intermediária e a difícil. Nos vestibulares tradicionais (que usam a TCT) os candidatos teriam o mesmo desempenho, pois acertaram o mesmo número de questões. No entanto, pela lógica da TRI, Pedro terá maior nota que João, pois uma das questões acertadas por Pedro é qualitativamente mais complexa (a questão difícil). Esta questão exige maior proficiência do aluno para a sua correta resolução. Portanto, Pedro, que a acertou, demonstrou possuir habilidades e competências mais complexas que João. A injustiça cometida pela TCT, que igualou João e Pedro, foi desfeita pela TRI, que colocou Pedro à frente de João.

2008

2009

2010

Este foi o último ano que a prova teve 63 questões aplicadas em um dia de prova.

O Enem atinge a marca histórica de 4.576.126 inscritos. A prova passa a ter 180 questões aplicadas em dois dias. O MEC começa a adotar a TRI – Teoria de Resposta ao Item. Neste mesmo ano, a aplicação do Enem, planejado para outubro, teve de ser cancelada poucos dias antes da sua realização devido ao roubo de cadernos de prova e ao vazamento de seu conteúdo, revelando a fragilidade na segurança.

O Ministério da Educação apresenta uma proposta de reformulação do Exame. Ele passa a ser utilizado como forma de seleção unificada por algumas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). O Exame passa a avaliar competências e habilidades, não conhecimentos.


Correndo contra o tempo Nada de finais de semana na praia ou nos bares. Para a maioria dos pré-universitários de Fortaleza, aqueles que vão se submeter ao novo Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), os dias de sábado e domingo são dedicados ao estudo, seja na própria escola, em grupos organizados ou em idas ao teatro, cinema, bibliotecas e galerias de arte. Sim, porque o novo Enem exige do estudante o conhecimento das linguagens artísticas. “Tenho aprendido muito sobre música, literatura, teatro. Antes esses conhecimentos eram transmitidos, quando eram, de modo pasteurizado, agora não”, avalia Lara Cavalcante Malveira, 17. “Estamos lendo os clássicos da literatura, aprendendo sobre a Tropicália!”, comemora Tainah Saboya, 17. Mas, em coro, elas afirmam: a decisão da Universidade Federal do Ceará (UFC) de adotar o Enem como único método seletivo deixou os estudantes atônitos. “Essa mudança foi muito estressante. Passamos muito tempo de nossas vidas nos preparando para realizar provas específicas. De repente, mudança total”, reclama Lara. “Eu estava torcendo para que o vestibular tradicional se mantivesse”, complementa Thaís Abreu Luedy, 17. Mas as garotas também reconhecem os benefícios das mudanças. “Eu acho que o Enem quer mudar o ensino brasileiro”, pondera Thaís. “Creio que a longo O professor Silvio Mota é um dos pioneiros no Estado em conceber e testar questões preparatórias para o novo Enem

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Para diminuir o estresse típico do momento, as garotas Tainah, Lara e Thaís estudam juntas, praticam esportes e se dedicam às artes ou médio prazo o país será melhor, pois pessoas melhores estarão sendo formadas também pelas escolas”, concorda Tainah. “Com esse tipo de avaliação, saímos da cultura ‘decoreba”’, compreende Lara. “E como tudo é novo para todo mundo, esse clima de competição acirrada diminui, pois estamos todos no mesmo nível”, finaliza Thaís. Para diminuir o estresse típico do momento, as garotas têm algumas saídas. Estudam juntas e se ajudam, pois entendem que não são mais concorrentes. Tainah também faz Muay Thai; Thaís toca guitarra, violão e joga boliche nas pouquíssimas horas vagas; e Lara encontra tempo para namorar e também tocar violão.

Dicas de como chegar lÁ - Exercitar (porque as questões ensinam); - Treinar as habilidades (o novo Enem não tem histórico); - Alimentar-se bem, saudavelmente; - Conhecer mais as linguagens artísticas, apreciar a arte; - Repousar - Praticar uma atividade física. - Carga horária de seis a sete horas diárias (incluindo sábados) - Inclusão de revistas, jornais e internet no âmbito escolar - Contextualização de fatos do cotidiano - Professores de plantão para tirar dúvidas - Pequena quantidade de alunos por turma - Estudo direcionado para Enem e outras modalidades de ingresso - Ambiente saudável


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ENEM não assusta piauiense Texto e fotos: Clicia Cronemberger

O Exame nacional do Ensino Médio, que é referência para ingresso de alunos do ensino médio em algumas universidades e faculdades, especialmente as federais, não intimida o piauiense. Desde 2009, a nova dinâmica de provas com enunciado mais longo e uma tendência à busca por conhecimentos da atualidade é a novidade na pauta das escolas de ensino médio e pré-vestibulares. O segredo para uma leva de jovens estudantes é uma carga horária escolar acima da média e dedicação. Para os estudantes, o Enem é apenas mais uma forma Alunos de escola campeã não tem medo do ENEM de ingresso no ensino superior. O Enem também aponta as melhores escolas que oferecem o ensino beça de Cuia (lenda do Rio Parnaíba em que um médio. pescador se transforma em um ser mítico) no uniNo ranking mais recente do Inep – Instituto Nacioverso infantil. Não deixamos para ajustar ensino nal de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, que apenas no ensino médio, procuramos inserir inforapresenta o desempenho dos alunos em 2009, mações atuais, trabalhamos com revistas e fatos da quatro escolas particulares de Teresina estão entre internet aliados às disciplinas que normalmente são os 26 melhores resultados em nível nacional. Sigabordadas em sala de aula. O que mudou de 2009 nifica um ensino de excelência, que coloca o aluno para cá foi o número de simulados que inserimos de Teresina em pé de igualdade com estudantes na programação escolar. Agora eles fazem parte do de estados como São Paulo e Rio de Janeiro, com calendário”, disse. quatro e oito escolas entre as melhores, respectivaO Enem é apenas uma das formas de se ingressar mente. na faculdade. Ainda se mantém vestibulares de Para Rosângela Fonseca Napoleão do Rego, coorfaculdades particulares, vestibulares tradicionais, denadora pedagógica da escola com o 26° melhor específicos e PSIU - Programa Seriado de Ingresso desempenho nacional, o resultado é um conjunto à Universidade. “Não podemos fugir das questões de fatores. “Trabalhamos o aluno desde o início da mais diretas, por conta da presença de vestibular escolaridade, em torno dos três anos de idade, e o tradicional. Claro que causa ansiedade, mas é imacompanhamos até o final do ensino médio”, disse. portante sublimar este sentimento e focar no que é Sobre as novas exigências do Enem, ela afirma que mais importante para o aluno. Porque o bom aluno, são trabalhadas em sala de aula há tempos. “As que estuda desde sempre, não terá dificuldades. crianças são alfabetizadas, reconhecem as letras e Afinal, ninguém constrói a educação de qualidade sons e trabalham essas informações inseridas em de um dia para o outro, é um processo”, informou. um contexto. Recentemente, nós abordamos o Para Lucas Silveira Terto, Brian Lucas Mendonça, tema folclore, quando colocamos a lenda do CaMariana de Carvalho Moreira e Lia Andrade Portela,


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todos com 17 anos e cursando o terceiro ano do ensino médio, o Enem não assusta. O perfil deles é semelhante, estudam na mesma escola desde os quatro anos de idade e se acostumaram a seguir uma rotina de carga horária escolar que aumenta a cada ano. No terceiro ano do ensino médio, as aulas são até sábados à tarde e o tempo livre do domingo é preenchido por estudos relacionados às disciplinas da semana. Mariana acredita que o Enem seja apenas mais uma forma de ingresso na faculdade desejada. “Ele permite que a gente concorra em outras faculdades sem ter que viajar para outra cidade. Isso facilita o trânsito”, disse a concorrente a uma vaga em Medicina. Lucas também opta por Medicina. Ele concorda com a colega de turma e afirma que o Enem é uma forma melhor de ingresso, já que opta por questões relacionadas ao cotidiano, faz o candidato pensar e deixa de lado o “decoreba”. “São questões úteis”, avalia. Sobre o fato de concorrer em outras universidades sem sair de Teresina, ele disse que é um ganho. “Posso passar aqui ou em São Paulo. Significa o resultado de um trabalho ao longo dos anos. Com plantão dos professores nos finais de semana para tirar dúvidas, provas durante a semana e simulados. O conhecimento gruda, é estudo e mais estudo”, informa. Único do grupo a querer estudar fora de Teresina, Brian defende a versatilidade da prova. “Tem uma abordagem cotidiana e acaba se tornando mais fácil. Apesar de ser uma prova mais longa, aproxima o candidato do cotidiano e possibilita o ingresso em outras faculdades, não é só uma concorrência regional, mas com o Brasil todo”, disse. Todos, porém, querem melhorar a cidade onde vivem. Mesmo Brian que está concorrendo a uma vaga em medicina na UnB. “Teresina é uma cidade jovem em pleno crescimento. Vamos crescer junto com ela”, disse Lia, candidata a uma vaga em Direito. Lucas disse que a vitória futura é o espelho do esforço dos pais. “Eles trabalham muito e pagam nossos estudos, nos esforçamos para dar o retorno. Queremos dar este orgulho para eles”, finalizou. Quem já chegou lá afirma que o caminho é se preparar desde sempre. Apesar da nota de corte não ter sido utilizada para o Enem, Daniel Vitor Barbosa Magalhães chegou em primeiro lugar no vestibular de Medicina da UFPI e em 5º lugar na UESPI. Estudante de escola do ensino médio melhor avaliada pelo Enem em Teresina, ele disse que a turma do terceiro ano foi dividida em grupos específicos para cada área. “A carga horária era bem puxada, a gente estudava mais no colégio e só revisava em casa. Se for comparar as duas provas, que fiz pelo PSIU para

a UFPI e pela UESPI, específica, não foi muito difícil, só a específica que foi complexa, principalmente a de Química”, informou. Atendendo às duas vertentes do ensino, o IFPI – Instituto Federal do Piauí, recebe desde 2009 todos os seus alunos de ensino superior através das notas do Enem. Com 7.400 alunos no ensino médio nas modalidades integral e subsequente, ele prepara os alunos para a vida sem perder o foco no ingresso às faculdades tanto federais quanto particulares. Ligado à SETEC/MEC – Secretaria de Educação Tecnológica Profissional, também se destacou no exame entre os institutos federais e atingiu o 12º lugar entre as escolas brasileiras. Os braços da instituição se estendem em Teresina, Picos, Parnaíba e Floriano e oferecem cursos de nível médio, profissionalizante e superior. Os planos são de colocar o aluno de baixa renda em pé de igualdade com alunos da rede particular. “Preparamos o estudante para o Enem e para vestibulares da Universidade Federal do Piauí, que utiliza provas gerais, para a Universidade Estadual do Piauí, que faz provas específicas e para os vestibulares das faculdades particulares”, afirma o reitor da IFPI, professor Francisco das Chagas Santana. Com o Enem, ele abriu portas para que alunos de outros estados pudessem estudar aqui. “Temos estudantes do Paraná e de São Paulo”, informou. O método para preparar o aluno para o Enem é integrado com o professor. “Fazemos diagnósticos e reunimos reitores das unidades para discutirmos propostas de ensino. Apostamos na formação do professor e pos-

Reitor do IFPI quer futuro melhor para aluno da escola pública


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IFPI oferece ensino de nível médio, profissionalizante e superior sibilitamos que ele se melhore através de incentivo ao mestrado, doutorado e conhecimento científico. O resultado é o planejamento pedagógico onde o professor tem a opção de participar, colocando questões do dia a dia, como é solicitado no Enem. O aluno é preparado para a vida e o ensino superior não está desligado dela”, disse. Além de oferecer o ensino, o IFPI busca incentivar o aluno a se voltar integralmente à formação profissional. Dentre os incentivos, bolsa para quem quer estudar sem ter que trabalhar, além de refeições diárias. O futuro inclui seguro de vida para os alunos, centro de lazer com piscina e quadra de esportes e salas multimídia com quadros interativos. “Precisamos oferecer um ambiente saudável para que as pessoas estudem e trabalhem aqui”, finalizou. O exame também não passa despercebido na rede estadual de ensino. De acordo com Maria Pereira da Silva Xavier, secretária de educação do estado do Piauí, a metodologia utilizada pelo estado passa pelo planejamento com professores. “O acesso ao nível superior trabalha habilidades e competências. Significa o saber aplicado ao cotidiano. Nesse sentido, estamos preparando professores através de capacitações”, informou. A tarefa é levar informação a professores dos 224 municípios do estado, onde há pelo menos uma escola de nível médio. Dados da própria secretaria apontam 511 escolas de ensino médio e 100 anexos escolares, uma espécie de braço da escola na zona rural dos municípios. Há também o reforço dos cursinhos populares, com

aulas presenciais para alunos do terceiro ano do ensino médio ou para quem ainda não conseguiu uma vaga na universidade. “É específico para o novo conteúdo do Enem”, disse. O tempo do aluno em sala de aula também aumentou de cinco para seis horas diárias para suprir as necessidades das novas disciplinas como filosofia, informática, sociologia e espanhol. Os sábados também são utilizados, mas ainda não é uma regra. Diferente da escola particular, onde os alunos obrigatoriamente têm aulas no sábado pela manhã e, não raro, à tarde, até agosto deste ano, apenas dez sábados foram utilizados para repor aulas. Mesmo assim, a secretária de educação do estado afirma que a implantação da escola de ensino médio nas cidades estimulou os alunos do interior a concorrerem a uma vaga nas universidades federal e estadual do Piauí. Em 2009, esta leva de novos candidatos conquistou 64,23% das vagas do vestibular específico da UESPI (Universidade Estadual do Piauí), que só deve adotar o Enem em 2011. Outra arma para o aluno da rede pública é o desafio com a presença de xadrez em mais de 150 escolas. “Estimulamos também eles a desenvolverem projetos como a rádio escola no Premen e na Unidade Escolar Helvídio Nunes, ambas em Teresina, e projetos de meio ambiente, desenvolvidos em escolas estaduais de Parnaíba, Bom Jesus e Floriano. Queremos prepará-los para a vida”, afirma.


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