Romeirinhos do Pai Eterno – nº 81, Nov. 2017

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Dia Mundial dos Pobres Pรกg. 2

Vida Ilustrada do Padre Pelรกgio Pรกgs. 3, 4 e 5

Turminha do Pai Eterno Pรกg. 6

Bonde Pai Eterno Pรกg. 7


PAPA INSTITUI O DIA MUNDIAL DOS POBRES: “NÃO AMEMOS COM PALAVRAS, MAS COM OBRAS”. O Dia Mundial dos Pobres foi instituído por Francisco, na conclusão do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, com uma Carta Apostólica intitulada “Misericórdia e mísera”. A celebração, sinal concreto” do Ano Jubilar, se realizará no XXXIII Domingo do Tempo Comum, que este ano cai em 19 de novembro. O Papa inicia sua Mensagem, com a citação evangélica do tema central: “Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade”.

Estas palavras do apóstolo São João diz Francisco são um imperativo do qual nenhum cristão pode prescindir. A importância do mandamento de Jesus, transmitido pelo “discípulo amado” até aos nossos dias, tem pleno sentido diante das palavras vazias que saem da nossa boca. O amor não admite álibis: quem pretende amar como Jesus amou, deve assumir o seu exemplo, sobretudo quando somos chamados a amar os pobres. Aliás, é bem conhecida a forma de amar do Filho de Deus: “Ele nos amou primeiro, a ponto de dar a sua vida por nós”. Deste modo, a misericórdia, que brota do coração da Trindade, se concretiza e gera compaixão e obras de misericórdia pelos irmãos e irmãs mais necessitados. Contudo, aconteceu que alguns cristãos não deram a devida atenção a este apelo, deixando-se

contagiar pela mentalidade mundana. Mas, o Espírito Santo soprou sobre muitos homens e mulheres que, de várias formas, dedicaram toda a sua vida ao serviço dos pobres. O Santo Padre lembra que, para os cristãos, discípulos de Cristo, a pobreza é, antes de tudo, uma vocação; é seguir Jesus pobre; é o método para avaliar o uso correto dos bens materiais. O nosso mundo, muitas vezes, não consegue identificar a pobreza dos nosso dias, com suas trágicas consequências: sofrimento, marginalização, opressão, violência, torturas, prisão, guerra, privação da liberdade e da dignidade, ignorância, analfabetismo, enfermidades, desemprego, tráfico de pessoas, escravidão, exílio e miséria. A pobreza é fruto da injustiça social, da miséria moral, da avidez de poucos e da indiferença generalizada! O Papa conclui sua Mensagem para o Dia Mundial dos Pobres convidando toda a Igreja a fixar seu olhar, neste dia, a todos os que estendem suas mãos invocando ajuda e solidariedade. Que este Dia sirva de estímulo para reagir à cultura do descarte, do desperdício e da exclusão e a assumir a cultura do encontro, com gestos concretos de oração e de caridade, para uma maior evangelização no mundo. Os pobres diz por fim Francisco não são um problema, mas “um recurso para acolher e viver a essência do Evangelho”.


VIDA ILUSTRADA DO PADRE PELÁGIO Esta é a primeira parte da Vida do Padre Pelágio, em quadrinhos coloridos. É um resumo da sua vida, tão cheia de boas obras em favor dos pobres e enfermos. O processo de sua canonização já está tramitando em Roma. NESTA CASA NASCEU PELÁGIO Era o memorável dia 9 de setembro de 1878 na aldeia alemã de Hausen am Tann, lugarejo aprazível cercado de montanhas, coberto de neve nos meses mais frios do ano. Seus 400 moradores viviam a vida laboriosa e tranquila do campo. Na casa do mestre escola Matias reinava grande expectativa. Eram quase 9 horas da noite quando se ouviu um choro de criança. Era o décimo filho do casal Maria Neher e Matias Sauter, que anunciava sua chegada ao mundo. Três dias depois foi batizado na igreja centenária da aldeia, na mesma pia batismal conservada até hoje. Recebeu o nome de Pelágio. APRENDIZ DE SERRALHEIRO Desde pequeno Pelágio falava em ser padre. Gostava de imitar o vigário celebrando missa. Para isso confeccionou o cálice e as galhetas com pedaços de cera que recolhia na igreja. Seu irmão José fazia as vezes de coroinha. Aos 14 anos, mais para agradar o pai, foi ser aprendiz de serralheiro. Trabalhou apenas dois anos, pois viu que esta não era sua vocação. Houve uma noite em que não conseguia dormir, pensando naquela passagem do Evangelho: “O que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e se perder eternamente!”. Ao amanhecer, levantou-se decidido: “Vou mesmo para o Seminário”.

JUNTO COM SEUS ROMEIROS Quando falamos da festa de Trindade, naturalmente pensamos no Pe. Pelágio. O romeiro daquele tempo vinha a Trindade para ver o Divino Pai Eterno e o Pe. Pelágio. Parece-nos vê-lo ainda no meio daquele povo que conheceu e batizou, sorrindo para todos, e para todos dirigindo uma palavra amiga. Os romeiros sentiam-se felizes e realizados quando conseguiam três coisas em Trindade: Cumprir as promessas ao Divino Pai Eterno, cumprimentar o Pe. Pelágio e ajudar os “pobres do Divino”. Quando a festa terminava, os romeiros voltavam pesarosos, mas alimentando a esperança de voltar no ano seguinte. ARRISCANDO A VIDA PARA DEFENDER A VIDA Pe. Pelágio evitou consequências mais graves num tiroteio sangrento por volta de 1940. Tudo começou com um bate-boca entre os fazendeiros Paulo Pessoa Louzada e Filó Gomes. O conflito foi parar na delegacia de Trindade, gerou voz de prisão para o Paulo, três mortes e outras confusões. Haveria mais mortes se o Pe. Pelágio, chamado urgentemente, não interviesse. Dois rapazes, feridos na briga, tinham sido levados para um quintal vizinho, pois alguns amotinados queriam liquidá-los de vez. Deu-lhes a Unção dos enfermos e ficou barrando a entrada do portão: “AQUI VOCÊS NÃO ENTRAM!” Recuaram atemorizados, diante daquela figura veneranda. Em seguida providenciou a remoção deles para o hospital de Goiânia.


O DIA-A-DIA NA PARÓQUIA Pe. Pelágio levantava-se muito cedo e ia para a igreja. Após o serviço religioso, tomava um café frugal, acompanhado de pão com manteiga. Depois lia revistas vindas da Alemanha, rezava o Breviário e o terço e ficava atento aos chamados. O sininho tilintava sempre:

O teatro foi outro carisma. Escreveu e ensaiou numerosos dramas, operetas e comédias, enriquecendo-os com letra e música de sua autoria. HOMEM DE ORAÇÃO PROFUNDA Pe. Pelágio está recolhido em sua pobre cela e reza. Nunca dispensava a oração do Breviário. Quando viajava, mesmo estando a cavalo, ia desfiando as contas do terço. Gostava de entremear o dia com breves orações, chamadas “jaculatórias”.

— Pe. Pelágio, venha visitar a vó Sebastiana. Está muito “perrengue”. — Pe. Pelágio, acabou o querosene da nossa lamparina... Junto à cadeira onde se assentava para ler e rezar o Breviário, tinha sempre à mão uma caixa com dinheiro miúdo e outra com cereais (arroz, feijão, farinha), para atender os pobres. Assim passava o dia, em Trindade, entre atendimentos e a oração. “A DOENÇA DELE É SAUDADE” Em março de 1946, os Superiores do Pe. Pelágio quiseram dar-lhe um agrado, transferindo-o para o Santuário de Aparecida, centro da devoção mariana e lugar de mais conforto. Enganaram-se, porém. Ele não se acostumou de jeito nenhum. Começou, inclusive, a adoecer. Mas não reclamou nem se queixou. Chegaram até a levá-lo ao médico, que o examinou e disse ao seu Superior: “A doença dele é saudade”. Seus Superiores reconsideraram o caso e o devolveram para Goiás. Dizem que o santo velhinho rejuvenesceu. Em outubro do mesmo ano, ele estava sendo recebido festivamente em Trindade.

Era homem de oração e fé muito profunda. Tão profunda que contagiava quem com ele se encontrava. Suas atitudes eram as de quem vivia na presença de Deus. Embora pisando na terra, não desviava os olhos do céu. Desse amor a Deus, brotava o amor ao próximo. Foi dialogando com Deus que ele aprendeu a falar com o povo. Foi um autêntico “homem de Deus” segundo a Bíblia. O POMAR DOS PADRES ERA UMA TENTAÇÃO Meninos empoleirados na mangueira do quintal dos padres estão chupando manga às escondidas. Pe. Pelágio chega e fica rezando o Breviário, como se não os tivesse visto. Eles percebem e se escondem entre as ramagens. O tempo passa e o padre não vai embora. Quem iria desistir primeiro nesse jogo de paciência? Por fim um deles, não se aguentando mais na mesma posição, pediu suplicante: “Padre, deixe a gente descer”. Pe. Pelágio tirou os olhos do Breviário, olhou para cima, e respondeu rindo marotamente: “Eu nem sabia que vocês estavam aí. Podem descer. Mas peçam licença quando quiserem chupar manga”.

MÚSICO E TEATRÓLOGO Quem olhasse para aquele homem de aparência humilde e sotaque estrangeiro, jamais imaginaria que no seu íntimo se escondiam grandes dotes artísticos. Conhecia todos os segredos da música. Dominava o harmônio e o órgão. Sabia tocar outros instrumentos, como bandolim, violino, gaita. Foi maestro e professor de música. Formou e acompanhou diversos corais e grupos de cantores. Ensinou muitos a tocar instrumentos musicais.

PAI DOS POBRES Pe. Pelágio está repartindo donativos entre seus pobres durante a festa de Trindade, ajudado pelo inseparável amigo Hermínio. Perto vê-se o boníssimo Pe. Sebastião, seu colega de Seminário, o “padre das cobras”. O pobre sempre ocupou um lugar privilegiado no coração do Pe. Pelágio. Não construiu obras de assistência, mas formou corações. Nas suas pregações procurava inculcar dois amores: ao Divi-


no Pai Eterno e aos pobres. A romaria não estaria completa, se não fosse dada uma ajuda aos pobrezinhos, filhos prediletos do Pai Eterno. Uma vez mandou a própria cama para um doente pobre que visitara dias antes. REFÚGIO DOS DOENTES Em 1957 Pe. Pelágio veio residir no bairro de Campinas, a 20km. de Trindade. Foi nesses últimos cinco anos que seu carisma curativo se revelou com toda a intensidade. Primeiramente começou a reunir os doentes na sala de visitas do convento. Depois passou para a igreja matriz, em dois períodos diários: às 10 e às 15 horas. Os doentes vinham às centenas. Agora ele está benzendo a menina Teresinha (de Pontalina), com problemas de garganta. A medrosinha fugia sempre no dia da operação. Por fim foi levada ao Pe. Pelágio, que foi direto no lugar afetado. Deu a bênção, e ela sarou sem cirurgia. O doutor se cansou de esperar a menina fujona. SEUS ÚLTIMOS DIAS. E assim chegou novembro de 1961. Uma charrete (aliás, uma carroça) veio buscar o padre para sacramentar um doente no Setor Santa Genoveva. Pe. Pelágio pegou a bolsa com o necessário para esse sagrado mister, e se acomodou na carroça, auxiliado pelo carroceiro. Este deu de rédeas, e o animal saiu a trote. Atendeu o enfermo e tomou o caminho da volta. Tudo acabaria bem, se não fosse a chuva que começou a cair, molhando a ambos. As consequências não demoraram. Pegou forte gripe, que acabou em pneumonia. A doença foi complicando. Não se alimentava mais. As forças definhavam. Sobreveio forte dispneia, que o levou para a Santa Casa. MORTE SANTA. Amanheceu o dia 23 de novembro. O médico que o visitou de manhã, constatou que seu estado se agravara durante a noite. Padres e freiras foram chegando. Muita gente rezava e velava nos corredores da Santa Casa.

Depois do meio dia começou a agonizar. O desenlace foi rápido. Dom Antônio e os sacerdotes presentes deram-lhe a absolvição geral, enquanto o Pe. Marques administrava a Unção dos enfermos. Depois foi se apagando lentamente, sem a mínima contração facial. A Rádio Difusora deu em primeira mão a infausta notícia, e entrou de luto com programação especial. A notícia se espalhou em poucos minutos: - Morreu o Pe. Pelágio. NO DIA DO ENTERRO: O PRIMEIRO MILAGRE. Goiânia parou no dia do enterro. Cerca de 50 mil pessoas acompanharam o caixão mortuário que foi levado na palma da mão até o cemitério Santana. Nesse dia aconteceu talvez o primeiro milagre: Isabel Camargo Freitas, com trombose na perna, em estado gravíssimo, pediu que a levassem na cadeira de rodas até a porta da casa onde estava hospedada. Segundo a medicina, somente uma cirurgia poderia salvá-la. Ao passar o féretro ela pediu: “Pe. Pelágio, me cure, por amor de Deus”. Depois fez questão de voltar caminhando para o interior da casa. Estava completamente curada. Faleceu com 95 anos (12/02/2004). SOCORRE TAMBÉM DEPOIS DA MORTE. Foi por volta de 1965. Um homem havia comprado uma mula para puxar carroça, mas sabia que a danada tinha birra de caminhão. Bastava escutar o ronco para endoidecer. O carroceiro ia tocando estrada a fora com a esposa e uma filha. Ao chegar num cruzamento, perto de Turvânia, surgiu um caminhão. O ronco e a buzina causaram tal pânico, que ela desembestou. O carroceiro invocou o Pe. Pelágio, quando a mula ia precipitar-se numa barroca com carroça, passageiros e tudo. Nesse mesmo instante ela estacou toda trêmula, cravando os cascos no chão. Este é um dos muitos casos extraordinários que continuam acontecendo, graças à intercessão do Pe. Pelágio junto ao Divino Pai Eterno.





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