Montadora de Stands - Hostória da LPR

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a invenção do desafio a história da LPR


A LPR O sonho de tornar-se uma das maiores montadoras de estandes do Brasil tornou-se realidade. Aos 25 anos de idade, a LPR, nascida em Londrina, Norte do Paraná, conquistou o Brasil e foi longe na prestação de serviços a empresas em diversos pontos do planeta. Ao realizar seu sonho, a LPR tornou realidade também um atendimento inovador, oferecendo ao cliente - além da montagem -, um leque de opções, como a locação de móveis, os painéis de led para shows e eventos e a tecnologia da impressão digital em grandes imagens, entre outros produtos. Isso graças à rede de empresas parceiras que montou em torno de si e que possibilitou oferecer novidades e inovações ao longo de sua trajetória no mercado. A expansão do negócio abriu-se em várias frentes de trabalho e hoje a LPR atua com filiais em São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, onde já possui duas filiais em centros de convenções que são referência na capital fluminense. Em 2011, a empresa reafirma sua capacidade para produzir e colocar em prática estruturas para grandes eventos. A matriz, localizada em Londrina, conta com departamento de criação, marcenaria, serralheria e setores administrativos. Em uma área de 15 mil m² os projetos se tornam realidade e a LPR mantém seu compromisso de buscar novos caminhos e soluções para seus clientes. A história da LPR tem muitas outras histórias junto dela e, por isso, traz um pouco de cada coração e de cada vida em sua própria trajetória. Vale a pena conhecer esses homens e mulheres que participam desse sonho iniciado em 1985, tornado possível pela coragem de acreditar na invenção do desafio.


r p L “Nunca fiquei preso ao que já foi feito, ao que já foi experimentado.”

Francesco Matarazzo (1854-1937)

Imigrante italiano, criador do maior império empresarial da América Latina entre os séculos XIX e XX, no Brasil

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A matriz da LPR, em Londrina (PR), em 2011: fรกbrica de projetos ousados LPR | 2


A reinvenção de todos os dias, há 25 anos Este livro foi idealizado conforme seu título sugere, “Invenção do desafio”, mas uma invenção baseada no trabalho, na seriedade e na honestidade. Conceitos como planejamento e estratégia vieram mais tarde, pois num primeiro momento, há 25 anos, tudo estava por fazer, as oportunidades brotavam por todos os lados, o espírito empreendedor, aliado à vontade de fazer acontecer, somados a colaboradores empenhados e comprometidos bastavam. O funcionário ideal era aquele que dedicava 100% do seu tempo à empresa, o melhor currículo era no qual constavam 10, 15, 20 anos de “casa”. Hoje, inúmeras mudanças ocorreram, faz-se necessário definir metas, objetivos, integrar conhecimento teórico e prático. As palavras-chave nos dias de hoje são inquietação, insatisfação, observadas nos jovens, porém com persistência, necessária em tudo o que fazemos na vida. Persistência, insisto, não teimosia, pois a teimosia nos paralisa, não nos permite ver que a direção precisa ser mudada, que os ventos não estão mais favoráveis e, quando isso acontece, é necessário humildade e inteligência emocional. Estar aberto a novas oportunidades, ser arrojado, acreditar que é possível e estar disponível para ver o futuro, somados à experiência do passado, faz de nós a maior montadora de estandes do Brasil. Com esse pensamento e atitudes, rompemos fronteiras, não só físicas, como culturais. Saímos do Norte do Paraná, conhecido por seu pioneirismo e, com esse mesmo sentimento, fomos montar estandes em três continentes, e assim caminhamos, acreditando ser possível inventar e se reinventar a cada dia. Pedro Sperandio Lopes Londrina, novembro de 2011.

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a invenção do desafio

A HISTÓRIA DA LPR

texto e edição Teresa Godoy (teresagodoy@teresagodoy.com.br)

7 a força do nome

IMAGENS ANTIGAS Arquivo LPR, arquivo pessoal Pedro Lopes, arquivo Folha de Londrina, acervo histórico de Londrina. CAPA Foto: Montagem no pavilhão, de Saulo Haruo Ohara. FOTOS ATUAIS Nil Gonçalves, Saulo Haruo Ohara, equipe LPR e filial LPR do Rio de Janeiro. REALIZAÇÃO Departamento de Comunicação LPR MATRIZ Londrina - PR - Av. Dr. Francisco Xavier Toda, 525 - Pq. Ind. Cacique - CEP 86072-410 - Fone: + 55 (43) 2104-9000 - Fax: + 55 (43) 2104-9009 FILIAIS Nova Petrópolis - RS - Rua Erwinio Roloff, 63 - Bairro Bavária - CEP 95150-000 - Fone: + 55 (54) 3281-1896

11 histórias para contar

18 a semente da LPR

São Paulo - SP - Rua Sampaio Corrêa, 311 Bairro do Limão - CEP 02710-080 - Telefax: + 55 (11) 3951-7290. Rio de Janeiro - RJ - Av. Salvador Allende, 6555 - Riocentro - Barra da Tijuca - CEP 22780-160 - Fone: + 55 (21) 3545-4150 - Fax + 55 (21) 3345-4170 Rio de Janeiro - RJ - Av. Paulo de Frontin nº 1 - Espaço Solar - Centro de Convenções SulAmérica - CEP 20260-010 - Fone: + 55 (21) 2213-4414.

33 os primeiros sonhos

www.lpr.com.br www.lprlocacoes.com.br www.lprleds.com.br

Londrina, novembro de 2011

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41 os primeiros estandes


56 62 76 89 102 118 129 145 171 176

os que vieram primeiro a tecnologia da transformação

a construção desta história

a genética da evolução no mundo das feiras a LPR, o Brasil e o mundo na velocidade dos anos 2000 uma lição de ousadia o desafio a invenção do desafio diário de bordo

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Vestindo a camisa Em 2010, a equipe de montagem da LPR trabalhou vestindo o uniforme dos 25 anos da empresa, orgulhosamente exibido Brasil afora. LPR | 6


Capítulo I

A força do nome

Março de 2010. Ao voltar para o pavilhão do

do que demonstra sua responsabilidade. Mede-o de

Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em

cima abaixo, detendo o olhar na manga da camiseta,

Brasília, o funcionário da empresa de montagem

cuja estampa não deixa dúvidas: lá está a logomarca

se dá conta de que está sem sua credencial. Dei-

dos 25 anos da empresa na qual o funcionário traba-

xara no próprio pavilhão, antes de sair, sua re-

lhou nos últimos 13 anos de sua vida.

ferência como membro da montadora oficial daquele evento.

O segurança ouvira falar da empresa o suficiente para entender como resolver aquela situação.

Faz calor no Planalto Central do Brasil e o suor

- Rapaz, se você trabalha na LPR - com esses 25 anos

que cola a camiseta ao corpo é amenizado, em

todos de estrada - você pode entrar como quiser aqui.

parte, com a conversa travada com o segurança.

Orgulhoso e agradecido, o funcionário levanta a ca-

- Amigo, sou da LPR e faço parte da equipe

beça e entra pelo grande portal, de onde pode ver em

que montou praticamente todos os estandes des-

grande angular boa parte da primeira fachada da feira

sa feira.

que ajudou a estruturar. Ao pisar novamente naquele

O guarda permanece impassível, ouvindo o jovem sôfrego.

imenso pavilhão, há poucos dias completamente vazio, sente a força do trabalho que realiza e o quanto

- Pois é... – continuou o rapaz - por incrível

aquilo tudo representa para os dezenas de colegas de

que pareça, esqueci minha credencial lá dentro e

Londrina, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do

preciso entrar.

Sul. Essa feira gigantesca que ajudou a erguer faz parte

Preparado para dizer não, o segurança olha

de uma história que começou há 25 anos, tempo em

detidamente para o trabalhador, bem mais jovem

que um evento desse porte ninguém imaginava exis-

o orgulho LPR | 7


A força do nome

O II Salão Nacional dos Territórios Rurais é uma promoção do Ministério do Desenvolvimento Agrário, criado para apresentar os avanços da política territorial em todas as regiões brasileiras. O evento, realizado em março de 2010, em Brasília, teve a montagem da empresa LPR, de Londrina.

Nomes de peso Empresas de alto conceito no mercado brasileiro e mundial compõem o portfólio da LPR em seus 25 anos de atuação em eventos nacionais e internacionais.

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A força do nome

tir. Não havia feiras tão profissionais e os eventos corporativos e de negócios ainda engatinhavam nos diversos estados brasileiros.

empresa paranaense, nascida em Londrina. Como o II Salão Nacional dos Territórios Rurais, realizado em Brasília naquele março

Quantas centenas de milhares de metros qua-

de 2010, muitos outros eventos e feiras haviam

drados haviam sido montados pela LPR desde en-

sido montados pela equipe da LPR, recheando

tão? O que mudou desde que os primeiros estan-

um currículo de 25 anos, uma trajetória que não

des de madeira haviam sido implantados e, depois,

começou do dia para a noite mas que fez dias e

substituídos por tecnologias realmente avançadas?

noites de muito trabalho se transformarem numa

Tudo isso fora criado na fábrica de ideias cha-

empresa com homens e mulheres acreditando na

mada LPR. Aquele imenso cenário também signi-

força de um desafio. Era gente que se orgulhava

ficava a realização de toda uma equipe que ali,

de cada conquista diária estampada na camiseta

na capital do Brasil, representava uma tradição

cuja logomarca queria dizer:

de duas décadas e meia. Era a história de uma

Orgulhosamente, a serviço da LPR.

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na ponta do lĂĄpis As primeiras conquistas da LPR sĂŁo lembradas com alegria e saudade por aqueles que participaram das primeiras montagens da empresa em sua trajetĂłria de 25 anos.

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Capítulo II

Histórias para contar

f

oi de Londrina que saíram os

quistado de vez a preferência de grandes e importan-

primeiros tímidos estandes

tes empresas na montagem de feiras e congressos, até

com a marca LPR para parti-

alcançar o status de destacada montadora dos jogos

cipar de eventos fora do eixo

Pan-Americanos sediados no Rio de Janeiro, em 2007.

Norte do Paraná. A cidade foi

Mas os primeiros dos 25 anos não foram nada fáceis,

o terreno ideal para o início

como é de praxe em todo início de jornada. Ainda assim,

das atividades da empresa.

os mais antigos se recordam dessa época com muita ale-

Embora o setor de eventos

gria pela oportunidade de vencer as dificuldades. Muni-

jamais tenha conquistado

dos da coragem, da intuição e de muito improviso, os pri-

status econômico considerá-

meiros funcionários eram valorosos soldados da brigada

vel na ex-Capital Mundial do Café, a área de

LPR que abria picadas no setor de eventos paranaense.

montagem nasceu ali com um espírito empre-

Saudando a reputada fama da LPR de hoje, os fun-

endedor e ganhou notoriedade no país, com a

cionários mais antigos acompanharam as mudanças que

qualidade oferecida pela primeira empresa do

viram acontecer na empresa. São boas e saudosas lem-

setor na região.

branças, diz o pioneiro Aparecido Lopes Samuel, o Seu

Dos pioneiros eventos promovidos pela

Cido. Ele ri muito quando se lembra da timidez vergo-

LPR a empresa migrou naturalmente para a

nhosa com que ele e seus colegas desciam os materiais

montagem de estandes, prestando serviços,

da velha F-4000 para montar os tacanhos primeiros es-

então, aos promotores de eventos de todo o

tandes nas feiras pelo Paraná e interior de São Paulo. “Do

país. Quando se deu conta, a LPR havia con-

nosso lado, bem ali, estavam grandes empresas do setor

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Histórias para contar

Valeu a pena tudo isso. Valeu a pena tantos anos de trabalho. É bacana participar desse trabalho e

ter histórias para contar.

na época, com materiais diferentes e bonitos, e gente especializada. Ficávamos acanhados com aquelas montadoras importantes do nosso lado. Eles tinham umas carretonas bonitas, eram todos bem vestidos, uniformizados... Nossa Senhora! Nós montávamos seis, sete estandes, enquanto eles montavam aquele mundaréu!”

SEU CIDO: a memória traz à tona os primeiros anos da empresa, desafiantes, difíceis mas bons de serem relembrados.

Esses primeiros percalços, entretanto, tornaram-se alavancas para as conquistas da empresa, foram exemplos que a pequena equipe da

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LPR usou para se espelhar e fazer mais e me-

LPR. A empresa começou com cinco, seis funcio-

lhor. “É impressionante olhar para a LPR hoje e

nários, conta Seu Cido. “Nós trabalhávamos no

ver como tudo se transformou!”, confirma Seu

almoxarifado e fazíamos um pouco de tudo”. E

Cido. De repente, 25 anos se passaram “como

o que ele chama de “tudo” eram tarefas distribuí-

um tiro” – expressão muito utilizada naqueles

das para quase todos, da limpeza do material ao

anos 1980 de tantas transformações.

carregamento da carga para a montagem dos es-

O homem que desfia essas lembranças é o

tandes. “A gente carregava o caminhãozinho, via-

mesmo Cido de sorriso franco e boa risada que

java, montava os estandes na feira e até dormia

iniciou uma jornada ao lado do empresário Pedro

dentro deles, quando não havia condições para

Lopes, muito antes que ele sonhasse em montar a

ficar em hotel. E não foram poucas vezes, não!


Histórias para contar

Tudo isso só nós cinco fazendo. Hoje já perdi a

imediatamente e levava de volta para Londrina,

conta de quantos funcionários somos.”

onde as conversas e a vontade de mudar davam conta de transformar em realidade. Assim, nas

NA VELHA F-4000

viagens seguintes, quando a LPR chegava para a montagem de novos estandes, um passo novo

No início, como os outros, Seu Cido também

havia sido dado. “Tínhamos aquela vontade de

estava aprendendo. “Começamos a viajar, correr

alcançar os melhores, de crescer”, relembra Seu

este país. Eu parava mais no mundão aí do que

Cido, nutrido do mesmo entusiasmo que o trou-

em casa.” A caminhonete comia as estradas do in-

xe até a primeira década do século XXI trabalhan-

terior do Paraná e de São Paulo, sempre recheada

do na empresa que ama. “Foi essa vontade, essa

de materiais. Aquilo tudo reunido seguia para as

pressa de vencer, que fez com que a LPR crescesse

primeiras feiras que a LPR começou a montar um

rapidamente, contratasse mais pessoas, até che-

pouco aqui, outro tanto ali. “A gente virava a noi-

gar ao que somos hoje, uma grande empresa,

te na estrada, ia para tudo quanto é lugar”. Cia-

umas das melhores do Brasil, trabalhando para

norte, Maringá, Garça, Araçatuba... Paraná e São

outros países, abrindo filiais.”

Paulo eram destinos certos nos primeiros anos.

Em poucos anos, a LPR seguia a par e passo

Depois vieram Rio Grande do Sul, Santa Catarina,

com o mercado. As feiras já exigiam outros ma-

Rio de Janeiro, e até Angola - na África -, além

teriais, deixando para trás os tempos da madeira

dos Estados Unidos, vários países da Europa e os

pintada. O que começou pequeno ganhou corpo

Emirados Árabes Unidos.

e expressão e o sonho da LPR já não cabia mais

Aos poucos, o que era sonho tornou-se reali-

na velha caminhonete nem no pequeno barracão

dade. A estratégia foi se estruturando e sustentan-

dos primeiros tempos. Foi preciso mudar. Os ma-

do as novidades. Tudo que era visto como diferente nas feiras a pequena equipe da LPR absorvia

Na lembrança do Seu Cido, a velha caminhonete F-4000 era mais ou menos assim, uma força modesta, porém gloriosa, no trabalho de transportar os sonhos da empresa.

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Foi uma vitória montar em tempo recorde aqueles estandes inovadores que só as empresas experientes montavam. Por isso comemoramos.

teriais ganhavam novo perfil e a pequena empresa já não vencia mais atender a tantos pedidos. Uma nova estratégia de organização interna ganhou corpo. Seu Cido estava lá e viu a equipe seguir uma coordenação especial sob a liderança do novo colega Valdemir Alves da Silva, até hoje um senhor diretor do setor na empresa, hoje chamado de logística. No comando do almoxarifado, Valdemir era mais um companheiro na virada dos dias e noites misturados à regra básica seguida pela equipe: jamais atrasar uma montagem. “Virávamos uma, duas noites trabalhando, dormindo só um pouquinho...”, recorda-se Seu Cido. “Os motoristas ficavam esperando com o caminhão para carregar porque a feira ia começar e não podíamos atrasar.”

AVENTURAS POR AÍ Seu Cido é a própria memória da empresa PEDRO LOPES: na feira em Maringá, no Paraná, um grande feito marcou a agenda da jovem empresa, com orgulho. LPR | 14

quando puxa os fatos como se fosse um filme pas-


Histórias para contar

sado com delicadeza. Lembra-se dos sufocos e das dificuldades com a mesma alegria. Tudo faz parte da história que ajudou a construir. Puxa do seu arquivo pessoal as poucas e boas que viveu pela estrada afora. Como aquela vez em que os rapazes chegaram no tempo justo para montar o estande numa feira e, por conta disso, acabaram ficando sem “teto” para dormir, pois a feira já ia começar. O jeito foi se ajeitar debaixo do caminhão mesmo, onde todos puderam dormir o sono dos justos depois de tanto trabalho. Numa outra vez, em Ourinhos, interior de São Paulo, o aperto foi pela falta de recursos para comprar duas passagens que levassem Seu Cido e o Valdir dali para Garça, destino do evento seguinte na agenda da LPR. “Dentro da cabine do caminhão não cabia todo mundo. Então, fomos eu e o Valdir em cima da carga, nos ajeitando para não sermos descobertos pelos guardas.” Ele ri ao lembrar. Recorda-se com uma boa gargalhada da friagem que ele, seus colegas e até o patrão Pedro Lopes passaram na lendária Festa da Uva, em Caxias do Sul, nos idos dos anos 1990. “Lembro-me de uma vez que até nevou! Eu estava com duas blusas pesadas e ainda tremia de frio. Na casa em que ficamos, eu é que levantava cedo para fazer o café. Para que a água não congelasse na torneira, no dia seguinte, era preciso colocá-la num balde grande antes de dormir. Era isso todos os dias.”

DEPOIS DE MUITO TRABALHO, nos pioneiros tempos da empresa, era nos velhos estandes de madeira que os heróicos montadores da LPR iam dormir.

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Histórias para contar

No final, tudo dava certo e, em meio às bai-

dureza daquelas horas contadas que a LPR ia fa-

xas temperaturas do Sul, a equipe da LPR tinha lá

zendo escola entre todos aqueles que aceitaram

suas maneiras de vencer o frio: com muita ener-

o desafio de pertencer à empresa.

gia gerada pelo trabalho braçal e, no final, com

“Nessa época, a gente ainda dormia no es-

um bom copo de vinho para comemorar. Afinal,

tande para economizar. Levava cobertor, pijama.

era a Festa da Uva.

Enfrentava banheiro com água fria... Nós já pas-

Eram tempos pioneiros, tempo de muitos de-

samos por cada uma, hein?!”. Na memória do

safios. Havia sufoco e havia compensações movi-

Seu Cido, a lembrança é sempre boa, embora

das à adrenalina exigida pelo tempo, o implacável

fossem tempos difíceis. Seu sorriso franco de-

senhor da LPR. Foi na Expoingá, feira agrope-

monstra que aqueles tempos pioneiros são

cuária de Maringá (Norte do Paraná), que o reló-

como um troféu para as vitórias conquistadas

gio tornou-se um cruel patrão. “Já chegamos um

até hoje. Seus olhos brilham e ninguém diz que

pouco tarde, e quando terminamos e vimos que

esse homem passou tantos dias fora de casa, de-

havia dado tempo de montar todos os estandes,

dicado ao trabalho, que quase não viu suas três

pulamos de alegria”, recorda-se o Cido de 70

filhas crescerem. Hoje sente orgulho da família

anos, jovem de novo com a alegria de poder

que construiu junto à esposa Rosa e da história

contar essa história com a mesma satisfação com

que ele ajudou a escrever na empresa.

que a viveu no passado. “Eram muitos estandes. Viramos noites, mas entregamos no prazo”.

NA ATIVA

O empresário Pedro Lopes confirma. Ele também lembra como se fosse hoje. “Foi a pri-

Há alguns anos Seu Cido não viaja mais. Tra-

meira vez que montamos um estande externo

balha no almoxarifado da matriz, em Londrina,

com telhado. Como esse tipo de estande era

um dos corações da LPR: por ali, todas as artérias

algo inovador, montado apenas por empresas

e todos os fatos circulam. A conexão com os de-

muito experientes, tornou-se um desafio impor-

partamentos e com a vida da indústria é um vital

tante para nós naquela feira de Maringá. Então,

encontro em que se misturam o conhecimento, a

realmente, foi uma comemoração. E os estandes

mão-de-obra, a experiência, a liderança e muito,

ficaram de fato bonitos, eram os mais bonitos

muito trabalho. Ali, o veterano homem dos primei-

estandes da feira”, ressalta Pedro, sem modéstia

ros tempos mantém-se na ativa. Não quer parar.

e com uma boa dose de nostalgia. Afinal, era na

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São quase 30 anos ao lado do empresário Pe-


Histórias para contar

dro Lopes, pois começou quando ainda trabalhava

como a empresa, não tenho tempo de envelhe-

no Londrina Country Club, onde era funcionário

cer”, diz ele, satisfeito com sua filosofia.

de serviços gerais, e o empresário, presidente do

Há quem lhe pergunte se valeu a pena tanta

clube. Dali, Pedro o levaria para trabalhar com ele e

dedicação, e ele nem titubeia: “Eu digo que valeu

sua equipe na construtora que dirigia e, na sequên-

porque é bacana participar de uma empresa que

cia, para a empresa de eventos que montaria. Cido

a gente viu nascer, acompanhou, participou, viu

é colaborador de primeira hora. É um dos muitos

crescer. Valeu a pena, sim, e muito. Criei as mi-

aventureiros que compuseram e continuam a fazer

nhas filhas; tudo que tenho devo ao meu trabalho

parte da jovem LPR que jamais envelhece. “E eu,

aqui. Estou feliz. Tenho história para contar.”

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Capítulo III

A semente da LPR

c LPR | 18

ontar a história de uma empresa

tonomia de fazer valer por conta própria a sua

é quase sempre contar a história

vontade de realizar. Esse poder tem lhe permitido

de quem a criou e sua terra natal,

construir um lugar independente, podendo viver

assim como falar de uma família

milhares de anos através da vida dos povos que

é, necessariamente, relembrar

para lá seguiram, oriundos de estados e países os

seus antepassados. A LPR nasceu

mais diversos.

em Londrina, o que já esclarece muito sobre sua

Terra de forasteiros, a cidade forjou muitas em-

identidade. Para quem não conhece, Londrina é

presas com essa mesma vontade, empresas que nas-

uma cidade do Norte do Paraná conhecida por

ceram nos primeiros tempos - na década de 1930

sua juventude eterna.

- e que ainda hoje convivem com as mais caçulas,

É verdade!

fazendo andar rápido a segunda maior cidade do

Esse pedaço do Brasil localizado no Sul do

Paraná - depois da capital Curitiba -, a terceira do

país, e que tem apenas 77 anos de vida, construiu

Sul do país. Foi em Londrina, metrópole mutante e

uma história rica e diversa pautada sempre na au-

jovem senhora, que a LPR deu os primeiros passos


A semente da lpr

na década de 1980, tornando-se conhecida, anos depois, em todo o país e no exterior. Quando a década de 1980 chegou, com suas mudanças pontuais na economia, na política e

Do café à construção civil, Londrina viveu muitas transformações em poucas décadas.

nos costumes, Londrina vivia o primeiro passo de uma cidade se verticalizando assustadoramente. A “província” que vivera tantos anos sob a custódia do ouro verde, tornando-se a Capital Mundial

Londrina fervilhava nos anos 1980. Quem vi-

do Café, ia ganhando outro perfil entre a década

veu, sabe. Quem não viu, deve ter ouvido falar e

de 1970 e de 1980, um perfil que encarava os no-

sente ainda hoje as marcas de uma cidade que

vos tempos de uma indústria diferente; não mais

deu tudo de si para chegar ao século XXI vigorosa

a cultura exclusivista do café mas um movimento

e ciente da sua vocação para a prestação de servi-

que começava a revolucionar o terceiro setor. A

ços. A indústria dos negócios ganhou força onde

construção civil, os muitos projetos no setor edu-

antes se reivindicava um parque industrial base-

cacional e a força de uma medicina de vanguarda

ado nas chaminés e na baixa qualidade de vida.

iam colecionando pontos para a cidade que ficou tantos anos dependente da monocultura.

Também foram anos muito difíceis, apesar da esperança que se espelhava no rosto dos brasilei-

Com o lastro da Universidade Estadual de

ros. Com a abertura política, o retorno das elei-

Londrina - a primeira - e das faculdades diversas

ções diretas para os principais cargos políticos e

anos depois, a educação e a cultura ganharam

a volta dos civis ao poder trouxeram um facho

força, promovendo debates com os festivais inter-

de luz à combalida fé do brasileiro-londrinense,

nacionais de teatro e de música com um vigor só

sufocada durante 20 anos com a ditadura militar.

visto em grandes centros.

Por todo o país, um lampejo de felicidade pairava

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A semente da lpr

A revolução dos espigões levou os olhos dos londrinenses para o alto.

nas ruas, espalhada pelas mãos que aplaudiam o movimento das Diretas Já. Londrina viu o lendário Calçadão ficar completamente tomado por uma multidão de 50 mil pessoas, homens e mulheres em busca do sonho prometido, exigindo eleições diretas para Presidente. Na década de 1980, os jovens que acorriam do vizinho Estado de São Paulo – como seus antepassados, que fincaram raízes no início da colonização da cidade -, gozavam seus dias no movimento estudantil ou nos botecos e agitadas festas das “repúblicas”. As tais “revoluções”, no atacado e no varejo, movimentavam a vida desses novos habitantes da cidade, nesse período já precedendo o movimento educacional que a região metropolitana da cidade viveria anos depois, com suas 18 instituições de ensino superior e as muitas entidades educacionais que tornaram Londrina uma referência em educação no Paraná. Foi nessa época de mudanças, com crises econômicas de toda a ordem e com o Brasil abrindo-se para si mesmo e para o mundo, que as empresas “modernas” descobriram o ser humano. O país começava a investir em recursos humanos nas empresas, lastreado, principalmente, pela Constituição de 1988, que precisava reverter a falta de direitos suprimidos por mais de 20 anos de ditadura. Os brasileiros abriram-se à mudança, aos direitos da mulher de ter direito à licença-maternidade, aos direitos da criança e do adolescente. As mulheres deram passos mais firmes para ganhar o mercado de trabalho em massa.

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Foto histórica: Yutaka Yasunaka

www.londrinahistorica.blogspot.com

A semente da lpr

Londrina seguia nessa toada. O Brasil vivia já as conseqüências do malfadado milagre econômico, herança que os militares iam deixando para os brasileiros sob o disfarce

nhos erguiam seus projetos dirigidos a diversas

da “abertura ampla e irrestrita”. Com o financia-

classes sociais, fabricando moradias e empregos.

mento externo mais caro, a economia brasileira

A tendência vinha de longa data.

entrou num período de dificuldades crescentes,

Na década de 1950, a evasão de divisas levou um

que levaram o país ao desequilíbrio da balança

empreendedor da cidade a inventar um desafio. O

de pagamentos e ao descontrole da inflação. Era

dinheiro ganho na cidade estava sendo investido em

a recessão chegando, abrindo crises em todos os

outras localidades, principalmente Curitiba e São

lugares, ainda que o propalado Plano Cruzado

Paulo. Para tentar combater esse processo, o empre-

tentasse tudo para reverter os problemas. Vivia-

sário Rômulo Veronesi iniciou, em 1957, uma série

-se o mergulho numa longa recessão que pratica-

de lançamentos imobiliários que iriam ajudar a man-

mente bloqueou todo o crescimento econômico,

ter na cidade uma parcela maior dos ganhos com as

ou o que se dizia haver dele.

plantações de café e com o comércio. O primeiro

Em plena década da abertura política, Londri-

lançamento de Veronesi foi o Edifício Bosque, em

na ganhava projeção com o terceiro setor se orga-

parceria com o jornalista e empresário João Milanez.

nizando, ainda que as lideranças clamassem por

Em 1958, Veronesi lançou o Edifício Centro Co-

uma vocação industrial, convocando os adminis-

mercial, que vendeu em uma semana todos os 220

tradores a atrair indústrias para fabricar empre-

primeiros apartamentos. Depois foram lançados os

gos. Mas a cidade produzia sua própria manufa-

edifícios Júlio Fuganti, Cinzia, Galeria Folha de Lon-

tura, tendo na construção civil seu alicerce maior.

drina e Panorama, símbolos de uma época áurea da

Todos precisavam de moradia – de estudantes a

cidade subindo aos céus.

empresários – e o marketing dos espigões ex-

Os prédios começaram a subir, um a um, en-

plodiu, altaneiro. Construtoras de diversos tama-

chendo os olhos dos londrinenses, e até mesmo LPR | 21


A semente da lpr

daqueles que chegavam de cidades maiores. Mui-

ao convidar Lopes para assumir a Autarquia de Es-

tos ganharam dinheiro nessa época sabendo ofe-

portes e Turismo da Prefeitura de Londrina, a Ame-

recer ou comprar o imóvel certo na ocasião certa.

tur. Foi direto também ao retrucar a recusa do enge-

Era preciso correr para acompanhar a força

nheiro, que disse estar lisonjeado com o convite mas

das casas e prédios que iam brotando pela cida-

que não podia aceitar porque não havia votado nele

de. Casas de madeira conviviam com palacetes

e sim em seu adversário nas últimas eleições.

na Avenida Higienópolis e espigões pululavam no centro, mostrando a “modernidade” daquela

- Não estou procurando eleitor, mas gente que saiba trabalhar – disse, convicto, o prefeito.

gente que, estimulada pela construção civil, não

Foi o que bastou para que aquele homem de

media tijolos para gastar o dinheiro ganho na

31 anos, agitado e cheio de energia, aceitasse o

lavoura do café e no comércio. A tendência, por-

desafio de entrar para a equipe do famoso Wilson

tanto, seguia fazendo escola nos agitados anos

Moreira, um empresário mineiro que adminis-

1980. Foi nesse cenário que nasceu a Lopes &

trou Londrina entre 1983 e 1988. Ele fez fama e

Andrade, construtora que tinha à frente o enge-

fortuna na Região Norte do Paraná por conta de

nheiro civil Pedro Sperandio Lopes, formado na

sua obstinação, força de trabalho e poder de eco-

primeira turma de engenharia civil da Universi-

nomia. Era famoso por sua “mão fechada”, mas

dade Estadual de Londrina, e a empresária de

era conhecido também, e principalmente, por

confecções Rosana Andrade.

sua capacidade de realizar. Assim, receber um

Com a construtora, foi possível a eles erguer

convite desse homem de ação, que tanto prestí-

muitos sonhos, participando dessa época de tan-

gio tinha na sociedade londrinense, era uma hon-

tas realizações na construção civil da cidade.

raria digna de vaidade. Mas, para quem dispensava a vaidade sem pro-

O REALIZADOR

pósito – como Pedro Lopes -, ser chamado para compor a equipe que fez uma das mais brilhantes

LPR | 22

Mas a terra natal do empresário Pedro Lopes o

administrações públicas de Londrina, já era, de

convocava a uma participação ainda maior. Como

qualquer forma, um certificado de competência.

se não bastasse o trabalho à frente da construtora

Ele confirma: “Trabalhar com o Dr. Wilson foi

e a direção do Londrina Country Club, que aceitara

um aprendizado. Nas reuniões comandadas por

ocupar nos primeiros anos da década de 1980, Pe-

ele, eu me sentia como um aluno diante de um

dro acabou assumindo outro desafio nesse período.

professor rigoroso. Todo projeto que apresentá-

Wilson Moreira, um mineiro tinhoso que nunca

vamos tinha que estar acompanhado dos prós e

abandonava nada no meio do caminho, foi enfático

dos contras. Não bastavam apenas os prós; se o


Foto: livro Wilson Moreira e a política da eficiência

A semente da lpr

O prefeito Wilson Moreira (no centro, de óculos), homenageia pioneiros de Londrina, ao lado de autoridades da época. A festa havia sido coordenada por seu secretário Pedro Lopes, a quem convidara para compor o governo.

projeto não contivesse os contras, ele simples-

1984 e 1986 -, Lopes confessa que a listinha não

mente o ignorava.”

lhe deixa errar na maioria dos planos que empre-

Constavam na cartilha de Moreira os fatos re-

ende. Na LPR, empresa da qual se orgulha e com

ais, sem maquiagem. Era assim que ele conseguia

a qual fez história no Paraná e no Brasil, os prós

realizar tanto: pondo os pés inteiramente no chão.

e os contras continuam sendo uma justa medida

E foi assim que Pedro Lopes entendeu. “Ele me en-

nos momentos cruciais de decisões da empresa.

sinou: faz a lista de prós e dos contras e veja qual

Foi assim em muitos momentos da vida em-

que ganha. Veja o que tem numa e o que tem na

presarial e naqueles primeiros anos que antece-

outra; se as duas colunas estiverem meio empata-

deram a criação da LPR. Pode-se dizer, aliás, que

das, não faça nada; isso indica que é para tentar um

a LPR tinha já sua semente lançada nos primeiros

outro projeto. É preciso ter pelo menos 80% de

atos de trabalho de Lopes à frente da Ametur,

prós para que você realize o projeto”, ensinou Mo-

ou até muito antes, quando o engenheiro civil

reira, que, aliás, era também um engenheiro, como

– dono da então Construtora Lopes & Andrade,

Pedro Lopes, mas especializado em eletricidade.

com cerca de 200 funcionários - nem sonhava em

Até hoje, 27 anos depois de protagonizar uma

se tornar um realizador de eventos.

das mais respeitadas e brilhantes administrações

“Fui convidado para a Ametur devido ao bom

à frente da Ametur – a autarquia que dirigiu entre

trabalho que fiz no Londrina Country Club. O LPR | 23


O secretário de esportes

À frente da Ametur, o engenheiro Pedro Lopes reorganizava a autarquia, com uma administração enérgica e arrojada, que convidava Londrina para as promoções culturais e esportivas da cidade. A imprensa deu espaço para que o secretário de esportes expressasse sua opinião e mostrasse um trabalho diferente e fundamental para a administração pública na época.

LPR | 24


A semente da lpr

clube estava praticamente parado e precisava de

na direção, com promoções diferenciadas para o

um empurrão”, relembra Lopes, que junto a uma

esporte e o turismo, e ainda, responder à altu-

boa equipe de trabalho passou a dirigir o Country

ra aos críticos da sua nomeação, que alardeavam

com muito entusiasmo. No rol de desafios, os no-

pela cidade o fato de Lopes assumir um órgão pú-

vos diretores enfrentaram uma extensa ficha de

blico que cuidava dos esportes.

inadimplentes – cujas dívidas foram todas pagas graças a um plano de cobrança sui generis pro-

- O que um engenheiro entende de esportes? – questionavam aos quatro cantos.

posto por Lopes. A ideia era publicar no jornal

Alimentado pelos desafios, Lopes foi em frente

de maior circulação da cidade, a Folha de Lon-

e fez de sua gestão uma histórica passagem pelo ór-

drina, os nomes dos “famosos” inadimplentes. E

gão. É de se registrar, por exemplo, a iniciativa pio-

eles eram mesmo muito famosos – de políticos,

neira de angariar patrocínios para os esportes, algo

a empresários e representantes do high society

incomum na cidade e, inclusive, no país daquela

local -, o que acabou por resultar no pagamento

época. A parceria tão comum hoje entre patroci-

das dívidas. Ao lado do “saneamento básico” das

nadores e eventos esportivos não era corriqueira,

mensalidades, a equipe de Lopes protagonizou

afinal, eram os primeiros anos da década de 1980,

uma extensa e prazerosa lista de promoções so-

tempo em que nem o esporte nem as atividades

ciais que movimentou a agenda social do clube.

culturais viviam desse expediente. O país estava

Resultado: a nova política administrativa ganhou

engatinhando na abertura política e econômica e

pontos junto aos associados e à sociedade londri-

as leis de mercado estavam ainda muito atreladas

nense como um todo. Pedro Lopes ficou em evidên-

ao sistema conduzido pela ditadura militar.

cia mostrando sua capacidade de realização, e o pre-

Londrina, sempre à frente em muitos aspec-

feito Wilson Moreira gostou disso. Por isso o convite.

tos, em 1984 dava os primeiros sinais de que seria

Já à frente da Ametur, outro desafio: reorgani-

possível viver novos tempos. Ao repórter que o

zar a autarquia, propondo mudanças substanciais

inquiriu sobre as transformações pretendidas na LPR | 25


A consagração Contrariando as vozes dissonantes, Lopes destacou-se na Ametur, pôs a casa em ordem, criou ideias revolucionárias para o setor na época e levou artistas importantes para se apresentar no cartão postal da cidade, o Lago Igapó. O palco flutuante, projetado para a ocasião, mostrou-se um sucesso no show do Cinquentenário. A comunidade compareceu em peso e o sucesso foi estampado na imprensa, nos dias seguintes.

LPR | 26


A semente da lpr

Ametur, onze dias apenas após sua posse, Pedro

mei a iniciativa, por exemplo, de contatar a em-

Lopes foi enfático, antes mesmo que o jornalista

presa de eventos do Luciano do Valle – o locutor

ligasse o gravador. “Sabe o que é? Com a revolu-

de TV que se tornou empresário do marketing

ção de 1964, a minha geração ficou amortecida.

esportivo no Brasil - e acabei levando para Lon-

Uns poucos resolveram ir à luta, a maioria deci-

drina a luta do Maguila – o lutador de boxe mais

diu ficar ausente de tudo. Agora, que estamos

famoso da época no país. Além disso, levamos

recuperando um espaço, temos que aproveitar,

para a cidade as seleções feminina e masculina

soltar aquela energia que estava contida.”

de basquete e, em contato com o Osmar Santos,

Pedro Lopes entendia o recado de seu tempo

o maior locutor esportivo da época – ícone na

e, por isso, abraçou a oportunidade que teve para

Rede Globo -, levei o vôlei masculino e feminino

mostrar como se fazia uma boa gestão. Anunciou

para brilhar na cidade”.

novidades, como a Olimpíada do Trabalhador,

Era tudo novidade. E foi tudo um sucesso.

a venda de espaços publicitários no Ginásio de

A imprensa cobriu com um espaço muito es-

Esportes Moringão – palco de jogos importantes

pecial, dando às atividades do secretário Pedro

para a cidade -, cobrança da taxa de manutenção

Lopes uma projeção à altura do trabalho que em-

das cadeiras cativas do Estádio do Café – expe-

preendia.

diente criado anos antes e jamais cobrado dos “donos” das cadeiras. “Fui atrás de grandes patro-

Folha de Londrina, 30 de março de 1984.

cinadores. Fiz contatos junto aos executivos do

“Já familiarizado com a Ametur, Pedro re-

Banestado (o Banco do Estado do Paraná) e do

velou os seus planos, no mínimo audaciosos.

Bamerindus para patrocinarem nossos eventos

Ideias é o que não faltam a esse jovem que está

esportivos, e isso foi o máximo na cidade!”. As

disposto a vencer o desafio.”

duas instituições financeiras já não existem, mas, principalmente o Bamerindus – um banco genui-

Pedro Lopes estava com 31 anos. Tinha energia

namente paranaense -, ficou muito conhecido

e fôlego para aceitar os desafios - e, melhor, para

nas décadas de 1980 e 1990 por seu expressivo

inventá-los diante do que a vida lhe propunha.

apoio à agenda cultural do Paraná e do Brasil.

Foram dias e dias de muitos acontecimentos

Com status de secretário de esportes, Pedro

com uma lista grande de eventos promovidos

Lopes antecipou a era dos patrocínios privados

pela Ametur, autarquia que, no mínimo, estava

em Londrina e puxou a fila dos grandes eventos

sendo chacoalhada pelo empresário Pedro Lopes,

promovidos de forma profissional com a partici-

aquele que diziam não ter condições de dirigir

pação expressiva da população da cidade. “To-

um órgão responsável pelo esporte. LPR | 27


A semente da lpr

Assim, vencendo a natural resistência a seu

Quem esteve nesse show de apresentações

nome, até mesmo os esportistas e pessoas liga-

culturais nem sequer percebeu que o palco era

das ao setor - que antes o renegavam - passaram

móvel.

a aplaudir as realizações da Ametur. A autarquia,

Foi um ano histórico! Além das comemorações

por sua vez, tornou-se presente na comunidade e

dos 50 anos da cidade, Pedro havia sido chamado

geradora de prazer junto aos cidadãos pagadores

também para um outro trabalho, a organização

de impostos de Londrina. Isso porque, o enge-

da Exposição Agropecuária de Londrina, que no

nheiro civil traçou um plano de trabalho tão ou-

ano seguinte comemoraria suas bodas de prata.

sado na direção da instituição que ele próprio se

Ali, Lopes lançou de vez a semente para a criação

revelou um promoter dos mais arrojados, numa

da LPR. Foram necessárias muitas doses de ener-

época em que esse termo sequer estava na moda.

gia naquele ano intenso, quando os frutos de um

Realizou tão ou mais que a famosa lista dos prós

trabalho dedicado à realização surgiam às pencas

e contras de Wilson Moreira, e ganhou de vez o

para o engenheiro Pedro Lopes.

respeito da comunidade londrinense, atraindo a atenção daqueles que nem imaginavam a possibilidade de ver o engenheiro civil Pedro Sperandio Lopes erguer uma carreira no setor de eventos.

para o administrador de desafios. De um lado, a direção da Ametur, exigindo criatividade e atitudes enérgicas; de outro, mais

O clímax dessa verdadeira prova de fogo foi,

doses de disposição para encarar a montagem de

sem dúvida, o calendário de comemoração do

sua primeira edição da tradicional feira agrope-

Cinquentenário de Londrina, uma série de eventos

cuária de Londrina. Foram dias agitados mesmo!

engrenados e projetados para acontecer durante o

Chegar às 7 horas da manhã para as indefectíveis

ano de 1984. “No dia do aniversário da cidade, 10

reuniões do Prefeito Wilson Moreira com sua

de dezembro, promovemos três bailes”, relembra

equipe tornou-se um ponto de honra para Pedro

Lopes, em depoimento ao livro Wilson Moreira – a

Lopes naquele período. “Imagina como eu chega-

política da eficiência, de José Antonio Pedriali. “O

va para essas reuniões...”, recorda-se o empresá-

palco flutuante no Lago Igapó, onde Arrigo Barna-

rio, no livro de memórias de Moreira.

bé deu um show, e Paulo Autran encenou, propor-

As atividades daquele ano envolveram a co-

cionou momentos inesquecíveis. Construir o palco

munidade e mostraram o prazer de Londrina por

foi um desafio aos céticos, que diziam que ele não

realizar por conta própria. “Foi um ano inteiro de

resistiria ao peso. Projetamos um palco capaz de

muitas realizações. Foi um absurdo o quanto fize-

suportar várias vezes o peso previsto.”

mos”, relembra Lopes, sem modéstia. “Foi muito

Um sucesso! LPR | 28

Conciliar tudo foi outro malabarismo possível

intenso! Considerei meu trabalho na Ametur um


A semente da lpr

grande prazer. Era bom de ver o ginásio de espor-

nhia de Desenvolvimento de Londrina, órgão

tes lotado com tanta gente! E encher o estádio

responsável pela administração dos negócios

para os eventos da Ametur era algo que ninguém

promovidos pela prefeitura visando o desenvolvi-

tinha conseguido fazer antes”.

mento da cidade. O trabalho intenso junto à Ame-

O apoio da imprensa, divulgando o trabalho

tur deu mais do que um passaporte válido para

da Ametur, foi fundamental, relembra o ex-secre-

Lopes assumir a Codel. Haveria muito por fazer.

tário, salientando que a peça importante nesse

Havia outro prazo importante para realizar o que

quebra-cabeças foi o fato dos jornalistas enten-

Moreira havia escalado para Lopes.

derem que “eu era um cara sério; com isso, não

“Dr. Wilson resolveu terminar a obra da rodo-

precisei pagar para divulgarem os trabalhos da

viária – pois Londrina estava deficitária com um

Ametur: o sucesso foi um passaporte natural para

terminal muito antigo - e me colocou para cuidar

a divulgação de tudo que foi realizado”.

do condomínio, um sistema de cotas que ele criou para viabilizar o terminal rodoviário à época”.

NOVOS DESAFIOS

Era mais uma ideia ousada de Londrina. O projeto do terminal rodoviário, que havia sido

E, enfim, quando as realizações chegaram ao

proposto na gestão anterior, de Antonio Belinati,

topo e Pedro Lopes teve sua motivação com prazo

e que, inclusive, fora projetado pelo renomado

de validade vencido, o prefeito Wilson Moreira foi

arquiteto Oscar Niemeyer, estava parado há cin-

avisado: seu secretário de esportes buscava novas

co anos, em vias de ser posto de lado pelo alto

tarefas, novos projetos; queria deixar o poder pú-

custo de sua execução. A Folha de Londrina de

blico. “Sou movido a desafios; quando tudo pa-

22 de junho de 1986 noticiou que “já haviam

rece mais ou menos pronto e parado, eu enlou-

sido gastos cerca de 20 milhões de cruzados para

queço”, diz Lopes. Resultado: o prefeito Wilson

a desapropriação do terreno, e investidos cerca

Moreira, que também era o desafio em pessoa,

de 17 milhões de cruzados nas edificações (...),

não aceitou de jeito nenhum a recusa de Lopes.

que seriam necessários ainda mais 45 milhões de

Tinha certeza de que aquele realizador precisava

cruzados para concluir o terminal, totalizando 82

continuar na Prefeitura, ajudando a cidade.

milhões de cruzados, o que foi viabilizado graças

Moreira pensou bem, “cozinhou” Pedro du-

à venda de cotas a empresários de Londrina.”

rante um tempo – bem ao estilo mineiro - e, fi-

Era preciso realizá-lo, pois a rodoviária an-

nalmente, encontrou outra tarefa para o homem

tiga já não comportava mais o fluxo de 25 mil

que adorava assumir missões quase-impossíveis:

passageiros/dia, um movimento que dava bem a

Pedro Lopes seria o titular da Codel, a Compa-

dimensão da região metropolitana que ia se forLPR | 29


A semente da lpr

mando tendo Londrina como centro. Pois bem:

çamento e pelas cotas a serem negociadas com os

Wilson Moreira queria resolver de vez mais essa

futuros condôminos. “Vendi mais de 70 milhões

equação aparentemente insolúvel. “Por sua mag-

em cotas e paguei a rodoviária com o dinheiro

nitude, seria um projeto dirigido mais à capital

das vendas. E para as pessoas que compraram foi

São Paulo, não para a Londrina daquela época.

um bom negócio. Puderam pagar os impostos

Para se ter uma ideia – compara Lopes - o investi-

cinco anos depois e rendeu muito mais do que

mento representava mais que o orçamento de um

qualquer aplicação financeira da época. Não fos-

ano do município só para essa obra.”

se pelas cotas, não haveria rodoviária como ela é

Mas era preciso fazer. E Moreira era realizador.

hoje. Aliás, essa foi a única obra em que o Oscar

Ele então se reuniu e negociou as mudanças pes-

Niemeyer aceitou mudar alguma coisa. É a única

soalmente com o arquiteto Niemeyer, visando à

obra dele que tem estrutura metálica, com telha-

economia na construção. Foi a única obra, no ex-

do de alumínio.”

tenso currículo do renomado arquiteto, a sofrer

Em 1988, Londrina conhecia sua nova estação

uma alteração. Lopes ficou responsável pelo or-

rodoviária, em substituição ao terminal inaugura-

Rodoviária com grife Com o projeto assinado pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer, a rodoviária de Londrina tornou-se uma realidade sob a administração de Wilson Moreira e coordenação de vendas das cotas de condomínio a cargo do secretário Pedro Lopes.

LPR | 30


A semente da lpr

do em 1952, tendo projeto de outro famoso ar-

fios foram carecendo de incentivos vitais na admi-

quiteto brasileiro, João Batista Villanova Artigas,

nistração pública, Lopes foi voltando à dedicação

o papa da arquitetura dos anos 1950.

exclusiva de sua construtora, da qual não havia

Assim, oito anos após ter aberto uma cons-

se desligado. Todavia, o engenheiro que montara

trutora, Pedro Lopes tornava-se responsável, em

sua construtora aos 24 anos de idade, aos 35 -

grande parte, pela construção de uma agenda de

quando deixou a administração pública -, estava

eventos destacados para o esporte e o turismo da

mais ansioso do que nunca por realizar projetos

cidade, além da importante obra empresarial da

diferenciados. Precisava de um novo desafio, esse

estação rodoviária de Londrina. Mas atuar como

substantivo abstrato que traçou o conceito de sua

servidor público era um viver transitório para Pe-

vida e fez desenhar projetos ainda mais ousados

dro Lopes, o empresário livre e sem amarras. Seu

nos anos seguintes.

negócio era a iniciativa privada e tão logo os desa-

Pedro foi realizar eventos.

LPR | 31


LPR | 32


Capítulo IV

Os primeiros sonhos

c

omo se vê, é da gênese de Londrina

dutos e serviços que ultrapassam aquela máxima

empreender com autonomia, so-

de que, no mínimo, o que é bom só pode ser feito

mando os talentos locais às ideias

nos grandes centros. Londrina prova o contrário

oriundas de todos os cantos do

e mostra o porquê nessa mistura de gerações. A

país. Foi assim nas empresas mais

história de trabalho dessa cidade explica muito

antigas, tem sido assim nas mais

do que se fez em apenas 77 anos para construir

jovens. Aquele intenso movimento migratório do

uma metrópole de meio milhão de habitantes.

início do século XX, que recheou a cidade de ho-

Quando deu os primeiros passos na década

mens e mulheres em busca de seus sonhos, hoje

de 1980, a LPR era uma jovem empresa seguindo

impulsiona Londrina em áreas que a tornam re-

os passos da cidade que lhe deu vida. Autônoma

ferência em todo o país. A cidade se mantém re-

e valente, uniu um punhado de pessoas dispostas

ceptiva aos “de fora” e, por isso, também, cultiva

a fazer valer seus sonhos. Como Londrina, que

em sua verve cosmopolita a liberdade de quem

recebeu imigrantes e outros brasileiros em suas

pode fazer o inverso: exportar produtos, serviços

lavouras e na cidade, a LPR contou com a parceria

e conhecimento para outras cidades e grandes ca-

de homens como João Ferreira de Lima, cearense

pitais, como São Paulo e Rio de Janeiro.

“arretado” que completou 87 anos em plenas bo-

A LPR é o exemplo mais claro desse talento de portas abertas.

das de prata da empresa que ama. Como o colega Cido – paulista de Birigui -,

Como Londrina, a empresa tem em seus qua-

Seu João é outro importante personagem desta

dros pessoas de diversas regiões e, principalmen-

história que se mostra igualmente impressiona-

te, de variadas gerações. Por essa mesma porta

do com o tamanho da empresa que ele ajudou

que recebe o mundo, a LPR exporta seu trabalho

a construir. Não fosse pela memória já falhando

e vê saírem prontas ideias transformadas em pro-

e ninguém diria que o valente cearense está próLPR | 33


os primeiros sonhos

Era uma época difícil. Não tinha facilidade, não. Agora tudo é mais fácil, é uma beleza!

SEU JOÃO (À DIREITA) E O AMOR PELA EMPRESA: só falha a memória dos fatos mas a memória do coração está intacta. A empresa de sua vida nunca desaparecerá. Mesmo aposentado, ele gosta de visitar a LPR, revendo as pessoas e revivendo os velhos tempos.

LPR | 34


ximo dos seus 90 anos. Já se aposentou, mas é de lei sua ida à empresa sempre que tem vontade. Chega, circula pelos departamentos e recheia suas conversas com um presente tirado da sacola

que idade forem. O mais antigo deles, o próprio

que leva no ombro direito, atravessada na diago-

Pedro Lopes, é também um desses “garotos” que

nal, como um moleque dos tempos do velho esti-

Seu João adota como parceiros de sua história.

lingue. De lá, tira com um sorriso e uma conversa

Com ele mantém o respeito protocolar comum

boa, um punhado de balas que enche sua mão e

entre patrão e empregado mas não se atém à dis-

com as quais presenteia seus colegas em meio a

tância natural desses mandamentos. Gasta tempo

muita conversa.

com Pedro, como com qualquer outro colega,

Seu João adora passar horas falando e ouvin-

e tem conversas informais com ele como se vi-

do o que têm a dizer esses “meninos”, como ele

zinhos fossem de quarteirão. E Pedro, que não

chama os funcionários mais jovens, sejam eles de

desperdiça um bom papo com aqueles de quem

LPR | 35


os primeiros sonhos

LPR | 36

gosta, sempre tem uma boa palavra de afeto e

em 1931 -, também teve na LPR uma parceira im-

entusiasmo para o João que o acompanhou tam-

portante nesse período. Como Seu Cido, Pedro

bém nessa jornada da LPR. “Outro dia nos encon-

recorda-se do frio que passaram no Rio Grande

tramos no corredor e a conversa durou toda a

do Sul, por conta desse evento, em contraste com

manhã”, conta o antigo funcionário. Envolvidos

o forte calor que deixavam para trás no Norte do

na troca de informações de dois velhos amigos,

Paraná. “Era um sofrimento!”, recorda-se, rindo

ambos nem se deram conta de que o tempo pas-

muito. “E foi justamente na Festa da Uva que de-

sara... e Seu João acabou perdendo o ônibus que

mos um salto no mercado, até pela importância

o levaria de volta para casa. Relembrando a oca-

da festa naquela época”, afiança Lopes.

sião, o velho funcionário se emociona. “Não tem

Seu João se lembra vagamente dessas conver-

problema. Fui para casa em outro ônibus, pois o

sas que os montadores voltavam contando de suas

que eu não podia perder era essa conversa com

aventuras pelos eventos afora. Todavia, tem bem

ele, que estava muito boa!”

claro na memória o trabalho que ajudava a empe-

Se o velho João tem pela empresa o maior res-

nhar na empresa antes que a equipe partisse levan-

peito, a LPR tem pelo antigo funcionário muita

do os materiais para a montagem fora de Londrina.

gratidão. E esse bom relacionamento de “colegas”

Ele era da turma que permanecia na fábrica. Seu

é assim como uma marca registrada do empresá-

João cuidava dos serviços gerais. “Naquela época

rio Pedro Lopes. Ele faz questão de ressaltar essa

eu tinha força, não sentia o trabalho. Agora não te-

qualidade que vê em si e que torna as relações

nho força para nada.” Mas é com esse pouquinho

com a equipe mais forte, bem ao estilo espanhol

de energia que Seu João reúne suas lembranças

carismático e muito franco, conhecido por todos.

para visitar a casa que o acolheu por tantos anos.

Alguns desses momentos de proximidade

“Quando eu comecei, eles eram da área de cons-

com os funcionários ocupam parte da memória

trução civil. Então, eu trabalhava com concreto,

da LPR e estão principalmente naqueles desafian-

fui pedreiro, assistente de pedreiro”. Esses conhe-

tes tempos do início e na afirmação da empresa

cimentos Seu João levou para a “fábrica de estan-

no mercado fora de Londrina. O empresário re-

des”, onde aprendeu a construir uma outra forma

lembra com carinho que também viajava com os

de trabalho e de vida.

montadores para acompanhar alguns processos

Reclamando da memória, que anda muito

da montagem, como aconteceu na famosa Festa

ruim, segundo ele, Seu João recorda-se, no en-

da Uva, em Caxias do Sul, na década de 1990,

tanto, dos primeiros tempos da transição dos

quando a LPR deu um grande salto em sua carrei-

negócios da LPR, quando essa mesma construção

ra como montadora. O destacado evento - criado

civil que o acolheu nos primórdios conviveu, du-


os primeiros sonhos

rante algum tempo, com a promoção de eventos,

sem distinção. “Seu João era o nosso mascote, o

negócio que começava a despontar para a LPR.

funcionário mais antigo e também um membro

“Eles me falaram que iam trabalhar só com a

querido da família LPR. Quando a empresa ain-

montagem, que iriam entrar em outro ramo. Foi

da era pequena, ele chegava mais cedo que todo

quando a Dona Rosana me chamou e disse:

mundo, fazia o cafezinho e levava para o Pedro.

- Seu João, agora vamos trabalhar de outro

Era todo santo dia. Muito delicado, muito sensí-

modo e se Deus quiser vai ser muito bom para nós!

vel, foi nos conquistando. Hoje, para ele, ir a LPR

Eles tinham fé no meu serviço e eu rendia

é um passeio a lhe aguçar as boas lembranças da-

bem”, conta orgulhoso o Seu João da boa con-

quele tempo.”

versa, já enchendo a mão com suas balas para

E é mesmo verdade. A ida à empresa, sempre

oferecê-las, simpático e sereno. Torna a reclamar

que pode, lhe dá um ânimo especial naquele dia

da memória mas imediatamente se recorda de

que se dedica a sair do seu bairro e peregrinar

que foi tão bem recebido na empresa nos anos

pela LPR. A peregrinação, aliás, é assunto de sua

1980 como já havia sido na cidade, na década de

própria vida. No passado, foi assim que encon-

1950, tão logo chegou do interior de São Pau-

trou seu destino nas terras paulistas e depois na

lo, onde aportou ao chegar do Ceará. “Era uma

terra roxa do Norte do Paraná. Das lavouras de

época difícil. Não tinha facilidade, não. Agora

São Paulo para o sonho do Eldorado Londrina,

é tudo mais fácil, é uma beleza!” Sem perder o

Seu João não teve dúvidas: partiu para o Norte

encanto que o tornou apaixonado pela empresa

do Paraná com sua esposa Francisca. Conhecia o

que o acolheu há tantos anos, o bom e velho

café, cultura com a qual trabalhara nas fazendas

João não tem dúvidas: “Isso aqui é minha mora-

paulistas. Poderia fazer ainda mais na Capital do

da; esse povo é minha família”. E como tal, ele

ouro verde. As notícias chegavam do Norte do

assim tratava os colegas e patrões, sempre com

Paraná com muito entusiasmo e os trabalhadores

um cumprimento carinhoso.

do interior de São Paulo se encantavam. Os cole-

- Oi. Passei aqui para cumprimentar a senhora. Bom dia! O gesto diário e matinal jamais falhava, relem-

gas animados falavam para o João: - Vamos pro Paraná, João! Lá está um absurdo, uma maravilha!

bra a empresária Rosana Andrade, fundadora da

“De fato, as lavouras eram a coisa mais lin-

LPR junto ao ex-marido Pedro Lopes. Hoje atu-

da!” – relembra ele, testemunha da fase áurea da

ando na área de produtos orgânicos, Rosana re-

Londrina de prosperidade. “Das fazendas paulistas

lembra aquele carinho diário que Seu João tinha

vim para o Paraná com minha esposa Francisca.

com todos e o prazer que sentia ao oferecê-lo,

Plantava milho, arroz, feijão no meio das ruas do LPR | 37


os primeiros sonhos

café. Tinha muita fartura nesse negócio.” Mas com

cedo, às seis horas, porque eu acordava às cinco.

a geada de 1975, que acabou com o café do Nor-

Fazia o café em casa e depois preparava o café na

te do Paraná e o sonho da Capital Londrina, tudo

empresa. E o Pedro gostava do meu café!

mudou. “Trabalhei na erradicação do café morto.

Ele dizia:

Batalhei tanto que nem lembro tudo que fiz”.

- Ô, Seu João, meu café acabou, faz um cafezi-

Como tantos outros órfãos do café – proprietá-

nho para mim...

rios de terra ou trabalhadores braçais - Seu João foi

E aquele café ele bebia com gosto!”

para a cidade se empenhar na construção civil, como

Desse carinho, ainda que a memória falhe,

pedreiro. “E acabei trabalhando na construtora do

Seu João nunca vai se esquecer. “Eu sei que passei

Seu Pedro; eles me ampararam muito. Eu trabalhei

muita coisa, fiz muita coisa aqui, agradei muito a

lá até de ajudante de caminhão, trazendo cimento,

eles... Sei disso porque já chegou um costado de

areia, terra... o que precisasse eu fazia. Fui criando

gente aqui e eles continuam gostando de mim.”

amizade com as pessoas e permaneci na LPR”.

Seu João nunca mais voltou para o Ceará. A es-

Às vezes, aquele jovem João cheio de energia

posa Francisca faleceu há 15 anos e seus seis filhos

bate à porta do velho João aposentado e, cheio

levam cada um a sua própria vida. Embora tenha

de saudades, puxa-lhe alguns fatos da memória

trabalhado tantos anos numa empresa que mon-

que ele nem sempre se lembra de organizar no

ta estandes para feiras e eventos, João nunca foi

dia a dia. Nessa hora, o ex-funcionário da LPR

a uma feira, pois seu serviço era ajudar na fábrica

ganha fôlego e, cheio de vontade, pega o ônibus

de Londrina. De forma indireta, no entanto, ele

e segue para a empresa como fez durante tantas

sempre trabalhou para que cada evento recebesse

décadas, agora, apenas percorrendo os depar-

direitinho os estandes a serem montados na oca-

tamentos para manter acesa a chama dos bons

sião. É como se ele estivesse lá também. “Sempre

tempos. “Se eu pudesse vir trabalhar um pou-

trabalhei aqui dentro ajudando em tudo. Fiz tudo

quinho para ter a preocupação desse serviço,

com muito prazer, nunca falhei. Graças a Deus eu

mas não tem mais jeito...”, resigna-se o cearense

era uma pessoa forte, tinha saúde.”

que fez sua vida no Sul e que sabe, na tranquilidade de seu coração laborioso, que a vida é

OS MAIS VELHOS

a roda da transformação. Mas não deixa de so-

LPR | 38

nhar como se a memória fosse uma maquininha

Como Londrina precisou dessa gente valente, a

de tornar o passado um presente bem gostoso:

LPR teve ao lado esses homens vigorosos que ves-

“Eu trabalhava aqui o dia inteiro e feliz. Chegava

tiram a camisa para suá-la com prazer. Seu Cido


os primeiros sonhos

foi outro que a cidade recebeu como migrante

à fábrica onde viu sonhos serem construídos. É

em busca de trabalho. Ele chegou menino ao

uma forma de recarregar seus pulmões saudosos

Norte do Paraná, acompanhando a família de Bi-

do ar da LPR que ele respirou por toda a vida.

rigui, no Oeste Paulista, e viu tudo isso se erguer

Seu João, assim como Seu Cido, viu os últimos

com tamanha força que sabe ser ele mesmo um

25 anos passarem por seus olhos e suas mãos

dos milhares de responsáveis por tudo quanto

como um registro de suas próprias histórias. Cio-

foi construído na cidade. “Aqui era tudo café e

so de suas tarefas hoje na empresa – mais leves

mato. Londrina não tinha nada, era tudo chão”.

que as do passado -, Seu Cido não tem medo de

Hoje com dois netos e as filhas criadas e estuda-

envelhecer. Diz ele sobre seus 70 anos: não são

das, Seu Cido tem até tempo para lembrar do

nada demais, apenas o natural. E acrescenta, sem

trabalho num frigorífico, dos serviços gerais no

desdenhar da longa experiência, que não tem

Country Club e da lida de pedreiro na Constru-

tempo para ficar velho.

tora Lopes & Andrade, onde atuou por cinco

De fato, todos têm uma trajetória importante

anos. “Sempre gostei de trabalhar!”, diz, com

dentro do caminho maior trilhado pela LPR. Os

determinação esse “colega” do Pedro Lopes, que

mais antigos, naturalmente, terão sempre mais

se comunica com um sorriso e uma expressão

histórias para contar. Daqui a 25 anos, esse poder

de dever cumprido.

será passado aos mais jovens de hoje. Como Seu

Hoje nos cuidados com os tapetes e mate-

Cido e Seu João, esses “meninos” de hoje serão

riais que está encarregado de limpar tão logo

os senhores do amanhã, donos de um tempo que

chegam das feiras, Seu Cido mantém a mesma

já se foi e que precisará ser relembrado para que,

responsabilidade dos tempos de menino, quan-

de fato, possa permanecer para sempre.

do ajudava a família na lavoura, em Bela Vista do

É a própria vida fazendo girar a roda da trans-

Paraíso, a 43 km de Londrina. O compromisso

formação, sem a qual, ninguém nem empresa

é o mesmo também para Seu João, que não de-

alguma poderá seguir evoluindo. Lá na frente,

sempenha mais tarefas na empresa. Ainda que

como os antigos, os jovens de hoje também en-

nada faça, já aposentado, não abre mão de sua ida

tenderão o valor dos que fizeram primeiro.

LPR | 39


LPR | 40


Capítulo V

Os primeiros estandes

a

LPR nasceu assim, desses muitos

A primeira empreitada foi uma campanha para

desafios que aconteceram nos pri-

vender ações do Londrina Esporte Clube, o time

meiros anos da década de 1980.

de futebol da cidade. Pedro aceitou, realizou e,

Nem bem deixava as últimas rea-

logo, o segundo evento se apresentou, um con-

lizações na Prefeitura de Londri-

vite que o encantou. O amigo Brazílio de Araujo

na como secretário de esportes, e

Neto, então presidente da Sociedade Rural do Pa-

Pedro Lopes já se envolvia em novas invenções.

raná e companheiro na direção do Country, suge-

Lastreado pelas recentes realizações no Londrina

ria seu nome para tomar conta da organização da

Country Club e na vitoriosa passagem pela Ame-

Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina.

tur, ele começou a receber convites inusitados.

Pedro estava à frente da Ametur nesse período

“As pessoas começaram a me procurar para fazer

mas não recusou estar também na organização da

festas; pediam que eu ajudasse na promoção de

maior feira agropecuária do Paraná. Tratava-se de

eventos”.

um evento dos mais tradicionais da cidade, um

- Pedro, dá uma força aí. Você entende disso.

acontecimento anual que envolvia os setores agrí-

“Eu fui dando essa força que pediam, ajudava

cola, comercial e industrial e que, ano a ano, ia

aqui, ali... Mas chegou um momento em que pa-

conquistando público e participantes de diversos

rei e pensei: espera aí, se eu entendo disso mes-

estados brasileiros.

mo, então esse é um trabalho, ora essa. Sou um especialista”. E Pedro passou a cobrar pelos serviços que só ele sabia fazer.

A Exposição de Londrina ainda não havia se tornado tão profissional quanto nos dias atuais, quando figura entre as maiores e mais completas do país. Eram os primeiros passos nesse sentido, LPR | 41


O primeiro evento

O primeiro evento oficial a ser considerado na agenda histórica da LPR foi a Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina. Com a chamada Exposição de Prata da Sociedade Rural do Paraná, a LPR iniciou suas atividades como empresa promotora de eventos no Norte do Paraná.

LPR | 42


os primeiros estandes

dados inclusive com a colaboração expressiva do

em diversos lugares do Paraná. A paixão pelo tra-

engenheiro Pedro Lopes. Era mais uma aventura

balho pegou as estradas rumo a outras regiões do

séria a suscitar o nascimento de uma empresa.

Estado e a primeira parada foi a cidade de Cianor-

Era o caminho definitivo para a criação da LPR.

te, 220 km a Noroeste de Londrina, onde aconte-

“Nessa época, não existíamos ainda como em-

ceu a segunda feira agropecuária organizada pela

presa constituída, mas isso logo se tornou reali-

LPR. Depois vieram Guarapuava, Maringá, Umu-

dade”, lembra Pedro Lopes. O sucesso da orga-

arama, Paranavaí, Pato Branco... e, mais adiante,

nização do evento gerou resultados expressivos

Assis, Ourinhos e Garça, entre outras cidades do

que se tornaram frutos sendo colhidos em outras

Estado de São Paulo.

regiões. Com o know-how da primeira feira, a

Se era feira agropecuária, lá estava a LPR. “E or-

Construtora Lopes & Andrade transmutou-se

ganizávamos o evento como um todo”, relembra

numa marca de organização de eventos agrope-

Rosana, cujo trabalho expressivo na área levou-a

cuários por todo o Paraná. LPR – as iniciais do

a obter o registro de publicitária. “Desde o proje-

sobrenome e dos nomes de Pedro e Rosana – nas-

to inicial, com definições de espaço, distribuição

ceram para o mundo corporativo também como

de trabalho, segurança, portaria, chegando até a

logomarca e sinal de respeito no mercado de

contratação dos artistas de shows populares da

eventos paranaense.

feira. Tudo era feito pela LPR”.

“Quando montamos a LPR, ela se tornou como

Sem dúvida, o embrião de formação da LPR

uma extensão da construtora na parte técnica”,

foi a atuação de Lopes naquela 25ª Exposição de

relembra Rosana Andrade. Aliás, a construtora ca-

Londrina, em abril de 1985. “O material utilizado

minhou lado a lado com a promotora de eventos

na montagem dessa exposição veio de outra cida-

durante cinco anos, quando então, já dona de si e

de, mas foi o suficiente para que em setembro de

líder num mercado que ia se estabelecendo forte,

1985 Pedro Sperandio Lopes e Rosana Andrade

a LPR passou a caminhar sozinha. Pedro e Rosa-

fundassem a LPR, passando a contar com seu pró-

na passaram a se dedicar exclusivamente à em-

prio material”, relembram os fundadores.

presa de eventos, a LPR Publicidade, Promoção

A LPR adquiriu prestígio e ganhou a adesão

e Montagem, que promoveu e organizou, como

de outros parceiros. Primeiro veio o Walter Dre-

primeiros trabalhos, a Exposição Agropecuária e

ves – engenheiro oriundo da construtora; depois,

Industrial de Londrina e a FIC - Feira da Indústria

o Ismail Loução, encarregado das vendas de es-

e Comércio, sediada no Londrina Country Club.

paços para a montagem dos estandes nas feiras

Começava um novo tempo para os empresá-

que a LPR organizava. Quando havia três eventos

rios londrinenses, que passaram a realizar feiras

simultâneos, Pedro, Rosana e Walter se dividiam LPR | 43


O primeiro evento multisetorial

A assinatura da LPR seguia, orgulhosamente, no material de divulgação da FIC - a Feira da Indústria e Comércio de Londrina, o primeiro evento multisetorial da LPR - Publicidade, Promoção e Montagem. Os estandes, nessa época, ainda eram terceirizados. Mas logo a LPR passaria a montá-los também, tornando-se expert no assunto.

LPR | 44


os primeiros estandes

para assumir cada um o seu papel no evento em

dia mostrar do que era capaz. Resultado: a Expo

nome da empresa. Rosana se lembra da rotina de

Imin foi um sucesso absoluto. O evento que co-

organização dessas feiras e o quanto palmilhou

memorou os 80 anos de imigração japonesa no

as cidades do Paraná para ajudar a colocar de pé

Brasil fez história em Londrina e mudou os ru-

eventos que entraram para a história da empresa.

mos da LPR. Era 1988. Nesse evento da Aliança Brasil-Ja-

GANHANDO EXPERIÊNCIA

pão, organizado e montado pela LPR, a empresa adquiriu experiência e comprovou sua capacida-

A década de 1980 estava quase acabando

de para a realização de eventos de porte nacio-

quando um novo acontecimento se colocou

nal. Foram mais de 100 estandes montados e uma

como uma bússola apontando o poder e a ca-

estrutura que envolvia uma esmerada decoração

pacidade dos empresários da LPR. O Brasil co-

no estilo japonês. Além disso, a estrutura contava

memorava os 80 anos da imigração japonesa, e

com palco para shows e danças, pavilhão cultural,

Londrina, como uma das grandes e principais

histórico, agrícola, locais para a apresentação de

colônias japonesas do país, queria fazer bonito,

tradições japonesas, como a cerimônia do chá,

comemorar a data à altura.

entre outras.

A LPR foi chamada. A experiência da Exposi-

O evento alcançou importância nacional e re-

ção Agropecuária fazia escola. Os líderes nikkeys

cebeu celebridades como o então Presidente da

queriam um grande evento e Pedro Lopes preten-

República, José Sarney, o Governador do Paraná,

As logomarcas da LPR na década de 1990: dois momentos da imagem corporativa da empresa que também cuidava dos materiais publicitários dos eventos que promovia. LPR | 45


Álvaro Dias, o Príncipe Fumihito, do Japão, e sua

nhas caixas de arquivo, cada uma delas contendo

comitiva. Depois desse evento, com o pedido ante-

o material referente ao evento de cada local. Eu

cipado dos promotores para que a LPR realizasse a

praticamente levava o escritório comigo. As caixi-

comemoração dos 90 anos da imigração japonesa,

nhas de arquivo eram o meu laptop. Tinha tudo

a empresa entendeu que estava pronta, que pode-

lá, tudo guardadinho e organizado”, conta a em-

ria, sim, realizar eventos de qualquer porte.

presária, entre boas lembranças e muita saudade. Mesmo não estando mais à frente dos negócios da

PELA ESTRADA AFORA

LPR, Rosana trata com o carinho merecido a história que ajudou a construir. São boas lembran-

Naquela época não havia computador, não

ças que lhe valeram experiências impossíveis de

havia celular, o laptop era impensável. Era tudo

serem dimensionadas por qualquer medida que

feito “na unha”, como se dizia. A organização e

não seja o sentimento de construção e idealismo.

a promoção de eventos exigiam, portanto, muito

É desse HD afetivo que Rosana retira fatos para

mais de seus profissionais. Rosana Andrade não

reconstituir um pouco desse passado histórico.

se esquece das estratégias e da criatividade neces-

Na cidade-sede do evento, a LPR se instalava

sárias para que tudo acontecesse com a qualidade

no pavilhão onde acontecia a feira, e dali partiam

imprescindível. “Eu viajava pelas cidades com mi-

as ações para aquela cidade. Eram reuniões o

FIC - um sucesso no Londrina Country Club

Os estandes de empresas londrinenses rechearam o pavilhão do Londrina Country Club. LPR | 46


dia todo com as pessoas que seriam contratadas, com as empresas de comunicação e publicidade - outdoors, jornais, TVs -, pessoal de segurança, empresa disso, empresa daquilo. Do latão de lixo que ficaria localizado na entrada do evento à veiculação dos comerciais nas TVs, passando pelas exigências e luxos dos cantores e bandas que se apresentariam na feira, tudo era visto e cuidado em detalhes pela LPR. Rosana gostava desse desafio. “Contratávamos os artistas e cuidávamos de tudo para que sua apresentação acontecesse conforme o contrato. Toda a agenda artística era por nossa conta. Se o cantor quisesse comer ostra, por exemplo, lá íamos nós atrás das ostras. Um queria toalha quente, o outro, fria...” Era um ritual que também precisava ser cumprido, em detalhes.

ROSANA ANDRADE. A promoção e organização dos eventos exigia muito trabalho e boas estratégias. A logística incluía até levar o escritório da empresa até onde estavam os eventos. E tudo funcionava muito bem.

A LPR assina sua primeira feira como promotora

Estava aberto o primeiro calendário de feiras multisetoriais promovidas pela LPR no Paraná. LPR | 47


O Imin 80

O IMIN 80, A FESTA DA IMIGRAÇÃO JAPONESA NO BRASIL. Com essa importante promoção, realizada em Londrina, os diretores da LPR entenderam que já possuíam capacidade para montar eventos em nível nacional. Foi um sucesso!

LPR | 48


os primeiros estandes

De volta a Londrina, tudo era exposto nas

específicos na LPR, chamados de supervisores de

reuniões com a equipe. Orçamentos, propostas,

montagem. Mas nos primeiros tempos, eram os

lay-outs de material promocional e de estandes...

próprios donos da LPR que cuidavam disso. “Che-

assim toda a equipe podia acompanhar o que

gávamos à cidade e alojávamos os montadores; dis-

acontecia sob responsabilidade de cada um. A

tribuíamos os materiais e as pessoas por pavilhões.

LPR criou um esquema próprio de organização

Demarcávamos tudo”, relembram Rosana e Pedro.

dos eventos e tornou-se referência no interior do

E assim como não existiam computadores

Paraná e Sul de São Paulo. O dono do evento fi-

para auxiliar na organização e criação dos proje-

cava descansado, pois tudo estava por conta dos

tos, também não haviam sido inventados os mate-

profissionais da empresa londrinense.

riais mais tecnológicos que hoje integram a mon-

O pioneirismo e a forma arrojada de atuar

tagem de estandes, facilitando completamente

nesse setor abriram caminho a um novo mercado

a vida das empresas do setor. No lugar do atual

de feiras nos dois Estados. Rosana explica: “Nós

octanorm - perfis com estrutura de alumínio - es-

procurávamos os presidentes das feiras agrope-

tavam as paredes e divisórias de madeira.

cuárias, ou mesmo as prefeituras e associações

O serviço exigia muito mais de todo mundo,

comerciais que promoviam as feiras, e propúnha-

pois havia etapas que não podiam ser prepara-

mos uma nova maneira de realizar eventos, base-

das na fábrica em Londrina antes de partir para

ados em patrocínios, organização profissional e

os eventos. A divisória, por exemplo, precisava

resultados de bilheteria. Era o que a LPR chamava

ser pintada de branco para tampar as inscrições

de assessoria geral. A feira já começava totalmen-

e marcas do evento anterior, e esse trabalho só

te paga e o lucro do evento ficava pela bilheteria.

podia ser feito no pavilhão da própria feira para

Tivemos muito resultado nessa época. Era um re-

evitar que as paredes sujassem durante a viagem.

torno muito bom”. Era tudo na ponta do lápis e

As marcas anteriores eram tampadas com massa

detalhado para um controle exímio. A parceria só

corrida antes da pintura e, uma vez prontas, as

funcionava porque havia organização. E era disso

placas recebiam as testeiras, que ficavam no alto e

que cuidava a LPR.

onde seriam pintadas as logomarcas ou os nomes

Quando a empresa passou a montar seus pró-

das empresas expositoras.

prios estandes, já no final da década de 1980, a

Na década de 1990, novas tecnologias permiti-

lista de obrigações de cada responsável tornou-se

ram mais recursos para a área gráfica e de design,

ainda maior. Quem partisse para cuidar do evento

o que tornou mais ágil essa última etapa da mon-

em cada cidade tornava-se, também um “diretor

tagem. Mesmo assim, ainda eram necessários vá-

de montagem”, cargo que hoje tem encarregados

rios cuidados com o material, recorda-se Teodoro LPR | 49


O SETOR AGROPECUร RIO. As feiras agropecuรกrias frequentaram o calendรกrio da LPR durante 13 anos. Do Paranรก LPR | 50


á a São Paulo, a organização da empresa ficou conhecida por sua qualidade, profissionalismo e resultados. LPR | 51


Aparecido Haura, funcionário do almoxarifado

-how da empresa mas também com a ajuda de

que acompanhou as mudanças nos últimos 14

todos os santos. Isso porque, se chovesse ou es-

anos. “Quando já fazíamos as pinturas em madei-

tivesse um tempo úmido, pintar as divisórias era

ra feitas na própria fábrica, às vezes passávamos a

um trabalho ingrato. Rosana se lembra de uma

noite toda pintando. As placas precisavam secar,

feira em Guarapuava, no extremo sul do Paraná,

então, as espalhávamos ao longo do barracão e,

cujo clima frio e úmido impedia que a massa e

no dia seguinte, íamos juntando todas elas para

a tinta secassem. “Passávamos a massa e ela es-

embalar e mandar para a feira”, conta Teodoro.

corria, tornávamos a passar e ela escorria... Era

A logística era completamente diferente dos dias atuais. Em vez de organizadas montagens

um grande estresse... mas tudo sempre acabava acontecendo, de uma forma ou de outra.”

com materiais separados por estande, o cami-

Eram as aventuras do período, muitas das

nhão chegava ao evento repleto de caibros, sar-

quais ajudaram a empresa a entender onde me-

rafos e outros materiais para fazer as paredes e o

lhorar, como aperfeiçoar, quando crescer. Foi na

piso todo em madeira. Era preciso contar não só

montagem de estandes que a LPR também ga-

com a mão-de-obra especializada e todo o know-

nhou fatias maiores no mercado, principalmente

Os estandes nas feiras agropecuárias

Os estandes externos criados e montados pela LPR eram atração nas feiras agropecuárias. Empresas como a Londriquímica... LPR | 52


nos primeiros tempos das feiras agropecuárias.

combina com o nosso negócio a ideia de mon-

A empresa ocupou espaço considerável no se-

tar os estandes”. Pedro Lopes tinha razão. “Com

tor graças ao ineditismo e à ousadia. “Ficamos mui-

cinco anos de trabalho, agregando a montagem

to conhecidos porque as feiras agropecuárias ainda

à organização, ficamos imbatíveis porque além

não ofereciam esse serviço de montagem de estan-

de comercializar a área de exposição, vendíamos

de. Cada empresa que participava desses eventos,

também o estande”.

expondo seus produtos, montava sua própria bar-

Esse foi um momento de investimento para

raca, punha sua mesinha e vendia suas coisinhas.

a empresa, que adquiriu material próprio para

Nós ajudamos a profissionalizar o setor”, aponta

montagem, comprou caminhões e consolidou-

Rosana Andrade, fiel à trajetória da empresa.

-se no setor agropecuário, sendo responsável

Assim, organizar a feira e também poder mon-

pelas mais importantes feiras do Paraná, como

tar os estandes foi uma tacada de mestre. A LPR

as de Londrina, Maringá, Cascavel e Umuarama.

acertou em cheio. Mais uma vez, a oportunida-

Vieram feiras do vestuário, como a Expovest, de

de bateu às portas da empresa e a invenção do

Cianorte; feiras de informática, como a Infotech;

desafio se fez. “Pensei: sou engenheiro, então

culturais e gastronômicas, como a Festa da Uva

O know-how dos estandes externos da época

... o Banestado, a Tam e o Banco do Brasil tinham o acompanhamento exclusivo da LPR como montadora em todos os eventos nacionais de que participavam LPR | 53


os primeiros estandes

a matriz

LPR | 54

INSTALADA EM BAIRRO INDUSTRIAL com logística estratégica, a nova matriz da LPR em Londrina foi inaugurada em 1995, ganhando mais espaço e incorporando novos processos a sua rotina fabril e de montagem.

de Caxias do Sul; e multisetoriais, como a Feira

proposto pela nossa própria organização; no en-

Internacional Industrial do Norte do Paraná - a

tanto, como vendedor de estande, eu precisava

Londrina sem fronteiras.

dizer sim para promover a comercialização dos

Com o tempo, no entanto, a prática de orga-

espaços”. Ou seja, a LPR passou a caminhar numa

nizar o evento e montar os estandes das feiras

estrada com mão dupla onde a regra determinava

apresentou um novo conflito e a mesma ideia

uma contramão.

de unir as duas atividades também demonstrou

Dessa forma, um novo caminho se abriu, natu-

um caminho controverso. Pedro Lopes relembra:

ralmente. “Ficamos só com o setor de montagem.

“Eu, como organizador, muitas vezes precisava

Foi quando o primeiro parceiro saiu, o Ismail. Ele

dizer não, para que pudéssemos seguir o padrão

vendia áreas e, como não fazíamos mais a venda de


os primeiros estandes

espaços nos eventos, ele seguiu seu próprio cami-

ros testes foram feitos em São Paulo, a partir de

nho. Ficamos só com a montadora. Era o início da

1994. Na região metropolitana da capital paulista

década de 1990. E na realidade vi que esse era o

foi montado o primeiro escritório fora de Londri-

nosso negócio: organizar e montar estande.”

na, o que ajudou a ampliar os horizontes da LPR

Razão de seu início e motivo de sua evolução no mundo dos eventos, as feiras agropecuárias fre-

não só na direção de grandes centros como também vislumbrando o mercado externo.

quentaram o calendário da LPR durante 13 anos.

No ano seguinte, foi a vez de Canoas, região

De 1985 a 1998 a empresa londrinense projetou,

metropolitana de Porto Alegre, receber a segun-

organizou e comandou dezenas de feiras do se-

da filial da LPR. Nesse mesmo ano, em agosto de

tor pelo Paraná e Sul de São Paulo. Mas, como os

1995, a matriz em Londrina ganhava novo espa-

novos tempos assinalaram a opção exclusiva pela

ço para o tamanho que a empresa ia adquirindo.

montagem de estandes, assim também chegou a

Mudou-se então da Av. Tiradentes para o Bairro

hora de dedicar-se a outros mercados, ampliando a

Industrial Cacique. Embora mais distante do cen-

agenda e marcando pontos em regiões fundamen-

tro da cidade, a nova área apresentava liberdade

tais, como a capital São Paulo, por exemplo.

para crescer espacialmente e uma logística mais

Dona de uma agenda multisetorial já considerá-

aperfeiçoada, com acesso aos principais pontos

vel, a LPR passou a vislumbrar o mercado nacional

de entrada e saída da cidade. A LPR mudou-se,

com mais determinação. O foco eram os eixos de

então, para a Av. Dr. Francisco Xavier Toda, 525,

maior fluxo econômico, grandes centros polarizado-

onde está até hoje.

res de feiras de negócios, como a capital paulista,

Estavam lançadas as bases para os voos mais

e também regiões-sede de produção segmentada,

altos. Para seguir à risca o que mandava o DNA da

como o Rio Grande do Sul, onde se concentravam

empresa, a LPR não podia deixar de inventar no-

os pólos moveleiro e vinícola, entre outros.

vos desafios. E eles chegariam tão logo o próximo

A empresa queria voar mais alto e os primei-

passo fosse dado.

LPR | 55


Capítulo VI

Os que vieram primeiro

m

uitos

passos

fo-

ram dados e tantos bons desafios foram vencidos, tendo o talento como uma das principais ferra-

mentas da equipe LPR. Um bom exemplo está no traço dos que ajudaram a desenvolver o setor de

traço criativo e seu talento inato. Mais conheci-

imagens e de logotipia, que impulsionou a LPR

do como Mudinho, por causa de sua deficiência

no momento em que foi exigido da empresa su-

fono-auditiva, Wanderley é protagonista de uma

prir mercados mais profissionais. De uma forma

boa parte da saga gráfica da empresa, tendo co-

figurativa, a LPR sempre contou com muitos e

meçado num tempo em que o computador se-

bons artistas em sua trajetória, alguns da área de

quer imaginava existir. Tudo era feito à mão, de

organização, outros da área de vendas, muitos da

forma artesanal.

área de montagem, outros tantos da criação de projetos.

LPR | 56

Com pelo menos 23 anos dedicados à LPR, o artista gráfico que começou a desenhar profissio-

Especificamente no design merece destaque

nalmente ainda jovem, atravessou muitos anos

o artista gráfico Wanderley Cerci, outro gran-

descrevendo em traços a evolução de uma arte

de companheiro de primeira hora da LPR e que

que ganhou novos contornos a partir da década

ajudou a escrever a história da empresa com seu

de 1990. Nesse período, seu talento com o lápis


outra revolução não menos importante já havia sido empreendida anos antes, quando Wanderley rascunhou as primeiras letras e imagens para o empresário Pedro Lopes em suas pioneiras incursões no mundo empresarial. A sintonia entre os dois logo se fez. Pedro não se esquece de que nos primeiros anos de convivência foi essa sintonia que selou a boa parceria que criaram no cotidiano da empresa. “Nós nos entendíamos muito bem, independente do tipo de linguagem que cada um utilizava para se comunicar”, revela Pedro Lopes. Wanderley, por sua vez, confirma que a conexão de ideias foi harmoniosa desde o início, o que permitiu um diálogo tranquilo na convivência profissional. “Sempre gostei muito do Pedro e sempre me dei muito bem com ele”, conta o artista, tendo o filho Fabiano como intérprete. Esse clima de camaradagem colaborou muito para que o trabalho fosse realizado sempre de maneira serena, sem qualquer sobressalto ou preconceito. “Meu pai sempre foi muito bem recebido na LPR e valorizado pelo seu trabalho”, reconhece Fabiano, que junto ao irmão Paulo tornou-se parceiro do pai no trabalho

na ponta dos dedos

e o pincel recebeu o apoio da tecnologia, tão logo a informática aterrissou na empresa. Mas uma

prestado à empresa. A boa conversa e o jeito descontraído do empresário Pedro Lopes tratar a todos sem distinção jamais deixaram dúvidas sobre o talento e a capacidade de Wanderley. O bom humor de Pedro estava sempre presente mantendo o equilíbrio, inclusive quando a situação podia parecer inusitada ou prestes a sair do controle. Era o caso de momentos de aparente tensão que acabavam se tornando boas anedotas contadas depois entre os funcionários da empresa. Alguns desses momentos aconteceram durante eventos fora de Londrina, no tempo em que o desenhista ainda precisava subir em escadas para pintar as testeiras dos estandes, desenhando ali as logomarcas e pincelando as cores necessárias para definir as marcas de cada empresa. Com o estande já pronto, essa era a última fase da montagem, trabalho que só mesmo o desenhista poderia fazer. Era uma tarefa totalmente artesanal e muitas vezes demandava um bom tempo para ser realizada, dependendo da complexidade da imagem. Mas isso não era problema LPR | 57


os que vieram primeiro

Os traços do passado Com tudo feito à mão, eram o pincel e o talento as “tecnologias” de Wanderley, nos idos de 1980 e 1990.

para o paciencioso domador das letras e tintas. Era nesse clima de concentração do artista que o cliente chegava e notava, por exemplo, alguma diferença na cor da marca sendo pintada. Olhava para o alto e reclamava: - Ei, rapaz! Essa letra aí está errada. Não é assim a marca. Em cima da escada, de costas, nada do Wan-

Pedro Lopes viu isso acontecer uma vez e ouviu muita reclamação por conta disso: - Olha, aquele seu pintor é um grosso, sem educação, a gente fala com ele e ele nem responde, nem sequer olha para trás!... Pedro Lopes então explicava, calmo como nunca.

derley responder. Ele continuava em seu paciente

- Sabe o que é? Ele não escuta.

e silencioso trabalho lá no alto.

- Nossa! - desculpava-se a pessoa.

- Ei, amigo. Estou falando com você. Essa marca não está certa - repetia o cliente, já num tom acima, irritando-se. Nada do desenhista se abalar. Silenciosamente, prosseguia pintando o tom da cor que o clienLPR | 58

te gritava lá de baixo ser outro.

- Eu não sabia!. E seguia-se uma ladainha de “puxa, não foi por mal”, contornada por uma sequência de “não tem problema, fique tranquilo”, conduzida por Pedro Lopes.


os que vieram primeiro

Se havia alguém da LPR por perto, logo o cliente ficava sabendo que não adiantava nada

Competente, claro, Wanderley fez uma cópia perfeita.

reclamar daquela forma com o desenhista. Quase

Quando Pedro foi chamado pelo dono da clínica

sempre, a cena era digna de risadas contidas... de-

para ver a arte que o desenhista havia feito, achou

pois é que todos comentavam à larga, sem travas.

que fosse receber um elogio, mas ficou perplexo:

Essa “saia justa” tornou-se folclore e história na

de fato, o artista havia sido completamente fiel ao

empresa, como tantas outras que o livro da LPR

modelo. Na parede da clínica, desenhada com per-

tem a missão de registrar.

feição, lá estava a mulher com o seio à mostra e, bem

Outro fato que entrou para o anedotário da

ao lado, todas as voltas do espiral que o xerox exibia,

LPR ocorreu bem no início da empresa, quando

de fora a fora, na página do livro. E tudo no formato

Pedro Lopes indicou Wanderley para um serviço

gigante da parede da clínica, bem na fachada. “Ele

“extra”. Um amigo precisava de um desenhista

desenhou tudo, inclusive o sombreado das marcas

para pintar a fachada de uma clínica médica - era

do espiral”, conta o filho Fabiano, confirmando o

ginecologista - e pediu ajuda ao Pedro. Ele in-

que Pedro Lopes já havia se fartado de relatar, aos

dicou o Wanderley e, como sempre fazia nessas

risos, pelos corredores da empresa.

ocasiões, entregou-lhe a imagem na qual deveria

Wanderley também ri, bem humorado. Nunca

se basear. Era assim que normalmente acontecia.

teve qualquer problema para enfrentar as limita-

Pedro entregava ao Wanderley um modelo para

ções que a vida lhe impôs. Assim como os colegas

ser reproduzido.

mais antigos - o Cido e o João - Wanderley gosta

- Olha, esse é um cartão do Fulano de quem lhe falei. Essa imagem com a marca tem que ser colocada na placa nessa posição, na parede assim, assim e assim... demonstrava.

de se lembrar de passagens na empresa que para ele representam sua própria história de vida. Natural de Porecatu, a 83 km de Londrina, Wanderley começou sua carreira de desenhista na

Minucioso e preciso como era, Wanderley

capital Curitiba, onde também se casou e consti-

sempre reproduzia fielmente tudo que estava no

tuiu família. Mas foi no Norte do Paraná que seus

impresso. No caso da clínica, tratava-se de uma

desenhos ampliaram os horizontes das empresas

imagem de uma mulher com um seio à mostra,

em que trabalhou. “Descoberto” pelo empresário

desenhada num livro encadernado no formato

Pedro Lopes quando trabalhava numa agência de

espiral. Para facilitar, Pedro tirou um xerox do li-

out-doors em Londrina, logo Wanderley passou a

vro e entregou o modelo ao Wanderley e, como

integrar a equipe LPR, levando seu talento para

de praxe, frisou que precisava ser tal e qual estava

as placas, imagens e sinalizações dos eventos pro-

no impresso.

movidos e montados pela empresa. LPR | 59


os que vieram primeiro

LPR | 60

Desses pitorescos episódios

Os tempos mudaram, exigindo

vêm as boas lembranças e toda a

agilidade. “Antigamente você che-

experiência que somente o tempo

gava nas feiras com uma semana

pode oferecer, com sua generosi-

de antecedência. Seu cliente che-

dade e sabedoria. “Hoje está tudo

gava faltando quatro dias para a

mais fácil e rápido em relação ao

abertura da feira; ia acompanhar a

que fazíamos naquele tempo”,

montagem do estande, junto com

recorda-se Wanderley. “Antes de-

você, e ficava lá até o final do even-

morava uma hora para fazer uma

to. Hoje, tudo está tão rápido e as

plaquinha. Muitas vezes, era preci-

pessoas estão tão ocupadas que

so esperar um tempão para que ela

não há mais esse acompanhamen-

secasse para só então passar uma

to; o cliente chega exatamente no

segunda mão, quando não pegava

dia do evento e o estande já está

bem a primeira”.

pronto”, compara o filho Fabiano.

A tecnologia, naquele tempo,

Tanto tempo se passou e Wan-

era o próprio talento do profissio-

derley continua desenhando sua

nal. Era preciso contar muito com

história com a mesma precisão,

a criatividade nas ocasiões em que

mas sem pressa de analisar os

os desafios despontavam. Wander-

fatos. Ele se diz feliz com essas

ley se virava: com um equipamen-

mudanças porque foram elas que

to de luz projetava a imagem na

lhe exigiram melhorar a técnica e

parede, bem grande, para ver os

atender mais clientes, além de po-

detalhes com precisão. Era seu mo-

der ter sua própria empresa, acom-

delo. Muita coisa também era feita

panhar os filhos e suas máquinas,

na guilhotina, como as chamadas

manter com a família o mesmo

letras-molde, feitas em adesivo.

carinho. Como Seu Cido, Wander-

Eram produzidas uma a uma, ma-

ley sente-se um jovem aos 73 anos,

nualmente. “Hoje, isso é história”,

acompanhando o melhor que a

conceitua Wanderley.

vida lhe oferece.


os que vieram primeiro

O TALENTO. Tudo era feito artesanalmente nos primeiros anos da empresa, tendo o talento de Wanderley como mola-mestra.

LPR | 61


Capítulo VII

A tecnologia da transformação

e

ntre feiras agropecuárias e multisetoriais e um conhecimento profundo da organização de eventos, a década de 1990 havia passado com muito aprendizado para a equipe da LPR.

Se a década anterior havia sido de muito trabalho no lançamento do alicerce, nos dez anos seguintes o investimento haveria de ser na ampliação do que havia sido criado. A LPR corria para tornar realidade o sonho de ser uma das maiores montadoras do país. “Queríamos ampliar nossa área de atuação, trabalhando em diversas frentes”, pontua Pedro Lopes. O fato de a LPR ter se especializado na organização dos eventos durante muitos anos concedia-lhe, por assim dizer, um passaporte diplomático no mercado de montagem, afinal, o know-how adquirido como promotora tornava a equipe expert no “produto feira” como um todo. “Quando passamos exclusivamente para a montagem, tínhamos algo a mais: conhecíamos cada passo de um evento, sabíamos onde estávamos pisando, portanto, tínhamos segurança para oferecer

LPR | 62


Sentimento de equipe Maior e mais exigente, a LPR dos anos 1990 precisava imprimir agilidade e profissionalismo para competir no grande mercado brasileiro. Para isso, contava com a força de sua equipe, num clima de união sempre presente.

FUNCIONÁRIOS DA LPR durante uma confraternização promovida pela empresa, na década de 1990. LPR | 63


a tecnologia da transformação

ao cliente muito mais do que um estande bem

A redenção veio em 1994, com o Plano Real,

montado. Podíamos oferecer um produto com

administrado pelo Governo Itamar Franco, sob

soluções”, avalia Pedro Lopes.

a condução do então ministro da Fazenda, Fer-

A empresa, enfim, partia para uma segunda

nando Henrique Cardoso. Já no poder pelo voto

etapa em sua jornada iniciada no calor dos agita-

direto, em 1995 FHC – como ficou conhecido

dos anos 1980. Na década de 1990, o Brasil vivia

– acabou com a inflação, extinguindo a cultura

a euforia de novidades introduzidas no país pela

da desvalorização do dinheiro com consequente

abertura ao produto estrangeiro, em contraponto

poder à produção, ao trabalho e ao investimento.

à reserva de mercado que pontuou os anos ante-

Tudo isso refletiu nas empresas, deu realidade

riores, uma política obtusa do Governo Sarney.

e consistência aos ganhos empresariais. Aparen-

Quando as portas ao mercado externo se abri-

temente parecíamos ganhar menos – ao contrá-

ram, exibíamos uma cara de espanto pelos nos-

rio dos tempos de inflação galopante – mas tínha-

sos acanhados computadores “feitos em casa”.

mos dinheiro de verdade, valorizado. Criávamos,

Encantados com as maravilhas que podiam ter

enfim, uma nova geração de pessoas nascidas

nas mãos, por conta da importação, os brasileiros

sem conhecer o desespero de estocar produtos

também passaram a entender do que eram capa-

para garantir preço menor nem ter que passar

zes. Havia um grau maior de comparação entre o

orçamento de serviços com prazo de validade de

que se produzia aqui e o resto do mundo. O país

apenas algumas horas. Nasciam novos tempos,

podia olhar “para fora” abertamente, buscando

com ações mais ágeis e uma vontade de acertar.

saídas para o produto tecnológico obsoleto que tinha nas mãos.

LPR | 64

Nas empresas em Londrina, cidade jovem e com a primeira geração ainda viva e atuante, os anos

E mesmo que tenhamos sofrido com o desas-

1990 viam os “filhos da cidade” assumirem cargos

troso governo de Fernando Collor de Mello, o

e pensar a gestão com um jeito diferente. Nas com-

primeiro presidente civil eleito pelo voto direto

panhias nascidas há pouco mais de 10 anos havia

depois de anos de militarismo no poder, ainda

sangue novo pondo referências mais ousadas na ad-

assim estávamos felizes com o que podíamos con-

ministração. Pais e filhos começavam a trocar ideias,

quistar tendo a liberdade nas mãos. A memória

a debater as diferenças. Muitas empresas, todavia,

recente de um tempo de barbaridades ainda pai-

não resistiram a esse embate, à passagem do bastão

rava nos corações de muitos e até isso foi usado

no comando. Na cidade – e até mesmo no Estado

como álibi silencioso para a política econômica

do Paraná e no país – algumas companhias tradicio-

desastrosa de Collor, que sequestrou a poupança

nais não resistiram às trocas de comando. Outras,

da classe média brasileira de maneira absurda.

não sobreviveram à mudança dos tempos.


Competir com entusiasmo Esse era o recado dos diretores da LPR para aqueles tempos de mudanças. A missão era ganhar jogando com força, inteligência e entusiasmo.

Em Londrina, a vocação para a prestação de

ainda pouco se fazia profissionalmente para que

serviços continuava firme, apontando para seto-

essa economia se tornasse importante para mo-

res “limpos” de uma indústria que não precisava

ver a cidade.

poluir para gerar empregos e divisas para a ci-

Enquanto isso, os políticos demagogos, visí-

dade. A informática dava passos largos no setor

veis somente em época de eleições, continuavam

de software e o conhecimento em suas diversas

pregando a velha ladainha de que era preciso

áreas ia ganhando poder e exportando produtos.

“atrair mais indústrias para Londrina” e, por in-

Falava-se muito na “produção de eventos”, mas

dústrias, entendia-se as fábricas no velho estiLPR | 65


a tecnologia da transformação

cialidades e um espaço educacional e de cultura destacado para o porte de “cidade média” que Londrina ostentava. A cidade se sobressaía com a pesquisa, levada ao Brasil e ao mundo com o selo da Embrapa Soja - com sede no município - e os eventos culturais, com destaque para o Festival Internacional de Teatro e o Festival de Música, um lo “revolução industrial”, com suas chaminés e toda a poluição que no passado representava o

No início da década a inauguração do hori-

progresso. Sem os políticos - e apesar deles -, a

zontal Catuaí Shopping Center mudou os rumos

cidade continuava sua trajetória, baseando-se na

do consumo e da geografia da cidade. Transfor-

agroindústria valente, num comércio em busca

mou absolutamente a Zona Sul, levando para

de alternativas, erguendo um setor de saúde or-

essa região um boom imobiliário que até o final

ganizado, uma medicina de ponta em várias espe-

da década de 2000 ainda prosseguia, com cada

A tecnologia A informatização da empresa tornou-se ferramenta imprescindível em todos os departamentos, da administração à logística.

LPR | 66

dos mais tradicionais do país.


A evolução Da velha máquina de escrever, passando pelos rústicos computadores dos anos 1980 e chegando às “modernas” máquinas dos anos 1990, a LPR acompanhou a evolução das comunicações.

vez mais investimentos em residências, condomí-

exemplo de como Londrina podia, sim, investir

nios verticais e horizontais, comércio e negócios

no terceiro setor, ganhar com isso e ainda expor-

diferenciados e focados na qualidade de vida.

tar conhecimento e produtos de alta performan-

Nunca mais Londrina foi a mesma.

ce, como já acontecia em áreas da informática e

Ágil e em busca do tempo perdido, os anos

da pesquisa. Seguindo em frente e conquistando

1990 deram celeridade à produção londrinense,

cada dia mais clientes fora do Paraná, a LPR man-

como bem demonstra a história da LPR. Ela é um

tinha sua matriz na cidade, de onde partiam os LPR | 67


a tecnologia da transformação

DA PRANCHETA PARA O COMPUTADOR. O setor de projetos ganhou agilidade e maiores possibilidades para a criação de estandes.

LPR | 68

estandes que iam ganhando espaço em feiras e

sou, acreditou e instigou um novo conceito de

eventos nas capitais e pelo Brasil afora, mostran-

comunicação interna utilizando a informática

do para que serve afinal um desafio.

como ferramenta-mestra. O sistema de produção

Foi com esse espírito de conquista que Rafael

de projetos implantado sob sua coordenação so-

Andrade Lopes assumiu suas primeiras funções na

mou pontos fundamentais tão logo implantado.

LPR, em 1991. Filho dos fundadores da empresa,

Com isso, a empresa ficou mais ágil nos proces-

Pedro e Rosana, o jovem de apenas 17 anos iniciou

sos e mais atenta à qualidade.

sua vida empresarial procurando entender como a

Passar pelos diversos departamentos da em-

empresa funcionava e, por isso, escolheu começar

presa – a começar pelo vital almoxarifado – deu-

pelo almoxarifado, onde buscou organizar o setor.

-lhe a base e também o olhar panorâmico sobre

Aos poucos, passou por vários outros departamen-

a organização e os métodos a serem implantados

tos, recolhendo informações para galgar, aos pou-

para que a LPR avançasse sem modéstias no mer-

cos, os degraus da experiência.

cado que buscava. Esse processo também foi fun-

Com ele, a empresa entrou definitivamente na

damental para interligar as filiais – que em 1994

era da informação via tecnologia da informática,

chegava a São Paulo, em 1995, ao Rio Grande do

uma ferramenta da qual nenhuma empresa mais

Sul e, finalmente, em 2007, ao Rio de Janeiro.

podia prescindir já naqueles anos. Rafael pesqui-

Instalar-se na capital fluminense foi estratégico na


a tecnologia da transformação

pequenininho. Éramos três funcionários aqui dentro, num setor que representava 5% do que é hoje”. A evolução é nítida em todos os sentidos. “Tínhamos dois computadores, e com aquela tela azul”, recorda-se Mara Pisconti, que entrou na empresa em 1995, viveu diversas etapas na organização e hoje comanda o trabalho inédito

VALDEMIR, O DIRETOR DE LOGÍSTICA diz que quando começou na empresa o departamento representava 5% do que ostenta nos prósperos dias de hoje.

de controladoria no setor financeiro da empresa. “Nós disputávamos aquele computador que era, assim, como um padre ali parado, esperando para que fôssemos confessar com ele”. Hoje parece muito engra-

conquista de importantes eventos internacionais e na criação

çado, mas a cerimônia que se criava

de outras frentes de trabalho para a evolução da empresa.

em torno daquela máquina era coisa

Enfim, na década de 1990, a expansão da empresa entrou

muito séria. Ninguém podia ir che-

numa segunda grande etapa. Impulsionada pelas novas ideias

gando e utilizando, como se fosse

dos fundadores de dedicar-se exclusivamente à montagem

dele. Havia um certo protocolo que

e conquistar os grandes mercados de feiras, a LPR buscou e

ninguém deixava de respeitar.

conquistou novo perfil. Quem começou a trabalhar ali nessa época se lembra bem do clima de convocação para crescer. “A partir desse período, muita coisa mudou aqui dentro”, confirma o diretor de logística Valdemir Alves da Silva. Na empresa

- E aí, você vai usar o computador agora? – perguntava um. - Não, pode usar – respondia o outro.

desde 1994, ele se orgulha do trabalho que tem podido re-

Esse “dá licença” era muito co-

alizar desde então junto à equipe do setor que ele também

mum pois, ao contrário dos dias

ajudou a estruturar. Valdemir começou como encarregado

atuais, ninguém tinha seu próprio

do almoxarifado e acompanhou os grandes saltos que a LPR

computador na mesa. Tinha mesmo

deu rumo à expansão tão sonhada por seus diretores. Hoje, a

é que pedir bênção ao “grande sa-

comparação é inevitável. “Quando entrei, o departamento era

cerdote”. LPR | 69


a tecnologia da transformação

E o medo de usar aquela máquina e cometer

A internet, por sua vez, chegou timidamente

um erro desastroso, pondo tudo a perder no ema-

quase no final da década e, assim mesmo, aquela

ranhado de teclas, letras e números que passavam

“banda fina”, discada, através da linha telefônica.

pela tela? Afinal, até então, a única referência de

Na empresa, era outra cerimônia para utilizar a tal

“tecnologia” que as empresas haviam experimen-

revolução. Ela também funcionava plugada num

tado na comunicação era a máquina de escrever e,

único computador disponível que ficava instalado

num grau ainda mais evoluído, o fax, maravilha do

numa sala exclusiva, onde os funcionários iam pe-

intercâmbio empresarial que fez sucesso a partir

dir licença para utilizar. “Quando estávamos espe-

da década de 1980 e que também revolucionou o

rando alguma informação que vinha pela internet,

conceito de informação corporativa. Parecia mági-

era preciso ir a toda hora na sala para ver se a tal

ca poder enviar um documento para outra empre-

mensagem já havia chegado”, recorda-se Vincenzo

sa numa cidade distante apenas com uma ligação

Tadeu Eterno, gestor da área de comunicação vi-

telefônica, um toque na máquina do fax emissor

sual da LPR. Vincenzo é outra testemunha ocular

e outro no fax receptor. Com a chegada do fax ao

dessa história; sua área, como nenhuma outra, al-

Brasil, o mundo nunca pareceu tão ao alcance de

çou voos gigantescos desde que ele chegou à LPR

todos, portanto, menor do que nunca.

em 1993.

A revolução digital

Da primeira tímida plotter, na década de 1990, às impressoras de grande formato e qualidade fotográfica (fotos ao lado), a evolução nunca mais parou. LPR | 70


a tecnologia da transformação

Como muitos dos membros da equipe, Vin-

quina. Era uma plotter - impressora de grandes

cenzo também foi convocado a assumir um de-

formatos - que a LPR havia adquirido para produ-

safio na empresa, mas jamais imaginara que esse

zir adesivos de identificação para os estandes que

desafio fosse permanecer constante, convocan-

montava. Tratava-se de uma tecnologia desconhe-

do-o diariamente a se reinventar em seu trabalho.

cida por todos ali, mas havia uma promessa de

Convidado pelo colega de faculdade Rafael An-

que, uma vez funcionando, ela poderia permitir

drade Lopes, Vincenzo foi conhecer uma máqui-

avanços no setor em que tudo era feito à mão.

na que a empresa havia adquirido e que ninguém

Distante das máquinas atuais - que não só produ-

sabia como operar. Embora tivesse estudado ad-

zem letras como imprimem imagens gigantescas

ministração, como Rafael, Vincenzo era um curioso que “trabalhava com computador” no Iapar – o Instituto Agronômico do Paraná -, onde estagiava. E foi munido de sua curiosidade que o rapaz apareceu um dia na empresa do colega e conheceu a tal má-

As grandes imagens Com a evolução da tecnologia, o setor gráfico da LPR passou a oferecer qualidade de imagem digital e soluções estéticas mais apropriadas para os clientes de importantes feiras nacionais e internacionais.

LPR | 71


a tecnologia da transformação

Preparando o crescimento

O diretor de logística, Valdemir Alves da Silva, falando à equipe, nos anos 1990. Era uma época de muitas mudanças na empresa e a sintonia entre a equipe era um objetivo almejado pelos diretores da LPR. As dinâmicas de grupo eram atividades que faziam parte desse processo.

Nas confraternizações, o espírito de equipe marcava presença, demonstrando que a união precisava ser constante para que a corporação levasse seus sonhos à realidade.

LPR | 72


a tecnologia da transformação

com qualidade e definição impecáveis -, a plotter

letras. Já era realizada, por exemplo, a aplicação

daquela época fazia apenas o recorte das letras.

de adesivo nas feiras. “Subíamos naquelas barra-

Seria um avanço surpreendente, mas ninguém

cas externas e aplicávamos o adesivo nas lonas.

sequer imaginava como fazer funcionar aquele bi-

Eu e meu pai viramos muitas noites trabalhando

cho-de-sete-cabecas. “Atendi o convite do Rafael e

nesses eventos”, recorda-se Fabiano Cerci, com

comecei a mexer na máquina. Fui me adaptando

entusiasmo.

e consegui fazer funcionar”, relembra Vincenzo,

Eram tempos heroicos também nesse setor.

à época acostumado a utilizar o Wordstar – pro-

Algumas dificuldades, no entanto, iam sendo ven-

grama de texto muito rústico cuja tela era aquela

cidas. Ao contrário dos anos 1980 e boa parte dos

azul à qual alguns poucos “iluminados” tinham

anos 1990, algumas divisórias dos estandes po-

acesso na empresa. Assim, de tanto que “fuçou”,

diam embarcar para as feiras já com a aplicação das

Vincenzo acabou entendendo mesmo “de com-

imagens feita na fábrica da LPR. Naturalmente que

putador”. A cartilha da área administrativa que

havia uma ou outra parede ou divisória que preci-

ele deveria seguir, por causa do curso que fez, foi

sava ser terminada diretamente no local do evento,

ficando de lado pois o estudo da tal máquina ha-

com a aplicação de tinta para depois esticar a lona,

via apaixonado de vez o rapaz, capturando-o defi-

mas, no geral, as mudanças de aplicação de ima-

nitivamente para o mundo da imagem. Quando o

gem nos estandes não tinham mais volta.

desafio da plotter apareceu na LPR, Vincenzo des-

Depois do passo inicial com a primeira plotter

cobriu o que de fato fazer com seu talento. “Tanto

debutando na empresa, outros avanços vieram. A

que eu havia passado em 1995 num concurso da

segunda máquina adquirida pela LPR, tempos de-

Prefeitura mas preferi ficar na LPR”.

pois, já apresentava nova tecnologia. A impressão

Vincenzo não se esquece da convivência com

à base de água em papel impressionava, embora

aquele robozinho, nos seus primeiros dias na em-

fosse necessário envernizar a imagem para que ela

presa. “A máquina parecia mesmo um robô cor-

não desaparecesse diante da umidade. Depois,

tando as letras, depois que elas eram trabalhadas

outros recursos chegaram, os anos passaram, o

pelo programa. Era uma atração: o pessoal passa-

setor evoluiu tanto que, em determinado perío-

va pelo corredor e parava para olhar. Eu também

do, já era possível chamar a tecnologia disponível

nunca tinha visto aquilo”.

de “digital”, ou seja, totalmente produzida ten-

Naqueles primeiros anos da década de 1990

do o computador como ferramenta principal.

havia uma ansiedade por novos materiais para o

Até que a empresa atingisse a excelência e a

setor gráfico voltado à área de montagem. Come-

rapidez exigidas pelas feiras modernas, muita his-

çava-se a trabalhar com o vinil e com o recorte de

tória havia se passado e foi com essa experiência LPR | 73


a tecnologia da transformação

vivida que a equipe LPR pôde dar o passo tecnoló-

ganhou agilidade e profissionalização. Por exem-

gico mais apropriado para o setor de montagem.

plo: tornou-se uma facilidade apagar um erro

Foi valorizando os mais experientes e incentivando

ou ter à mão blocos de objetos de uso frequen-

os mais novos que se chegou à evolução prome-

te prontos para serem utilizados. Na prancheta,

tida. Aliás, o encontro de gerações aconteceu na

esse processo significava ter que refazer o serviço

maioria dos setores-chave da empresa, o que per-

muitas vezes.

mitiu avançar com segurança aceitando os desafios futuros. Aquele momento vivido em 1993 foi um

MUDANÇAS CONSTANTES

primeiro passo rumo à completa informatização em todos os setores, o que viria a acontecer, com o foco constante na atualização, anos depois.

responsabilidade de quem produz com qualida-

Aqueles que viveram a transição da pranche-

de. O mercado passou a exigir ainda mais da LPR

ta para o computador, enfrentaram dificuldades

e a rapidez, que antes demandava uma semana,

para se adaptar. Tudo porque havia uma diferen-

logo se tornou tão urgente que os serviços come-

ça entre o espaço real e o espaço virtual. Mas a

çaram a ser executados de um dia para o outro,

evolução proposta com a chegada do computa-

provocados por um mercado em expansão, ten-

dor tornou a vida da empresa muito melhor; tudo

do empresas maiores como clientes, acostumadas

A EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA alcançou os patamares desejados na LPR. Desde aqueles primeiros passos dados na informática, em 1993, aos dias atuais, os processos industriais ganharam agilidade e profissionalização, tornando a empresa uma das mais rápidas e confiáveis do mercado brasileiro de montagem. LPR | 74

Com a tecnologia, é claro, chegou também a


a tecnologia da transformação

a um padrão diferenciado de negócios. Era exata-

mento atribuído a Confúcio está contida a ideia

mente esse o caminho escolhido pela LPR. “Era

de que não se pode parar, pois o segundo pas-

isso o que buscávamos”, confirma o Pedro Lopes

so já é o primeiro de outra caminhada. Era o

que ousou acreditar nas mudanças constantes.

que a LPR já considerava um “desafio sem fim”

Diante delas – a cada dia mais ousadas - a LPR se

em meados da década de 1990, um combustí-

acostumou a não parar, desvendando os segredos

vel para seguir em frente, aperfeiçoando, crian-

de programas de design específicos e poderosos,

do, ampliando e confirmando sua vocação nos

materiais de montagem leves e práticos, métodos

anos 2000.

de organização e logística velozes e funcionais. Diz a filosofia oriental que toda caminhada começa com o primeiro passo. Nesse ensina-

Cada passo não representava somente o primeiro de uma caminhada mas um passo adiante em diversas direções.

LPR | 75


Capítulo VIII

A genética da evolução

Foto: livro Wilson Moreira e a política da eficiência

Q

uem vem depois aprende a lição mas também ensina. É da lei humana reunir os antigos e os novos para que ambos aprendam a passar a experiência e ela siga renovada. A LPR parece ter aprendido essa lição com louvor. Tem conseguido seguir em frente

reunindo o melhor da experiência do passado com a força e a coragem das ideias inovadoras do presente. Embora jovem, é uma senhora empresa no auge de seus 25 anos muito bem vividos, o que é muito expressivo nesse nosso mundo corporativo tão volátil. Talvez isso se dê exatamente pelo equilíbrio das ideias entre a geração que deu início a tudo e a geração que assumiu a continuidade.

Pedro

Os mais velhos têm confiado na centelha dos

começou tudo com muito entusias-

que lhes foi oferecido. O veterano Seu Cido diz

mo, dono de seus próprios sonhos.

gostar desse encontro das gerações, sentimento

mais novos e esses parecem não desdenhar do

que vem acompanhado positivamente das palavras do fundador Pedro Lopes. LPR | 76


Eles começaram lá atrás e continuam seguindo em frente, tendo ao lado a força da nova geração. “Hoje, é tudo gente jovem que trabalha na LPR”, confirma o Senhor Cido de 70 anos que se veste com jovialidade, envergando com orgulho a camiseta que exibe a logomarca dos 25 anos da empresa. Sem participar diretamente das feiras e eventos há alguns anos, Seu Cido convive com diversas gerações de profissionais na empresa, mas para ele todos são jovens e ele confessa que adora mesmo é estar entre os mais novos. Eles lhe dão a exata medida do tempo que já passou e também da energia que é possível manter para estar numa empresa tão dinâmica. O termo “jovem” utilizado pelo veterano Cido não é um exagero; é, antes de mais nada, a marca da LPR ao longo de seus 25 anos de vida. De fato, a empresa tem uma média jovem entre seus cerca de 200 funcionários, inclusi-

Rafael

ve entre os diretores das empresas parceiras

dá continuidade ao negócio da

da LPR. Mais do que meros números de idade

família, com suas próprias ideias.

cronológica, essa jovialidade se explica principalmente pela rapidez com que a companhia LPR | 77


a genética da evolução

LPR | 78

assimila novas ideias e encara bons desafios que

Paraná. Era 2007 e a LPR vencia uma concorrên-

nem sempre pareceriam plausíveis a empresas

cia nacional, sendo escolhida entre outras tantas

mais rígidas. Ela anda rápido e costuma ter em

empresas brasileiras para montar cinco pavilhões

suas fileiras um grande número de pessoas dis-

do Riocentro, num importante evento esporti-

postas a acompanhá-la.

vo internacional sediado no Brasil. O DNA não

Isso é o que significa jovialidade.

deixava dúvidas e o que parecia um grande risco

É também do DNA do próprio negócio estar

tornou-se uma conquista tal qual os primeiros

pronto para encarar o novo e o antigo renovado,

passos dados pelos pais nos cinco primeiros anos

características que deram início à empresa com

da década de 1980.

a primeira geração e hoje ganhou impulso ainda

Foi assim também no início. Tudo parecia lou-

maior com a segunda geração dirigindo os negó-

cura quando seus pais deixaram o aparentemen-

cios. Há uma renovação constante, uma espécie

te sólido ramo da construção civil em Londrina

de genética da transformação que pega a todos in-

para embrenhar-se na promoção de eventos pelo

distintamente e permite a troca de informações e

Paraná e, depois, partirem para o setor de mon-

experiências para que a empresa se mantenha sem-

tagem de estandes, palmilhando diversos estados

pre na vanguarda de seu setor. É o que permite aos

brasileiros com fé e vontade. O engenheiro civil

empresários Pedro Lopes e Rafael Andrade Lopes,

e a empresária abraçaram as novidades e também

pai e filho, afirmarem, sem falsa modéstia, que o

enfrentaram as diferenças, enquanto os filhos iam

olhar da empresa está sempre dirigido para a fren-

aprendendo que erguer os sonhos é uma questão

te, nunca para os lados. Para eles, esse é um dos

de coragem e organização.

segredos de estar sempre na vanguarda do bom

O filho primogênito Rafael levou o desafio

atendimento ao mercado, focando exclusivamente

dos pais adiante quando chegou a hora de esco-

o cliente e suas necessidades. “Não nos preocupa-

lher seu próprio caminho. Como os aprendizes

mos com a concorrência, sinceramente; ocupamos

do passado remoto, que recebiam as primeiras

o tempo em melhorar nosso trabalho e atender o

orientações dos mestres para continuar no ofício,

mercado com o que sabemos fazer de melhor”.

Rafael absorveu tudo que julgava necessário na

Foi com esse olhar visionário, certamente her-

empresa, para depois escalar picos mais altos. “O

dado dos pais, que o jovem Rafael pôs em prática

Rafael trabalhou em todos os departamentos. Pas-

um plano audacioso para conquistar a montagem

sou por tudo aqui dentro”, conta Pedro Lopes,

dos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, em

orgulhoso com a escolha do filho e por ter podi-

2007, duas décadas depois de seus pais criarem

do acompanhá-lo em cada passo dado na empre-

uma pequena empresa de eventos no Norte do

sa. “Rapidinho ele pegou gosto por tudo. E ele é


a genética da evolução

mais sério que o pai”, brinca Pedro Lopes.

produtos e serviços. Limões no pé viravam, rapi-

O orgulho se explica não somente porque Ra-

damente, jarras de limonada vendidas a bom pre-

fael esteja continuando o negócio da família mas,

ço na esquina de casa. Garrafas vazias de bebidas

principalmente, porque está indo adiante com

rendiam bem uns trocados ao pequeno Lopes,

ideias próprias, respeitando o legado da empresa.

que comercializava os vasilhames a interessados na reutilização do material. Teve tino comercial

DEDICADO AO TRABALHO

desde muito pequeno. “Eu gostava de ganhar dinheiro. Moleque, aos 10 anos, descobri que papel

O perfil aparentemente tranquilo de Rafael

já valia alguma coisa, que garrafas vazias valiam

é uma característica que o ajuda sobremaneira

mais do que se imaginava. Via uma garrafa de

a vencer os dias agitados da empresa, nos quais

uísque vazia na casa de um tio, ia lá e recolhia.

estão inseridos contatos com clientes, reuniões

Na casa da minha avó, juntava as revistas. Tudo

com os outros parceiros e com líderes dos diver-

para vender. Se visse um pé de abacate, subia

sos departamentos, viagens para participar de li-

nele, pegava uns 50 frutos e ficava na porta de

citações e um sem-parar de atividades que o deixa

casa vendendo. Ganhava um pouquinho em cada

conectado o tempo todo aos negócios. Há muita

lugar – relembra - e podia comprar meu sorvete,

coisa a ser feita e a praticidade ajuda muito nesses

meu chocolate... Eu me virava.”

momentos.

Vem desse tempo também o desejo de nunca

Rafael é um homem prático. Seus 39 anos não

depender de ninguém ou de, pelo menos, traçar

deixam transparecer a maturidade que está por

o mapa de sua própria trajetória no mundo do

trás dos sonhos ousados que ele desenha para si

trabalho. Na fase adulta, não encontrou barreiras

e para a empresa com a qual aprendeu a convi-

para se decidir por uma carreira profissional. Em-

ver desde os 17 anos de idade. Naturalmente que

bora tenha buscado alternativas fora de Londrina

passou pelos diversos setores até chegar à dire-

- estudando na capital Curitiba -, foi mesmo na

ção onde hoje está, e foi justamente essa trajetó-

cidade em que nasceu que brotou a vontade de

ria que o tornou capacitado a entender a engre-

administrar o negócio da família. Abraçou com

nagem da LPR e as muitas faces que ela assume

carinho e dedicação aquela empresa iniciada pe-

no dia-a-dia agitado de um calendário rígido para

los pais, revelando-se um surpreendente homem

feiras e eventos Brasil afora.

de negócios, como a infância já havia adiantado.

Rafael é dedicado ao trabalho. Sempre foi.

Graduou-se em administração no ensino supe-

Desde criança buscava formas de ganhar seu pró-

rior mas suas ideias não nasceram exatamente dos

prio dinheiro, inventando estratégias para vender

livros; brotaram da vida prática, alimentadas pela LPR | 79


a genética da evolução

veia de iniciativa própria e um crédito no olhar visionário. São ideias engendradas por uma mente especialmente devotada a transformar a empresa que começou pequena numa importante fonte de atendimento total ao setor de eventos do Brasil. Tempera bem a organização e a força herdadas da mãe com a coragem e a energia conquistadora do pai. É um homem gentil que sabe cobrar resultados e impor responsabilidades. Talvez venha daí a liderança responsável que tem aflorado nos diversos departamentos da LPR, com profissionais bastante comprometidos com suas áreas, uma semente plantada com fé e vontade pelos pais e que vem dando resultados profícuos na veia enérgica de uma boa geração de colaboradores. O próprio Rafael se diz satisfeito com os resultados, mas não se acomoda de jeito nenhum. Para ele, esses resultados não são, nem de perto, o que imagina para a empresa num futuro nada distante. Ele quer mais. Sua ambição vem bem acompanhada por uma boa dose de estratégias

Anos 1990 O jovem Lopes Agitado e visceral, disposto a empreender e vencer. Nunca enjeitou desafios.

paulatinamente acrescentadas ao dia a dia, como se soassem naturais ao que o mercado pede. Sabe que muitas delas poderiam parecer riscos maiores do que são aos olhos da maioria, por isso prefere discuti-las aos poucos e, homeopaticamente, ir introduzindo as mudanças que imagina. Com menos velocidade do que gostaria, é verdade, mas de forma segura à aceitação de todos. Aliado às conversações com o pai – quando as diferenças surgem naturalmente – e às cons-

LPR | 80


a genética da evolução

tantes mudanças que propõe aos novos parceiros, o modo de trabalhar de Rafael vai se fazendo notar em cada passo importante dado pela empresa num mercado que é, muitas vezes, viciado em se conformar com o que já está instituído. Ele aprendeu em sua jornada nos negócios que o mundo corporativo exige velocidade nas mudanças; entretanto, os homens e mulheres que movimentam esse mesmo universo nem sempre digerem rapidamente a agilidade tão necessária. Há que se ter paciência, ele sabe. Além do mais, é saudável compreender que nada se faz sozinho no mercado globalizado. Subir na árvore, colher os abacates e vendê-los sem ajuda de alguém é aventura de um tempo distante. Os resultados que aquele menino empreendedor quer nos dias de hoje exige paciência, tenacidade e colaboração em doses iguais. Interessante é que tudo isso tenha acontecido sem que, na juventude, Rafael tivesse planos exatos e específicos para trabalhar na empresa da família. Era a década de 1990 e a LPR dividia a promoção de feiras com o trabalho de montagem de estandes. Rafael chegou exatamente nesse período, o que lhe permitiu ver nascer, com todas as características de uma gestação, o foco exclusivo na área de montagem, tempos depois. Na empresa, começou no almoxarifado. E, de cara, viu a chance de organizar tudo por ali. Era um espaço pequeno, nada do que se parece

Anos 2000 O jovem Andrade Lopes Conectado às mudanças, combina energia e controle rumo aos objetivos. Não enjeita desafios.

hoje a grande central de materiais, departamentos e logística onde se concentram as prinLPR | 81


a genética da evolução

cipais atividades da fábrica de estandes da LPR.

dos computadores, revolucionando o setor de

Dali, Rafael seguiu para o setor de compras

criação de projetos na LPR da década de 1990.

que, à época, não tinha todo o volume que hoje

Uma ideia luminosa do então aprendiz de

agita a empresa em suas muitas atividades. Ali, sua atuação foi ampliar a rede de fornecedores, buscando mais cotações e preços reduzidos.

LPR | 82

empresário Rafael Andrade Lopes. Curioso, ele não sossegava. Foi numa visita a Fenasoft, em São Paulo, que - em busca

Depois de passar pelo almoxarifado e o se-

de novidades - encontrou parceiros perfeitos

tor de compras, ele foi conhecer os detalhes do

para um novo salto na multiplicação dos dados

departamento financeiro. “Como sempre gostei

e da tecnologia da empresa. Encontrou o que

de organização – fruto do curso de administra-

precisava num estande pequenininho, onde se

ção que fiz - também resolvi organizar o fluxo

exibia um módulo do software Autocad especí-

de informações por intermédio da informática”.

fico para desenvolver móveis planejados. “Pen-

Eram os primeiros tempos da “computação” nas

sei: se ele desenvolveu um módulo específico

empresas e a LPR logo aderiu à “modernidade”

para armários, por que não para estande?”. O

da época. O que hoje nos admiramos de ver

pensamento estava correto. O dono da empre-

como peças de museu – computadores grandes

sa, que aliás estava na feira, confessou a Rafa-

e desengonçados -, naqueles primeiros anos de

el que também já havia pensado no assunto.

1990 eram máquinas festejadas como verdadei-

“Com eles, desenvolvemos o Grapho – progra-

ros deuses nas companhias brasileiras. As luzes

ma específico para o setor - e hoje utilizado

verdes e amareladas dos monitores brilhavam

no Brasil inteiro para esse fim”, indica Rafael.

bruxuleantes e todos se revelavam súditos da-

“Unimos nossas ideias, ele foi para Londrina,

quela incipiente tecnologia de uma era que se

deslocou uma equipe sua para acompanhar a

mostraria “revolucionária”.

implantação do programa na LPR, e ali nascia

Os primeiros rudimentos de informações

o setor de projetos informatizados. O que era

da LPR alimentaram essas incríveis máquinas

manual tornou-se digital”, recorda-se, com pra-

jurássicas até que, pela evolução e muito in-

zer, o jovem empresário.

vestimento no setor, elas se transformaram em

Era 1996 e a informática ia se tornando fer-

parceiras ágeis dos profissionais do setor. Foi

ramenta obrigatória nas empresas. Quem não

assim que logo os dados e a comunicação da

quisesse ficar para trás, não podia prescindir

empresa ganharam uma agilidade espantosa e

do computador nas atividades empresariais. Se

os projetos desenhados à mão nas velhas pran-

não era possível informatizar tudo, ao menos

chetas de arquitetura migraram para as telas

nos setores administrativos e de criação a tec-


a genética da evolução

nologia ia se impondo de forma irreversível.

empresa, ganhando vida própria. Além de prestar

Foi assim também na LPR, que ampliava seu

serviços à LPR, as empresas parceiras têm autono-

raio de ação pelas capitais.

mia para atender o mercado. A ousadia ganhou,

Rafael se orgulha de ter podido dar esse passo

aos poucos, a adesão de outros profissionais que

fundamental para a evolução da empresa. Foi sua

já conheciam o roteiro de trabalho e que iam se

natural curiosidade e uma ânsia de evoluir que

tornando aliados em novas frentes de trabalho.

propiciaram saltos como esse na LPR. A visita a

Sem medo de apostar nesse modelo de ges-

feiras em busca de novos fornecedores foi o pon-

tão, Rafael se diz ainda a meio caminho do que

tapé inicial para que um novo tempo inaugurasse

pretende. “Sempre pensando na próxima etapa,

um perfil tecnológico na empresa. Hoje, a pran-

digamos assim”. Seu projeto de atender como um

cheta é lembrada até com uma certa ternura pe-

todo o mercado de eventos caminha seguro rumo

los mais antigos; os mais novos, esses já nasceram

a um alvo que ele vê claramente como possível.

navegando numa mesa virtual, onde a criação, o

Montar estandes, diz ele, já está um pouco no li-

design e a realidade convivem num mesmo espa-

mite. Pelo menos em volume. “Poderíamos optar

ço de tempo ágil e urgente.

por aumentar nossa meta em número de estandes montados; eu optei por crescer ampliando o

SEM MEDO DE APOSTAR

leque de serviços para o cliente.” Esse é o mercado que carece de suprimentos,

Aos poucos, os espaços e as ideias da empre-

acredita o homem que cresceu com sua empresa,

sa foram se tornando tão familiares ao ex-novato

alicerçada no trabalho duro de seus pais e condu-

Rafael que ele foi se sentindo à vontade para im-

zida hoje com a responsabilidade de quem pre-

plantar projetos que iam brotando na sua cabeça

cisa continuar, dando o melhor de si, até como

e dando comichões para ganharem o mundo real.

uma forma de gratidão. Costuma ser assim entre

Foi conhecendo o terreno em que pisava que o

os orientais, e Rafael gosta de observar filosofias

empresário pôde vislumbrar uma miríade de pos-

como as que privilegiam o fazer com determina-

sibilidades. Dela nasceu, por exemplo, a ideia de

ção e assertividade. Os problemas, diz ele, fazem

ampliar o leque da LPR, transformando em novos

parte do viver; e viver numa empresa com tantas

negócios as oportunidades que iam surgindo a

atividades reunidas é assim como administrar a

cada nova conquista de mercado. Foi assim que

vida com desafios e soluções. Tudo depende do

a LPR Locações tornou-se um novo foco de atu-

olhar que se tem sobre cada fato.

ação. São histórias de negócios geradas dentro

Foi mais ou menos isso que ele ouviu, um dia,

da LPR, que surgiram de um desafio vivido pela

circulando por uma das muitas feiras brasileiras LPR | 83


FEITO À MÃO

Esmeradas obras da criação artesanal, os projetos dos estandes eram desenhados à mão pelos projetistas da LPR. Para aprovação do cliente, eram depois enviados pelo correio. LPR | 84


A “TECNOLOGIA” DA PRANCHETA

Desenhados a lápis, com retoques feitos a nanquim, os projetos criados para os expositores tinham riqueza de detalhes traçados em papel especial para apresentação ao cliente.

LPR | 85


a genética da evolução

que a LPR montava. Parados num estande, dois homens conversavam sobre os problemas que

Pedro Lopes sabe disso. Vê na rotina do filho,

um deles havia tido recentemente. O que estava

agitada e recheada de compromissos, um tempo

desanimado com os acontecimentos ouviu do in-

que já não lhe cabe. Ele também foi assim, exi-

terlocutor, um senhor de origem oriental, a bordo

gente com os dias e as noites, correndo contra o

de seu sotaque japonês, o seguinte ensinamento:

relógio para cumprir o que prometera aos clien-

- Se você vê problema grande, problema fica

tes, os quais tratava como amigos. Seu jeito caris-

grande mesmo. Se você olha para problema

mático toma conta dos negócios num formato de

como se ele fosse pequeno, problema fica mes-

coração; é visceral.

mo pequeno.

Mas o tempo é outro e Pedro está aprendendo

“Eu acredito que tudo tenha uma solução”,

a respeitá-lo. “Trabalhar de madrugada, trabalhar

emenda Rafael. “Se não tiver, como diz o próprio

a noite inteira, correr e fazer tudo ao mesmo tem-

ditado, solucionado está. Temos que ir em frente.”

po... eu não tenho mais pique para isso”, concor-

Essa filosofia, adaptada nas mais diversas situações,

da. “Antigamente eu passava a noite escrevendo

segundo ele, lhe dá uma força incrível para acre-

para entregar papel no outro dia, com as tarefas

ditar e se reerguer quando algo parece perdido.

de cada um. Hoje o pessoal recebe as ordens do

“Isso me tranquiliza: ser capaz de resolver um pro-

Rafael por e-mail e logo cedo. Ele vê tudo, toma

blema, de alguma forma, por pior que ele seja.” As-

decisões, enxerga o miudinho...”

sim como a lição do senhor oriental naquela feira,

É... muita coisa mudou; só não mudou o res-

ensinamentos de pessoas que já perderam tudo na

peito que Rafael conquistou junto ao pai e aos

vida e reconquistaram sua posição novamente lhe

funcionários, o mesmo respeito que sempre teve

dão força para acreditar e seguir em frente.

por aquele que deu o primeiro passo. “Ele é com-

Essa força surgiu em sua vida justamente quando Rafael entendeu sua própria capacida-

LPR | 86

dades”, conceitua Rafael.

petente!”, elogia o pai. “Ele é muito importante para a empresa”, diagnostica o filho.

de para realizar, quando encontrou seu lugar na

As ideias entre pai e filho nem sempre encon-

empresa e passou a trilhar seu caminho da forma

tram a mesma sintonia; duas personalidades origi-

como deveria ser, com seu jeito próprio e único.

nais e determinadas, ambos sabem a força de cada

Na diferenciação, o filho encontrou-se; a primeira

um, por isso, há que se adequar gestos e estra-

trajetória empreendida pelo pai já estava feita e

tégias para que os passos necessários sejam da-

era preciso prosseguir conduzindo a empresa nos

dos harmoniosamente. Não há como mudar duas

novos tempos. “São formas diferentes de pensar,

gerações diferentes. Há como respeitar os pen-

que precisam ser respeitadas em suas particulari-

samentos díspares, encontrando o meio termo


a genética da evolução

entre eles. Mas foi assim que a LPR se fez, com as

À parte a natural diferença de gerações e as

escolhas naturais exigidas de cada um. E escolhas

ideias próprias de cada um, pai e filho sentem-se

nem sempre são acertadas; mas precisam ser feitas.

fortalecidos pela presença um do outro na em-

“Acho que meu pai mudou o jeito dele, ao longo

presa. Isso tem lhes permitido aprender a ousar

do tempo”, acredita Rafael. “Mudei. A vida me en-

com os pés no chão, experimentando o gosto das

sinou”, pondera Pedro. “Ele era mais parecido com

novidades, tal como exige o mercado, com um

o que eu sou hoje”, compara o filho. “Hoje vou

bom roteiro na mão. Até porque as mudanças são

mais com calma”, professa o pai, dizendo que, com

muito mais rápidas na LPR do ano 2011.

a idade, passou a analisar com mais cuidado todas as situações, ponderando os prós e os contras.

Como é de lei para cada geração, cada um a seu modo deu uma nova forma à empresa, con-

O equilíbrio é mesmo um ideal que todos

tribuindo com fases distintas desse negócio apai-

buscam e é essa busca que faz o caminho ser tão

xonante em que se transformou o agitado mundo

prazeroso.

dos eventos.

LPR | 87


LPR | 88


Capítulo IX

No mundo das feiras

a

s feiras de negócios tornaram-

que se falava sobre as tendências

-se definitivamente a especiali-

daquele período.

dade da LPR. Em 1995, aos 10

As feiras de negócios - uma

anos de vida, a empresa selava

espécie de vitrine dessa mudan-

seu acordo com um mercado

ça - passaram a ganhar um novo

que vinha conhecendo desde a

espaço no Brasil e, especialmente

década anterior e que agora lhe parecia perfei-

em São Paulo, chamavam a aten-

tamente possível ser explorado de forma ainda

ção dos empresários de forma ain-

mais intensa e específica.

da mais expressiva. Atraíam como

A LPR projetava-se para o Brasil, levando

negócios em si mesmo, com uma

sua garra à prestação de serviços no setor de

gama enorme de serviços sendo

montagem. E a ocasião parecia feita especial-

oferecidos e movimentando uma

mente para isso. As feiras de negócios amplia-

escala impressionante de ativida-

vam sua importância no chamado business

des e profissionais. Do promotor

world, tornando-se centros especializados para

do evento às empresas montado-

encontros entre empresários, clientes e forne-

ras, passando pelos clientes dos

cedores. Tudo isso soava em perfeita sintonia

produtos expostos e chegando

com o final do século XX.

aos ganhos diretos e indiretos do

Nesse período, o Brasil e o mundo estavam

movimento da feira, criava-se uma

novamente se transformando. Apostava-se mui-

cadeia supreendente de negócios.

to numa fórmula “renovada” de um novo capita-

Paralelamente, eram excelentes in-

lismo, um jeito moderno de ir “socializando” os

centivadores para as cidades que

bens e produtos, ocupando praticamente todo o

sediavam o evento, demonstrando

espaço deixado pelo “fracasso” do chamado so-

uma força a impulsionar a econo-

cialismo nos países do Leste Europeu. Era assim

mia dos municípios. LPR | 89


no mundo das feiras

Nesse período, o mundo globalizado começa-

demonstrando que esse mercado crescia, em mé-

va a esboçar novo desenho no planeta, atraindo

dia, mais de 10% a cada ano. Ia longe o tempo em

países para eventos nos quais todos podiam falar

que a pioneira Fenit - a Feira Nacional da Indús-

a mesma língua: o idioma das relações comer-

tria Têxtil - inaugurara como novidade o setor de

ciais. Em São Paulo, o Parque Anhembi se tornava

grandes eventos no país. O pioneiro evento acon-

o espaço perfeito para esse cenário, pois a capital

teceu em 1958 e reuniu 97 expositores na feira

paulista era o centro das atenções para as promo-

que fez história, marcando o “início das grandes

ções do chamado turismo de negócios. Afinal, ali

mostras industriais e comerciais no país”. Agora,

estava instalado o maior pavilhão de exposições

o número de expositores crescera e as feiras reu-

da América Latina à época. Os eventos já começa-

niam mais de uma centena de expositores.

vam a ser vistos - de forma mais enérgica - como

São Paulo ia se tornando a meca do turismo de

grandes estimuladores da economia dos muni-

eventos, dando os primeiros passos largos nesse

cípios, pois movimentavam os diversos setores

sentido na década de 1990. Em poucos anos - já no

com receitas variadas, impulsionando o aumen-

século seguinte -, a capital dos paulistas se tornaria

to no números de empregos diretos e indiretos,

a sede de 90 mil eventos anuais, com uma média

ocupação em hotéis e recolhimento de impostos.

de um evento a cada 6 minutos. A maior cidade da

Tudo isso sem falar na geração de negócios entre

América Latina seria responsável também por 75%

os próprios fornecedores dos eventos, como era

dos eventos de negócios de todo o país, sediando,

o caso das empresas montadoras.

na década de 2010, 120 das 172 grandes feiras re-

Um relatório de 1998 da Embratur - a Empre-

alizadas no Brasil.

sa Brasileira de Turismo - já demonstrava que o

Esse cenário se delineava com rapidez, o que

“turista de eventos” gastava três vezes mais do

logo transformou o futuro num presente concreto.

que um turista “convencional” que estivesse passeando em férias. Parecia tentador estimular esse

RUMO A SÃO PAULO

grande negócio – o evento.

LPR | 90

Aberto ao mundo, o Brasil ia conhecendo

A pouco mais de 500 quilômetros dali, os em-

melhor o que o mercado de eventos poderia lhe

presários londrinenses da LPR não tinham mais

oferecer interna e externamente. Empresários e

dúvidas. A capital paulista era mesmo o local ide-

governo passaram a enxergar nas feiras um uni-

al para a instalação da primeira filial fora do Nor-

verso ímpar a ser explorado para gerar dividen-

te do Paraná. A ideia era aproveitar esse terreno

dos, enquanto as cifras aumentavam e os dados

fértil para expandir o atendimento ao mercado

estatísticos engordavam as pesquisas do setor,

brasileiro de feiras.


no mundo das feiras

1994. A LPR abria mercado, em busca da primeira filial fora do Paraná. Foi com esse propósito

“Sempre trabalhamos em grande estilo, sempre fomos muito unidos e corajosos.”

que, à época, Rosana Andrade visitou os grandes

Dedicando-se exclusivamente à atividade de

promotores de eventos de São Paulo, levando

montagem já nessa época, a equipe da LPR des-

o histórico da LPR, com vistas a entrar no setor

cobriu-se também apaixonada pelo setor. A ideia

multisetorial. Ficavam para trás os bons tempos

de embrenhar-se mais profundamente na área de

de organização das feiras agropecuárias parana-

montagem ganhou definitivamente as mentes e o

enses. “Durante um jantar que promovemos em

coração desses paranaenses que não enjeitavam

Maringá, anunciamos oficialmente que a LPR ia

desafio; muito ao contrário, inventavam a cada

parar de fazer a feira”, recorda-se Rosana, lem-

dia novas formas concretas desse substantivo abs-

brando que as etapas seguintes não foram fáceis

trato. O universo da montagem, de forma exclusi-

mas que a garra da empresa mantinha-se intacta.

va, era uma outra realidade para a empresa, o que

A filial São Paulo Estratégica e fundamental na logística da capital paulista, a primeira filial da LPR instalada fora do Paraná, em 1994, é um ponto de apoio às diversas atividades da montadora e também referência para a locação de móveis na região. LPR | 91


Know-how em montagem A decisão de atender exclusivamente o setor de montagem permitiu à LPR um incremento de novas tecnologias, novas estratégias de organização e um know-how único para atender feiras grandes e promotores de eventos exigentes. A capital São Paulo foi o “pulo do gato” rumo a novos e promissores mercados.

LPR | 92


no mundo das feiras

mereceu estudos dos empresários londrinenses.

rias firmadas de modo categórico aconteceram

“Fui para a Alemanha e fiquei 21 dias para

nesse período. “E a gente sempre cuidando mui-

acompanhar a montagem da tradicional Feira de

to bem da montagem, escolhendo os melhores

Hannover”, lembra Rosana. Ela observou que na

materiais, atendendo aos clientes com um dife-

meca das feiras, não havia “um fio de cabelo caído

rencial...”, pontua Rosana. “A diferença da nossa

no chão” durante a montagem dos estandes. Não

empresa para as outras é que nós havíamos passa-

havia um parafuso no corredor. “Toda a monta-

do por tantos desafios, que sabíamos como lidar

gem ficava dentro do estande”. A empresária vol-

com o cliente da feira, aquele que, por sua vez, era

tou maravilhada e apresentou diversas ideias para

o cliente do promotor do evento. Conseguíamos

a padronização do trabalho, muitas das quais até

nos colocar no lugar do cliente. A experiência que

hoje permanecem na rotina do setor de monta-

tínhamos na organização de eventos nos ajudou

gem. “Hoje, olho para a LPR e tenho o maior or-

muito nessa escalada. Acompanhar cada detalhe

gulho”, compara, emocionada.

da organização dos eventos que fizéramos até então nos dava um diferencial em relação a outras

EXPERIÊNCIA E RESPEITO

empresas. Acabávamos ajudando muito mais o expositor, oferecendo uma espécie de consultoria

A criação de um novo departamento comer-

informal”. Tudo isso permitiu a LPR ganhar cada

cial também ganhou corpo nesse período. Afi-

vez mais respeito junto aos promotores de eventos

nal, agora era preciso atender os novos clientes

“porque estávamos sempre surpreendendo”, con-

de forma diferenciada. “E o novo departamento

clui Rosana.

comercial englobava as filiais de São Paulo e Rio

Tradicionalmente ligada mais a São Paulo do

Grande do Sul, ambas coordenadas pelo escritó-

que à capital Curitiba, Londrina ia se tornando

rio da matriz em Londrina”, recorda-se Rosana,

“globalizada” para os diretores da LPR. A atual di-

lembrando que ficou nessa função durante 4 a 5

retora comercial da empresa, Milena Lemos de Al-

anos, até realmente deixar a empresa para viver

meida Lopes, recorda-se que esse período marcou

novos negócios.

os voos inaugurais da LPR pelo Brasil e pelo mun-

Já com uma boa história para contar e muita

do. Integrando a primeira equipe da filial em São

determinação para vencer, a LPR passou a ser co-

Paulo, nos anos 1990, Milena conhecia bem os

nhecida dos promotores de eventos fora do eixo

meandros do mercado em que a LPR inaugurava

do Paraná. Muitos passaram a visitar a matriz em

seus negócios, pois acabara de deixar um cargo

Londrina para conhecer a estrutura montada para

expressivo como executiva de marketing da em-

atender médios e grandes eventos. Muitas parce-

presa aérea TAM. Então recém-casada com o emLPR | 93


no mundo das feiras

presário londrinense Pedro Lopes, a jovem expe-

de e confiabilidade. “Tê-la como cliente naquela

rimentava desafios novos no setor de montagem

época foi um sinal de que a LPR estava num bom

de estandes, do qual havia sido cliente até então.

caminho. Foi um salto qualitativo”, avalia Milena.

“Na TAM, eu contratava a LPR para montar

Tendo a filial em São Paulo e o apoio funda-

nossos estandes nos eventos. A LPR era nossa

mental da matriz em Londrina - onde estava toda

fornecedora”, recorda-se Milena, hoje à frente de

a sua estrutura -, aos poucos a LPR foi conquistan-

uma competente equipe de vendas e da organi-

do uma seleta carteira de clientes, tornando-se co-

zação do setor na LPR. Para ela, o atendimento

nhecida não só na capital paulista como também

prestado pela montadora londrinense à tradicio-

em outros estados do país. Quem se lembra bem

nal empresa áerea brasileira deu uma justa me-

dessa época é a atual gerente da filial, Simone

dida do caminho a ser seguido então pela LPR,

Adeline Rodrigues, uma paulistana que diz amar a

afinal, a TAM sempre foi uma empresa exigente,

“loucura” da metrópole São Paulo. Simone logo se

que trabalhou muito com o conceito de qualida-

adaptou à forma diferenciada de trabalho da LPR.

A filial Rio Grande do Sul Localizada estrategicamente em Nova Petrópolis, região metropolitana de Porto Alegre, a filial da LPR no Rio Grande do Sul foi instalada em 1995, logo após a filial São Paulo. LPR | 94


no mundo das feiras

MILENA LEMOS DE ALMEIDA LOPES, diretora comercial. Atender o mercado paulista, com foco especial na capital São Paulo, foi um passo decisivo para que a LPR ocupasse uma fatia importante do mercado brasileiro. A empresa se posicionou, evoluiu e se destaca nesse competitivo mercado.

Mesmo por que, diz ela, já estava acostumada ao

muitas mudanças vividas pela empresa atenden-

ritmo ágil de outras empresas nas quais havia atua-

do o mercado paulista, do primeiro escritório

do, como o Sesc - Serviço Social do Comércio - e o

montado em 1994 para a atual sede da filial, inau-

departamento de marketing da TAM.

gurada em 2007. A evolução foi grande, impossí-

Simone entendeu logo os desafios da empresa

vel de mensurar.

paranaense recém-instalada em São Paulo. “O tem-

A parceria São Paulo-Londrina ia frutificando.

po todo vivemos isso aqui; a cada dia os desafios

Ampliaram-se os contatos com os grandes promo-

são renovados, isso é o que me faz estar na empre-

tores de eventos, um trabalho sendo feito com

sa há tanto tempo”, indica a gerente, salientando

organização e método pela equipe das duas ci-

que essa diversidade torna o cotidiano nada pre-

dades. Era uma nova perspectiva. Estar em São

visível e, portanto, bom de se trabalhar. “Todos os

Paulo era estratégico naquele momento. Ter tido

dias temos coisas novas”, diz ela, sentindo-se cons-

essa visão foi fundamental para o futuro da em-

tantemente desafiada para novos projetos.

presa, para o que viria depois. “O atendimento

Como a primeira funcionária da equipe pau-

a esse novo universo de clientes trouxe a neces-

listana da LPR, Simone acompanhou de perto as

sidade da empresa melhorar seu trabalho, afinal, LPR | 95


no mundo das feiras

estávamos participando de um mercado altamente

mental focar nesse objetivo. Tivemos um momen-

competitivo. Em São Paulo, a exigência era outra e

to dinâmico que, em seguida, permitiu a abertura

isso foi um desafio gigantesco para a LPR”, analisa

da filial no Rio Grande do Sul, outro estado impor-

Milena. Durante dois anos esse trabalho de formi-

tante para as feiras-clientes da LPR”.

guinha foi sendo realizado com determinação e o

No Sul, criou-se um outro polo de eventos

primeiro espaço no Sudeste brasileiro, que antes

específico, por conta do importante mercado de

era apenas um escritório, transformou-se numa

móveis, vinhos, turismo e lazer. Cidades como as

importante filial para a LPR.

capitais Florianópolis e Porto Alegre tornaram-se

“Melhoramos em tudo, eu acredito. Foi um

referência não só na promoção de eventos liga-

momento bom para a empresa, em todos os sen-

dos à economia local, mas também como cida-

tidos. Vieram muitos clientes de fora; mesmo no Paraná - e no Sul como um todo -, a empresa abriu muitos mercados diferentes”. O foco exclusivo na montagem ajudou muito nesse novo caminho, acredita Pedro Lopes. “Foi funda-

LPR | 96

des-sede de feiras promovidas por empresas de outros esta-


no mundo das feiras

dos, ligadas aos mais variados segmentos

Era para fazer andar a segunda unidade da

de negócios, como a avicultura, o cinema,

LPR fora do eixo paranaense. A primeira já havia

o lazer, entre outros.

sido instalada em São Paulo pouco mais de um

Para atender esse importante centro de

ano antes. Com um escritório no Rio Grande do

negócios, a LPR criou em 1995 uma filial

Sul, a LPR poderia ter um foco maior nos eventos

em Canoas, na região metropolitana de

daquela região, e Luiz Basso era o homem com-

Porto Alegre. Convidado a assumir mais

prometido para acompanhar de perto esse desa-

essa novidade em sua vida de jovem enge-

fio, pensou Pedro Lopes. Já atendia clientes de

nheiro, Luiz Basso aceitou o desafio pro-

estandes há um certo tempo e palmilhava com

posto pelo chefe Pedro Lopes. O convite

segurança a área de montagem, cujo know-how

para implantar o conceito LPR na segunda

adquiriu na prática da empresa. Portanto, não viu

unidade fora de Londrina chegou como

problema algum em aceitar a proposta.

uma charada proposta por Pedro.

Oriundo da Construtora Lopes & Andrade,

- Luiz, você tem medo do frio?

Luiz Basso foi convidado a integrar o setor de

- Medo do frio? - respondeu com outra

montagem da LPR tão logo terminou sua tarefa

pergunta o novato na área de montagem.

de engenharia na construção do Armazém da

- É. Você tem problemas com o clima

Moda, em Londrina. Era um empreendimento

frio? - tornou a considerar o chefe, já adian-

empresarial no qual a construtora de Pedro Lopes

tando que vinha coisa nova por aí.

tornara-se parceira. Terminada a construção, Luiz

Entendendo a charada, Luiz Basso foi ao ponto. - Se for para ganhar dinheiro, pode me mandar até para o Polo Norte.

Basso foi convidado a trabalhar com uma outra engenharia: a engenharia de montagem de estandes, um negócio que ele jamais imaginara existir antes de receber o convite da empresa.

Estandes especiais A equipe LPR passou a oferecer ao mercado brasileiro uma linha diferenciada de estandes, fossem eles padrão, mistos ou construídos, utilizando materiais especiais e muito engenhosidade. LPR | 97


no mundo das feiras

A filial do Rio Grande do Sul ficou sob sua coordenação durante três anos, quando voltou para

colaborar com sucesso na formação e desenvolvimento da filial do Rio Grande do Sul.

Londrina. Tempos depois, o endereço da LPR no Sul mudou para Nova Petrópolis – também na região

O CRESCIMENTO

metropolitana de Porto Alegre - de onde passou a dar suporte logístico às montagens de eventos.

Os anos seguintes foram de um desbravamento

Hoje à frente da filial no Rio de Janeiro, o di-

tão ou maior que os primeiros tempos. “As feiras

retor Luiz Basso lembra-se com alegria daqueles

foram dando certo para a LPR. Eu acho – sem querer

tempos heroicos em que a montagem começava

ser arrogante - que tudo que é feito com foco, com

a ser decodificada pela equipe da LPR e ele pôde

objetivo, vai dando certo”. Pensando assim, Pedro

A montadora oficial Tornar-se a montadora oficial de importantes eventos nacionais foi uma das grandes conquistas da LPR desde os anos 1990. Isso significa a confiança dos promotores de feiras e eventos no trabalho da equipe LPR, e um passaporte a mais para que clientes expositores montem seus estandes com a empresa paranaense. LPR | 98


no mundo das feiras

Lopes e sua equipe foram acrescentando a seu co-

construiu antes dela e a história que pôde ajudar

tidiano as feiras de negócios que exigiam, por sua

a escrever desde que entrou para a equipe LPR.

vez, materiais mais modernos para a montagem,

A soma e a força desses anos todos deram à em-

métodos mais ágeis para a organização dos trabalho,

presa londrinense a marca de uma organização

uma equipe mais afiada na composição do serviços

cosmopolita, como almejavam os pioneiros da

e uma logística fiel ao que exigiam os novos tempos.

empresa. “A LPR é uma empresa hoje extrema-

“As primeiras feiras dessa época foram um

mente respeitada, extremamente bem conceitua-

aprendizado e tanto”, reconhece o empresário,

da”, avaliam seus diretores. “Temos, de fato, esse

que passou a dominar o know-how do setor como

conceito de confiabilidade”, reforça Milena. “So-

ninguém nos anos seguintes, chegando a se tornar

mos recebidos pelos presidentes, pelos diretores

uma das maiores empresas de montagem do Brasil

das empresas com todo o respeito. E entregamos

quando os anos 2000 se instalaram. “Minha políti-

cada montagem de feira com o maior prazer”.

ca sempre foi: se vou fazer algo, faço bem feito, o

O prazer de realizar, aliás, está no topo da lista

melhor que eu puder. Até hoje, o que leva nossos

de tarefas cumpridas pela equipe LPR na capital

projetos para a frente é o fato de termos a política

paulista, há 17 anos. O mundo mudou e o setor

de fazer bem feito”. E o conceito acompanhou bem

de eventos transformou-se completamente nesse

sua trajetória, pois com os anos, as feiras de negó-

período; só não mudaram os desafios enfrentados

cios ganharam uma importância ímpar no merca-

pela equipe paulistana. “Aqui na LPR gerenciamos

do brasileiro, seguindo o caminho proposto pelos

as surpresas do dia a dia e não os planejamentos,

países mais desenvolvidos.

como é de costume em outras empresas”, revela

Com o tempo, ficou claro para as empresas que

a gerente Simone Adeline Rodrigues. Para manter

participar de feiras era mais do que importante; era

o timing e não desafinar das equipes das outras

fundamental. Participar de feiras passou a ser enca-

filiais e da matriz, é preciso ter o foco na princi-

rado como um investimento, uma peça estratégica

pal característica da LPR: a motivação para o desa-

no grande projeto de comunicação empresarial.

fio. “E a principal qualidade de uma boa gerente nessa área é exatamente essa: manter dentro das

OS DIFERENCIAIS

pessoas a vontade de trabalhar cada dia com a mesma garra do dia anterior. Ou melhor”, define.

Hoje morando em Londrina, para onde se mu-

É também impossível prescindir da criativi-

dou no final dos anos 1990, a diretora comercial

dade e do auto-controle para manter o foco na

da LPR, Milena Lemos de Almeida Lopes, olha para

qualidade do serviço. Administrar conflitos, afinal,

trás e vê com respeito a história que a empresa

exige muita presença de espírito, outra caracteLPR | 99


no mundo das feiras

rística que Simone diz ser necessária para manter

capacitação humana reuniram-se num selo pró-

o equilíbrio na administração da filial. Foi o que

prio que a LPR costuma deixar estampado em

aconteceu em diversas ocasiões, quando a gerente

cada início e final de feira. Uma marca de quali-

precisou administrar situações sui generis, como

dade na prestação de serviços que vem fazendo

um cliente querendo colocar um elefante dentro

história no setor de montagem. “Principalmente

do estande ou aquela cliente que vinha de outro

a qualidade na prestação de serviços tem sido

Estado e que marcava a reunião para discutir o

uma marca forte da LPR. Esse é um grande dife-

briefing do estande no salão de cabeleireiro...

rencial nosso”, afirma a diretora comercial Mile-

As histórias são muitas e refletem a diversida-

na, com orgulho. Ao mesmo tempo, esse mesmo

de do trabalho que é ouvir, atender e prestar o

selo pode abrigar o conceito de confiabilidade

serviço necessário para a realização de uma boa

que a empresa conquistou em 25 anos de atu-

feira. Cada filial deve ter seu próprio “diário” dos

ação. É essa confiabilidade que faz do produto

fatos que ultrapassam o lógico e o possível. Do

imponderável que vende - um estande, um so-

passado, as histórias vêm com a carga do inusita-

nho - a certeza de que os anos futuros conti-

do, pois eram tempos pioneiros, repletos de im-

nuarão sendo pródigos. “Isso é muito bacana!

provisação... O que não impedem os dias atuais

Nosso cliente compra, na verdade, um projeto,

de terem suas próprias histórias especiais, como

uma ideia. Ele confia que aquele projeto estará

a essa do elefante dentro do estande, fato que

montado, pronto, no dia marcado, na feira da

acabou não se concretizando, graças ao bom sen-

qual ele participará. Trair essa confiança é não

so da funcionária da LPR.

prestar o serviço conforme nos compromete-

De uma forma ou de outra, persiste o objetivo de prestar o melhor serviço, seja levando em con-

Outro método que a LPR incorporou a sua

ta o pioneirismo ou a aplicação de novas tecnolo-

experiência como prestadora de serviços pro-

gias. “Hoje a LPR é uma grande empresa porque

fissional é o acompanhamento da feira, do iní-

buscou melhorar o tempo todo”, avalia Simone,

cio ao fim. Esse trabalho diferenciado é muito

salientando que o que muda é a aplicação dessas

importante se o cliente precisar de algum apoio

mudanças. “Se no passado fazíamos de tudo para

durante o evento ou se houver a necessidade

acertar, hoje trabalhamos com o objetivo de não

de reposição de algum material do estande. “Te-

errar em nada. Esse objetivo está na cabeça de

mos profissionais de manutenção acompanhan-

cada funcionário, mesmo que cada um deles não

do o evento durante todo o tempo. Esse é outro

perceba. E eu me incluo totalmente nisso”.

grande diferencial. O cliente se sente assistido”,

Com os anos, a experiência, a estrutura e a LPR | 100

mos a fazer”.

indica Milena.


no mundo das feiras

Não é pretensioso dizer que a evolução da

orientar as ações da equipe.

LPR acompanhou a evolução das feiras no Brasil.

Ao pôr os pés na década de 2000 – início de

A trajetória da LPR foi escrita tendo o mercado

um novo século, começo de um novo milênio -,

como projetista exigente e determinante, mas

a LPR destilava as intenções que a haviam levado

o carisma e a coragem da empresa londrinense,

até ali. Era já uma empresa conceituada em ou-

que não teve medo de abrir fronteiras em outros

tros estados brasileiros, com 80% de seu fluxo de

estados e até no exterior, demonstram que muito

atendimento fora do eixo Norte do Paraná.

foi feito tendo a visão futurista como um GPS a

Mas ela queria ainda mais.

LPR | 101


Capítulo X

A LPR, o Brasil e o mundo

s

er grande, a maior, quem sabe? Esse era o sonho da LPR que inaugurava o século XXI. E para os sonhos não há medidas exatas. Todavia, o olhar

determinado e a projeção programada podem tornar a vida de uma empresa muito próxima dos desejos impostos pela imaginação de seus donos. Ter alcançado o século XXI contando quase 20 anos de idade era uma conquista esplêndida para uma empresa brasileira, num tempo em que os especialistas ditavam como regra um prazo

Uma filial na África Foi através de Angola que a LPR abriu fronteiLPR | 102 ras no mundo internacional. Foi em 2004 .

de cinco anos de vida para a maioria das companhias nacionais. Aquelas que con-


Voos altos no exterior Atendendo a Embraer, a LPR atuou em duas frentes fora do Brasil, importantes para sua carreira internacional: a logística de mock-ups e a montagem de estandes em diversos países.

seguissem alcançar essa marca já podiam ser tidas

Esse traço visionário, carregado de paixão

como vencedoras; as que ousassem ultrapassá-la,

pelo desafio, continuava direcionando as ações

seriam consideradas empreendimentos de muito

da empresa, o que dava à LPR o combustível para

sucesso. O que dizer então de uma empresa que,

seguir ao sabor do mercado e, ao mesmo tempo,

apesar dos reveses, seguia forte com mais de duas

adiantando-se a ele. A forte estrutura montada

décadas em seu calendário, já com uma história

em Londrina, na matriz, as estratégicas filiais -

para contar?

então em dois Estados - e a organização profis-

Os recentes passos dados na direção de um

sional que se alinhavava em torno dos eventos

mercado fora do Paraná, com foco exclusivo na

forneciam a segurança necessária para as metas

montagem de estandes, animava toda a equipe da

almejadas pela equipe.

LPR. O diretor de logística da empresa, Valdemir

Embora a noção de grandeza e importância te-

Alves da Silva, relembra que nesse período se dis-

nha se estabelecido formalmente apenas no final

cutia muito nas dinâmicas de grupo promovidas

da década de 2000, com os eventos internacio-

pela empresa quais possibilidades a empresa al-

nais, a intuição e a experiência da LPR já haviam

mejava para crescer: ser a maior ou ser a melhor?

traçado um caminho e ele estava sendo trilhado.

“E quando víamos, o mercado vinha e nos puxava

A empresa paranaense ia, de fato, se tornando

para um lado que sequer imaginávamos”. O en-

uma das mais hábeis e competentes na monta-

tusiasmo era muito, diz Valdemir, olhando para o

gem de estandes em grande volume. Ganhava

passado não muito distante com o mesmo desejo

licitações e conquistava promotores de eventos

de fazer o melhor.

graças à capacidade de montar milhares de meLPR | 103


a lpr, o brasil e o mundo

tros quadrados em prazos curtos, desafiando o tempo e a incredulidade de muitos.

moxarifado desde 1994, Valdemir cresceu com

Esse potencial permitiu à LPR se transformar

a empresa nos 17 anos em que atua no setor,

na montadora oficial de diversos eventos impor-

tornando-se, na década de 2000, um dos vários

tantes do Brasil. Com os resultados positivos

parceiros que ajudaram a impulsionar a evolução

desse status, tornou-se referência para outros

da LPR no mercado. Crescer, para ele, no entanto,

promotores de eventos, num círculo virtuoso

não foi só comemoração; foi, antes de mais nada,

que ampliou seu calendário anual, desafiou-a a

tomar para si ainda mais responsabilidade. “Com

se modernizar, instigou-a a organizar-se mais pro-

o crescimento da LPR, tivemos que trabalhar ain-

fissionalmente e tornou-a ainda mais capacitada

da mais e isso aconteceu todas as vezes em que

para novos negócios. Em suma, nos ágeis anos

alcançamos metas e conquistamos espaço. É a ló-

2000, a ideia de tornar-se a maior empresa do

gica do mercado, do trabalho, da sobrevivência”,

setor começava a vir acompanhada do desejo de

avalia. Esse conjunto de fatores que move os mer-

atender com ainda mais qualidade, encontrando

cados em todo o mundo tem sido a mola-mestra

o equilíbrio entre ser a maior e ser a melhor.

da empresa: evoluir com o setor, adiantando-se a

E as estimativas animavam seus diretores. Se-

muitas das necessidades dos clientes. “Nós evo-

gundo especialistas do setor de turismo à época,

luímos bastante, tanto em estrutura física quanto

o mercado de feiras viveria um boom ainda maior

em pessoal”.

naqueles primeiros anos do século XXI. Afirmava-

Os líderes e a equipe são tops no trabalho a

-se que em 2003 o mercado de feiras movimenta-

que se propõem a fazer, e esse comprometimen-

ria, apenas no Brasil, 406% a mais que em 1992,

to é uma cultura que vem sendo construída ao

período em que a LPR praticamente começou a

longo dos anos, através da qual a empresa não só

atuar com exclusividade no setor de montagem.

aceita desafios como, principalmente, os inventa.

A própria empresa paranaense ostentava núme-

“Nesse tipo de trabalho que fazemos precisamos

ros bem valorizados em sua história recente.

contar com gente que agarre o projeto. Foi as-

“Éramos, no início dos anos 1990, montado-

sim que crescemos, aceitando esses desafios que

res de 1000 metros, na totalidade dos eventos;

o mercado foi nos apresentando. Nós os encará-

em 2011, já montávamos 12 mil metros num só

vamos, íamos realizando. É nessa hora que você

evento, num único pavilhão”, compara Valdemir,

cresce; se deixar passar esse momento crucial,

orgulhoso da marca alcançada e, principalmen-

continua daquele mesmo tamanho”.

te, honrado por ter parte de sua vida dedicada a construir esse sucesso. LPR | 104

Fiel funcionário do pequeno e pioneiro al-

Foi esse espírito de luta que também norteou a evolução quando a LPR quis abrir filiais. Foi


a lpr, o brasil e o mundo

esse sentimento de que não se pode parar que

rou, em 1975. No Brasil, a família refez sua vida

impulsionou a equipe a aceitar um novo desafio

em São Paulo e Milena tornou-se uma “paulista-

nos primeiros anos de 2000, abraçando uma ideia

na”. Desde então, nunca mais voltara a sua terra

totalmente diferente do que a empresa vivera até

natal, o que acabou acontecendo por conta desse

então. Era o primeiro passo dado na abertura de

contrato firmado entre a Filda e a LPR.

mercados no exterior.

Desde 2002, com o término da guerra civil disputada entre três facções - a Unita, a FNLA (Frente

ANGOLA, UM APRENDIZADO

Nacional de Libertação de Angola) e o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) – An-

De Londrina para o mundo! A frase não pare-

gola vivia um novo clima de desenvolvimento. O

cia nada exagerada para os intrépidos empresá-

novo governo, liderado pelo MPLA - grupo que

rios da LPR, e foi com ela a bordo que a empresa

venceu a batalha - buscava reabilitar a infraestru-

aportou no Sudoeste da África, em 2004, para

tura, totalmente destruída, e manter a estabilida-

uma verdadeira aventura de conquista em um

de econômica. O governo tentava atrair empresas

novo mercado.

internacionais para investir no país. Angola pare-

“Nossa ida para Angola foi um grande apren-

ceu, então, um país propício aos desbravadores

dizado”, avalia o diretor Rafael Andrade Lopes,

estrangeiros. Muitos portugueses, chineses, eu-

lembrando que esse primeiro passo dado fora do

ropeus e, principalmente, brasileiros, aportaram

Brasil contou com seu empenho pessoal à época.

naquela ex-colônia portuguesa pensando em

Foi Rafael - acompanhado pela diretora comercial

estabelecer-se e investir em novos negócios.

Milena Lemos de Almeida Lopes - quem fechou o

A Filda - a Feira Internacional de Luanda - co-

primeiro contrato com os representantes da Asso-

locava-se como porta de entrada para esse encon-

ciação Industrial de Angola, entidade responsável

tro com o capital estrangeiro disposto a investir

pela realização da principal feira de negócios da-

na reconstrução de um país com tudo por ser

quele país. O diretor da LPR empenhou-se pesso-

feito, após tantos anos de guerras e destruição.

almente no fechamento desse acordo que levou

O Brasil atendeu ao chamado e tornou-se um dos

a empressa londrinense a permanecer por quatro

parceiros angolanos nessa nova empreitada. Em

anos como montadora oficial da Filda - a Feira In-

2003, por exemplo, os brasileiros representaram

ternacional de Luanda.

importante participação na maior feira multiseto-

Nascida em Benguela - cidade famosa por suas

rial de Angola. Foi a primeira vez que os brasilei-

praias -, Milena deixara o país com a família rumo

ros participaram oficialmente dessa feira africana.

ao Brasil quando a guerra civil angolana estou-

Em 2004, a expectativa era ainda maior. LPR | 105


a lpr, o brasil e o mundo

angola

LPR | 106

2004 a 2007


a lpr , o brasil e o mundo

Era esse espírito de “convocação para a reconstrução do país”, com aplausos aos investimentos estrangeiros, que levou também a LPR a aceitar o convite de José Severino, o presidente da Associação Industrial de Angola, um dos responsáveis pela realização da Filda. Severino era velho conhecido da família de Milena, a diretora comercial da LPR, e havia permanecido em Angola após os sucessivos embates vividos no país. À frente da Associação Industrial de Angola, Severino conquistara um lugar de prestígio na sociedade angolana. “Ele soubera - através da esposa que havia visitado o Brasil - que eu estava trabalhando numa empresa de montagem de estandes, então teve a ideia”. - Pois são eles que vão montar a Filda este ano! De fato, Severino entrou em contato com a LPR e aquele as-

A FILDA, em Angola A maior feira multisetorial de Angola ganhou o profissionalismo da LPR na montagem de seus estandes. Participam da feira países do mundo todo.

sunto tornou-se uma realidade. Os angolanos queriam o know-how da LPR para montar o tradicional evento que acontece na capital Luanda desde 1983, reunindo expositores LPR | 107


a lpr, o brasil e o mundo

da África, América, Europa e Ásia. Mas naquele

- Vamos arriscar.

ano, especificamente, o governo angolano estava

E o material embarcou, vencendo, inclusive,

apostando mais alto na feira. O país fervilhava em

uma greve de fiscais da Receita Federal no Porto de

busca de novos investimentos. Com eles, a LPR, do

Itajaí. A liberação só foi possível graças ao contra-

Brasil. “Mas havia um detalhe”, relembra Rafael.

to que a LPR fechou também com a delegação do

“Como era tradição, a feira aconteceria em julho

Brasil na feira de Angola. “Íamos montar o pavilhão

daquele ano e estávamos em fevereiro quando fe-

do Brasil na Filda, algo com 20 e poucos estandes”.

chamos o negócio”. Do tamanho do desafio era a

Vinte dias depois, os contêineres chegavam

vontade de vencê-lo. A equipe aceitou, apesar do

a África com todo o material necessário para a

tempo exíguo.

montagem da importante feira. “Houve nesse tra-

Com o contrato assinado, os profissionais

balho em Angola de novo um grande avanço”, ava-

da LPR deram tratos à bola, organizando todo o

lia Milena. “A LPR tem alguns momentos assim em

material para a montagem da feira. Semanas se

sua história, momentos de salto em sua evolução, e

passaram e como tudo estava pronto, faltando

aquela ocasião foi um desses saltos”. Além do gran-

pouco para começar a feira, os líderes da LPR es-

de investimento feito em materiais para a montagem

tavam com o coração na mão. Tudo estava sendo

da feira, a LPR colocou à disposição do evento entre

preparado “na confiança”, como se diz, pois nada

40 e 50 profissionais, que partiram do Brasil rumo

de chegar o primeiro pagamento combinado para

à África para montar, a jato, a maior feira de Angola.

que o embarque do material fosse providenciado.

“Inclusive nós também pusemos mãos à obra”, re-

No Porto de Itajaí, em Santa Catarina, o respon-

lembra a diretora comercial.

sável pelo contrato dos contêineres que partiriam

A feira foi um sucesso do ponto de vista da em-

levando o material entrou em contato com Rafa-

presa montadora. Tudo foi executado dentro do

el, dando o último sinal. Dizia ele que se o mate-

prazo. Os organizadores estavam satisfeitos. Numa

rial não seguisse no dia 20 de maio, a LPR corria

estimativa feita à época, a 21ª edição da Feira In-

o risco de não chegar a tempo na África.

ternacional de Luanda - Filda 2004 - havia rendido

Enquanto isso, de Angola, vinham apenas pa-

300 milhões de dólares em volumes de negócios, o

lavras de que tudo estava certo. Resultado: falta-

que era bem satisfatório para a ocasião. O aumento

vam quatro dias para a data-limite e uma decisão

em participação de expositores também tornara o

precisava ser tomada. Pedro Lopes questionou o

evento mais compensador, segundo a organização.

filho mas deixou para ele a palavra final, afinal,

Foram 22 países e 600 expositores, dois países e

ele é quem havia fechado o negócio.

200 expositores a mais do que a edição de 2003.

O filho pensou, pensou, e decidiu: LPR | 108

Isso representava um incremento substancial ao


a lpr , o brasil e o mundo

evento. O sucesso avaliado pelos organizadores

proposta feita por Rafael Andrade Lopes de co-

demonstrava que na edição seguinte seria necessá-

mandar a operação em Angola porque vira nessa

rio ampliar o espaço para acolher os novos exposi-

mudança de rumos uma grande oportunidade

tores que prometiam chegar ao país.

para sua vida. Atuar na área na qual se gradua-

Para os empresários da LPR a primeira etapa

ra estava fora de cogitação diante do cenário de

estava vencida. A montagem fora cumprida com

privatização do setor de telecomunicações brasi-

sucesso e caberia agora se preparar para o retorno

leiras da época. Havia poucas perspectivas. A pro-

ao Brasil, cuidando do embarque dos materiais de

posta de representar a LPR em Angola, por ou-

volta ao outro lado do oceano. No entanto, devido

tro lado, era tentadora. Rodolfo agarrou-a “com

a um problema alfandegário, a grande carga teria

unhas e dentes”, como ele mesmo diz, certo de

problemas para retornar ao Brasil. O fato fez os

que não seriam poucas as suas responsabilidades

diretores da LPR avaliarem a possibilidade de per-

no continente africano: “Eu seria os olhos da LPR

manecer em Angola. E assim, começou mais uma

na empresa em Angola”, relembra. Isso signifi-

experiência inusitada para a empresa. “Acabamos

cava, à época, atender clientes, vender, faturar,

abrindo lá uma empresa em parceria com um em-

entregar o estande... Era um gerente geral com

presário angolano. Com esse arranjo, logo uma

muitas outras atribuições.

nova feira aconteceria e fomos ficando”, relembra Rafael.

A seu lado, o designer Fábio Gioffrê, que seguira para Angola, enviado pela LPR para suprir

Mais que as diferenças culturais, a falta de in-

a área dos projetos. Também ávido por esboçar

fraestrutura do país e a extrema burocracia trans-

um desenho para sua carreira profissional, Fábio

formavam o dia a dia numa tarefa bastante compli-

Gioffrê encontrou nova oportunidade a desafiá-

cada para os estrangeiros. Para vencê-la, havia que

-lo nessa empreitada, assim como a colega de em-

ter paciência e muita criatividade. Tudo estava por

presa, Mara Pisconti, que seguiu à época para as

ser feito naquela nação tão precisada de mudan-

terras angolanas com a tarefa de cuidar do setor

ças. Foram essas carências que deram à estada da

financeiro, auxiliando Rodolfo.

LPR em Angola o caráter de aprendizado e cresci-

A ida para a África, na verdade, parecia ter che-

mento, avalia Rodolfo Andrade, representante da

gado na hora certa para esses dinâmicos profis-

LPR na abertura dessa primeira jornada da empre-

sionais da LPR, que atravessaram o oceano com

sa fora do Brasil. Ele encarava esse trabalho como

fome de trabalho em sua jovens veias brasileiras.

uma chance diferenciada em sua carreira.

Fábio Gioffrê relembra que partiu em busca de

O jovem Rodolfo Andrade, formado em en-

ação. Achava-se já pronto para novos desafios

genharia de telecomunicações, decidira aceitar a

depois de ter se dedicado a criar projetos de LPR | 109


a lpr, o brasil e o mundo

LPR | 110

estandes em dois anos de atuação na matriz em

Na avaliação da diretoria da LPR o momento

Londrina. Queria mais. O convite para mudar de

era de encerrar essa etapa na África. A empresa

país pareceu uma leitura de seus pensamentos.

brasileira manteve-se, entretanto, como fornece-

“Em Angola eu aprendi muito. Aprendi a detalhar

dora dos materiais para a montagem dos estan-

tudo nos projetos, a fazer qualquer tipo de peça,

des da Filda e de outros eventos que a empresa

mobiliário, estande, e a trabalhar com todo tipo

parceira angolana haveria de contratar no futuro.

de material, ferro, tecido... Eu projetava e preci-

Dessa experiência permaneceu também o apren-

sava conseguir aquilo que inventava. Como nem

dizado, o know-how que a LPR levou para muitos

tudo havia por lá, com criatividade ia em busca

de seus trabalhos de nível internacional, tanto

de substituir por materiais locais; então, apren-

dentro como fora do Brasil. “Angola foi como

di a me virar. Quando tínhamos um bom prazo,

uma faculdade”, avalia o designer Fábio Gio-

o material seguia do Brasil; do contrário, era co-

ffrê, que viveu uma experiência rica e profícua

locar a criatividade à prova”, recorda-se Fábio.

no país. “Foi um desafio especial e fundamental

Na condução dos trabalhos, Rodolfo Andra-

para mim, o primeiro na LPR e já uma tarefa tão

de, por sua vez, também se virava em mil para

importante”, resume Rodolfo. “Agradeço ao Rafa-

colocar em prática os estandes vendidos para a

el e ao Pedro pela confiança”. “Nós fomos para

grande feira de Angola, programada para acon-

lá, fizemos nosso trabalho, obtivemos muita ex-

tecer anualmente, no final do primeiro semestre.

periência, mas estava na hora de voltar”, avalia

A primeira Filda sob sua gestão em Angola foi a

a diretora comercial Milena Lemos de Almeida

do ano de 2005, que começou a ser preparada

Lopes, para quem o processo de instalar-se em

um ano antes. Foram tempos de muito trabalho,

outro país e, especialmente em Angola, estava já

relembra o jovem, salientando que a experiência

com o prazo vencido. Na bagagem, a equipe LPR

atingiu seu ápice em 2007, quando a LPR resolveu

trouxe um ganho incalculável: o conhecimento,

encerrar sua participação na montagem da Filda.

a experiência e a transformação só possíveis pela

Cumprira sua missão na África. “A experiência foi

realização de um bom trabalho.

rica mas já estava na hora de retornar”, relembra

“A empresa passou a ter uma visão de mun-

Rodolfo que, sem imaginar, tinha já outro desafio

do completamente diferente. Abrimos uma

esperando por ele e sua determinação. Trabalhar

nova porta. A LPR passou a ser um empresa

fora do Brasil ainda faria parte dos planos do jo-

internacional. Além do conhecimento de uma

vem - mal sabia ele - e esses planos estavam nas

nova cultura, ganhamos um know-how dife-

asas da Embraer, a empresa brasileira fabricante

renciado. Tendo que fazer acontecer sem uma

de aeronaves para o transporte civil.

estrutura mínima necessária, ganhamos uma


a lpr , o brasil e o mundo

Estandes e mock-ups.

Na Europa, Estados Unidos e Emirados Árabes, a LPR fez todo o trabalho de logística, que levou estandes e mock-ups da Embraer para diversos eventos

nas asas da Embraer segurança muito grande para realizar qualquer

NOVOS E OUSADOS VOOS

evento sem medo”, conclui a diretora comercial. Fazer acontecer mesmo sem ter as ferra-

Animado com a possibilidade de prospectar

mentas adequadas foi a mais importante lição

novos clientes e empreender voos mais altos, Rafa-

que a LPR trouxe do continente africano. “Vol-

el passara a se dedicar a essa tarefa pessoalmente.

tamos melhores, mais amadurecidos”, concor-

Queria conquistar clientes com peso internacional.

da o diretor Rafael Andrade Lopes.

Seu alvo naquele momento era a Embraer, a Em-

A segurança adquirida com o primeiro tra-

presa Brasileira de Aeronáutica, fabricante mundial

balho internacional levou a empresa para cima,

de aviões comerciais. “A conquista da conta já foi

mais uma vez. Era o mercado surpreendendo e

difícil”, conta ele, lembrando a possibilidade que

puxando a LPR para uma visão diferente, um

tinha nas mãos e a vontade de vencer com ela.

lugar inimaginado. Parecia o suficiente para a

O primeiro contato já lhe permitiu participar

empresa empreender outra grande aventura,

de uma reunião na empresa. Em seguida, direto-

após deixar Angola. E foi o que aconteceu.

res da Embraer foram a Londrina conhecer a LPR. LPR | 111


a lpr, o brasil e o mundo

O cenário A apresentação dos materiais da Embraer ganhou espaços sofisticados, conforme requeria a ocasião.

LPR | 112


a lpr , o brasil e o mundo

Esse padrão fazia parte das etapas de aprovação da

zinho... boa parte do que LPR já sabia fazer combi-

capacidade da empresa. “A Embraer precisava ter

nada com outra boa parte do que a equipe estaria

certeza de que teríamos condições de atendê-los”.

aprendendo ao prestar esse serviço.

O projeto deu certo. A Embraer aprovou a par-

Rafael pensou: do tamanho do desafio seria

ticipação da LPR na montagem de seus estandes

a força da experiência. Rodolfo Andrade enviou

em eventos internacionais. O gerenciamento dessa

a proposta de investimento para a empresa e,

operação requeria um profissional confiável, que

de forma surpreendente, a aprovação chegou

a administrasse à altura de sua importância. Para

rapidamente. Enquanto desembarcava no Bra-

isso, Rafael designou o valente Rodolfo Andrade,

sil, recém-chegado do trabalho em Memphis,

que já estava a caminho do Brasil, deixando para

nos Estados Unidos, Rafael recebia pelo celular a

trás três anos dedicados à empreitada em Angola.

informação de que a proposta da LPR havia sido

“Montamos inicialmente os estandes da Embraer

aprovada pela Embraer.

nos Estados Unidos, e aprendemos muito, tanto

- Rafael, o pessoal aprovou nossa proposta -

com as diferenças culturais quanto com o padrão

informou Rodolfo, responsável por negociar com

diferenciado de seus materiais e formas de atuar”,

a diretoria da empresa de aviação.

recorda-se Rafael. Enfim, o trabalho foi feito e a confiança do cliente totalmente conquistada. Por conta disso, logo uma nova oportunidade surgiu. A Embraer propôs que a LPR cuidasse da logística de seus mock-ups - maquetes dos aviões em tamanho real. Levar esses mock-ups para as

Ele sorriu de satisfação, enquanto Rodolfo terminava de dar a informação completa: era quinta-feira e já havia um evento para montar o mock-up na terça-feira, em Roma, na Itália. - E agora? - pensou Rafael, mal havia saído do aeroporto de Guarulhos.

feiras em diversos países era a forma de apresen-

Do pensamento à ação, o empresário foi rá-

tar o produto para os futuros clientes. Com esse

pido. Não havia tempo para chegar a Londrina e

verdadeiro show-room, era possível entrar, ir até

criar uma estratégia. Era preciso ser ágil naquele

a cabine, sentir o conforto e a segurança da aero-

momento. Pensou imediatamente no Bruno, o ra-

nave. A LPR providenciaria o transporte do mock-

paz que havia feito a logística do embarque para

-up para cada país onde seriam realizados 20 even-

Memphis. Passou a mão no celular e ligou.

tos para exposição da aeronave. Enfim, era todo o

- Bruno, estou indo para Congonhas pegar o

trabalho de logística, montagem e desmontagem

voo para Londrina. Preciso falar com você no ae-

do mock-up e a apresentação do produto no local,

roporto dentro de uma hora, pode ser?

com montagem, contratação de caminhão, empilhadeira, recepcionista, tenda, buffet, carpete, cafe-

Em Congonhas, Rafael foi direto ao ponto, logo após explicar a proposta. LPR | 113


a lpr, o brasil e o mundo

- Preciso que você embarque hoje para a Europa.

das maiores competições internacionais de hipis-

Bruno também foi direto.

mo. No espaço externo da Sociedade Hípica Paulis-

- Hoje não dá, porque preciso providenciar

ta, onde acontecia a última etapa do evento, a LPR

diversas coisas. Mas na sexta eu embarco; no sá-

cuidou da exposição do jato executivo Phenom

bado já estou lá, na hora do almoço.

100 da Embraer, em tamanho real. Atlanta, nos

De fato, nos dois meses seguintes, foi possível

Estados Unidos, foi a próxima parada, seguida da

realizar uma logística especialmente para conduzir

Europa e, finalmente, chegando à cidade de Dubai,

a Embraer nas asas da LPR. O primeiro trajeto in-

nos Emirados Árabes Unidos. O trabalho exigia um

cluía Genebra, Turim, Roma e Paris, no evento Air

atendimento amplo, tanto que Rodolfo continuou

Show 2007. Foi um sucesso, apesar do estresse ini-

a conciliar montagem de estande com logística e

cial. Tudo aconteceu conforme o roteiro previsto e

passou a contar com a colaboração de um parceiro

a empresa foi adquirindo mais um know-how em

já bem conhecido, o designer Fábio Gioffrê, com

atendimento internacional, conhecimento que se

quem dividira os dias de trabalho em Angola. “An-

tornaria muito útil à equipe, tempos depois.

tes da crise de 2008, o mercado de aviação estava

A segunda etapa do projeto de logística foi

aquecidíssimo”, relembra Rodolfo, “e a Embraer

assumida por Rodolfo, já que o Bruno não pôde

estava muito bem posicionada nesse mercado,

continuar o trabalho. O primeiro evento da agenda

pois contava, além do know-how e da competên-

sob sua responsabilidade aconteceu em São Paulo,

cia, com uma mão de obra mais barata do que seus

o Athina Onassis International Horse Show, uma

concorrentes.”

A fábrica Os anos de experiência no Brasil e em Angola tornaram-se ferramentas importantes para a criação de uma pequena fábrica de montagem provisória na Alemanha. Tudo para tornar mais ágil a logística de trabalho naquela região da Europa. LPR | 114


a lpr , o brasil e o mundo

O trabalho, portanto, também estava aquecido.

O trabalho em si foi prazeroso e realizador,

No roteiro seguinte, a montagem de estandes para

mas as burocracias de cada país provocaram mui-

a Embraer em Genebra, na Suíça, e em Londres,

to cansaço e estresse na equipe. Fábio não se es-

na Inglaterra. Já bem por dentro da logística e dos

quece do tempo em que foi barrado, com mais 12

custos e investimentos necessários para a monta-

pessoas, na alfandêga inglesa, sem poder ingres-

gem de estandes, Rodolfo achou por bem alugar

sar no país porque faltava um visto temporário.

um armazém na Alemanha, onde pudessem mon-

Mesmo com uma carta da Embraer informando

tar uma minifábrica de estandes que os ajudaria a

que eles estavam a serviço e que ficariam apenas

estar mais próximos dos eventos com qualidade

30 dias, ainda assim, os ingleses permaneceram

garantida e custos sob controle. “O que era mais

irredutíveis.

barato, enviávamos do Brasil. O que não era possí-

Na França, onde buscou auxílio no consulado,

vel seguir daqui, montávamos lá”, explica Rodolfo.

Fábio entendeu que a liberação do visto levaria

Fábio Gioffrê foi quem comandou a equipe da pe-

pelo menos uns 10 dias. O cliente não poderia

quena fábrica. “Montamos nossa base na Alemanha

esperar, pensou. Havia prazo, havia um contrato,

e fomos fazer estandes em Genebra e na Inglater-

havia o compromisso, e o nome da LPR estava em

ra. Em uma semana adquirimos todo o material

jogo. Rapidamente, fez contato com Rodolfo, que

e montamos uma marcenaria, praticamente uma

deixou o Brasil rumo a Portugal. Ali, contratou

empresa”, recorda-se, sem susto.

16 funcionários da empresa parceira de mon-

Com essa estrutura montada, a LPR enviou do

tagem angolana e seguiu para Paris, onde se

Brasil 15 profissionais e em 20 dias praticamen-

encontrou com o colega Fábio. Este lhe passou

te foi construído o grande estande para abrigar

o projeto detalhadamente e Rodolfo rumou

os mock-ups da Embraer. “Fomos para Genebra,

para a Inglaterra, com a equipe portuguesa.

montamos, desmontamos, voltamos para a Alema-

“Não medimos esforços nem investimento para

nha e, ali, fizemos outros estandes, agora para le-

realizar o trabalho para o qual havíamos sido

var para o evento em Londres”. Entre abril e agos-

contratados. Entrei na Inglaterra com 8 dias de

to de 2008, a equipe LPR convocada para esse

atraso, mas o pessoal já estava lá, trabalhando

desafio trabalhou precisamente nesse projeto da

e tudo deu certo no final”, recorda-se Fábio,

Embraer, que incluía dois eventos em especial: o

com satisfação.

Farnborough Air Show, na Inglaterra, e uma feira

Quando pegou o canudo de Engenharia em

de jatos executivos, em Genebra. Para cada um

Telecomunicações, no Sul de Minas, em 2003,

dos eventos havia uma linha diferente de avião

Rodolfo Andrade já sabia que a vida o levaria a

oferecida pela Embraer.

cálculos bem diferentes daqueles que projetou LPR | 115


a lpr, o brasil e o mundo

Novo conceito A montagem dos estandes da Embraer, como este nos Estados Unidos, proporcionaram a abertura de mais uma fronteira no conhecimento da equipe LPR. Abriu-se um novo conceito de montagem para a empresa brasileira.

Novo desafio A invenção do desafio chegou ao setor de logística e, ao trabalho de montagem dos estandes, a LPR uniu os serviços de transporte, montagem e desmontagem dos mock-ups da Embraer.

LPR | 116


a lpr , o brasil e o mundo

para si, quando resolveu estudar para seguir

ao atendimento da Embraer. O último evento a

essa carreira. Ele tinha a certeza de que pode-

contar com a participação da LPR foi em Orlan-

ria fazer qualquer coisa, menos engenharia.

do, nos Estados Unidos. Depois, com o contra-

“Eu pensava: quero ser um gestor”, e foi isso

to cumprido, outros horizontes foram buscados

que encontrou na primeira proposta de traba-

pela empresa londrinense, a essa altura, já com

lho feito pela LPR, em 2004. Hoje, aos 32 anos,

uma nova sede no Rio de Janeiro e muitas outras

tem certeza de que não errou ao escolher esse

ideias sendo postas em prática. A adrenalina con-

caminho. Ele se diz um administrador de desa-

tinuava sendo o motor a alavancar os negócios

fios, mote que parece estar em toda a parte na

da empresa que, em 2007, realizara um trabalho

empresa que inventa desafios.

importantíssimo que mudaria os rumos da sua

Foram tempos de muito trabalho. Entre 2007 e 2009, a LPR dedicou-se de forma especial

administração, selando definitivamente sua presença na agenda dos eventos internacionais.

LPR | 117


Capítulo XI

Na velocidade dos anos 2000

E LPR | 118

o tão aguardado século XXI che-

no mercado de montagem, conquistando pro-

gou, sem qualquer sobressalto e

motores de eventos com sua forma de atuar bem

contrariando as estimativas dos

comprometida.

“futurólogos de plantão” que

A LPR já havia “ganhado o mundo” com sua

propagavam que o mundo acaba-

participação em três continentes distintos -

ria por completo nesse período.

América, África e Europa -, o que lhe angariou

O que acabou, isso sim, foi uma

rica experiência na logística internacional e tam-

era de tranquilidade e vagareza,

bém um conhecimento extra de montagem fora

um tempo em que era possível viver as 24 horas

do Brasil. Mas seria em seu país de origem que

de um dia sem ter a sensação de que ele voava.

haveria de experimentar um gosto diferente na

Quando o novo milênio começou, noticiando a

conquista de um grande evento de reconheci-

chegada de seus primeiros anos, os dias e meses

mento continental.

passaram a ter uma velocidade supersônica. Com

Em 2007, a LPR tornou-se a montadora dos

ele, e a tal globalização, que aproximou distân-

Jogos Pan-Americanos daquela temporada, im-

cias, o mundo de fato tornou-se pequeno.

portante evento internacional sediado no Rio

Talvez para uma montadora como a LPR es-

de Janeiro, sob a responsabilidade de uma das

ses fatos já fossem corriqueiros, afinal, não era de

maiores empresas internacionais de eventos, a GL

hoje que o relógio se tornara um patrão rigoro-

Events, grupo francês que administra o Riocentro

so a cobrar da equipe o cumprimento de metas

Exhibition & Convention Center. Tendo a conces-

ousadas, visando atender os clientes expositores

são do Riocentro por 50 anos, a companhia fran-

com agilidade e presteza. Os anos 2000, portan-

cesa - através de sua subsidiária no Brasil, a Fagga

to, pareceram caber como uma luva na empresa

Eventos - contratou nada menos que a LPR para

paranaense, que já ocupava espaço importante

cuidar da montagem nos cinco pavilhões onde


aconteceu parte dos Jogos Pan-Americanos.

tante campanha, o local que, cinco anos depois,

O evento, aliás, também selou uma importan-

entraria também para a história da LPR, marcan-

te parceria do Rio de Janeiro com o turismo de

do mais uma fase fundamental de transformação

negócios, setor que já vinha sendo fortalecido na

da empresa paranaense. Em 2002 - quando o Rio

capital fluminense desde os primeiros anos da-

de Janeiro foi anunciado como a sede oficial dos

quela década. Isso graças a uma ação do governo

XV Jogos Pan-Americanos -, os mais de 500 mil

local em parceria com a iniciativa privada, que

metros quadrados do importante pavilhão de

trabalhou para colocar a cidade no topo do pódio

eventos ainda não haviam se conectado ao sonho

dos eventos de negócios.

de ampliação da empresa londrinense, mas esse

Em julho de 2002, conforme noticiou o jor-

encontro não tardaria a acontecer.

nal O Estado de S. Paulo, na reportagem Rio

O certo é que a prefeitura do Rio de Janeiro

quer provar que pode receber grandes eventos,

e seus parceiros - o Rio Convention & Visitors

a prefeitura da cidade lançava uma campanha

Bureau, as associações comerciais da Barra da

para estimular o turismo de negócios, mercado

Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes, além de

que havia movimentado no Brasil cerca de R$37

companhias aéreas e do setor hoteleiro da re-

bilhões no ano anterior. A intenção era divulgar a

gião - queriam acrescer ao já famoso destino

infraestrutura da cidade para receber exposições,

turístico o título de sede fundamental de even-

congressos e feiras de todos os tamanhos.

tos na área de negócios, fortalecendo a agenda

O Riocentro era o foco principal dessa impor-

turística da região. LPR | 119


na velocidade dos anos 2000

Esse projeto foi a semente de uma série de ou-

A democratização da comunicação parece ter

tros acontecimentos que levaram o Rio a ganhar

alcançado o maior espectro possível, com possi-

destaque como cidade-sede de negócios em diver-

bilidades infinitas de utilização nas mais variadas

sas áreas, culminando com a realização de promo-

áreas, da medicina à educação, da arte e cultura

ções esportivas de grande destaque internacional,

ao jornalismo. Com o advento da banda larga e

anos depois, como os Jogos Pan-Americanos. Com o

sua alta velocidade de transmissão de dados, no-

sucesso do Pan, a ex-capital do Brasil ganhou ainda

vas possibilidades se abriram para o vídeo, o áu-

mais notoriedade, mostrando-se capaz de sediar ou-

dio e os softwares de todos os tipos e tamanhos,

tros importantes acontecimentos da área esportiva.

dirigidos aos públicos mais variados e à maioria

Essa é uma história bem interessante, mas vale lembrar, antes de contá-la, o que a década de 2010 reservou para o Brasil e o mundo.

das classes sociais no mundo. No final da década de 2010, as redes sociais alcançaram uma importância sem igual, reunindo milhões de pessoas em torno de conceitos de

O MUNDO VIA INTERNET

“amizade” e “opiniões instantâneas”, na expressão mais aguçada do que se chamou globaliza-

LPR | 120

Foi na primeira década dos anos 2000 que a

ção. Com a internet, o mundo de fato tornou-se

internet finalmente se consolidou como veículo

uma aldeia global. Instalou-se definitivamente o

de comunicação de massa expressivo e definiti-

comércio eletrônico, movimentando milhões em

vo. Nunca mais o mundo foi o mesmo depois da

moedas de todos os lastros. Parecia não haver

agilidade revolucionária da maior rede de com-

mais limite para o “contato” virtual.

putadores do mundo, turbinada pela agilidade de

A tecnologia da comunicação revolucionou

softwares e da banda larga, cada vez mais velozes

todos os setores, com destaque para o celular,

e capazes de armazenar uma infinidade de dados

tornando-o a cada dia mais um aparelho de mil

e informações jamais vistos na humanidade.

e uma utilidades. Travestido de TV, máquina foto-


na velocidade dos anos 2000

gráfica, filmadora ou computador, o celular - que

se estava a ascensão dos países chamados “emer-

na década de 1990 era apenas um telefone móvel -,

gentes”, entre eles a China, a Índia e o Brasil. O

ganhou o status de “escritório virtual”, utilidade

maior país da América Latina tornava-se conhecido

doméstica e “parque de diversões”, com possibi-

em todo o planeta como a grande possibilidade de

lidades infinitas e bem ao estilo do período.

investimento para o mundo capitalista.

Com a chegada do tablet, um minimulticomputador com recursos de leitura, internet

O BRASIL REDESCOBERTO

multimídia, acesso a bibliotecas virtuais, jornais, revistas e livros, muito se falou na extinção dos

Os brasileiros viviam um oásis econômico, com

meios de comunicação tradicionais, feitos à base

melhores salários, economia estável, consumo aque-

de papel e, mais uma vez, o livro foi dado como

cido e muitos eventos sendo promovidos em todo

um veículo com os dias contados.

o país. Com os investidores estrangeiros apostando

No Brasil, um dos maiores “clientes” da inter-

suas fichas no Brasil, boa parte dos eventos promo-

net no mundo, a tecnologia não havia ajudado

vidos por aqui contavam com estandes patrocinados

ainda a tornar o país menos desigual. A educação

por empresas internacionais, interessadas em apre-

continuava sendo um problema - não a solução

sentar seus produtos ao mercado nacional.

que deveria ser -, a política brasileira continuava

Subitamente, o mundo “descobriu” o Brasil

movida à corrupção e o país tinha seu primeiro

e essa descoberta deu ainda mais impulso ao país

presidente operário, Luiz Inácio Lula da Silva,

como sede de eventos internacionais. Sua estabilida-

eleito para dois mandatos seguidos, depois de

de econômica, acompanhada das condições naturais

amargar três derrotas em eleições anteriores.

superprivilegiadas, deram ao país o status de desti-

Dando continuidade aos projetos econômicos

no certo na promoção do turismo de negócios. Em

e sociais iniciados nos governos de Itamar Franco

2008, a grande imprensa dava o tom do que corria

e Fernando Henrique Cardoso, o governo de Lula

por esse mercado. As reportagens eram positivas.

protagonizou uma série de investimentos sociais

Em texto publicado pelo jornal O Estado de S.

e ganhou o mundo com a fama de ter permitido

Paulo, em julho de 2008, a então presidente da

a ascensão dos mais pobres com a criação de uma

Embratur, Jeanine Pires, salientava que “o Brasil

“nova classe média” no país. Enquanto isso, em

está consolidado entre os dez países que mais re-

2008, uma grave crise econômica assolava parte

cebem eventos internacionais no mundo, de acor-

do mundo ocidental, tendo o foco principal nos

do com a International Congress and Convention

países ricos, como os Estados Unidos e parte do

Association (ICCA). Desde 2003, a Embratur de-

continente europeu. Em contraponto a tanta cri-

senvolve uma política intensa de captação de evenLPR | 121


na velocidade dos anos 2000

tos, que permitiu que o Brasil saísse do 19º lugar no ranking mundial para a 8ª posição, em 2007”.

a LPR e a Cidade Maravilhosa. Tudo começou em Porto Alegre (RS), onde a

Exatamente nesse ano, segundo a Organização

montadora atendia a Interseg, feira da área de se-

Mundial do Turismo (OMT), 140 milhões de pes-

gurança pública, no pavilhão da Fiergs, a Federa-

soas no mundo haviam viajado a negócios ou para

ção da Indústria do Rio Grande do Sul. Em meio

eventos, o que havia movimentado, segundo dados

à correria de entrega do evento aos clientes, os

da reportagem do Estadão, algo em torno de US$

diretores Pedro Lopes e Luiz Basso receberam um

150 bilhões. Destacando o forte investimento no se-

comunicado da federação gaúcha de que a impor-

tor e as amplas possibilidades que o país ainda tinha

tante promotora de eventos, a Fagga, pedia uma

a explorar, a imprensa mostrava que havia muito por

indicação de três montadoras para atender a seus

fazer mas que muito já estava sendo consolidado,

eventos pelo país, inclusive no Rio de Janeiro.

colocando o Brasil, portanto, no rol dos países pro-

Luiz Basso, hoje diretor da filial LPR no Rio de

pícios a receber eventos internacionais.

Janeiro, se lembra desse encontro até hoje.

“O bom momento da economia brasileira tem

“Atendemos as executivas da Fagga, ali mesmo na

impacto direto nas viagens de negócios. Segundo

Fiergs, e levamos aquele nosso jeito simples e práti-

a World Travel & Tourism Council, o Brasil será o

co de atendimento, acompanhado da nossa experi-

país que mais crescerá no mundo no segmento

ência e da nossa paixão em montar eventos”. Elas

[de turismo] em 2008. É a hora certa para nos

ficaram impressionadas, recorda-se Luiz Basso, um

consolidarmos como um grande destino de even-

apaixonado pelo que faz. Resultado: a LPR ganhou

tos internacionais”, afirmava, categoricamente, a

a preferência da Fagga, passando a montar diversos

presidente da Embratur.

eventos da empresa no Brasil. “Eles ficaram, de fato, muito impressionados com a qualidade do nosso

O DESAFIO DO PAN

trabalho”, ressalta o engenheiro civil, especializado em montagem de estandes e há 17 anos na LPR.

LPR | 122

Aqui, novamente a história tornava a ficar in-

Quando, em 2007, os jogos Pan-Americanos

teressante para a LPR. Em 2007 - seguindo a ten-

deram o sinal verde para a licitação dos serviços

dência nacional - a empresa também consolidava

de montagem, o jovem Rafael Andrade Lopes não

um trabalho que vinha sendo erguido, tijolo por

teve dúvidas de que havia, sim, uma grande chan-

tijilo, desde 2003, coincidentemente, o ano em

ce da LPR ocupar espaço naquele internacional

que o Rio de Janeiro passou a investir em seu

evento que tomaria conta do Rio de Janeiro. Ten-

próprio futuro como “capital de eventos”. Foi em

do o suporte do experiente Luiz Basso, trabalhou

2003 que um namoro à distância teve início entre

incansavelmente para que a montadora londri-


na velocidade dos anos 2000

nense se tornasse fundamental nesse processo.

mento de bagagens, bem próximas de sua enxuta

Representando a segunda geração de inventores

mochila de mão e, tranquilo, relaxou. Dormiu a

de novos desafios da empresa, Rafael foi concreti-

viagem toda.

zar esse importante negócio para a LPR.

O Rio estava lindo, como sempre. Rafael esta-

Ter a chance de montar os Jogos Pan-Americanos

va ansioso, mas tranquilo, pois sentia-se prepara-

começava a fazer sentido para a paranaense LPR. Sua

do. Pegou a mochila, desceu do avião. Na recep-

equipe acreditou nessa possibilidade e pôs mãos à

ção das bagagens, pegou sua mala e seguiu para

obra. Parecia um sonho - como tantos outros já rea-

o hotel. A beleza da praia de Copacabana, à frente

lizados pela LPR. E como todos eles do passado, esse

da qual Rafael se instalou, convidou o empresário

também poderia dar certo... por que não?

a um passeio, e ele não se fez de rogado. Vestiu-

Rafael foi em frente. Preparou o projeto, com

-se informalmente e resolveu caminhar pela areia.

sua equipe, obedecendo aos ítens do briefing pro-

A sensação de bem-estar o tomou por inteiro.

posto pela empresa contratante, e que solicitava a

Rafael respirou profundamente o ar de Copaca-

apresentação da estrutura da empresa, a relação

bana e, quando ensaiou os primeiros passos para

de clientes, os maiores e mais importantes traba-

uma corrida saudável nas areias, as pernas bam-

lhos e os mais recentes. “Preparamos um senhor

bearam. O coração foi à boca. De repente, a men-

material! Foram utilizadas duas caixas contendo a

te voltou à rotina e o rapaz caiu em si:

apresentação da LPR. Afinal, eles deixaram muito

- Cadê as caixas? - perguntou-se, desesperado.

claro que queriam conhecer a empresa mesmo!”

E ele mesmo respondeu para si.

A apresentação da proposta seria feita no Rio de

- Elas ficaram no avião!

Janeiro e, para isso, o jovem empresário quis ater-

De fato, descera da aeronave levando sua

rissar com antecedência na Cidade Maravilhosa.

bagagem de mão mas deixara para trás as duas

“Pensei: vou com calma para apresentar a propos-

caixas preciosas. Enquanto dormia, a aeromoça

ta tranquilamente”.

resolvera ajeitar a bagagem de outro passageiro

Embarcou no voo das 16 horas em Londri-

e tirara as caixas de perto da mochila de Rafael.

na, no dia anterior à apresentação e, um pouco

Colocou-as mais à frente. Ao descer do avião, re-

cansado das atividades intensas daquela semana,

laxado e tranquilo, o jovem apagara da mente seu

acabou pegando no sono. Não sem antes cuidar

bem mais precioso naquela viagem.

pessoalmente das duas caixas que continham

Não adiantou o esforço da busca, através de

todo o dossiê e o portfólio da LPR, um verdadeiro

inúmeros telefonemas para a companhia aérea.

estudo sobre a empresa, suas atividades e estru-

Descobrira que o avião seguira para o Recife, Na-

tura. Colocou as duas preciosidades no comparti-

tal, e sabe-se-lá para onde mais... nada de caixas. LPR | 123


na velocidade dos anos 2000

Resolveu atender à intuição e à praticidade, pois agora, apesar de ter chegado com antecedência ao Rio, o tempo começava a ficar curto e intolerável. Ligou para os líderes de sua equipe direta na LPR em Londrina e programou imediatamente uma operação de emergência. Do Rio, comandou o reenvio dos materiais, que chegaram via internet para que imprimisse num escritório express. “Trabalhando a noite toda, a partir das 23 horas, foi possível reorganizar 80% do que estava no outro material”, relembra Rafael, hoje podendo contar essa história com muito mais tranquilidade, um episódio que pôs à prova sua capacidade e a habilidade de sua equipe para resolver com agilidade e precisão um hiato que poderia ter posto a perder a conquista de um evento como os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. No dia seguinte, portanto, o representante da LPR estava a postos, podendo apresentar suas “duas caixas perdidas”, agora “refeitas” em seu conteúdo. Ele também refeito, sentia-se seguro com seu “arsenal” de informações sobre a empresa. Tanto que

A conquista e os resultados A montagem dos Jogos Pan-Americanos foi um marco na história da LPR. Além da qualidade do serviço prestado, a empresa ganhou uma visibilidade fantástica junto aos promotores de eventos do Rio de Janeiro. Um novo tempo ficou marcado para a empresa paranaense. LPR | 124


na velocidade dos anos 2000

pôde responder à altura, sem arrogância e sem mui-

a uma negociação que levou em conta a capacida-

ta conversa, quando um dos concorrentes se achou,

de da empresa em trabalhar com grandes volumes

de antemão, já um vencedor naquela disputa.

de montagem, a LPR tornou-se a empresa escolhida

- Isso aqui é a minha proposta - disse ele,

para montar todos os cinco pavilhões dos Jogos Pan-

olhando para os lados ao protocolar uma espécie

-Americanos, onde estavam sediados doze modali-

de livro, contendo seu portfólio.

dades, o International Broadcast Center e o Main

Ele queria dizer com esse gesto: “Pelo tamanho da minha apresentação, esse trabalho já é meu.”

Press Center. Segundo a Fagga Eventos, em seu site, foi “a primeira vez na história que um Centro de

Sem dar importância ao falastronismo do con-

Convenções foi totalmente adaptado e transforma-

corrente, o empresário londrinense pegou suas

do em Complexo Multi-Esportivo capaz de receber

duas caixas de conteúdos da LPR e também protoco-

12 modalidades esportivas, além de abrigar o Me-

lou o acervo. Os olhos do concorrente arregalaram:

dia Center e o International Broadcasting Center,

- Nossa! Você está brincando!? Isso tudo é por-

por meio de instalações temporárias [ overlay ]

que se trata de arquibancadas?

que ocuparam os cinco pavilhões do Riocentro,

- Não, é só overlay mesmo! – respondeu Rafael,

bem como sua área externa”. Mas a vida sempre

referindo-se às instalações temporárias que ocupa-

reserva uma surpresa e premia aqueles que se de-

riam os pavilhões do Riocentro durante os jogos do

dicam com sinceridade e esforço. O encontro da

Rio 2007 e que também eram alvo da licitação na-

LPR com o Riocentro, o Rio de Janeiro e os Jogos

quele momento.

Pan-Americanos desenhava-se sob a linha de um

O incidente foi apenas um fato a demonstrar

traçado firme. O futuro inventado a partir desse

que o que estava em jogo ali era a capacidade de

desafio começou, mais uma vez, a desenhar novo

realizar e, claro, a história construída por trás de

caminho. Uma inusitada proposta surgia, diante da

uma marca.

mostra de capacidade da empresa .

As propostas foram abertas e, como se tratava

- Vocês têm bastante móveis? - quiseram saber.

de uma licitação privada, a empresa tinha liberda-

- Sim, temos - respondeu Rafael.

de para avaliar as propostas como lhe conviesse.

- Você não quer olhar o briefing do mobiliário

O que se buscava era a competência e não valo-

para ver se a sua empresa tem condições de pegar

res, como numa licitação pública. “A ideia era que

esse item também?

os cinco pavilhões fossem distribuídos para cinco

É que a maioria das empresas com as quais

empresas, cada uma se responsabilizando por um

a organização do evento estava pesquisando só

espaço”, relembra Rafael.

queria oferecer um tipo de móvel: só cadeiras ou

O portfólio da LPR ganhou a preferência e graças

só geladeiras, por exemplo. LPR | 125


na velocidade dos anos 2000

Rafael examinou a lista do mobiliário e arre-

mados em novas empresas do grupo, brotadas da

galou os olhos: de fato, a LPR tinha todo o tipo

semente da confiança na sua própria capacidade.

de mobiliário mas o número pedido para aquele

Veio o Pan-Americano, vieram os dias do evento,

evento era realmente grande, muito além de sua

tudo acontecendo conforme o esperado e, fi-

disponibilidade. Mas, do tamanho do desafio é a

nalmente, ao encerrar suas atividades, o grande

força que se consegue empreender para vencê-lo,

evento internacional deixava como herança a dú-

e o empresário de Londrina aceitou considerar a

vida: o que fazer com aqueles milhares de móveis

possibilidade de participar de mais essa concor-

adquiridos para responder à demanda do Pan?

rência. Preparou, junto a sua equipe, um levanta-

“Foi aí que tive a ideia de uma empresa de

mento de custos para a aquisição dos móveis ne-

locação de móveis”, recorda-se Rafael. Nascia a

cessários, e apresentou a proposta para atender o

LPR Locações, a primeira empresa a ser criada

Pan-Americano também nesse quesito.

para atender a LPR e também para prestar servi-

Resultado: a LPR ganhou a concorrência tam-

ços a outras companhias do Brasil.

bém para o mobiliário. Nascia aí mais um desafio,

Mas essa é outra história, que mais adiante,

inventado pelo jovem empresário Rafael Andrade

revelará a importância da invenção do desafio

Lopes. E desse desafio, outros vieram, transfor-

também para o cotidiano da LPR nos anos 2000.

Onde nasce a oportunidade Da necessidade fez-se a oportunidade. A imensa variedade de móveis adquiridos pela LPR para atender aos Jogos LPR | 126

Pan-americanos resultou numa boa oportunidade: abrir uma locadora de móveis. A ideia deu certo.


na velocidade dos anos 2000

Banco mobiliário Com o nascimento do setor de locações de móveis, a LPR inaugurava um novo tempo em sua estrutura, ampliando o atendimento a seus clientes no setor de montagem e, ainda, abrindo um leque de opções infinitas na área de locações. Com um catálogo recheado de opções, a LPR Locações tornou-se um verdadeiro banco de móveis pronto a atender clientes em todo o Brasil.

Ao final do Pan-Americano, além dos resultados positivos com as novas ideias da empresa, o

é reclamação, e, por consequência, o nome da empresa montadora.

reconhecimento chegou de forma bem inusitada.

Aí, sim, Pedro Lopes relaxou, e sorriu, tendo a

Ao chegar ao Riocentro, para onde foi represen-

certeza daquele verdadeiro elogio. Os parabéns

tando a LPR - pois Rafael estava em Angola -, Pe-

eram, por direito, de toda a equipe que trabalhou

dro Lopes recebeu o aperto de mão do cliente

para que aquela “invenção de desafio” tivesse o re-

que, satisfeito, disse-lhe:

sultado feliz.

- Parabéns! Não ouvi falar de vocês durante todo o evento!

O esforço havia valido a pena. Tantos sustos e tanta expectativa haviam se mostrado, afinal,

Pedro Lopes não disse nada. Não havia enten-

coerentes com a história da empresa paranaense

dido o que aquele “elogio” significava, vindo da

que, a partir daquele ano de 2007, passaria a ser

boca de um importante empresário francês.

conhecida como a montadora brasileira que se

Esperou pela segunda frase. Quem sabe nela estivesse a explicação. De fato:

tornou “oficial” durante os Jogos Pan-Americanos sediados no Brasil. Brotavam desse valoroso em-

- É que não ouvir o nome da empresa mon-

penho uma parceria importante com a Fagga/GL

tadora durante todo o evento significa que não

Events e o espaço para a montagem da filial da

houve problemas com a montagem. Quando te-

LPR no Rio de Janeiro, exatamente nas dependên-

mos problemas na montagem, o que mais se ouve

cias do Riocentro. LPR | 127


LPR | 128


Capítulo XII

Uma lição de ousadia

2

007. Como acontecera em outras fases de sua história, a LPR alcançava uma nova etapa, e mais uma vez vivia uma metamorfose que a levaria a outro estágio de evolução. A lição de ousadia no episódio dos Jogos Pan-Americanos deixou como resultado uma série de aprendizados que foram sendo incorporados pela equipe ao longo dos anos seguintes, permitindo que, tanto financeira quanto estrate-

gicamente, a empresa tomasse caminhos positivos rumo a uma gestão mais enxuta e moderna. A criação de uma realidade diferente para a administração da empresa foi um desses saltos importantes a desenhar uma nova fisionomia para a montadora. Com a instalação da filial no Rio de Janeiro, em 2007, a LPR fechava o triângulo da logística iniciado com as unidades de São Paulo e Rio Grande

do Sul. Nascia também a LPR Locações, dedicada a ser a locadora oficial de mobiliários para o Riocentro. Além disso, a partir de 2007, diversas ações ganharam peso na direção de uma administração mais participativa e ágil: os líderes de setores conquistaram mais força e autonomia, a comunicação da empresa passou a ser vista com mais profissionalismo (com ações internas em recursos humanos e administração, e externas, com divulgação on line), LPR | 129


uma lição de ousadia

Estratégia e logística A frota própria da LPR atende o setor de montagem e de locações, estando à disposição da matriz, em Londrina e também das filiais em São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. LPR | 130


uma lição de ousadia

Empresa e filial Instalada no Riocentro, no Rio de Janeiro, a empresa paranaense tem sua estrutura voltada para a área de montagem e também para a LPR Locações.

os negócios da LPR receberam o incremento de

Tendo vivido uma trajetória tão singular e

novos parceiros e um atendimento mais amplo e

abrangente, como foi a evolução da LPR entre a

direcionado.

década de 1990 e 2000, Luiz Basso não tem dú-

A LPR que brotava dos Jogos Pan-Americanos

vidas de que a “caipira” empresa do Norte do Pa-

era, de fato, outra empresa, assim como fora re-

raná mostrou que não existem fronteiras para a

novada a LPR dos anos 1990, apostando no mer-

competência e a vontade de realizar. A LPR com

cado nacional. A empresa surgida em 2007 era

filiais no Rio de Janeiro, em São Paulo e Rio Gran-

essa que não parava de cobrar e mostrar resul-

de do Sul - e a ampla rede de serviços que criou

tados, numa organização mais ágil e determina-

para atender todo o Brasil - é a melhor prova de

da. Personagem que viveu duas épocas distintas

que não é preciso nascer numa capital para ser

e tão importantes para a LPR, o engenheiro civil

competente e comprometida. Dessa história de

Luiz Basso foi quem assumiu a direção da filial

comprometimento que ultrapassou duas déca-

do Rio de Janeiro nesse período. Sua trajetória vi-

das e meia originou-se uma empresa moderna e

nha desde 1994, quando deu os primeiros passos

dinâmica que ganhou o respeito de clientes das

na montagem de estandes e conheceu uma LPR

capitais e do interior desse Brasil tão recheado de

pequena em Londrina. Agora, ela se tornara uma

diferenças e de regionalidades.

importante montadora a se destacar no cenário

Quem também aposta nessa conquista é a ge-

do turismo de eventos brasileiro. Essa conquis-

rente comercial da LPR Locações do Rio de Janei-

ta se deu, diz Luiz Basso, pela motivação e pelo

ro, a paranaense Bia Yuri Sato Martins de Souza.

comprometimento que se vê na equipe LPR, algo

Há apenas sete anos na empresa, Bia entendeu

difícil de encontrar em companhias brasileiras até

rápido a cultura organizacional da LPR, levando

mais afamadas.

o conceito do desafio para a filial que abria suas LPR | 131


Aluga-se Criada para oferecer aluguel de móveis a empresas brasileiras, a LPR Locações nasceu após os Jogos Pan-Americanos, em 2007. Hoje, os móveis da LPR Locações estão presentes em cenários de programas de TV, shows e eventos os mais variados, numa agenda a cada dia mais ampla.

portas no Rio. Chegou à unidade carioca em fevereiro de 2008 sabendo pouco sobre locação de móveis mas não demorou a captar todas as nuances de um setor conquistado com garra pela LPR. Hoje, diz ela, a LPR é uma empresa de ponta na área de locação, destacando-se especialmente no setor de aluguel de móveis para eventos. “Nesse sentido, somos imbatíveis”, diz ela, lembrando que foi possível conquistar esse espaço importante no mercado graças à capacidade da diretoria em entender que não bastava se lançar no mercado; era preciso apresentar um trabalho diferenciado, com uma atenção mais do que especial ao setor.

LPR | 132


Hoje, a gerente de locações – que é formada

fazer mais e melhor. “Estamos bem posicionados,

em relações públicas – não se intimida em avaliar

atentos ao mercado e sem medo de enfrentar as

a LPR como a maior locadora do Brasil voltada

perspectivas que continuam anunciando boas

para eventos. A classificação, segundo ela, pode

novas”, avalia. “É ainda melhor poder ter a segu-

ser entendida tanto em quantidade quanto em

rança, saber que tudo que fazemos depende de

capacidade de atendimento. “Se no início das

um trabalho em cadeia e que a estrutura da LPR

nossas atividades no Rio o desafio era construir

nos oferece essa certeza. Afinal, para se prestar

um método de trabalho, hoje temos um processo

um bom serviço dependemos de uma rede inter-

próprio de atendimento, de armazenagem e de

ligada, são diversos setores e pessoas unidas para

logística. Vencemos esses desafios. Estabelece-

alcançar o resultado final.”

mos nossa própria equipe, conquistamos clientes, consolidamos a empresa no mercado”.

Uma experiência jamais pode ser assim chamada se não transformar aqueles que dela par-

Hoje, avalia a gerente, os desafios estão em

ticipam. A ampliação das atividades da empresa,

escalas diferentes, como, aliás, tem sido próprio

a criação de uma rede de parceiros e o investi-

da história da empresa. Tão logo um desafio se

mento em comunicação que a diretoria passou

cumpre, outro se instala para instigar a equipe a

a apoiar de 2007 em diante são exemplos claros LPR | 133


uma lição de ousadia

dessa transformação vibrante. Rafael Andrade Lo-

ta Rodolfo Andrade, hoje diretor da WWL.

pes confirma, satisfeito, que foi ele, sim, o artífice

Se por um lado há a intenção de oferecer mais

dessa recente LPR multifaces. É cem por cento dele

serviços ao mesmo cliente, há também a importân-

a ideia de expandir a atuação da montadora, crian-

cia dessas empresas parceiras como fornecedoras

do uma rede de empresas parceiras para trabalhar

da própria LPR, já que o volume de materiais exigi-

negócios diferenciados que atendam ao setor de

do pela montadora é gigantesco. São milhares de

eventos em sua totalidade. Tudo isso criado sob o

metros de imagens necessários para uma só feira,

signo da oportunidade e da independência.

por exemplo. “Então, por que não formar uma parceria que forneça especialmente para ela?”, pensou

A história foi mais ou menos assim...

Rafael. A estratégia funcionou muito bem com a LPR Locações e a locação de mobiliário; e também com a WWL e a importação e venda de móveis. “É

Quando os Jogos Pan-Americanos termina-

gratificante ver a evolução da empresa”, confir-

ram, a LPR estava com um volume fantástico de

ma outro importante parceiro, o Valdemir Alves

móveis para os quais não havia demanda no setor

da Silva, diretor de logística da LPR. “Na década

de montagem. Foi então que o jovem inventor

de 1990 éramos 5% do que somos hoje; agora,

de desafios Rafael Andrade Lopes teve a ideia de

crescemos mais rapidamente em menos tempo,

montar uma locadora de móveis, prestando servi-

assumindo compromissos gigantescos”. Por isso,

ços a outras empresas do Brasil e estando à dispo-

ainda que forme parcerias no mercado, a LPR

sição da própria LPR. Nascia a LPR Locações, com

mantém-se como a célula maior, na opinião de

sede no Rio de Janeiro.

Valdemir.

A ideia de transformar um aparente “problema”

As parcerias têm sido um mote importante para

numa solução exata foi um tiro certeiro. É o que o

o caráter multifaces que a LPR assumiu, após 2007,

slogan da empresa tão bem apregoa: Pensando so-

tanto como empresa compradora quanto como

luções. Aliás, é o que a cultura da LPR determina que

empresa prestadora de serviços. Graças a essas

seja feito: mais que aceitar o desafio, inventá-lo. Tan-

parcerias, hoje a empresa paranaense oferece um

to foi assim que, tempos depois, um novo negócio

leque de opções nos eventos que assume. Além da

surgia desse primeiro passo. Com o sucesso da LPR

capacidade de montagem e locações, coloca à dis-

Locações surgiu a ideia da WWL, uma empresa dedi-

posição tecnologias de empresas parceiras como a

cada à importação de móveis. “Na busca por novos

dos painéis de led, importantes tanto para shows

móveis, em feiras na China, enxergamos a possibili-

quanto grande eventos que exigem multimídias.

dade de ampliar nosso leque de atendimento”, conLPR | 134

Por outro lado, as parcerias com promotoras


uma lição de ousadia

de eventos têm sido votos de confiança que a LPR

“Abracei cem por cento essa filial”, diz Marina,

conquistou no mercado. Graças a elas, foi possível

salientando que dessa forma responde à confiança

instalar-se em centros de eventos, como o Riocentro

que a diretoria está depositando em seu trabalho,

- onde está desde 2007 - e, mais recentemente, em

um trabalho aliás com o qual convive não é de

2010, no Centro de Convenções SulAmérica, espaço

hoje. Irmã mais nova de Rafael, ela se acostumou,

multiuso localizado no centro do Rio de Janeiro. No

desde criança, a acompanhar os pais nos eventos

complexo - inaugurado em 2007, com capacidade

que a empresa promovia e organizava. Adulta,

para receber simultaneamente palestras, workshops,

atuou nas áreas de marketing e vendas na matriz

congressos, convenções e feiras nacionais e interna-

em Londrina.

cionais - a LPR abriu mais uma frente de trabalho visando atender à demanda do local.

Quando surgiu a oportunidade de atuar na filial do Rio de Janeiro, em 2007, Marina se viu dian-

À frente dessa nova fronteira, a diretora Mari-

te de uma grande oportunidade num mercado que

na Andrade Lopes, entusiasta dos desafios, como

não tem parado de crescer, desde os primeiros

é de praxe na família. A jovem está entusiasmada

anos da década. “O Rio de Janeiro tem se torna-

com a função que assumiu à frente da nova LPR no

do um centro fundamental no quesito turismo de

centro do Rio de Janeiro. Formada em marketing

eventos”, avalia a profissional, agora à frente da fi-

e propaganda e tendo atuado desde 2007 na filial

lial que ocupa um belo e histórico solar no centro

instalada no Riocentro, Marina explica que a nova

da Cidade Maravilhosa. O local, tombado pelo Pa-

unidade tem como suporte toda a tradição da LPR,

trimônio Histórico do Município, tem a companhia

e ainda conta com um diferencial: abriga o show-

de dois edifícios comerciais bem contemporâneos

-room de móveis da LPR Locações, o que auxilia

e o Centro de Convenções SulAmérica recheado de

clientes que queiram conhecer in loco o produto

tecnologia para receber eventos os mais variados.

fot: site www.ccsulamerica.com.br

oferecido pela empresa no setor de locações.

É no antigo e belo solar que a nova filial LPR

Um dos edifícios do Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro: uma importante parceria com a LPR LPR | 135


foto: site www.ccsulamerica.com.br

uma lição de ousadia

O Solar (à esquerda na foto), patrimônio histórico, em parceria com o Centro de Convenções SulAmérica (prédio à direita): uma nova frente de trabalho posta em prática pela LPR no Rio de Janeiro.

LPR | 136

está instalada, pronta a atender clientes como

Diante desse importante momento comercial

montadora oficial do complexo SulAmérica. “Aqui

que lhe coube assumir, Marina se diz assober-

me sinto a representante da LPR numa unidade

bada, porém, muito feliz, pois se sente cobra-

da empresa”, orgulha-se Marina. “Está sendo uma

da para que mostre do que é capaz. Esse tipo

oportunidade em todos os sentidos e muito bom

de desafio move seus instintos e a deixa mais

para o meu amadurecimento”. Ela fala com paixão

motivada ainda para corresponder ao que lhe

desse novo momento em sua vida e revela que é

foi proposto. E, de fato, o movimento é inten-

da sua personalidade fazer com paixão tudo que

so no grande complexo de eventos SulAmérica,

assume. Para ela, esse é um dos mais importantes

um centro de convenções que nasceu como um

ingredientes a mover a empresa: a paixão. Traba-

conglomerado de prédios e pavilhão de even-

lhar na LPR, segundo diz, exige dedicação. Por isso,

tos, tendo a parceria público-privada como in-

alguns avaliam como um vício, que toma conta de

centivo em sua construção. Para a LPR, é outro

quem se dedica ao trabalho da empresa. Marina

grande passo. “Trata-se de uma expansão muito

se emociona ao dizer que sente muito orgulho da

grande”, avalia Marina, lembrando que a empre-

família, dos pais, do irmão Rafael. “Realizar com

sa tem se posicionado com firmeza e arrojo na ca-

sucesso, fazendo o que se deve fazer, é uma forma

pital fluminense. “E a matriz está apostando mais

de retribuir com orgulho tudo que eles fizeram lá

do que nunca no Rio de Janeiro, justamente por-

atrás. Quero levar isso para a frente.”

que a filial tem exigido isso com seu movimen-


uma lição de ousadia

to e seus resultados. A LPR está acompanhando essa evolução do Rio e, por isso, crescendo com o setor e ocupando espaços com qualidade”, avalia a diretora.

COMUNICAÇÃO E AÇÃO Foi no calor do pós-2007 - que deu origem a esse espírito de conquista de um mercado ainda mais amplo - que nasceram ideias ainda mais desafiadoras para a LPR. A vontade de tornar a empresa globalizada já vinha sendo trabalhada, mas ganhou corpo com a “conquista do Rio”. Como toda boa ideia, logo a semente deu novos frutos e lá estava nascendo, fresquíssimo, um novo departamento de comunicação que cuidaria não só do setor de e-commerce para a venda de móveis, mas também de todas as ações de comunicação da LPR. Para isso - entre outras coisas - é preciso não ter medo do tempo, conforme ensina uma das jovens parceiras da LPR forjadas no calor dessa nova administração iluminista. Com 26 anos de idade e apenas 9 dias mais velha que a própria empresa onde trabalha -, a jornalista Ana Carolina Favarão diz que aprendeu a trabalhar como uma verdadeira do-

Comunicação interna

madora do tempo. Para ela, que entrou na empresa

Gazetinha, o jornal interno da LPR, é um dos primeiros veículos de comunicação a integrar a equipe da empresa, na matriz e filiais.

certeza de que é possível realizar com o pouco que

no final de 2007, o encontro com a LPR lhe trouxe a se tem. “Aprendi que é possível planejar e que é possível também improvisar, se for imprescindível”. Hoje liderando uma das mais novas frentes de trabalho criadas para atuar em parceria com a LPR LPR | 137


- a área de comunicação -, Ana vê com esperança a nova gestão que a empresa adotou a partir de 2007 e que coloca o planejamento como o líder de todas as ações, parceiro também da imprevisibilidade. É aquela velha história do roteiro: ele existe até para que o viajante, ao se perder, possa saber se encontrar. “Na LPR a cultura do planejamento está mudando para que possamos estar mais seguros até quando for necessário improvisarmos”, diz Ana. Jornalista por formação, Ana tem aprendido que o espectro de visão de um profissional precisa ir muito além daquilo que aprendeu nos bancos acadêmicos. Por isso, a jovem tem utilizado com razão os ensinamentos da “faculdade LPR”, um dia a dia que ensina, por exemplo, que o jornalismo deve extrapolar a ideia de um simples texto de divulgação da empresa; o ofício da profissão pode - e precisa - ser utilizado como um caleidoscópio, a mostrar as múltiplas facetas de uma empresa e seu mercado, permitindo planejar a comunicação para um cotidiano imprevisível. Em sua curta e intensa carreira na empresa,

Ações em RH

Ana tem aprendido rápido, como é da cultura

Concurso de cartões de Natal, visita do Papai Noel à empresa, trabalhos sociais junto a creches e uma manhã especialmente voltada aos aniversariantes do mês, com café da manhã e bate papo. São algumas das ações do Departamento de Recursos Humanos em parceria com a Comunicação da empresa.

-se responsável pelo planejamento de toda a área

LPR. Tanto que, em menos de cinco anos, tornoude comunicação, uma “diplomação” comum a quem entende rápido o mecanismo de funcionamento da empresa. De fato, o cotidiano da LPR forma profissionais especializados. “Grande parte dos funcionários é ‘fabricado’ aqui mesmo”, confirma o diretor de logística, Valdemir Alves da

LPR | 138


uma lição de ousadia

Fim de ano As confraternizações de fim de ano sempre foram marcadas na agenda da LPR como bons e importantes momentos de encontro entre funcionários. Em 2010 não foi diferente.

Silva. “Ninguém chegou aqui pronto. A maioria se formou dentro da empresa. Por isso é que as pessoas que estão aqui há 12, 15 anos, têm realmente a ‘cara’ da empresa, se consideram uma espécie de pais e mães de um pedacinho da LPR”. Ana concorda. Diz que, além do amor à primeira vista pelo dinamismo da empresa, aprendeu todos os dias com o trabalho que passou a desenvolver na área do jornalismo empresarial. Em compensação, também sabe que pôde levar sua própria contribuição à corporação: um outro olhar para a comunicação da empresa. Não à toa, chegou à montadora no exato momento em que ela precisava avançar nesse setor. “Com o pós-Pan-Americano - como chamamos aqui - nasceu uma preocupação de cuidar da imagem da LPR, de ampliar esse setor. Foi quando criamos o departamento de comunicação. Depois começamos a trabalhar com o conceito de unidade da marca, com a padronização dos materiais, passando a orientar para que todos os departamentos utilizassem a comunicação interna e externa de forma padronizada”. LPR | 139


uma lição de ousadia

Nasceram, num primeiro momento dessa in-

etapa da comunicação a criação de sites especí-

tegração de ideias, o informativo interno Gazeti-

ficos e independentes para algumas áreas da em-

nha, os cartões de aniversário dirigidos aos fun-

presa, como locações e venda de móveis.

cionários, a realização dos cafés da manhã para

As ações internas ganharam a parceria do de-

comemorar os aniversários de funcionários e o

partamento de recursos humanos, que ampliou

envio de news letters para atualização constante

sua atuação e contratou uma profissional espe-

dos clientes. Também tomou frente nessa nova

cialmente para desenvolver a integração entre o trabalho de orientação e de planejamento do capital humano da empresa. Integração, aliás, é a palavra correta para definir a parceria entre o setor de comunicação e o de recursos humanos, ambos empenhados em fazer valer a verdadeira cultura organizacional da LPR. Há duas décadas, talvez as empresas não encontrassem nenhum parentesco entre as duas áreas mas a LPR está realizando esse encontro de maneira bastante correta na atualidade. É uma forma inteligente de promover ações internas porque une os dois setores que falam diretamente com o funcionário. A política de recursos humanos tem estimulado muito a equipe da empresa para novos desafios. Os planos são muitos e as estratégias já ganharam a forma da cultura do desafio. É o caso de promoções como a que envolveu os filhos de

Manual de Integração

funcionários num concurso para escolher o cartão do Natal de 2010. Além dos três desenhos

As boas-vindas aos novos funcionários são feitas

premiados com uma bicicleta para cada criança,

logo que eles entram na empresa, com o Manual

as outras produções foram expostas no mural da

de Integração LPR.

empresa para estimular os “artistas” estreantes e para que os funcionários conhecessem o trabalho de todos.

LPR | 140


uma lição de ousadia

Outra ação importante na área de recursos

ternos para falar com os diversos públicos, cone-

humanos é o Manual de Integração, criado para

xão com o funcionário, com o cliente e com o

apresentar a empresa ao funcionário recém-admi-

mundo. Esse conjunto de ações tornou a comu-

tido na equipe. Esse importante instrumento de

nicação um processo imprescindível. “Hoje, to-

comunicação faz parte do projeto maior da LPR

dos reconhecem a importância da comunicação

de fidelizar o colaborador, levando-o a conhecer

dentro da empresa”, afirma Ana, lembrando que

a empresa, sua história e a razão de sua existência.

esse também foi um “trabalho de formiguinha”

Tudo para que o funcionário entenda a importân-

até alcançar o respeito que a comunicação deve

cia de fazer parte dessa família empresarial. Nes-

e precisa ter numa companhia do tamanho e da

se sentido, também este livro com a história da

história da LPR.

LPR torna-se uma peça fundamental na estratégia

Essa é hoje a tarefa fundamental da Comuni-

do RH, afinal, a história da empresa compõe um

cação, falando para públicos variados e impres-

dos aspectos essenciais para o convívio do fun-

cindíveis. “A LPR já está presente em mais de 15

cionário com os colegas, para que ele consiga se

redes sociais. Além de ser estratégico é obrigató-

localizar no mapa da construção da empresa, en-

rio nos dias atuais”, afirma Ana. Estão em anda-

tendendo qual é o seu papel nessa engrenagem.

mento, em caráter de planejamento, a assessoria

Se as ações do RH andam a todo vapor, os

de imprensa e o projeto de uma rede social exclu-

planos da comunicação não ficam atrás. Há uma

siva da empresa que interligue os funcionários,

estratégia sendo pensada e posta em prática pelo

oferecendo chats, servidor com documentos ge-

departamento de comunicação, que hoje coorde-

rais da empresa, treinamento e reuniões on line,

na todo o planejamento da área na LPR. O site da

enfim, “é a tecnologia como ferramenta a serviço

empresa está em constante reformulação, tendo

da organização da empresa”.

ganhado, inclusive, um espaço exclusivo para o cliente conhecer projetos de estandes e poder

A CONTROLADORIA

escolher aquele que mais se adequa à sua necessidade. “O cliente pode entrar, ver o projeto, mu-

Tantas mudanças exigiram reformulações no

dar as cores e modificar alguns detalhes, visando

ritmo interno, o que resultou num amplo traba-

melhorar o processo interno de produção e o

lho também para o setor financeiro. Nesse senti-

externo de atendimento”, explica a jornalista Ana

do, a gerente do setor, Mara Pisconti, foi convida-

Carolina Favarão.

da mais uma vez a participar das mudanças.

Padronização da imagem, padronização da

Antiga parceira de desafios desde os anos

comunicação, criação de veículos internos e ex-

1990, Mara foi braço direito da diretoria à época LPR | 141


uma lição de ousadia

LPR | 142

para a regularização do departamento pessoal.

“Os resultados positivos são fantásticos; se você

Hoje, depois de ter vivido fases distintas na em-

comparar com as prestações de contas de 2008,

presa - inclusive participando ativamente da ex-

quando começou a ser implantado o novo sis-

periência da empresa em Angola, no início dos

tema, já é possível sentir a diferença, tanto no

anos 2000 -, Mara se dedica exclusivamente à área

planejamento dos negócios como no direciona-

financeira, com destaque para um trabalho que

mento das despesas e investimentos”. Segundo

está mostrando resultados: a controladoria. “Trata-

a gerente, com esse sistema economiza-se, hoje,

-se do controle de todas as despesas que passam

cerca de 20% nas despesas. “Conforme o tipo de

pela LPR com o apoio de um acompanhamento

gasto, a economia é até maior, chegando muitas

específico e permanente”, explica a profissional.

vezes a 50%”. Por isso, também, Mara não tem

Com o volume de transações dos dias atuais,

dúvidas: “A controladoria é totalmente necessá-

é necessário acompanhar tudo muito de perto no

ria; é imprescindível ter alguém olhando para

sistema da empresa, desde o momento em que

isso constantemente”, avalia.

o departamento comercial capta os eventos até

O olhar de quem viu a empresa passar por mui-

o fechamento total da agenda, meses depois. O

tas fases é o mesmo que aprendeu a enxergar as

controle, no entanto, é diário. “Elaboramos um

mudanças como necessárias, conforme o momen-

manual em 2009, visando facilitar e organizar

to exigia. E a LPR mudou muito nesses anos todos,

ao máximo todos os movimentos financeiros da

aponta a arguta observação da profissional. “Hoje

empresa, para que as pessoas sejam orientadas e

as pessoas sabem mais sobre a empresa e partici-

possam caminhar com suas próprias pernas”.

pam mais dela”, acredita Mara. “Hoje também são

Criado há dois anos e meio, o trabalho de

dadas mais oportunidade e abertura para a partici-

controladoria já mostra resultados, aponta Mara.

pação. A comunicação está melhor, não há dúvida.


uma lição de ousadia

Há envolvimento, há participação. Muitas coisas

Dizendo-se motivada com o momento por que

mudaram também nos cargos e funções. Foram

passa a empresa, Milena vê os últimos quatro anos

criados novos cargos, como o meu próprio, que

como marcos de uma etapa importante para o

não existia. Hoje cada um tem a sua informação

crescimento da LPR, algo que foi buscado lá atrás,

e, se existir dúvida, ela é colocada para que seja

nos primeiros tempos da empresa. “Estou muito

discutida, para todos trocarem ideias”.

motivada e sentindo que todos também estão. É

Para a diretora comercial da LPR, Milena Lemos

bom ver o trabalho dando resultado, chegando ao

de Almeida Lopes, nunca se buscou tanto projetar

que se sonhou. Temos muito orgulho da LPR”, ani-

e planejar como agora. Há muito a ser feito, diz

ma-se Milena. Para ela, não há nada mais gratifican-

ela, mas as chances estão sendo aproveitadas ao

te do que chegar ao fim de um evento e receber o

máximo. A gestão da empresa tem, por trás, uma

aperto de mão ou o sorriso satisfeito dos clientes,

história como base, experiências que valem ouro.

agradecidos. “Só isso já vale todo o esforço!”.

LPR | 143


LPR | 144


Capítulo XIII

O desafio

v

ai longe o tempo em que uma pequena caminhonete F-4000 e cinco camaradas davam conta do recado. Já é história aquela época em que o material de montagem era retirado do caminhão no local da exposição ten-

do ao lado importantes empresas do setor, com seus funcionários uniformizados, chamando a atenção para seu estilo organizado e grandioso, em contraste com a modéstia do material da LPR em seus primeiros anos. Vinte e cinco anos depois, os imponentes caminhões da LPR também estacionam solenemente nos pátios dos pavilhões de eventos mostrando profissionalismo, obedecendo às normatizações do setor e revelando uma equipe altamente especializada, reconhecida em todo o Brasil”. Essa constatação é a realização de um sonho que parecia distante nos tempos em que Seu Cido e a pequena equipe da LPR desciam seus materiais da velha caminhonete e dormiam na estrutura do próprio estande, enquanto os dias transcorriam longos para a pouca experiência de montagem. Eram a raça e a vontade de fazer que moviam aquela equipe ávida por se tornar, um dia, uma das maiores empresas de montagem do Brasil. LPR | 145


o desafio

No século XXI, essa cena tornou-se possível em

convivemos, é preciso estar comprometido para

cada uma das dezenas de cidades por onde passa a

permanecer. Tudo é muito rápido e precisa ser

equipe LPR, sugerindo que há muito mais a ser

bem feito”. Diretor de logística e um exímio co-

realizado quando se tem a competência como

ordenador do almoxarifado da LPR há 17 anos,

guia. E é na montagem propriamente dita que

Valdemir Alves da Silva fala com conhecimento de

o selo de qualidade da empresa se mostra mais

causa. Para ele, correr contra o tempo é mais que

visível, atravessando fronteiras e marcando seu

uma obrigação; é a certeza de que os clientes que

espaço no mercado. É na montagem que o ta-

acreditaram na LPR poderão continuar confian-

lento e a história da LPR se constroem, como

do. “Para isso, vivemos um desafio todos os dias”,

um quebra-cabeças, ganhando sentido e pondo

ilustra Valdemir. Um desafio que é a verdadeira

de pé a força de uma história que vem sendo

história da LPR, uma história que começa todas as

construída com empenho e inteligência.

manhãs por trás da aparente calma que reina na matriz da empresa, em Londrina, onde um belo

LPR 24 HORAS

jardim bem cuidado recorta sua fachada moderna, emoldurando a força de uma missão sem fim.

Quando uma feira de negócios abre suas por-

A capacidade para administrar grandes estru-

tas nos grandes pavilhões de feiras, os empresá-

turas e grandes eventos, como diz o texto do site

rios e clientes ansiosos que entram pelo portão

da empresa, não foi uma vitória alcançada com

principal não têm ideia do que acontece nos

pouco suor. A estrutura e os profissionais foram

bastidores de uma empresa como a LPR. A “en-

afinados para prestar um serviço justo e, ao mes-

trega do evento” é apenas a última etapa de um

mo tempo, encantador. Do departamento de

trabalho que parece fugir aos rótulos e padrões

criação, passando pela marcenaria, serralheria e

quando o assunto é normatização, planejamen-

setores administrativos, são 15 mil m² na matriz

to e organização. Para esse tipo de serviço, que

voltados especificamente à atividade que fez e faz

é “construir” um cenário de negócios, é neces-

história na LPR.

sário mais que adrenalina. Comprometimento é a palavra.

LPR | 146

“É difícil citar tudo o que aconteceu nesses anos, lembrar de todos os fatos. Temos marcados

“Há algo que eu falo sempre para quem co-

dentro da gente todas as conquistas e todos os

meça aqui: você pode até não gostar da empre-

tombos que caímos para chegar onde chegamos”,

sa, pode querer ir embora com um mês apenas

avalia Valdemir. “Quantas situações foram con-

de trabalho mas, se você fica, você vicia nesse

tornadas e vencidas e quantas lembranças temos

trabalho. Com essa adrenalina com a qual nós

conosco que são história e a própria cultura da


o desafio

empresa!?” Para o veterano diretor do almoxa-

e prosseguir com novos amanhãs.

rifado são essas histórias e esses sacrifícios que

Que o diga o veterano Osvaldo Bento Filho,

garantem o sucesso do negócio e também a es-

colaborador desde 1994, 17 anos de empresa que

tabilidade que hoje sentem os novatos, aqueles

o transformaram, fazendo de sua vida uma dedica-

que chegam com o sonho de começar numa das

ção inteira ao setor de montagem. Encarregado do

empresas mais confiáveis do setor de montagem

setor de almoxarifado, Osvaldo deu seus primeiros

brasileiro. Esse tempo sofrido e os desafios ven-

passos numa LPR bem pequena, que ele viu crescer

cidos com tanta determinação são como uma ga-

enquanto ele próprio evoluía, aprendendo a ser

rantia de que as novas gerações possam começar

profissional. Em sua atividade, ele é responsável

Nos bastidores Nem bem o dia amanhece e os desafios estão aquecidos na “fábrica de sonhos” que é a LPR. O comprometimento fala mais alto e o trabalho não para.

LPR | 147


Nos detalhes.

Belos e imponentes, os estandes da LPR se constroem com a soma de muitos detalhes.

por separar os materiais e manter a organização e

demir, para quem as noites passadas inteiras na

ordem no setor de peças e utensílios que comanda

preparação de material de montagem e os dias

com precisão. Ali, de minuto em minuto, um cole-

seguintes, prosseguidos sem descanso para que a

ga aparece em busca de um mínimo item que só o

fábrica continuasse, são sinais de uma vitalidade

Osvaldo sabe onde está. “Quando eu entrei na em-

que hoje se mostra inteira, no selo de confian-

presa, eram apenas seis pessoas no almoxarifado.

ça conquistado pela LPR. “Uma empresa é isso e

Hoje, são mais de 50, só na matriz”, compara Os-

sua formação acontece em várias fases, algumas

valdo, que não perde tempo, separando o material

boas, outras ruins, e nem sempre sabemos dar

solicitado. Ele também percorre o Brasil ajudando

nome a todas elas. São vários objetivos, vários

na separação de materiais nos eventos. “Em 2010

planos, e um caminho a seguir, sempre. Não se

- orgulha-se - viajei mais de 20 mil quilômetros.”

pode parar. Quando entrei aqui, havia um plano;

Os mil quilômetros de história que fazem sua

aí crescemos, já era preciso ter outro plano... e

vida na empresa também relembram um tempo

assim, foram tantos planos e tantos deles que fo-

em que Osvaldo controlava tudo manualmente.

ram se modificando...” Os objetivos também são

Com o computador, tudo mudou. Permanecem as

mutáveis, acredita Valdemir. Hoje é um; amanhã

lembranças boas de muito trabalho, muita ativida-

ele poderá estar ultrapassado. E é sempre preciso

de, pouco tempo ocioso. “A gente já viu muito sol

colocar objetivos alcançáveis para que, uma vez

se pôr aqui dentro. Foram tempos em que viráva-

atingido, outro se coloque como meta. “São vá-

mos a noite. Hoje, com a organização e os méto-

rios degraus que você vai galgando.”

dos, isso não é mais preciso.” Essa é a vida real de uma empresa, diz ValLPR | 148

Assim, quando uma feira tem início sob o selo de montagem oficial da LPR, também se ergue


o desafio

Cada passo, cada pessoa é uma peça fundamental na montagem dos cenários produzidos pela montadora.

nos milhares de metros quadrados dos grandes

No almoxarifado da matriz, o coração da

pavilhões uma vida toda feita de trabalho e tena-

LPR, ainda se sente a energia dos últimos ma-

cidade, muitas vidas envolvidas na tarefa de pres-

teriais embarcados para os eventos da ocasião.

tar um serviço diferenciado. Naquele momento,

Nas filiais, o movimento é diferente, porém,

quando os portões da feira se abrem, a montado-

não menos intenso, pois os almoxarifados das

ra que nasceu em Londrina torna-se nacional, in-

filiais são a síntese da matriz. Oriundo da fábri-

ternacional, globalizada, atendendo empresários

ca em Londrina e há quatro anos e meio no Rio

de diversas regiões do país e do mundo.

de Janeiro, Rubens Aparecido Haura adminis-

Na matriz e nas filiais, enquanto isso, as equi-

tra diversas tarefas reunidas na função de su-

pes de vendas já estão trabalhando em outra feira,

pervisão do almoxarifado. É de sua responsabi-

mantendo contato com antigos e novos clientes,

lidade todo o trabalho que circula pelo setor, a

na busca por atender cada expositor e entender o

frota de veículos, a programação de entregas e

que ele precisa para que seu estande alcance o ob-

o controle do estoque, com entradas e saídas de

jetivo que pretende. Logo, esse atendimento se

material, inclusive as transferências realizadas

materializará num projeto criado pela equipe de

entre as filiais. Tudo isso, acompanhado por in-

design, analisado pelo engenheiro supervisor

termédio de um sistema específico implantado

para ser traduzido em valores cujo orçamento

na empresa.

voltará às mãos da equipe do comercial para

Graças ao grande movimento instaurado

que remetam ao cliente. Aprovado, o projeto

na filial – que reúne montagem e locação de

ganha uma análise especial de outra equipe: o

móveis -, a unidade do Rio de Janeiro tem um

pessoal do levantamento.

ritmo intenso e que cresce a cada dia. “E a LPR | 149


o desafio

As horas O tempo orienta os processos de produção. O cronograma traça o roteiro enquanto a equipe se movimenta no ritmo da precisão e do cumprimento de prazos os mais variados.

LPR | 150


o desafio

tendência é aumentar cada vez mais,

o ritmo não é menor. Pelo contrário. Carlos Alber-

pois temos grande variedade de mó-

to Moraes, encarregado do setor de marcenaria,

veis”, conta o profissional que está há

e Fábio Gioffrê, designer e expert na área de es-

15 anos na LPR, tendo iniciado suas

tandes construídos, conduzem com maestria um

atividades no almoxarifado da matriz,

dos setores que mais crescem nos últimos anos,

em 1996. É tempo suficiente para assis-

mostrando a força da qualidade na produção de

tir à grande mudança operada no ritmo

estandes. Depois de alcançar recordes em volu-

e na evolução da LPR. “Envolve um vo-

me e rapidez de montagens-padrão, a LPR vem

lume muito grande de trabalho”, admi-

investindo na estética e na originalidade de seus

te Rubens, se dizendo sempre disposto

estandes construídos, uma tendência cada vez

para enfrentar os diversos desafios que

maior em eventos diferenciados.

hoje a filial do Rio de Janeiro tem pela

Carlinhos – como é mais conhecido na em-

frente. Para Rubens, não há outra pala-

presa – diz que os critérios de exigência nesse

vra que se encaixe melhor à realidade

setor seguem os mesmos padrões da LPR: rapi-

da LPR, do seu nascimento aos dias de

dez com qualidade. Para isso, ele e Fábio Gioffrê

hoje. A palavra é trabalho.

acompanham tudo, da produção à entrega dos

QUANTIDADE E QUALIDADE Se convier e a empresa puder, o calendário estará recheado com três eventos ao mesmo tempo, o que tornará a dinâmica fábrica uma verdadeira linha de montagem. Homens e mulheres, distribuídos em suas funções, estarão montando tomadas e interruptores, selecionando móveis, limpando tapetes e carpetes, separando materiais, imprimindo imagens e adesivando peças com logomarcas de cada expositor. No setor de marcenaria, onde está a coordenação dos estandes construídos, LPR | 151


LPR | 152


De tudo um pouco A multiplicidade de itens é marca registrada da empresa. A todo momento, um novo móvel, uma nova parede, um novo objeto chega para compor um dos vários espaços dos almoxarifados. E o que não existe, se inventa. LPR | 153


o desafio

Ideias arrojadas Rapidez com qualidade são as máximas do setor de marcenaria, onde as ideias andam na velocidade da agenda de eventos. Ali, são criados e administrados os projetos de estandes construídos, outra área em que a LPR vem se destacando nos últimos anos.

LPR | 154

estandes, conforme exigem a agenda e o volume

serralheria e pintura, entretanto, são totalmen-

de trabalho nas grandes feiras. Marceneiro desde

te realizados na fábrica da matriz, em Londrina.

os 15 anos de idade, Carlinhos ingressou na LPR

Acompanhando as exigências de sustentabilida-

para atender o setor de móveis, mas logo migrou

de, hoje 70% do material do estande construído

para a marcenaria, por exigência da demanda. O

é reaproveitado. “Estamos desenvolvendo novos

ritmo se tornou intenso e ele passou a acompa-

sistemas com encaixes inteligentes de paredes

nhar todas as etapas da produção, acompanhan-

para que o reaproveitamento da madeira seja ain-

do a supervisão da montagem, nos eventos de

da maior no futuro”, indica Carlinhos.

maior fluxo. “Vou para as feiras acompanhar a

Como acontece com a maioria dos diretores

montagem para conferir tudo”, conta Carlinhos.

e gerentes de vendas, locação, logística, almoxa-

Nessa função, quando necessário e a feira exigir,

rifado e montagem, a mesa do setor de marce-

ele se divide com Fábio, acompanhando cada de-

naria também tem várias pastas com os detalhes

talhe da montagem e só deixando o local quando

de cada evento. Elas se revesam, uma sobre a ou-

o estande estiver de acordo com o que foi deter-

tra, ganhando prioridade à medida que o serviço

minado no projeto.

pede e avança. Essas indicações, presentes em

É um trabalho mais minucioso esse de estan-

todos os setores, são o guia geral de homens e

des construídos. A produção - feita por marcena-

mulheres da LPR que não param um só minuto

rias terceirizadas – é toda acompanhada pelos

desde que entram na empresa. São elas a ligação

responsáveis da marcenaria LPR. Os serviços de

entre o setor administrativo - de onde partem as


o desafio

decisões e os projetos - e os diversos departamentos de montagem e logística. O quebra-cabeça encontra seu clímax naquele grande espaço do almoxarifado, onde, organizadamente, habitam materiais, móveis, eletrodomésticos e um sem-número de itens que vão desde um mínimo parafuso a um moderno aparelho de ar condicionado, todos eles imprescindíveis para dar vida aos milhares de estandes e espaços de feiras e congressos cuja montagem têm o selo da LPR. Olhando hoje pelo túnel do tempo, tudo parecia mais simples há 25 anos. Mas não é bem assim. É verdade que o mercado se tornou complexo, com tantas variáveis e multiplicidade de produtos e serviços, mas é também verdade que as empresas sempre foram profissionais e, tanto ontem quanto hoje, a exigência sobre o trabalho é a mesma. Talvez no passado o volume fosse menor, isso é fato; hoje, para atender a demanda que a LPR um dia sonhou e trabalhou para ter, é preciso estar organizado e atualizado, o que dá a impressão de que tudo ficou mais trabalhoso. No comparativo dessa história é possível sentir a evolução em metros quadrados. O que levava semanas para ficar pronto, hoje é realizado em poucos dias. É também de sua estrutura poder atender dois ou três eventos grandes ao mesmo tempo, o que a diferencia no mercado. Poucos conseguem tanto com o mesmo comprometimento e agilidade. E isso se deve à experiência e à capacidade profissional e produtiva da empresa.

Soluções ágeis Nos departamentos de logística (no alto), comercial (no centro) e no financeiro (acima), o dia a dia da empresa pulsa em ideias que agilizam os processos em busca de soluções para a moderna empresa em que se transformou a LPR.

Foi para isso que a equipe LPR trabalhou tanto lá LPR | 155


o desafio

Planejamento A ferramenta do momento na LPR tem o nome de planejamento. O diretor André Hass diz que assim torna-se possível realizar sonhos. “Manter-se no topo é um desafio muito grande, para isso, é preciso estar estruturado”, diz ele.

nos manter lá. Permanecer no topo é um desafio atrás, dando consistência àquela pequena empresa de montagem surgida de um primeiro propósito de organizar eventos no Norte do Paraná.

enorme, maior até do que conquistá-lo.” A proposta é se reinventar sempre, melhorar sempre e trabalhar para que todas as empresas

Para o diretor André Hass, há 18 anos na em-

parceiras andem no mesmo passo. “Agora a em-

presa, o crescimento da LPR foi vertiginoso, mas

presa está caminhando para algo bem monitora-

há que estar sempre preparado para novas crises

do e bem equilibrado”, garante André, confiante.

- esses momentos com os quais as empresas brasileiras estão bem familiarizadas. A própria LPR vi-

ROTINA DETALHISTA

veu altos e baixos ao sabor da economia mundial

LPR | 156

e nacional, e também após ter dado passos largos

Em 2011, os paralelos vão ganhando distância e

que necessitaram de uma corrida para alcançar o

tudo que aconteceu há pouco já vai entrando para

leme no momento seguinte.

a rica história da empresa. A praticidade ganha

Hoje a empresa caminha estruturada e, aos

pontos e incorpora o slogan Pensando soluções,

poucos, também se prepara para viver os sonhos

criado para demonstrar que o cliente terá seu aten-

os quais todos têm se empenhado para colocar

dimento feito da melhor forma possível, sem so-

em prática. André Haas diz que o planejamento

bressaltos. Isso quer dizer que o comprometimen-

é a ferramenta do momento e que deve ser uti-

to é total, permitindo que haja respostas para tudo.

lizada nessa jornada rumo a mais crescimento.

Ninguém, nenhum cliente fica sem uma solução,

“Precisamos estar preparados para chegar lá e

sem uma resposta para o seu questionamento.


o desafio

Com a experiência nasceram departamentos

área de levantamento viveu muitas mudanças

que auxiliam na estruturação dessas soluções,

nos últimos anos, através das quais foi possível

permitindo agilidade e rapidez no atendimento

alcançar uma organização mais ágil a cada novo

aos eventos. É o caso do setor de levantamento,

ano de trabalho. Essas mudanças se deram em

por exemplo, no qual a equipe lida com uma roti-

vários níveis, desde o investimento em versões

na detalhista, cuja receita é a pormenorização dos

mais avançadas de software até a logística do

materiais utilizados em cada estande. É para ali

trabalho de levantamento. Também foi preciso

que segue o projeto de um estande criado pelo

acrescentar novos materiais à rotina e à organi-

departamento de design. Com o projeto aprova-

zação, pois depois de ter atendido a montagem

do pelo expositor, a equipe levanta todas as peças

dos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro,

que vão compor esse estande: alumínio, parafu-

em 2007, a LPR ampliou enormemente seu ca-

sos, octanorm, mobiliário, vidros, piso... e passa

tálogo de materiais, com uma grande lista de

para o Valdemir, do setor de logística. Esse ma-

itens de mobiliário; logo, foi necessário acres-

terial já fica separado especialmente para aquele

centar novas bibliotecas ao sistema 3D, que é

estande. Ali também é preparado o comando das

o sistema que atende o setor de levantamento

logomarcas, a medida das placas onde serão apli-

e está em sintonia com a área de criação de

cadas as imagens da empresa, conforme o proje-

projetos.

to criado pelos designers da LPR.

É como se diz na empresa: nada para; a roti-

A evolução também chegou aí.

na da LPR é uma mudança constante. E vem daí

Como nos demais setores da empresa, a

sua força e impulso para atender grandes fluxos

Criatividade Sempre em alta no departamento de projetos, a criatividade caminha ao lado da eficiência. É preciso estar atento, diz André Luiz Geovanini (à direita na foto), utilizando as ferramentas do design como aliadas e o cuidado na busca da qualidade. LPR | 157


o desafio

de eventos na agenda, a cada ano mais recheada de desafios a serem vencidos.

O COTIDIANO Muito chão foi percorrido para que essa evolução fosse alcançada. Mudou o mundo, mudaram as pessoas, cresceu a tecnologia, evoluiu a organização. Só uma coisa não mudou: a rigidez e a determinação do relógio a cobrar resultados rápidos e certeiros de uma equipe sempre disposta a acertar. E essa é uma qualidade que não pode faltar onde o compromisso é a palavra de ordem numa rotina nada convencional. O cotidiano da LPR não é similar a nada que se conheça em termos de indústria, de empresa, de negócio. É um trabalho muito específico, para o qual são necessários ferramentas e aprendizado diferenciados. “Na LPR, não existe nenhum produto igual ao outro. Cada estande, cada painel para shows, cada montagem é um produto único e original”, aponta o engenheiro João Márcio Manzano Ceciliato. É esse trabalho minucioso que dá ao engenheiro e sua equipe a possibilidade de orçar o valor do estande que será repassado ao cliente pelas mãos dos vendedores. Com sete anos dedicados à LPR, João diz que para esse trabalho não existe uma mão de obra disponível no mercado, formada por escolas ou instituições. É no dia a dia que se molda um profissional da área de montagem; a empresa é a própria escola. “A montadora é uma grande faculdaLPR | 158


o desafio

de”, ensina o engenheiro João, com ares de quem ainda tem fome de aprender sempre. O cotidiano da LPR é, de fato, um mundo à parte. Trabalha-se muito, meses a fio, para construir um “cenário” montado para apenas quatro ou cinco dias. Entretanto, nos bastidores, muito antes, centenas de pessoas já desenvolveram suas tarefas arduamente, ponto por ponto, transformando o imenso quebra-cabeças num show-room de especialidades. Nos estandes, durantes as feiras, ou nos congressos e eventos que monta, está um pouco do coração e do suor de cada funcionário da empresa. A LPR constrói sonhos, põe em prática ideias que movimentam outros negócios, faz acontecer o comércio, a indústria, o setor de serviços, expondo de modo bonito e elegante a produção que o Brasil tem orgulho de produzir. É bastante trabalho! Dependendo da época, o calendário reúne mais de um evento - dois, três ao mesmo tempo - e há que ser versátil. O trabalho está em toda a parte: na montagem de uma grande feira no Sul e, simultaneamente, começando a ser comercializado no departamento comercial da matriz ou das filiais da LPR, em três diferentes estados do país. Na filial São Paulo, Edilene Daniel Guedes

Em equipe

representa bem essa versatilidade. Ela é ás no

A montagem dos estandes é tarefa que exige

trabalho de conciliar diversidades desde junho

continuidade e atenção. Há que se ter um olhar

do ano 2000, quando passou a integrar a equipe

para o projeto idealizado pelos designers da em-

da LPR, em Londrina. Era o dia seguinte ao seu

presa e outro para a área onde se erguerá o es-

aniversário e Edilene começava nova fase em sua

tande de cada cliente. É um trabalho de equipe.

vida: de secretária em uma clínica médica passou LPR | 159


o desafio

Sintonia Nas vendas e no contato com o cliente ou na montagem, diretamente nos pavilhões de feiras, a sintonia entre as equipes precisa ser mantida, afinal, dois ou mais eventos podem estar acontecendo simultaneamente.

LPR | 160

a vendedora de área de montagem e de estande.

esse objetivo é mágico, é mágico ver tudo aquilo se

Boa de venda, acabou se tornando uma expert

erguer, deixando o papel para se tornar realidade.”

em comercialização de estandes básicos, uma

O volume de trabalho é muito grande mas

das especialidades da LPR. “Eu gosto do estande

o friozinho na barriga, na estreia de cada novo

básico”, diz Edilene, lembrando que mais impor-

evento, é o combustível a mover pessoas como

tante do que o tamanho do estande é a forma do

Edilene, uma parceira de longa data da LPR. Ela

cliente trabalhar a feira. “Tem que ser simpático,

fala da importância da sintonia no trabalho entre

usar material de apoio, não adianta ficar lá num

todos os departamentos e elogia das telefonistas

estande lindo e com cara amarrada.”

aos montadores, passando por todos os departa-

Tendo começado em Londrina no início dos

mentos que tornam possível a realização de cada

anos 2000, e se mudado para São Paulo há quatro

evento. “A começar dos proprietários, que man-

anos, Edilene diz que o prazer de trabalhar na LPR

têm o espírito familiar mas não se esquecem de

é igual, pois a cultura do desafio proposto pela LPR

investir na profissionalização”, aponta Edilene.

é o mesmo em qualquer uma das unidades da em-

Para ela, é isso que tem permitido à empresa evo-

presa. Aliás, como a maioria dos que trabalham na

luir com direção nos últimos anos.

LPR, Edilene ama o desafio. A única coisa de que

É difícil explicar o dia a dia de uma empresa

não gosta é o estresse de pessoas que se extremam

como a montadora LPR. Só vivendo para crer. É

nas horas mais complicadas. “Tudo tem que ser fei-

um cotidiano que exige atenção e controle acu-

to com jeito e bom senso. Eu gosto de ver aquele

rado, pois o produto que chega ao pavilhão de

papel de projetos concretizado em feira. Atingir

exposições é um quebra-cabeças que precisa ter


o desafio

encaixe perfeito. Para isso, suas peças são cuida-

tempos com grandes volumes de negócios e de

dosamente criadas para atender às necessidades

trabalho a exigir rígidos controles das viagens re-

do cliente e precisam chegar ao destino devida-

alizadas, do abastecimento por cartão nos postos

mente roteirizadas, prontas para serem utilizadas

credenciados à empresa, um sistema que permite

conforme foram concebidas no projeto. Nesse

à LPR controlar tim-tim por tim-tim o abastecimen-

ponto, entra a logística da LPR.

to, o local, a quilometragem e os custos da viagem.

A área de logística do transporte completa o tra-

Foi essa racionalização com sistema próprio de

balho de toda uma equipe. Para que tudo aconteça

logística que permitiu à LPR reduzir custos e ga-

de forma afinada, o projeto de logística conta com

nhar em agilidade. E esse dois componentes são

um programa específico para controle de custos

fundamentais em grandes feiras que exigem, por

no transporte e uma ampla rede de organização da

exemplo, a presença de 30 caminhões carregados

frota que percorre diversas cidades do país. É uma

com material de montagem. A logística da LPR hoje

nova visão para o controle da frota de caminhões

tem tecnologia, tem controle e tem programação.

que levam e trazem os materiais das feiras.

Ela é fundamental e, por isso, tem vida própria.

Esse controle do transporte é como um fechamento à altura de todo o trabalho realizado até

VELOCIDADE COM QUALIDADE

aquela etapa. É a outra ponta dessa história - que começou lá atrás com uma velha F-4000 trotando

Volume de trabalho não é novidade na LPR. A

nas estradas do Paraná e São Paulo. São os novos

empresa é conhecida por sua capaciade em lidar LPR | 161


o desafio

com a palavra quantidade. O jovem André Luiz Geovanini, de 29 anos, viu aumentar o número de projetos sobre sua mesa desde que entrou na empresa, há 10 anos. Criativo, tem procurado, nesse período, acompanhar todas as mudanças para que as ferramentas novas sejam aliadas na administração dessa grande quantidade de trabalho. Designer formado, André entendeu logo que a empresa precisava mais do que um especialista, por isso, como líder, procurou se envolver em diversas etapas, procurando ter a visão panorâmica de quem lidera e pretende crescer com o que faz. Para ele, só é possível melhorar na qualidade do serviço se os erros forem detectados e corrigidos rapidamente. Os relatórios de final de feira - feitos regularmente - têm esse propósito. E neles estão envolvidos todos os setores ligados diretamente à montagem da feira. “Já dá para sentir a diferença no nível de qualidade”, diz André, e isso se deve, também, segundo ele, à sintonia maior entre todos os setores, inclusive à conversa com os encarregados de montagem. “Agora trocamos ideias, investigamos juntos as falhas; a comunicação está bem melhor”, diagnostica. Deixar a sala de criação e seguir para as feiras foi outro passo importante. É como se o projeto virtual fosse passear nos pavilhões dos eventos para conhecer sua versão real, posta em prática. Sete dias antes de inaugurar uma feira, lá está um pequeno batalhão de olhares detetivescos, em busca do melhor resultado. E LPR | 162


o desafio

O projeto As equipes de montagem seguem para os pavilhões de exposição munidas dos projetos que orientarão seu trabalho. O supervisor de montagem é quem conduz o processo, orientando para que cada passo seja seguido à risca.

esse olhar com lente de aumento precisa estar

Tem sido justamente essa a proposta do se-

presente em tudo, pois se o forte da LPR é a

tor comercial nos últimos tempos: debater os

velocidade de montagem, é preciso trabalhar

erros e construir acertos. Concorrem para essa

para que a qualidade esteja junto nesse pro-

ideia, as reuniões com os funcionários envol-

cesso. “Nós conseguimos trabalhar com vários

vidos em cada etapa, encontro que permite a

eventos aos mesmo tempo, e só garantimos os

cada um sugerir e analisar projetos com itens

resultados no final porque temos várias equi-

diferenciados e trocar informações, antes e de-

pes”, diz ele. “E se for preciso, varamos noites

pois do evento. A importância dessa discussão

para entregar no prazo”.

é confirmada quando a equipe chega à feira, para a entrega dos estandes. Na montagem e

DETECTANDO MELHORIAS

na finalização estão o termômetro do que foi debatido anteriormente.

A evolução e o investimento deram novos

A análise pós-feira completa o quadro, do

ares à rotina, mas é preciso estar atento para

qual se destacam e são avaliados os erros, os

que o know-how seja permanentemente apri-

acertos, o que pode ser melhorado, onde a

morado. Para isso, os diversos setores estão

presença da empresa poderia ter sido mais in-

sempre discutindo todos os processos da em-

cisiva... enfim, é feito um raio-x que permite

presa, com destaque, inclusive, para as melho-

melhorar, acrescentar, evoluir. Essa avaliação

rias que nascem dos erros.

tem sido vista com bons olhos pelos líderes LPR | 163


o desafio

LPR | 164

de setores, certos de que estão no melhor ca-

zar todos os processos até a montagem final do

minho. Eles são unânimes em afirmar que essa

estande -, precisamos estar bem focados para

democratização dos resultados tem aproximado

não perder de vista os detalhes”. A avaliação é,

mais as pessoas envolvidas. Todos passam a ter

mais uma vez, de André Luiz Geovanini, líder

ainda mais comprometimento, pois entendem

do setor de projetos e orçamentos. Estar aten-

o sentido do seu trabalho, a importância de ser

to, segundo ele, é também não deixar passar

uma peça fundamental nessa engrenagem.

em branco as novidades, estar por dentro do

É o que se chama envolver as pessoas numa

mercado, sintonizado aos novos materiais, a

rede de trabalho e de confiança. Esse método -

modos diferenciados de projetar os estandes

tão simples e eficaz - tem permitido avanços na

com criatividade, “e sempre tendo em vista

qualidade dos serviços, tanto que a cada três

a praticidade e o custo compatível para os

meses, ou mesmo no final do ano, quando são

clientes”.

apresentados os números da empresa, é possí-

É preciso sinceridade, muita sinceridade.

vel enxergar o crescimento. Para os líderes da

Pedro Lopes costuma dizer que a empresa só

empresa, falam mais alto a sintonia e a sinceri-

não pode errar na verdade dos fatos. Para ele,

dade no modo de trabalhar.

está fora do contexto a ideia de dizer sim quan-

É fundamental também que os departa-

do é preciso ser sincero, dizendo não ao clien-

mentos trabalhem unidos, em harmonia, pois

te. “O que está errado é prometermos aquilo

um depende do outro, assim como cada item

que não vamos poder cumprir”, preconiza o

minúsculo do estande concorre para sua sus-

fundador da LPR. Nesse quesito, Pedro Lopes

tentação e beleza. “Como a LPR trabalha muito

é irredutível. Para ele, a sinceridade é a base

bem com a velocidade - somos ágeis em reali-

da construção de uma grande empresa, “é o


o desafio

alicerce que sustenta a marca, o nome que

É preciso ter, antes de mais nada, nervos de

construímos com tanta dedicação”. Vem daí,

aço e foco no alvo para participar dessa corrida

diz ele, a confiança que o mercado tem hoje na

contra o tempo que é a montagem de estrutu-

empresa que semeou há 25 anos e hoje colhe

ras para eventos, a conquista do cliente, a cria-

os frutos.

ção de um cenário que exige de homens e mu-

Confiança. Essa é a palavra que, ainda em

lheres dias e meses debruçados sobre a venda

tempos de promessas vãs, deve valer como

de um espaço virtual que se transformará num

ponto final para empresas que acreditam e

estande, uma espécie de escritório temporário

pensam em soluções, como a LPR. E, diga-se

do expositor para receber seu cliente naqueles

de passagem, tudo que a empresa vende é pura

poucos dias de feira.

confiança, é conceito, pois, se grande parte

Quem está na coordenação da montagem

dos clientes adquirem os estandes sabendo da

acostumou-se a ver o projeto se transformar

capacidade da empresa em prestar um bom

em realização, todavia, sabe que são necessá-

serviço, há outra parcela que, montando o es-

rias muita sintonia e profissionalização nesse

tande pela primeira vez com a LPR, aposta na

processo. O experiente supervisor de monta-

indicação de outros clientes ou, simplesmente,

gem Cesar Henning, hoje na filial de São Paulo,

na promessa “vendida” pelo bom atendimento.

acompanha a evolução da montagem não é de hoje.

LOGÍSTICA E MONTAGEM

Começou na LPR como empreiteiro, entre 1996 e 1999 - um free-lancer a prestar servi-

Dias antes do evento inaugurar, vendedores,

ços para a empresa - e tornou-se funcionário

supervisores ou mesmo os diretores seguem para

a partir de 2003. Desde 2007 como supervisor

supervisionar o trabalho final de montagem e

de montagem, Cesar é um fiel parceiro da em-

entregar a feira aos expositores. Isso significa

presa, a qual aprendeu a respeitar e a qual se

que os clientes vão receber uma “visita” do pro-

dedica com prazer desde que o dia começa na

fissional da LPR antes e durante os primeiros dias

empresa. Coordena as montagens, as ativida-

do evento. “Esse momento é importante porque

des da locadora de móveis, faz as separações

trata-se de um pós-venda, de uma atenção espe-

de romaneio e organiza as rotas de entrega e

cial que o cliente recebe da nossa equipe”, apon-

retirada. Conta com 23 colaboradores na lo-

ta a diretora comercial Milena Lemos de Almeida

cadora e seis na equipe de montagem. Cesar

Lopes. “E é um prazer poder entregar a feira

é - como ele mesmo diz - um coringa, estando

com a confiança de que está tudo bem”.

sempre à disposição, seja na filial São Paulo ou LPR | 165


o desafio

mesmo na filial do Rio de Janeiro, se for preci-

eventos chegam aos pavilhões de exposição

so. “Me encaixo em qualquer lugar, em qualquer

através da equipe de montagem.

situação, ajudo nas licitações e feiras no Rio de

Expert no assunto, hoje Pitu é um dos su-

Janeiro, estou sempre à disposição.” Atento e

pervisores de montagem, posto que atingiu

pronto, César vive a empresa com o compro-

graças a sua dedicação e conhecimento, o que

metimento necessário, por isso, diz que a me-

pode ser dito também do irmão, Ademir Lei-

lhor palavra para definir a LPR é família, afinal,

te - o Magrão -, outro dedicado funcionário

“passo mais tempo na empresa...”

que comanda as montagens pelo Brasil afora.

Nacional ou internacional, um evento não

“Comecei como auxiliar de montagem, não

precisa de rótulo especial para ter, nos bastido-

sabia nada, mas fui aprendendo, porque eu

res, a energia posta em prática por uma equipe

sou muito curioso. Acabei me identificando

comprometida com o que faz. Na verdadeira fá-

com o serviço”. Esse é o Pitu, cheio de ener-

brica de estandes e cenários de eventos em que

gia, mas o irmão, o Magrão, também é assim,

se transformou a LPR, um dia é pouco para tan-

e atento ao trabalho no pavilhão vazio, que vai

ta produção, e um mês é feito de muito mais

ganhando recheio conforme ele coordena os

que 30 dias. Que o diga o agitado Agnaldo José

rapazes da equipe de montagem. “Não se pode

Leite, o Pitu, integrante da equipe veterana dos

perder tempo e nenhum detalhe”, diz Magrão,

montadores da LPR. Há 16 anos na empresa,

já correndo para supervisionar outro setor do

Pitu é a própria marca LPR em ação quando os

pavilhão numa feira que abrirá em alguns dias,

A fundamental logística O setor de logística reúne processos avançados e precisos para que a frota LPR | 166 seja utilizada de forma racional, atendendo às várias regiões brasileiras.


o desafio

no Norte do Paraná. Aos poucos, aqueles mate-

que eles são fatos de uma história construída

riais descidos do caminhão vão ganhando for-

com muito trabalho. E organização, porque -

ma e sentido, e logo, uma feira será erguida,

como bem diz o montador - a montagem só se

viva e pulsante.

faz com organização e método. Colaboraram

Pitu já perdeu as contas de quanto andou

para isso as muitas mudanças do setor e as

por esse Brasil afora. Até no exterior ele já es-

tecnologias que vieram para ajudar na evolu-

teve, conta, orgulhoso. Tanto andar, entretan-

ção. São melhorias que aconteceram nesses 16

to, não apagou os primeiros passos, logo que

anos em que Pitu e o irmão Magrão estão na

começou na empresa. Até hoje, as imagens do

LPR. “Tudo ficou mais detalhado, tudo chega

primeiro evento não lhe escapam da mente.

mais organizado para os montadores. E quan-

Foi em Paranavaí, no Noroeste do Paraná, que

do isso acontece, a possibilidade de erros é

Pitu estreou no setor de montagem. “Era uma

muito menor”.

feira agropecuária. Tinha de tudo um pouco. Desde venda de carro até boi e parque de di-

O DESAFIO

versões. Foi a primeira vez que participei de um evento como montador”, recorda-se.

O conhecimento deve andar de mãos dadas

O que mudou de lá para cá é uma vida toda,

com o bom senso. É o que se costuma obter

compara Pitu. “Nunca imaginei que a LPR teria

com os anos de experiência numa empresa

a estrutura que tem hoje. Eu olho para trás,

comprometida com a qualidade. O cliente é o

vejo o que mudou e fico meio abismado. Nem

alvo desse cenário. O engenheiro João Márcio

parece verdade!”, admira-se o supervisor de

Manzano Ceciliato exemplifica.

montagem que está sempre na estrada. O mes-

Projetar nem sempre é só uma ideia boni-

mo que, várias vezes, voltou a Londrina ape-

ta. Na hora de executar, o estande pode ficar

nas para trocar a mala e pegar a estrada de

muito caro. Nessa hora, uma troca de material

novo. “Já cheguei a ficar fora 52 dias, entre um

mais em conta pode dar um efeito parecido

evento e outro”. O orgulho dele é também po-

e a execução torna-se mais barata. “Não é só

der contar que viajou para os Estados Unidos

engenharia; precisamos pensar em tudo. Tem

e Europa, montando estandes para clientes

que pensar na dificuldade que o montador vai

em feiras internacionais. “Até em Dubai eu já

ter na hora de executar aquilo, no custo. Tem

estive!”, espanta-se com sua própria coragem

que ser prático.”

para aventuras. Mas só é possível contar quilômetros por-

É fundamental saber o que o cliente vai expor no estande, qual é o negócio dele? LPR | 167


o desafio

LPR | 168

Se a feira é uma exposição de equipamentos

criação da LPR Locações, com filiais no Rio de

industriais e o cliente tem uma máquina de 7

Janeiro e em São Paulo.

toneladas para ser exposta, é preciso ter todas

Com a área de locações a LPR ampliou seu

as informações detalhadas para que o estande

leque de atendimento, extrapolando o calen-

suporte, sustente e, ainda, obedeça a critérios

dário convencional de feiras e atingindo um

muito rígidos e específicos; do contrário, os pro-

sem-número de eventos que não obedecem

blemas certamente virão. “Vamos aprendendo a

a uma agenda rígida. “O setor de locações

ter o olho clínico de quem vê antes. Vamos nos

tornou a LPR mais conhecida do público em

precavendo de possíveis problemas que possam

geral, divulgando sua marca de forma mais

acontecer”. Por isso, o bom projeto, diz o enge-

ampla”, avalia Bia Yuri. Hoje, os móveis da

nheiro, é aquele que traz o maior número pos-

LPR são locados para shows, programas de

sível de informações que o vendedor conseguir

TV, festas oficiais, comemorações públicas

obter do cliente. É uma matemática mágica cujas

e privadas, eventos corporativos em hotéis,

contas devem compatibilizar custos, estética,

em empresas, na praia ou em lugares os mais

praticidade, estabilidade e satisfação do clien-

inusitados. É que o mercado de eventos criou

te. Tudo isso para que a LPR possa multiplicar

asas, ampliou-se, ganhou espaço com milhões

a qualidade do atendimento, evoluindo sempre.

de possibilidades... e a LPR, pensando em

“Se tiver tudo isso, estamos no caminho certo”,

crescer, vem conseguindo assimilar a multi-

preconiza o engenheiro João.

plicidade de acontecimentos que o Brasil do

E o que é estar no caminho certo para uma

final da década está propiciando. Só inves-

empresa que inventou um caminho próprio,

tindo muito em profissionalização é possível

desde o início, ampliando seu atendimento

atender a tanta demanda. “E a LPR está con-

para diversos setores? O caminho é seguir em

seguindo porque, lá atrás, aceitou o desafio

frente com o melhor que a empresa pode ofe-

de abrir-se, ouvindo o que tinham a dizer as

recer: seu comprometimento com o cliente,

novas gerações”, conclui Bia Yuri.

com o mercado. Para Bia Yuri Sato Martins

É um trabalho de equipe. Tudo precisa es-

de Souza, gerente comercial de locações no

tar sincronizado. Se uma das partes falhar, lá

Rio de Janeiro, o atendimento da LPR cresceu

na frente o plano não vai funcionar. Ajustar

tanto de maneira linear – no setor de grandes

os ponteiros de todos os relógios é essencial

feiras e eventos - quanto de forma multilateral

quando tem início uma maratona, como a

– atendendo eventos os mais variados, o que

montagem de um evento ou a entrega de um

passou a acontecer a partir de 2007, com a

lote de móveis importantes para a estreia de


o desafio

um programa ou ainda o show de um cliente

equipe é fundamental sempre; sem ela, não há

que confiou na marca da empresa. A união da

tecnologia que resolva.

LPR | 169


LPR | 170


Capítulo XIV

A invenção do desafio

LPR | 171


a invenção do desafio

j LPR | 172

á passa das 9 horas quando o “fun-

movimentação da fábrica, o almoxarifado. Valde-

cionário” mais antigo da LPR chega

mir chega às 6 horas e logo recebe o primeiro te-

para “bater o ponto” na terceira

lefonema de Pedro Lopes, que quer saber a quan-

manhã da semana. Veste roupa es-

tas anda tal serviço, como ficou resolvido um

portiva e passa pelas salas cumpri-

problema que apareceu no final do dia anterior,

mentando as pessoas. Muito à von-

firulas e importâncias que Pedro gosta de parti-

tade, caminha pelo longo corredor

cipar e ser participado. Enquanto o filho Rafael,

da empresa como quem chega à

prático que só ele, dispara os e-mails da manhã e

própria casa depois da ginástica, um

“conversa” virtualmente com todos, o pai prefere

pouco cansado e outro tanto alivia-

o modo antigo. Passa a mão no telefone e troca

do com os resultados da empreitada

ideias com quem precisar.

matinal. O Pilates, afinal, ajusta as

Só depois de se inteirar dos fatos é que Pedro

“juntas”, proporciona bem-estar, or-

sai para sua ginástica, duas vezes por semana. Cui-

ganiza os músculos e reorganiza o corpo; logo, a

da de si, prestando um pouco mais de atenção a

mente fica em dia, e é disso que ultimamente tem

sua saúde e ao bem-estar, combustíveis que o man-

precisado esse tão diligente trabalhador da LPR

têm em dia para respirar o ar fundamental da LPR.

que desde as sete da manhã já está por dentro de

Quando não há ginástica, Pedro gosta de chegar

tudo que acontece na empresa.

mais cedo, como antigamente, olhando para tudo

A primeira conversa do dia é com o Valdemir,

com o carinho de quem construiu essa empresa,

o diretor de logística, responsável pelo centro de

como a sua própria vida. Aos poucos, os anos já


a invenção do desafio

começam a pesar, apesar da energia vigorosa que

Pedro é determinado.

nutre seus milhares de dias dedicados a criar pro-

Por isso é que o longo corredor na entrada

jetos e inventar desafios. Digamos que esse desafio

da empresa é pequeno para a disposição do ho-

em particular – a dedicação a si mesmo e à sua saú-

mem que há 25 anos ajudou a criar um local de

de – seja só mais um dos muitos que o “inventor”

trabalho que é a sua própria vida. Duas décadas

da LPR vem enfrentando desde que a empresa deu

e meia depois, o trabalhador mais antigo da LPR

os primeiros passos na década de 1980.

não pensa em aposentadoria – como todos os

Os desafios pessoais costumam mesmo parecer mais difíceis quando as conquistas profissionais já se sentem seguras num caminho sedimentado. Pedro está investindo na saúde depois de investir anos na correria de uma empresa que nasceu com a assinatura muito particular de sua família. Como a maioria de todos nós que se dedica de corpo e alma ao trabalho e se lembra de si mesmo só muito depois, Pedro faz jus ao nome dado pelos pais, que lhe ensinaram a correr atrás do seu sonho de forma bem concreta.

Retrato do líder O homem que inventou esse desafio é o mesmo que passeia pela empresa, orgulhoso do que construiu com sua família. Nos velhos tempos, quando ainda fumava, Pedro Lopes foi imortalizado numa caricatura feito por um funcionário, um gesto de carinho em que o desenhista o retrata de pé, com a mão esquerda descansada sobre o quadril tendo nos dedos, à vontade, o cigarro que o acompanhava na rotina estressante dos primeiros dias da empresa. Também com carinho, Pedro mantém o desenho num quadro pendurado na parede de sua sala, na empresa. É um retrato do líder sempre em dia. LPR | 173


a invenção do desafio

homens e mulheres de ideias. Chega de manhã

tanta gente, a LPR ganhou vida própria, tornou-

à empresa sentindo-se em sua própria casa, pois

-se um ser com certidão de nascimento, infância,

é isso que representa a LPR para esse cidadão de

adolescência e maturidade, um registro especial

Londrina que, juntamente com uma equipe valo-

na vida dos que a ela se dedicam.

rosa, conquistou o Paraná, o Brasil e diversos paí-

Esse é o significado daquele brilho nos olhos

ses do mundo com sua certeza de que, às dúvidas

do Pedro Lopes que cumprimenta a todos com

deve-se responder com trabalho, muito trabalho.

uma disposição digna de quem construiu um so-

A conversa picadinha, de porta em porta, nas salas que antecedem e ultrapassam o seu próprio

As pistas estão em toda a parte. Elas estão na

escritório, é o reconhecimento diário de que

ponta de orgulho que se vê nos olhos do homem

esse território tem uma marca muito particular.

e no seu carisma quando fala com os clientes;

Pedro visita cada pedaço da empresa, nos diver-

estão na forma com que conduz a empresa com

sos departamentos, levando uma boa conversa e

seu filho Rafael e na maneira visceral com que

sua atenção especial a cada um dos funcionários,

defende seus princípios, os da permanência de

como se assim fazendo, reconhecesse todos os

ideias e os da mudança constante. Há na LPR esse

dias o território que ele mesmo criou para si e

traço fundamental que a torna original, ontem e

para todos. É fundamental confirmar que esse co-

hoje. A jovem empresa de 25 anos parece seguir

tidiano é o sentido de estar ali todos os dias.

a máxima do filósofo que diz que “só a mudança

A marca LPR, aliás, tornou-se também o ob-

é permanente”. Como um ser vivo em constante

jetivo de vida de centenas de pessoas que passa-

ebulição, a LPR tem ritmo, modos e pensamentos

ram e ainda passam pela empresa, dedicando boa

de uma tenacidade sempre em dia.

parte de suas vidas a construir um lugar bom de

Quem participa dessa rotina sem marasmos

trabalhar, oferecendo soluções para seus clientes,

pode não perceber, mas um observador exter-

como bem apregoa o slogan.

no, convidado a escrever a história da empresa,

É assim como uma boa lição de vida passada

percebe de imediato que nenhum dia é igual ao

do pai para os filhos, centenas de filhos que ali

outro nesse enorme bastidor de montar grandes

trabalham e fazem sua história junto com a his-

eventos que é a LPR. É visível, também, o quanto

tória da empresa, uma espécie de família que os

as ideias nascem e são postas e dispostas ao lon-

anos, a experiência e a vontade de vencer trans-

go de poucos dias, num entusiasmo que não tem

formaram no verniz especial com que a LPR con-

medo de propor, mudar, transformar.

quistou o mundo corporativo moderno. Nessa trajetória cotidiana que faz a história de LPR | 174

nho e o divide com os seus, todos os dias.

Pedro não tem modéstia quando fala dessa história. Aliás, nenhum dos membros dessa equi-


a invenção do desafio

pe parece se importar com essa tal modéstia meio

tudo não se lembra, prefere que cada autor de

sem utilidade no cotidiano de trabalho duro da

um “causo” conte sua própria versão.

empresa. Percebe-se, antes, muito orgulho em

Pedro gosta de contemplar o que construiu

cada gesto, orgulho de pertencer a um grupo

com sua grande equipe, pessoas que ajudaram a

de pessoas realizadoras. Talvez também por isso,

montar a LPR como só uma empresa que entende

com esse mesmo sentimento, Pedro percorra to-

de montagem pode fazer.

das as manhãs o corredor da empresa, as salas e

É por isso que, com uma ponta de orgulho

os departamentos, contando e ouvindo histórias

pelo trabalho realizado e outra ponta de inveja

de pessoas de todas as idades. Sabe que não fez

pela juventude da empresa que jamais envelhece,

nada sozinho e também se orgulha disso; sorri

que Pedro Lopes “bate o ponto” todas as manhãs,

ao relembrar fatos dos que com ele fizeram a em-

mantendo viva a ideia original dos primeiros tem-

presa e não se furta a citá-los em cada pedaço de

pos, quando a LPR atual, com seu movimento e

lembrança que lhe vem à cabeça. Mas, avisa, de

prestígio, nem sonhava em existir.

LPR | 175


Diário de bordo

d

o primeiro sonho às mais re-

ou instantâneos feitos por membros da

centes

muitos

equipe em suas viagens para realizar mon-

anos se passaram e a experi-

tagens e logística em diversas regiões do

ência da LPR tornou-se a base

planeta. De Norte a Sul do Brasil, em diver-

para novas conquistas. Um

sas regiões do mundo, passando por quatro

pouco desse trabalho, feito a muitas mãos,

continentes, a equipe LPR levou seu know-

foi registrado para a posteridade, para fu-

-how e também aprendeu a ser melhor.

realizações,

turos aprendizados, e merece ser visto.

Homens e mulheres integraram essa

A esse conjunto de experiências pode-

equipe viajante, buscando conhecimento e

mos chamar de álbum de registros ou um

trazendo experiência, pensando e levando

diário de bordo, cujas anotações são fotos

soluções a clientes mundo afora.

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Da Europa aos Emirados à rabes Unidos, passando pela à sia e circulando por todo o Brasil, a LPR levou sua equipe a diversos pontos do planeta, apta a prestar serviços e apresentar seu estilo de trabalho a povos de variadas culturas. Foi, fez e venceu.

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NOS ESTADOS UNIDOS

Os bastidores em Orlando

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EM TERRAS NORTE-AMERICANAS. Foi na América do Norte que os primeiros voos foram empreendidos no trabalho com a Embraer. Percorrendo o roteiro que incluiu Orlando e Memphis, entre outros locais, a equipe LPR montou os estandes da empresa aérea brasileira e cuidou de cada detalhe da logística dos mock-ups das aeronaves. Valeu o trabalho!

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Preparando o cenário em Miami

MUITO TRABALHO NA MONTAGEM. Contando com a parceria de montadores americanos, a LPR trabalhou com afinco na montagem do grande estande que recebeu os clientes da aviação civil em Miami. Ali também a Embraer teria seu espaço valorizado pela criatividade da montadora brasileira. Nos bastidores, instalados em um grande galpão, o sucesso ganhava forma.

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NA ESTREIA, ร XITO. Os jatos executivos da Embraer ganharam importante espaรงo na feira em Miami, graรงas ao trabalho conjugado de brasileiros e norte-americanos. A LPR, mais uma vez, mostrou seu comprometimento.

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NA EUROPA França

Inglaterra

Espanha

ENTRE OS EUROPEUS. Foi possível realizar um planejamento especial para conduzir a marca Embraer pela Europa. A logística no continente incluiu países como a França (com o Air Show 2007), a Inglaterra, a Alemanha, a Espanha, a Itália e a Suíça. A equipe LPR registrou alguns desses momentos, como a chegada e a montagem do mock-up a Paris (fotos à esquerda) e a Barcelona (foto acima), com a maquete do Phenom 300 da Embraer, em maio de 2008.

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E uma pausa para o registro da equipe

CONHECENDO CULTURAS. A equipe de supervisores e montadores da LPR trabalhou duro nos diversos países para onde levou sua garra e conhecimento. E embora o tempo fosse exíguo e a agenda apertada, sempre houve espaço para praticar o

espírito de família e amizade comum à equipe LPR. Nas pausas, algumas fotos para relembrar o trabalho duro e o prazer de construir e conhecer novas paisagens e as diferentes culturas.

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Na Alemanha, uma fábrica especial

MONTANDO O QUEBRA-CABEÇA. Especialmente arquitetado para a montagem do mock-up da Embraer, na Alemanha, o armazém alugado pela LPR viu nascer o cenário para a estreia do show-room do Phenom 300. Aliás, aí está parte do mock-up Phenom 300 - embalado na chegada à Alemanha, à espera da montagem, em duas ocasiões (fotos ao lado). Em junho de 2007 e em abril de 2008.

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Na Suíça, mais um sucesso

CRIAÇÃO E MONTAGEM DE BELOS ESPAÇOS. Os projetos especialmente criados pela LPR para expôr os mock-ups e receber os clientes da Embraer na Europa atingiram a perfeição. Eram locais projetados para receber em grande estilo, tendo em mente o importante produto que ali estava sendo exposto. Em Genebra, a qualidade dos materiais e da criação ganharam seu ápice na turnê européia. Mais um orgulho para a equipe LPR, que ia conquistando territórios e respeito também no exterior.

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NA ÁFRICA Angola

EXPERIÊNCIA INUSITADA. Foi em Angola que a LPR inaugurou sua participação no mercado externo, abrindo uma frente de trabalho importante para o futuro da empresa. Entre 2004 e 2007, a empresa cuidou, como montadora oficial, da montagem da FILDA, a Feira Internacional de Angola, que levou a equipe a conquistar experiência internacional. Um desafio inusitado.

África do Sul

Em CapeTown, na África do Sul, a LPR marcou presença com a logística do mock-up do avião Phenom 300. Foi em setembro de 2008.

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NA ÁSIA China

DIRETO NA FONTE. A China foi o destino da jornalista Ana Carolina Favarão, do Departamento de Comunicação da LPR. Em setembro de 2008, ela foi em busca de novidades para o setor de móveis, visitando importante feira do setor, realizada na capital Pequim. No diário de bordo estava o objetivo: ampliar o catálogo da área de locações da LPR.

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NOS EMIRADOS ÁRABES UNIDOS Dubai

LOGÍSTICA NOS EMIRADOS ÁRABES. A estratégia da LPR ampliou sua área de atuação quando a equipe de montagem aterrissou em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Na imponente cidade, a LPR cuidou da montagem dos estandes e da logística dos mock-ups das aeronaves Phenom 300 e Lineage 1000, da Embraer. No diário de bordo estava anotado: outubro de 2007.

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NO BRASIL Rio de Janeiro

JACAREPAGUÁ. Fazendo escala no Rio de Janeiro, a equipe LPR registrou sua presença no Aeroporto de Jacarepaguá, com o mock-up da aeronave Phenom 100. Foi em dezembro de 2007.

Belo Horizonte

EM MINAS GERAIS. Belo Horizonte foi escala obrigatória também dos mock-ups da Embraer, para onde seguiu a equipe LPR em janeiro de 2008. Na capital mineira, mais uma etapa do giro pelo mundo anotado no diário de bordo da montadora.

Angra dos Reis

EM ANGRA. A Marina Verolme, em Angra dos Reis (RJ), foi a parada seguinte do mock-up do avião Phenom 100. Ali, mais uma vez, a aeronave da Embraer foi apresentada a clientes muito especiais.

São Paulo

EVENTO INTERNACIONAL. No giro pelo mundo, São Paulo também integrou o diário de viagens da equipe LPR. Atendendo a Embraer, a LPR marcou presença no Athina Onassis International Horse Show, importante evento internacional de hipismo, cuja etapa final foi realizada em São Paulo, em agosto de 2008.

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Em Manaus

NOVAS FRONTEIRAS. Ampliando seu raio de ação, a LPR foi ainda mais longe nas fronteiras brasileiras, levando seu know-how. A equipe foi a responsável pela montagem da V Fiam, a Feira Internacional da Amazônia, realizada em 2009, na capital Manaus.

LPR | 190


LOGÍSTICA AFIADA. Contando com seus 25 anos de experiência em montagem, com logística especialmente afiada para atender longas distâncias, a LPR cumpriu à risca as determinações da V FIAM, em 2009. A feira, que apresenta as novidades em fabricação de produtos da biodiversidade amazônica, contou com 12 mil metros quadrados para abrigar 390 expositores, empresas regionais e delegações de diversos países como o Chile, Peru, Portugal, Japão e Equador, entre outros. Foi um desafio e tanto, cumprido com sucesso pela equipe LPR, trabalhando a milhares de quilômetros de sua matriz, no Sul do país.

Um desafio e tanto, a milhares de quilômetros da matriz.

LPR | 191


No Pará

OPERAÇÃO CIDADANIA XINGU. Somando know-how e forte estrutura de montagem, a equipe LPR foi especialmente destacada para atender a Operação Cidadania Xingu. Trata-se de uma iniciativa da empresa Norte Energia, em parceria com o Governo Federal, que percorreu uma dezena de municípios paraenses levando mutirões de cidadania aos povos do extremo norte brasileiro.

LPR | 192


CIDADANIA COM FORTE ESTRUTURA. A Operação Cidadania Xingu, que aconteceu em agosto de 2011, permitiu a realização de mais de 100 mil atendimentos a moradores das localidades do Pará. Foi montada, na ocasião, pela LPR, uma forte estrutura para atendimento à população, contando com estandes, palcos para apresentações e áreas de atendimento nos setores bancário, de documentação, de políticas públicas, entre outros programas de valorização da cidadania.

LPR | 193


Feiras e estandes

O

s 25 anos de vida da LPR são também a trajetória de evolução do mercado de feiras e eventos. Nessas duas décadas e meia, o setor evoluiu em todos os sentidos, dos

materiais disponíveis à tecnologia de softwares. Esse avanço, aliado à conceituada equipe de designers da LPR, tornou possível projetos que aliam beleza e funcionalidade para o expositor. A LPR soube entender essa evolução, colocando à disposição de seus clientes um sem-número de possibilidades para cada evento e setor. Aqui, alguns exemplos de estandes mistos e construídos, que permitiram utilizar materiais diversos.

LPR | 194


Um cenário de negócios

Beleza e funcionalidade Para expressar o verdadeiro cenário de cada empresa e seus produtos, a LPR constrói estandes com originalidade e beleza, mas não se esquece da funcionalidade e da segurança.

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Estandes externos

Desafios especiais, os estandes externos fazem parte da história da LPR, remontando os primeiros anos em que a empresa se dedicava à organização dos eventos agropecuários no Paraná e São Paulo. Vem daí a semente de imponentes obras, criadas e estruturadas para atrair público e receber clientes especiais das empresas expositoras em grandes shows do setor agrícola, como o Agrishow e a Exposição de Londrina.

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Espaços diferenciados Especialmente para eventos de grande porte, que contam com amplo espaço ao ar livre - caso dos eventos agropecuários -, a LPR tem uma solução para cada empresa. Os projetos levam em conta tanto o paisagismo externo quanto a decoração interna, com destaque para o produto e o cliente, as grandes estrelas das feiras.

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Megashows e megafestivais

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om a montagem de diversos ambientes no Rock in Rio 2011, a LPR selou definitivamente sua experiência em atender grandes eventos. O megafestival de rock - um dos maiores do mundo - foi realizado nos

dias 23, 24, 25, 29 e 30 de setembro e 1º e 2 de outubro, no Rio de Janeiro, e reuniu 160 atrações nos sete dias, movimentando a Cidade do Rock com um público estimado em 700 mil pessoas. Já com o nome consolidado no Rio de Janeiro, a LPR conquistou mais um importante espaço na agenda turística da cidade. No espaço Village, que

Paredão da Eletrônica

funcionou como um shopping, com 28 lojas, a LPR montou o piso deck, a estrutura e a cobertura da fachada, além dos pilares e testeiras de todas as lojas. A empresa também foi a responsável pela cenografia interna da loja Leader (espaço Village), das lojas Hortifruti e de produtos oficiais na Rock Street, a rua cenográfica de 160 metros quadrados inspirada na cidade de New Orleans. Na área VIP, que recebeu cerca de 4000 pessoas por dia, a LPR fez a montagem de balcões e do carpete da tenda. E teve muito mais, conforme demonstram as fotos feitas especialmente na Cidade do Rock.

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Coberturas do Village

Mobiliário especial da Rock Street


Rock in Rio 2011

Balcões e carpetes da área vip Mobiliário do estande do Ecad

Cobertura do mezanino da empresa Souza Cruz

Móveis dos camarins dos palcos Sunset e Mundo

Área interna da sala de imprensa

Móveis dos contêineres da produção

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Bibliografia básica

LIVROS O Desafio - A História do Hospital Evangélico de Londrina. Teresa Godoy, Midiograf II Londrina, 2008. Londrina! Cidade de braços abertos. O olhar de um pé vermelho da segunda geração. José Luiz Alves Nunes. Edição do autor. Londrina, 2010. Londrina Paraná Brasil: raízes e dados históricos - 1930-2004. Associação Pró-memória de Londrina e região. Londrina, 10 de dezembro de 2004. Wilson Moreira e a política da eficiência. José Antonio Pedriali. Instituto Teotônio Vilela. Julho de 2007.

REVISTA A vocação para a indústria de eventos. Entrevista de Rosana Andrade à jornalista Teresa Godoy. Revista Sucesso - Edição 20 - Ed. branco & preto. Londrina, abril de 2002.

JORNAIS Folha de Londrina, edições de: 15 de março de 1984 16 de março de 1984 10 de abril de 1984 12 de abril de 1984 14 de abril de 1984 12 de dezembro de 1984 21 de junho de 1988: Londrina, uma cidade especializada em construir, reportagem de Silvana Leão, para a Folha de Londrina, edição de 10 de dezembro de 2010.

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SITES www.bonde.com.br/folha/folhad.php?id_ folha=2-1--5927-20101022 www.bonde.com.br/folha/?id_ folha=2-1--4494-20101210 www.botschaftangola.de/content.php?offset=48&nav=news/archiv&year=2004&month=7 www.brindice.com.br/noticia/399/feiras-de-negocios-trazem-otimo-retorno-para-empresas-que-sabem-aproveita_las. www.couromoda.com/index.php?http://www.couromoda.com/noticias/setor_ gerais/Gnoticia_3178.html www.estadao.com.br/arquivo/suplementos/2002/not20021121p72325.htm www.fagga.com.br www.feirasdobrasil.com.br/guia/especiais.asp?area=edguia&codigo=1 www.grimmixx.blogspot.com/ www.londrinahistorica.blogspot.com/2011/05/o-centro-de-londrina-em-outros-tempos_17.html www.lpr.com.br www.mda.gov.br/portal/noticias/item?item_id=3891619 www.portalangop.co.ao (portal ANGOP – Agência Angola Press) http://spindola.blogspot.com/2007/06/24-filda-feira-internacional-de-luanda.htmlpt.globalvoicesonline.org/2008/09/28/ angola-um-novo-eldorado-africano-para-estrangeiros/ http://egal2009.easyplanners.info/area05/5766_Nascimento_Gustavo.pdf www.riocentro.com.br

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Este livro foi composto em apple garamond e impresso pela Midiograf Grรกfica e Editora para a LPR sobre papel polen bold LD 80 g, em novembro de 2011. LPR | 202



Tudo começou em Londrina, no Paraná, e hoje está no Brasil e no mundo com toda a tecnologia disponível, o know-how necessário e o comprometimento fundamental. A história da LPR foi montada com coragem e segue com estrutura forte, tendo como base a força da paixão que ergue sonhos em feiras e eventos por todo o Brasil.


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