Pense Magazine IBM

Page 1

ED. 02 - 2013

Computação Cognitiva: abra os olhos e a mente para a nova era


Isaac Asimov

“Talvez as máquinas façam o trabalho que torna a vida possível e os humanos façam todas as outras coisas que tornam a vida algo prazeroso, que vale a pena.”


Imagenm de divulgação

Isaac Asimov (1920-1992) - um dos maiores escritores de ficção científica de todos os tempos - escreveu mais de 500 obras. As mais conhecidas são as coleções: Trilogia da Fundação e Robôs - cujo conto “Eu, Robô” abordava os dilemas da convivência entre homens e máquinas e originou o sucesso de bilheteria de mesmo nome estrelado por Will Smith.

EXPLORE

A revista Pense foi projetada para que você possa refletir sobre o mundo atual em diversas plataformas. Baixe nosso aplicativo IBM Pense na App Store ou no Google Play, acesse a comunidade da revista no Connections, pelo link bit.ly/ibmpense, para compartilhar sua opinião com outros IBMistas, ou siga o nosso blog: http://revistapense.wordpress.com.


Insight

O futuro chegou Rodrigo Kede Presidente da IBM Brasil

Quando eu era criança e assistia aos filmes que mostravam como seria o futuro, me perguntava se algum dia aquelas coisas fantásticas da ficção poderiam realmente acontecer. O tempo passou, vim trabalhar na IBM e vi que muito da tecnologia que a gente criava aqui já caminhava em direção ao que antes parecia impensável, ao que só existia no cinema. E aí chegou o Watson, nosso superprojeto em que a máquina criada pela IBM venceu o homem no principal jogo de perguntas e respostas da TV americana. Nesse momento, me dei conta de que o futuro havia chegado. Caso você ainda não tenha ouvido falar do Watson, ele foi a grande sacada da IBM ao usar toda a nossa capacidade de inovação para transformar a tecnologia de processamento de grande quantidade de dados. Essa revolução deu origem a computadores que aprendem e funcionam com a lógica do cérebro humano para realizar tarefas como ajudar a fazer o diagnóstico de câncer, o que já está sendo feito nos Estados Unidos. O Watson é o principal exemplo do que chamamos de Computação Cognitiva, o termo que dá nome à nova era da tecnologia. A primeira foi a era da computação simples, quando as máquinas basicamente faziam contas. A segunda começou nos anos 60, com a introdução dos computadores que podiam ser programados. Já conseguimos facilmente vislumbrar alguns cenários de como viveremos daqui a 10 anos, no máximo. Você falará com uma máquina que vai reconhecer a sua voz por biometria e vai resolver algum problema que você tenha com muito mais precisão do que uma pessoa. Você vai estar em casa e vai usar uma espécie de pulseirinha que terá a função de monitorar a sua saúde o tempo todo. E por que falar sobre isso na segunda edição da Pense? Simplesmente porque o mundo está mudando e porque acreditamos que essas novas máquinas, e a maneira como nos relacionamos com elas, irão mudar a forma como vivemos. O nosso objetivo aqui é abrir o debate, refletir sobre esse importante passo da nossa jornada tecnológica, um caminho cujo objetivo é dar à humanidade as ferramentas mais avançadas para que consigamos atingir ao máximo nosso potencial. Ou seja, são as máquinas ajudando os homens a se superarem. Proponho, então, pensarmos a respeito dessa novidade, abrirmos a mente para as suas aplicações e potencialidades, sobre as quais ainda temos tanto a descobrir. Queremos aqui, com esta edição da Pense, tentar entender como devemos nos preparar e, principalmente, exercitar nosso olhar para o futuro. Abraço, Rodrigo Kede


nesta edição

Evoluir, o destino da espécie Para o bem ou para o mal, a tecnologia sempre revolucionou a vida do homem. Desde que ele inventou a primeira ferramenta, percebeu que instrumentalizar a rotina facilitava o exercício das atividades e otimizava seu tempo. Porém, nem sempre foi capaz de entender plenamente o potencial dessas invenções e, muito menos, controlá-las. Talvez por isso, todas as vezes que algo novo surge, desperta nos humanos desconfiança, temor e ansiedade. Então, é fácil compreender por que temas como Computação Cognitiva, Neurolinguística, Cibernética, e tudo mais que promova a integração homem/máquina, sejam sempre envolvidos em polêmicas e acarretem discussões vorazes entre a ciência e a sociedade. Mas existe um agravante: a velocidade com a qual as mudanças e inovações estão ocorrendo. Isso aumenta nossa ansiedade e torna mais difícil compreender os acontecimentos. Entretanto, precisamos refletir atentamente sobre essas questões, observar todos os lados, todas as consequências e

partir para a discussão. Por isso, a segunda edição da revista Pense coloca esses temas na mesa e propõe nossa compreensão sobre o que é a Computação Cognitiva, como ela influencia a vida das pessoas e o que vai representar no futuro. Afinal, a cognição compreende a forma de interpretar os fatos, a vida e a si mesmo. Subjetiva, também está ligada à interpretação, percepção, memória, imaginação e ação, fazendo dessa grandeza um dos elementos definidores da nossa existência. Porém, não podemos ter medo, precisamos entender os fatos para usufruir de tudo o que a tecnologia tem a nos oferecer, fazendo das inovações nossas aliadas, questionando o que realmente nos ameace. Afinal, o automóvel e a bicicleta não inutilizaram nossas pernas, ambos nos tornaram mais rápidos, e as inovações que o futuro nos apresenta podem, e devem, estar a favor do nosso talento e bem-estar.

Ilustração Nesta edição da revista Pense, trazemos Charis Tsevis, premiado designer grego, para ilustrar toda a matéria de capa. Sua especialidade é retratar a relação entre o homem e a tecnologia. Possui inúmeros trabalhos divulgados em editoriais ao redor do mundo e, como reconhecimento de seu trabalho, recebeu prêmios como ED Awards, Epica Awards, NPSA, Behance, EBGE, entre outros.

Seja bem-vindo. Conheça, explore, reflita: pense!

3


Olhares

EXPEDIENTE #02 ANO 2 - OUTUBRO ‘13 www.ibm.com/br pense@br.ibm.com A revista Pense é uma publicação trimestral da IBM Brasil IBM Brasil: Presidente: Rodrigo Kede Diretor de Marketing e Comunicação: Mauro Segura

Esta edição contou com os pontos de vista de: 1

2

1. Priscilla Garcia IBMista que trabalha no departamento de Comunicação, em São Paulo, mãe de Gabriel, Cecília e Helena, que nasce em novembro.

3

2. Péricles Barros Carioca, premiado roteirista de programas e séries da TV Globo.

3. Rodrigo Giaffredo Administrador de empresas, está na IBM desde 2009, atualmente no projeto Blue Harmony.

Edição: Flávia Apocalypse - flaviapo@br.ibm.com, Camila Della Negra - camilalg@br.ibm.com e Giulia De Marchi - giuliadm@br.ibm.com Comunicação Invitro: Publisher: Bruno Chaves Coordenação de Atendimento: Carla Uyara Atendimento: Simone Siqueira Vargas Editora: Daniela Barroso Ferreira Dias Repórteres: Fernanda Guerra Gil, Renata Dias e Flavia Pegorin Jornalista Responsável: Flavia Pegorin MTB 30.896 Gerente de Operações: Gabriella Bergamo Projeto Editorial: Comunicação Invitro Projeto Gráfico: Maysa Simão Designer Responsável: Pablo Carvalho

Ilustrações: Charis Tvesis, Cheda Neto e Pablo Carvalho Fotografia: Daniela Toviansky, Fernando Gardinali e arquivo pessoal.

Ilustração de Capa

Conheça mais o trabalho do ilustrador e designer Charis Tvesis em sua página do Facebook. bit.ly/charistsevis

Editora Digital: Renata Kuhn Revisão: Lis Silva Hall Gráfica: Igil Tiragem: 19.000 exemplares

Mantenha o planeta limpo


índice

4 Olhares Conheça quem pensou esta edição com a gente

6 Nossa Cara Maíra Gatti, a cientista por trás do projeto Ei!

8 Horizontes A cognição das crianças no mundo tecnológico, pela visão da IBMista Priscilla Garcia

24 Crônica

14 a 23

Capa Computação Cognitiva: como a união entre homem e máquina poderá mudar a sua vida

26

Entrevista Luli Radfahrer – Ph.D. em comunicação digital pela USP – resolve a questão: homens e máquinas são aliados, não inimigos

28

Memória José Carlos Duarte, CTO da IBM Brasil, resgata os marcos da tecnologia que viu e viveu nos últimos anos

Um eletrodoméstico com alma de mãe

34 Bastidores Watson: curiosidades por trás da máquina que é quase gente

36 Top 5 A questão homem versus máquina vista pela arte

38 Techmob Os aplicativos do futuro que estão na imaginação dos IBMistas

40 Ponto final O lado humano de uma supermáquina

5


Foto: Fernando Gardinali e Retouch Pablo Carvalho

Nossa Cara


Nome: Maíra Atanázio de Cerqueira Gatti Profissão: Cientista da Computação Cargo: Pesquisadora Local: IBM Research Brasil (Pasteur) Projeto: Ei!

As mídias sociais viraram termômetros de comportamento tão importantes que mobilizaram Maíra Gatti a medir seu impacto e atuação. A cientista e Doutora liderou o Ei! – iniciativa da IBM para analisar o sentimento da torcida brasileira sobre a seleção durante a Copa das Confederações, a partir dos “tweets” postados ao longo das partidas. A ideia nasceu com um projeto de simulação de mídias sociais, em julho de 2012, que avaliava as postagens no Twitter durante a campanha do então candidato a presidente dos EUA, Barack Obama, e determinava se as mensagens sobre o assunto seriam positivas ou negativas. O Ei!, primeiro projeto do gênero em Português do Brasil, foi tão bem-sucedido que vem sendo customizado para diversos clientes, interessados em saber o que dizem as redes a seu respeito. Para Maíra, são grandes as oportunidades, especialmente para o marketing, o setor público e até a área jurídica. “Antes, a Computação Cognitiva era o futuro, agora é presente e está em evolução contínua”, diz Maíra, que acredita que, em pouco tempo, seremos beneficiados com essa tecnologia, tornando a vida mais prática.

7


Horizontes

Aprender é brincadeira Uma análise a respeito da capacidade de cognição humana a partir do olhar de uma mãe IBMista sobre o aprendizado dos seus filhos

Por Priscilla Garcia Colaborou Wagner Hilário Fotos Daniela Toviansky Certa noite, eu e Gabriel, meu filho mais velho, na época com uns 4 anos, escovávamos os dentes. Eu, com minha escova elétrica e ele, com uma escova simples. - Mãe, o que é isso? Disse ele, apontando para a minha escova. - Ah, filho, é uma escova elétrica. - E isso, mamãe? Perguntou, se referindo à escovinha dele. - Essa é uma escova COMUM, filho. (Guardem esta palavra). Semanas mais tarde estávamos assistindo a um filme, se não me engano, Gasparzinho, e ele olhava fixamente para a tela. De repente, me perguntou, apontando para um personagem transparente: - Mãe, o que é esse homem?

- É um homem fantasma, filho. Disse eu, considerando o tema do filme, claro. Mas sua curiosidade não parou por aí. - Mãe, e esse? Perguntou Gabriel, apontando para um homem de “carne e osso”. - Ah, filho, é um homem COMUM. Então, veio a surpresa: - Mas, mãe, e o homem ELÉTRICO? No primeiro momento fiquei sem entender, mas logo me lembrei daquela conversa das escovas de dente. Como ele era meu primeiro filho e muito do seu desenvolvimento me surpreendia, achei sensacional a associação: para cada comum existe um elétrico! Eureca!!!


Priscilla e os filhos, Cecília e Gabriel admiram a réplica do Sol no Catavento Cultural e Educacional, em São Paulo

9


Priscilla Garcia trabalha na área de Comunicação da IBM desde 2008 e hoje tem a missão de divulgar para toda a empresa as mensagens de RH. Ela e seu marido, Wagner Hilário, são pais de Gabriel (9), Cecília (2), e Helena, que vai chegar a este mundo em novembro.

Eu e meu marido, Wagner, fomos convidados a discorrer sobre capacidade cognitiva, a partir da observação do desenvolvimento dos nossos filhos – Gabriel, Cecília e Helena, que está a caminho. Apesar de não sermos psicólogos, pedagogos, tampouco cientistas, nossas experiências com as crianças nos fizeram entender a capacidade e o desenvolvimento humanos. Observando-os, ficamos maravilhados, entendendo como o ser humano vem ao mundo, desenvolve as ideias, a personalidade e chega à maturidade cheio de conhecimento e capacidades transformadoras. Isso, claro, graças à nossa capacidade cognitiva, ou melhor, à cognição. Segundo o dicionário Aurélio, a cognição significa “aquisição de conhecimento”. Há outras definições ainda mais amplas, como: “o conjunto dos processos mentais usados no pensamento, na percepção, na classificação, reconhecimento etc.”. E, se o Aurélio nos mostra que cognição é tudo isso, ele não é o “pai dos burros”, mas o dos aprendizes. Ao nos tornamos pais, viramos “Aurélios” e descobrimos como é difícil, e extraordinário, ajudar alguém a desenvolver a cognição. Talvez não seja preciso ser pai nem mãe para chegar à conclusão de que, até aprenderem a ler e a pesquisar no Google, os filhos veem nos pais uma de suas principais fontes de conhecimento. Assim como, algumas vezes, os significados dados pelo dicionário estão ultrapassados, porque a linguagem é dinâmica e mutável, nós também nos descobrimos ultrapassados para as demandas cognitivas dos nossos filhos.

Ele desenha, ela canta

Porém, não precisamos ter clara essa consciência para entender que as formas como ocorre a cognição são particulares: eu aprendo assim, mas meu filho aprende “assado”. Além disso, nós, pais, também temos a oportunidade de aprender com as crianças, observando suas associações, suas experiências, aquelas “sacadas” que promovem o desenvolver do conhecimento, inclusive sobre o uso da tecnologia, que algumas vezes subestimamos. Mas eles são tão ligeiros, e têm a mente tão fértil, que, desde bebês, e ainda no ventre (como a Helena agora), captam nossas palavras e atitudes, juntando tudo num “pacotinho” que trazem dentro de si para, em algum momento, criar à sua maneira. Vemos que o Gabriel consegue compreender e usar novas tecnologias de maneira muito fácil e clara, e a Cecília já demonstra uma enorme curiosidade sobre o assunto.

Diante dessas experiências, ficou claro que tanto as imagens quanto a música estão ligadas ao processo de aprendizagem do Gabo e da Ceci. Meu marido se lembra, espantado, da reação da Ceci diante de um muro todo pintado com bichinhos fofos. Ela, na época com pouco mais de um ano e meio, viu uma borboleta desenhada no muro e gritou, entusiasmada: “Boboleta!”. Em seguida, começou a cantar: “Boboletinha tá na cozinha...” ; na sequência, quando reparou no tucano pintado no muro, não titubeou: “Papaaio lolo do ico uado...”; e ainda havia uma aranha: “A dona aãnha subiu pela palede...”; um periquito – “Meu pintinho amalelinho...”. A pequena descarregou uma metralhadora de canções infantis a partir de uma fantástica associação. Então, enquanto ele transforma em desenho o que escuta, ela transforma em música o que vê.

Acredito que a música seja um excelente instrumento para o desenvolvimento infantil. Tanto Gabriel quanto Ceci se mostram bem receptivos a ela desde muito cedo. Às imagens também. Ainda muito novinho, Gabriel se sentava no chão da sala para desenhar as coisas que via na televisão, geralmente figuras que lhe colocavam medo (monstros, dinossauros, lobisomens, vampiros e alguns animais). Ao desenhá-las, ele passava a entendê-las melhor, aproximava-se delas e, assim, sentia menos medo. Esse processo de desenhar quase sempre o levava a um estado de imaginação que o fazia imitar e interpretar os personagens. Essa é outra característica cognitiva do meu filho; para conhecer melhor o mundo que o cerca, recorre à interpretação dramática dos personagens que desenha. É dessa forma que ele processa todo aquele conhecimento, que juntou no “pacotinho”, e transforma em algo concreto. A sensação que temos é a de que Gabriel nasceu pedindo para que lhe contássemos histórias antes de dormir, mas não é bem assim. Durante muito tempo ele pedia músicas de ninar mesmo, daquelas mais calmas. “Tá na hora de dormir, não espere mamãe mandar” era a sua preferida. Ceci prefere as melodias mais ensolaradas, até para dormir.


Horizontes

Gabriel, 9 anos, vidrado na ilus茫o de 贸tica de uma das obras do museu

11


Tecnologia e aprendizado Quando a nossa geração, a minha e do meu marido, era criança, a tecnologia não era tão sofisticada. Não havia tantos recursos e ferramentas para acessar informações de modo tão rápido. Nós aprendíamos com as enciclopédias, com a TV e jornais impressos. Nossos pais, comumente menos acostumados à tecnologia, nos admiravam por sabermos mexer no videocassete, por exemplo. Hoje, nossos filhos vão além de operar os eletrônicos, eles navegam, pesquisam, fotografam e se divertem com eles. Para o Gabriel, que tem mais intimidade com o computador, o notebook é parte da sua vida, para estudar e se divertir, enquanto a Ceci se interessa pelos vídeos da Galinha Pintadinha ou do Cocoricó. Ela também adora o smartphone do papai, apertar botões, mexer no touchscreen, e já entende as funcionalidades do aparelho sabe que pode assistir aos clipes infantis, fotografar e filmar nossa cachorra, a Naná, e ver as fotos. Ceci também fica empolgadíssima vendo o irmão jogar games de ação no smartphone (tenho certeza de que, em breve, fará igual), e já tem um aplicativo preferido, o da gatinha Angela, do Talking Friends. Ela já sabe que botões não apertar para a gatinha não desaparecer. As novas tecnologias atraem o Gabriel desde seus os 4 ou 5 anos. É aficionado por ciência, folclore e pelo Google Maps, por onde conhece os lugares que os pais já visitaram. Ele sai fazendo pesquisas sobre os temas que lhe interessam, assiste a inúmeros vídeos e filmes sobre folclore e sobre animais como a harpia e a águia dourada, o texugo do mel (esse bicho é espetacular), morcegos (adora o Batman), cachorros, ursos, porcos-espinhos e grandes felinos. Há cerca de um ano, nos surpreendeu ao explicar as diferenças e características dos espinhos de três espécies diferentes de porco-espinho. Logo depois, ele também surpreendeu a professora com a mesma história. E eu, que nunca imaginei que havia tipos diferentes do bicho, tive uma aula a partir do que ele, meu filho, aprendeu no Google.

Cecília e a mãe Priscilla no espaço dedicado à astronomia

Diferentemente de seus pais e avós, Cecília já nasceu em uma época com touchscreens e doubleclicks


Nós também aprendemos Acredito que, com esses exemplos, possamos compreender um pouco como funciona a cabecinha das crianças em seus processos de aprendizagem. É quase da mesma forma com que procuro entender como funciona a Computação Cognitiva. Pedindo desculpas aos colegas que entendem mais do tema, penso que, para que um computador seja capaz de “raciocinar”, seja preciso seguir quase o mesmo princípio: abastecimento de informações, cruzamento de dados, análise das experiências, formulação de conclusões. Sabemos que é um desafio para a ciência fazer uma máquina ser tão inteligente quanto os humanos, porém, com os exemplos que temos na IBM, como o Watson e o Deep Blue, notamos que os avanços não param. Imagino que as próximas gerações terão máquinas com mais capacidade de interação, identificando com precisão o perfil dos usuários, seus gostos e necessidades. Para mim e minha família, imagino que o computador irá tirar as dúvidas de matemática do Gabriel, vai auxiliar a Ceci em suas atividades escolares e que, em breve, o smartphone vai reconhecer o toque do dedinho da Helena, abrindo os aplicativos de interesse dela. Enquanto isso não ocorre, peço licença para evitar que a Ceci destrua o celular do pai, que, neste momento, corre o risco de ir para o chão. E aproveito para desejar que todos os colegas IBMistas compartilhem o conhecimento com seus filhos e estejam sempre prontos para aprender com eles.

Cientista autodidata, Gabriel já é um ávido pesquisador da geração que nasce conectada às ferramentas de busca

Veja mais imagens da visita ao Catavento Cultural no seu tablet

Horizontes

O pai, Wagner Hilário, Cecília e Gabriel se divertem com a eletricidade em uma das principais atrações do museu

13


Capa


15


À NOSSA

IMAGEM

e semelhança A Computação Cognitiva torna cada vez mais tênue a fronteira entre criador e criatura

Por Daniela Dias e Flávia Pegorin Ilustrações Charis Tsevis O cenário é uma floresta. Desesperada, uma criança-androide tenta se agarrar à mulher que a está deixando para trás e implora: “Mamãe, o Pinóquio se tornou um menino de verdade. Se eu me tornar uma criança de verdade, posso voltar para casa?”. Essa fala marca um dos momentos mais comoventes do sucesso de bilheteria dirigido por Steven Spielberg, AI: Inteligência Artificial. Na cena, o pequeno David, um robô capaz de ter emoções como seres humanos, sofre quando sua mãe adotiva o aban-


capa

Na opinião da IBM, a resposta é não. “O homem será melhor porque a tecnologia irá se fundir a ele”. A frase é do cientista-chefe da IBM, Fábio Gandour. Especialista em tendências e inovações tecnológicas, Gandour é um dos que apostam que só temos a ganhar com computadores que pensem como seres humanos, colocando a gigantesca capacidade de proces-

samento e análise de dados que desenvolvemos nos últimos anos a nosso favor. Aliás, “isso já está acontecendo”, afirma ele. É a evolução da tecnologia para a era da Computação Cognitiva – em que sistemas funcionam como cérebros humanos, com a capacidade de aprender e tomar decisões baseadas em conhecimentos adquiridos. A chamada “inteligência artificial”, que só os mais ousados cineastas puderam sonhar, já está caminhando para se tornar realidade. Esse movimento marca o fim do período de predominância da computação programática, quando os dados eram adicionados e interpretados segundo parâmetros definidos pelo homem. O que, para os cientistas, muda tudo o que sabemos sobre gestão da informação. Os computadores inteligentes estão sendo elaborados para agir reproduzindo a dinâmica da mente. Dessa forma, as máquinas podem fazer associações sofisticadas entre os dados, semelhante às que fazem nossa rede de neurônios. “Em vez de transformar o dado em informação, extraímos algo mais elaborado, o conhecimento”, afirma Gandour. A partir daí, as possibilidades são infinitas.

No aplicativo da Pense para tablet você mergulha no assunto em vários vídeos sobre Computação Cognitiva, além de ver o Watson em ação

dona. A exemplo de outras obras de ficção, o filme especula sobre os dilemas que aguardam a humanidade quando as máquinas adquirirem capacidades análogas às dos seres humanos. Afinal, quando as máquinas puderem pensar e sentir, seremos finalmente substituíveis?

17


Quase humanos A tecnologia imita a vida No conto “O Homem Bicentenário”, escrito em 1976 e adaptado para o cinema no filme com Robin Williams, Isaac Asimov previu que no futuro os robôs poderiam ter uma espécie de sistema nervoso central que os permitiria ter sensações de toque e sentir o gosto das coisas. Hoje ainda não temos robôs andando por aí, mas, segundo os especialistas da IBM, nos próximos 5 anos os computadores já terão capacidades semelhantes aos nossos 5 sentidos. Essa nova geração de máquinas cognitivas irá não só aprender, mas também ver, cheirar, tocar, provar e ouvir. Em breve, você poderá encostar o dedo na tela do smartphone e sentir o tecido de uma roupa que pretende comprar em uma loja virtual. Um aparelho poderá selecionar os sabores preferidos do dono avaliando a composição molecular dos alimentos. Assim, ele vai simular a sensação de comer coisas deliciosas sem causar riscos a quem tem problemas de pressão, diabetes ou excesso de peso. Acoplado a microssensores que detectam odores, o computador também será capaz de prevenir acidentes, como um vazamento de gás. Com equipamentos que podem ver e comparar imagens assim como o olho humano faz, poderemos facilitar o diagnóstico de doenças, como câncer de pele, em estágios iniciais e à distância, levando o atendimento médico a um novo patamar de abrangência. Por fim, uma máquina poderá interpretar sons de maneira tão profunda que será possível traçar parâmetros e identificar exatamente qual o motivo do choro de um bebê, por exemplo. Se teremos essas maneiras de simular os sentidos humanos em diversas situações, não levará muito tempo para que tudo isso seja condensado em um

único sistema inteligente, o primeiro androide com sensações do mundo. Aí então, só restaria mesmo pensar.

Cérebro numa caixa Como os computadores ganharão o dom de pensar O cérebro ainda é considerado imbatível – é capaz de assimilar, reter, armazenar e processar informações vindas de várias fontes de estímulos ao mesmo tempo. Ainda é muito superior em vários aspectos a qualquer sistema. Mas, em entrevista recente a uma rede de notícias dos Estados Unidos, Dharmendra Modha, fundador do grupo de investigação sobre computação cognitiva na divisão de pesquisas da IBM, afirmou que a IBM está empenhada em criar o que chamou de “Brain in a Box” – ou, em tradução livre, um cérebro artificial que caiba numa caixa. Ele e sua equipe pretendem reproduzir uma forma de inteligência artificial que seja compacta como a nossa cabeça, ocupando o volume equivalente a três latas de refrigerante. No laboratório da IBM na Califórnia, Dharmendra lidera o projeto Synapse, que desenvolve chips de computador batizados de “chips neurossinápticos”, capazes de aprender sem programação (utilizando, para isso, a própria experiência) e de cruzar informações de contexto, da mesma forma que nós, humanos, fazemos. “Como o cérebro, os computadores cognitivos vão processar múltiplos fluxos sensoriais, formar associações, codificar memórias, reconhecer padrões, fazer previsões, interpretar e, talvez, até agir”, prevê Modha. Ao reproduzir a nossa maneira de sentir a realidade, são incontáveis as funções que essas máquinas podem ter na vida de cada pessoa. Um exemplo: Dimitri Kanevsky, pesquisador de Algoritmos para Fala e Linguagem do IBM Lab de Yorktown High, em Nova Iorque, criou um sistema tecnológico


capa

capaz de permitir que pessoas surdas conversem pelo celular. O aparelho “ouve” o que é dito ao telefone e transcreve em texto para que deficientes auditivos possam ler. O próprio conceito de “deficiência”, sob a perspectiva da cognição, ganha uma outra abrangência. “Todo mundo pode ser deficiente em alguma coisa. Se você vai ao Japão e não fala japonês, você pode ser considerado um deficiente funcional”, lembra Nicole Barbosa Sultanum, pesquisadora da IBM Brasil. Ela defende que o futuro da máquina é junto com o homem, como uma extensão dele, ampliando sua capacidade cognitiva.

Eu, Watson, estagiário O primeiro computador pensante do mundo conquista seus primeiros empregos O supersistema computacional da IBM, Watson, é a primeira máquina que conseguiu um nível de associações que se assemelha ao da mente humana. Watson faturou 1 milhão de dólares em 2011 ao derrotar em tempo real os dois maiores competidores do Jeopardy - principal programa de perguntas e respostas da TV norte-americana. mostrando ao mundo, ao vivo, o potencial dos computadores cognitivos. Para vencer o jogo, ele teve de organizar dados, interpretá-los e criar conexões entre eles. Esse processo, chamado aprendizado de máquina, foi o que fez o computador entender as perguntas do apresentador da mesma forma que seus adversários, decodificando o que se chama de linguagem natural,

19


uma das maiores barreiras na interação entre homens e máquinas. Certo, vencer o homem no jogo – e ganhar o prêmio – já é uma conquista para máquina nenhuma botar defeito. Mas o que vem agora? Watson resolveu parar de brincar e foi ao trabalho. O jovem cérebro eletrônico está apenas no começo da sua carreira, mas já está transformando a maneira como trabalhamos em três áreas:

Saúde: diagnósticos rápidos e precisos O diagnóstico de uma doença é um momento muito crítico, no qual todo conhecimento do médico e sua capacidade de raciocinar sobre as possibilidades são postos à prova. Para muitos pacientes, cada minuto conta. Hoje em dia, cerca de 20% dos erros médicos são resultado de problemas de diagnóstico, sejam hipóteses não comprovadas ou uma conclusão correta à qual se chegou tarde demais. Nos Estados Unidos, o Watson já está sendo usado para cruzar os sintomas de milhões de pacientes com câncer, trazendo dados que ajudam os médicos a prescreverem tratamentos mais eficazes. A comunidade médica também poupa tempo: tendo uma hipótese formulada, o Watson ajuda a comprová-la em um período muito curto, e com um nível maior de certeza do que qualquer mente humana poderia ter, já que a quantidade de informação médica disponível no mundo dobra a cada cinco anos. A colaboração da IBM e do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center criou um sistema de auxílio à tomada de decisão atualizado em tempo real. Com isso, há cada vez mais subsídios para que os tratamentos de pacientes com câncer em todo o mundo sejam definidos baseados em evidências ao invés de opiniões. O resultado não podia ser mais impactante: vidas salvas.

Finanças: investindo com segurança O desafio de análise de dados no mercado financeiro é gigantesco: só para se ter uma ideia, a Reuters, uma das maiores agências de notícias do mundo, publica, sozinha cerca de nove mil páginas sobre o tema a cada dia. É humanamente impossível que um corretor de investimentos adquira todo esse conhecimento em apenas 24 horas. E tudo é importante para orientar o cliente. Como ter certeza, afinal, da melhor maneira de investir? Se você pensou que a tecnologia pode ajudar, está certo. A IBM já está “ensinando” o Watson a analisar a montanha de dados das transações financeiras de maneira que ele identifique padrões e possa ajudar os consultores a traçar o melhor plano de investimento para cada caso, baseado em uma análise compreensiva das condições do mercado e levando em consideração diversos outros fatores. É a promessa de dias menos estressantes para quem trabalha com dinheiro.

Engajamento: o cliente satisfeito, sempre A nova geração de consumidores tem um alto nível de expectativas sobre o que eles querem das marcas e das empresas com as quais se relacionam. Nós esperamos que as empresas nos conheçam, nos ouçam e proponham uma solução rápida para os nossos problemas. Mas

o que se tem hoje são milhões de ligações diárias para call centers de todo tipo de serviço, e metade delas acaba não sendo resolvida. O Watson pode virar esse jogo. Com a sua capacidade de compreender a linguagem natural humana e de aprender com o grande volume de dados, o Watson pode se tornar o atendente ideal, tansformando totalmente a interação entre uma empresa e o seu consumidor. O cliente fala diretamente com a máquina, que vai buscar a resposta para as perguntas cruzando referências de problemas anteriores, dados do perfil do cliente e outras variáveis, provendo uma solução rápida e personalizada. Um consumidor satisfeito é um consumidor engajado: a tecnologia pode ajudar nessa experiência.


capa

A máquina no dia a dia do homem O computador vai se tornar nosso acessório mais essencial O cientista Moniz Pereira, do Centro de Inteligência Artificial da Universidade Nova de Lisboa, em Portugal, reitera que as simbioses entre homem

e máquina serão muito mais comuns. “No fundo, será o avesso daquilo que, nos anos 1950, se chamava de biônica, que era aproveitar a inspiração biológica para resolver problemas técnicos, como se fez ao revestir os submarinos com uma pele semelhante à dos golfinhos para deslizarem melhor dentro d’água. Agora, nós vamos buscar, nas máquinas, nos computadores, complementos para o nosso corpo biológico”, afirma. A vida ficará cada vez mais prática, claro, mas não será tão fácil. As transformações serão tão radicais que o

homem vai precisar evoluir também, na mesma velocidade, para lidar com tanta tecnologia. “Não podemos ser uma máquina pouco eficiente que produz outra tão competente. Se a vida artificial faz com que o computador tenha a capacidade de se adaptar, nós fomos o exemplo, então teremos que nos adaptar também”, diz o cientista Marcio Lobo Netto, professor do Departamento de Engenharia Eletrônica na Escola Politécnica da USP. Dominar a Computação Cognitiva vai exigir mais talento, conhecimento e responsabilidade de seus desenvolvedores. No Brasil, segundo Lobo Netto, teremos de desenvolver uma base mais sólida de conhecimento em informática para consolidar a Computação Cognitiva, passando pela aritmética, lógica, aprendizado de máquinas e computação semântica. “O desenvolvimento dessa ciência não depende apenas da computação. Precisamos integrar várias áreas: linguística, comunicação, matemática, estatística, educação, neurociência e até psicologia. Daí surgem as soluções para o nosso dia a dia”. E elas serão muitas. E virão logo.

21


Deixe um computador trabalhar por você

O ser humano vai criar novas maneiras de produzir No clássico filme “Tempos Modernos”, de 1936, Charlie Chaplin denunciava a opressão do homem pela mecanização. Ele é literalmente tragado pelas engrenagens do progresso. A história real você conhece: os anos se passaram e o homem continua encontrando novas maneiras de produzir, de conviver com a máquina. O italiano Federico Pistono, autor do livro “Os robôs vão roubar seu emprego, mas tudo bem - Um guia para sobreviver ao colapso da economia”, sugere que quanto mais as máquinas nos substituem em funções repetitivas, mecânicas ou de pouco valor agregado, mais tempo os seres humanos têm para desfrutar de sua criatividade. Indo mais além, o autor vê na tecnologia uma possibilidade de libertação. “Aristóteles imaginava que não haveria escravidão em um mundo em que as ferramentas e os utensílios trabalhassem sozinhos. E isso é o que a tecnologia nos permitirá”, teoriza. Essa ideia de Aristótes leva a outro receio comum, o de que as máquinas

ganhariam o lugar dos humanos na tomada de decisões, relegando-os a um papel de meros coadjuvantes no mundo. O professor Marcio Lobo Netto, da USP, afasta todos os temores: “Não temos de ter medo da máquina”, afirma. “O homem pode ser o que quiser, de lavrador a astronauta. Uma máquina não pode fazer tanta coisa sozinha”, diz. Se os medos que dominaram a sociedade industrial retratada por Chaplin parecem sem sentido para as gerações dos smartphones, provavelmente os computadores que “pensam” logo serão tão arraigados à sociedade que seja inconcebível a ideia de não tê-los por perto. Para Moniz Pereira, o computador chegará a tomar decisões pelo homem, mas só quando forem necessárias decisões rápidas. “Os robôs podem ser mais objetivos, mas a solução será sempre a da simbiose, a da codecisão. Se algo correr mal, a culpa é nossa. É reflexo da nossa incapacidade em programá-lo”. Respire aliviado: ainda estaremos no comando.


capa

23


Capa

Crônica

ELETRO DOMeSTICA Por Péricles Barros Ilustração Cheda Neto


capa - crônica

Guilherme entrou na cozinha e, vendo os pratos ainda com restos do jantar, pediu: – Dira... Por favor, lava a louça e senta aqui pra gente bater um papinho. Imediatamente, a doméstica ejetou, da ponta dos dedos, suas escovas metálicas giratórias e, como numa imagem em fast motion, esfregou, enxaguou e guardou pratos, copos, talheres, panelas e ainda deu um trato no fogão. Não levou mais do que 20 segundos. – Pois não, Seu Guilherme. É assunto sério? E como era. Após usar, por muitos anos, os serviços de Dira, chegara a hora de abrir mão do trabalho da “eletrodoméstica”. Ele iria desligá-la naquela noite. Para sempre. Enquanto pensava em como comunicar sua decisão à temperamental autômata, um filme passava na mente de Guilherme. Parecia um de ficção científica, mas não era. Dez anos antes, ele perdera o emprego no mesmíssimo dia da morte de sua esposa. Viúvo, desempregado e com um filho de 2 aninhos para criar, o promissor engenheiro, graduado em Robótica Funcional, passou a viver a 220 volts. Fazia malabarismo para zelar pelo pequeno Nicolau (o Nico) e, ao mesmo tempo, correr atrás de trabalho. Sem grana para pagar uma babá, Guilherme se afundava cada vez mais em suas trapalhadas, na tentativa de cuidar sozinho do filho. Logo se viu pressionado pelos sogros, que arquitetavam tomar a guarda de Nico, sob a acusação – injusta, diga-se – de negligência do pai. – Ninguém vai tirar meu filho de mim! Decidido, Guilherme tomou coragem, arregaçou as mangas e concretizou, no quartinho dos fundos, um projeto ousado que estava desenvolvendo ao ser demitido: o Dispositivo Industrial de Robótica Autônoma. Ou D.I.R.A. Um robô humanóide digital, de alto grau de complexidade e aparência feminina

absolutamente realista, programado para realizar uma infinidade de tarefas domésticas. Agora, a vida de Guilherme poderia voltar aos eixos. O pequeno Nico acabava de ganhar a sua babá eletrônica high tech. Ou nem tanto. Sem acesso a componentes de última geração, o incompreendido gênio da era digital deu forma a Dira de modo improvisado. Usou o que tinha à mão: peças defeituosas dos celulares, notebooks e videogames que vinha consertando em casa, para a clientela do bairro. É! A “robôa” nasceu com alguns “defeitos de fábrica”. Era a babá mais alucinada do planeta. Capaz de confundir farinha com talco; guardanapo com fralda; e pasta de dente com tubo de Hipoglós. A única que engraxou a pizza e colocou o sapato no forno. Uma babá cheia de atitude, que sempre falou, sem cerimônia, tudo que lhe ocorria em seu HD. – Seu Guilherme, tô com uma vontade de fazer download... Enfim, uma babá mais que imperfeita! Mas, o que faltava em eficiência à androide sobrava em carinho, alegria e dedicação. Por isso, Nico se encantou com Dira desde a primeira vez que ela trocou suas fraldas (e, no lugar, lhe colocou o terno italiano do pai!). Aos poucos, a felicidade voltou a reinar naquela casa. Tornaram-se, os três, uma espécie de família. A babá e o garoto viraram grandes parceiros. Para Nico, Dira era muito mais divertida do que qualquer videogame. Tinha olhos que enxergava a quilômetros de distância; boca capaz de reproduzir as vozes de qualquer personagem de desenho animado; e braços dotados de força descomunal. Isso, descobriu-se quando a babá, numa reunião da escola, deu um corretivo no pai valentão do garoto que vinha infernizando Nico nas aulas. E o tempo ia passando. Guilherme voltou a trabalhar. Nico foi crescendo, inteligente e esperto. Já Dira, diariamente

Colaborou: PÉRICLES é roteirista da Globo há 18 anos. Escreveu diversos programas, como Tapas & Beijos, A Grande Família, Sai de Baixo e Aline. Autor do Natal do Menino Imperador e Dó-Ré-Mi-Fábrica, finalistas do Emmy International na categoria “Children & Young People”.

abusando de seus dotes tecnológicos, também virou a “eletrodoméstica” da casa, sempre tentando cuidar daqueles dois homens: o menino e o pai. Mas, na verdade, eram eles que cuidavam dela. Por isso, a conversa, naquela noite, na cozinha, ia ser tão sofrida para Guilherme. Ele respirou fundo e foi em frente. – Dira... Esta semana o Nico vai completar 12 anos. Ele não precisa mais de uma babá. Antevendo seu fim, ela não disse nada. Apenas olhou fixamente o patrão. Foi quando ele notou algo na face da androide. Brotava de seus olhos e escorria. Eram lágrimas. De dor. De saudades antecipadas daqueles que tanto amava. Naquele instante, o mago da Engenharia Robótica descobriu que a Ciência pode ser ainda mais misteriosa e divina do que um dia imaginara. E ele também chorou. Dira continua até hoje “causando” na casa de Guilherme e Nico. Mais on-line do que nunca, jamais foi desconectada. Ao contrário. Ganhou um upgrade: o Chicão. Misto de namorado e robô-motorista, já bateu o carro do patrão duas vezes este mês. E assim caminha a “humanidade”.

25


Capa

Entrevista

Por Daniela Dias Ilustração Pablo Carvalho

Inteligências em

simbiose Para Luli Radfahrer, a máquina não está contra o homem, mas sim se unindo a ele, somando


capa - entrevista

A Computação Cognitiva promete transformar não só a maneira como os homens se relacionam, mas também a forma como se inserem e atuam na sociedade - revolucionando os modos de produção atuais. Mas, afinal, isso é bom ou ruim? O professor da Universidade de São Paulo, Luli Radfahrer, Ph.D. em Comunicação Digital, comenta sobre o limite entre a máquina e o ser humano, as características que nos diferenciam da chamada inteligência artificial e como sobreviver num mundo cognitivo sem perder a humanidade. Pense: De que maneira a Computação Cognitiva afeta as relações humanas e o modo como produzimos? L.R. É algo que não vai acontecer da noite para o dia, nem vai ser por completo. Na verdade, o que se tem é uma evolução das próteses. Hoje, todo mundo é um pouco cyborg. Todos têm certa dependência de uma forma de inteligência artificial, seja ela uma pesquisa na internet, o uso de um GPS ou de um sistema especialista em saúde. Esses apoios são pequenas próteses, são extensões neuronais. Como um jogador de futebol que vê a chuteira e a bola como extensões do cérebro, temos uma extensão por meio do telefone celular, mp3, internet. Essas extensões estão ficando mais inteligentes e fazendo recomendações cada vez melhores. Se, por um lado, isso é excelente, liberando o homem para fazer um monte de outras coisas; por outro, também traz novos vícios. Acho extremamente perigoso convivermos com um sistema cuja decisão seja tomada única e exclusivamente pela máquina, porque ela não tem bom senso, essa capacidade de tomar uma decisão um pouco mais crítica. Quantas vezes você está no carro com um GPS e a bolinha voa por alguns quarteirões? Você diz: “Bom, ainda bem que essa bolinha não está guiando o meu carro”. Pense: O senhor não vê, então, a inteligência artificial como algo independente? Não há essa dis-

tinção entre homem e máquina, mas sim uma simbiose? L.R. Sim. É uma simbiose cada vez mais crescente. Não vejo, num futuro razoavelmente próximo, algo como uma substituição ou coleguismo. Há duas formas completamente diferentes de inteligência convivendo. A inteligência da máquina é massivamente paralela. Não temos nada parecido com isso. Ela tem acesso a bases de dados em velocidades inacreditáveis e isso é maravilhoso. Mas, na hora em que você abrir mão de todas as decisões para elas serem tomadas pela máquina, você começa a ter problemas muito sérios. Pense: Mesmo que os computadores “pensem”, os homens são insubstituíveis? Quais são as características humanas consideradas únicas? L.R. São aquelas de sempre: criatividade, arte, bom senso, compaixão. Porém, acredito que nós estamos criando um tipo distinto de inteligência. Sinto que as máquinas vão chegar cada vez mais perto da inteligência humana, mas nunca a ponto de virar a inteligência humana, porque é de outra natureza. Então, essa comparação entre o homem e a máquina não faz mais sentido. Não existe um que seja melhor do que o outro. Quanto mais poderosa a máquina que nos acompanha, mais adaptados tendemos a ser. As máquinas, rapidamente, vão substituir boa parte daquilo que consideramos uma grande inteligência. E isso vai fazer com que muita gente acredite que a máquina veio para substituir o homem. Na verdade, quando elas nos substituírem nesses cálculos, vamos perceber que eles nem eram tão importantes, nem tão humanos. A próxima fase da Computação Cognitiva vai ser a resolução de problemas que, para nós, hoje, são gigantescos, mas que vão se mostrar pequenos. Pense: Atualmente, há experimentos que colocam robôs para realizar trabalhos criativos tipicamente humanos, como pintar um quadro. O senhor acredita que teremos uma nova categoria de produção artística?

L.R. Acho que sim. Mas vamos ter algo específico. A arte de computador vai ser como música eletrônica. Ela não é melhor nem pior do que música clássica ou rock’n’roll, é diferente. A arte gerada por computador não é comparável à arte humana. A música eletrônica inutilizou Bach, Beethoven? Claro que não. Isso tira o valor de alguns DJs de música eletrônica? Também não. Pense: As relações humanas já mudaram muito na era digital. Como serão essas relações com a Computação Cognitiva presente no nosso dia a dia? L.R. Fala-se muito das mudanças com as redes sociais, mas o que temos ali é menos uma efetiva mudança e mais uma gigantesca adaptação. A Computação Cognitiva pode trazer uma mudança? Sim, pode. Como na relação com o GPS, com um joguinho viciante, com uma forma de comunicação, com a Wikipédia. Os sistemas inteligentes estão tendendo para esse lado. Do mesmo jeito que eu tenho, atualmente, um GPS que me diz para onde ir, vou ter um GPS que vai me dizer o que comer, beber, quando dormir. Eu posso aceitar suas sugestões ou ignorá-las. E isso vai mudar completamente o meu estilo de vida. Pense: Esse é um caminho sem volta? L.R. Com certeza. A tecnologia é uma máquina que foi feita para não ser desligada. Estamos cada vez mais codependentes de todas as formas digitais de inteligência. A evolução natural é que elas se tornem mais conscientes. Entretanto, ter medo disso é como o índio ter medo de que a fotografia lhe roubasse a alma. A evolução não vai parar.

No aplicativo da Pense, assista ao vídeo de um robô, assustadoramente talentoso, criado especificamente para pintar retratos. No entanto, quando tentaram fazer Cleverbot - robô que interage com humanos - escrever o roteiro de um filme, o resultado não foi tão bom assim.

27


Capa

Memória

José Carlos Duarte, CTO da IBM, volta ao tempo das máquinas de escrever e recupera parte da trajetória da IBM por meio de suas memórias pessoais Por Daniela Dias Fotos Daniela Toviansky Com 36 anos de IBM, José Carlos Duarte é testemunha – e em muitos casos protagonista – das transformações tecnológicas mais emblemáticas pelas quais temos passado. Desde que começou sua carreira como office-boy em uma agência de publicidade, Duarte acompanhou o surgimento de tecnologias que não ficaram restritas apenas ao meio técnico, mas que moldaram novos comportamentos e alteraram a forma como vivemos e fazemos negócios. Ele viu bem de perto a internet revolucionar o jeito como as pessoas compram e se relacionam. Viu a máquina de escrever sumir dos escritórios e dar lugar aos primeiros PCs, acoplados a barulhentas impressoras matriciais que devoravam metros de formulários contínuos. E viu novos cargos surgirem, como arquiteto de sistemas, de TI e de soluções e, claro, Chief Technology Officer, ou CTO, posição que ocupa atualmente na IBM Brasil.

Primeiros passos Filho de um imigrante português, Duarte poderia ter seguido o caminho do pai e enveredado para o comércio, cuidando da padaria da família. No entanto, o interesse pelas inovações e a vontade de aprender cada vez mais o fizeram buscar outras oportunidades. Na extinta VARIG, seu segundo emprego, começou como como estudante técnico e seu interesse em “montar e desmontar coisas” logo o transformou em mecânico de manutenção de aviões. Seu trabalho seguinte foi em uma promissora empresa de táxi aéreo que, muitos anos depois, se transformaria na TAM que conhecemos hoje. Nesse tempo ele ainda nem imaginava que, anos depois, seria responsável por desenvolver as bases dos primeiros programas de milhagem do país.


capa - mem贸ria

No aplicativo da Pense, assista ao v铆deo da entrevista do Duarte e conhe莽a um pouco mais sobre a sua trajet贸ria

29


O CTO da IBM também não poderia prever que hoje as pessoas procurariam emprego nas redes de relacionamento, colocando seus currículos no LinkedIn ou participando de processos seletivos à distância. No ano de 1977, a única ferramenta para este fim eram os anúncios classificados dos jornais impressos. E, nesses anúncios, a oportunidade parecia estar em uma vaga de técnico de manutenção na IBM, uma grande companhia multinacional, o que prenunciava uma carreira condizente com o aprendizado que ele desejava ter.

O precursor do “Ctrl+z” A década de 1970, quando Duarte entrou na IBM, foi marcada por um forte sentimento de nacionalismo no Brasil. Era a época da conquista do tricampeonato de futebol na Copa do México. Aliás, foi justamente nesse campeonato que aconteceu a primeira transmissão em cores da TV brasileira. “Minha família já gostava de novidades e, assim que saíram os primeiros televisores coloridos, nós compramos um. Eu morava numa vila e todo mundo se juntava para assistir às partidas”, relembra.

Membro da IBM Academy of Technology desde 2007, José Carlos Duarte Gonçalves é CTO - Chief Technology Officer - da IBM desde 2008. Sob sua direção está o desenvolvimento de inovações na IBM Brasil. Ele também é responsável por interpretar a evolução e a produção de soluções em tecnologia no país.

Foi também o período do chamado Milagre Econômico. “O governo queria incentivar o desenvolvimento da tecnologia nacional. Por isso, começou a estabelecer, nos anos 1970, medidas para restringir a importação de equipamentos de informática, o que deu origem mais tarde à lei de Reserva de Mercado. Por conta disso, os únicos equipamentos que podíamos vender no Brasil eram os grandes Mainframes, que já eram produzidos aqui, e foi com eles que me deparei quando entrei na IBM”, conta. “Os Mainframes ficavam em grandes data centers envidraçados, apelidados de glass houses (“casas de vidro” em português), para que todos pudessem admirar a novidade. Eram uma atração, ocupavam uma sala inteira. Mas tinham muito menos memória que um smartphone de hoje, cerca de modestos 15kB”, diz o executivo. Nessa época, Duarte tinha 21 anos, e o que havia de mais moderno em termos de

tecnologia, além dos Mainframes, eram as calculadoras eletrônicas portáteis e as revolucionárias máquinas de escrever elétricas. A mais cobiçada era a Selectric, da IBM, muito querida de Duarte até hoje, pois uma de suas primeiras atribuições na companhia foi a manutenção destes modelos. A Selectric antecipava um gesto que hoje é corriqueiro, o de apagar e corrigir palavras em documentos de texto. O tão familiar “Ctrl+z” era introduzido ao mundo dos escritórios por um botão identificado por um “X” e uma seta. Bastava apertá-lo que o erro de datilografia se desfazia como mágica. “A Selectric era um sonho de consumo, assim como é o tablet hoje. Ela facilitava a vida de secretárias e datilógrafas que, até então, tinham de escrever uma folha inteira sem errar uma vírgula!”, admira-se.

Computadores para todos Das máquinas de escrever para o computador como conhecemos hoje, foi uma longa jornada – curta em tempo, mas muito intensa no desenvolvimento da tecnologia. Nos anos 1980 aconteceu uma grande virada tecnológica – o surgimento dos computadores pessoais. Mesmo com capacidade de processamento mínima quando comparados com as máquinas de hoje, eles tomaram conta dos escritórios e abriram o caminho para a popularização da informática. Em 1981, a IBM entrou nessa onda com o lançamento do IBM PC, computador que logo foi sucesso de vendas em todo o mundo, mas não no Brasil. “Por causa da Reserva de Mercado, não podíamos importar os PCs. Era frustrante, porque a IBM era uma das líderes mundiais em tecnologia e nós tínhamos que comprar PCs de outras empresas para compor as soluções que vendíamos aos clientes daqui do país”, conta. A solução encontrada, então, foi firmar parcerias para comercializar o PC em território nacional, primeiramente com a Sharp, empresa de eletroeletrônicos famosa pelos televisores de controle remoto embutido, e depois com a Itautec. Essa segunda expandiu para outros negócios e acabou


capa - memória

Ao longo dos anos, Duarte pôde testemunhar o desenvolvimento de vários marcos tecnológicos da IBM, como as máquinas de escrever (foto no alto) e os computadores com entrada para disquetes (no centro)

31


dando origem à comercialização em território nacional do AS400, um servidor de médio porte que trouxe muitas inovações aos clientes. “Eu havia mudado de área e passei na seleção para trabalhar com suporte às vendas do famoso AS400. Era uma grande novidade e foi criado um modelo compacto para levar aos consumidores. Tinha o tamanho de dois notebooks somados e ficava numa mala, mas já tornava possível que levássemos a máquina ao cliente para fazer demonstrações”, recorda.

“Antes disso, não era tão comum ter um computador em casa. Ainda não fazia parte do cotidiano das famílias” Se nos escritórios os computadores já estavam bastante populares, às casas das pessoas eles ainda demoraram um pouco a chegar. Tanto é que Duarte só comprou o seu primeiro PC na virada da década, depois de caírem o Muro de Berlim e a política de veto a produtos estrangeiros. “Antes disso, não era tão comum ter um computador em casa. Ainda não fazia parte do cotidiano das famílias”, explica. Sua aquisição foi um PS/1, abreviação de Personal System. Lançado em 1987, ele foi um ícone entre os PCs por popularizar no Brasil o monitor colorido e o mouse com três botões. Além disso, vinha com abertura para outra invenção da IBM, o disquete ou floppy disk, que hoje é um objeto extinto, que, quando lançado, deu mobilidade, simplicidade e agilidade ao armazenamento e ao acesso de arquivos.

Antes mesmo que Duarte pudesse salvar seus documentos em disquetes, uma outra maravilha tecnológica da época já fazia parte da rotina da sua família, e não era um PC. Foi um mitológico Atari 400. Um verdadeiro ícone da cultura dos anos 1980. Ele era mais barato que os computadores pessoais e dava uma rasteira nos concorrentes, principalmente porque sua plataforma aceitava cartuchos de vários fabricantes. O primeiro Atari de Duarte foi comprado de presente para o filho e, segundo ele, garantiu a diversão em família naqueles tempos. “Nós jogávamos Pac Man, River Raid, Enduro. Antes disso, só o que havia era o fliperama do bairro”, diz. Enquanto as famílias aprendiam a lidar com o videogame e a gravar programas da TV por meio dos videocassetes, no mundo corporativo a tecnologia já atingia patamares muito mais altos. “Foi nessa época que inauguramos o Centro Científico de Brasília, dirigido pelo pesquisador Jean Paul Jacob. Ele foi importante para mostrarmos ao governo que a IBM realmente estava investindo no desenvolvimento da tecnologia no Brasil”, conta Duarte.

O novo mundo on-line Apesar de ser um período no qual a tecnologia definitivamente se propagou fora das grandes corporações, a passagem dos anos 1980 para os anos 1990 foi bastante turbulenta para a IBM. Uma estratégia errada ameaçava a nossa sobrevivência. Enquanto, no Brasil, o presidente da República amargava um impeachment e os caras-pintadas festejavam a jovem democracia no nosso país, no mundo inteiro a então octogenária Big Blue precisaria se reinventar para se salvar. Para Duarte, esse foi o começo da maior virada da história da empresa. Antes tão identificada com as máquinas, a IBM agora se voltava para as soluções de tecnologia como


capa - memória José Carlos Duarte é um otimista - e acredita que a Computação Cognitiva abrirá uma nova era em diversas áreas do conhecimento

forma de se destacar novamente no mercado. “Uma das sacadas da IBM foi perceber que os computadores isolados já não resolveriam todos os problemas. Era preciso apostar numa computação em rede e unir hardware e software. Isso foi a semente do que hoje é Cloud, a computação em nuvem”, esclarece. Nesse momento vivíamos o início de um dos marcos mais importantes do mundo da tecnologia, segundo o CTO: a “era da internet”. A rede teve como precursor o sistema BBS (Bulletin Board System), cujo acesso tinha de ser feito via telefone. “Em São Paulo, a conexão era realizada pela antiga Telesp e só as empresas ou os mais aficionados por tecnologia tinham acesso. Era realmente coisa de nerd, nem eu tinha”, brinca. Desde então, o network computing só evoluiu – e a IBM deslanchou ao prever que o processamento das informações estava na rede. “Esse período foi muito importante. Passamos a trabalhar com interação, compartilhamento e banco de dados, o que exigia mais responsabilidade e preparo. O sistema era bem mais complexo”, conta Duarte. No fim dos anos 1990, a IBM lançou o projeto que mudou, de muitas maneiras, a forma como vivemos hoje em dia. Se hoje você faz suas compras de supermercado, pesquisa o preço de produtos e até encomenda um sapato novo, tudo pela internet, é graças a ele, o e-business.”Fui convidado a passar três meses nos Estados Unidos como parte do time que desenvolveu o modelo de transações eletrônicas que tinham a internet como meio. Estávamos criando o comércio eletrônico”.

De volta para o futuro Enquanto rememora sua trajetória e a evolução da tecnologia, José Carlos Duarte garante que muitas outras mudanças estão por vir. Ao longo de sua carreia, viu mudarem tantas vezes as máquinas e a maneira como as pessoas se relacionam com a tecnologia que já não lhe causa tanto espanto o que surge de inovação e o que surgirá. Otimista, crê que muitas coisas boas estão prestes a acontecer, e em uma velocidade muito maior. “Estamos entrando em um novo momento, tão especial e transformador quanto o período em que a internet foi lançada: o da Computação Cognitiva. Ela inicia uma nova era, muito importante para as áreas médica, financeira e também para a nossa vida doméstica”, acredita o executivo. José Carlos Duarte reforça que não existe mais o temor de a tecnologia tomar o lugar do homem. Ela vai, sim, trazer informações e opções para aperfeiçoar nossas escolhas e tornar nossa performance ainda melhor. “Quando esse momento chegar, teremos mais tempo para nos dedicar ao que é realmente importante, para ter qualidade de vida. E isso fará com que tudo seja diferente”.

33


Bastidores

O rosto da máquina

Elementar, meu caro Watson Muita gente pode associar o nome do supercomputador da IBM ao fiel escudeiro do detetive Sherlock Holmes. Mas, apesar da notória inteligência do personagem, a inspiração para o nome nada tem a ver com literatura inglesa. O nome Watson foi escolhido em homenagem ao visionário e primeiro presidente da IBM, Thomas John Watson. O empresário nasceu em 1874 e morreu aos 82 anos de idade.

Campeão de audiência O programa norte-americano de perguntas e respostas Jeopardy! - ganhador de 30 prêmios Emmy - estreou em 1984 e tem aproximadamente 25 milhões de telespectadores todas as semanas. Em uma edição especial, Watson jogou ao lado de dois grandes campeões do quiz show: Ken Jennings e Brad Rutter. Para concorrer, mais do que dar uma resposta correta, Watson precisava analisar as perguntas, muitas delas com sutilezas de linguagem como ironia, subentendidos e enigmas.

Aparecer bem na televisão não é um desejo exclusivamente humano. Watson também é vaidoso. Para que ele participasse da competição no Jeopardy!, foi desenvolvido um avatar exclusivo, criado pelo designer Joshua Davis. Mas não seria suficiente apenas uma imagem: o avatar deveria ser a expressão dos “sentimentos” do supercomputador. Foram criadas partículas que rodavam em volta de um globo, mudando de lugar e cor conforme o “humor” de Watson. Ao acertar uma questão, o Watson ficava feliz e as partículas, animadas, iam para a parte de cima do globo. O contrário também se aplicava quando o computador errava, elas ficam deprimidas e se concentravam tristonhas na parte de baixo da esfera.


Irmão boca-suja Watson sempre foi uma máquina muito educada. Por isso, um de seus pontos fracos era entender gírias, jargões e até palavrões. Isso porque, diferente da que encontramos em dicionários formais, a língua diária muda constantemente e as pessoas costumam falar de maneira muito distinta dependendo de sua idade, região, formação escolar, meio de atuação. Para resolver a questão, cientistas criaram uma nova versão do supercomputador, um Watson mais “desbocado”. Adaptado com um dicionário urbano, incorporou uma base de dados mais moderna, contendo a linguagem “das ruas”. Mas ele não conseguiu distinguir palavrões e xingamentos da linguagem formal, e o resultado foi um irmão um pouco mais mal-educado e boca-suja. Seu mau comportamento fez com que os cientistas desistissem da ideia e aposentassem a versão.

As máquinas também jogam Errar também é tecnológico Mesmo ganhando o programa, Watson, como todo pensador, cometeu erros notórios durante a exibição de Jeopardy!. Durante uma pergunta da categoria “Acerte a década”, o competidor Ken Jennings havia sido o primeiro a apertar o botão, mas respondeu errado. Watson, em seguida, não “ouvindo” seu adversário, cometeu exatamente o mesmo erro. Já durante a sessão “Cidades Americanas”, o supercomputador ignorou o tema e errou de país. Enquanto os outros competidores responderam corretamente Chicago, nos Estados Unidos, Watson disse Toronto, no Canadá, mostrando que geografia pode ser um tema complicado até para um supercérebro.

Watson não é a primeira incursão da IBM no mundo das competições entre homens e máquinas. Em 1997, o Deep Blue, um supercomputador criado pela IBM especialmente para jogar xadrez, bateu o então campeão do mundo, Garry Kasparov - considerado na época o melhor jogador de xadrez do mundo. Os dois já haviam se enfrentado no ano anterior, durante uma competição de seis partidas. Daquela vez, o triunfo havia sido do humano. Kasparov ganhou o duelo por 4 a 2. Mas, no ano seguinte, os técnicos da IBM aprimoraram a criação e o Deep Blue levou a melhor na revanche. Foram duas vitórias de Deep Blue, três empates e uma vitória de Kasparov. O evento ganhou repercussão astronômica e ficou marcado como o dia em que a máquina enfim venceu o homem – no xadrez. O supercomputador era capaz de analisar aproximadamente 200 milhões de posições por segundo.

Competidor peso-pesado Enquanto seu avatar sofisticado aparecia na televisão junto aos outros competidores, o “corpo” de Watson estava escondido nos bastidores. Isso, porque seu “cérebro” tomava o espaço de oito grandes geladeiras, o que ocuparia boa parte do palco. Watson era composto por duas unidades, com dez servidores IBM Power750 - o que seria equivalente a 2.800 computadores juntos. Além disso, dois grandes refrigeradores acompanhavam o supercomputador que, muito calorento, precisava ser constantemente resfriado para garantir seu desempenho.

35


Top 5

Música: Deep Blue

E no aplicativo da Pense para tablet, você ouve a música e vê cenas dos filmes que citamos aqui, como a célebre sequência inicial de 2001, uma Odisseia no Espaço.

Grandes obras do cinema, da literatura e da música que retratam a eterna questão homem versus máquina.

A música do último disco da banda canadense cita o supercomputador da IBM que venceu o soviético Garry Kasparov no xadrez, em 1996. Além disso, reflete a respeito do fim dos tempos da inocência juvenil, a partir do domínio da tecnologia sobre o homem. Ao final, propõe que deixemos o celular e o computador um pouco de lado para prestar atenção ao que há de extraordinário no mundo lá fora, aquele que valorizamos cada vez menos nestes tempos digitais, a tal “vida real”.

2

1

Filme: A.I. Inteligência Artificial (2001) Direção: Steven Spielberg Trata-se do Pinóquio da era moderna. A ideia partiu de um projeto de Stanley Kubrick que, por 20 anos, cultivou a vontade de falar sobre máquinas capazes de sentir. Porém, antes de dar início às filmagens, passou a bola para Spielberg, que assumiu o projeto após a morte de Kubrick em 1999. No filme, um casal adota uma criança andróide, programada para amar eternamente, para substituir o filho que estava em coma. Mais que a história de um robô que deseja ser uma pessoa de verdade para conquistar o amor da mãe, Inteligência Artificial é uma produção que provoca reflexões sobre as relações entre o homem e a máquina e suscita discussões éticas sobre a interferência da ciência na criação de uma nova espécie imortal.

Imagens de divulgação

Banda: Arcade Fire Álbum: The Suburbs


top 5

Livro: Neuromancer (1984) Autor: William Gibson Famoso, polêmico e premiado, o livro de William Gibson fundou o gênero de literatura Cyberpunk e foi uma das inspirações para a trilogia de filmes Matrix. Trata-se da história de um hacker, envenenado com uma microtoxina, substância que danifica seu sistema neural. Desde então, ele tenta encontrar a cura para voltar a se conectar a um mundo virtual onde tudo acontece. A trama contém fortes referências à computação cognitiva, como o nome do pai do conceito, Alan Turing, na definição da polícia, e soa assustadoramente atual quando comparamos à dependência tecnológica das gerações atuais.

5

Filme: Blade Runner: o Caçador de Androides (1982) Direção: Ridley Scott Hoje considerado um dos grandes filmes dos anos 1980, Blade Runner amargou uma bilheteria fraca quando foi lançado, por ter sido considerado muito “cabeça”. O filme, que se passa em 2019 (um futuro hoje não tão distante) e mostra um planeta Terra onde replicantes - robôs criados geneticamente - e humanos se misturam e se confundem. Os androides, rebelados contra seu destino como classe inferior, são perseguidos por caçadores de recompensas. Baseada na cultuada obra de Philip K. Dick Do Androids Dream of Electric Sheep?, é uma das obras cinematográficas que melhor levantam a questão do limite entre o homem e a máquina. Será que um dia seremos iguais?

4 3 Filme: 2001, uma Odisseia no Espaço (1968) Direção: Stanley Kubrick

Com mais de 45 anos, o filme ainda tem uma legião de fãs e de críticos. A obra, baseada no livro de um dos maiores mestres da ficção científica, Arthur C. Clarke (que também assina o roteiro), é um marco na história do cinema. Aborda, com imagens e trilha sonora impressionantes, a evolução humana ao longo de quatro milhões de anos. 2001 vai do surgimento da consciência nos primeiros hominídeos, e as consequências dessa descoberta, até a possível dominação do homem pela máquina – no caso, o computador HAL. O filme foi indicado a quatro Oscars, ganhando a estatueta de Efeitos Visuais.

37


Techmob

De olho

no futuro

IBMistas imaginam aplicativos e gadgets que a Computação Cognitiva poderia ajudar a tornar realidade. Chamamos um expert, Cícero dos Santos, que trabalha com aprendizado de máquinas no laboratório de pesquisas da IBM, para dizer se eles estão longe da realidade.

Para nunca mais errar no presente

Para resolver tudo na palma da mão A mobilidade chegou para ficar. Quer dizer, para a IBMista Fernanda Camargo, para fazer você ficar no lugar e resolver todos os problemas sem ter que sair de casa. Que tal um aplicativo integrado com todos os órgãos governamentais capaz de renovar e tirar segunda via de documentos, bem como pagar contas e resolver pendências que normalmente levam muito tempo? Por outro lado, Wellington dos Santos quer se ver livre dos cadastros e senhas, com uma única identidade, uma espécie de usuário universal, que nos ligasse a todos os serviços: documentos, agenda, conta, dinheiro, cartões, substituindo os muitos papéis que carregamos todos os dias conosco. Opinião do Expert | Construir um aplicativo que possa se integrar aos sistemas de órgãos governamentais depende principalmente desses órgãos disponibilizarem uma interface padrão e segura de troca de dados. Tecnologia para isso já existe. Com relação a usuário universal, ainda existem várias questões de segurança e padronização a serem resolvidas. Acredito que a biometria será o método de identificação utilizado para isso.

Quem nunca ficou em dúvida sobre o que comprar para presentear um amigo? Para acertar na mosca e nunca mais dar um “vale-qualquer-coisa”, Felipe Nogueira imaginou um aplicativo que, conectado às redes sociais, mapearia os gostos e costumes dos seus amigos e ainda sugeriria a melhor loja para comprar o presente ideal. O fim do “vale-qualquer-coisa” está próximo? Opinião do expert | Os recentes avanços nas áreas de mineração de dados, aprendizado de máquina e processamento de linguagem natural tornaram esse tipo de aplicação uma possibilidade real. Sistemas de recomendação baseados em filtragem colaborativa hoje podem ser criados a partir do cruzamento de dados de lojas virtuais com os dados de redes sociais.


techmob

Para integrar tudo: trabalho, família, lazer, saúde... Para o IBMista Alex Senerini, falta mais integração entre as tecnologias que temos hoje. Não basta só organizar compromissos, atividades e todas as demandas de gadgets que temos à disposição - a tecnologia também deve ajudar a definir as prioridades do usuário, inclusive quando se trata de lazer, estudo e atividades domésticas. Ele imaginou um aplicativo que gerenciaria dados de vários aspectos da vida, desde os itens que faltam na geladeira até o seu desempenho nos exercícios físicos, passando pela relação com a família e os amigos. Analisando todos esses dados, o programa saberia indicar as melhores opções para cada decisão: os supermercados mais próximos com as melhores promoções, atividades de lazer que mais relaxariam você depois de um dia difícil, o restaurante mais indicado para impressionar aquela pessoa especial. Tudo integrado, em tempo real. Opinião do expert | A enorme diversidade de tipos e fontes de dados necessária para esse tipo de aplicativo torna-o inviável por enquanto. Adicionalmente, criar modelos que façam boas sugestões que tentam maximizar múltiplos objetivos, muitas vezes contraditórios, é uma tarefa bem desafiadora, principalmente envolvendo esse gigantesco número de variáveis.

Para se vestir de maneira mais inteligente Imagine um aplicativo que mapeasse suas medidas, seu estilo e biotipo e, ao escanear um look numa vitrine, fosse capaz de dizer se o modelito ficaria bem em você ou não? Ou um software que mantivesse um registro de todas as suas roupas, sapatos e acessórios e, conectado a sites de moda, sugerisse combinações diárias para você usar seu guarda-roupa de maneira mais inteligente? As IBMistas Letícia Lopes e Daniele Pedace sonham com o dia em que a tecnologia vai ajudá-las a economizar tempo nessa tarefa. É possível? Opinião do expert| A construção de aplicativos que mapeiam a roupa certa para o biotipo certo é possível com o uso de scanners 3D, que já são utilizados na indústria da moda. A combinação de scanners e impressoras 3D é algo que pode revolucionar a “costura personalizada” num futuro mais distante. Um app que sugere combinações de roupas pode ser construído com uma mistura de sistema especialista (que encapsularia o conhecimento de moda) e filtragem colaborativa (que modelaria o perfil do usuário).

Para estar o tempo todo de olho na saúde Uma alimentação saudável é dar ao corpo o que ele precisa, na hora e na quantidade certas. E a tecnologia poderia nos ajudar nisso. A IBMista Francilane Rego gostaria de um aplicativo que informasse o que deveríamos comer em cada refeição, com base nas necessidades do corpo, características pessoais, gosto e estilo de vida de cada um. Ele ainda teria a função de nos avisar a hora exata de comer. Já o sonho de Juliano Batista Gonçalves é ter um dispositivo, como um relógio, que monitorasse todos os nossos indicadores vitais - colesterol, glicose, pressão arterial, batimentos cardíacos etc. Imagine que incrível seria se, cruzando com dados do comportamento de outras pessoas, esse gadget pudesse emitir um alerta de um possível colapso, como infartos e AVCs? Opinião do Expert | Gadgets vestíveis que monitoram indicadores vitais e apps que ajudam a catalogar a ingestão de alimentos já são comuns atualmente. Tecnologias como filtragem colaborativa baseada em aprendizado de máquina já podem ser usadas para desenvolver e disponibilizar serviços na nuvem que podem receber esses dados e realizar predições e sugestões individualizadas. No entanto, a predição de colapsos como infarto e AVC é um problema não resolvido.

39


Ponto Final

O coração O braço era de uma liga de metal superleve, recheado de de estruturas hidráulicas que davam a ele a força de mil tornos. As pernas articuladas geravam propulsão maior que as dos foguetes de lançamento de satélites, sem poluir, já que o mecanismo era baseado em molas hipertensas. Os olhos enxergavam longe, graças a lentes de aumento, adaptadas a um monóculo semitransparente de última geração.

Os amplificadores de ouvido faziam com que segredos se tornassem impossíveis de serem trocados sem que fossem captados e rapidamente armazenados. Olfato seletivo por análise de partículas, dentes de titano, exoesqueleto de grafeno - aquilo parecia indestrutível. Ao ver o “sei lá o que” se aproximando, a criança se encolheu mais ainda no canto do poço onde tinha caído, pensando que seu fim finalmente chegara. Mas, apesar do aparato todo, o coração... ah, o coração... era de gente mesmo. O homem por baixo da máquina, após ouvir o pedido de socorro com os superouvidos, agachou sobre os superjoelhos, sorriu com os superdentes, piscou com um dos superolhos, e estendeu o superbraço... o menino estava salvo.

Colaborou: Rodrigo Giaffredo

Lidera a área de Comunicação da Mudança na organização de CIO América Latina, com foco num grande programa de transformação de processos e sistemas da companhia.


Na Próxima Edição Cidadania Você pratica? O que é cidadania para você? Ser gentil no trânsito, fazer trabalho voluntário, votar com consciência, preservar o meio ambiente, ser ético... Individualmente, todas essas definições se aplicam. Mas existe também uma cidadania coletiva, a cidadania corporativa. O que nós, como profissionais, podemos fazer pela nossa sociedade? Na próxima edição da revista Pense, vamos abrir a discussão a respeito do tema e trazer histórias de quem exerce a cidadania em todos os sentidos da palavra.

Enquanto isso... A sua revista Pense já chegou ao fim, mas a discussão continua nas redes sociais e você é nosso convidado. Acesse a comunidade da revista no Connections, para compartilhar sua opinião com outros IBMistas, pelo link bit.ly/ibmpense ou siga o nosso blog: revistapense.wordpress.com.

41


Como Competir na era da “inteligênCia’’.

A polícia de Memphis utilizou Big Data e analytics para verificar padrões de atividade criminal, o que ajudou a mudar sua estratégia.

Durante cinco anos, a IBM ajudou cidades e empresas a construir um Planeta mais Inteligente. Líderes começaram a usar Big Data e analytics para transformar suas empresas com tecnologias móveis, social business e com a nuvem. Big Data mudou a forma como empresas e instituições se relacionam com seus clientes. Dados são transformados em informações valiosas para ajudá-las a competir na atual era da “inteligência”. Usando análises, não instinto.

Executivos, por muito tempo, confiaram na intuição para formular estratégias e avaliar riscos. Tal pensamento se tornou obsoleto graças ao Big Data.

Redes sociais mudaram de significado no local de trabalho, de conhecimento que as pessoas possuem para conhecimento que elas podem compartilhar.

Nos dias de hoje, em que cada indivíduo está ligado a milhões de pessoas, o custo de uma decisão errada pode ser devastador. Analytics ajuda os líderes a verem além de seus próprios conceitos para antecipar problemas. A rede social vai ao trabalho.

A ascensão da tecnologia social e móvel está transformando colaboradores que acumulam conhecimentos em colaboradores que transmitem conhecimentos.

A Cemex, uma empresa de US$ 15 bilhões que fabrica cimento, criou a sua primeira marca global através da construção de uma rede social. Trabalhadores colaborando em 50 países ajudaram a lançar a marca cerca de um terço antes do tempo previsto. Para você, como você.

Na era da comunicação de massa, profissionais de marketing serviam amplos “segmentos” da população, mas a era do Big Data e de analytics está tratando os clientes como indivíduos. E empresas mais inteligentes oferecem serviços úteis para uma pessoa de cada vez. Alcançando o sucesso em um Planeta mais Inteligente.

Uma organização que investe em Big Data e analytics, mídias sociais, mobilidade e nuvem é uma empresa inteligente. Em um Planeta mais Inteligente, o próximo desafio é a cultura: mudar as práticas de trabalho enraizadas para aproveitar ao máximo esses avanços. Para saber mais, visite-nos em ibm.com/mobilefirst/br

O marketing eficaz já não visa à publicidade de massa, mas sim conversar com os indivíduos.

VAMOS CONSTRUIR UM PLANETA MAIS INTELIGENTE

IBM, o logo IBM, ibm.com, Smarter Planet e o design do globo são marcas registradas e de titularidade da International Business Machines Corporation em diversos países em todo o mundo. Outros nomes de produtos e serviços podem ser marcas registradas da IBM ou de terceiros. Uma lista atualizada das marcas registradas e de titularidade da IBM está disponível na internet, em www.ibm.com/legal/copytrade.shtml. © International Business Machines Corporation 2013.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.