O Sesimbrense - Edição 1148 - Março 2011

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O SESIMBRENSE | 31 DE MARÇO DE 2011

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TST com “carreiras fantasma”? São muitas as queixas de utentes dos transportes públicos rodoviários em Sesimbra aos serviços prestados pela empresa TST, sendo a mais grave a falha arbitrariamente de determinadas carreiras, que simplesmente não são

feitas, sem que sejam dadas quaisquer explicações: são “carreiras fantasma”. Temos a prova presencial da queixa de uma passageira que alegou ter esperado em vão, no Laranjeiro, por uma das carreiras para Sesimbra; quando chegou a carreira do horário seguinte comunicou o facto ao motorista que, em troca, não lhe respondeu rigorosamente nada. O Sesimbrense procurou saber a razão de tanta insatisfação por parte de quem utiliza os transportes públicos, neste caso, os autocarros da TST. A

crítica é partilhada por todos aqueles que esperavam por um autocarro, “as carreiras são poucas, por estranho que pareça há menos agora do que há uns tempos atrás, esperamos muito tempo por um autocarro”, diz Piedade, utilizadora

diária dos transportes da rede de Sesimbra. “É inadmissível faltar um autocarro e ficarmos à espera só do próximo para eles cumprirem horários”, retorquiu um outro utilizador”. Também ouvimos queixas de que as carreiras entre Cacilhas e Sesimbra que passam na estação dos Foros de Amora, para transbordo do comboio da Fertagus, nem sempre são executadas, ou, quando são, vêm com atrasos que incapacitam os utentes de gerirem os horários do autocarro com o comboio. “Como

é que é possível pagarmos um serviço que não funciona?”, é uma das questões colocadas por uma jovem. “Um atraso de autocarro já é grave pois o comboio a apanhar já não será o previsto, mas mais grave ainda é não vir o autocarro”.

Inês Pereira, estudante universitária vê-se, assim, obrigada a utilizar o automóvel até à estação, seguindo depois de comboio, mas há quem não tenha essa possibilidade. Mas as queixas dos utentes estendem-se a outros aspectos, “os bilhetes são outro problema, é difícil conseguirmos encontrar um sítio que venda, pois aqui no terminal, o stand de vendas está fechado, não nos dão horários e quem não sabe ler tem que pedir informações a outro utilizador”, acrescenta Adelina que

também utiliza este transporte. As pessoas mais idosas sentem-se marginalizadas por não terem qualquer apoio, a subida para a plataforma pode tornar-se muito difícil e ouvimos lamentos de que, antigamente, os motoristas, de uma forma geral, ajudavam a subida para o autocarro a quem mais necessitava. Actualmente parece ser tão raro encontrar um motorista que ajude, que até fizeram questão de referir ao jornal qual o motorista que se destacava pela positiva. “Não compreendo porque é que o autocarro com o motorista lá dentro tem as portas fechadas, enquanto as pessoas estão aqui à chuva, não há sensibilidade nesta gente” desabafa José Almeida, que aguarda o seu autocarro habitual. O Sesimbrense contactou a TST sobre este assunto, tendo recebido uma resposta por escrito onde a empresa afirma ter feito uma reestruturação de carreiras em Janeiro deste ano e que, sobre essa reestruturação, só foram recebidas quatro reclamações, as quais “foram objecto de análise no terreno”; dizem também que nas carreiras urbanas de Sesimbra não houve reestruturação e que, quanto a essas, não foi recebido qualquer “registo de incumprimento de horários”. Trata-se de uma resposta habilidosa, que não diz nada sobre eventuais queixas recebidas pela empresa e relativas ao funcionamento das restantes carreiras suburbanas. Será possível que os TST não tenham recebido uma única queixa? Se receberam, omitiram-no na informação que nos foi enviada. Andreia Coutinho,

De acordo com um estudo realizado pela Deco/Proteste, o sector de transportes terrestres sofreu um acréscimo de reclamações nos últimos 5 anos. Atrasos, pouco conforto atendimento deficiente e veículos sobrelotados são os principais problemas apontados pelos utentes dos transportes públicos portugueses.

Actualmente são várias as iniciativas de sensibilização para a utilização de transportes públicos: a Semana Europeia da Mobilidade e o Dia Europeu sem Carros, dia 22 de Setembro, são disso exemplos, visando mobilizar as pessoas para uma maior adesão aos transportes públicos em detrimento do uso do veículo particular. Sesimbra já tem prevista a construção de uma central de transportes públicos, integrada num edifício a construir na Avenida da Liberdade, no entanto, a actual crise no sector da construção parece estar a atrasar o arranque deste equipamento.

Polémica com o elevador da Califórnia Há já há algum tempo que o elevador público do Parque de Estacionamento do Mar da Califórnia é alvo de críticas por quem por ali passa, utilizadores, moradores nas imediações do elevador, e simples visitantes que querem apenas descer ou subir e se deparam com oito andares de lanços de escada. São muitas as dúviO Sesimbrense falou com Daniel Piedade, proprietário do Restaurante “O Canhão”, que representa aqui o condomínio do edifício da Praia da Califórnia, falou também com a empresa SIENT, a quem o condomínio contratou os trabalhos de administração do parque de estacionamento e do elevador em questão, e, por fim, com a Câmara Municipal de Sesimbra, outra possível interveniente nesta questão. Daniel Piedade começou por explicar que “aquando a construção do edifício do Mar da Califórnia, a administração assinou um protocolo com a Câmara e o construtor onde se assinalaram as responsabilidades de cada um”. Este protocolo, segundo Daniel Piedade, atribuía a limpeza e higienização da escada ao lado do bar Onda Selvagem, bem como da saída do parque de estacionamento, à administração do edifício; o parque de estacionamento e escada

ao lado do bar Gliese, ficava a cargo do Spa Hotel. Daniel Piedade acrescenta que “o hotel acabou por entregar a sua exploração à empresa SIENT. Como proprietário de um restaurante, salienta que “o comércio perdeu, há uma espécie de barreira que foi construída entre a parte de cima da vila e a praça.” Ao perguntarmos se está a funcionar neste momento o elevador, o administrador responde que “agora está completamente fechado, só funciona quando o parque de estacionamento está aberto, indo só até ao 6ºpiso, pois o parque só vai até a este andar”. Contactada pelo nosso jornal, a SIENT respondeu “ser responsável pela manutenção, conservação, limpeza do elevador”, mas alegou que “durante o período decorrente desde Agosto de 2010, foi confrontada várias vezes com actos de vandalismo, utilização incorrecta, etc., que de

das acerca do que aqui foi acontecendo e dos direitos, se é que os há, de quem se vê obrigado a subir ou descer centenas de degraus de escada para descer à praça da Califórnia ou o inverso, sendo esta pessoa jovem ou idosa, residente das proximidades ou visitante.

alguma forma perturbaram o seu normal funcionamento, recorrendo várias vezes aos serviços de assistência técnica especializada”.

Pode pois concluir-se que só existe obrigação de facultar elevador aos utentes do parque de estacionamento; mas, apesar disso, este serviço não tem estado disponível nos períodos de menor utilização do parque.

A SIENT afirma também que durante o período de menor movimento de visitantes e utentes adequa a abertura do elevador “ao tráfego do parque e à abertura dos pisos de estacionamento que são servidos pelo elevador”, e que ”no período compreendido entre 1 de Junho e 15 de Setembro, o elevador se encontra diariamente a funcionar, salvo por motivo de força maior (avaria, manutenção, limpeza, etc.)”. Ou seja, implicitamente a empresa responsabiliza o uso feito por outras pessoas, que não os utentes do parque de estacionamento, de problemas de “engarrafamento” do elevador e de vandalismo nos equipamentos. Reconhece também que limita o uso público do elevador durante a época baixa. Como refere a Cláusula 1ª do acordo entre o condomínio do Prédio da Praia da Califórnia e o Município de Sesimbra, acordo este a que O Sesimbrense teve acesso por

parte da SIENT, “As pessoas que utilizam este estacionamento podem utilizar um elevador e as escadas centrais de acesso público”. Contactámos ainda o Presidente da Câmara, Augusto Pólvora, que nos informou que não existe, nem nunca existiu, qualquer compromisso, nem escrito nem verbal, para manter o elevador em funcionamento para outro uso que não o do parque de estacionamento: “a Câmara considera que a primeira prioridade é o bom funcionamento do parque e que o elevador deve estar prioritariamente ao serviço dos respectivos utentes, tendo em conta que se trata dum parque pago e fundamental para assegurar o estacionamento da Vila”. Quanto a outros usos, a Câmara considera que “estão salvaguardadas as ligações verticais através de escadas e da rampa escapatória existente a poente do edifício”. Andreia Coutinho


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