PHOCAL PHOTOVISIONS Nº 13 JANEIRO 2013

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PHOCALISTAS AFONSO CHABY ANTÓNIO CAETANO ANTÓNIO FERNANDES ARMANDO ROMÃO CARLA QUELHAS LAPA CARLA SANTOS CARLOS CARDOSO JOÃO ANTÓNIO ESTEVES J. PEDRO MARTINS MARIA LÁZARO SANDRO PORTO SOFIA MOTA

ARTIGOS JOAO FITAS SARA BENTO JORGE JACINTO SARA CONSTANÇA PEDRO SARMENTO FERNANDO PIRES COELHO FOTÓGRAFOS FIDALDO PEDROSA CARLOS LOPES FRANCO VÍTOR TRIPOLOGOS B ENO I T RO USSEAU

PROJECTOS JOÃ O M . G I L

GALERIA DE MEMBROS IMAGENS QUE INSPIRAM FOTOGRAFIAS ESCRITAS RODRIGO BELAVISTA



Revista do grupo

Edição e Direção da Revista

phocal photovisions

Pedro Sarmento

www.facebook.com/groups/phocalphotovisions/ Contactos: Email: phocal.photovisions@gmail.com revista.phocal.photovisions@gmail.com Website http://phocal-photovisons.weebly.com/index.html

NÚMERO 13 - JANEIRO 2013 Curry

Editorial Pedro Sarmento

Colaboradores nesta Edição AFONSO CHABY ANTÓNIO CAETANO ANTÓNIO FERNANDES ARMANDO ROMÃO CARLA QUELHAS LAPA CARLA SANTOS

Foto de capa: Pedro Sarmento Geração à Rasca Pentax K20D - Pentax 18-55 F4 ISO 100 1/180 seg 21 MARÇO 2011 - Porto

CARLOS CARDOSO JOÃO ANTÓNIO ESTEVES J. PEDRO MARTINS MARIA LÁZARO SANDRO PORTO SOFIA MOTA JOÃO FITAS SARA BENTO JORGE JACINTO SARA CONSTANÇA PEDRO SARMENTO FERNANDO PIRES COELHO RODRIGO BELAVISTA

FOTÓGRAFOS CONVIDADOS FIDALDO PEDROSA CARLOS LOPES FRANCO VÍTOR TRIPOLOGOS B E N OIT R OU S SE A U

PROJECTOS J O ÃO M. G I L

Periodicidade mensal Distribuição On-line / PAPEL Impressão ÁREA GRÁFICA Nº Depósito Legal 350102/12 Tiragem 100 EXEMPLARES


sumário

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Editorial

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GALERIA

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RODRIGO BELAVISTA FOTOGRAFIAS ESCRITAS

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PEDRO SARMENTO

imagens que inspiram

PEDRO SARMENTO STREET PHOTOGRAPHY - COMO EU A VEJO

SARA CONSTANÇA STREET PHOTOGRAPHY EM S.TOMÉ E PRINCIPE JOÃO FITAS NA RUA, NÓS E OS OUTROS

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SARA BENTO

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FERNANDO PIRES COELHO À DISTÂNCIA DE UM “CLICK””

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JORGE JACINTO ATRIBULÇAÕES DE UMA VIAGEM DE AVIÃO - RUMO BRASIL

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AFONSO CHABY ROSA

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ANTÓNIO CAETANO

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ANTÓNIO FERNANDES

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ARMANDO ROMÃO

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CARLA QUELHAS LAPA

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CARLA SANTOS

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CARLOS CARDOSO

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JOÃO ANTÓNIO ESTEVES

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J. PEDRO MARTINS

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MARIA DULCE LÁZARO

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SANDRO PORTO

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SOFIA MOTA

O INVERNO CINZENTO DE LISBOA

02 | Phocal Phototovisions

FOTÓGRAFOS FIDALGO PEDROSA

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CARLOS LOPES FRANCO

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VÍTOR TRIPOLOGOS

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B E NOIT R OUS S E A U

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PROJECTOS JOÃO M. GIL O PROJECTO LOOOOONG SHOTS

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editorial 2013 começa da melhor forma em termos fotográficos. Logo após a saída da Phocal Nº 12 de Dezembro lançámos um tema que faz as delicias de muitos de nós..................Street Photography para a edição de Janeiro, e aí está mais uma grande Revista de fotografia, com a mesma qualidade de sempre. Artigos muito interessantes sobre o tema e muita mas muita foto. Também de notar a participação de novos membros o que é sempre gratificante ver que as pessoas chegam ao Grupo Phocal Photovisions e têm vontade de participar neste projeto que cada vez se afirma mais entre fotógrafos, sejam eles mais ou menos amadores, ou mesmo entre alguns que já só fazem fotografia, e a opinião é unânime.... bom projeto e de grande interesse para a fotografia em Portugal. Quando recebemos incentivos destes queremos sempre fazer melhor e estar cada vez mais perto daqueles que nos ajudam a construir este projeto. Sempre disse e entendi que sozinhos não vamos a lado nenhum, tenho esse principio na minha vida pessoal, e gosto de sentir que na Revista também se pensa dessa forma.

Street Photography sempre foi desde que comecei a fotografar um dos meus temas preferidos por isso não é de estranhar que por um lado tenha escolhido este tema para a edição deste mês de Janeiro, e por outro lado que eu próprio tenha pela primeira vez produzido para a Revista uma artigo, claro sobre o tema. É a minha forma de pensar a fotografia de rua que entendi partilhar nesta edição, e ter por isso também publicado algumas fotos minhas. Nunca o tinha feito, pretendo sempre deixar espaço para os membros que me acompanham neste projeto, mas também achei que estava na hora de quando leio a Revista em papel, coisa que faço sempre, (apesar de a ler enquanto a faço inúmeras vezes), de poder ver, apreciar e partilhar com a família e com os amigos fotografia de minha autoria. Sim porque uma coisa é ver no computador, mas em papel é outra “loisa”, por isso tal como guardo religiosamente Revistas onde já tive fotos publicadas faço o memso com a nossa Phocal Photovisions. Fevereiro vem a caminho, e o tema está escolhido, podem começar a trabalhar ou a pesquisar no baú sobre as vossas.......... um dia destes au anunciarei o tema. Espero que a Revista seja do vosso agrado mais uma vez, boa leitura e boas fotos, e façam o favor de ser Felizes.

Etã S o b a l C o sta | E s p e ra r ( juntos? ) | Ni l on D6 0 | 2 2 m m | F/ 4 | 1 / 1 3 | I S O 8 0 0

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04 | Phocal Phototovisions

Helena Moreira | Domingo á tarde | C anon F/4 .5 IS O 2 0 0 1 /40 seg

Alice Bat ista |Caminho em constr ução |C anon 55 0 -Sigma 1 8-25 0 | F 1 1 1 / 1 2 5 s I SO 1 0 0

Henriq u e Gu imarã es | H o m en s d o ca m p o | Ec h a porã , S ã o Pa ul o, Bra si l | Ni kon D7 0 0 0 - 18-105 mm F5,6 ISO 400 1/250s


Luís Mata | “ Passeando nas galer ias” - Turim | Canon 7 D, 24-1 0 5 F 4 L , f/ 4 , 1 / 5 0 seg , I SO 8 0 0

imagens que inspiram

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Manuel Roque | Tranquilamente... na Cov ilh達 Canon EOS 5 0 D-Canon EF -S 15 -8 m m F 3.5/5.6 IS US M | F4. 5 1 /2 seg . I SO 1 0 0

Ricardo M endes |Readi ng News | Nikon D3000-70mm | F5.6 1/500s ISO-200

Pedro Ribeiro | Alma Portuguesa | Canon 550D| F8 ISO 100 1/100 Seg


Phocal Phototovisions | 07

Hugo Augusto | Ca ixa de sonhos | Canon 5D MArk II | 1/5 F16 ISO100 47mm


08 | Phocal Phototovisions

Ósca r Valério | O f ilme acabou | Canon 40D - Sigma 10/20 | F4.0 ISO 1/20


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Luciano Magno | A loira e o pom bo | Nikon 700 0 -Sigma 1 8 2 00m m | F 4 . 5 I SO 4 0 0 1 / 2 0 0 s


RODRIGO BELAVISTA

lisboa – PORTUGAL aminhacaixademail@gmail.com| https://www.facebook.com/ruimaosdecenoura TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR - © rodrigo belavista

Alentejano de alma, coração e raiz, residente dos reflexos do Sado, não se chama Rodrigo – porque assim não foi registado – não vive no apelido Belavista, embora o mesmo seja a moradia da fazenda das metáforas e das analogias. O que olha, não é necessariamente o que vê, tão só o que entende. E, nesse seu entender, iniciou a emoldurar as fracções de vida fotografadas com palavras. Palavras da razão, da emoção, da alegria e da tristeza. De tudo, porque tudo assim lhe merece ser gravado na retina, mas também no preto gravado na virgem planície branca onde, nas mesmas, teima em semear. Confesso outsider das complexidades fotográficas, chama a si os cliques paridos na urgência de os escrever, oxigénio dos seus dias. E não sendo figura de citações, vive pendurado na beleza cantada de Antony & The Johnsons: ‘We live together, in a photograph of time’. O fim do fim do mundo. Três pessoas juntaram-se para assistir ao fim do mundo. Trocaram as mãos, contaram memórias de histórias vividas. Tão queridas, as três pessoas ali, na ânsia de um fim monumental. Uma, duas, três. As restantes na novela ou no cozinhar da fome. Três pessoas juntas. Ouve-se um toque a rebate. Não era hoje, adiado foi para amanhã. Amanhã tenho uma reunião, disse uma delas. Eu uma ida ao dentista, retorquiu-lhe outra. Permaneceram mais uns momentos, mãos nos bolsos e os olhos postos na beleza de um horizonte faminto. O frio a cair-lhe nos ombros. O caminho para casa fez-se em silêncio. O fim do mundo foi um falhanço, pensamento involuntário. No banco de trás daquele carro metalizado, entre curvas e sinais, alguém rasgou a cartolina de um calendário.

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Um horizonte enfadonho. Perguntaram-lhe, num dia azul sem pernas, qual a altura da sua vontade. Deixou a interrogação suspensa por um fio de nada, ajeitou as dúvidas no bolso de dentro de um casaco enxovalhado. Não se lembrava de ter sorrido naquela estação, não se lembrava da última gargalhada, não se lembrava, como quem não se lembra de uma refeição engolida nos últimos acordes de uma canção. Demorou-se o tempo preciso para anoitecer o cansaço, estaca humana de olhar envidraçado. Derreteu as gorduras de uma paciência viciada, querendo avançar para o lugar onde não estava. Já lhe doíam os passos que não dera, já lhe pesava o corte abaulado do tecido das tristes calças, sentia a nudez de estar vestido da cabeça aos pés. Não sentia remorsos por omissão. Era evidente o desprezo por perguntas cujas respostas circulavam nos pacotes de açúcar, parelhas generosas de chávenas com atitudes quentes e estados fumegantes. Aquele pensamento salivou-lhe o desejo de ter na vida uma esplanada com mesas e cadeiras de ferro, folhas de ár vores no chão, quatro mãos entrelaçadas quase por descuido. Vivia numa caixa de costura que já havia sido de seus pais, que por sua vez a tinham recebido dos seus avós, que por sua vez a tinham, não sabia bem como mas conhecia-lhe as cicatrizes por detrás da conquista. As suas janelas eram botões de tamanhos diversos, a porta um fecho de correr estragado. Era lá que arrematava as rotinas, barriga descansada em qualquer posição. Não haveria de responder, naquele azul ou noutro qualquer tom do futuro. Encostou-se aos barulhos da indecisão e, m o m e nto s a nte s d e s e to r n a r m a i s u m , a l ca n ço u o q u i nta l remendado dos pensamentos. Pestanejou e mordeu o lábio, fazendo brotar o sangue que nunca vira, na descoberta dos d i a s q u e l h e co m i a m a vo nta d e e , s a l vo m e l h o r o p i n i ã o, a mesma seria da calculada altura daqueles frios degraus.


fo to graf i a s e sc ri ta s O escorregadio amanhã. Sebastião tinha uma camisola que gostava de envergar todos os dias que podia. Pretendia usá-la até se rasgar de velha e, mesmo assim, perpetuá-la no corpo não estava fora do alcance da sua congeminação. Parece que são gostos de uma certa idade, quando aquela certeza menina de ser fica de olhos em bico e só se vê brilhante com pedaços de tecido feitos roupa, farda da diária determinação. Sebastião era uma criança igual às outras, se é que a igualdade nasceu para ser irmã da infância, palavrão tão desigual entre os pólos. Tinha acesso ao ar que respirava, tacteava as coisas tácteis que se atravessavam, pisava o chão com os pés, tal como a gravidade o tinha ensinado, certa vez. Carregava nos ombros uma sacola repleta de ilusões, já lia livros sem bonecos pintados, algo que lhe tornava os passos abstractos, ouvia músicas de uma redonda estação, jogava com os amigos a tudo o que se comprava, excepto ao berlinde, à macaca e ao pião. Andava na escola dos outros meninos e ria-se para o sol, encantado por não saber explicar o momento, a circunstância, a razão de continuar a rir. Bebia dos pais o carinho sem taxas, encostava-se ao conforto de sapatos sem graxa, comia o que não sabia de onde provinha e chateava-se em casa na peregrina ideia de querer partilhar um irmão. Tinha gripes no frio, suores no verão, tinha dois tios, avós que o beijavam na sofreguidão, tinha tempo para tudo e de tudo fazia um pátio riscado, aqui e ali atormentado por uma pequena lesão. Tinha risos para dar, lágrimas inesperadas em quedas sem licença, tinha calções para a bola e casacos gordos e quentes, cachecóis garridos e gorros com a marca da mão. Na não novidade, havia felicidade em todos os dias em que assim era, o Sebastião. Pele tisnada, velocidade de ponta nas corridas da playstation e uma colecção de cromos do clube que lhe ganhava o vício, fosse lá o que tivesse acontecido naquele fim-de-semana de perfeita ilusão. Arranjava-se para as visitas, no incómodo de se pentear e ainda não tinha aprendido a medida das certezas e muito aflito ficaria se lhe dissessem que de elas nunca ficaria certo, porque assim não nasciam, porque alguém as mudaria, porque sim e porque não. Sebastião tinha tudo para não lamentar o baile dos ponteiros no salão dos dias. A não ser aquela vez, em que tudo fez para se manter aprumado, mas de lágrimas caídas se detinha. A ouvir, quarto ao lado em parede de papelão, onde os seus pais concluíam que mais valia não lhe guardarem imagens frontais, que isto hoje em dia é uma guerra de armas escondidas em decisões escuras e mais ainda ecoava, naquelas palavras feridas de medo, ao resolverem que cada passo escorrega nas mãos de quem lhes decide o futuro. E mais, mais ainda ouvia agora, no som alterado de um dito futuro que, afinal, é um retrato que só pode ser tirado de costas e olhar virado para o perigo do chão.

Não olhar para onde já se esteve. Lá atrás residem os habitantes das escolhas, a casa memória, nem sempre alegre e plena, nem sempre. Encurta-se a mensagem: ali atrás, no presente tornado passado dos feitos, recolhes a lembrança feita de lições que agora fariam jeito. Não ceder à tentação do olhar, caminhar em frente. Ser a humana pessoa que o arrependimento não torna menor. Nessa convicção, na força de viver e tornar uma estrada mais ampla e bela, reside a diferença. A que te faz ser única, o oposto de um reles punhado nauseabundo de gente. Gentinha, adianta-te o guarda-chuva, ocupado na curva de um braço determinado, enquanto a água que não cai se esconde. Onde começa a liberdade de uns passos que apagam um estúpido tentar, ferido o erro de uma ilusão que querias fosse feliz. Ainda que os passos mal dados não se apaguem de rajada, existe a chuva que lava. Ela, quando acontecer, que os leve. Phocal Phototovisions | 11


PEDRO SARMENTO

Maia – PORTUGAL apnsarmento.santos@gmail.com| https://www.facebook.com/pedronsarmento | www.pedrosarmento.com TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR - © Pedro Sarmento

Pedro Sarmento nasceu em Seia e fez todo o seu percurso escolar em Coimbra, para onde foi viver com os seus pais ainda bebé. Viveu e cresceu no Bairro Norton de Matos, de onde saiu em 1988 para a Maia, mas onde ainda hoje mantem muitos dos seus amigos de longa data e onde volta com frequência, apra matar saudades e reviver memórias. É um apaixonado pelas artes....... fotografa, pinta, escreve, e é também um apaixonado pela arte de cozinhar, e a cozinha é um lugar onde entra com bastante frequência Sempre fotografou a nível familiar, em passeios, festas etc., apesar de ter sido sempre mais adepto do vídeo, mas foi em 2009 quando adquiriu a sua primeira Pentax que se dedicou mais a sério á fotografia, mundo cão onde conheceu gente muito boa, e gente invejosa quanto baste. Foi com muitos amigos que com frequência se encontra, que partilha momentos de máquina na mão, andando pelas ruas das nossas cidades, olhando aquilo que nunca tinha visto antes. Aprendeu técnicas, e foi com olhares atentos, persistência e muita foto realizada que hoje se considera um amador com boas fotos, e é assim que pretende ser visto, como alguém que de forma apaixonada olha a vida de forma própria através das suas objetivas. Costuma dizer que o melhor álbum de fotos que conhece.... é a sua própria memória fotográfica, onde regista as emoções da vida, as pessoas e os lugares por onde se desloca, tenta no entanto guardar também digitalmente esses pedaços de vida para futura partilha. A Fotografia é para si uma Arte maior... que merece respeito e deve ser mostrada ao mundo de forma emotiva e realista. Já realizou várias exposições colectivas e individuais no Porto, Coimbra, Lisboa, Ovar, Mogadouro e na sua cidade de acolhimento .... a Maia. Irrequieto, inovador e apaixonado pelas artes, também pelo que é “difícil” tem sempre na cabeça um novo projeto para colocar em prática e não vira a cara ás dificuldades. Street Photography - Como eu a vejo Se já alguma vez decidiu pegar na sua máquina e fazer Street Photography com toda a certeza já experimentou uma certa ansiedade. Fotografar pessoas não é fácil, dizem os entendidos que há necessidade de passarmos despercebidos, passar pelas pessoas sem que nos vejam, no mínimo sermos sempre simpáticos sorrir para as pessoas, bem mas final não deveríamos ser sempre simpáticos?? Fotografar na rua carece de alguma técnica, muito tempo nas ruas e muita descontração, pois fotografar pessoas sem a sua autorização pode não ser nada simpático. Desde que comecei a fotografar que me dedico a fazer fotografia de rua, e já tive casos curiosos, desde uma senhora com 80 e tal anos em Pitões das Júnias que me perguntou: Então vai-me tirar uma foto ou não??... Um outro caso em plenos Aliados no Porto em que um senhor 12 | Phocal Phototovisions

me viu de máquina na mão e me disse que não tinha nada que o estar a fotografar..... por acaso não estava ... mostrei-lhe as fotos tiradas e o senhor pediu desculpa e lá seguiu. Ainda um outro caso de uma senhora, teria unas quase 50 anos e que me viu fotografar na direção dela e veio ter comigo a perguntar se eu a estava a fotografar... respondi-lhe que não, que fotografava a cidade, o movimento a correria das pessoas, mas ninguém em particular, e mostrando-lhe a foto que tinha acabado de tirar onde de facto ela estava, disse-lhe que não tinha interesse especial nela ou em qualquer outras pessoas, apenas a “Vida” que me rodeava me interessava. Ela entendeu e desejou-me boas fotos sem antes lhe dar um cartão meu para que ela pudesse depois ver a foto no meu site coisa que depois fez. Mas atenção nem sempre poderá correr assim, o direito á privacidade é algo importante e tem de ser respeitadoPara mim Street Photography trata-se apesar de tudo disso.... de vida ....de movimento.... de expressões .... de momentos. As ruas das nossas grandes cidades são fantásticas para este tipo de fotografia, Porto e Lisboa a azáfama é tão grande que ninguém dá por nós, e são por isso sítios de excelência para o tema. Já tive oportunidade de fotografar em Barcelona que é outro local fantástico pleno de gente e de acontecimentos ricos em fotografia.


Na minha opinião há questões que se devem ter em conta para não haver grandes problemas ao fotografar.....por exemplo ou conseguir quase passar despercebido, ou tentar sempre ter um sorriso na cara, dar a entender que estamos ali para o bem e não como um qualquer paparazzi que vive monetáriamente da vida dos outros. Escolher locais de grande movimento, onde não há tempo sequer tempo para pensar em nós e na nossa máquina.....locais como grande praças cheias de turistas, grandes cruzamentos onde a vida se faz a correr são óptimos. Escolher o sitio e não se mexer muito, fazer de conta que lá não estamos , tentas prestar atenção ao que nos rodeia e grandes momentos acontecerão. Quando uma pessoa nos olha nos olhos muitas vezes esse é o momento ideal para uma grande foto. Tentar concentrar-nos nos detalhes á nossa volta pois muitas vezes um detalhe onde ninguém repara é o grande momento. Que material usar... bem muitos dos grandes fotógrafos usam câmaras que não estão ao alcance de todos... Leicas não são corpos para qualquer bolsa... mas qualquer das nossas máquinas DSLR’s são indicadas para aquilo que pretendemos. Muita gente acha que os 35 mm são a distância focal indicada, aquele cujo campo de visão mais se assemelha á nossa própria visão ( em câmaras de 35mm seriam os 50 mm) e que por isso usar aquela lente é como ver com o nosso próprio olho. No entanto muitas vezes utilizei outro tipo de lentes, sei que muita gente utiliza lentes do tipo 50-200mm porque lhes permite alguma segurança em estar longe do motivo a ser fotografado.... se se sentem bem assim óptimo, desde que coloquem emoção e gosto naquilo que fazem.....mas na minha opinião o indicado é de facto 24mm que nos casos das DSRL’r são os 35mm na maioria ( Pentax e outras ) os 35mm, 50mm e até 85mm. A Samyang tem por exemplo uma lente 85 mm fabulosa que apenas tem como contra, se é que se pode chamar contra ser de focagem manual. Phocal Phototovisions | 13


Em fotografia de rua é muito importante também o contra luz, as névoas o final de dia. Nestas situações de pouca luz nada como abusar nos IOS’s altos... a maioria das máquinas mais recentes permitem utilização de ISO’s altos, 1600 e mais, já fiz fotos com ISO 3200 com muito bons resultados. A utilização destes valores de ISO permite a utilização de velocidades mais altas e imagens de rara beleza. Tem grão?? Se calhar sim mas eu tenho um amigo meu que diz que o grão existe na fotografia não há como o negar. Depois fotografia de rua pode ser muito abangente, uma foto dentro de um café, uma estção de metro etc pode ser uma imagem fantástica, por isso as possibilidades são imensas para se poder ter sucesso. Numa pesquisa que fiz na ner sobre o tema, encontrei uma artigo curioso que fala nos cinco F’s que regem este tipo de fotografia: “Finding” “Figuring” “Framing” “Focusing” “Firing” que significa basicamente “encontrar o motivo” , “ perceber o que fazer” “ enquadrar” “ focar” e finalmente “disparar” obtendo uma imagem de qualidade, e tudo isto é algo que por vezes se mistura numa fração de segundos, é a diferença entre fazer uma grande foto ou perder uma grande oportunidade. Diz o autor que tentei encontrar de novo e não consegui que isto não é propriamente uma receita de culinária, mas que pode ajudar se seguirmos estes 5 passos com muita atenção. Acima de tudo, e para mim facto primordial, é gostar daquilo que fazemos, para mim fotografia á arte e depende muito do gosto pessoal de cada um. Já vi fotos de grandes fotógrafos que não dava nada por elas, e certamente eles não dariam nada por algumas minhas que eu tanto adoro, mas eu sinto-me bem com o meu trabalho e eles também é isso que é importante. Toca a ir apra a rua, com ou sem chuva e Boas Fotos. 14 | Phocal Phototovisions


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SARA CONSTANÇA Lisboa – Portugal info@saraconstanca.pt | saraconstanca.pt | facebook.com/saraconstancaphotography TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR - © Sara Constança

Streat Photography em São Tomé e Príncipe é no mínimo sui generis. As praias, as cascatas… as montanhas e os picos, a luxuriante vegetação… abafam completamente tudo o resto. A densidade daquele verde após verde é tal que se torna tudo monocromático, com imensas variações de tons, numa intensidade que só se conhe-ce ao preto e branco. Uma escala de cinzentos tão rica como as gentes que vivem do seu fruto maduro. Em São Tomé não há pobreza.

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Fotografar nesta terra é, para mim, uma experiência única de entrega total ao entusiasmo das cores que se reflectem cá dentro, no fragor da imaginação. Nesta edição optei por me desviar um pouco do que considero ser o tema da Phocal 13, a primeira do Grande Ano Platónico que começa agora. Não deixo de seguir e respeitar o género, dentro do que se torna possível num desafio como este, posterior à viagem. Faço-o, contudo, numa elegia confessada ao verde, ainda que muitas vezes nas tonalidades do mistério. Fotografia de viagem pelas ruas da terra dos sentidos.


Estive pela segunda vez no paraíso do Atlântico Este, em meados de Novembro passado. Notei mudanças, grandes mudanças desde a primeira visita, no início de noventa, mas uma coisa mantém-se tal como es-

perava: a minha vontade de regressar. Constante melancolia do futuro. Nessa primeira viagem descobri que o paraíso é inefável, tal como são as emoções do poeta, que ao não conseguir dizê-las, fala por enigmas.

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Esta ilha ĂŠ um lugar em que faltam as palavras. O azul do cĂŠu e do mar sĂŁo indistintos e misturam-se com o verde

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das plantas, no espĂ­rito da ĂĄgua que se transforma em ĂĄrvores rodopiantes do ritmo e da alegria desta gente feliz.

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JOÃO FITAS Matosinhos – Portugal joao.fitas@gmail.com| https://www.facebook.com/joao.fitas Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor - © João Fitas “João Fitas nasceu em Matosinhos, em 1972, e reside em Vila do Conde. Longos anos se passaram desde a sua primeira câmera, uma Kodak Ektra 12, companheira de passeios de escola primária. Regressou à Fotografia após longo hiato, tendo agora interesse particular em fotojornalismo, fotografia documental e de arquitetura. Frequenta o Curso Profissional do Instituto Português de Fotografia, no Porto. Expôs fotografia e multimédia no Porto, Gaia e Braga.” Algures entre o passado e o futuro, a fotografia de rua é um testemunho dos dias que correm, das banalidades incomuns, dos não-factos significativos aos olhos de transeuntes especiais – os fotógrafos. Com uma ligação tradicional ao ambiente urbano, este género de fotografia busca uma proximidade às pessoas e aos espaços que as circundam ou encerram, descobrir como se relacionam neste ambiente comum, mas sobretudo como se podem relacionar visualmente perante o olho diafragmático que, discreto ou audaciosamente presente, interpreta e regista. Por hábito, decorre de uma procura, de frequentes e intermináveis incursões e excursões, do apelo irrecusável da condição humana dos outros, que inevitavelmente partilhamos, e onde nos encontramos, tão frequentemente, a nós próprios - as formas e as geometrias, as cores e os reflexos, são apenas pretextos para chegar lá.

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Por vezes, é-se turista à porta de casa. No final, cada imagem vinda da rua, seja de uma grande cidade ou de uma minúscula aldeia, vai mostrar-nos algo sobre quem e o que fotografamos, mas mostra muito mais do que nós somos. Mas a fotografia de rua não vive apenas das casualidades: como noutros géneros de fotografia, também há lugar à narrativa, ao conceito. Assumindo uma postura mais contemporânea, exploram-se em séries de fotografias os padrões de comportamento, as rotinas, o déjà-vu. Se há histórias que cabem numa só imagem, há também histórias que se desdobram e se soltam das sequências de imagens desconexas. Tantas vezes vista como uma reminiscência do passado, a fotografia de rua persistiu e projectou-se no futuro. À boleia de um sempre crescente número de “novos fotógrafos”, tanto os que simplesmente se encontram munidos de câmeras fotográficas cada vez mais omnipresentes (a visão de Edwin Land de uma câmera do tamanho de uma carteira e sempre pronta a usar cumpre-se hoje num simples telemóvel), mas também pelas novas gerações de Fotógrafos, como Matt Stuart, Felix Lupa ou Nick Turpin, influenciados pelas abordagens realísticas, humorísticas e até mordazes de Martin Parr ou Richard Kalvar, não deixando de consagrar (seguramente com uma vénia) os pais do género: Atget, Bresson, Erwit ou mesmo Rodchenko. À medida que a Humanidade se expande e evolui (nem sempre positivamente), haverá por certo, por essas ruas e caminhos, um clique mecânico a responder a um impulso emocional que perpetuará um instante irrepetível e especial.


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SARA BENTO Carcavelos – Portugal sbento.photo@gmail.com | https://www.facebook.com/sara.bentophotography Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor - © Sara Bento Sara Bento conviveu com a fotografia desde cedo, graças à paixão de fotografar que lhe foi transmitida pelo pai, também fotógrafo amador. Aos 10 anos recebeu a sua primeira máquina, uma Agfa, que a acompanhou para todo o lado. Durante a adolescência, com uma velhinha “Konica Reflex T”, deu largas à sua criatividade e evoluiu tecnicamente, sempre como auto-didacta. Daí, passou para Nikon, marca que ainda hoje a acompanha. Fotografou muito no tempo do analógico e foi aí que “cresceu”. Quando surgiu o digital, alheou-se um pouco da fotografia, porque esta lhe pareceu ter perdido a aura mística... mas nunca a perdeu de vista... No final de 2011, com a compra da sua primeira reflex digital, voltou a abraçar a fotografia e a reaprendê-la. Gosta de lembrar que é fotógrafa amadora e sempre o será, pois “amador, é aquele que ama”. Acredita que a fotografia é um amor, uma paixão indescritível, um desejo incontrolável de “pintar” o mundo com a “nossas cores”. O Inverno cinzento de Lisboa Lançado o tema deste mês, “Street Photography”, lembrei-me imediatamente da minha Lisboa! Chamo-a de minha, apesar de não ser a minha cidade natal, embora a sinta como minha! Lisboa é uma cidade fotogénica, elegante e cosmopolita, dona de uma luz muito peculiar, que aprendemos a apreciar e val-

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orizar ainda mais, quando viajamos para outras cidades. Mas, face ao repto, tracei o desafio de fugir a esse lado fotogénico de Lisboa e coloquei como objectivo, observar o quotidiano da cidade e das pessoas que nela se mexem e vivem. Decidi chamar-lhe a reportagem sobre o Inverno cinzento de Lisboa. Pelos bairros em que me movimentei deparei-me com uma grande diversidade de ambientes... Na Baixa pululavam os turistas frenéticos com as suas máquinas em riste, tentando captar postais dos belos monumentos. Talvez por isso mesmo, é ainda um dos locais onde se encontram os ofícios mais emblemáticos da Lisboa antiga: os vendedores de castanhas, as vendedoras de flores do Rossio, os engraxadores, também estes adaptados ao novo estilo de vida – um deles apresentou-me um cartaz, onde em 6 línguas fazia saber o módico preço cobrado por cada fotografia: 10€, valor bem ao estilo da nova realidade “troikada”... mas também me deparei com ofícios mais recentes, umas senhoras da politicamente correta chamada “etnia itinerante” que vendiam óculos de “marca” pelas ruas, enquanto olham para todo lado à procura dos fiscais... os carteiristas, sim, esses certamente também por lá andariam... vi os pedintes, cada vez mais, a avolumarem-se pelas ruas, portugueses e estrangeiros, novos e velhos, uns maltrapilhos outros bem vestidos e com cartazes contando as suas razões... ironicamente, ou não, à porta da Loja do Cidadão, um vulto dormindo na soleira do prédio, ainda imóvel e coberto com mantas, já o dia estava bem alto, esse homem parecia estar divorciado do mundo dos “Cidadãos”, que se movimentam à sua volta... Uns passos ao lado, o Chiado, bonito, agitado e muito


“trendy”... cheio de gente pelas ruas, um local onde mais se sente a frenética veia de uma cidade que aproveita o seu tempo ameno e passeia pelas ruas. Passei também por zonas de escritórios, onde vemos o fervilhar das pessoas que rumam aos seus trabalhos, que nem formiguinhas, por entre o cinzento do Inverno que também aparece por Lisboa, onde também nos cruzamos com os trabalhadores das poucas obras que ainda sobram e que marcam a sua actividade de forma contínua e ritmada. Vi novamente nascer murais de protesto, já sem a arte de outros tempos, agora marcados pelo grafismo, ou por simples frases de ordem, apelos a greves e vernácula indignação. Vi na minha cidade de tudo um pouco, a beleza, o movimento, a mágua, a tristeza, a réstia de esperança que tanto marcaram este Inverno e que a pintaram de um cinzento que teima em não querer passar.

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FERNANDO PIRES COELHO Moita – Portugal fernandopirescoelho@gmail.com | http://www.facebook.com/FernandoPcStreetPhotography | http://fernandopc.500px.com/ Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor - © Fernando Pires Coelho “Um admirável mundo novo à distância de um “click”” O meu interesse pela Fotografia de Rua nasceu recentemente, em Maio de 2012 após um workshop em Lisboa e muita leitura, e desde então tenho percorrido com frequência as ruas de Lisboa à procura dos tais momentos decisivos, principalmente humorísticos, irónicos, ou de locais onde conjugar a geometria ou arquitectura com a forma humana pode dar bons resultados. Profissionalmente sou engenheiro químico e consultor na área do tratamento de águas e tenho a fotografia como hobby há vários anos, tendo-me inicialmente dedicado à fotografia de paisagem durante o crepúsculo ou a noite, com as habituais longas exposições , e à fotografia macro. Nessa ocasião usava uma SLR da Canon (7D), com lentes pesadas, como a Sigma EX f/2.8 de 17-50mm e a Tamron f/2.0 de 60mm, muitas vezes montadas sobre um, também, pesado tripé. Durante essa minha “anterior vida fotográfica” consegui algum reconhecimento quer em sítios de partilha, quer em algumas revistas de grande tiragem, mas, na realidade, nunca me senti realmente satisfeito com aquilo que produzia, talvez porque os motivos eram na maioria das vezes inertes, sem a presença humana ou do olhar humano. Em meados de 2012 e após ter comprado a minha leve, discreta e versátil Fujifilm X10, nunca mais parei de fotografar de forma regular e habitualmente consigo produzir o suficiente para publicar, de forma religiosa, uma fotografia de rua por dia.

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Este é um objectivo importante que nos obriga a ir para a rua de forma regular. Praticar é sem dúvida a melhor forma de evoluir e apreender. Entre outras, um das vantagens da fotografia de rua é que se nos sentirmos com a disposição certa e tivermos a sorte de viver num local agitado como Lisboa, na maioria das ocasiões basta sair, andar umas horas e os momentos acontecem. Temos sempre à nossa disposição personagens, cenas e lugares interessantes, se entretanto fizermos uso de algumas técnicas e, mais importante, se treinarmos o nosso olhar e disponibilizarmos tempo para nos focalizarmos em tudo aquilo que nos rodeia.


As minha principais inspirações contemporâneas são os trabalhos de: Rui Palha - http://ruipalha.fineart-portugal.com Thomas Leuthard - http://www.thomasleuthard.com. O primeiro porque a maioria das fotografias são feitas em Lisboa, sendo muitas delas verdadeiras obras de arte em que a fotografia de rua se funde com a Fine Art, e o segundo porque para além de talentoso com os seus magníficos retratos de

rua tira imenso prazer da partilha que faz do conhecimentos que têm e vai adquirindo neste tipo de fotografia, tendo já publicado vários e-book gratuitos. Pessoalmente procuro realizar fotografias que sejam dramáticas, com um certa atmosfera noir inspirada no cinema da época do expressionismo alemão e tenho preferência pelos dias de chuva ou com nevoeiro e, no sentido oposto, por alturas do dia com o sol forte onde procuro contrastes acentuados.

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JORGE JACINTO Lisboa – Portugal jorgejacintofoto@gmail.com |https://www.facebook.com/jorge.jacinto.14 Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor - © Jorge Jacinto Jorge Jacinto, é fotógrafo profissional há mais de 40 anos, nasceu em Coimbra ( Sé Nova) em Março de 1944. Iniciou-se nos anos 60 na Revista “Estúdio” , (Grupo Diário de Noticias) onde se manteve durante dez anos, até ao desaparecimento do título. A seguir, colabora também nas mais diversas revistas ligadas ao Mundo do Espectáculo: “Plateia”, “Música & Som”, “Alcance”, “Ela-Donas de Casa”, “Tele-Semana”,”Tv-Top”,etc. Premiado em diversos certames fotográficos, já expôs, individual e colectivamente, por todo o País e no Brasil. Desde 1980, é Jornalista ( Repórter-Fotográfico) da revistas “Tv Guia”, “Flash”, “Tv Guia Novelas” do grupo Cofina . Colaborou igualmente nas revistas de fotografia “Foto Digital” e “Foto Plus”. Atribulações de Uma Viagem por Avião - RUMO BRASIL Quando s e pensa em viajar para fora de Portugal, a coisa complica-se assim que chegamos ao aeroporto (onde é que já li isto?), as bagagens, (incluindo o es tojo fotográfico completo), que vai sempre junto a nós, a segurança, a espera, os atrasos, e por aí adiante... Depois de feito o “check-in”, ficamos a deambular horas intermináveis pelos corredores, salas de espera, e re sta u ra nte s d o a e ro p o r to, f i n a l m e nte o u v i m o s u m a voz do “além”; Senhores passageiros do voo Omega 138, rumo ao Rio d e J a n e i ro, é fav o r e m b a rc a r n a p o r t a 6 2 , m o m e n tos depois ouvimos centenas de passos em direcção á refe r i d a p o r ta , e d e re p e nte l á f i ca m o s n ó s o u t ra vez em “stand-by ”, o que pensa o normal passageiro; bem vou ler mais um livro, e um repórter-fotográfico o que faz? Artilha a máquina fotográfica com a lente mais pequen a , p a ra n ã o d a r n a s “ v i sta s ”, e to ca a d i s p a ra r e m

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todas as direcções, alguém ao nosso lado diz; mas não é proibido fotografar? Fazemos “orelhas moucas”, mas sempre atentos a olhares indiscretos, depois de fazer o primeiro shot, a dita recusa-se a parar, nem mesmo em pleno voo, nem á chegada, nem na espera do 2º voo (algumas pessoas tentam dormitar nas cadeiras e bancos existentes, afinal é de madrugada!) nem no restaurante, finalmente va m o s c h e ga r a o d e st i n o p rév i a m e nte e sta b e l e c i d o, mais uns “shots” para se ver o avião, fila para mostrar os passaportes, vemos alguém conhecido, e “pimba” novo “boneco”.. A máquina continua endiabrada. Vamos chegar ao hotel já de dia, vemos um pouco da cidade (Rio de Janeiro é linda…) a praia com os artis tas das esculturas de areia, a azáfama do dia-a-dia, a “madame” que passeia o cão, o vendedor de pulseiras, a cidade de Deus, o bairro da Tijuca, vemos o Pão de Açúcar do morro do Cristo Redentor (agora uma das novas maravilhas do Mundo). A l u z n ã o é a m e l h o r p a ra a s fo t o s , c o l o c a m o s u m polarizador, pode ser que a coisa se safe…


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AFONSO CHABY Lisboa – Portugal info@saraconstanca.pt | facebook.com/saraconstancaphotography www.saraconstanca.pt Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor - © Sara Constança Afonso porquê a fotografia como hobby e não um outro qualquer? Mais que um simples hobby, a fotografia apaixonoume desde que me deram um “caixote” Kodak por volta dos meus 11 anos. Desde essa altura fui sempre fotografando e a minha evolução foi-se fazendo. Recordo a q u i a l g u n s m a rco s i m p o r ta nte s , co m o p o r exe m p l o a passagem aos 35mm através da minha primeira Canon , uma Canon Canonnet, a minha primeira SLR , uma Pentax Spotmatic 1000 e mais tarde o regresso á C a n o n co m u m a EO S 1 0 0 a i n d a a n a l ó g i ca . D ep o i s foi a descoberta do Digital e da possibilidade de controlarmos todo o processo fotográfico de uma forma p rát i ca e s i m p l e s . To d o e ste p e rc u rs o fe i to s e m p re co m mai s o u men o s d i sp o n i b i l i d ad e d e temp o, mas sempre com paixão e total amadorismo. Para ti uma boa fotografia o que é? Têm que trans mitir algo em especial... ter história por exemplo? U m a fo to g raf i a , p a ra q u e e u go ste ve rd a d e i ra m e nte dela, não pode ser só uma imagem mais ou menos p e r fe i t a t e c n i c a m e n t e . Te m q u e t e r q u a l q u e r c o i s a que me emocione. A tecnologia é sem duvida importante, mas o seu papel no processo fotográfico é o de ajudar o fotógrafo a realizar, com qualidade, a imagem que concebeu. Se essa imagem, porém não tiver originalidade cria tiva, se não transmitir beleza estética , se não criar u m i m p a c t o e m o t i v o a q u e m a v ê , n u n c a s e rá p a ra mim, uma grande fotografia. Fotografia de ru a.... o que te entusiasma neste tipo de fotografia? Aprendi a gostar deste género de fotografia a ver as obras de, entre outros, Cartier-Bresson, Robert Do isneau e o nosso Rui Palha. Uma boa fotografia de rua

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tem, no meu entender, de descrever um momento que nos impressione , seja por uma atmosfera que excite o n o s s o i m a g i n a r i o , s e j a p e l a e m o çã o q u e p e s s o a s que nela habitam nos causaram. Em certa medida, a fotografia de rua é a maneira que o fotógrafo tem de contar histórias. Como vês o panorama nacional, temos bons fotógra fos ou é preciso olhar lá para fora? Não acompanho suficientemente o panorama da fotografia em Portugal para emitir uma opinião abalizada sobre este assunto. Conheço alguma da obra de excelentes fotógrafos p o rtu g u es es co mo, p o r exemp l o, o Ru i Pal h a , o Jo el Santos, o Paulo Nozolino, o Jorge Molder sem esq u e c e r o b v i a m e n t e o E d u a r d o G a g e i ro, m a s h av e rá c e r ta m e nte m u i to s m a i s q u e m e re c e r i a m u m a refe rência, nomeadamente alguns dos que têem sido apresentados aqui na revista com inegável qualidade . N o e nta nto o co n h ec i m ento q u e ten h o , a co m p a n hado com o grande e crescente entusiasmo que sinto haver em Portugal pela fotografia, leva-me a acreditar que o panorama da fotografia no nosso país está de excelente saúde. S o b r e a Rev i sta , o q u e a c h a s d e ste p r o j eto e m te rmos de fotografia amadora, qualidade da revista impressão etc? J u l g o a P h o c a l u m a e xc e l e n t e r e v i s t a d e fo t o g ra f i a colocando-a ao nível do que melhor que existe no panorama editorial da especialidade. Considero, além disso, um verdadeiro milagre editorial, tendo em con ta os escassos meios com que é feita e a qualidade constante que tem apresentado em todos os números já produzidos. Um trabalho magnífico de que te podes orgulhar com todo o merecimento.


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ANTONIO CAETANO Caldas da Raínha – Portugal antoniopcaetano@hotmail.com | http://www.facebook.com/#!/antoniopcaetano | http://www.facebook.com/foto.by.Acaetano?ref=hl#!/foto.by.Acaetano

Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor - © Antonio Caetano

António Caetano porquê a fotografia como hobby e não um outro qualquer? A fotografia preenche-me uma lacuna, é o gosto pelas artes em si, o facto de poder mostrar ao mundo a minha maneira de olhar, já tive vários hobbys e continuo com alguns, mas, nenhum me preenche como a fotografia. Para ti uma boa fotografia o que é? Têm que transmitir algo em especial... ter história por exemplo? Para mim uma boa fotografia tem de se olhar para ela e ficar “preso” , o ter vontade de voltar a ver, e ter sentimento do autor, não ser apenas mais uma imagem… Fotografia de rua.... o que te entusiasma neste tipo de fotografia? O facto de se poder retratar o quotidiano das pessoas, o

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movimento, o poder mostrar expressões, mostrar o stress em que se vive. Como vês o panorama nacional, temos bons fotógrafos ou é preciso olhar lá para fora? Nos temos muito bons fotógrafos amadores e profissionais no nosso país, falta-nos, a todos nós, valorizarmos o que é nosso, não precisamos de “importar” imagens do estrangeiro, precisamos de dar valor aos nossos fotografo nacionais. Sobre a Revista, o que achas deste projeto em termos de fotografia amadora, qualidade da revista impressão etc? Acho este projeto muito bom, com qualidade de impressão. Acho um projeto muito importante para nós amadores dar-mos a conhecer-nos, e é preciso que todos nós, fotógrafos , ou não, darmos apoio a projetos como este.


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ANTÓNIO FERNANDES Lisboa – Portugal ajfc35@gmail.com | fhttp://www.facebook.com/#!/AntonioFernandes.Photography http://ajfc35.wix.com/antoniofernandesphotography Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor - © António Fernandes António Fernandes, porquê a fotografia como hobby e não um outro qualquer? Porque é através da fotografia que consigo mostrar aqueles pequenos detalhes, aqueles momentos únicos, aquela sombra naquele preciso dia, aquele descuido ou a simples necessidade de guardar uma recordação que sem registo fotográfico jamais será lembrada. A fotografia guarda para sempre, sem qualquer adulteração, a imagem que queremos recordar. É um hobby único. Para ti uma boa fotografia o que é? Têm que transmitir algo em especial... ter história por exemplo? Uma boa fotografia tem que obviamente transmitir algo, não se trata de técnica ou profissionalismo, trata-se de provocar emoções e de conseguir “tirar” uma reação a quem vê a fotografia. Todas as fotografias têm uma história, que na maioria das vezes é a história de quem a tira e não de quem a vê. A fotografia perfeita, para mim, é aquela que consegue fazer alguém olhar pelo menos duas vezes. Quando isso acontece é porque a fotografia foi “provocadora”.

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Fotografia de rua.... o que te entusiasma neste tipo de fotografia? A espontaneidade e as in quantificáveis oportunidades de registar momentos, imagens, sentimentos, situações… Como vês o panorama nacional, temos bons fotógrafos ou é preciso olhar lá para fora? Temos bons profissionais e temos, acima de tudo, muitos amadores que abraçam a fotografia com alma. Basta organizar um pequeno evento de fotografia e logo aparece um punhado de gente ávida de aprender e partilhar experiências e técnicas. Os amadores são autênticos profissionais quando se trata em participar. Sobre a Revista, o que achas deste projeto em termos de fotografia amadora, qualidade da revista impressão etc? Excelente, fiquei muito surpreendido… mas conforme a minha resposta anterior, os fotógrafos amadores são resilientes e empenhados no que fazem e fazem-no muito bem!


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ARMANDO ROMÃO Almada – Portugal armando3562@hotmail.com | https://www.facebook.com/armando.romao.3 Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor - © Armando ROmão Armando Romão porquê a fotografia como hobby e não um outro qualquer? Fotografo para aprender a olhar o mundo, como uma criança. Compartilhar o meu olhar é uma tentativa de despertar o olhar dos outros. Para ti uma boa fotografia o que é? Têm que transmitir algo em especial... ter história por exemplo? Penso que, antes de mais, o que distingue uma boa fotografia é a sua originalidade. Note-se que esta originalidade não significa necessariamente que o objecto fotografado seja original; é possível fazer fotografias originais a partir de objectos que toda a gente já viu e outra tanta fotografou. Basta uma perspectiva diferente, uma composição interessante, um enquadramento mais dinâmico, para que a fotografia resulte e possa ser considerada original. Lembremo-nos que segundo o grande Garry Winogrand “tudo é fotografável”. A questão é que consigamos encontrar um ângulo novo de ver as coisas, algo que interesse e que jogue com a mente de quem vê a fotografia. Aqui ajuda ter noções sólidas de composição e enquadramento: uma fotografia de um objecto tal como ele é, de frente ou de um ângulo demasiado óbvio, pode ser a coisa mais fastidiosa do mundo; é um documento, mais nada! Pode o tema ser importante ou esteticamente agradável, mas este facto não é suficiente para fazer a fotografia ascender à categoria de arte. Se quisermos usar um exemplo extremo, a diferença que vai de uma fotografia cujo objecto é demasiado óbvio e outra mais desafiadora para a inteligência de quem vê, é a mesma que existe entre erotismo e pornografia; por vezes o mero vislumbre de uma porção de pele é mais estimulante do que a nudez frontal, porque desperta um processo intelectivo – a imaginação. É necessário jogar com os sentidos e sobretudo com a inteligência e a subtileza de quem vê a fotografia. As fotografias com demasiado impacto visual de que hoje tanto se abusa, como aquelas que vemos carregadas de manipulação e muitas das que são feitas com a técnica HDR, apenas perduram durante uns momentos; as que necessitam de ser interpretadas, que nos deixam a pensar qual seria a intenção do fotógrafo – o que ele nos quis dizer com a fotografia – são aquelas que perduram. Acima de tudo, a boa fotografia é aquela que perdura pelo seu significado para além do impacto visual imediato, isto no plano mais imediato da definição, pois sei que é muito difícil, porque implica o uso de conceitos altamente subjectivos, definir uma fotografia – ou qualquer criação da mente humana – como arte, mas arrisco-me a dizer que é quando a imagem nos leva a abstrair do seu objecto e obriga a procurar significados para além deste que uma fotografia se cumpre enquanto criação artística. E esta é incindível do seu criador pelo que o requisito da subjectividade – entendida aqui como uma emanação da mente 44 | Phocal Phototovisions

do fotógrafo com o seu modo de ver o mundo implícito na criação – me parece essencial para definir uma criação artística. Fotografia de rua.... o que te entusiasma neste tipo de fotografia? Fotografia de rua é um tipo de fotografia documental que apresenta temas ou situações dentro de locais públicos ou apenas nas ruas. A prática desse estilo envolve técnicas de fotografia que acabam por mostrar a vida como ela realmente é, como se desenvolve a sociedade, sua imagem reflectida. Existem vários estilos estéticos distintos nos fotógrafos praticantes desta área fotográfica. No meu caso procuro flagrantes irónicos, bem como personagens expressivos e assim produzir retratos inseridos numa espécie de cenário do mundo real. Como vês o panorama nacional, temos bons fotógrafos ou é preciso olhar lá para fora? Com o advento da era digital, a expansão da fotografia em Portugal e não só, fez que surgissem bons fotógrafos; infelizmente o mercado português, por ser reduzido, não permite que se conheçam e deem trabalho aos mesmos; assim, de quando em vez, vemos fotógrafos portugueses ganharem prémios no estrangeiro, e outros tantos a serem reconhecidos pelo trabalho que executam em diversos países enquanto emigrantes. Sobre a Revista, o que achas deste projeto em termos de fotografia amadora, qualidade da revista impressão etc? Sendo uma revista feita por amadores e para amadores sem intuitos de abrangência comercial parece-me, por aquilo que vi nalguns números da revista, ter uma boa qualidade gráfica. O seu conteúdo tem vindo a melhorar de número para número. Apenas deixo aqui uma sugestão para que novas rúbricas possam surgir, por exemplo, artigos de teoria geral da fotografia, e uma maior selectividade nas fotos, bem como nas suas dimensões.


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CARLA QUELHAS LAPA Lisboa – Portugal carlalap@gmail.com - https://www.facebook.com/carla.quelhaslapa Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor - © Carla Quelhas Lapa Carla porquê a fotografia como hobby e não um outro qualquer? A fotografia transporta-me para outra dimensão. É um hobby calmo. Faz-me estar em contacto, de uma maneira diferente, com tudo o que está ao meu redor. É uma fuga ao stress e à agitação do dia a dia. Para ti uma boa fotografia o que é? Têm que transmitir algo em especial... ter história por exemplo? Aqui está uma pergunta complexa, que muitas vezes também me interrogo. Penso que uma boa fotografia é fruto de um conjunto de fatores. Mas primeiro de tudo a fotografia tem que transmitir algo especial a quem tira e a quem vê. “Uma boa fotografia é aquela que abre a nossa imaginação e nos traz emoção” - Martine Franck

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Fotografia de rua.... o que te entusiasma neste tipo de fotografia? A fotografia de rua tem muita presença humana (de forma implícita ou explicita) que não é a minha preferência. Prefiro o que a natureza nos dá e transmite - um mundo de sensações infinitas! Como vês o panorama nacional, temos bons fotógrafos ou é preciso olhar lá para fora? Temos bons fotógrafos, ótimos fotógrafos. Estamos a atravessar uma altura em que não se valoriza a arte. Esta, no nosso país, neste momento não é uma prioridade. Sobre a Revista, o que achas deste projeto em termos de fotografia amadora, qualidade da revista impressão etc? É um excelente projeto para promover e incentivar os amadores, amantes da fotografia, tal como eu. Bons cliques e sejam felizes!


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CARLA SANTOS Lisboa – Portugal carla.alexandra40@hotmail.com - https://www.facebook.com/carla.santos.77985 Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor - © Carla Santos Carla Santos porquê a fotografia como hobby e não um outro qualquer? Desde que me lembro que gosto de fotografia. Até que no ano passado decidi investir algum dinheiro e comprei uma máquina “a sério”. A partir daí a fotografia ganhou uma nova dimensão para mim. E descobri-me. Quando fotografo sinto uma paz interior. Consigo momento únicos, só meus. Para ti uma boa fotografia o que é? Têm que transmitir algo em especial... ter história por exemplo? Uma fotografia imortaliza um momento. Um momento que não se repete e que pode ser visto e revisto. As minhas fotos mostram a forma como vejo o mundo. O nosso mundo. Fotografia de rua.... o que te entusiasma neste tipo de fotografia? A fotografia de rua foi um desafio que me foi lançado e que decidi agarrar. Confesso que nunca me tinha dedicado a esta área, mas acabou por ser uma boa surpresa. Como vês o panorama nacional, temos bons fotógrafos ou é preciso olhar lá para fora? Pelo que tenho observado cada vez mais temos bons fotógrafos e a rede do Facebook veio contribuir para a divulgação de trabalhos fabulosos. Sobre a Revista, o que achas deste projeto em termos de fotografia amadora, qualidade da revista impressão etc? É uma Revista recheada de Grandes Fotógrafos e com uma grande qualidade de impressão e é para mim um privilégio muito grande fazer parte desta edição.

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Carlos Cardoso Baracarena – Portugal carlos_dlux@hotmail.com - https://www.facebook.com/DLuxPhotography http://d-luxphotography.blogspot.pt/ e https://d-lux.jux.com/ Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor - © Carlos CArdoso Carlos Cardoso porquê a fotografia como hobby e não um outro qualquer? Este hobby foi-me “pegado” por outros colegas de trabalho, fotógrafos profissionais como 2ª profissão, e que aos poucos me apresentaram o seu trabalho. Eu fui então experimentando e constatei que a fotografia deixa me realizado pois retenho e crio imagens e que desejo partilhar. é um hobby que gosto de fazer sozinho pois relaxa-me por ser um escape. Em conjunto com outros fotógrafos torna-se um ponto comum para o convívio e para socializar e troca de experiências. é um hobby muito completo e muito recompensador Para ti uma boa fotografia o que é? Têm que transmitir algo em especial... ter história por exemplo? Para mim uma fotografia pode ser tirada por qualquer pessoa e tem de, sobretudo, dizer alguma coisa a quem a tirou. se a mesma depois passará a dizer algo a mais pessoas melhor, mas tem sobretudo de dizer algo a quem a capta e deixar essa pessoa realizada e recompensada pela fotografia. As fotos por norma contam uma história a quem a tira e posteriormente a quem a vê e se identifica com ela. Fotografia de rua.... o que te entusiasma neste tipo de fotografia? As pequenas histórias, situações e vidas que com as nossas fotos contamos, mostramos e testemunhamos. è algo muito genuíno, muito terra a terra e muito “in your face”. A s melhores fotos que já vi são de facto street photograhpy, seja nas ruas de Portugal, nos teatros de guerra, em locais onde impera a alegria. A amplitude de emoções e histórias na street photography é enorme. Como vês o panorama nacional, temos bons fotógrafos ou é preciso olhar lá para fora? Para dar alguns exemplos, o Rui Palha, o Rui Pires, o Miguel Claro (astro fotógrafo) e o Joel Santos são excelentes fotógrafos cujo trabalho fala perfeitamente por si e não, não precisamos de ir buscar talento fotográfico ao estrangeiro.

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Sobre a Revista, o que achas deste projeto em termos de fotografia amadora, qualidade da revista impressão etc? Acho uma excelente iniciativa que incentiva á criação de comunidades com algo em comum, partilha de fotos e experiencias e a revista é uma extensão disso mesmo, sendo como que um reconhecimento do bom trabalho dos profissionais e amadores associados a esta iniciativa


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João Antonio Esteves Castanehira do ribatejo – Portugal estevesjoao751@gmail.com - https://www.facebook.com/joao.a.esteves.5 Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor - © João António Esteves

João Esteves porquê a fotografia como hobby e não um outro qualquer? Bem, claro que para mim a fotografia é um hobby, mas tb um querer, um sentimento e uma paixão ao mesmo tempo um congelamento do momento para mais tarde recordar. Fotografar é liberdade é sentir é olhar com outros olhos de ver um pormenor escondido e sacar aquele momento único Já tive outros obviamente, como tocar guitarra e tocar em bandas, mas a idade avança e tb infelizmente por vezes estou parado, sem trabalho e isso fez-me entregar mais a este hobby de fotografar ,para não entrar em parafuso como se costuma dizer na gíria. Para ti uma boa fotografia o que é? Têm que transmitir algo em especial... ter história por exemplo? Para mim uma fotografia pode ser tirada por qualquer pessoa. A fotografia pode ser controversa, uns gostam de cores quentes, outros de cores frias. Eu gosto de me sentir bem...sei lá, aliviado não sei se será a resposta adequada , mas como disse em cima, é liberdade ,é um outro olhar e um sentimento único, é respeitar o ambiente e os animais, aprende-se muito neste hobby desta arte de fotografar mesmo sendo amador todos temos sempre algo

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por aprender e fotografar é aprender, um sentimento muito próprio do seu enquadramento. Fotografia de rua.... o que te entusiasma neste tipo de fotografia? A fotografia da rua por sua vez ,é indiscutivelmente um congelamento desse próprio momento em que passamos e ckik senão já era passou, é mostrar o dia a dia das pessoas e a sua labuta constante, nesse preciso momento e a fotografia marca esse instante, Como vês o panorama nacional, temos bons fotógrafos ou é preciso olhar lá para fora? Não é de maneira alguma ir para fora para se arranjar bons fotógrafos eles estão aqui, tem-se visto esse trabalho em revistas e outros eventos. Sobre a Revista, o que achas deste projeto em termos de fotografia amadora, qualidade da revista impressão etc? Excelente muito bem elaborada, organizada e muito boa de qualidade. Para revista Amadora está de parabéns, não ficando a traz das que se dizem profissionais


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JPEDRO MARTINS Vila do Conde – Portugal martinspedrojose@gmail.com | http://www.facebook.com/jpedro.martins.5 - www.jpedromartins.com Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor - © J Pedro Martins

J. Pedro Martins porquê a fotografia como hobby e não um outro qualquer? Desde a mais tenra idade que vivi e convivi com um número considerável de máquinas fotográficas e de filmar. O meu pai era um aficionado do Mundo das imagens e da sua captação. Possuía diversas câmaras e constantemente investia na atualização desse vasto rol. Mas, além de as possuir, tirava das ditas o máximo rendimento, uma vez que era um meticuloso investigador de técnicas várias associadas à imagem. Assim sendo, a existência caseira do material bem como a influência paterna foram motivos determinantes para o início da minha atividade como fotografo-amador em 1981. Para ti uma boa fotografia o que é? Têm que transmitir algo em especial... ter história por exemplo? Mantenho esta dúvidas com o tempo. Mas afinal o que é uma boa fotografia? O que a distingue das restantes? Uma boa fotografia para quem? Para mim?! Para os outros?! Para os curadores?! Para a crítica?! Para o comprador?! Chancelo a frase lapidar de Henri Cartier-Bresson: “As suas primeiras dez mil imagens serão sempre as piores.” Fotografia de rua.... o que te entusiasma neste tipo de fotografia?

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Sempre vivi na cidade. Sempre usufrui da rua. Vejo-as. Conheço-as. Reconheço-as. Sinto-as. Vivencio-as. Vivo-as. Nela(s) tudo acontece com um ritmo frenético. À nossa frente tudo (se) passa. Diante da(s) câmara(s) tudo se constrói. São a(s) alegria(s), a(s) memória(s), a(s) partilha(s), em suma a(s) vida(s) que vão passando diariamente em frente do nosso olhar que justificam ser eternizadas. “Quando o obturador se fecha, o mundo abre-se” (Sharon Wax) Como vês o panorama nacional, temos bons fotógrafos ou é preciso olhar lá para fora? A fotografia em Portugal está viva, intensamente viva. E a quantidade gera uma qualidade, cada vez mais restrita. Existem fotógrafos de altíssimo nível que tal como no passado, dignificam o nome desta arte. Existem fotógrafos com “F” maiúsculo premiados internacionalmente em diversas áreas e de diferentes gerações que ombreiam com o melhor que se faz por esse Mundo fora. Sobre a Revista, o que achas deste projeto em termos de fotografia amadora, qualidade da revista impressão etc? Um projeto de qualidade e em contínuo crescimento que poderia servir de exemplo para certas áreas de desenvolvimento em Portugal neste início de século.


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MARIA DULCE LÁZARO Lisboa – Portugal dulcelazaro@gmail.com - https://www.facebook.com/maria.lazaro.908 - http://www.olhares.com/dulcelazaro Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor - © Maria Dulce Lázaro Maria Dulce porquê a fotografia como hobby e não um outro qualquer? Principalmente porque me dá prazer. Consigo juntar nesta atividade, passear, conhecer novos locais e conhecer pessoas e em primeiro lugar, registar momentos únicos. A fotografia dá-me, de uma forma mais imediata, aquilo que na escrita é fruto de muito trabalho. Ao fim e ao cabo, a fotografia é também um registo muito particular de como eu vejo as coisas e o mundo. A edição das fotos acaba por fazer também parte deste hobby dado que é uma das componentes que também aprecio e que gosto de explorar e na qual perco bastante tempo. Para ti uma boa fotografia o que é? Têm que transmitir algo em especial... ter história por exemplo? Comecei a fotografar mais a sério há muito poucos anos e a minha formação nessa área é praticamente nula. Vou aprendendo com o que vejo e através de livros, revistas ou vídeos. Isto para dizer que a minha avaliação de uma “boa fotografia” não se baseia em conhecimentos técnicos adquiridos. Confesso que é a minha sensibilidade que fala mais alto. Não te saberei dizer porque acho que esta ou aquela é uma boa foto ... “sinto” acima de tudo, e vendo boas fotos de bons fotógrafos também se aprende, quanto mais não seja a educar o olhar. Fotografia de rua.... o que te entusiasma neste tipo de fotografia? O que mais me entusiasma é o retrato. É também o que para mim é mais difícil pois não tenho o à-vontade para interagir

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com aqueles que pretendo retratar e acabo por “roubar-lhes” o rosto, fotografando de longe. A fotografia de rua, como é conhecida, a que representa as pessoas em situações do diaa-dia, não foi ainda muito explorada por mim e acho até que não será o meu género preferido. Como vês o panorama nacional, temos bons fotógrafos ou é preciso olhar lá para fora? Penso que em Portugal há muito bons fotógrafos. A grande difusão da fotografia digital fez com que hoje quase toda a gente fotografe ... nem que seja com um telemóvel! Mas daí a fazerem boa fotografia, vai um passo muito grande. Não sou como muita gente, que diz que lá fora é que é tudo bom ... temos de valorizar quem merece e deixarmo-nos de pequenas invejas e de lutas por poleiros que são afinal tão voláteis ... Sobre a Revista, o que achas deste projeto em termos de fotografia amadora, qualidade da revista impressão etc? A Phocal, que conheci desde o primeiro número, tem percorrido um caminho ascendente na procura de qualidade. A impressão parece-me boa, o papel de excelente qualidade, e as contribuições fotográficas mensais são o corolário de escolhas que se querem sempre as melhores. Erros, todos cometemos, especialmente quando estamos a começar ... mas há que saber reconhecê-los e corrigi-los sempre que possível. Só posso desejar uma longa vida para a Phocal, sempre procurando o melhor.


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SANDRO PORTO Lisboa – Portugal charloisporto@gmail.com | http://www.facebook.com/sandro.porto.16 http://www.flickr.com/photos/24771827@N03/ Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor - © Sandro Porto Sandro Porto, porquê a fotografia como hobby e não um outro qualquer? Na verdade a fotografia para mim não é um hobby. Como eu sou publicitário, a fotografia faz parte do meu dia-a-dia profissional, é uma ferramenta de trabalho. O acto de fotografar, sim, é um hobby que ganha cada vez mais importância na minha vida e rouba espaço no disco rígido do meu computador. Este passatempo surgiu meio que sem querer. Em 1999 ganhei um concurso publicitário em Cannes e um dos prémios foi uma máquina fotográfica digital. A partir daí comecei a fotografar e não parei mais. Sempre que posso, como todos os apaixonados pela fotografia, levo a máquina fotográfica comigo, à espera de encontrar um momento único para captar.

das velhas igrejas e passa por entre os imponentes prédios, enchendo as ruas da cidade de uma beleza singular. Nas minhas fotografias de rua valorizo muito a composição e tento explorar ao máximo o contra-luz, as sombras e as silhuetas das pessoas que andam pelas ruas. Como sou um pouco tímido e, confesso, não percebo muito bem como funciona o direito de imagem e privacidade de quem é captado, evito fotografar de frente, ou que se reconheça facilmente, a pessoa fotografada.

Para ti uma boa fotografia o que é? Têm que transmitir algo em especial... ter história por exemplo? Para mim, uma boa fotografia é aquela que não me deixa indiferente, que prende a minha atenção. Não basta tem a luz certa nem um enquadramento diferente. Uma boa fotografia tem de ser intrigante, que desperte algum tipo de sentimento a quem a vê, seja um sentimento de alegria pela sua beleza, de tristeza por estar a revelar algo menos bom, de revolta por denunciar algumas injustiças, ou até mesmo o sentimento de inveja por não ter sido nós a fotografá-la.

Como vês o panorama nacional, temos bons fotógrafos ou é preciso olhar lá para fora? Como publicitário, já trabalhei com vários fotógrafos portugueses e estrangeiros que actuam no nosso mercado. Fotógrafos especializados em fotografia de moda, produtos, automóveis, arquitectura, retratos, etc... E a grande maioria está ao nível dos melhores do mundo. Esta qualidade também se aplica aos nossos chamados fotógrafos amadores, mas que de amadores não têm nada. Em relação ao olhar lá para fora, acho que, neste mundo tão globalizado em que vivemos, com a facilidade que a internet e as redes sociais nos trouxeram, não olhar lá para fora seria um desperdício e uma pretensão enorme. Não há como não olhar para os fotógrafos estrangeiros e aprender com eles, seja em que área da fotografia for.

Fotografia de rua.... o que te entusiasma neste tipo de fotografia? Gosto muito de fotografia de rua e de arquitectura. Gosto de andar pelas ruas e captar o dia-a-dia das pessoas, as cenas simples do nosso quotidiano, as pessoas que passam apressadas, o frenesim dos grandes centros, o stress do trânsito, os grafites nos muros e, principalmente, gosto da luz dourada do fim de tarde que cruza as avenidas, atravessa os vitrais

Sobre a Revista, o que achas deste projeto em termos de fotografia amadora, qualidade da revista impressão etc? Acho o projecto bastante interessante. Uma revista moderna, feita por pessoas apaixonadas pela arte da fotografia e que, fundamentalmente, conta com a participação de todo o grupo. A Revisa Phocal é uma verdadeira montra de novos talentos, que todos os meses, nos surpreende pelo alto nível dos seus trabalhos.

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SOFIA MOTA Lisboa – Portugal info@saraconstanca.pt | facebook.com/saraconstancaphotography www.saraconstanca.pt Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor - © Sara Constança Sofia Mota porquê a fotografia como hobby e não um outro qualquer? Quando se fala de hobbies, fala-se de paixões…e a fotografia é isso mesmo…uma paixão por outra forma de ver “estórias” contadas, por uma meio capaz de parar o tempo e deixá-lo suspenso…por um suporte que, em silencio, é passível de nos fazer viajar. Para ti uma boa fotografia o que é? Têm que transmitir algo em especial... ter história por exemplo? Uma boa fotografia? É aquela que comunica, é um livro sem letras…Não menosprezando a técnica, é aquela que é capaz de falar quando se olha, e com essa fala conta coisas, comunica situações, dá asas à imaginação….essa imagem, é uma boa fotografia para mim. Mais concreta ou mais abstrata, de rua ou de paisagem, um boa fotografia convida, a quem a vê, a um mergulho numa qualquer situação e a uma paragem por lá. Fotografia de rua.... o que te entusiasma neste tipo de fotografia? Fotografia de Rua….é uma espécie de invasão respeitosa na realidade, é aquela que encontra num qualquer quotidiano situações que nos falam a todos, é o rosto do dia a dia nas suas mais diversas situações…é a realidade congelada de cada dia ou

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de cada lugar, uma realidade feita de proximidade, começando esta pela do fotógrafo que em cada disparo tem que estar lá, bem perto.è a fotografia do momento, do irrepetivel no seu sentido mais concreto. E é esta próximidade, este instante, esta ligação imediata à realidade improvisada que me atrai na fotografia de rua. Como vês o panorama nacional, temos bons fotógrafos ou é preciso olhar lá para fora? Penso que apesar do “boom” fotográfico a que se assiste, temos excelentes fotógrafos por cá, o que não invalida olhar também para os de fora…porque para quem gosta de fotografia, nunca é demais ver bons trabalhos. Na Fotografia de Rua em particular, temos nomes de referência e penso que devidamente reconhecidos, o que me alegra :) Sobre a Revista, o que achas deste projeto em termos de fotografia amadora, qualidade da revista impressão etc? Quando me deparei com a Phocal Photovisions, gostei muito do que vi, para qualidade dita “amadora” engana muito bem, é recheado de trabalhos com excelente qualidade, bem como conteúdos muito apropriados. O mesmo se aplica ao aspecto gráfico e organização. Os meus Parabéns!


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JOÃO M. GIL Leiria – Portugal info@alma-lux-photographia.com | http://www.alma-lux-photographia.com/ TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR - © JOÃO M. GIL

João M. Gil Desde criança que se interessou pela Fotografia. Estudou e doutorou-se em Telecomunicações, tendo exercido investigação e lecionação no Ensino Superior durante 10 anos. Decidiu mudar de profissão em 2007, fundando a Alma Lux Photographia à qual se dedica como Fotógrafo Profissional, assim como uma pequena empresa de Turismo de Espaço Rural. Foi definindo o seu estilo e contributo, fazendo uso da combinação das ideias e fotografias, sempre em prol da Sustentabilidade, entre Natureza, Gentes e Culturas. A ironia, o humor, o positivo, um imaginário romantizado e o pensamento lateral estão frequentemente presentes nos seus contributos. No seu trabalho, sempre com âmbito nacional e internacional, destacam-se o livro Olhares Montanheiros, os workshops de fotografia CAUSAS e In Vivo em lugares especiais, várias exposições e prémios, a própria impressão e venda das suas fotografias assinadas e a escrita à volta da Fotografia das crónicas “Fotografias com histórias por detrás da lente” na revista FotoDigital. O PROJETO LOOOOONG SHOTS No trabalho do(a) Fotógrafo(a), a construção de um projeto pode tomar várias formas, volumes e várias escalas temporais. Pode tratar-se de uma reportagem, um evento, uma viagem, um trabalho comissionado por um cliente, o resultado de uma residência artística, ou até o próprio portfólio de autor, só para dar exemplos. Pode ser em digital ou impresso, com divulgação de mil e uma maneiras, para um alvo ou mercado específico, geral ou até para nenhum. Pensar na forma de projeto pode ser só juntar um conjunto de fotografias, vendo algo que as une visual e vertebralmente. Mas indo mais além, tomando mais tempo e esforço criativo, pode ser a construção ou demonstração de uma forma de pensar, de fotografar e até de mostrar “Trabalho de Autor”, demonstrando uma visão, uma

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coerência e até uma maturidade que custam todas a adquirir. E pode ser que não saia “nada de especial”, que “não vá a lado nenhum”, no final de muito esforço. Ou mais positivamente, pode ser um de muitos contributos úteis no tempo, por parte da mesma identidade que é, no fundo, a pessoa e o criador por detrás da máquina fotográfica - o(a) Fotógrafo(a). O projeto Looooong Shots é, para mim, não só uma âncora na mostra do tal “Trabalho de Autor”, como resultado de muito tempo e esforço, vários processos internos e externos, uns mais planeados outros menos, uns mais dolorosos e outros menos. Passam pela venda a clientes e pela sua satisfação, pelo apuramento de técnica na execução e no pós-processamento, e pela pesquisa de formas controladas de mostrar o trabalho, com qualidade, detalhe mas também proteção. Para mim e sem tabus, o processo mais doloroso foi o de ultrapassar as crises criativas. Não se tenha dúvidas que elas existem, fazem parte do trabalho criativo, e só importa ter delas consciência e ultrapassá-las. No núcleo do Looooong Shots esteve a mudança de rotinas, acrescentando mais um local de vida (Bruxelas, Bélgica), novos contextos visuais, culturais, económicos, assim como a procura de novos mercados. No meio de muitas coisas práticas como gerir viagens entre Portugal e a Bélgica, fazer trabalho num local e noutro, cumprir compromissos, criar contactos e produtos que fazem parte do trabalho como Fotógrafo,... ter cabeça, olhos e coração para fotografar não foi sempre fácil. Muitas semanas seguiram sem tocar numa máquina, mas com uma enorme vantagem de algo permanente, depois me apercebi - exercitei a visão, o ver para fora e para dentro. Com o tempo, passados talvez 2 anos, comecei a vislumbrar uma coluna vertebral, fazendo a ponte coerente e sólida entre aquilo que eu procuro como pessoa e aquilo que de mim resulta como Fotógrafo. Comecei a entender o que sentia e via. E depois foram surgindo momentos chave, depois de apurar questões técnicas. A técnica que tinha então apurado fora a de conseguir registar rapidamente fotografias que permitissem um stitching com


qualidade, em pós-processamento, sem necessidade de recorrer a uma cabeça panorâmica ou sequer tripé. Mesmo com mais do que uma dezena de fotografias na composição, tinha aprendido a fazer o meu pescoço rodar no eixo nodal, evitando a paralaxe. Tinha afinado os passos para, conforme usasse desde uma 50 mm a uma 200 mm, pudesse evitar a preparação, a perda de ocasiões e mesmo o impacto da montagem de material na rua (questão muito importante também na Street Photography), cumprindo o tal eixo de rotação. O fundamental era voltar a casa com um agregado de fotografias cuja paralaxe relativa fosse nula ou reduzida, para o trabalho de stitching ser limpo. Queria que tal trabalho permitisse um ficheiro para impressão grande, com todo o detalhe que a lente e máquina me tinham dado na captura. Se a situação me permitisse e assim o exigiria, usaria o tripé ou monopé, ainda assim. Depois da técnica me satisfazer em inúmeras situações, para inúmeros fins, a constante observação, o tempo e as ocasiões mais banais foram-se gradualmente encarregando de me colocar o conteúdo à frente de olhos atentos. Era preciso construir algo, em estilo de projeto. A minha insatisfação acumulava-se. Numa

primeira fase, surge o nome “Looooong Shots”, com vários significados, para um conjunto de fotografias que seguiam apenas técnica e qualidade de impressão. Arranjei também uma forma de mostrar algum do detalhe on-line, protegendo as fotografias ao mesmo tempo. Mas, durante os tais 2 anos, foi-me incomodando a falta de um conteúdo com sentido. Até que surge uma fotografia numa memorável manhã na floresta, com um corvo pousado no topo de um tronco de faia morta. Com a luz mágica e capturada rapidamente, usei um monopé e 10 fotografias deram o resultado que está no fundo destas duas páginas. Continua a ser uma das minhas “Looooong Shots” preferidas, pela luz, detalhe e ocasião. Uma foto um tanto ou quanto de paisagem clássica, embora muito boa. Contudo, ainda faltava “projeto”. O tal conteúdo. Noutra ocasião, a correr na rua, vejo uma janela com um tigre branco, de peluche! Era uma visão quase mágica de como a Natureza me aparecia no meio da cidade de Bruxelas, na forma de um boneco de um animal raro e em extinção. Na forma mais bizarra e quase cómica. Seria mais uma “Looooong Shot”, com o detalhe todo que as paredes contêm. Surge então a ideia de

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fotografar o projeto “Os Gatos de Bruxelas”. E começa a aparecer conteúdo, dentro do maior projeto “Looooong Shots”. Com outras ocasiões começo a juntar fotografias e gradualmente a colocá-las dentro de séries, “Os Gatos de Bruxelas” (apareciam imensas janelas muito interessantes e imensos gatos) e “Natureza Urbana”. Esta última série surge diretamente de eu ver como não só eu como muitas pessoas da cidade trazem a Natureza à cidade: desde umas orquídeas com uma simetria bizarramente perfeita à janela, até uns cristais de quartzo ametista na montra de uma loja de ferragens que vendia desde amassadeiras, berbequins, papel higiénico, carrinhos de compras, até bolas de futebol, etc. Tudo começava a fazer sentido para mim, pondo quase de lado a técnica, mais resolvida, para ir preenchendo conteúdos com coerência. E a coerência global era esta - nas ruas da cidade que é Bruxelas, podia apresentar uma forma original de eu ver a Natureza; de ao mesmo tempo demonstrar como ela está por todo o lado, que nós somos um mero detalhe na grande Natureza, que ela não para e vai “trabalhando” todos os dias; que até não sou só eu a necessitar do seu contacto e procura, mas muito mais gente disso precisa, mesmo no coração da cidade e gente banal. Noutra ocasião, ao finalmente visitar um dos pontos obrigatoriamente turísticos da cidade (o Atomium), estou a tomar um chocolate quente num café com janelas grandes. Tinha até então aproveitado para “brincar”, fazendo umas “looooong shots” do monumento, sempre tentando fugir do comum. O sol vai tímido entre nuvens e clareiras. E vejo um corvo. Faz-me lembrar a ocasião única da floresta, que já descrevi. E tenho uma pequena revelação: “Que giro! E se eu brincasse com isto, dizendo que poderia ser o mesmo corvo? Tenho projeto!”. Acabo o chocolate quente e venho cá para fora, apanhar corvos e “looooong shots”. Surge a segunda fotografia deste artigo. Posso-vos dizer que, depois de começar a ver conteúdos com sentido, tudo se tornou um vício: saía para exclusivamente procurar corvos, nos sítios mais absurdos, mas que fariam também sentido na conjunção visual Urbano-Natureza e também na própria composição das imagens. Ou então era a procurar gatos. A insatisfação que outrora me tinha alimentado a observação cuidada, interior e exterior, era substituída então

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por encontrar situações para os temas que tinha finalmente encontrado. Eram tempos de maior satisfação e de alguma pausa nas crises criativas. Uns meses depois desta fase, o problema já era outro: “Como terminar um projeto?”; “o Looooong Shots não termina, mas estas séries têm que ter um fim”. Outra fase que a própria demora a contornar. Vou entretanto aproveitando algumas das fotografias para vender, ou para crónicas dentro do âmbito das “Fotografias com histórias por detrás da lente” na Revista FotoDigital (e em inglês, no sítio da Alma Lux Photographia). Surge um leão numa loja - esse era um bom final para rematar a série “Os Gatos de Bruxelas”! Um leão embalsamado, imagine-se, numa loja no meio da cidade. Volto lá uns dias depois...e a loja tinha fechado. Vazia. Já havia publicado uma crónica justamente sobre não perder ocasiões e “agarrar o gato”, e a história voltava a repetir-se! Posso-vos dizer que voltei a encontrar o leão noutra rua, onde aparentemente a Natureza está menos presente, junto aos edifícios do Parlamento Europeu. “Pimba”, apanho-o ao ir para o Museu de Ciências Naturais fazer um Workshop de Fotografia In Vivo. “A Natureza está mesmo por todo o lado. Segue-nos. Não há coincidências. É forte. Ela encontra-nos e nós encontramo-la”. Entretanto vou reunindo fotos para a série “O Corvo”, justamente seguindo a lógica de que o corvo poderia ser o mesmo; que, em definitivo, a probabilidade de ser o mesmo em todas as ocasiões não é zero; o corvo, como símbolo da tal Natureza que nos segue com a sua força tão subliminar quanto óbvia, segue-me e observa-me; o humor, ironia e conceito novamente alimentava a série. E alimentava-me um vício maior, que até me ia fazendo rir. Portanto, já tinha na minha mochila três séries: “O Corvo”, “Os Gatos de Bruxelas” e “Natureza Urbana”. Mas continuavam a faltar remates. Outro evento importante foi a convergência, em trabalho e amizade, com outros fotógrafos e exposições. Tenho a assinalar o momento em que mostro o meu trabalho pela primeira vez a alguém de trabalho (a Fotógrafa Susana Paiva), na forma de um portfólio com sentido e com uma tal coluna vertebral que eu já podia defender. E, tenho a dizer, que confirmei ser outro passo importantíssimo para a constituição e valorização do


meu trabalho, não só da parte de outros como de mim próprio. Aí começo a ver os ciclos e as séries alegremente a fecharem-se. Apareciam fotografias por todo o lado. A fome dava em fartura e o que já tinha que fazer era limitar números. E chegam os remates: a série “Os Gatos de Bruxelas” muda de título para “E depois havia um elefante”, rematando com uma “looooong shot” onde consigo incluir um elefante (!); a série “O Corvo” é rematada com uma de um parque a caminho do supermercado, onde ouço mas não vejo “O Corvo”, algures nas árvores... “por todo o lado”. Ainda vou buscar outra série, “A Natureza decide”, ainda na ótica de ver a força da Natureza, como que dando-lhe mais vida e imaginário do que aquilo que é mais óbvio e linear. Vou

sempre fugindo àquilo que mais vezes justifica lembrar-nos da Natureza, infelizmente: a Natureza destruidora num extremo, ou a Natureza frágil e sensível, no outro. O mais engraçado é que ia buscar, nessa mesma coerência vertebral que em mim eu próprio demorara antes a perceber, fotografias de 1 ou 2 anos atrás. A lógica que cimentava essa nova série resultava do uso da minha lente 50 mm f/1.8 com máximas aberturas, combinadas no formato das “Looooong Shots”. E o conceito acabava por, em grande parte, ser o de que é a Natureza a decidir o que fica ou não focado - fossem flocos de neve a cair, ou um ramo de faia, ou um conjunto de árvores. Para além do conceito, o que me atraia era também a estética que o jogo do bokeh e as dimensões e qualidade das “Looooong Shots”

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permitem. Era, por isso, um exemplo de conjunção de estética, técnica e conceito, que num todo acabavam por resultar. E ao mesmo tempo, acabava por haver uma convergência com as outras séries todas. No final disto tudo, surge uma exposição, várias apresentações e agora este artigo. E qual o sumo, ao fim ao cabo e para já? O meu balanço global, análise e conclusões são as de que, primeiro que tudo, o “Trabalho de Autor” leva tempo, pode ser muito, muito tempo ou durar uma vida inteira; as crises criativas fazem parte desse processo de construção, de autoconhecimento, de observação e de paciência e não devem ser nem ignoradas nem subaproveitadas; é duro, mas não desistindo e observando dentro e fora, os caminhos vão surgindo naturalmente, desde que o Fotógrafo não tenha mais pressão do que aquela de ser honesto consigo mesmo e não se deixar enganar pela pressa e satisfação rápida de apenas divulgar fotografias; vale sempre a pena convergir com outros Fotógrafos em que se confie, podendo aproveitar as suas opiniões; é saudável ir trabalhando noutras coisas, até porque elas próprias podem ser úteis para todo o trabalho; se houver questões técnicas com

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que se debater, é bom levá-las em paralelo com os conteúdos, e não à frente deles; se as questões técnicas passarem para trás, pode ser sinal que estejam resolvidas e apuradas, nunca ignoradas; para além dos trabalhos que vão dando algum retorno financeiro, será a meu ver sempre útil fazer um esforço de construção da identidade na mente do Fotógrafo, especialmente nos dias de hoje em que somos todos bombardeados com dezenas de imagens por dia. E como tudo na vida, depois de uns problemas resolvidos e de coisas construídas, virão sempre outros e o trabalho nunca termina. Por exemplo: apresentar o trabalho numa projeção pública de 10 minutos, como a que foi feita em Novembro 2012 no OpenShow Portugal em Coimbra;apresentá-lo impresso em portfólio; na execução da exposição (de momento patente em Bruxelas), ter-se cuidado na preparação dos ficheiros, calibração de monitores e impressoras, uso dos perfis corretos, na própria impressão e na colocação em plexi; o transporte e a montagem; a iluminação final das fotografias, sem a qual todo o trabalho de exposição seria um desperdício; tratar da divulgação da ex-


posição; verificar e colocar os títulos; dar valor às peças e fazer a tabela de preços; na vernissage ter-se o cuidado de receber bem a diversidade de pessoas que aparecem, umas conhecidas e outras desconhecidas; como comunicar o “Looooong Shots” e as séries, fazendo essas pessoas rir; Gostam ou não? E depois, a exposição vai para onde? Quantas peças se

venderam? Quais os mercados e como chegar a eles? etc, etc, etc... E como isto nunca acaba, felizmente, termino o texto esperando que ajude a perceber-se um pouco mais da vida de um Fotógrafo, naquilo que é uma componente importante, difícil mas muito boa de ser vivida, da criação do seu “Trabalho de Autor”.

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Fidalgo Pedrosa nasceu em Lisboa a 18 de fevereiro de 1955. A descoberta da expressão artística através da fotografia começa em 1975. Participa em vários concursos nacio-nais onde obteve alguns prémios, sendo o 3.º lugar no concurso organizado pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC) sobre o tema “25 Abril 1974” e o destaque, como autor, no concurso da Sociedade Nacional de Belas Artes e revista Arte Opinião, com a publicação, em álbum, dos trabalhos mais relevantes. De 1976 a 1979 pertenceu aos corpos diretivos da Associação Portuguesa de Arte Fotográfica. Realiza em 1980 a sua 1.ª exposição individual intitulada “36 Fotografias a Preto e Branco”, visitada e comentada pelos meios de comunicação escrita da época, incluindo uma entrevista concedida à publicação Foto-Jornal. Participação em diversas exposições coletivas e individuais realizadas em associações culturais, sindicatos, livrarias, etc., com destaque para a exposição na Livraria Bertrand (Chiado), sob o patrocínio da FAO. Trabalhos publicados nas edições do Anuário Português de Fotografia Contemporânea. O PSOE utilizou uma fotografia da sua autoria para a imagem pública do ciclo de conferências “El futuro como tarea”, realizado em Espanha entre outubro de 2009 e março de 2010. Publicado, a convite, em diversas edições da revista DP Arte Fotográfica em “Imagens com Palavras”, escolhas de autor, etc. Considerado autor do dia, por diversas vezes, no site www.liquidimage.eu Vencedor do 1.º prémio de fotografia do jornal Expresso/revista Única, no concurso de âmbito nacional, sob o tema “A Festa”, entre 1155 trabalhos de 500 autores. Vencedor do 1.º prémio anual de fotografia da Fundação Inatel. Vencedor do 1.º prémio ex-aequo do concurso de fotografia Ser Popular, organizado pelo Banco Popular e pela Staples, em Portugal. Vencedor do 3.º prémio no concurso Dia Internacional da Mulher 2012 em Yátova/Valência/Espanha. Fotógrafo convidado no site www.fotografiaderua.com, com galeria de fotografias e entrevista concedida (ver link da entrevista em 3.2) Trabalhos selecionados e expostos no 1.º concurso Portugalidades, em 2012, com publicação dos trabalhos no livro de fotografia da exposição. Em Fevereiro 2013 lançará em edição de autor o seu 1º livro intitulado “A vida num instante” numa realização paralela com a exposição de 55 trabalhos a PB sob o mesmo titulo.

F i d a l go Pe d ro sa L i s b oa – Port uga l

https :/ / w w w.fa ceb ook. com /f i d a l go p ed ro s a f i d a l go. p ed rosa@ h o t m a i l .co m

Todas as imagens estão protegidas por direito de autor © Fidalgo Pedrosa 68 | Phocal Phototovisions

Fidalgo começas a fotografar em 1975, um ano m a r c a n t e p a r a a n o s s a g e r a ç ã o, a l g u m a r a zã o e m especial?? Na altura com 20 anos, foi claramente a influência da consciência social, entretanto ressurgida com o 25 de Abril, o PREC e a liberdade de imprensa conquistada, a qual refletia nos meios de comunicação todo o tipo de movimentações e estados sociais, que permitiram a “explosão” de grandes reportes fotográficos como Eduardo Gageiro e Alfredo Cunha, entre outros. De 1975 até 1980 fotografas regularmente e realizas a t u a p r i m e i r a ex p o s i ç ã o . N e s t e p e r í o d o j á f a z i a s fotografia de rua como principal opção? A fotografia de rua sempre foi a minha e única opção e o meu “estado natural” pontuado com imagens de grafismo puro e sem pessoas retratadas,embora num ínfimo nr e sempre em meio urbano e social. Depois fazes interregno de 28 anos sem fotografar..... o que se passou? Tr a t o u - s e a p e n a s d e u m p e r í o d o d e d e d i c a ç ã o à família e aos projetos pessoais comuns. Re to m a s e m 2 0 0 8 a f o to g r a f i a e l o g o co m 1 º p r é mio de fotografia do Jornal Expresso/Revista Unica. Foi importante esta distinção... mudou algo na tua fo r m a d e v e r a fo to g r a f i a e o f u t u r o e n q u a nto fo tografo?? Foi importante, decisivo e motivador obter essa dis t i n ç ã o e n t r e 1 1 5 5 t ra b a l h o s p r e s e n t e s a c o n c u rs o, aportando-me de alguma forma mais responsabilidade perante mim mesmo e a comunidade fotográfica.


Neste momento tens um livro intitulado “ A vida num i n sta nte ” p r o nto p a r a p u b l i ca çã o, o q u e n o s p o d e s dizer sobre ele? Trata-se de um projeto e conceito que envolve uma exposição e Livro de fotografia sobre a vida urbana e tem por principio e fundamento social, numa com pilação dos meus trabalhos digitais registados entre 2005 e 2012, o reforço e a percepção do “ser urbano e social” com a cidade e o meio envolvente, refletin do a convivência e a partilha de espaços públicos e g ra f i s m o s , e m m o m e n to s , c o i n c i d ê n c i a s , at i t u d e s e instantes únicos e irrepetíveis. A exposição que estará patente entre o dia 02 de fe vereiro e o dia 06 de março 2013 no Centro Cultural do Morgado, Galeria Municipal de Arruda dos Vinhos, s e rá i t i n e ra nte p ro j eta n d o a d i v u l ga çã o d o L i v ro d e fotografia “A vida num instante” . Falando sobre o tema da revista, o que é para ti Fotografia de rua? A vida e as pessoas. Os seus encontros e desencon tros, a sua forma de comunicar e de agir, a pressão ou a descontração dos dias e da vida, as atitudes, os co m p o r ta m e nto s p o s i t i vo s e n e gat i vo s , a i n co m u n i cabilidade, a solidão, o andar com rumo, sem rumo, a ausência espiritual e/ou do espaço físico, a espera por outros ou por ninguém, os sucessos e insucessos, os tempos de nada, os tempos “mortos”... A s p e s s o a s e o s g ra f i s m o s e nv o l v e n t e s . H C B r e s s o n

escreveu algo que tento atingir e me agrada muito: “Para mim, a fotografia é um reconhecimento simul t â n e o, n u m a f ra ç ã o d e s e g u n d o, d o s i g n i f i c a d o d o acontecimento, bem como da precisa organização das formas que dá ao acontecimento a sua exata expressão” (Henri Cartier-Bresson) Nas tuas fotos, o elemento humano é muito importante, precisa de contar uma história ? Tento fotografar “o que não se vê”, o que não é físico. Pa ra m i m fo to g rafa r p re s s u p õ e a c t u a l i d a d e n o co n hecimento do mundo e dos comportamentos individ u a i s e s o c i a i s , p a ra a s s i m m e l h o r p o d e r i nte r p reta r e antever atitudes e factos. U m a fo t o g ra f i a e stá c o n s e g u i d a q u a n d o, i n d e p e n d e nte m e nte d a s c i rc u n stâ n c i a s e d a té c n i ca , co n s i go re g i sta r e m o çõ e s , at i t u d e s , co i n c i d ê n c i a s , i n s ó l i to s , curiosidades, momentos e sentimentos. E m te r m o s co m p o r ta m e nta i s , d u ra nte o a c to d e fo tografar desloco-me com calma, sem ansiedade, dis fruto da beleza das coisas, das pessoas, sou curioso e demorado na abordagem aos temas, tento mudar a perspectiva e ângulo de visão dos assuntos. A interação aberta e disponível com as pessoas, tentando apreender e inteirar-me da suas condições de vida, é algo que faço frequentemente. Gostaria de transmitir emoções, provocar sentimentos e sensações. Po d er “ i nter vi r ” n a co n s ci ên ci a d e s ermo s h u man o s Phocal Phototovisions | 69


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e sociais é algo que me é grato imaginar que alguma vez tenha conseguido. Entendo que a arte fotográfica p o d e a j u d a r a m e l h o ra r a s o c i e d a d e , i n o v a n d o - a e alertando-a para acontecimentos, atitudes e comportamentos humanos, possibilitando aos indivíduos e às comunidades maior consciência social, de si e dos outros. Quando sais para fotografar, o que encontramos na tua mochila? Utilizo duas máquinas da marca Canon, a G10 e a 60D. A G10, silenciosa e potente, em variad as circunstân cias revela-se fundamental e crucial pela sua descrição e p o u c a a p a re n t e re l e vâ n c i a , n ã o c o n s t i t u i n d o c o m i s s o u m a “a m e a ç a ” à l e g í t i m a p r i va c i d a d e d a s p e s soas.Utilizo-a tanto em exteriores como em interiores. A Canon 60D possibilita outras opções na selecção de “settings”, é mais rápida e adequa-se ao trabalho de e x t e r i o r q u a n d o n ã o ex i s t e m l i m i t a ç õ e s a m b i e n t a i s ou sociais. A angular 24 mm agrada-me e tento, cada vez mais, utilizá-la aproximando-me das pessoas retratadas. És um fotógrafo que prefere a “solidão” na rua... ou a saída com outros fotógrafos? S i nto - m e b e m e m q u a l q u e r d a s s i t u a çõ e s s e n d o q u e o i d e a l s ã o d u a s p e s s o a s m a s s oz i n h o, e st o u m u i t o bem, se obviamente estiver “acompanhado” por uma máquina fotográfica.

Como vês o panorama português em termos de foto grafia de rua? Temos bons fotógrafos? V i v e m o s a t u a l m e n t e e l i t e ra l m e n t e d e i m a g e n s e o suporte digital e as novas tecnolo gias permitiram um enorme desenvolvimento e explosão na procura desta forma de expressão artística. Hoje me dia tudo exige e utiliza a imagem fotográfica. Dos melhores do mundo e com uma fotografia próxima à escola francesa é como vejo e sinto os colegas fotógrafos portugueses. O que achas da massificação das máquinas digitais, temos em cada máquina um fotógrafo ou não é bem assim? A massificação das máquinas foi uma aposta ganha das estratégias comerciais e tecnológicas, sendo hoje em dia inseparáveis da nossas vidas, contudo isso não faz d e n ó s fo tó g rafo s e ap en as reg i stad o res d e p arcel as do mundo e da vida. A capacidade e qualidade da interpretação daquilo q u e p re s e n c i a m o s d a v i d a e d a s s u a s vá r i a s fo r m a s e e sta d o s , re c o r re n d o à c u l t u ra e c o n h e c i m e n t o d o fotógrafo é que proporciona uma boa fotografia. E x i ste u m a d i fe re n ça a b i s m a l e nt re fa ze r fo to g raf i a s e fazer “Fotografia”. Acompanhas o trabalho de outros fotógrafos quer em Portugal quer lá fora? Tens alguém que ter sir va de referência? Phocal Phototovisions | 71


S i n c era m ente p o r “ n ” ra zõ e s l i ga d a s à p ro f i s s ã o e à o c u p a ç ã o d a v i d a p e s s o a l ex t ra fotografia não me resta tem po para estudar e analisar fotografia quer seja nacional ou internacional, como gostaria. Portugal é um país de grandes fotógrafos e nos mais variados estilos. É muito bom e fácil fotogra fa r e m Po r t u ga l , a l i b e rd a d e , as gentes e as sua mentalidade são um capital mag n i f i c o p a ra o s fo t ó g ra fo s d e todo o mundo. Uma boa fotografia.... tens uma ideia própria daquilo q u e co n s i d e r a s u m a b o a fo tografia? Te n h o ! S e a l g u é m , a o v i s u a l i za r u m a fo t o g ra f i a o b t é m sensações (mesmo que sejam apenas estéticas), emoções o u ve r i f i ca fa c to s , e ntã o e s tamos perante uma imagem definitiva e de arte. Em te r m o s d e Fo to g r a f i a d e rua, quais achas os melhores locais para captar grandes m o m e n t o s , Te n s c i d a d e s preferidas, lugares que já tenhas visitado ou que não podes deixar de ir? S ó fo to g rafe i n a e u ro p a , n a s suas capitais e adoro fazê-lo aqui no velho continente. Se aparecer a oportunidade i n s e r i d a e m p ro j eto s s u ste n táve i s e q u e a b o rd e m te m a s em concreto ou de forma livre, não descarto tentar outras paragens. Agradeço a tua participação na Revista Phocal de Janeiro com uma última pergunta sobre a Revista, o que achas deste projeto daquilo que já viste? Foi um prazer e uma honra t e r r e c e b i d o o V/ c o nv i t e p a ra p a r t i c i p a r n u m a e d i çã o da revista Phocal Photovisions. Trata-se de uma revista atual que procura apresentar opções de qualidade técnica e temática abrangendo os diversos estilos fotográficos. Parabéns. 72 | Phocal Phototovisions


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C a r l o s L o p e s F ra n c o, n a s c e u e m B a r ra s - M a f ra e m 1953. Engenheiro de formação. Investigador de profissão. O r i g o r d a c o n s t r u ç ã o d a s u a fo t o g ra f i a t e m m u i t o a ver com a formação e o seu percurso profissional. É um autodidacta no que à fotografia diz respeito. Os seus conhecimentos são resultantes de uma aprendi zagem baseada na pesquisa e experimentação fotográf i ca , b e m co m o n a o bs e r va çã o q u e r d e t ra b a l h o s d e grandes fotógrafos clássicos, quer de trabalhos na c o m u n i d a d e v i r t u a l , te n d o s e m p re p re s e nte a re a l i dad e quotidiana. Nas imagens que vai registando insinuam-se os aspectos precisos, pensados, digeridos, ficcionados, com o a p ro ve i ta m e n t o d o m o m e n to, l i ga d o s a o q u o t i d i a n o das gentes e do modo como se relacionam com a sua envolvente social. G u a r d a a i n d a , d o s e u p e rc u rs o c o m o fo t ó g ra fo, u m momento que lhe é particularmente querido, a sua exposição “Contrastes e Testemunhos da Vida Rural” no Museu da Terra de Miranda, (em Dezembro de 2001, com aprovação do Instituto Português de Museus). Considera-se um fotógrafo do sentimento, do impulso e do momento. Pretende transportar para as suas fo tografias a sua visão e interpretação do social, quer urbano, quer rural, nas suas variadas vertentes. É a afectividade que lhe determina o rumo, feito de c o m p u l s i v o s o l h a re s , n u m a fo t o g ra f i a e s c u l p i d a p o r um racional obser var. Autor do livro de fotografia “nós, os outros ǀ we, the other ”.

A fotografia é na tua vida mais do que um hobby? Não. A fotografia, apesar de continuar a ser um h o b b y, r e p r e s e n t a p a r a m i m u m a f o r m a d e d a r a co n h e c e r a s p e s s o a s , o s l o ca i s e o s m o m e nto s , d a forma como os vejo. Achas que a fotografia já é reconhecida como uma arte ou ainda tem um longo caminho a percorrer? Tu d o d e p e n d e d o c o n c e i t o d e a r t e . P a r a m i m é evidente que a fotografia pode ser entendida como uma arte.

C a r l os L o pes F ranco L i s b oa – Port uga l

clopesfranco@gmail.com https :/ / w w w.fa ceb ook. com /ca r l o s .l o p es f ra n co https://www.facebook.com/pages/CF-Photography/214290118674086 Todas as imagens estão protegidas por direito de autor © Carlos Lopes Franco

Carlos Lopes Franco como é que aparece a fotografia na tua vida, tiveste algum tipo de influencia? A fotografia surgiu na minha vida em 1981 por ocasião d e u m c o n c u rs o fo t o g rá f i c o, u m a b r i n c a d e i ra , e n t r e colegas de trabalho. Só mais tarde, concretamente em 2002, ainda na era analógica, a fotografia passou a ser um interesse con stante na minha vida. 76 | Phocal Phototovisions

No teu percurso fotográfico encontramos muita Street Photography e também muito trabalho sobre o mundo rural, o que é que te encanta nessas duas áreas? O contraste entre o mundo rural e o mundo urbano. Pa ra a l é m d e s s e s c o n t ra s t e s , e n c a n t a - m e a p o s s i b i l i d a d e d e re g i sta r e d a r a co n h e c e r o q u o t i d i a n o d as pesso as, i n depen dentemente do contex to on d e estão inseridas. Fo to g r a f i a d e r u a e stá a o a l c a n c e d e to d o s , o u é preciso uma forma diferente de olhar e analisar o momento? Qualquer tipo de fotografia está ao alcance de to d o s . Re l at i va m e nte à i nte r p reta çã o d a s i m a ge n s consideradas como fotografia de ru a, tudo depende da apreciação objectiva e subjectiva das pessoas que veem essas fotografias.


O que é que consideras uma boa fotografia de rua? Pa ra m i m u m a fo to g ra f i a d e r u a , te rá d e t ra n s m i t i r e perpetuar um determinado momento em ambiente u r b a n o . Te rá a i n d a d e s e r u m a re p re s e nta çã o s é r i a , como o autor da fotografia pretende demonstrar a sua obser vação da realidade que o rodeia.

farão, só por si, uma excelente fotografia.

Porque razão achas que o B&W está muito associado ao Street Photography? Na minha opinião o B&W destaca e torna mais a p e l at i va a fo to g ra f i a , d a n d o a s s i m o d e v i d o re l e vo às expressões e/ou motivos das fotografias de rua.

Que equipamento encontramos na tua mochila? Encontra-se sempre uma caixinha com a vontade, prazer e ideias sobre as fotografias que pretendo fazer.

Tens um livro pronto que abarca muitos anos de trabalhos, queres falar-nos sobre isso? Re s u m i d a m e nte , d i r i a q u e o m e u l i v ro c o m o t í t u l o “ n ó s , o s o u t ro s ”, co nté m a l g u n s d o s co nt ra ste s q u e nos rodeiam, que fazem parte do nosso quotidiano e q u e p o d e m s e r o b s e r va d o s , a n a l i s a d o s e re g i sta d o s através de uma perspectiva diferente e pessoal, mas co n s e r va n d o a i n d a a s s i m a s u a e s s ê n c i a e re a l i d a d e intrínseca. Grande parte das 189 fotografias que comp õ e m o l i v r o s ã o i n é d i t a s , n u n c a fo ra m p u b l i c a d a s e não têm a pretensão de se constituir como uma abordagem exaustiva da vida social e/ou aspectos s i n g u l a re s d e p e s s o a s e l o ca i s d e Po r t u ga l , m a s tã o somente uma forma própria de obser var, entender e transmitir a minha interpretação sobre o quotidiano das gentes, das culturas, do património, das vivências, dos hábitos e costumes, das crenças, das atmosferas citadinas ou rurais, através de um tipo de fotografia em que se destaca a dimensão humana.

És um fotógrafo atento á tecnologia, tentas atualizar os teus equipamentos com os novos lançamentos? Considero-me uma pessoa atenta como qualquer outra p e s s o a q u e fo to g ra fa . Pa ra m i m n ã o s ã o o s e q u i p a m e nto s o u o s ú l t i m o s l a n ça m e nto s te c n o l ó g i co s q u e

Além do livro tens mais projetos para o futuro , tens alguma coisa em mente em termos fotográficos? Tendo em conta que o meu livro “nós, os outros” foi recentemente colocado à disposição de todos os event u a i s i nte re s s a d o s , m a s a i n d a é c e d o p a ra m e e sta r

Qual é a mensagem que pretendes passar com as tuas fotos, afinal fotografia de rua não é s ó disparar? Pretendo, conforme acima referi, transmitir em forma de imagem a vida quotidiana das pessoas, os seus rostos e expressões. Considero que qualquer tipo de fo to g ra f i a n ã o é s ó d i s p a ra r, p e l o co nt rá r i o, d e ve rá contar sempre alguma história, o que dificilmente acontecerá com um mero click.

Fotografia de rua? Temos bons fotógrafos em Portu gal ? Quem é que segues atentamente? Te m o s m u i t o b o n s fo t ó g ra fo s e m Po r t u ga l . A l g u m a s dessas fotografias são para mim uma inspiração.

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a envolver em grandes projectos. No entanto, tenho algumas ideias pensadas para o futuro, designadamente exposições individuais ou colectivas, motivo pelo qual co nt i n u o a fo to g ra fa r re g u larmente. Diz-se que as grandes cidades são os locais indicados para Street Photogr a p h y, j á f o t o g r a f a s t e e m a l g u m a g r a n d e c i d a d e fo r a d e Po r t u g a l , Pa r i s , L o n d r e s por exemplo? Sim, já fotografei em grandes metrópoles, contudo, dada a sua singularidade, proxi m i d a d e e b e l eza , p re f i ro a cidade de Lisboa. Agradeço a tua participação na Revista Phocal de Janeiro com uma última pergunta sobre a Revista, o que achas deste projeto daquilo que já viste? Parece-me um projecto bastante interessante, o q u a l te m to d o s o s m o t i vo s , qualidade e apresentação para ser um sucesso. 78 | Phocal Phototovisions


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V í t o r Tr i p o l o g o s n a s c e u n o P o r t o n a F r e g u e s i a d e M i ra ga i a e m M a rç o d e 1 9 6 4 , c o m e ç o u o g o s t o p e l a fotografia com o seu pai que tinha uma Petri, depois b e m m a i s t a rd e a d q u i r i u u m a C a n o n EO S 3 0 0 e a í o gosto pela fo to grafia foi aumentando cada vez mais e embora seja um simples amador a verdade é que este hobbie tem uma importância fundamental na sua vida. Exposicao Colectiva na Galeria “Olhos d`Arte” Exposição Colectiva no “ Café Fenix ” Exposição Individual na Galeria “Espaço Gesto” Exposição Individual no Café “Lusitano” Exposição Colectiva na Secção Regional Norte da “ Ordem dos Medicos” Exposição Colectiva no “ Café Fenix ” Exposicao Colectiva no “Mosteiro de Grijó”

Vi tor Tripologos Po r to – Port uga l

tripologos@gmail.com https:/ / w w w.fa c e b o o k .co m / tr i p o l o go s ? f ref = t s Todas as imagens estão protegidas por direito de autor

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Vitor Tripologos

Vítor como começou a fotografia na tua vida? J á v e m d o te m p o d o f i l m e , s e m p re q u e fa s c i n o u o acto de se poder memorizar para sempre pequenos instantes da vida

a c e i ta çã o d a co r , m a s e u ta m b é m s o u d a q u e l e s q u e a c h a q u e o P B re a l ça a s h i stó r i a s q u e p o r n o r m a s e querem transmitir com este género de fotografia, para além de que pra mim a cor distrai daquilo que realmente é importante.

Começaste desde o início a fazer fotografia de rua ou passaste por outras fases da fotografia? Nas tuas fotos o que valorizas mais ......movimento, É o gé n e ro d e fo to g raf i a q u e m a i s fa ço, e m b o ra d e expressões , gestos ? vez em quando tente outras abordagens E u p re te n d o s e m p re d e n t ro d o p o s s í ve l c o n ta r u m a história, não pretendo que as minhas fotos sejam Porquê fotografia de rua? só uma mera imagem ( boa ou má) pretendo sempre É u m a f o r m a d e c o m u n i c a r c o m o m u n d o q u e m e transmitir algo, de preferência que entendam aquilo rodeia que eu vi e aquilo que senti quando tiro uma foto. Em termos técnicos achas que a fotografia de rua é menos exigente do que outros tipos de fotografia? Há especificidades diferentes em cada género de fotografia , a fotografia de rua exige atenção aquilo que nos rodeia, rapidez, mas se calhar não exige tanta técnica. Porque razão achas que o B&W está muito associado ao Street Photography? A Fo t o g ra f i a d e R u a v i v e m u i t o d o s m o m e n t o s , d e expressões, de sentimentos, e o PB confere sempre m a i s d ra m a t i s m o, e n fa t i za t o d a a c a r ga e m o c i o n a l associada a fotografia de rua.

A t u a m o c h i l a a n d a p e s a d a o u s a i s a p e n a s co m o o suficiente para fazer boas fotos? Regra geral ando com a maquina ( nikon d3000,lente 10-20 e também com a 35mm) e já fica um peso bem considerável És um fotógrafo atento á tecnologia, gostas de estar atualizado em termos de equipamento? Leio revistas da especialidade, mas só por curiosidade

Fotografia de rua? Temos bons fotógrafos? S i m te m o s exc e l e nte s Fo tó g rafo s d e R u a , h á p o r exemplo um grupo de nome GO-UP que foi fundado pelo J o s é Pe s s o a ( Pe s s o a N B e a t ) q u e r e ú n e a l g u n s d o s Achas que a cor desvirtua o misticismo que p B&W bons Fotógrafos de Rua deste país pode dar a um momento na rua?? A c h o q u e e sta m o s d e c e r ta fo r m a fo r m ata d o s p a ra S e t e p e d i s s e q u e d e s s e s d o i s o u t r ê s n o m e s d e q u e a fo t o g ra f i a d e r u a s e j a a P B , d a í u m a m e n o r fotógrafo que gostas e segues o seu trabalhos quem 82 | Phocal Phototovisions


poderias referenciar? Claro que o s clássicos como Cartier Bresson são sempre um inspiração neste género de fotografia

mostrarem o seu trabalho, sem duvida que fazem falta iniciativas como esta neste país

É d i f í c i l e m Po r t u g a l u m fo tó g r a fo s e r r e co n h e c i d o pelo seu trabalho, também tens essa ideia? A facilidade do digital faz de todos nós um “fotografo” daí que se torna difícil ser reconhecido, mas também a c h o q u e h á s e m p re l u ga r p a ra o s b o n s e h á a l g u n s exemplos disso Quando captas um momento... em plena rua... pen s a s e s s e m o m e n to, o u a f o to g r a f i a d e r u a é m u i to de impulso? A fo to g raf i a d e r u a v i ve m u i to d o m o m e nto, d o i m previsto ,claro que se idealizar uma foto, mas depois a situação não se proporciona, o essencial é estar no s i t i o c e r to n a h o ra c e r ta , d a í s e r u m e st i l o d e fo to grafia que exige que se ande sempre com a máquina fotográfica. Diz-se que as grandes cidades são os locais indicados para Street Photography, concordas ou qualquer aldeia pode significar uma grande foto? R u a s h á e m q u a l q u e r l o c a l , e c o m o é Fo to g ra f i a d e Rua... Agradeço a tua participação na Revista Phocal de Janeiro com u ma última pergunta sobre a Revista, o que achas deste projeto daquilo que já viste? Desde já agradeço esta oportunidade e é um projeto bastante interessante, que aborda vários estilos fo t o g rá f i c o s , d á o p o r t u n i d a d e a b o n s fo t ó g ra fo s d e Phocal Phototovisions | 83


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Ben oit Rousseau, descobriu a fotografia em 2008, e a partir daí decidiu fazer dela o seu principal trabalho Antes disso nunca tinha disparado o obturador de uma máquina.....estava errado: captar uma boa foto é um momento de mu ito prazer. Sempre que tem tempo... fotografa. É especialmente atraído por fotografar estranhos, fazer Street Photography.... mas se não existe essa possibilidade também fa z n a t u r e za o u e v e n t o s . Q u a n t o m a i s t e n t a a p u ra r o s e u t ra b a l h o m a i s d i f í c i l s e to r n a ca pta r m e l h o re s i m a ge n s , m a s e n q u a nto a s s i m s e m a nt i ve r o d e s e j o de prosseguir e fazer melhor persiste. Se algumas das suas imagens vos inspirar não deixem de me contactar v i a g u e s t b o o c k . B e n o i t Ro u s s e a u fo t o g ra fa p e s s o a s para se manter feliz e se as pessoas gostarem do seu trabalho então sente-se realizado EXHI B I T I O NS 2009 - 3e Prix fe st iva l Festi m a ge - C h ave s - Po r tu ga l http://w w w.fe st ima ge. o rg / i n d ex . p h p ? gc = 1 0 1 5 3 2011 - Scèn e s d e V ie et S c è n es d e R u e - R a b at - M aroc - Insta nt s S o lo – Pa r i s – F ra n c e - Sal o n d e R ie d ish e i m – R i ed i s h ei m - F ra n c e

Benoit Rousseau, como é que a fotografia surge na tua vida? Recebeste alguma influência? Antes era a minha mulher que tirava as fotos aos filhos. Descobri a fotografia em 2008 aquando de uma viagem a Marrocos para a qual tinha pedido uma máquina emprestada a um amigo. Mesmo desde sempre atraído pelas artes visuais, jamais tinha apoiado um dedo num disparador. Se a pessoa e figura humana te m a m i n h a p refe rê n c i a , ex i ste m m u i to s fo tó g rafo s q u e m e i n s p i ra m : c l a ro, H e n r i C a r t i e r B re s s o n , M a n Ray para a poesia, os repórteres fotográficos que a r r i s c a m a s u a v i d a p a ra c o b r i r u m a c o n t e c i m e n t o, as fotos de animais de Nick Brandt, os enquadramen t o s c h e i o s d e p re c i s ã o d e J av i e r A rc e n i l l a s , o o l h a r ternurento de Ami VItale, de Gmb Akash, as cenas surrealistas de Gibert Garcin. Não posso citá-los a todos, pois ficaria refém das imagens e sem um estilo particular de fotografia. O B e n o i t te m u m u m a m a n e i r a e n g r a ça d a d e f a ze r as suas fotos de “I shoot strangers in Paris”. Porquê Em França não existe o direito de fotografar indivíduos sem o seu prévio acordo. Por isso, a minha fotografia foge à lei. Esta posição é simultaneamente uma provocação e a constatação de que nunca peço autorização antes de fotografar desconhecidos. Reivindico o roubo de instantes de “I shoot strangers”.

2012 - E nfa nt s d u M o n de, V i s a O ff – Pe r p i g n a n F ra nce Pr ix a rago avec le co l l ec t i f O c to g ra p h ’ - Insta nt s S o lo – Pa r i s – F ra n c e - Les Parisie n s – Pa r i s – F ra n c e - Têtes d e ru e – Pa r i s – F ra n c e

B e n oi t Roussea u Pa ri s – F ra nça contact@benoit-rousseau.com htt p ://w w w. b en o i t- ro u s s ea u . co m / f r /a ccuei l . ht m l Todas as imagens estão protegidas por direito de autor © B e n oi t Roussea u

Qual a razão que o levou a escolher Street Photog raphy como uma forma de arte? Por gosto e por constrangimento. Gosto, porque o ser h u m a n o, a re l a çã o co m o s o u t ro s , é o q u e m e at ra i mais; o constrangimento, porque ivo numa grande c i d a d e . A c h o q u e s e v i ve s s e n o c a m p o fa r i a m a c ro, fotografaria paisagens e animais. É importante para ti contar histórias nas suas fotos? O m a i s i m p o r ta nte é q u e a i m a ge m ca pta d a p ro p o rcione uma emoção àquele que a vê; fazer uma imagem q u e c o n t e u m a h i s t ó r i a p o d e s e r v i r e s s e o b j e c t i v o, mas não é obrigatório. O que é que mais valorizas fotografia de Street Pho tography? Penso que o enquadramento antes de tudo o mais.

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J á t i v e ste a l g u m t i p o d e p r o b l e m a co m e sta f o r m a de fotografar? Nunca! Primeiro que tudo torno-me invisível, e mesmo que a pessoa se aperceba de que estou a fotografá-la, co m o m e e n co nt ro n u m e sta d o d e e s p í r i to p o s i t i vo, ela não se sente agredida. Se num momento em que fotografamos alguém sentirmos que estamos a violar a sua intimidade, esse alguém notará. Pelo contrário, s e n ã o n o s e s c o n d e r m o s e d i s p a ra r m o s p a ra t o d o s sorrindo e tirando prazer, as pessoas que nos rodeiam retribuirão também. Quais os seus locais preferidos para fotografar desconhecidos? To d o s o s l o c a i s e m q u e a l u z s e j a p a r t i c u l a r m e n t e bela e o sítio suficientemente largo para conseguir o enquadramento. Alguns fotógrafos dizem que Paris é a cidade mais indicada para fazer este tipo de fotografia...concordas? Não, não concordo mesmo. Os franceses são terrivel m e nte d e s co n f i a d o s d e m á q u i n a s fo to g rá f i ca s e p o r i s s o m e s m o d i f í c e i s d e fo to g ra fa r. N ã o s e i s e ve rã o em todos os fotógrafos de rua um possível paparazzi ou se simplesmente está no seu espírito como povo serem desagradáveis. Que tipo de equipamento usa? Concorda que a lente 35mm é a mais indicada para este tipo de fotografia?

Trabalho com uma Canon 5D e lentes de focagem fixa: 24, 35, 50 e 85 mm. A minha favorita é a de 24 mm pelo espaço que capta, e depois a de 50 mm pois permite guardar um pouco de distanciamento sem p e rd e r a p ro f u n d i d a d e d e ca m p o . M u i to s fo tó g rafo s t ra b a l h a m co m a 3 5 m m q u e e u co n s i d e ro s e r i d e a l para reportagem. Gostaria de visitar alguma cidade em concreto para fotografar desconhecidos? N o va I o rq u e , o n d e j á e s t i v e a n t e s d e m e d e d i c a r a fo to g ra f i a , Ro m a , L i s b o a , R i o, L o n d re s , e to d a s a s grandes cidades onde a vida é como um formigueiro. Qual a razão que que o leva a dizer que o fotógrafo perde mais do que ganha? A fotografia de rua é como a caça. Vai-se à procura de um instante para captar, sem a certeza de o encontrar. E n co nt ra n d o - o, é n e c e s s á r i o d i s p a ra r d e p re s s a , n u m único ataque. Já me aconteceu ficar várias horas sem t i ra r u m a ú n i ca fo to . M a i s p ro g re d i m o s , m a i s d i f í c i l s e to r n a t i ra r u m a b o a fo to . A s m e l h o re s fo to s s ã o aquelas que visualizamos mas que não temos tempo para captar. O Benoit também diz que “ Apenas tento fotografar a c i d a d e q u e r e a l m e n t e a m o ”. Vê - s e a f o t o g r a f a r noutra cidade? N a s c i , t ra b a l h o e h a b i to e m Pa r i s . A m o e sta c i d a d e . Phocal Phototovisions | 89


Mas mais do que a cidade, são as pessoas que me interessam e todas as cidades animadas me atraiem. Quais são os seus planos para o futuro? Terminar uma série de fotos sobre profissões de rua, l o n ga e d i f í c i l u m a vez q u e i n c l u i ta m b é m re ve n d e d o re s d e d ro ga , p ro st i t u i çã o, ca r te i r i ta s . . .C o nt i n u a r a ganhar dinheiro com trabalhos comerciais, a fim de p o d e r co nt i n u a r a fo to g rafa r o q u e m e d á p ra ze r e q u e é a fo to g raf i a d e r u a e p o r f i m c h e ga r a ca pta r A FOTO. Algu n s fo tó gr afo s e str an ge ir o s dize m qu e Li s b o a é fantástica para se fazer Street Potography? Poderia vir a ser uma das suas próximas viagens? Conheço bem o trabalho do Rui Palha sobre Lisboa e isso enche-me de desejos. As cidades portuárias são abertas e cosmopolitas. Os tramways, a diversificação e m i s t u ra d e a r q u i t e t u ra s m o d e r n a s e h i s t ó r i a s , a s cores do sul, são algo que me atrai. Por último, gostaria muito de te agradecer a tua colaboração e pedir-te uma opinião sobre a REvista Phocal Photovis ions.. Descobri esta revista recentemente. Acho-a ex trema mente agradável pois proporciona muito espaço para a fotografia e a sua maquete é estética. omo não há p u b l i c i d a d e n ã o h á o b r i gato r i e d a d e d e p á g i n a s co n sagradas a novos equipamentos, valorizando mais a imagem que o material. Acredito que em simultâneo c o m a Po l ka s e va i t o r n a r u m a d a s m i n h a s l e i t u ra s mensais. 90 | Phocal Phototovisions


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C o m m e nt l a p h o to g r a p h i e a p p a r a î t d a n s v o t r e v i e , avez vous eu une certaine influence? Ava n t c ’é t a i t m a fe m m e q u i p r e n a i t l e s p h o t o s d e s e n fa n t s . J ’a i d é c o u v e r t l a p h o t o g ra p h i e e n 2 0 0 8 à l ’o c ca s i o n d ’u n vo ya ge a u M a ro c p o u r l e q u e l j ’ava i s e m p r u n t é u n a p p a r e i l à u n a m i . M ê m e s i j ’a i t o u j o u r s é t é a t t i r é p a r l e s a r t s v i s u e l s , j e n ’a v a i s j a m a i s a p p u yé s u r u n d é c l e n c h e u r. S i l e s u j et h u m a i n a ma préférence, une multitude de photographes m’inspirent : Bien sûr Henri Cartier Bresson, Man Ray p o u r l a p o é s i e , l e s p h o to re p o r te rs q u i r i s q u e nt l e u r v i e p o u r co u vr i r u n s u j et , l e s p h o to s a n i m a l i ères d e Nick Brandt, les cadres précis de Javier Arcenillas, le regard tendre d’Ami Vitale, de Gmb Akash, les mises en scène surréaliste de Gilbert Garcin. Je ne peux pas to u s l e s c i te r ca r j e re ste u n go u r m a n d d e s i m a ge s , sans style photographique particulier. Vous avez une drôle de façon de marquer votre photo « I shoot strangers in Paris »... Pourquoi? E n F r a n c e v o u s n ’a v e z p a s l e d r o i t d e p r e n d r e d e s photos d’individu sans leur accord, mon style de photo est donc hors la loi. Cette signature est à la fois une provocation et le constat que je ne demande jamais l ’a u to r i s at i o n ava nt d e s h o o te r l e s i n co n n u s . J e revendi que de voler des instants « I shoot strangers ». Po u r qu o i av ez -vo u s ch o isi la S tre et P h o to g ra p hy e n tant que forme d’art? Par goût et par contrainte : le goût car l’humain, la relation aux autres est ce qui m’attire le plus et la contrainte parce que j ’habite dans une grande ville. Je pense que si je vivais à la campagne je ferais de la macrophotographie, des paysages, de l’animalier. Est ’ il très important d’avoir des histoires à vos photos? Le p lus important est que l’ image procure une émo t i o n à c e l u i q u i l a re ga rd e , fa i re u n e i m a ge q u i ra c o nte u n e h i sto i re p e u t s e r v i r c et o b j e c t i f m a i s n ’e st pas obligatoire. Que voulez-vous valoriser davantage dans une Street Photo? Je pense le cadre avant tout. Avez-vous eu des problèmes pour prendre des photos de personnes que vous ne connaissez pas ? J a m a i s ! To u t d ’a b o r d j e s a i s m e r e n d r e i n v i s i b l e e t m ê m e s i l e s u j e t s ’a p e r ç o i t q u e j e l e p r e n d s e n p h o to co m m e j e s u i s d a n s u n état d ’e s p r i t p o s i t i f i l ne se sent pas agressé. Si quand vous photographiez quelqu’un vous avez l’ impression de violer son intim ité, la personne le remarquera. En revanche, si vous ne vous cachez pas et déclenchez tout en souriant et en y prenant du plaisir, les gens tout autour de vous le ressentiront aussi. . Où préférez vous prendre cettes photos d’ inconnus? Tous les endroits où la lumière peut être belle et où il y a suffisamment d’espace pour cadrer large. Certain s ph o to graph e s dise nt qu e Paris e st la me il l e u r e v i l l e a u m o n d e p o u r ce t y p e d e p h o to g r a p h i e 92 | Phocal Phototovisions

.... êtes vous d’accord? Pas du tout, les parisiens sont difficiles à photographier car ils sont très méfiants vis à vis des gros boitiers. Je ne sais pas pourquoi, peut-être q u’ ils s’ imaginent q u e l e s p h o to g ra p h e s q u i s h o o te nt d a n s l a r u e s o nt tous des paparazzis ou peut-être que c’est la nature des parisiens d’être désagréables ? Q u e l t y p e d e m a té r i e l u t i l i s ez - v o u s ? Vo u s a cc e p tez q u e l ’ o b j e c t i f p h o to g r a p h i q u e 3 5 m m e st l a p l u s indiquée pour être utilisée pour Street Photography? J e t rava i l l e av e c u n re f l ex n u m é r i q u e C a n o n 5 D e t des objectifs à focale fixe : 24, 35, 50 et 85 mm. Mon favori est le 24 mm pour l’espace qu’ il apporte et ensuite le 50 mm car il permet d’avoir un peu de distance tout en ayant la possibilité de garder de la profondeur de champs. Beaucoup de photographes travaillent au 35 mm, pour moi il est idéal en reportage. Avez une préférence pour une ville pour prendre des photos de ce type? N e w-Yo r k o ù j e s u i s d é j à a l l é ava n t d e p ra t i q u e r l a photographie, Rome, Lisbonne, Rio, Londres, et toutes les grandes villes où la vie est comme une fourmilière Quelle est la raison que vous fait dire que le photographe, dans la plupart des cas, perd plus qu’il gagne? L a p h o t o g ra p h i e d e r u e e s t c o m m e l a c h a s s e , v o u s partez chasser un instant original ou graphique sans être certain de le rencontrer et si vous le rencontrez i l fa u t s h o o t e r v i t e , u n u n i q u e c o u p . I l m ’a r r i v e d e re ste r p l u s i e u rs h e u re s d e h o rs s a n s d é c l e n c h e r u n e s e u l e fo i s , p l u s o n p ro g r e s s e p l u s c ’e s t d i f f i c i l e d e fa i r e u n e b o n n e p h o t o . L e s m e i l l e u r e s p h o t o s s o n t celles que l’on voit mais qu’on a pas le temps de faire. vous dites aussi que «J’essaie juste de vous montrer l a v i l l e q u e j ’a i m e v r a i m e nt . Pe n s ez v o u s q u e v o u s pouvez choisir une autre ville pour photographier? J e s u i s n é , t ra v a i l l e e t h a b i t e à Pa r i s , j ’a i m e c e t t e ville, mais plus que la ville de Paris ce sont les gens qui m’intéressent aussi toutes les villes animées m’attirent. Quels sont vos projets pour l’avenir? Terminer une série sur les métiers de la rue, longue et difficile car ils comptent aussi les dealers, prostituées, pick-pocket… Continuer de gagner suffisamment d’argent avec des travaux commerciaux pour continuer d e m e fa i r e p l a i s i r a v e c l a p h o t o g ra p h i e d e r u e e t enfin arriver à faire LA bonne photo. Certains photographes étrangers disent que Lisbonne e st l a m e i l l e u r e v i l l e p o u r p h o to g r a p h i e r. Po u r r a i telle être sa prochaine destination? Je connais le travail de Rui Palha sur Lisbonne et cela m e d o n n e e nv i e . L e s v i l l e s p o r t u a i re s s o nt o u ve r te s et cosmopolites. Les tramways, le mélange des archi tectures modernes et historiques, les couleurs du sud sont autant d’éléments qui m’attirent. Et e n f i n , j e t i e n s à v o u s r e m e r c i e r b e a u co u p p o u r votre participation et vous demander votre avis sur Magazine Photovisions Phocal.


J ’a i d é co u ve r t c e m a ga s i n e ré c e m m e nt , j e l e t ro u ve très agréable car il fait beaucoup de place aux photos et sa maquette est esthétique. . Comme il n’y a pas de publicité il n’est pas obligé de consacrer des pages

d’articles sur les nouveaux matériels, il met en valeur l e s i m a g e s p l u t ô t q u e l e s o u t i l s . J e c r o i s q u ’a v e c Polka il va devenir une de mes lectures chaque mois.

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