A Educação Física Na Roda De Capoeira... Entre A Tradição E A Globalização - Paula Cristina D

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se dos estudos de Letícia V.S. Reis (1997) e Carlos E. L. Soares (1994), foi apresentado um panorama de como se davam as relações dos capoeiras no sistema social da época. Ela não expõe a polêmica da origem desta manifestação cultural, limitando-se em inseri-la em seu tempo histórico. Notamos que não há muitos dados a serem debatidos na exposição feita, uma vez que não se trata de um longo histórico e também porque a bibliografia apresentada é bem adequada à proposta, por estarem inclusas as obras mais recentes que tratam do tema. Quando trata da legalização da Capoeira, ela se remete a Salvador e aos dois mestres baianos que redimensionaram sua prática. Recorrendo às observações tecidas por Letícia V. S. Reis (1997) e Luiz R. Vieira (1995), passa a debater os aspectos relacionados à participação dos negros e da camada popular no universo da Capoeira, com a sua liberalização e inserção em recintos fechados, como também aborda, muito rapidamente, a influência da política militarista do Estado Novo em sua configuração. Já no tocante ao período que ela denomina como institucionalização, quando a Capoeira é reconhecida como modalidade esportiva, em 1972, ela aborda as mudanças ocorridas em seu interior. Nessa fase, ela aponta que o local central das ações, no âmbito da Capoeira, passa a ser a cidade de São Paulo, se pautando nas observações de Reis (1997). Um ponto muito interessante apresentado é relacionado à imbricação dos aspectos da cultura popular com a erudita, perpassando no trato da Capoeira, principalmente no interior dos meios universitários. Ela observa esse fato quando apresenta as possibilidades de trabalho com a Capoeira na dança, em terapia alternativa como na antipsiquiatria, como modalidade esportiva, na produção de teses, cursos de extensão, simpósios, etc., sendo que, nesse aspecto, percebemos, mais uma vez, a ambigüidade dessa manifestação cultural. No que se refere à Educação Física, ela percebe o aumento dessa imbricação e o surgimento de uma problemática, pois ao mesmo tempo em que observa, em sua análise, a aprovação da inter-relação dessa área com a Capoeira, vê também as opiniões contrárias a esse fato, como já pudemos expor no decorrer das discussões deste trabalho. Vejamos um depoimento recolhido pela autora, que trata dessa questão: A educação física tem grande participação na deturpação da capoeira: pegaram critérios do esporte, colocaram na capoeira e sistematizaram. Porém, teve um aspecto bom: introduziu a capoeira no 1º e 2º graus (na Bahia). O aspecto mau foi a ‘esportivização’ (E.L.S., 42 anos, mestre) (BRUHNS, 2000, p. 32).

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