A Educação Física Na Roda De Capoeira... Entre A Tradição E A Globalização - Paula Cristina D

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Mas, mesmo assim, o Profº Gladson O. Silva não demonstra exaltar a competição pautada no vencer a qualquer custo. Ele toca na questão da violência nas competições de Capoeira, condenado-a e advertindo os professores, técnicos e mestres, que “devem lembrar e ter em mente que ‘antes de meros formadores de campeões, ele são educadores’ com importante parcela na formação do homem” (SILVA, G.O., 1989, p. 19). Mas sua visão permanece bastante restrita quanto a essa manifestação cultural e ao papel do professor de Educação Física ele diz que [...] os professores de Educação Física, verdadeiros educadores que são, devem educar as crianças desde a mais tenra idade para o esporte sadio, o esporte que educa, o esporte como formador de hábitos sadios para um amanhã melhor, onde os homens, independente de resultados, vencedores e vencidos dêem as mãos e façam uso do esporte como meio de união dos povos e desenvolvimento do corpo e do espírito (SILVA, G.O., 1989, p. 19).

Como vemos, no final da década de 1980, o entendimento sobre a Capoeira expresso por esse professor, advindo da área de Educação Física, ainda era restrito se comparado à guinada demonstrada pelos mestres de Capoeira que se propunham a refletir sobre essa manifestação cultural. Entretanto, a década de 1990 traz consigo novos estudiosos da área da Educação Física, que iniciam a ampliação das discussões sobre esse tema. E é justamente no ano de 1990 que vamos ter disponibilizada uma pesquisa advinda da Universidade Estadual Paulista, campus de Rio Claro, da Faculdade de Educação Física, que buscava apontar, através da análise dos discursos dos mestres, algumas bases referenciais para se compreender a dinâmica do ensino da Capoeira e tentar implementá-la no ensino formal. Em Capoeira: um discurso em extinção, do Profº Augusto Normanha Lima, o autor, logo na introdução de seu trabalho, explicita e admite a ambigüidade do entendimento da Capoeira na sociedade atual e inicia a discussão das várias concepções e opiniões (muitas vezes divergentes, como já vimos) sobre sua origem. Para dar conta desta tarefa, ele aborda os estudos etnográficos do termo Capoeira respaldado em Porto Seguro (s/d), Taynay (1941), Calogeras (1927), Barbosa (1856), Rego (1968), Malheiros (1976), Silva (1989),

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