Crianças

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Crianças um espaço para a infância

Balneário Camboriú, julho de 2011

Edição 3

s a ú d e

n u t r i ç ã o

e d u c a ç ã o

Fique alerta aos sintomas! Seu filho pode ser diábetico

Em discussão: crianças que comem pouco

Segurança na internet: os pais precisam aprender a usar a rede

p á g i n a

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p á g i n a

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Balneário Camboriú . julho . 2011

e d i t o r i a l

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o p i n i ã o

E d i t o r i a l

E s p a ç o

Um espaço para a infância

‘Eu não sei’ é um bom começo

Essa edição do suplemento Crianças traz informações a respeito da diabetes Tipo 1, que se desenvolve na infância e merece muita atenção, porque pode trazer sequelas irreversíveis. Você vai saber também como pode melhorar a segurança do seu filho na internet e ainda como lidar com a sexualidade da criança no meio de toda a banalização a que somos submetidos. A entrevista desse mês é com Catia Franzoi, presidente da AMA Litoral-SC, única entidade especializada que presta apoio a autistas e familiares em Balneário Camboriú. Ela fala não apenas da entidade, mas da experiência de ser mãe de um autista. Esse caderno ganhou algumas reformulações e conta agora com a participação de três colunistas que irão escrever sobre temas pertinentes a suas áreas de atuação: Melania Horst é educadora com larga experiência nos processos de educação e formação do indivíduo. Claudete de Morais é psicóloga, pedagoga e tem formação psicanalítica. Marcela Descio é nutricionista especializada em Nutrição Funcional, estuda a ação de cada alimento no nosso sistema e no caso específico da infância, como a alimentação pode agir em benefício ou contra a saúde e o desenvolvimento. As crianças também terão um espaço para desfrutar. A contracapa se destina a elas, com passatempos e a cada edição um conto diferente, apresentado pelo contador de histórias Daniel Santos, que integra o grupo NHOC, de Itajaí, e também trabalha com os pequenos há muitos anos. Esperamos que os leitores interajam mandando opiniões, sugestões e críticas. Queremos de fato, oferecer um espaço para a discussão da infância, e contamos com a colaboração de todos que tenham esse interesse. Sejam bem vindos e boa leitura.

E x p e d i e n t e Suplemento ‘Crianças - um espaço para a infância’ é uma publicação trimestral do jornal Página 3 Produção: Fernanda Schneider Cezar (roteironanda@pagina3.com.br) Digramação: Fabiane Diniz (fabiane@pagina3.com.br) Redação: Rua 2448, 360e - Centro - Balneário Camboriú - Santa Catarina Fone/Fax: 3367-3333 Email redação e comercial: criancas@pagina3.com.br Artigos assinados e colunas não refletem necessariamente a opinião deste caderno Edição 3 - Tiragem 3000 exemplares

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l e i t o r

Por Caroline Cezar

Estava em dúvida sobre o que escrever nesse espaço, vinha pensando há dias. Hoje, por diferentes vias, chegaram até mim três pequenos vídeos. O primeiro abordava o projeto “Nós no Morro”, que acontece no Rio de Janeiro há duas décadas. É um projeto digno, mas não vou aprofundar, convido-os a assistir o vídeo. O que mais me chamou atenção foi uma frase que um professor de artes usou quase no fim: “...o teatro te libera, te dá oportunidades e viagens inimagináveis, e as vezes essas viagens não condizem com a linguagem que tá na sua família, no seu dia a dia... então quando você consegue ser você na escola, na casa, na família...eu acho que conquista”. Aquele “quando você consegue ser você” ficou ecoando na minha cabeça. Como nós, pais e cuidadores, podemos encaminhar os filhos para descobrir o seu próprio caminho, descobrir a ser eles? Que ferramentas podemos oferecer? Como podemos tirar as nossas crenças e travas e medos do caminho desses descendentes? Até que ponto podemos interferir, sem ferir? Até quando nosso cuidado e proteção não é castração? E nós? Já conseguimos descobrir quem somos? O segundo vídeo do dia foi um depoimento da escritora africana Chimamanda Adichie sobre os perigos de conhecer apenas uma versão das histórias. Os estereótipos que construímos dia após dia e multiplicamos por aí. A nossa acomodação e ausência de porquês, a falta de curiosidade e conhecimento propriamente dito, aliás, a renovação desse conhecimento. O “sempre pensei que era assim” cristalizado nas nossas prateleiras. A nossa visão rasa de quase tudo e a distorção que nasce disso. As lendas. A falta de perspectiva. A superficialidade. Que lugares-comuns repetimos aos nossos filhos na educação cotidiana? Que visão de mundo apresentamos a esses que tanta confiança nos depositam no modus operandi de levar a vida? Quais as verdades que proferimos? O terceiro vídeo, uma história catarina, sobre família que passou de dois para seis filhos da noite pro dia. Estavam percorrendo casas de adoção, pensando na idéia, se encantaram pela menina, a menina tinha irmãs, três. E assim foi, tudo contado na velocidade de 60 segundos, que foi o tempo televisionado estipulado para tal. Consistente que chega: “não somos ricos, não temos poder financeiro, mas temos uma coisa que a gente pode dividir com quem tá precisando, que é o amor. A gente consegue com o amor resgatar outros valores que a gente sequer lembra que existe. Você não precisa esperar um filho, e sim conhecer um filho”. Os três vídeos, teoricamente, não têm nada a ver um com o outro, mas convergem abruptamente para o lugar que me deixa mais confortável quando o assunto é crianças. Ao invés de ditar regras, sugerir fórmulas, rezar cartilhas, prefiro as perguntas. É através delas, todos os dias, e com menos reação, que nos tornaremos realmente capazes e responsáveis pela (re) educação de alguém. Começando pela nossa. *os vídeos estão postados na coluna Ex pressão (www.pagina3.com.br/coluna/expressinha) mas podem ser facilmente encontrados no Google.

Para participar desse espaço envie email: criancas@pagina3.com.br

Concurso de ilustrações Fernanda Schneider

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romovemos um concurso de ilustrações com alunos dos 4º e 5º anos da escola municipal Tomaz Francisco Garcia, em Balneário Camboriú. As crianças fizeram suas representações sobre o tema ‘Minha brincadeira favorita’. A psicopedagoga Silvana Lima e a pedagoga Debora Furlin, da Univali, fizeram a seleção de três desenhos e ressaltaram alguns aspectos: no desenho que ilustra a capa, ficou evidente que a criança deve realmente vivenciar as brincadeiras na praça, é um resgate às brincadeiras na rua. A representação do vôlei chamou atenção, porque não é um esporte que os alunos costumam ilustrar e os traços bem delicados, a riqueza dos detalhes também impressionaram. No terceiro desenho, ficou registrada a preocupação com o campo de futebol e a alegria através das cores. Os três selecionados foram premiados com passeios ao Parque Unipraias (e ingressos para o Youhoo!, o carrinho de aventuras do parque).

*Estamos preparando para a próxima edição um concurso de redações aberto à todas as crianças. Para saber mais acesse o www.pagina3.com.br


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Balneário Camboriú . julho . 2011

Diabetes: criança também tem Fernanda Schneider

Olhar terapêutico C l a u d e t e

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M o r a i s

Psicóloga - claudetedemorais@yahoo.com.br

Umbigos ambulantes A cada dia cresce o índice de ‘umbigos ambulantes’ a circularem em nosso meio, cujas posturas refletem o sentimento de poder. ‘Eu sou o centro, tudo gira em torno de mim’. São egocêntricos e muitas vezes tiranos. Infelizmente este comportamento encobre uma dependência afetiva significativa, geradora de muitos sofrimentos para a própria pessoa, como também para os que interagem com elas. Este procedimento infantil relaciona-se à baixa tolerância ao sofrimento e frustrações. Questionamos a construção destes ‘umbigos ambulantes’. Quais são as causas? As causas estão em parte, relacionadas com a educação. Tudo começa na infância na maneira como pais ou representantes desta função direcionam o processo de desenvolvimento do ser. Uma criança que tenha sido superprotegida e poupada de qualquer desafio, com o discurso que ‘ainda é pequena coitadinha’, que não tenha recebido limite nem noções de responsabilidades nos primeiros anos de sua vida, possivelmente não terá a estrutura emocional necessária para enfrentar as adversidades. Certamente não saberá lidar com as frustrações, perdas e principalmente com a dor. Diante das mesmas, desabará. A tendência é que estas crianças passem a ser regidas pelo instinto do prazer na busca frenética da realização de seus desejos. Observa-se através de suas condutas que já são pequenos ‘umbigos ambulantes’, demonstrando o sentimento de que tudo gira em torno do seu umbigo. Quando contrariadas, apresentam crises de birra, chiliques, atitudes agressivas. Estas crianças são egocêntricas, não têm autocontrole, denotam dificuldades em compartilhar, em se colocar no lugar do outro ou priorizar o bem estar coletivo. Lamentavelmente existem muitos pais prisioneiros da tirania de seus próprios filhos, que se impõe direcionando a vida do grupo familiar. Cabe a eles ficarem atentos a esta armadilha, que em nome do amor montamos para nós mesmos, sem termos a consciência de seus reais danos. É imprescindível ensinar a criança a lidar com suas frustrações, medos, perdas, levando-as ao entendimento que estes momentos podem se tornar de grande aprendizado para a sua vida, usando sempre o diálogo permeado de muito amor. Se seu filho chorar de frustração, deixe-o chorar, se necessário for, chore junto! Tornemse parceiros neste momento de dor, para serem parceiros na alegria, nos desafios e nas vitórias.

Roberta Fernanda Voltolini psicóloga

Atendimento

Dificuldade em aprendizado Concentração - Ansiedade Depressão - Insegurança Medos - Fobias Disturbios do sono Disturbios alimentares Agressividade, Hiperatividade Conflitos familiares Instituto de Psicologia

Rua916, nº 461 Fone: (47) 3363.4590

Rua 916, nº 461 Centro . Baln.Camboriú

Fone: 47 3363-4590 / 8418-3786 rofevoltolini@ibest.com.br

Lorena ladeada pela mãe Cerli e a irmã Nataly: vida normal com tratamento adequado.

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ontade intensa de urinar, muita sede e fome, associados à perda de peso, são sinais clássicos da Diabetes Tipo 1, doença crônica, grave, que começa na infância e antigamente era considerada de adultos. O pâncreas para de produzir a insulina, por isso o diabético precisa diariamente repor insulina e controlar a glicemia (nível de açúcar) no sangue. Apesar de o fator genético predominar, é frequente casos de crianças diabéticas que não possuem antecedentes na família, por isso, importante fazer exames de rotina, especialmente se a criança apresentar algum dos sintomas.

“Eu era a única diabética na escola” A estudante Lorena Cristhine Lebber tinha sete anos quando foi diagnosticada com diabetes. Durante 15 dias ela chegava cansada e irritada do colégio e fazia muito xixi. A mãe, Cerli, estranhou, mas não cogitava a hipótese da doença. Nem mesmo quando a filha ficou extremamente pálida e emagreceu muito. “Achava que podia ser hepatite. Ela não tinha convênio e naquela época de final de ano no hospital não queriam atender porque não achavam que fosse grave. Então um dia ela já nem caminhava mais, estava entrando em coma, perdeu mais de cinco quilos de um dia para o outro”, relembra. Quando o médico anunciou a diabetes, Cerli custou a entender a gravidade da doença. Pensava que o tratamento seria basicamente cortar o açúcar, mas foi surpreendida com a notícia de que a filha precisaria a vida inteira de injeções de insulina. “O médico disse que se ela ficasse um dia sem aplicar, podia morrer. Foi horrível, a ficha demorou a cair”. Hoje, Lorena tem 13 anos e o fato de ser diabética não a impede de levar vida normal, com algumas restrições às quais se acostumou. Há seis meses criou um blog de apoio (www.grupodediabetes.webnode. com.br),que já teve mais de 600 visualizações. Uma semana depois que saiu do hospital, naquela época, aos 7 anos, ela aprendeu sozinha a se aplicar insulina e nunca mais permitiu que nem a mãe ou qualquer outra pessoa fizesse. No começo foi difícil, até a 4ª série ainda acontecia de alunos na escola se afastarem porque achavam que iam se contaminar. “Eu era a única diabética em toda escola. Já aconteceu de eu estar apurada para ir ao banheiro e o professor não deixar sair. Fui na direção e contei. Depois disso mudou muito, os professores explicaram o que é. Hoje até os amigos às vezes lembram que eu não posso comer isso ou aquilo e alguns deixam de comer para não me fazer vontade”, diz Lorena.

Grupo de Apoio O grupo de apoio a diabéticos e familiares existe no PAI (Posto de Atendimento Infantil) em Balneário Camboriú há pouco mais de dois anos e possui 22 pessoas registradas, entre crianças e adolescentes. O local além de prestar apoio, oferece uma reunião mensal e fornece todo o medicamento necessário (o governo tem o dever de fornecer). Assim como a Lorena, muitos participantes do grupo descobriram a doença após um coma. A obesidade é um fator desencadeante, além disso, o fato de comer muita ‘porcaria’ também pode desenvolver a diabetes. “É muito açúcar no organismo e não falo só de doce, porque outros alimentos contém açúcar. Isso compromete o funcionamento do pâncreas, que produz a insulina”, explica Carina Heil, coordenadora do grupo.

Sequelas irreversíveis A alimentação saudável é fundamental no tratamento. Achar que só cortar o açúcar basta, como a mãe da Lorena achava, é comum, mas a dieta vai além. Isso porque todo carboidrato que ingerimos se converte em açúcar quando entra na corrente sanguínea, ou seja, carboidratos devem ser evitados ou consumidos com moderação. “No começo foi complicado porque seguíamos muito à risca, começamos a comer tudo integral, depois fomos variando. Mas o mais difícil mesmo foi acostumar com o adoçante”, lembra Lorena. Os produtos desenvolvidos para diabéticos são poucos e ainda muito caros e inacessíveis a alguns pacientes. Eles acabam por exemplo comprando o adoçante normal, mas existe um adequado, cujo preço não cabe em todos os bolsos. A coordenadora do grupo de apoio está preocupada em relação ao posicionamento dos pais ou adultos responsáveis no que diz respeito à alimentação e ao tratamento em geral. “É o bicho de sete cabeças, porque a alimentação é tudo né? Aí as mães perguntam, ‘mas quando a glicemia estiver baixa posso dar uma porção de batata frita?’ Não não pode. É carboidrato, fritura. Tem pai que diz ‘ele quer muito um docinho, não posso deixar ele sem’ e a gente explica: ele vai morrer”. As fitas para medir a glicemia são disponibilizadas, mas nem todos os pais buscam. “Como eles estão controlando essa glicemia?”, emenda Carina. A falta de tratamento ou o tratamento inadequado podem causar sequelas irreversíveis como cegueira, mau funcionamento dos rins e amputação de membros. Contato do grupo de diabéticos: 3360-8821.


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n u t r i ç ã o

Crianças, que não comem, precisam ser olhadas com amor

Divulgação

Nutrição sem mitos M a r c e l a

D e s c i o

Nutricionista - mdpersonaldiet@yahoo.com.br

O paradoxo do leite Muito se fala a respeito da importância do leite de vaca no desenvolvimento de ossos fortes e saudáveis, que a criança precisa consumir diariamente leite ou seus derivados para atingir as necessidades diárias de cálcio. Mas, será que a natureza seria tão limitada a ponto de colocar um nutriente fundamental para a vida apenas no leite de outro animal? Será que o leite de vaca é tão crucial para a saúde do seu filho? Para conseguirmos entender melhor, temos que revisar ou aprender alguns conceitos a respeito do metabolismo do cálcio. O cálcio necessita de ph ácido no estômago para ser ionizado, ou seja, ficar na sua forma livre. Somente o cálcio ionizado é absorvido. Já no sangue, para que o cálcio se fixe ou permaneça no osso, o ph deve ser mantido alcalino. Outro fator determinante para fixação do cálcio no osso é a presença de alguns nutrientes específicos, como por exemplo, o magnésio. Progresso - Heloisa é acompanhada por uma nutricionista e hoje já come as verduras misturadas na comida.

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ocê deve conhecer ou ter ouvido falar de alguma criança que tenha dificuldade para comer. Pode se tratar de uma situação passageira, mas quando vira rotina, merece atenção. Dizer que é birra e deixar para lá, não adianta, é preciso olhar com atenção e dar apoio. A nutricionista Daiana Koch afirma que a procura por ajuda para crianças com sobrepeso e crianças que não comem é equivalente e diz que os motivos para uma criança não se alimentar adequadamente podem ser vários, geralmente de ordem emocional. O fato dos pais trabalharem fora o dia todo e os filhos ficarem sob outros olhares ou porque não foram estimuladas a comidas saudáveis desde cedo, ou porque precisam chamar atenção e ainda porque não gostam de determinadas comidas (crianças também têm preferências), podem ser alguns desses motivos. A pedagoga e consultora educacional Soraia Cordeiro D´Avila, 33, percebeu cedo que a filha Heloísa,4, comia pouco. A menina foi crescendo e o problema se agravando. “Sempre fui muito regrada, mas é difícil por causa da influência da sociedade, não dá só para oferecer o que é saudável. E ela dizia ‘não gosto disso, daquilo’, mas salgadinho e bolacha comia todos, e eu trabalhando fora, não estava ali para olhar”. Ano passado os exames pedidos por um endocrinologista constataram colesterol alto, o que surpreendeu a mãe, já que a alimentação da menina era arroz, carne e macarrão sequinhos. O médico então explicou que a carne provoca o colesterol alto e a falta de frutas e verduras também. Durante a manhã, Heloísa comia pão bisnaguinha (pobre em nutrientes) e em seguida estava com fome. A mãe oferecia apenas frutas e a filha começou a não pedir mais nada. Novo exame e o resultado: triglicerídeos aumentados. “Sou pedagoga e por isso mesmo ficava ainda mais preocupada. Minha filha largou de mão a alimentação”. A escola da Heloísa registra fotos no Orkut e numa delas, aparecia a menina comendo o lanche oferecido lá e na outra comendo os restos dos lanches das amigas. “Aquilo foi a gota d´água”,conta Soraia, que procurou a ajuda de uma nutricionista. A família toda teve que se adequar a uma nova alimentação, que prioriza produtos lights e integrais. O amado pão francês por exemplo, agora é artigo de luxo para os finais de semana. Heloísa passou a

levar lanches feitos pela mãe, todos seguindo a nova dieta. “Comecei a moldar o pão de linhaça nas forminhas de docinhos de natal. Era pão de coração, estrela e como fez sucesso entre os colegas, ela ficou orgulhosa e começou a comer”. Um mês depois da dieta sugerida pela nutricionista e com o apoio da família, o colesterol da menina estava perfeito. “Minha filha ainda não come frutas, mas a gente chega lá. Não é louca por verduras, mas já come misturado com outras comidas e continua comendo pouco. Até hoje ainda não achei um porquê, mas já entendo que é dela, da estrutura dela e respeito isso”.

A responsabilidade é dos pais As técnicas para incentivar uma criança a comer podem ser várias, mas só funcionam se os adultos as mantiverem e o que dá certo para um nem sempre dá para outro. Aquela história de ‘não quer comer agora, então vai comer o almoço à tarde’, só acontece se os pais são preparados para fazer isso. “Dependendo do caso, em três dias a criança melhora. Agora faz um dia e no mesmo dia fica com pena, não respeita aquela situação que você mesma impôs, não pode. É bem comum a criança não querer comer e os pais darem um sorvete por exemplo”, diz a nutricionista Daiana. A preocupação de mães e pais é compreensível, mas falar sobre isso na frente do filho ou debochar das situações, é reafirmar o problema. “Tem mãe que chega desesperada e a criança ali junto andando pelo consultório. Aí eu faço a dieta e digo para incluir tal alimento. ‘Ah, não adianta, não vai comer’, ou seja, pré-antecipa. Em 99% dos casos, a culpa é dos pais”, constata Daiana. Entre as sugestões que ela dá, uma é especial: observe o que a escola do seu filho oferece e confira se o cardápio do caderno é de fato o que está sendo servido. A escola da Heloísa por exemplo, servia até pizza, sem conhecimento dos pais. Outra dica: apresente os alimentos saudáveis repetidamente e mais do que isso, coma junto. Uma alimentação inadequada na infância pode trazer problemas sérios na saúde e no comportamento do indivíduo, se não for levada a sério.

E o leite, o que tem a ver com isso? Tudo! O leite prejudica a absorção do cálcio pelo fato de alcalinizar o ph do estômago e acidificar o ph do sangue. Quando o estômago fica com o ph alcalino, o cálcio não fica na sua forma livre. Além do que, com a acidificação do sangue, o organismo recruta cálcio dos ossos, a fim de tamponar o pH sanguíneo. O leite realmente possui muito cálcio, porém contém quantidades ínfimas de magnésio. A presença de magnésio em quantidades adequadas é essencial para fixação do cálcio no osso. Sem magnésio, o cálcio fica livre e acaba calcificando os tecidos moles, o que pode desencadear, na vida adulta, a aterosclerose e hipertensão devido ao endurecimento dos vasos sanguíneos. Pensando em incluir alimentos fontes de cálcio que não sejam de origem animal, selecionei uma pasta de feijão branco que pode ser consumida junto com a refeição ou pode substituir o queijo no pão. *PASTA DE FEIJÃO BRANCO Ingredientes: 2 xícaras de feijão branco cozido / 1/3 xícara de azeite de oliva / 1 colher de sopa de tahine (pasta de gergelim) / Sal marinho. Temperos: manjericão, manjerona, salsa, cebola, alho, orégano, pimenta, salsinha, cebolinha, hortelã, mostarda, curry, cúrcuma, alecrim. Modo de Preparo: Bata todos os ingredientes no liquidificador ou processador e sirva.

Modalidades infantis Natação - a partir de 4 meses Taekwondo - Defesa pessoal Jiu jitsu - Judô

Rua 910, 574 3367-0822


c o m p o r t a m e n t o

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Sexualidade infantil: o olhar erotizado é dos adultos

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alar de sexo com uma criança é saudável. Ao contrário do que pensam alguns adultos conservadores, é respondendo aos questionamentos dos filhos adequadamente que se permite que eles se tornem pessoas seguras e bem informadas. Não precisa abordar o assunto, mas conversar (sem enfeitar muito) quando surgem as perguntinhas embaraçosas. “O adulto se perde quando pega aquilo que a criança está perguntando e transfere para o seu mundo, onde tem pensamentos e uma sexualidade já erotizados”, diz a psicóloga Elaine Raymundi. O exemplo clássico vem daquela ‘como eu fui feito, como nasci?’. Respeitando a maturidade de cada idade, o correto é dizer que nasceu de uma relação sexual entre o pai e a mãe. Outro erro é dar nomes engraçadinhos como ‘bilu’ e ‘perereca’. É mais simples dizer pênis e vagina. O que há de feio e errado nisso? Mas sexualidade é nato, não se restringe ao sexo. Começa no ato de amor ao trocar um bebê, na maneira como a mãe/pai tratam isso, e segue vida afora. “Uma criança de até três, quatro anos é muito bonitinha, pode andar pelada pra lá e pra cá em qualquer lugar no meio de todo mundo. De repente ela não pode mais e ninguém explica porquê e quando explica é ‘porque é feio’. Ponto final. Mas tem que explicar que na sociedade em que a gente vive a roupa faz parte da nossa cultura e é necessária para se proteger e proteger a intimidade”,orienta Elaine. A questão é que hoje estamos vivendo a banalização do sexo, nossas crianças são ‘bombardeadas’ por estímulos diários e isso, segundo a psicóloga, queima etapas do desenvolvimento. Alguns estudos científicos apontam inclusive que meninas estimuladas precocemente, menstruam mais cedo. “Acaba influenciando toda uma mudança biológica, não só emocional. E os pais são responsáveis. Porque na novela diz que a censura é 12 anos, então não é a novela que está no lugar errado, é a criança que está. Não é a criança que vai lá e compra um dvd com todas essas dancinhas que estimulam a eroticidade. É o adulto, que acha o máximo enquanto ela está dançando ali na sala. Isso de dizer que é namoradinho, não é. É amigo. Namoro é coisa de adulto”, pontua a psicóloga. Alguns sinais servem de alerta para os pais, como a curiosidade excessiva sobre sexo, perder muito tempo (e deixar de brincar) para se tocar – masturbação

Reprodução

excessiva. A medida nesses casos não é estabelecer uma âncora na situação, mas chamar para uma conversa, acolher e buscar ajuda se achar preciso.

“Na minha casa é tudo muito normal” Mãe de três filhas pequenas (com 10, 8 e 3 anos), a pediatra Suzana Regina Lira, já se confrontou com situações que julgou engraçadas e tratou com naturalidade todas elas, como por exemplo quando uma das filhas ‘descobriu’ o pé da cama e gostou. “Há uns anos, estávamos todos na sala assistindo um filme e eu estava fazendo massagem nas costas do meu marido

com um massageador que vibra. Depois as meninas pegaram o aparelho e começaram a experimentar no corpo delas. De repente eu ouço ‘olha só mãe, na xexeca é mais legal’. Achei graça, mas não estimulei e disse que em outras partes do corpo também era gostoso, agi naturalmente”, lembra Suzana. Para ela, essa é a chave da confiança que pretende manter com as filhas. Outro cuidado que a pediatra tem é de não incitar a sexualidade precoce assistindo novelas ou programas apelativos. “Nas casas de amigos onde isso acontece, percebo meninas com comportamentos de adolescentes. Claro que me preocupo com a adolescência, gravidez precoce, as doenças, por isso tem que ter muita conversa e deve começar cedo”.


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Para ajudar seu filho, é preciso aceitar a maneira como ele veio para você” Cátia Franzoi, 45, é um exemplo de determinação. Motivada pelo caso do filho Lino Jr, fundou há 6 anos a AMA Litoral-SC (Associação de Pais e Amigos do Autista), única entidade especializada em Balneário Camboriú. O objetivo maior: ajudar os autistas e também os pais a conviverem e compreenderem seus filhos. Há um ano e meio, a associação passou a funcionar reeconhecida como sendo de utilidade pública, com atendimentos multidisciplinares e convênios com a prefeitura e o SUS. Atualmente, 24 autistas estão em tratamento, nove na fila de espera.

“Foi um baque. Voltei para casa sem rumo, porque não sabia o que fazer, olhava para ele e ele era normal...” Crianças - As definições sobre autismo ainda são confusas... Catia Franzoi – É. O autismo é uma síndrome cujas causas ainda não estão completamente explicadas. Os últimos estudos apontam para a genética, uma deficiência na entrada dos neurônios, que eles são mais curtos que o normal e isso causa algumas consequências na imaginação, interação social e comunicação. C – É uma síndrome limitante e o diagnóstico é difícil não? C.F – Hoje em dia já está um pouco mais fácil, porque já se tem muito mais informação. C – Que sintomas os pais pode identificar no filho pequeno? C.F – Eles não têm a troca de olhar, agem como se fossem surdos, está brincando e fica naquilo ali, não responde. Lembro que quando meu filho era pequeno, a gente andava com um despertador atrás dele, mas ele não respondia...

C – O autismo de auto funcionamento é quando a criança tem mais capacidades? C.F – Isso. Já nascem com a fala, os outros têm que trabalhar muito e às vezes nem se consegue que eles falem, acham outra maneira de se comunicar. A limitação é mais no contato social. E outra característica, eles levam tudo ao pé da letra. Se você fala que vai chover canivete, para eles vai chover canivete. A gente tem que ter cuidado com isso. C - O tempo de resposta é muito pessoal não? O objetivo maior é fazer com que eles se tornem mais sociais? C.F – Isso. E mais que o convívio social, ter a maior independência possível também. C – As crianças autistas também frequentam a escola regular. Precisam de um tratamento individualizado?

Catia e Lino: ‘ele compreende tudo, só não gosta de conversar’.

C.F – Algumas crianças não precisam, mas para iniciar é interessante que tenha um segundo professor em sala. A gente fica feliz que esse projeto (inclusão) existe aqui na rede municipal, porque beneficia os autistas. C – Os autistas são agressivos? C.F – Não. Mas muitos acabam sendo agressivos por não serem compreendidos, você tem que falar as coisas que vão acontecer para eles se programarem. Sair da rotina incomoda.

C – ... e ele estava ouvindo...

C – E existe muito equívoco não? Por exemplo isso de associar autista com agressividade...

C.F – Sim e entendendo tudo. Eles são muito práticos e inteligentes. Conheci uma psicóloga que dava um exemplo bem simples: você imagina o arco íris e as cores representam os graus do autismo. Do branco, de auto funcionamento (asperger) até os de alto grau, que são os que têm mais dificuldades.

C.F – É. E as pessoas olham e dizem, ‘nossa, isso não seria para mim’. Até pela parte dos professores a gente vê isso, são muito assustados. Fomos fazer uma visita numa escola e eu disse ‘você pode perguntar o mais banal que for’, porque às vezes pensa ‘como eu vou fazer para ele comer?’, mas não pergunta.

Voluntários e associados da AMA: passeio no zoológico.


e n t r e v i s t a

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C – Você tem um filho autista de 21 anos. E há duas décadas era tudo muito diferente. C.F – Sim, a gente nem sabia o que era autismo. Acabamos descobrindo pela escolinha, ele tinha 3 anos, não gostava de ficar na sala, só queria ficar no balanço e orientaram que a gente procurasse ajuda porque estava fora do normal. Levamos no pediatra que nos encaminhou para o neurologista. Fomos à Florianópolis e quando entramos na sala do médico, ele falou, ‘mais um autista? Essa semana é dos autistas’. Eu disse, ‘o que é isso?’. Ele respondeu que era uma coisa que não tinha cura, que eu ia ter que trabalhar, falou dos aspectos mais graves. Foi um baque. Voltei para casa sem rumo, porque não sabia o que fazer, olhava para ele e ele era normal. Na época, sem internet, tive que buscar todas as informações em livros. Começamos um trabalho com psicóloga e fonoaudióloga, foram dois anos sem resultado nenhum. Conhecemos a AMA em Joinville e através dali, um psiquiatra que era da Alemanha e vinha uma vez por ano que nos deu o diagnóstico mesmo: era autismo com hiperatividade, que na verdade é uma das características. C- Como foi essa experiência? Você se envolveu tanto, que hoje está aqui com a associação. C.F – Isso. Levei o baque no início até entender o que era, a gente passa por aquela fase de negação, mas foi muito rápido. Em nenhum momento me desesperei. Aí na adolescência passamos uma fase muito complicada por conta do comportamento muito agressivo dele e eu não queria isso para as outras famílias. Pensei que eu poderia fazer um centro especializado para trabalhar isso. Nada mais gratificante que estar fazendo um trabalho específico para o meu filho e dos outros também. C – Você assimilou, mas tem pessoas que custam para assimilar. C.F – É difícil. Sempre vou estar muito agradecida à Charlotte, lá em Brusque (Associação de atividades psicofísicas), porque eles fazem um trabalho muito legal com as mães, de aceitação. Para você conseguir ajudar seu filho você precisa aceitar a maneira como ele veio para você. Depois disso, as coisas começam a fluir mais fácil. Não é um sofrimento. Ele está ali e vai ter um crescimento no tempo dele, mas sem essa aceitação fica difícil. E tem que ser exigente, tinha horas que eu era muito militar, mas aí você vê o resultado. Penso: poxa, se não fosse assim, ele ia estar grudadinho aqui comigo até hoje e ele é bem independente, se vira, esquenta comida, caminha na rua, troca a roupa sozinho. Ele compreende tudo, só não gosta de conversar.

Catia com os filhos no parque Beto Carrero: uma relação bacana que ultrapassa qualquer deficiência.

C – Depois nasceu o Walter, que não é autista e hoje tem 8 anos. Como é a interação dos dois? C.F – Bem na fase da adolescência do Junior, ele nasceu. Entrou um elemento estranho na família, um pouco complicado, e hoje em dia ele cuida do irmão. Não quer que a

gente brigue com ele, o Walter então está numa condição ótima (risos), porque a gente acaba respeitando o que o Junior pede. Entendem-se muito bem, sem muita comunicação, mas é uma relação bacana. A AMA Litoral-SC fica na rua Rua João Sebastião Domingos, nº8, bairro Nova Esperança. Contato: 3264-0244.

seu

feliz para o ínua t promissor e n ro o tu c fu m u m zage s almejam Todos os pai aprendi nça para isso o? fia n não é mesm aspirações e , o o as c lh o. fi sm o e t m u as a dess indivualizad ência partilhamos al: o ensino d ci m n o n C re e e if p d e e ind um grand oferecemos ativa a r u t s o p io lógico No Kumon as criança raciocín ão ao próximo s adquirem elevada ha ç a bilidade de cálculo, r lei e tura e interpretação, consid constru

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Balneário Camboriú . julho . 2011

e d u c a ç ã o

Bullying: a responsabilidade é de todos nós Uma criança que sofra agressões psicológicas pode tornar-se um adulto inseguro, com fobias, falta de confiança em si e nos outros. “É óbvio, se eu me relacionava com as pessoas quando era criança e as pessoas me sacaneavam, vem a dificuldade de depois estar no meio, de confiar”, completa Denise. E as crianças agressoras também merecem atenção especial, porque o ato de humilhar o colega na maioria dos casos pode esconder algum problema sério, como por exemplo a violência doméstica. Alguns sinais podem ajudar a identificar uma criança agressora, como a mudança brusca de comportamento e atitudes que demonstrem onipotência. Nas vítimas, também há mudança de comportamento, o fato de não querer ir para escola ou voltar com material escolar estragado podem ser sinais e pedem um acolhimento por parte dos responsáveis e investigação do caso.

A

expressão bullying é uma dessas modernas que ganhou força nos últimos tempos, especialmente dentro das escolas. Em inglês, bully pode ser traduzido como ‘ameaçar, intimidar’. Ano passado, o Ministério Público de Santa Catarina lançou a campanha ‘Bullying, isso não é brincadeira’, com folhetos direcionados a professores e pais, além de gibis destinados às crianças. Motivada pela campanha, a equipe da Escola Municipal Vereador Santa, em Balneário Camboriú, iniciou um trabalho de conscientização que vem dando bons resultados, porque os casos começaram a surgir, trazidos pelas próprias crianças. São rodas de conversas entre alunos de anos iniciais, finais e palestras esclarecedoras para os pais. O bullying se caracteriza por agressões repetitivas e está muito associado aos apelidos, ao deboche e ao famoso ‘tapa na cabeça’ por parte dos meninos. Já as meninas sofrem mais por serem ignoradas, excluídas do grupo. “A questão do apelido é complicado, porque é cultural. Às vezes a própria família coloca o apelido e muitas vezes a criança sofre em silêncio. Quando vai reclamar em casa, ouve ‘ah, não dá bola’ e aquilo fica ali mascarado, o que pode ser muito prejudicial na vida adulta”, alerta Denise da Rosa Mena Barreto, psicóloga da escola.

“Vejo um grande despreparo dos professores” A advogada Ana Bitencourt sofreu junto com o filho Tiago, 9, a discriminação por ele ser gago. Durante as leituras de texto em sala, o menino não queria se expor, chegava em casa chorando, porque as outras crianças reclamavam, riam, chamavam de gago, às vezes não queria ir para a escola. “Para quem é mãe, é uma facada no coração. Aí numa reunião pedagógica da escola eu estourei, disse aos pais que as crianças só refletem a ideia daquilo que eles passam. Se você vê seu filho falando sobre isso, tem que corrigir, dizer que é normal, porque isso machuca. Aí os pais disseram, ‘não acredito que meu filho faça isso’ e todos faziam, exceto uma aluna”. A mudança foi sentida esse ano, com a chegada da nova professora. Logo na primeira leitura em grupo, Tiago queria desistir, mas foi incentivado a continuar. Um dos amigos disse ‘viu, você leu sem gaguejar’ e a professora imediatamente cortou o assunto, dizendo que ele era igual aos outros. “Não sei se a maneira como ela agiu foi certa, mas depois disso, ninguém mais mexeu com ele. Vejo um grande despreparo dos professores. A outra queria que ele contasse na hora que a agressão ocorresse e não ia ter isso. Tinha que ter era um olhar dela. Falta conversa na sala de aula, dizer que um é negro, o outro gago, o outro tem a cabeça grande, porque tratam tudo com naturalidade, mas nós somos diferentes e as diferenças têm que ser discutidas”, disse Ana.

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F i l i @ ç ã o M e l a n i a

H o r s t

Educadora - quintalmagico@quintalmagico.com.br

Perseverar... paciencizar, tecendo o enunciado ‘educar’ A construção de um ser humano passa por muitas vias, que implica a todo momento por parte de quem os educa, novos manejos, atualizações frente às possíveis transformações internas e externas a respeito do mundo, das relações interpessoais e na assimilação de novos comportamentos, assim como na destituição de tantos outros. Sabemos que nossos filhos são frutos do meio, são resultados das nossas falas, são respostas das nossas atitudes, dependentes dos nossos afetos, nossas atenções, nossos limites, intervenções que lhes colocamos diante das situações. Espelhamos e somos espelhados o tempo todo diante da criação e da nossa criatura. Reconhecer este destino parece a melhor medida para caminhar mantendo acesa a chama da perseverança, em acreditar no ir e vir das questões, partilhando os desafios. Educar torna-se uma tarefa diária, pontual e cheia de desdobramentos, pois o ser humano conta com o além do orgânico, para dar conta das suas aquisições que lhe confere: assimilar, elaborar, agregar, conhecimentos e utilizar partes destes aprendizados, compreendendo a contextualizá-los, isto é, em aprender a saber por onde aplicá-los. Auxiliar uma criança a elaborar o seu pensamento a respeito do mundo, a respeito das suas conquistas, dos valores, da ética, é perseverar comprometidos, zelando por eles com a paciência de quem é alquimista, sem muitas fantasias a respeito, mas capaz por poder temperar (com gestos e palavras) os diversos sabores do saber. Valorar as conquistas das crianças, principalmente as escolares, é possibilitá-las fazer a travessia de uma ponte para acessar o mundo em todas as suas dimensões: sociais, cognitivas, morais e para que possam sustentar estas conquistas no decorrer das suas jornadas, pais e mestres necessitam tear redes fortes, construções fortalecidas na leitura da realidade pessoal e social, nos afetos, no conhecimento, valorando as suas organizações. Pois sabemos que estes conhecimentos, necessariamente serão manejados até que se tornem visíveis, apreendidos, capturados e uma parte deles servirá de base para novas aquisições e assim, se prolongar por toda sua existência, como a maré. Um eterno ir e vir e, dependendo das luas, mudanças ocorrem. A cumplicidade dos adultos funciona como um termômetro para a criança, como um regulador externo que ela vai assimilando até conseguir se tornar proprietária deste proceder, quando não mais necessitará da presença direta destes cuidadores, mas eles estarão internalizados e aquela criança passará a responder por todos estes aprendizados de forma autônoma. Maturar as reflexões frente à educação e, extrair das dificuldades encontradas pelas crianças, saídas inteligentes para o manejo da vida, auxiliá-los a crescer nas suas elaborações frente aos conflitos, valorar as convivências, sabendo que educar é transformar – aprender fazer metáforas - tarefa de grande labor, porque nada cai do céu, depende da disponibilidade (interna e externa), daquilo que desprendo de mim na direção do outro, mas que sem dúvida retorna, tomara que seja sempre para o bem. Depende de nós!

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e d u c a ç ã o

Balneário Camboriú . julho . 2011

Alfabetização digital dos pais: fundamental para a segurança dos filhos na internet

A

internet representa hoje uma preocupação para os pais, já que crimes como pedofilia e sequestros de crianças por intermédio da rede ganharam a mídia nos últimos anos. De fato, oferece muitos riscos, mas não há qualquer motivo para alarde e medo, se os pais estiverem atentos aos filhos e conhecerem a internet. “Vai estudar, aprender. É muito confortável dizer que é uma ameaça e proibir meu filho de usar. Não tem um pai que não diga para o filho ‘olha para os dois lados antes de atravessar a rua’. Agora o mesmo pai que não solta o filho na rua, solta no computador. Se ele não tem noção do que existe nesse mundo, como ele solta o filho ali?”. As palavras são de Adriano Cruz, diretor do grupo W, que desenvolve sites e softwares para internet, um grande conhecedor do assunto.

Fernanda Schneider

Adriano diz que é necessário as crianças irem aos poucos descobrindo o universo digital, desde muito pequenas, já que o processo de alfabetização nesse meio leva de cinco a seis anos e a internet já é e vai ser cada vez mais fundamental para o mercado de trabalho. Está tudo cada vez mais ‘conectado’ e isso, para quem não entende, não conhece e resiste, representa sim perigo para os filhos que usam a rede. A solução de imediato é os adultos que não conhecem se aproximarem da internet, pode ser inclusive através dos filhos, pedindo ajuda para entender como funciona. O próximo passo é alertar dos riscos. “Não adianta querer monitorar e invadir a privacidade do filho sem ele perceber, esse é o pior caminho do mundo. A maior segurança é você lutar contra seu próprio analfabetismo digital. Mas para casos extremos de dificuldade de diálogo com pré adolescentes e adolescentes, existem softwares de monitoramento. É dever do pai saber o que o filho faz na internet”, pontua Adriano. Ele aponta orientações que os pais devem dar aos filhos e que ajudam a garantir a segurança: nunca teclar com pessoas estranhas, nem fornecer nome, sobrenome, endereço, não tornar público em sites de relacionamentos os bens que a família possui (e isso vale também para os adultos). Em sites de jogos com interação de outras pessoas, criar um perfil falso (os pais podem ajudar os filhos criando um personagem e explicando que ali não é o mundo real), controlar o horário e especialmente nunca deixar a criança usando a internet sozinha, sem supervisão. “O princípio na internet é: na dúvida diga não. Mas criança pequena tem aquela coisa, ‘se eu disser não, ele(a) pode não ser mais meu amigo(a)’. O risco está em todos os lugares, onde a gente menos imagina”, enfatizou Adriano.

Os filhos (e uma amiga) usando a rede sob os olhares de Carolina: ‘eles nem sabiam que um adulto pode se passar por criança’.

“Eu controlo tudo, pelo menos enquanto posso” A afirmação aí em cima é da professora Carolina Mafessoni, 33. Mãe de duas crianças, um menino com 10 e uma menina com 8, conta que grava todas as conversas dos filhos na rede, fiscaliza com frequência e só permite que acessem quando ela ou o marido estão em casa. “Dou privacidade sim, bato na porta do quarto antes de entrar, agora na internet eu mexo mesmo. Esses dias conversamos e eles nem sabiam que um adulto por exemplo pode se passar por criança”, justifica. A intimidade das crianças com a rede começou bem cedo, já que na escola onde estudam, as tarefas, trabalhos e até os boletins são informatizados. Ano passado, os dois ganharam seus laptops, mas mesmo

assim, usam com horário controlado: uma hora por dia e um pouco mais liberado aos finais de semana. Questionado se a mãe controla de fato, o filho solta um animado ‘uh! Se controla’, mas com jeito de quem se sente protegido com a situação. Ele gosta de joguinhos, canais de esporte e usa pouco os sites de relacionamento. “É importante ela controlar, porque se a gente mexe em coisa errada, pode um ladrão ‘hackear’ a gente e roubar a nossa casa”, diz ele. A explicação do garoto tem fundamento. Ano passado, roubaram ‘tudo’ na casa da família, o que serviu de gancho para Carolina expor os riscos. “Disse a eles que nunca falem se o pai trocou de carro, o que eles têm dentro de casa, porque isso atrai. Eles vão crescendo e eu sei que muda, que não vou controlar para sempre, mas pelo menos enquanto posso, faço”.


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c u l t u r a

Contar e ouvir histórias ajudam na construção do ser humano

Caroline Cezar

A

profissão de Daniel Santos, 39, é ‘contador de histórias’ e quem já teve oportunidade de escutar algum de seus contos, sabe que é um ofício nobre. Formado psicólogo, Daniel começou em 2001 a contar histórias por acaso, quando trabalhava como gestor na área de cultura do Sesc e tinha que acompanhar diversos cursos que virariam futuros projetos na instituição. Hoje mantém com outros quatro integrantes o grupo independente NHOC, em Itajaí, ministra cursos e conta muitas histórias no Centro Educacional Quintal Mágico, em Balneário Camboriú. Ano passado, foi uns dos 50 premiados no Brasil pela Funarte (Fundação Nacional de Artes) por projeto de incentivo à leitura. Raramente Daniel inventa alguma história. Gosta mesmo é de levar aos alunos contos populares antigos e geralmente os que poucos conhecem. “A gente vive numa sociedade de monocultura, se quiser alguma coisa diferente tem que procurar muito. O que está sendo oferecido é a Chapeuzinho Vermelho, mas a história do príncipe que virou macaco, de 2 mil anos atrás, dificilmente vão ter acesso se eu ou outro contador não trouxer a eles”. A história tem o papel fundamental de aproximar as pessoas, de exercitar a escuta e na criança vai além: torna mais questionadora, desenvolve senso crítico, capacidade de análise, noção de começo, meio e fim, entre outras virtudes. “Hoje as pessoas mal se falam no

almoço, porque já têm que ir pra escola e já têm que ir pro trabalho. Como aconteceu com as brincadeiras de rua, que não tem mais porque também não tem mais rua, a escola viu que fazia falta e começou a trazer as rodas”, diz Daniel. A roda de histórias foi adotada no Quintal Mágico há mais de uma década e integra a grade curricular. Os alunos - desde os bebês até os maiores do 5º ano – recebem Daniel uma vez na semana. Para a educadora Maísa Schmitz, coordenadora do Quintal, tratar a contação como disciplina é dar suporte para uma série de questões e enriquecer a vida dos alunos. “É estimular diferentes modos de agir, pensar, sentir, resolver problemas, viver o cotidiano, cultivar valores, relacionar-se com pessoas, com a natureza, com questões religiosas, familiares, éticas, políticas. Elas pensam, falam, interrompem o contador, opinam, voltam a pensar, questionam, discordam ou sintonizam com os personagens, apresentam outras opções, saídas, retornam ao contexto da história, querem saber. Os horizontes delas vão se abrindo, aprendendo a ouvir, respeitar o que é diferente, vai desestimulando o preconceito”, opina Maísa. E numa época onde as pessoas mal se falam no almoço por ‘falta de tempo’, Daniel busca trabalhar também a própria questão. “Às vezes eles dizem, ‘ah, mas eu já ouvi essa’, então vai ouvir de novo. Ninguém compra um CD, ouve uma vez e joga fora”.

História mexe, incomoda, tira o sono Certa vez, Daniel foi chamado numa escola em reunião de pais porque falou sobre morte e sobre ‘velho’. “Eu pensei, meu Deus, uma criança de seis anos não sabe que existe a velhice? E se o cachorro dela morrer, vão dizer o que? Daí morre o pai e dizem que ele foi viajar. Depois a criança cresce e lá com 25 anos tem que fazer tratamento psiquiátrico para resolver isso, porque o pai morreu e ninguém falou. História tira o sono, porque mexe com o conteúdo da criança, mas você está dando material para ela trabalhar esse conteúdo. Aí quando morre alguém ela pensa ‘ah, mas eu ouvi a história que o cara morreu e foi pro céu ou então que o cara morreu e foi pro inferno, vai saber melhor como elaborar isso”. Ele ressalta que houve uma época em que se tentou banir os contos de fadas, alegando que eram cruéis, falavam de morte, de maldade, e argumenta: “A morte é a única coisa certa na vida. Todo mundo é bonzinho? Não, não é. Não dá para a criança crescer achando isso. Ouvir histórias é uma maneira de entender, de criar seus valores a respeito”.


e s p o r t e

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Projeto Hapkido Educar-SC: ensina defesa pessoal e ainda disciplina e respeito pelas diferenças sociais

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ais de 2600 atletas de 6 a 17 anos participam do Hapkido Educar-SC, projeto que surgiu em Balneário Camboriú há quatro anos por iniciativa do Mestre Valdir Eufrázio, com objetivo de atender crianças carentes e ganhou dimensão, hoje atende alunos de todas as classes sociais, em diversas cidades catarinenses. Além do esporte em si, esses alunos aprendem valores como respeito ao próximo, companheirismo e o fundamental, a ter disciplina. Hapkido é uma arte marcial de origem coreana que inclui várias técnicas e ensina a defesa pessoal. Por ser uma luta, ainda carrega o estigma de incitar a violência, o que pode de fato acontecer, dependendo da conduta do professor. “Minha idéia quando comecei não era formar os grandes campeões que temos hoje, mas tirar a criança da rua, incentivar a prática do esporte, que as crianças preenchessem o tempo, e os resultados vieram normalmente. Em quatro anos de academia, tive dois casos de alunos que expulsei por usarem o hapkido como forma de violência”, disse mestre Valdir. Ele destaca a disciplina, garra e determinação como benefícios que o esporte traz e ressalta aos pais de seus alunos que não adianta ter regras apenas no projeto, elas devem existir também dentro de casa. A falta dessas regras em situações corriqueiras como por exemplo a criança sentar para almoçar com os adultos na hora adequada, dormir na hora estipulada ou ainda ter um tempo determinado para fazer a tarefa da escola, reflete a conduta delas em situações fora de casa. O único requisito para participar do projeto, é estar estudando. A expansão para alunos de todas as classes sociais aconteceu naturalmente e segundo o mestre, veio a somar. “Não posso dizer para uma criança que quer participar, ‘olha, você não pode porque seu pai tem dinheiro’. Gosto do trabalho com início e fim. O aluno pagante é como numa academia, falta quando quer e tem esse direito porque está pagando. Meu interesse é naquele que quer participar. E foi bom abrir, porque as crianças convivem em harmonia, viajam juntos e é todo mundo igual”. O projeto conta com apoio de empresas privadas, do Governo do Estado, Petrobras e CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente), mas não tem apoio da prefeitura local. “Esse é meu grande calo. O hapkido é a única modalidade esportiva que trouxe 39 títulos de campeão nacional e internacional por equipes para BC, representamos a cidade

Divulgação

Mestre Valdir comemorando o pentacampeonato mundial do filho Pablo, mês passado, em Curitiba.

lá fora, mas a Fundação Municipal de Esportes (FME) não enxerga isso”, disse mestre Valdir.

“O esporte jamais deve ser obrigação” Pablo, 11, é filho do mestre e treina desde os cinco anos. Tem uma rotina normal, gosta de tv, videogame, comer uma ‘besteirinha’ de vez em quando e pratica hapkido três vezes na semana. “No início eu achava meio cansa-

tivo, mas fui pegando gosto. Aprendi a me defender, caso alguém queira me roubar por exemplo. A única coisa que acho ruim é que às vezes as viagens são cansativas, demora para chegar”, diz ele, que entre os vários títulos, conquistou há um mês o de pentacampeão mundial. O mestre conta que apesar de incentivar muito, nunca forçou o filho e acha isso fundamental em qualquer esporte. “Nunca obriguei, até porque quando eu era criança, parei e voltei quando achei que podia. Meu pai me ensinou isso. O esporte jamais deve ser uma obrigação”.


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Histórias do tio Dani

i n t e r v a l o

D a n i e l

Careca com piolho O bebê da Maria nasceu bem loiro, via-se pelas sobrancelhas, porque cabelo não tinha, era careca. Até aí tudo bem. Tem nenê que nasce com cabelo, outros não. O problema foi que sete dias depois de nascer o bebê apareceu com piolho na cabeça, e nem tinha cabelo. A mãe era pessoa cuidadosa com a higiene dos filhos, rígida até, e o bebê com piolho! O povo estranhava, como alguém tinha piolho se não tinha cabelo!? A mãe da criança foi à botica, comprou mata piolho e eliminou os peçonhentos da cabeça de sua cria. Ao amanhecer o espanto foi geral, mais piolhos que antes. Todos diziam para levar a criança na benzedeira, diziam que aquilo era ataque de bruxa. Mas a mãe do bebê achava tudo bobagem, crendice tola. Usou diferentes remédios, mas todo dia a criança acordava com mais piolhos que no dia anterior. Depois do terceiro dia ela foi à benzedeira - a contragosto não acreditando muito. Foi mais para agradar a sogra e o marido.

CAÇA PALAVRAS Encontre no quadro abaixo seis palavras relacionadas à Festa Junina.

S a n t o s

Contador de histórias - nhoc_contadores@yahoo.c o m. b r

A benzedeira disse pra ela pegar a roupa que a criança tivesse usado no dia do batizado e espetar alfinetes na roupa, uma caixa de alfinetes virgens de uso. Depois socar num pilão a roupa com os alfinetes espetados. A bruxa que estivesse embruxando o menino ia bater na porta da casa, e depois que soubesse quem era a bruxa ela perdia os poderes bruxólicos. A mãe foi pra casa não acreditando muito naquilo, mas seguiu o recomendado. Depois de um tempo que estava pilando a roupa com os alfinetes, bateram na porta. Era a vizinha, pedia pra ela parar. A mãe do bebê não entendeu, mas notou que os braços da mulher estavam cheios de pequenas marcas como se fossem marcas de alfinetes. A bruxa foi embora sem falar mais nada. A mãe sentiu um arrepio e foi ver a criança que estava dormindo no berço. Chegou lá não tinha mais nenhum piolho na cabeça do bebê. Nem no lençol nem na fronha, simplesmente desapareceram, e no lugar das marcas das mordidas dos piolhos pequenos fios de cabelo. Depois disso o menino cresceu forte e saudável, nem gripe não pegou mais. Recontada a partir de relato de senhora residente na zona rural de Itajaí/SC.

JOGO DOS 7 ERROS Que tal colorir as frutas e achar os 7 erros que existem entre os desenhos?

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