A proteção total da floresta plantada - OpCP70

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Opiniões Opiniões OpiniõesEdiçãoMultilíngue www.RevistaOpinioes.com.br ISSN: 2177-6504 FLORESTAL: celulose, papel, carvão, siderurgia, painéis e madeira
proteção
floresta plantada ano 20 • número 70 • Divisão F • dez-fev-2023
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total da

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IMPORTANTE • IMPORTANT • WICHTIG

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• Tout d'abord, avant toute action, veuillez toucher le drapeau de votre langue.

• Primero, antes de realizar cualquier acción, toque la bandera de su idioma.

• Bitte berühren sie vor jeder aktion die flagge ihrer sprache.

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Plataforma Digital Multimídia da Revista Opiniões

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Capa: Araucária – André Kaskzeszen Índice: Eucalipto – André Kaskzeszen
�� INCÊNDIO: 10. Jozézio Esteves Gomes, Eldorado Brasil 14. Eduardo Soares de Almeida, Bracell 18. Renan Gilberto Carvalho e Jansen Barrozo Fernandes, Suzano 22. Daniel Pereira dos Santos, Ororatech SOLOS FLORESTAIS: 26. José Leonardo de Moraes Gonçalves, Esalq-USP 28. James Stahl, Klabin 30. Sharlles Dias, João Leonardo Bellotte e Frederico Valente, Eldorado MONITORAMENTO DE PRAGAS E DOENÇAS: 34. Edmilson Bitti Loureiro, Suzano 36. Eloá Cabrera Machado Mendes, RIV-Koppert MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS: 38. Everton Pires Soliman, Suzano 40. Carlos Frederico Wilcken e Caroline Dias Souza, Unesp e Protef-Ipef INOVAÇÃO DO MANEJO FLORESTAL: 44. Reginaldo Gonçalves Mafia, Suzano EPIDEMIOLOGIA E MANEJO: 48. Willian Bucker Moraes, UFES IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS : 50. Waldir Cintra de Jesus Junior, UFSCAR DOENÇAS RADICULARES: 52. Celso Garcia Auer e Álvaro Figueredo dos Santos, Embrapa e UFPR DOENÇAS FOLIARES: 54. Edson Luiz Furtado, UNESP-Botucatu VESPAS: 58. Susete do Rocio Chiarelo Penteado, Embrapa Florestas 62. Marcílio Martins Araújo, Adara-PR MATOCOMPETIÇÃO: 64. Aroldo Ferreira Lopes Machado, UFRRJ LAGARTAS: 68. Fabrício Fagundes Pereira, UFGD PERCEVEJOS: 70. Leonardo Rodrigues Barbosa FORMIGAS: 74. Wilson Reis Filho e Mariane Aparecida Nickele, Embrapa 78. Odair Correa Bueno, Unesp-Rio Claro 82. José Eduardo Petrilli Mendes, Bracell índice 70 68 64 78 74 82
06 03 07 09 05 11 10 13 01 15 12 02 14 18 17 16 04 19 08 23 Áudios:
Suzano, Mucuri

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Se desejar ouvir o artigo numa outra língua, lido com voz nativa, localize o artigo desejado e toque na bandeira da língua que preferir. Além do português, estão à sua disposição os áudios em inglês, em espanhol, em francês e em alemão. Pelo fato do artigo ser traduzido e lido por robôs, poderá haver pequenas imperfeições.

É lógico que você não precisa viajar para desfrutar desse conforto. O sistema também funcionará na sua mesa de trabalho, andando no parque, na esteira da academia, nas ruas congestionadas da cidade grande ou no sofá da sua Casa.

Boa leitura ou boa audição, como preferir.

ARTICULISTAS DESTA EDIÇÃO: 01. Jozébio Esteves Gomes, Eldorado Brasil 02. Eduardo Soares de Almeida, Bracell 03. Renan Gilberto Carvalho e Jansen Barrozo Fernandes, Suzano 04. Daniel Pereira dos Santos, Ororatech 05. José Leonardo de Moraes Gonçalves, Esalq-USP 06. James Stahl, Klabin 07. Sharlles Dias, João Leonardo Bellotte e Frederico Valente, Eldorado 08. Edmilson Bitti Loureiro, Suzano 09. Eloá Cabrera Machado Mendes, RIV-Koppert 10. Everton Pires Soliman, Suzano 11. Carlos Frederico Wilcken e Caroline Dias Souza, Unesp e Protef-Ipef 12. Reginaldo Gonçalves Mafia, Suzano 13. Willian Bucker Moraes, UFES 14. Waldir Cintra de Jesus Junior, UFSCar 15. Celso Garcia Auer e Álvaro Figueredo dos Santos, Embrapa e UFPR 16. Edson Luiz Furtado, Unesp-Botucatu 17. Susete do Rocio Chiarelo Penteado, Embrapa 18. Marcílio Martins Araújo, Adara-PR 19. Aroldo Ferreira Lopes Machado, UFRRJ 20. Fabrício Fagundes Pereira, UFGD 21. Leonardo Rodrigues Barbosa, Embrapa Floresta 22. Wilson Reis Filho e Mariane Aparecida Nickele, Embrapa 23. Odair Correa Bueno, Unesp-Rio Claro 24. José Eduardo Petrilli Mendes, Bracell áudios �� 21 20 19 23 22 24

incêndio zero !

O grande dilema, na maioria das empresas de base florestal no mundo, sempre foi evitar a perda e os danos a seus ativos florestais causados pelo fogo. A pergunta que sempre vem à mesa quando se trabalha com planos de prevenção e combate a incêndios é: como alcançar a meta de fogo zero sem danos nos ativos florestais? Sabemos o quão difícil é a previsibilidade dessa métrica, uma vez que as fontes e as causas de incêndios nos povoamentos florestais são diversas e, em alguns casos, até mesmo desconhecidas.

No entanto, nesses últimos anos, as preocupações globais, principalmente com o meio ambiente e as emissões de CO2, vêm pressionando cada vez mais governos e organizações a atuarem de forma mais eficaz, na tentativa de minimizar os impactos causados por incêndios indesejáveis, o que leva ao desenvolvimento de novos processos de proteção, novas tecnologias e artifícios capazes de praticamente garantir a previsibilidade e a assertividade do monitoramento e da detecção e melhorando a eficácia dos combates a focos de incêndios.

Porém, o custo de uma prevenção e de um combate que evite ao máximo os danos aos ativos florestais ainda é alto e significativo para governos, empresas e instituições. Por isso a necessidade de dedicar mais inteligência nas ações de prevenção, para que permitam um combate cada vez mais eficiente e contribuam para a implementação de tecnologias disruptivas, e até mesmo inovadoras, voltadas exclusivamente às atividades de proteção contra incêndios florestais.

O monitoramento inteligente abriga tecnologia e inovação. Com poderosos sistemas de detecção munidos de inteligência artificial, as centrais de monitoramentos atuais são capazes de detectar até 30 focos simultâneos de incêndios em tempo real. "

Claro que essas tecnologias e inovações ainda não substituem as clássicas e consagradas práticas convencionais de proteção da floresta quando o assunto é fogo. Ter um plano de prevenção e combate a incêndios florestais estruturado de forma inteligente e que possa ser aplicável, de forma eficiente, é um grande diferencial competitivo para evitar os danos nos ativos florestais, diminuindo riscos do negócio e até mesmo agregando valor ambiental às iniciativas de sustentabilidade das empresas.

Geralmente, um plano de prevenção inteligente está ancorado em 4 pilares fundamentais: prevenção, monitoramento/detecção, combate a incêndios e indicadores de inteligência, conforme demostra o quadro Plano de Prevenção a Incêndios Florestais.

A prevenção inteligente congrega todas as boas práticas que antecedem o período crítico para que todas as demais etapas do plano de prevenção tenham eficiência e sucesso em sua execução. Nessa etapa, os aceiros, as pistas de pouso e as estradas têm de ser revisitadas e mantidas, para que sejam plenamente utilizáveis durante os processos de combate a focos existentes.

Também é nessa etapa que os brigadistas devem ser treinados e requalificados anualmente, como garantia de que ninguém irá para o front do fogo sem a devida prática e conhecimento de combate, evitando riscos de acidentes e até mesmo a perda de vidas humanas. Outro ponto importante nessa etapa são as campanhas de difusão de informações úteis e conscientização sobre os riscos e danos cau

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Q Índice
incêndios florestais
Jozébio Esteves Gomes Coordenador de Competitividade e Projetos Florestais da Eldorado Brasil Celulose

PLANO DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS 1

COMBATE A INCÊNDIO

Fluxograma de Atendimento a ocorrência;

Plantão Florestal;

Alocação de brigadas e estrutura;

Recurso de equipamentos e M.O.;

Combate aéreo – aviões e helicóptero

MONITORAMENTO E DETECÇÃO

INDICADORES

Relatório de sinistros;

Mapeamento das causas de incêndio;

Mapeamento de áreas críticas;

Histograma de frequência (período x ocorrência);

Acompanhamento de custos operacionais;

sados pelo fogo, que vale para comunidades, vizinhos e parceiros, pois são eles que, em um momento de crise, estarão aptos a prestar quaisquer apoios ao monitoramento, à detecção e até mesmo à prática de combate aos focos existentes.

Já o monitoramento inteligente abriga a tecnologia e a inovação. Com poderosos sistemas de detecção munidos de inteligência artificial, as centrais de monitoramentos atuais são capazes de detectar até 30 focos simultâneos de incêndios em tempo real.

Isso é possível graças ao poderio tecnológico embarcado nas torres de monitoramento em campo, onde temos câmeras com alta capacidade de visão, equipadas com sensores de luz, termais e infravermelho, que conseguem capturar, de forma instantânea, quaisquer anomalias nos povoamentos florestais, conforme mostra a Central de Monitoramento e Detecção Inteligente da Eldorado Brasil.

Ainda dentro do monitoramento e detecção inteligente das ocorrências de incêndios, destacam-se os monitoramentos complementares, que contam com o uso de satélites, sensores e a mais recente novidade de mercado, aeronaves não tripuladas de longo alcance, com autonomia acima das 6 horas de voo, que permitem, além do monitoramento em tempo real, realizar o combate assistido, apoiando tomadas de decisões fundamentais para a eficácia da supressão do fogo.

11 Opiniões
Torre de Monitoramento e detecção de incêndios Central de Monitoramento
1. Central de Monitoramento de incêndios; 2. Monitoramento câmera, satélite, sensores, drone; 3. Comunicação e conectividade (rádio, satélite e 4G); 4. Monitoramento Climático – estações meteorológicas; 5. Mapas de risco de incêndio;
Aeronave não tripulada
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1. Aceiros
2. Aceiros
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4. Treinamento
5. Campanha
– Telefone
químicos;
mecânicos;
Manutenção de pistas de pouso;
de brigadistas;
com vizinhos
e contatos; PREVENÇÃO
;
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Outro ponto importante considerado no monitoramento inteligente é a previsibilidade associada ao monitoramento climático, que permitem a antecipação e o conhecimento dos riscos aos ativos florestais em caso de incêndio. Para tanto, hoje, existem sistemas e algoritmos de alta performance especializados no processamento de informações climáticas, que liberam, de forma instantânea, informações de riscos de incêndios com precisão em uma determinada região, gerando também mapas de riscos futuros.

O combate eficiente é extremamente importante para o sucesso do plano de prevenção inteligente. É nessa etapa que toda ação irá provocar uma reação eficaz para supressão dos focos de incêndios fundamentais. É peça fundamental, nessa fase, a existência de um fluxograma que expresse, de forma simples, clara e eficiente, como se dará o atendimento às ocorrências, para que as equipes de combate possam ser despachadas de forma rápida.

Também nessa etapa, é importante a rotina do plantão florestal, para despacho de brigadistas, equipamentos e estruturas de apoio, bem como o despacho de aeronaves de combate (aviões e helicópteros). Para tanto, é importante ressaltar que todos os recursos destinados ao combate devem ser alocados de forma estratégica, reduzindo o tempo entre o despacho e o início do combate às ocorrências, otimizando estrutura, reduzindo custos e aumentando a eficiência do combate, evitando ao máximo

quaisquer danos causados aos ativos florestais conforme demonstra o quadro o Plano de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, em destaque.

Por fim, temos o pilar dos Indicadores de Inteligência, que são extremamente importantes para que possamos contar com análises robustas das informações obtidas durante o ciclo de prevenção e combate às ocorrências de incêndios. A missão é subsidiar e avaliar as estratégias adotadas, bem como propor a inserção de novas ações frente a oportunidades de melhorias que promovam o alcance da meta de incêndios zero, além de mapear as causas de incêndios e suas respectivas áreas críticas. Essa iniciativa gera um histograma de frequência dos períodos de criticidades que requerem maior estado de atenção para uma prevenção inteligente com um combate eficaz dentro das organizações.

Apesar de tudo, a aplicação correta de uma prevenção inteligente (com combate eficiente) para obtenção de resultados que levem a incêndios zero nas organizações dependem, em sua totalidade, de pessoas qualificadas, comprometidas, com conhecimento e experiências voltadas à segurança dos colaboradores, à proteção dos ativos florestais e ao respeito ao meio ambiente, contribuindo para uma prática produtiva sustentável, minimizando riscos, reduzindo custos e maximizando resultados positivos para as empresas de base florestal. n

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AÇÕES DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS Plano Prevenção Treinamento Brigadas Manut. Aceiros Campanhas Prevenção Calibração Câmeras Início Período Crítico Monitoramento pelo IRIS Detecção por Câmeras Combate com Brigadas Investigação e BO do Sinistro Fim Período Crítico Reunião Fechamento incêndios florestais Opiniões Q Índice

Contribuir para a sustentabilidade do setor florestal, desenvolvendo, implementando e operando tecnologias, com integração de recursos, visando otimização e melhoria contínua de desempenho.

• CONTROLE DA QUALIDADE DAS OPERAÇÕES FLORESTAIS

• SISTEMA INTEGRADO DE MONITORAMENTO E PROTEÇÃO FLORESTAL (SIPF):

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Monitoramento de formigas cortadeiras

Monitoramento de pragas e doenças ocasionais

Monitoramento de plantas daninhas

Monitoramento de ocorrências florestais (proteção, meio ambiente e aspectos sociais)

Combate a incêndios

Serviços multifuncionais de silvicultura e combate a incêndios

EQUILIBRIO PROTEÇÃO FLORESTAL

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TECNOLOGIA E ESTRATÉGIA NO COMBATE A INCÊNDIOS

Equipamentos de alto desempenho para equipar veículos leves e ou multifuncionais, proporcionando maior eficiência no uso da água

Praticidade de Operação Economia de água e combustível Maior mobilidade e agilidade Multifuncionalidade com otimização de recursos Redução do tempo entre detecção do foco de incêndio e início do combate Redução de danos Confiabilidade e Experiência

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MONITORAMOS E PROTEGEMOS FLORESTAS
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tecnologia e estratégias para o combate a incêndios

As questões que envolvem os incêndios florestais ganharam maior visibilidade nos últimos anos em razão das mudanças climáticas e também pelos prejuízos ambientais que podem causar. Em razão desses impactos, há uma necessidade de se evoluir cada vez mais com o tema, tratando-o de forma mais célere e assertiva. Atualmente, empresas de base florestal estão criando áreas dedicadas à proteção florestal, à melhoria de processos e à capacitação de pessoas e profissionais ligados ao tema. Há um grande progresso, mas que pode e deve ser ampliado.

As empresas que estão investindo na prevenção e combate a incêndios florestais estão mais bem posicionadas no mercado, sendo destaques nos quesitos de proteção ambiental, sustentabilidade e competitividade. Esses três pilares são de extrema importância para que essas companhias atraiam investimentos em um mercado tão competitivo.

É preciso ter uma visão ampla do assunto, permitindo que se tenha ganhos operacionais e estratégicos, sinergias e outras vantagens que possam compor os temas proteção e sus -

Hoje, temos uma forte movimentação tecnológica propondo soluções que podem ser implementadas aos processos de prevenção e combate a incêndios florestais, que incluem desde a detecção automática dos focos de incêndios, como o auxílio em pronta resposta, a gestão de recursos, até o combate aos incêndios florestais propriamente dito.

Estudos já vêm sendo realizados para a utilização de satélites que farão cobertura de áreas muito mais amplas do que as câmeras utilizadas hoje em dia, porém o uso ainda é restrito, e os custos, elevados.

Quando essa tecnologia estiver amplamente disponível ao mercado, será importante que empresas e profissionais estejam preparados e abertos para receberem essas ferramentas.

Prevenir é muito mais eficiente do que combater, mas, se tivermos que combater, é preciso estarmos bem preparados. Por isso, não se deve abrir mão de ações preventivas, com as quais temos a certeza dos impactos positivos.

Um exemplo de um plano estratégico de prevenção e combate é o que a Bracell vem desenhando. A companhia planejou sua área de prevenção e combate a incêndios florestais pensando na preservação do meio ambiente, no bem-estar das pessoas e do planeta, na sustentabilidade e na competitividade dos seus negócios.

Atualmente, a unidade da empresa localizada no estado de São Paulo conta com aproximadamente 115 pessoas qualificadas que atuam totalmente focadas e preparadas para intervenções, caso seja necessário.

a Bracell implantou torres de monitoramento, com câmeras de alta resolução que cobrem 90% de florestas plantadas e áreas de conservação "

Eduardo Soares de Almeida Gerente de Prevenção e Combate a Incêndios da Bracell-SP
Q Índice
incêndios florestais

A companhia ainda investiu e aplicou um treinamento voltado para combate a incêndios florestais, com estratégias de ação e uso de equipamentos, direção defensiva com veículos adaptados, utilização de helicóptero como apoio e relacionamento com as comunidades.

De forma estratégica e reiterando um dos valores da companhia, a Bracell optou pela contratação dessas equipes nos municípios onde possui base florestal, contribuindo para o desenvolvimento das comunidades onde atuam suas operações. Pensando também de forma técnica, a empresa realiza diversas ações preventivas que contribuem nas estratégias operacionais. Dentre elas, mapa de riscos de incêndios, mapa com as principais causas de incêndios, mapa diário de risco de incêndio, considerando condições climáticas, indicadores operacionais e estratégicos e P&D sobre novos produtos e equipamentos.

Já sobre a estrutura física, a Bracell implantou torres de monitoramento, com câmeras de alta resolução que cobrem 90% de florestas plantadas e áreas de conservação, além de equipes a bordo de caminhonetes 4x4, equipadas com kits de combate a incêndios; caminhões-pipa dedicados à operação e um helicóptero para apoio; uma central integrada de monitoramento florestal atuante 24h e drones para auxílio no planejamento das operações.

Com as câmeras e as equipes distribuídas estrategicamente por regiões, após a detecção de possíveis focos de incêndio, rapidamente as equipes chegam ao local. Nos períodos de estiagem, essas equipes apoiam atividades nas áreas de silvicultura, meio ambiente e qualidade, reforçando uma das premissas da empresa: “times que se complementam”. Essa sinergia contribui para um maior cuidado e proteção de florestas e redução de custos operacionais.

Nas ações de prevenção, destaque para o Programa Amigos da Floresta, atuante nas unidades de São Paulo e Bahia, com distribuição de kits às comunidades em que a Bracell tem suas operações, com instruções preventivas para a prevenção de incêndios florestais, o telefone da central de monitoramento florestal e o canal de comunicação gratuito entre a comunidade e a empresa.

Por meio desses canais, a comunidade pode ligar e passar informações sobre focos de incêndios e outras situações que podem refletir em riscos de incêndios. O programa prevê também palestras educativas, treinamento junto às comunidades, às instituições governamentais responsáveis por áreas de conservação e às comunidades indígenas, com a realização de ações sociais.

Em menos de um ano de operação, já foi possível mensurar resultados positivos, como a redução de 98% nas áreas afetadas com incêndios florestais em relação a 2021. Iniciativas como essas foram reconhecidas pelo prêmio Abrappe – Associação Brasileira de Prevenção de Perdas, como o melhor case de ESG e Sustentabilidade do País em 2022, para a companhia, reforçando o empenho e a dedicação de todos os times envolvidos na prevenção e no combate a incêndios florestais.

Os resultados atestam que esse é o caminho. A premissa do presente e do futuro será norteada por novos equipamentos e tecnologias, mas o investimento em pessoas é a grande chave para compilar uma gestão efetiva no combate e na prevenção a incêndios florestais. De forma unificada, o benefício será muito além dos negócios, gerando impactos positivos para toda a sociedade. n

15 Opiniões

POTÊNCIA IMPRESSIONANTE NO COMBATE A INCÊNDIOS

O EQUIPAMENTO

PONSSE

DE

COMBATE

A INCÊNDIOS une versatilidade e tecnologia de ponta para controle e combate do fogo, onde os equipamentos tradicionais não conseguem chegar.

A unidade independente consiste em um tanque de 10m³, com bomba própria que permite captar água de um rio, ou do mar, e ainda canhão de água com alcance de 47 metros e giro de 360 graus. Tudo é facilmente acoplado no compartimento de carga dos forwarders modelos PONSSE Buffalo e Elephant e, após conectado ao sistema hidráulico, o equipamento estará pronto para operar.

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um sistema avançado de combate

A produção silvicultural de florestas plantadas tem o seu máximo potencial produtivo expresso mediante situações bióticas e abióticas ótimas. Há aspectos dessa cadeia não totalmente manejáveis, sobretudo as diversas características climáticas. Ao avaliarmos os fatores manejáveis, nos deparamos com condições que podem limitar o atingimento da chamada produtividade atingível do povoamento florestal.

Esses fatores envolvem o manejo tecnológico da floresta, ou seja, a adoção das mais adequadas recomendações técnicas de manejo e de alocação de material genético para cada situação edafoclimática, bem como a qualidade de execução dessas recomendações. Uma vez garantida a eficácia de tais fatores, o sucesso para florestas de alta performance ainda não está garantido. É preciso zelar pela proteção florestal, contra fatores que podem limitar, de forma significativa, a oferta de madeira futura, como a ocorrência de pragas e doenças e de incêndios florestais.

A prevenção, o monitoramento e o combate a incêndios florestais sempre tiveram um importante destaque na agenda dos gestores de ativos florestais. Além de um prejuízo financeiro imediato, a redução da oferta de madeira futura gera impactos financeiros que podem ser mensurados também em um horizonte maior, ao ser necessária a substituição dessa fonte de matéria-prima.

Podemos citar, adicionalmente, impactos mensuráveis, que também possuem relevante espaço na agenda dos gestores, relacionados às práticas de ESG.

É crescente a preocupação de consumidores, clientes e de diversos agentes da sociedade quanto aos impactos ambientais decorrentes dos incêndios florestais, o que pode trazer, inclusive, reações relacionadas à marca do empreendimento.

Contextualizada a relevância do tema e sua clara conexão com a estratégia do negócio, a gestão da prevenção de incêndios florestais merece adequado destaque no planejamento e na organização das atividades. E, na Suzano, não é diferente: tendo como direcionador a cultura de que só é bom para nós se for bom para o mundo, o processo de gestão do tema em toda a companhia busca garantir as melhores práticas de manejo com foco na preservação do meio ambiente e na proteção das comunidades no entorno de suas operações.

Para garantir o sucesso dessa pauta, a experiência da companhia baseia-se em três grandes pilares: a adoção de tecnologias para garantia dos melhores recursos para monitoramento e combate aos incêndios, a gestão do tema como um processo produtivo e o fortalecimento regional de parcerias com instituições públicas e privadas.

Para o primeiro pilar, a Suzano investe de forma significativa na adoção de tecnologias já consolidadas para o setor e continua aportando recursos no desenvolvimento de novas soluções.

detectada qualquer situação, dá-se sequência a um protocolo de resposta imediata para verificação, validação e dimensionamento da estrutura necessária, que pode variar de caminhões-pipa até aeronaves. "

incêndios florestais Q Índice
Renan Gilberto da Silva Carvalho e Jansen Barrozo Fernandes Supervisor de Silvicultura e Gerente de Operações Florestais de Três Lagoas-MS da Suzano, respectivamente

Operamos em todos os nossos sites florestais com câmeras de monitoramento que nos auxiliam na detecção das ocorrências. Contamos com 129 torres equipadas com câmeras no Brasil, sendo que, no estado do MS, há atualmente 21 delas, com plano de expansão para 30 torres em 2023. Tais estruturas são equipadas com câmeras de alta resolução, que monitoram um raio médio de 15 km com cobertura de 360°; algumas também possuem repetidoras que auxiliam na comunicação via rádio em nossa base.

Toda essa estrutura está ligada a centrais CFTV’s, sigla dada aos circuitos fechados de TV, com um sistema de monitoramento interno, no qual é possível um acompanhamento da floresta 24 horas por dia, alertando para possíveis ocorrências, com máxima agilidade. Uma vez detectada qualquer situação, dá-se sequência a um protocolo já estabelecido de acionamento das equipes de resposta imediata para verificação, validação e dimensionamento da estrutura necessária, que pode variar de caminhões-pipa contendo LGE (Líquido gerador de espuma), equipes manuais, máquinas de grande porte e, em última instância, o uso de aeronaves.

Temos testado, mais recentemente, tecnologias de identificação precoce de focos, por exemplo, com o uso de imagens de satélites. Tecnologias assim surgem como alternativa para médios e pequenos produtores e para

bases florestais em expansão, situações nas quais existem certas limitações para organização de uma estrutura do porte de um CFTV. Entretanto é necessário, ainda, uma grande evolução dessas soluções para garantia de melhores assertividades de detecção e diminuição do tempo de resposta dos eventos, fator primordial para o sucesso de um efetivo combate.

Não podemos deixar de citar a importância de uma rede de alertas por meio de vizinhos, comunidades e funcionários, grandes parceiros do processo.

O segundo pilar baseia-se em gerir essas atividades como um processo produtivo qualquer, gerando-se indicadores, estabelecendo-se metas, medindo desempenho e avaliando sistematicamente melhorias contínuas.

A Suzano organiza esse processo com gestores operacionais em cada site, os quais administram toda a estrutura e o processo localmente, com reporte matricial para uma célula corporativa, ligado à área de inteligência patrimonial, a qual desenvolve uma sistemática para compartilhamento das melhores práticas entre as diferentes regiões, a padronização de tarefas e indicadores e o desenvolvimento de novas tecnologias e ferramentas para gestão. São gerenciados indicadores específicos, como mão de obra envolvida, tempo de resposta por município, tipo de área atingida, causa da ocorrência, tempo médio de deslocamento,

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19 Opiniões
Central de Monitoramento

tempo em combate, tempo médio de resposta, desembolso realizado, dentre outros, que são compartilhados e geridos para melhoria contínua. Treinamentos e capacitações constantes de brigadistas também são disciplinas obrigatórias, a fim de preparar ao máximo as equipes para as situações reais de combate. Tais capacitações não se limitam somente ao time de silvicultura, mobilizando e engajando todo o time operacional dos demais processos para atuação, uma vez que seja necessária a intervenção, garantindo que ela aconteça com o máximo de eficiência e segurança.

O terceiro pilar, de perspectiva mais institucional, busca fortalecer regionalmente alianças entre diferentes agentes contra um inimigo em comum. Os benefícios são múltiplos, as possibilidades de sinergias são diversas: a composição de equipes multidisciplinares tende a construir planejamentos mais robustos, a possibilitar comunicações mais abrangentes e, portanto, eficazes e, até mesmo, na divisão de certas despesas que possam vir a ser necessárias para maiores investimentos em períodos mais críticos.

Na Suzano MS, nosso “ecossistema” de prevenção de incêndios é liderado pela Associação Sul-Matogrossense de produtores e consumidores de florestas plantadas (Reflore), que, por meio de sua direção, configura-se um impor-

tante agente mediador e facilitador nas interlocuções com o poder público, o que possibilita a criação de importantes parcerias e agendas. Atua também como um agente agregador entre os diferentes players regionais, agindo como um catalisador para a promoção de parcerias no compartilhamento de recursos e redes de monitoramento entre seus associados.

Tal qual as ameaças de pragas e doenças, os incêndios florestais também não respeitam “cercas” de divisas entre diferentes produtores. O apoio mútuo, o compartilhamento de informações e experiências e o fortalecimento de alianças regionais são aspectos de extrema importância para o sucesso desse tema.

Essa formação cooperativa com objetivo comum traz ainda, como benefícios, um importante posicionamento setorial à sociedade, externalizando toda a robustez e a profissionalização que temos na preservação dos recursos naturais.

Pontos-chave, como conectividade e novas tecnologias, precisam estar sempre no radar, para que possamos acompanhar o dinamismo das mudanças, sem perder a eficiência e a performance. Soluções como internet 5G, telefonia móvel, rádio digital e telefonia satelital precisam estar cada vez mais acessíveis e com baixo custo. n

Uma das 129 torres de monitoramento e detecção de incêndios – 21 delas no MS – com altura entre 50 e 72 m

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Opiniões incêndios florestais Q Índice
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detecção e monitoramento de incêndios via satélites

Considerando a abordagem do manejo integrado do fogo, a detecção precoce de incêndios florestais é o segundo aspecto mais importante na busca pela redução dos danos relacionados a essas ocorrências, ficando em primeiro plano os esforços de prevenção a incêndios.

Para esse desafio, há relatos históricos de povos ancestrais que já se posicionavam em áreas mais elevadas, com o objetivo de detectar os incêndios ambientais. Com o tempo, começamos a construir torres de observação nesses pontos. E, bem mais recentemente, algumas dessas torres ganharam câmeras de vigilância.

Das câmeras de vigilância para sofisticados sistemas de detecção e monitoramento de incêndios florestais, a evolução foi natural. Hoje em dia, existem diversas dessas ferramentas com câmeras que conseguem detectar fumaça de incêndios florestais tão logo apareçam nos céus de nossas áreas rurais. Essas ferramentas, dependendo da condição de visibilidade do dia ou da noite, conseguem detectar fumaça em raios muitas vezes superiores a 20 km.

Apesar das inúmeras vantagens dessas soluções ambas enfrentam seus desafios operacionais. Por exemplo, nas torres com profissionais, há dificuldades diversas no que tange às condições de saúde e segurança do profissional, como:

Os satélites GEO viajam na mesma velocidade angular da Terra, permanecendo como estacionários no mesmo ponto. O GEO pode detectar um incêndio com uma área de 30 x 30 metros, e o LEO em área de 10 x 10 metros. "

dificuldade de deslocamento até a torre, inexistência de espaço adequado para alimentação e higiene pessoal, bem como exposição a intempéries climáticas, fazendo com que, em várias situações, o posto necessite ser abandonado para manutenção da sua segurança.

Já quanto aos sistemas com câmeras, os principais desafios são os ainda elevados investimentos necessários em equipamentos comparados à área de cobertura, sem falar nas situações climáticas adversas que podem reduzir muito a eficiência dos sistemas baseados em imagens captadas pelas câmeras, dentre outras situações. Dado que os incêndios florestais estão se tornando mundialmente uma ameaça cada vez mais presente, há várias iniciativas de detecção através de dispositivos instalados em satélites. Em geral, esses sistemas usam dois tipos de equipamento: os satélites GEO (Geoestacionário) e os LEO (Low Earth Orbit).

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Q Índice incêndios florestais
Daniel Pereira dos Santos Parceiro de vendas regional para a América Latina da OroraTech GmbH

Os satélites GEO são equipamentos de alta órbita que viajam na mesma velocidade angular da Terra, permanecendo estacionários no mesmo ponto. Uma antena de satélite no solo pode, portanto, estar voltada para um ponto fixo no céu. Orbitam a uma distância de aproximadamente 36.000 km acima do equador; um satélite GEO pode fornecer informações de qualquer local da sua área de cobertura e pode detectar e monitorar incêndios que estejam produzindo uma relevante radiação, o poder radiativo do fogo, ou aproximadamente um incêndio com uma área de 30 x 30 metros.

Os satélites LEO operam mais perto da Terra (menos de 1.500m de altitude), portanto sua cobertura é muito menor (cerca de 2.000-3.000 km de diâmetro), e é por isso que as constelações LEO requerem um grande número de satélites para cobrir uma grande área. Os LEO atuais podem detectar áreas de incêndio menores, aproximadamente 10 x 10 metros.

Considerando a atual tecnologia de satélite, podemos resumir que o LEO pode detectar incêndios com muita precisão, e o GEO oferece monitoramento de incêndios quase em tempo real.

Porém, as fontes de dados de satélite LEO existentes são apenas parcialmente suficientes para serem consideradas uma solução de detecção precoce, principalmente devido a lacunas de dados consideravelmente importantes no início da manhã, por exemplo, para Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, no Brasil, das 3h às 9h, e, principalmente, à tarde, onde muitos incêndios são iniciados, das 16h às 22h. Conforme a área de interesse no planeta Terra, verificaremos a mesma situação de duas grandes janelas, sem cobertura dos LEO a cada dia.

Por isso, há uma verdadeira corrida ao espaço por empresas como a OroraTech. A empresa possui um plano ambicioso de produzir sua própria constelação de nano satélites equipada com geradores de imagens multiespectrais na faixa de infravermelho térmico e visível. Combinando uma estrutura CubeSat, com patente pendente, com um sistema óptico personalizado e recursos de pré-processamento em órbita.

No início de 2022, a OroraTech lançou a primeira câmera infravermelha térmica não resfriada no espaço, chamada Forest-1. Essa conquista significativa foi um trampolim para a manutenção dos planos de constituição de uma constelação de satélites para uma revisita de 12 horas até 2024 e uma revisita de 30 minutos até 2026.

Com a constelação completa, a OroraTech, por exemplo, com processamento em órbita e melhor resolução de imagem, nos permitirá obter informações quase em tempo real para detecção e mapeamento de incêndios florestais, previsão de clima e muitas outras aplicações.

Como brevemente aqui demonstrado, essa corrida espacial encontra-se em curso, porém com muitas etapas ainda a serem alcançadas. Certamente, os próximos meses e anos serão altamente desafiadores para toda a indústria, mas estou confiante em que esse tipo de serviço ganhará uma relevância ainda mais significativa muito em breve. n

23 Opiniões
Nanossatélite Forest-1 e a câmera infravermelha Tamanho equivalente a uma caixa de sapatos

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depois que passamos a publicá-la em 5 idiomas. seu anúncio, o nosso trabalho e o nosso País.

Fonte: Google Analytics

manejo ecológico do solo florestal

Nas últimas quatro décadas, houve grandes inovações nas áreas de conservação e manejo de solos, com importantes contribuições para a sustentabilidade das cadeias de produção florestal. Entre elas, destacam-se a consolidação do cultivo mínimo do solo, os avanços no conhecimento da nutrição florestal e a calibração das recomendações de fertilizantes. A grande lacuna científica e tecnológica a ser desenvolvida é a do manejo ecológico do solo.

Quando se remove a vegetação nativa e se estabelece uma monocultura, ocorre no solo uma intensa alteração dos seus organismos (microbiota e fauna), com proliferação de novos predadores e patógenos, que, antes, estavam em equilíbrio com os demais organismos. Algumas doenças e pragas do sistema radicular ou da parte aérea das árvores, que têm algum estádio do ciclo de vida no solo, só atingem níveis de dano econômico, em grande parte, por causa desse desequilíbrio ecológico.

Atualmente, entre as doenças, as que causam as murchas vasculares, são as principais: o fungo Ceratocystis fimbriata, as bactérias Ralstonia solanacearum e Erwinia psidii; e, entre as pragas, Gonipterus platensis, Costalimaita ferruginea, Iridopsis panopla, Apatelodes sericea, Glena unipennaria e G. bipennaria, entre outras. Para se fazer o controle biológico de pragas que têm algum estágio de vida no solo, têm sido testados nematoides entomopatogênicos. Em uma dissertação de mestrado defendida por Luana Faria, em 2020, orientada por Silvia Wilcken, na Unesp/FCA, verificou-se que a espécie de nematoide Steinernema puertoricense teve boa eficiência no controle de pré-pupas de Gonipterus platenses.

O uso de práticas silviculturais que beneficiam a biota do solo é essencial para manter a sustentabilidade das plantações. Entre elas estão 1) o cultivo mínimo do solo, 2) as práticas com impacto reduzido nos atributos físicos do solo, 3) o plantio multiespecífico de essências florestais e 4) a manutenção de sub-bosque nos povoamentos.

Por meio do cultivo mínimo, se evita a desestruturação física do solo, se mantêm ou elevam os aportes de C e se cria um microambiente de temperatura, umidade e aeração favorável à biota na camada superior do solo. O uso de máquinas com rodado de baixo poder compressivo, nas práticas de implantação, manutenção e colheita, também contribui para a manutenção da integridade física da estrutura do solo. Entre as práticas de colheita, o baldeio da madeira com skidder é prejudicial à atividade biológica do solo e deve ser evitado, porque esse equipamento promove uma varredura do solo, arrastando grande parte dos resíduos vegetais para a borda do talhão. Mais de 50% da área de solo fica descoberta, diminuindo os aportes de C ao solo e dessecando a camada superior.

O plantio multiespecífico de essências florestais é convencionalmente usado nas áreas de conservação da vegetação nativa, o que gera ao solo grande aporte de substrato orgânico de diversas fontes vegetais, beneficiando a proliferação de uma gama variada de organismos.

Quanto ao controle de plantas daninhas, é conveniente evitar sua exterminação total, ao menos após o fechamento de copas das árvores, pois também contribui para a adição diversificada de substrato orgânico ao solo e, consequentemente, intensifica sua atividade biológica.

Quando se remove a vegetação nativa e se estabelece uma monocultura, ocorre no solo uma intensa alteração dos seus organismos (microbiota e fauna), com proliferação de novos predadores e patógenos, que, antes, estavam em equilíbrio com os demais organismos. "

Q Índice solos florestais

Algumas dessas espécies de plantas têm a capacidade de fixar N. Por exemplo, as braquiárias têm associadas à sua rizosfera bactérias do gênero Azospirilum, capazes de fixar N2 atmosférico. Também elevam os teores de matéria orgânica do solo e melhoram sua estrutura. Certamente que a quantidade mantida de sub-bosque deve ficar abaixo do nível de dano econômico para a plantação florestal.

Alguns microrganismos podem proteger e/ou promover o crescimento das plantas. Entre eles, estão as rizobactérias simbiontes ou saprófitas de vida livre, que vivem na rizosfera: uma fina camada de solo ao redor das raízes finas. Assim, as plantas fornecem um habitat (ou nicho) para que esses microrganismos possam adquirir água, nutrientes e fontes de energia, como carbono e aminoácidos, além de metabólicos secundários. Entre as rizobactérias benéficas, são mais estudadas as espécies Pseudomonas fluorescens, Pseudomonas putida, Azospirillum brasilense, Serratia marcescens, Bacillus subtilis, Bacillus megaterium, Rhizobium, Bradyrhizobium, Arthrobacter, Enterobacter, Azotobacter, entre outras. As bactérias do gênero Pseudomonas têm especial destaque, porque possuem grande capacidade de suprimir patógenos do solo, têm ampla dispersão natural e alta população, além de produzirem grande variedade de antibióticos, sideróforos e hormônios de crescimento vegetal.

Contudo, para propósitos práticos de uso no campo, as bactérias do gênero Bacillus apresentam algumas vantagens em relação às do gênero Pseudomonas: são mais resistentes à dessecação, formam endósporo e apresentam maior capacidade de sobrevivência quando formuladas com polímeros e inertes diversos. Dentre os fito-hormônios produzidos pelos microrganismos, estão as auxinas e as citocininas. Diretamente na planta, elas induzem o crescimento, o alongamento celular e a resistência aos estresses abióticos e estimulam a reprodução e colonização de microrganismos benéficos. Indiretamente, regulam a resposta imunológica da planta aos agentes patogênicos.

Atualmente, com os riscos de oferta reduzida e com o aumento dos custos dos fertilizantes convencionais, têm se intensificado os estudos e os testes com fontes alternativas de nutrientes. Entre elas, está a aplicação a lanço ou a incorporação no solo de pó de rochas ricas em K (ex.: nefelina-sienito e sienito) ou P (fosfatos naturais). Os microrganismos contribuem para a solubilização dos nutrientes contidos nesses produtos. As bactérias e os fungos solubilizadores de K e P realizam este processo por

meio da exsudação de ácidos orgânicos, cátion H+, exopolissacarídeos, sideróforos e enzimas (ex.: fosfatases). Conseguem também liberar o P adsorvido em óxidos de Fe e Al e mineralizar o P-orgânico, tornando-os disponíveis às plantas. Entre as principais bactérias solubilizadoras de P, estão as dos gêneros Bacillus, Micrococcus, Pseudomonas, Burkholderia, Rhizobium, Agrobacterium, Azotobacter e Erwinia, e, entre os fungos, os dos gêneros Aspergillus e Penicillium. Recentemente, a Embrapa, em parceria com a empresa Bioma, lançou o inoculante BiomaPhos, composto por microrganismos solubilizadores de P. O produto desenvolvido pela equipe liderada pela Dra. Christiane A. O. Paiva, pesquisadora da Embrapa, é composto por cepas BRM 119 (Bacillus megaterium) e BRM 2084 (Bacillus subtilis). É vendido em forma líquida, indicado para aplicação via jato em sulco ou para tratamento de sementes.

O monitoramento dos organismos do solo constitui um bom indicador ecológico do nível de contaminação ambiental por agrodefensivos ou metais pesados. Os organismos bioindicadores atuam como espécies-sentinelas de mudanças precoces no ambiente. Não morrem por causa dessas alterações, apenas respondem a elas por meio de reações comportamentais ou metabólicas mensuráveis. Entre eles, as minhocas têm sido muito usadas, porque possuem papel destacado na decomposição da matéria orgânica e no transporte de microrganismos nos canais formados por sua escavação. Os teores de poluentes contidos em seus corpos têm relação direta com o grau de contaminação do solo e da serapilheira que ingerem.

Enfim, a implementação de práticas efetivas de manejo ecológico do solo constitui mais um importante passo rumo ao estabelecimento de uma silvicultura regenerativa. Como se viu, a intensificação da atividade biológica do solo recupera e/ou mantem processos ecológicos essenciais, que contribuem para a nutrição mineral, a proteção fitossanitária, o crescimento e a sobrevivência das árvores. Esse é um ramo da ciência e da tecnologia que precisa ser mais estudado. Entre as diretrizes necessárias de P&D, podem-se relacionar: 1) a caracterização dos microbiomas do solo e da planta sob diferentes condições edafoclimáticas; 2) a avaliação espacial e temporal da influência das práticas de implantação, manutenção e colheita nos processos ecológicos do solo; 3) a introdução de novas práticas silviculturais que intensificam e diversificam a atividade biológica do solo; 4) o desenvolvimento de bioinoculantes capazes de melhorar a nutrição e a proteção fitossanitária das árvores. n

27 Opiniões

conservando um importante patrimônio: o solo

Em tempos de franca expansão do setor de base florestal e em um cenário de elevados preços de terras, o foco na conservação do solo, aliado à maximização e à manutenção da capacidade produtiva desse recurso, é vital para o sucesso de novos projetos e continuidade dos empreendimentos já instalados.

O solo, que é a base para a produção dos setores de atividades agropecuárias e florestal, associado às práticas de manejo adotadas ao longo dos ciclos de produção, é essencial para promover e garantir um ecossistema produtivo conservacionista e sustentável ao longo tempo.

O setor de florestas plantadas vem evoluindo constantemente nas últimas cinco décadas, na adoção e no uso de práticas conservacionistas no plantio e no manejo de eucalipto e pínus.

No contexto da Klabin, que já faz uso do solo em partes das suas áreas por mais de 60 anos, tanto nas unidades florestais do PR como em SC, a empresa tem conquistado destaque internacional no manejo florestal utilizado em suas áreas. "

Um dos destaques foram as alterações nas atividades do processo de preparação de solo, saindo de um modelo onde se usava a queima de todo tipo de resíduos durante a limpeza da área e a preparação intensiva do solo com aração e gradagem em área total para um modelo de cultivo mínimo com subsolagem na linha de plantio, dessecação da massa vegetal com uso de herbicidas e manutenção de resíduos sobre o solo nas entrelinhas de plantio.

Esses métodos e estratégias de manejo foram apoiados na geração de conhecimento científico e técnico, em parcerias com universidades e institutos de pesquisas nacionais, e no desenvolvimento interno e na aplicação prática dos conceitos pelas empresas do setor, em cada realidade local de solo e clima em que estão inseridos.

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James Stahl
Q Índice solos florestais
Pesquisador em Solos e Manejo Silvicultural na Klabin

Além da mudança no manejo adotado, os investimentos constantes pelas empresas em mapeamentos em uma escala cada vez mais detalhada dos ambientes de produção, como mapeamento de elevação digital do terreno por LiDAR e mapeamento semidetalhado de solo, permitem fazer o uso conservacionista do solo com elevado grau de tecnificação. Os resultados positivos dessas práticas são assegurados pelos crescentes desempenhos em monitoramentos e certificações ambientais que as empresas do setor possuem atualmente.

No contexto da Klabin, que, ao longo da sua história, já faz uso do solo em partes das suas áreas por mais de 60 anos, tanto nas unidades florestais do Paraná como em Santa Catarina, a empresa tem conquistado destaque internacional no manejo florestal utilizado em suas áreas. A companhia é referência mundial no uso de plantios em mosaico, onde mescla uma vasta área de florestas nativas preservadas com plantios de pínus e eucalipto em diferentes idades.

Essa premissa de manejo de utilização de dois gêneros, que exigem práticas de manejo distintas e tem um ciclo de produção diferenciado, sete anos para eucalipto e dezesseis anos para pínus, requer um grande esforço de planejamento estratégico e operacional, para que ocorra a melhor alocação de cada espécie para cada local, ajustada ao balanço de abastecimento da indústria e mantendo o manejo em mosaico. Esse desafio de equalizar as melhores práticas para atender a essas premissas de manejo resulta em uma série de oportunidades, dentre elas a de se utilizar uma estratégia de rotação de cultura ao longo dos ciclos, entre pínus e eucalipto. O uso alternado do solo, mesmo que por espécie florestais, acaba promovendo inputs diferenciados ao sistema, como ciclagem biogeoquímica distinta, diferentes eficiências no uso de nutrientes do solo, na quantidade e qualidade de resíduos de colheita deixados sobre o solo, assim como diferenças do sistema radicular, entre tantas outras características relacionadas a cada espécie.

Outro ponto a ser destacado é que, no processo de expansão da base florestal, no cenário de ocupação e uso de solo de novas áreas em diversas regiões do País, onde, em sua maioria, se trata da conversão de pastagens para cultura de eucalipto e pínus, re-

sultam, ao final de um ciclo de produção, em ganhos importantes em qualidade ambiental e sustentabilidade. Estudos recentes da Embrapa Florestas demonstram que áreas de pastagens convertidas em plantios de eucalipto apresentam potencial de incremento no estoque de carbono no solo em 11%, na camada de zero a 20 cm, evidenciando a melhora em atributos do solo com a entrada do componente arbóreo, mesmo que para fins industriais. Outros resultados importantes são obtidos com um conjunto de ações de manejo praticadas ao longo da implantação e condução dos plantios, como a estabilização e recuperação de processos erosivos presentes em alta frequência em áreas de pastagens, descompactação do solo, de forma localizada nas linhas de plantio, e a construção e adequação de rede interna de estradas, com uso de técnicas conservacionistas. Essas práticas somadas, quando bem executadas, reduzem, de forma significativa, as perdas de solo e auxiliam na regulação hidrológica local.

A busca pela manutenção da capacidade produtiva dos solos já ocupados por plantios florestais, que são submetidos constantemente a materiais genéticos altamente produtivos, exige que as práticas de manejo, além de superarem as restrições físicas do solo, promovam uma adequada reposição de nutrientes baseada no balanço de entradas e saídas desses componentes do sistema.

Gerar e fazer o uso de informações de fertilidade do solo das áreas a serem plantadas, assim como uma caracterização da eficiência de uso de nutrientes pelos materiais genéticos, permitem avançar no conhecimento específico da interação solo-planta em cada região, adequando as dosagens necessárias de reposição de nutrientes, de modo a fazer uso eficiente dos insumos e suportar os níveis de produtividades esperados.

Mesmo que a atividade de floresta plantada tenha ciclos de produção de médio e longo prazo e que, atualmente, já se disponha de conhecimento e se faça o uso de práticas conservacionistas no setor, a geração e a implementação contínua das melhores práticas visando à conservação do solo são necessárias e devem ser difundidas, desde os pequenos até os grandes produtores. Dessa forma, a floresta plantada continuará assegurando a perpetuidade de um dos nossos maiores patrimônios, o solo. n

29 Opiniões

tecnologia de preparo e conservação de

solos arenosos

O Mato Grosso do Sul tem se destacado na expansão de florestas plantadas de eucalipto para fornecer matéria-prima para as indústrias de celulose, desde as já implantadas até os projetos de expansão do setor de celulose na região. A eucaliptocultura no estado já ultrapassa um milhão de hectares e concentra-se na costa leste do MS, que apresenta, hegemonicamente, solos de baixa aptidão agrícola, com predominância de textura arenosa e grande suscetibilidade à erosão. Nessa região, as plantações de eucalipto têm ocupado, notadamente, áreas anteriormente cultivadas com pastagens, muitas em estágios de degradação avançadas. A condição climática na região caracteriza-se pelo inverno seco e verão chuvoso, com precipitação média anual em torno de 1.200 mm e temperaturas médias de 25 °C. Além disso, observa-se que eventos climáticos extremos, como tempestades e ventos fortes, têm ocorrido com maior frequência, favorecendo os processos erosivos do solo.

A região encontra-se sob o domínio do bioma de Cerrado e apresenta solos intemperizados, profundos, predominantemente arenosos e com baixa fertilidade natural. A textura arenosa está associada a materiais de origem formados por arenitos quartzosos. A região da Costa Leste do Mato Grosso do Sul apresenta 78% das áreas com teores de argila abaixo de 15% (limite para classificar os solos em arenosos). De maneira generalizada, predominam os neossolos quatzarênicos e latossolos vermelhos.

Solos mais argilosos possuem maior capacidade de armazenamento de água (CAD), maior capacidade de troca catiônica (CTC) e menor risco de erosão, comparativamente aos solos arenosos, portanto a textura

assume grande importância no manejo sustentável do sistema. Geralmente o manejo conservacionista do solo é iniciado na etapa de prospecção de terras, cujo objetivo é avaliar a aptidão dos imóveis para os plantios florestais. Essa avaliação considera, de maneira preliminar, três importantes variáveis: textura do solo, impedimento físico ao crescimento radicular e produtividade florestal. Áreas muito arenosas, com presença significativa de cascalho ou solos hidromórficos (sujeitos à inundação) e com baixa expectativa de produtividade, são consideradas inaptas ao plantio. Essa avaliação das características físico-químicas do solo, de forma prévia ao arrendamento/ aquisição de terras, promove uma abordagem integrada do manejo, disponibilizando informações para o preparo conservacionista que será empregado nas próximas etapas do processo produtivo.

As empresas vem utilizando tecnologias de mapeamento prévio com VANTs e drones, além de tecnologia avançada de SIG (Sistema de Informações Geográficas) para o planejamento, a definição e a construção das estradas e dos carreadores, a definição de alinhamento de plantio e de linhas de subsolagem.

As estradas e os aceiros são construídos respeitando a declividade do terreno, de forma que o talhonamento da fazenda

A Costa Leste do MS apresenta 78% das áreas com teores de argila abaixo de 15% (limite para classificar os solos em arenosos). "

solos florestais Q Índice
João Leonardo Miranda Bellotte, Sharlles Christian Moreira Dias e Frederico Alfenas Silva Valente Especialista de Nutrição e Manejo, Gerente de Tecnologia e Competitividade e Coordenador de Nutrição, Proteção e Ecofisiologia da Eldorado, respectivamente

esteja disposto em forma de “espinha-de-peixe” (ângulo entre 45° ou 60° em relação às estradas principais). Essa disposição tem por finalidade garantir a trafegabilidade e manobras das carretas no momento do transporte de madeira. Outra prática conservacionista do solo é a construção das “minicurvas” para drenagem das águas pluviais das estradas e dos aceiros para o interior dos talhões, permitindo a infiltração da água de forma gradual e sem risco de erosão. As “minicurvas” são constituídas por um camalhão posicionado na estrada, perpendicularmente a ela, com uma ou duas saídas de água que se estendem para dentro do talhão em uma distância de 35 m. Essas estruturas são construídas a cada 3 m de desnível do terreno.

O preparo de solo tem como principal objetivo oferecer condições adequadas para o estabelecimento e crescimento das mudas. Para isso, o solo é descompactado mecanicamente a partir de uma haste subsoladora e um conjunto de grades (subsolagem). Na mesma operação, é realizada a aplicação de fertilizantes em profundidade. As condições predominantes de relevo plano a suave ondulado na região, com declividade inferior a 8%, favorecem a realização dessas operações mecanizadas.

A aplicação da tecnologia RTK (Real Time Kinematic) + piloto automático é importante para realização da subsolagem. Com essa tecnologia, a precisão entre as linhas planejadas em escritório versus linhas executadas em campo é de até 5 cm, garantindo a repetibilidade, o paralelismo e a qualidade dos serviços realizados.

Previamente ao uso da tecnologia RTK, são realizados levantamentos topográficos por VANTs ou drones para recriar a paisagem tridimensionalmente e simular o escoamento superficial de água a partir de modelos digitais de elevação. As linhas de plantio são planejadas e traçadas em escritório, de modo perpendicular ao escoamento de água dos talhões, visando favorecer a infiltração de água no solo e minimizar os processos erosivos.

O preparo de solo realizado é pautado no conceito de cultivo mínimo, onde apenas a faixa que irá receber as mudas é preparada. Nesse modelo, preconiza-se a manutenção dos resíduos vegetais na entrelinha do cultivo (podendo ser o resíduo florestal do ciclo anterior ou da pastagem/cana em casos de implantação), de maneira a revolver o solo o mínimo possível, buscando o equilíbrio entre as fases química, física (proteção contra erosão e aumento do armazenamento de água) e biológica do solo (favorecer a comunidade de microrganismos). Ao longo dos anos, o manejo do solo evoluiu a partir da extensão de resultados da rede experimental. A partir dos conhecimentos adquiridos, foi possível definir preparos do solo entre 40 e 50 cm de profundidade e 80 cm de estrondamento lateral, priorizando o preparo em solos mais argilosos para o período chuvoso, de maneira a coincidir com a consistência friável do solo e, assim, minimizar a formação de torrões e maximizar a sustentabilidade/conservação do sistema.

Além das boas práticas de preparo de solo realizadas, em solos arenosos, recomenda-se o processo de colheita florestal cut-to-lenght (CTL), em que apenas o lenho das árvores é exportado da área produtiva, e os demais compartimentos, casca, galhos, folhas e serrapilheira, permanecem na superfície do solo e contribuem para a manutenção da fertilidade dos solos, reduzem a exposição direta aos raios solares, promovem o aumento da retenção de água no solo e minimizam os efeitos das erosões e da compactação do solo decorrentes das operações mecanizadas subsequentes. A adoção de técnicas conservacionistas de preparo e uso do solo são fundamentais para a preservação dos solos e a manutenção da capacidade produtiva dos sítios ao longo dos ciclos. As tecnologias embarcadas vieram para ficar e são ferramentas valiosas para garantir a execução conforme planejamento e promover o menor impacto possível das operações silviculturais sobre o recurso que sustenta a produção florestal, o solo. Portanto, para garantir “a proteção total das florestas plantadas”, o manejador florestal deve proteger o recurso que as sustenta, o solo, e isso passa pelo uso das técnicas conservacionistas, porém com ferramentas tecnológicas.n

31 VANT / DRONE Levantamento topográfico Modelo Digital de Elevação (pré-plantio) Simulação de escoamento de água Definição da área plantável Definição das curvas de nível e linhas de subsoladas Piloto automático e RTK (Operador realiza apenas manobras) Preparo de Solo + Adubação (Piloto automático)
Opiniões
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monitoramento de pragas e doenças monitoramento de pragas e doenças

Com a sinergia de diferentes ferramentas de monitoramento associada a novas tecnologias, é possível conter os avanços de pragas e doenças, facilitando a tomada de decisão e contribuindo para a manutenção da produtividade dos plantios de eucalipto.

Com a globalização, a expansão da base florestal no Brasil, associada às mudanças climáticas, estamos cada vez mais expostos ao ataque de pragas e doenças. Nos últimos 20 anos, foram introduzidas mais de cinco novas pragas do eucalipto no território brasileiro. Como as pragas não respeitam fronteiras, o compromisso de controle deve ser de todo o setor florestal, sendo fundamental a adoção de estratégias que contemplem a realização de monitoramento de campo em tempo real, por meio de vistorias terrestres, equipamentos embarcados, drones, imagens de satélite, vídeos em torres de observação, dentre outras, para mitigação desse risco iminente.

Você não gerência o que não conhece. Assim, o monitoramento florestal deve ser utilizado como uma ferramenta de gestão para garantir a produtividade dos plantios frente ao ataque de pragas e doenças, permitindo mapear áreas de hotspot e planejar o controle biológico com a liberação de inimigos naturais.

Algumas estratégias de monitoramento de pragas e doenças:

Monitoramento terrestre de formigas cortadeiras: Por ser a principal praga florestal do Brasil, o monitoramento de formigas cortadeiras se consolidou como um case de sucesso, sendo pioneiro na estratégia de manejo integrado de pragas. Implantado há mais de 40 anos para viabilizar a aplicação do porta-isca

Em função do histórico de danos severos, como retrata a frase dos anos 1930 ─ “ou o Brasil acaba com a formiga ou a formiga acaba com o Brasil” ─, ainda hoje é comum a prática do controle anual. " Edmilson Bitti Loureiro Gerente de P&D da Suzano

(recipiente para proteger a isca formicida até que seja consumida pelas formigas), o monitoramento se tornou a principal ferramenta no manejo das formigas cortadeiras, garantindo otimização de recursos e proteção dos plantios de eucalipto, sendo utilizado pela maioria das empresas florestais.

Mesmo em regiões com histórico de baixa ocorrência, é possível haver perdas significativas de produtividade causadas pelo ataque das formigas, se não manejadas adequadamente. Em função do histórico de danos severos, como retrata a frase dos anos 1930 ─ “ou o Brasil acaba com a formiga ou a formiga acaba com o Brasil” ─, ainda hoje é comum a prática do controle anual. Contudo, com as informações obtidas a partir da realização do monitoramento, é possível ficar um, dois ou até três anos sem intervir; por outro lado, uma intervenção anual pode não ser suficiente, sendo necessário adotar medidas adicionais. Dessa maneira, é possível otimizar recursos e tomar ações de controle mais assertivas.

Monitoramento por armadilhas: O uso de armadilhas adesivas amarelas permite a detecção de pragas e inimigos naturais. Quando instaladas e recolhidas mensalmente, se configuram como uma boa ferramenta na detecção, além de auxiliar no mapeamento de áreas hotspot que poderão ser utilizadas no manejo de pragas, na priorização das vistorias e controles preventivos.

Sensoriamento remoto na detecção de pragas e doenças: Com o avanço nas tecnologias de imagens de satélite, o monitoramento orbital tornou-se uma importante estratégia para enfrentar esses desafios.

34
Q Índice

Os danos causados por pragas e doenças apresentam, em sua grande maioria, um sintoma único comum: perda de área foliar. Assim, seria interessante monitorar o Índice de Área Foliar (IAF), que mede, de maneira precisa, a densidade de folhas de uma árvore, sendo um importante indicativo da qualidade florestal. O acompanhamento periódico do IAF em 100% das áreas produtivas com idade acima de um ano permite a detecção de mudanças na cobertura superior da floresta, indicando a adoção de medidas interventivas, como a priorização das vistorias terrestres.

As áreas com baixo índice de área foliar deverão ser confirmadas por validações de campo, que poderão ser utilizadas também para aperfeiçoamento e calibração da ferramenta para diferentes condições e ambientes florestais. Vale destacar que não existe uma única regra aplicável de forma automática para todo o setor florestal. Além do monitoramento orbital, o uso de drones vem sendo cada vez mais aplicado na confirmação dos eventos e delimitação da área afetada, podendo, inclusive, ser utilizado no manejo de pragas e doenças com a aplicação de defensivos ou até mesmo na liberação de inimigos naturais. Frequência das vistorias e Gestão de indicadores:

Acreditamos que uma vistoria trimestral seja suficiente para detectar a maioria das pragas ainda em surtos iniciais, porém, a partir da detecção a frequência

das visitas, deve-se levar em consideração o ciclo da praga e doenças, assim como a idade dos plantios, para evitar perdas significativas e dispersão das pragas e doenças.

Além da coleta dos dados, é necessário criar uma rotina de análise das informações com acompanhamento de indicadores e gestão do seu ativo florestal em relação a pragas e doenças. Além da decisão do dia a dia, é fundamental olhar para os dados históricos e trabalhar nas lições aprendidas, para evitar perdas na produtividade dos plantios. Sinergia dos monitoramentos com o primeiro combate a incêndio:

A integração das atividades de monitoramento florestal com o primeiro combate aos incêndios florestais pode ser uma boa alternativa na estratégia da proteção florestal para detecção precoce e acompanhamento dos surtos, com otimização dos recursos. Dessa forma, com a mesma estrutura, aumenta-se a capacidade de combate e de realização de levantamentos específicos referentes ao manejo de pragas e doenças, garantindo rondas periódicas, ou de acordo com o ciclo de cada praga.

Programas cooperativos e interface com instituições de pesquisa: Assim como nos incêndios florestais, o trabalho cooperativo deve ser incentivado. Para pragas e doenças, não existem fronteiras, e o trabalho cooperativo deve ser estimulado pelo setor para mitigar o risco de dispersão e ataque às florestas plantadas, de maneira efetiva e estruturada.

As empresas também precisam estar atualizadas em relação às estratégias de monitoramento e controle, sendo fundamental manterem parcerias com instituições de pesquisa. n

35 Opiniões
1: Exemplo de uma estratégia de monitoramento florestal na prevenção e combate de pragas e doenças de acordo com a idade dos plantios
2
2: Alerta IAF via sensoriamento remoto e confirmação dos danos nos plantios através da foto com drone (Renan Brasil)

macrobiológicos: novo aliado

no controle de lagartas desfolhadoras de eucalipto

Há uma forte demanda mundial por uma agricultura sustentável, sendo o controle biológico um elo importantíssimo dessa corrente. O uso de agentes biológicos no controle de pragas agrícolas vem aumentando em torno de 15% ao ano no mundo, e, no Brasil, esses valores são ainda maiores, crescendo próximo a 30% ao ano. Os resultados recompensam com significativa redução nos custos de produção, aumento de produtividade e facilidade operacional, além de todos os benefícios socioambientais.

Efetivamente, foi o salvo conduto ao prolongar a vida útil da grande maioria das moléculas químicas e manutenção dos organismos benéficos nas áreas de produção. No sistema MIP –Manejo Integrado de Pragas, tanto os agentes químicos quanto os biológicos, características genéticas da praga e do hospedeiro, resistência, aspectos comportamentais e ambientais,

No sistema MIP, tanto os agentes químicos quanto os biológicos, características genéticas da praga e do hospedeiro, resistência, aspectos comportamentais e ambientais, tecnologia de aplicação, entre outros fatores, são utilizados como ferramentas no manejo e controle de pragas. "

tecnologia de aplicação, entre outros fatores, são utilizados como ferramentas no manejo e controle de pragas. Quanto mais informações, melhor a tomada de decisão e melhor será o resultado. A chave do sucesso está no monitoramento, que define o momento correto da aplicação de cada tecnologia, de acordo com a fase da cultura e da praga.

Sem monitoramento e disponibilidade das informações de forma rápida e assertiva, não há MIP. Foi pensando nisso que fizemos uma “megaoperação”, no ano passado (2021), para o controle de lagartas desfolhadoras do eucalipto. Houve ataque e desfolha massivo em mais de 1 milhão de hectares de florestas plantadas, só no Mato Grosso do Sul. Foram identificadas como possivelmente pertencentes à espécie Iridopsis panopla, que era, até então, uma praga desconhecida na eucaliptocultura.

36 monitoramento de pragas e doenças Q Índice
Eloá Cabrera Machado Mendes Coordenadora Florestal da RIV-Koppert

Não havia tempo a perder. Coletamos em campo ovos, mariposas e lagartas e enviamos tudo ao nosso laboratório de P&D, com sede na Koppert, em Piracicaba, onde reúne os principais especialistas do controle biológico no mundo.

Embasados nos trabalhos e conhecimento dos professores José Roberto Postali Parra da Esalq-Piracicaba, Fabrício Fagundes Pereira da UFGD-Dourados, Carlos Frederico Wilcken da Unesp -Botucatu, entre outros pesquisadores, ficam aqui registrado nossos sinceros agradecimentos.

Houve um retorno muito positivo do nosso laboratório sobre o parasitismo dos ovos de Iridopsis sp. pelo Trichogramma pretiosum, fato de grande importância, uma vez que o parasitismo do Trichogramma sp. ocasiona redução drástica da eclosão de lagartas e pressão da praga no campo. O Trichogramma pretiosum é uma microvespa, e suas fêmeas localizam no campo os ovos do hospedeiro e, neles, depositam seus ovos, interrompendo o desenvolvimento da praga logo no início do seu ciclo, tornando-os de coloração escura, dando origem a novas vespas, ao invés de lagartas. Esse processo demora de 7 a 12 dias, dependendo da temperatura do ambiente.

Sem as lagartas, não ocorre o dano, uma vez que apenas ovos e mariposas não reduzem diretamente a área foliar, e, o mais importante, a praga não completa seu ciclo.

Uma solução de sucesso altamente empregada na cultura da cana-de-açúcar para o controle da broca, Diatraea saccharalis: anualmente, mais de 1,5 milhão de hectares da cultura são tratados com essa tecnologia.

Aproveita-se o know-how nas áreas de cana e os serviços prestados com drones especialmente adaptados para aplicação de macropasitoides em extensas áreas pela Natutec, empresa que opera no segmento de aplicação via drone na América Latina.

Foram inoculados os Trichogrammas pretiosum em mais de 100 mil hectares de florestas plantadas, em quatro meses de operação, incorporando essa importante ferramenta ao MIP das empresas florestais. Os resultados puderam ser refletidos neste ano (2022), quando a ocorrência da praga e seus danos foram mínimos. n

37 Opiniões

O que é uma praga?

O conceito praga, embora conote relevância biológica, é um termo financeiro, pois se trata de um inseto que, ocorrendo no plantio, pode provocar perdas produtivas. Se não provocasse prejuízos econômicos, seria somente um inseto na floresta. Em cenários de guerra, quando temos um inimigo (nesse caso, as pragas) e um impasse (as pragas necessitam de comida, e, nós, da produção), é preciso desenvolver estratégias de convivência e, em casos severos, de contenção.

Os insetos-pragas geralmente são adaptados, evoluídos, numerosos e se dispersam com facilidade, e, para conviver com eles, foi criado pela comunidade científica o MIP – Manejo Integrado de Pragas –, que consiste num pacote de ações de manejo das pragas, tendo como base resultados de pesquisas cientificas. O MIP também surgiu na agricultura visando auxiliar na solução de problemas no manejo convencional das pragas, entre eles a resistência de insetos a inseticidas, ressurgência de pragas e renovação da estratégia para o controle de pragas.

Dessa forma, o desafio é trazer o MIP da teoria acadêmica para a prática em mais de 1,5 milhão de hectares com eucalipto, como para nós da Suzano. O conceito acadêmico foi resumido e focado em aspectos práticos da rotina de produção de madeira, visando termos um sistema de decisão para uso de táticas de controle, isoladamente ou associadas harmoniosamente,

numa estratégia de manejo baseada em análises de custo-benefício que levam em conta o interesse e/ou impacto econômico, social e ambiental.

As ações do MIP se baseiam em três princípios: a detecção, o monitoramento e o controle das pragas. Na detecção, é necessário conhecer o inseto-praga que se deseja encontrar, exigindo a capacitação das equipes de campo. Estudos de flutuação populacional da praga-alvo e seus inimigos naturais possibilitam identificar épocas de ocorrência e sua interação com fatores ambientais e, assim, facilita para que a detecção seja ágil, fator primordial para o sucesso do MIP.

O segundo princípio é o monitoramento, que consiste na quantificação da incidência da praga (densidade populacional do inseto e distribuição espacial) e da severidade do seu ataque (dano na planta), o qual varia para cada inseto (ciclo, padrão de ataque, dispersão etc.). No monitoramento, também é avaliado o controle biológico natural da praga que ocorre por inimigos naturais que ocorrem nos plantios e reduzem a população da praga.

As informações do monitoramento auxiliam no último pilar do MIP, a tomada de decisão, quando as táticas de controle disponíveis são utilizadas de maneira sinérgica para controle da praga, seja numa estratégia preventiva ou curativa.

O conceito praga, embora conote relevância biológica, é um termo financeiro, pois se trata de um inseto que, ocorrendo no plantio, pode provocar perdas produtivas. Se não provocasse prejuízos econômicos, seria somente um inseto na floresta. "

Q Índice manejo integrado de pragas
Segue anexo IMG_5795.MOV: detalhe de uma

Atualmente, temos diversas estratégias de controle; as mais utilizadas no setor florestal são: genético (clones resistentes ou tolerantes), cultural (táticas culturais que reduzem a pressão da praga), biológico (utilização de microrganismos ou outros insetos que levam a praga à morte) e químico (inseticidas).

Infelizmente, o MIP não é um produto capaz de ser adquirido, pois ele é desenvolvido de forma personalizada para cada realidade (idade da cultura, região, tipo de dano, valor financeiro do produto, relevo, disponibilidade de inseticidas, tempo de ação, etc). Para cada espécie de praga, técnicas de detecção, monitoramento e controle são desenvolvidos, e o conjunto dessas recomendações se denomina MIP.

Por exemplo, as lagartas desfolhadoras do eucalipto, como a Thyrinteina arnobia: a detecção da praga pode ocorrer em vistorias nos plantios, na época de ocorrência, concentrada em regiões mais endêmicas e em clones sabidamente mais atrativos que outros (para essa praga, não há clone comercial resistente). Após detectar, o monitoramento pode ser realizado com armadilha luminosa (atrativo para a fase adulta das mariposas), avaliação direta dos ramos (utilizado para a fase larval das lagartas e pupa) e avaliação dos excrementos (amostragem correlacionada com a fase de larva das lagartas).

Mediante as informações do monitoramento, o controle poderá ser via: liberação de poucos parasitoides de pupas ou predadores (infestação baixa); liberação de muitos parasitoides de pupas (infestação média); e/ou pulverização de inseticidas biológicos/fisiológicos e coleta em massa de adultos (infestação elevada).

Para uma outra espécie de lagarta florestal, a Sarsina violacens, embora provoque os mesmos danos da Thyrinteina arnobia, o MIP é ajustado na fase de monitoramento devido ao comportamento das lagartas em permanecer no tronco durante o dia. Nesse caso, ao invés de fazer uma avaliação direta nos ramos, se quantifica a praga no caule. Essa é uma de tantas outras evidências de que o MIP deve ser personalizado, respeitando as peculiaridades e especificidades de cada desafio a ser manejado.

O MIP de pragas florestais não pode ser desenvolvido no momento de surto populacional da praga, sua concepção deve estar aliada à estratégia de produção como uma técnica auxiliar na prevenção de potenciais perdas produtivas. Se realizado de forma precisa e eficaz, garante a sustentabilidade da produção e otimização no uso dos recursos disponíveis para manejo das pragas. Portanto, trata-se de uma ferramenta extremamente científica, mas que se encaixa bem numa rotina operacional dos produtores de madeira. n

Psyllaephagus parasitando psilideo: controle biológico da ninfa do psilídeo-de-concha sendo parasitada Maurício Magalhães Domingues/Suzano

39 Opiniões
planta

manejo integrado de pragas florestais

O cultivo de eucalipto é seriamente ameaçado por diversas pragas capazes de promover a redução da produtividade. O crescimento da extensão dos plantios ao longo dos anos é um dos fatores de aumento do número de ocorrências de pragas. De acordo com o relatório anual da Industria Brasileira de Árvores – IBÁ, a área total de árvores plantadas no Brasil, em 2021, foi de 9,93 milhões de hectares, com crescimento de 1,9% comparado a 2020. Nos últimos anos, pudemos observar tendência de aumento na ocorrência de pragas. De acordo com dados do levantamento anual de pragas florestais, do Programa Cooperativo sobre Proteção Florestal – Protef, do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais – Ipef, em 2021, tivemos 46% das áreas levantadas atacadas por insetos-praga (excluindo formigas cortadeiras), um aumento de 16% comparado a 2020 (30%).

O aumento das áreas afetadas por pragas gerou também aumento no registro e uso de inseticidas químicos e biológicos em plantios florestais.

Nesse cenário, a adesão intensiva das empresas aos processos de certificação florestal ganha destaque, incentivando a implementação de métodos mais sustentáveis no manejo de pragas em plantios florestais do Brasil.

O MIPF – Manejo Integrado de Praga Florestais, caracterizado não só pelo uso de diversos métodos de controle, mas também pela sustentabilidade econômica, social e ambiental, é amplamente adotado por empresas florestais que possuem selo de certificação florestal, principalmente aqueles com reconhecimento internacional.

O conceito de MIP surgiu na década de 1970, após a manifestação de problemas, como resistência das pragas aos inseticidas, desequilíbrio biológico com a redução de populações de inimigos naturais, além de problemas de contaminação ambiental gerados pela utilização excessiva de químicos no controle de pragas, doenças e plantas daninhas. Ainda, com o surgimento do MIP, ressurgiu também o controle biológico, porém com novos enfoques, por meio da conservação e multiplicação de inimigos naturais, introdução de agentes benéficos e utilização de entomopatógenos no controle de pragas.

O manejo integrado de pragas pode ser definido como um sistema de decisão para uso de métodos de controle de forma isolada ou associados, empregados em uma estratégia de manejo baseada no custo-benefício, considerando a sustentabilidade. O MIP é composto pela diagnose ou avaliação, tomada de decisão e seleção dos métodos de controle, sendo o planejamento uma ferramenta de extrema importância em todos esses componentes. ;

há muitas oportunidades de melhoria e desenvolvimento de novas tecnologias, como o uso de drones para monitoramento e controle de pragas e adoção de ferramentas biotecnológicas, como uso de plantas geneticamente modificadas "

Dias

Souza

do Programa Cooperativo

Opiniões manejo integrado de pragas Q Índice
Caroline de e Carlos Frederico Wilcken Coordenadora sobre Proteção Florestal do IPEF e Professor de Entomologia Florestal da FCA/UNESP-Botucatu, respectivamente

manejo integrado de pragas

No processo de diagnose, são identificadas e monitoradas as populações das pragas, seus inimigos naturais, e os fatores que influenciam na ocorrência deles. Na tomada de decisão, escolhemos controlar ou não. A decisão é baseada em planos de amostragem e em índices de tomada de decisão. Para isso, é necessário determinar o nível populacional que causa o prejuízo econômico, sendo também preciso avaliar o parasitismo ou a predação e a tendência de crescimento populacional do inseto baseada no histórico da área. Por fim, a escolha do método de controle, com ênfase a métodos menos impactantes, como controle biológico ou resistência de plantas. Quando for necessário o uso de químicos, a escolha é orientada para os inseticidas mais seletivos e específicos às pragas-alvo e, atualmente, menos tóxicos aos polinizadores.

Em plantações florestais, vem aumentando a utilização do MIP, apesar da dificuldade de determinação do nível de dano econômico. O estabelecimento de uma ampla rede de monitoramento, com o uso de técnicas adequadas e a evolução tecnológica, vem auxiliando nessa questão. Os principais exemplos de MIP em eucalipto no País são para lagartas desfolhadoras, formigas cortadeiras e pragas de viveiro.

As lagartas desfolhadoras foram destaque em 2021, com ocorrência relatada em mais de 850 mil hectares, de acordo com dados do Protef/Ipef. Para as lagartas desfolhadoras, o sistema de monitoramento é, muitas vezes, baseado no uso conjunto de diferentes técnicas, como a determinação da intensidade de desfolha, a contagem do número de lagartas por folhas, a avaliação de excrementos e a instalação de armadilhas luminosas. O manejo desse grupo de pragas é realizado com a integração de diversos métodos, como a resistência de plantas a insetos, o controle químico e o controle biológico com parasitoides, predadores e entomopatógenos.

Na cultura do Pinus, como exemplos de MIP, podemos citar o manejo de espécies do pulgão gigante do Pinus, Cinara spp., e da vespa-da-madeira, Sirex noctilio. A vespa-da-madeira é o melhor exemplo de MIP em Pinus, considerando as pesquisas realizadas pela Embrapa Florestas, com a determinação dos danos e perdas pela praga, desenvolvimento do método de amostragem e monitoramento, com árvores-armadilha e sensoriamento remoto aéreo, e escolha do método de controle, principalmente biológico, com uso do nematoide parasita Deladenus siricidicola e de parasitoides como Ibalia leucospoides e Megarhyssa nortoni ,

além de métodos silviculturais, como os desbastes para reduzir o estresse das árvores.

O controle biológico clássico também é uma das principais estratégias de manejo para as pragas exóticas do eucalipto. Podemos citar a importação do parasitoide do psilídeo-de-concha Psyllaephagus bliteus do México, em 2005, do parasitoide da vespa-da-galha Selitrichodes neseri da África do Sul, em 2015, e do parasitoide do percevejo-bronzeado Cleruchoides noackae da Austrália, em 2012.

O manejo dessas pragas também envolve o uso de outros agentes de controle biológico, inseticidas e materiais genéticos resistentes. Para o percevejo bronzeado, o parasitoide C. noackae foi liberado em diversos estados, como MG, SP, ES, RS, PR, MS, BA e MA, com redução evidente das infestações e danos nos anos seguintes à sua liberação. Atualmente, C. noackae pode ser encontrado presente em praticamente todas as populações de T. peregrinus no Brasil.

Outro caso importante foi o manejo do gorgulho do eucalipto Gonipterus platensis, no ES. Essa praga chegou ao Espírito Santo em 2004 e causou extenso desfolhamento, atingindo aproximadamente 70 mil hectares entre 2004-2005. Na empresa, foi desenvolvido o método de monitoramento, considerando avaliação visuais e amostragem de ramos.

Foi realizada a busca do parasitoide de ovos Anaphes nitens em florestas de eucalipto no RS, trazidas para a Unesp-Botucatu para iniciar a criação de laboratório, e o envio dos parasitoides para um laboratório de criação em massa, na época da Aracruz Florestal, para posterior liberação no campo. Até o aumento da produção do parasitoide, a praga foi combatida com aplicações do inseticida biológico à base do fungo Beauveria bassiana. No início de 2006, a praga já se encontrava controlada, permanecendo assim até hoje.

O uso de técnicas integradas para o manejo de pragas em culturas florestais já é uma realidade, apesar de todas as dificuldades, por se tratar de florestas plantadas. Com a adoção do MIP, notamos não só a redução de danos nos plantios, com consequente diminuição das perdas de produtividade, mas também o uso mais racional de inseticidas químicos, contribuindo para a sustentabilidade do setor florestal. No entanto, ainda há muitas oportunidades de melhoria e desenvolvimento de novas tecnologias, como o uso de drones para monitoramento e controle de pragas e adoção de ferramentas biotecnológicas, como uso de plantas geneticamente modificadas (OGMs). n

42 Opiniões
Q Índice

a nova era da proteção florestal

No Brasil, os plantios de eucalipto atingiram 7,53 M ha no último ano. Apesar do crescimento mais acelerado recentemente, a disponibilidade de madeira ainda é um fator que dificulta o aumento da capacidade produtiva da indústria de celulose e papel, bem como a produção de novos produtos a partir da biomassa florestal. Adicionalmente, as mudanças climáticas, o surgimento de novas pragas e doenças, a expansão para novas regiões, onde naturalmente existe menor conhecimento do ambiente, são fatores limitantes para o aumento da produtividade e, consequentemente, para oferta de madeira. Nesse contexto, a proteção dos plantios de eucalipto contra perdas torna-se ainda mais relevante.

A proteção florestal passou por uma grande evolução nas últimas décadas. De forma didática, podemos separar esse progresso em três períodos. O primeiro, entre as décadas de 19802000, compreendeu a fase de descoberta, caracterização e estudos de bioecologia e de controle das pragas, doenças e plantas daninhas. Na sequência, entre 2000 até 2020, foram desenvolvidos os protocolos de avaliação da resistência dos clones de eucalipto para pragas e doenças, bem como se intensificou o uso do controle biológico. Nesse mesmo período, ocorreu a introdução do manejo integrado de plantas daninhas. A partir de 2020, é possível distinguir uma nova fase, na qual o uso da biotecnologia deverá assumir um papel ainda mais importante, com o emprego do eucalipto geneticamente modificado, podendo conferir características de aumento da produtividade, resistência às pragas e tolerância aos herbicidas. Além disso, considerando o cenário atual, nessa terceira fase, é fundamental investir na seleção de clones e no ajuste do manejo para formação de florestas mais resilientes às mudanças climáticas.

A transformação genética é uma excelente ferramenta para agregar características desejáveis para aumento da produtividade e qualidade da madeira, seja de forma direta ou por meio do uso mais eficiente dos recursos do ambiente e/ou aumento da resistência da planta. Normalmente, para obter ganhos diretos de crescimento, como se trata de características quantitativas, o processo envolve mais genes e tem maior complexidade. Por outro lado, para agregar um atributo qualitativo, por exemplo, resistência a uma praga ou tolerância a um determinado herbicida, o processo é mais simples comparativamente, envolvendo um ou poucos genes. Essa diferença de complexidade e de potencial de ganho, bem como a forma de sincronizar os avanços do programa convencional de melhoramento e a transformação genética, precisa ser considerada na definição de uma boa estratégia de desenvolvimento clonal do eucalipto. Já existem clones de eucalipto transformados geneticamente para aumento da produtividade de madeira e para tolerância ao herbicida glifosato. Outros eventos geneticamente modificados para resistência a insetos-praga estão sob avaliação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio. Embora essas tecnologias já estejam em uso de forma segura na agricultura, em função das barreiras de certificação florestal, os plantios de eucalipto geneticamente modificados ainda estão sendo realizados em escala-piloto experimental.

Essa realidade precisa ser alterada frente aos potenciais ganhos. No caso do eucalipto tolerante ao glifosato, além do menor risco de perda de produtividade causada por fitotoxicidade das derivas, espera-se o aumento da segurança do trabalho, pois será possível utilizar aplicações totalmente mecanizadas, com maior eficiência, menor custo e exposição para os trabalhadores.

Até um certo tempo, a possibilidade de ganho com o uso de eucalipto geneticamente modificado parecia uma realidade distante, pois não existiam eventos comprovadamente eficientes "

Reginaldo Gonçalves Mafia Gerente de Tecnologia de Manejo Florestal da Suzano

inovação do manejo florestal Q Índice

Sob o ponto de vista ambiental, existe a oportunidade de otimizar o uso de herbicidas, uma vez que será possível melhor posicionar o momento da aplicação. Outro exemplo interessante é o desenvolvimento de eucalipto com resistência às pragas. Nesse caso, além da redução dos custos de controle, vale destacar a eliminação das perdas e do uso de inseticidas para o controle, representando um grande passo para a redução do uso de agrotóxicos. É importante mencionar que essas tecnologias fazem parte do manejo integrado como ferramenta adicional. Vale lembrar que a melhor forma de aumentar a sustentabilidade ambiental, para a produção vegetal, continua sendo atingir maior produtividade, pois, assim, seremos ainda mais eficientes no uso dos recursos e com menor demanda de área para cultivo.

Até um certo tempo, a possibilidade de ganho com o uso de eucalipto geneticamente modificado parecia uma realidade distante, pois não existiam eventos comprovadamente eficientes, e as certificações não permitiam o plantio em escala comercial. Essa realidade foi alterada e, atualmente, já existem eventos eficazes e aprovados, comprovadamente seguros para a saúde humana, animal e meio ambiente.

Por outro lado, não houve uma evolução na política das certificações florestais, que ainda não consideram o avanço da ciência e a evolução mundial dos sistemas regulatórios. Para se fazer um comparativo, para as principais culturas agrícolas, o uso de cultivares transgênicos já é uma realidade há mais de 20 anos, e, diariamente, alimentos advindos desses plantios são consumidos.

Importante mencionar que a Lei Nacional de Biossegurança e as Resoluções Normativas da CTNBio são criteriosas e eficientes para avaliar,

monitorar e regular o uso de organismos geneticamente modificados. Não reconhecer essa competência por parte das agências certificadoras e flexibilizar o uso de biotecnologias seguras é, no mínimo, um contrassenso, com impactos sobre a competividade do setor florestal e para obtenção dos ganhos ambientais.

Em outra área importante para a proteção florestal, as bases do conhecimento sobre avaliação foram desenvolvidas contra agentes bióticos. Essas avaliações visam determinar e selecionar fenótipos de resistência contra pragas e patógenos, processo denominado de “fenotipagem”. Daqui para frente, no entanto, considerando as mudanças climáticas e as variações mais significativas do clima, torna-se fundamental desenvolver metodologias para selecionar clones mais resilientes aos fatores abióticos. Dentre esses fatores ligados ao ambiente, a resistência ao déficit hídrico nos parece mais relevante, pois, nas principais regiões de cultivo do eucalipto, os eventos de secas drásticas têm se tornado uma constante cíclica.

Sendo assim, estamos investindo na caracterização de marcadores fisiológicos e em técnicas para seleção de clones mais tolerantes ao déficit hídrico e mais adaptados para plantio em solos arenosos.

O crescimento do eucalipto ou de qualquer outra planta está condicionado ao efeito do genótipo, do ambiente e da interação desses fatores. Considerando que o ambiente está cada vez mais variável, no espaço-tempo, é importante repensar a forma de realizar o melhoramento genético e o manejo dos plantios de eucalipto. Caso contrário, não conseguiremos alcançar maiores patamares de produtividade e minimizar as perdas causadas pelos agentes daninhos, sejam eles fatores bióticos ou abióticos.n

45 Opiniões

epidemiologia e manejo de doenças

em espécies florestais

As florestas plantadas possuem um papel fundamental na economia do Brasil e na proteção do meio ambiente. Em função das condições edafoclimáticas e do nível tecnológico adotado, o setor florestal brasileiro é um dos mais competitivos do mundo.

A ocorrência de doenças é um fator limitante para a produção do setor. A redução da produtividade florestal atribuída às doenças de plantas deve ser considerada sob os pontos de vista da quantidade (redução na produção em número, peso, volume) e da qualidade (dos produtos, maior custo com reagentes, etc.), o que gera grandes perdas, (prejuízos R$) tanto para os produtores quanto para a sociedade. Estima-se que as doenças de plantas sejam responsáveis por danos anuais de 15 a 20%, em alguns casos de até 100%.

O aparecimento e desenvolvimento de uma doença são resultantes da interação de três fatores: planta suscetível, agente patogênico e fatores ambientais favoráveis, formando o triângulo da doença. O ambiente é um componente relevante nessa interação, podendo, inclusive, impedir a ocorrência da doença mesmo na presença do hospedeiro suscetível e do patógeno.

Na visão holística das relações patógeno-hospedeiro-ambiente e da atuação do homem, o foco é a doença e os principais fatores relacionados ao seu desenvolvimento.

O aparecimento e desenvolvimento de uma doença são resultantes da interação de três fatores: planta suscetível, agente patogênico e fatores ambientais favoráveis, formando o triângulo da doença. "

Nos segmentos mais externos, tem-se elementos importantes (sociedade, economia e ecossistema), os quais são influenciados pela doença. O homem está no segmento intermediário, como agente modificador do sistema.

A palavra epidemiologia tem origem grega, em que epi significa “sobre”, demos = “povos”; e logos = “estudo”. Então, a epidemiologia seria uma ciência das populações. Em fitopatologia, o mesmo termo é usado com sentido mais amplo. As populações importantes para a epidemiologia de doenças de plantas são aquelas do hospedeiro, de um lado, e do patógeno, de outro. O contato dessas duas populações leva a uma terceira população, a das lesões. O ambiente interfere no desenvolvimento das três populações. Por fim, o homem, cada vez mais, interage com todas essas populações e, consequentemente, sofre seus efeitos (o rápido crescimento das lesões).

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Willian Bucker Moraes Professor de Fitopatologia da UFESUniversidade Federal do Espírito Santo
epidemiologia e manejo Q Índice

Se todas essas interações ocorrem de maneira coordenada, a população de lesões pode se desenvolver muito rapidamente, e a doença pode causar danos às lavouras. Esse crescimento pode ocorrer tanto ao longo do tempo quanto espacialmente na área. Quando isso ocorre, dizemos que houve uma epidemia da doença em questão. Define-se, então, epidemia como sendo aumento da doença numa população de plantas em intensidade e/ou extensão, isto é, um aumento na incidência ou severidade da doença e/ou um aumento na área geográfica ocupada pela doença.

A epidemiologia possui uma face acadêmica na qual se busca compreender o comportamento da doença no tempo e no espaço, identificando, por exemplo, quais as épocas favoráveis e desfavoráveis para a ocorrência de certa doença, qual a origem de determinada doença e como ela é disseminada na área, entre outras informações. A partir desse ponto, temos a face aplicada, baseada na resolução de problemas, em que as informações obtidas pela face acadêmica serão utilizadas para otimização do manejo dessas doenças.

A exemplo de epidemias famosas no setor florestal, temos a do mal-das-folhas da seringueira (Pseudocercospora ulei). Essa doença foi descrita no início do século XX em folhas coletadas de seringueiras nativas nos arredores de Belém-PA. Os sintomas foram poucos, não causando desfolhamento ou outros danos às plantas, uma vez que as seringueiras suscetíveis crescem naturalmente em baixa densidade nas florestas, 3 a 4 árvores por ha. No entanto, o potencial devastador dessa doença foi detectado nas primeiras tentativas de domesticação da espécie e estabelecimento de plantações comerciais nas Guianas e no Brasil. No Brasil, os plantios da Ford Motor Company ficaram muito famosos, não pela borracha produzida, mas pelas epidemias de mal-das-folhas, que dizimaram as plantações da empresa em Fordlândia e Belterra, em 1927 e 1940, respectivamente.

Hoje, medidas de manejo estão disponíveis para garantir um risco mínimo de epidemias para a cultura da seringueira em várias regiões do Brasil. Entre essas medidas, está o plantio de plantas resistentes associadas à evasão (escolha de áreas favoráveis ao cultivo da seringueira e desfavoráveis ao patógeno). Essas ações reduziram os prejuízos causados por essa doença e, consequentemente, favoreceram a produção em larga escala no Brasil e em outros países que visam à produção autossuficiente de borracha, matéria-prima estratégica.

Os mapas de zonas de risco ou favorabilidade, acoplados aos modelos de simulação, podem ser úteis para indicar áreas geográficas ou até mesmo, épocas do ano mais favoráveis à ocorrência de epidemias.

Para a ferrugem do eucalipto, no Brasil, conduzimos trabalhos com base nos mapas de temperatura média (TM) e duração de molhamento foliar em horas (DMF), para compreender a distribuição temporal da doença. A estação do ano com maior área favorável foi o outono, com 92,90% de áreas com índice de favorabilidade climática (IF) maior que 70%; já as estações verão, primavera e inverno apresentaram, respectivamente, 90,1%; 75,1% e 71,3% de áreas com IF maior que 70%. Quanto à distribuição espacial da ferrugem do eucalipto para o Brasil, as regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste apresentaram grandes áreas com IF acima de 70%, ao longo de todo o ano. No Nordeste, existe uma maior área com IF abaixo de 60%, principalmente ao que corresponde o sertão nordestino. A região Sul, nos períodos de outono e inverno, possui grande parte de seu território com o IF de 0 a 60%. Os principais estados produtores apresentaram áreas com IF acima de 70% ao longo do ano.

Com o aumento de áreas plantadas, constituída principalmente de plantios homogêneos e com restrição da base genética, a ocorrência de epidemias é uma realidade presente no dia a dia do setor florestal.

Desta forma, o conhecimento das epidemias das doenças em espécies florestais é de suma importância para que o manejo fitossanitário seja feito de forma racional, utilizando os diferentes métodos de controle (físico, cultural, biológico, genético e químico), com o objetivo de reduzir a intensidade da doença no campo, evitar danos e perdas e preservar o meio ambiente.

Para isso, temos como base um planejamento para evitar e/ou reduzir a doença na área, pautado na diagnose correta e no acompanhamento da ocorrência de doenças por monitoramento, a partir de amostragens periódicas. Com base nesse monitoramento, é realizada a tomada de decisão e a escolha do método de controle ideal a ser empregado. Nos colocamos à inteira disposição para o desenvolvimento de pesquisas em parcerias, de modo a contribuir com compreensão das epidemias das doenças em espécies florestais, a fim de propor soluções para a otimização do manejo dessas doenças junto ao setor florestal. n

49 Opiniões

mudanças climáticas e doenças florestais impacto das mudanças climáticas

O aquecimento global é um dos maiores paradigmas científicos da atualidade. As evidências de que as mudanças climáticas (MC) estão ocorrendo, em função do aumento da concentração de gases de efeito estufa, têm se tornado cada vez mais consistentes e aceitas pela comunidade científica. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) prevê que a temperatura global deverá aumentar entre 1,4°C a 5,8°C nos próximos 100 anos.

A preocupação com o assunto é tamanha que, periodicamente, são realizadas conferências para discutir o assunto e tentar minimizar o problema, a exemplo da 27ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP27), realizada no Egito, em novembro de 2022.

No tocante a todas as atividades econômicas, a agricultura é a que apresenta maior dependência das condições climáticas. Assim, estima-se que qualquer mudança no clima poderá afetar o zoneamento agrícola, a produtividade das culturas e as técnicas de manejo, alterando o atual cenário do setor, em cada região, com

sérias consequências econômicas, sociais e ambientais. Doença em planta é um processo dinâmico, no qual hospedeiro e patógeno, em íntima relação com o ambiente, se influenciam mutuamente, do qual resultam modificações morfológicas e fisiológicas. Para que ocorra doença, é imprescindível a interação de três fatores (triângulo de doença): planta suscetível, patógeno virulento/agressivo e ambiente favorável. Assim, o ambiente é um componente relevante, podendo impedir a ocorrência da doença mesmo na presença de hospedeiro suscetível e patógeno virulento/ agressivo.

As MC poderão alterar o atual cenário fitossanitário. Certamente, num futuro próximo, ocorrerão modificações na importância relativa de cada doença, assim como poderá haver maior potencial de estabelecimento de patógenos quarentenários que caso sejam relatados no país, representarão uma ameaça potencial a toda cadeia produtiva. Além disso, os patógenos oportunistas terão maiores chances de causar danos, principalmente em função do estresse da planta.

Neste artigo, abordaremos, de forma resumida, alguns trabalhos desenvolvidos por nossa equipe sobre os impactos das MC nas doenças em espécies florestais. Vale ressaltar que temos trabalhado com a temática há 20 anos, orientando vários estudantes de graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado) no assunto. Também participamos ativamente da implantação do “Núcleo de Excelência em Mudanças Climáticas”, em que são desenvolvidas pesquisas na área florestal.

A análise dos potenciais impactos das MC é essencial para a adoção de medidas mitigadoras, como o desenvolvimento de cultivares resistentes e novas técnicas de manejo, a fim de se evitarem e/ou minimizarem perdas significativas. "

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Waldir Cintra de Jesus Junior Professor de Fitopatologia e Patologia Florestal da UFSCar - Universidade Federal de São Carlos

No que se refere à distribuição espaço-temporal, nossa equipe analisou o impacto potencial das MC na distribuição de áreas de risco para ocorrência da ferrugem do eucalipto no Brasil, concluindo que haverá redução da área favorável para ocorrência da doença.

Apesar dos resultados, extensas áreas continuarão favoráveis ao desenvolvimento da doença, principalmente nos meses mais frios do ano (junho e julho), de modo que o zoneamento das áreas e as épocas de maior risco de ocorrência, considerando as mudanças climáticas, tornam-se importantes conhecimentos para elaboração de modelos de previsão e de alerta para o manejo da doença.

Com relação à seringueira, analisamos o potencial impacto das MC no desenvolvimento do mal-das-folhas, concluindo que será altamente favorável para a redução das áreas e favorável para a doença, bem como algumas áreas do País se tornarão mais aptas ao cultivo da seringueira, o que poderá propiciar o surgimento e/ou maior desenvolvimento de algumas novas áreas de plantio.

As análises apresentadas possibilitam uma visão futura de quais regiões ou estados serão mais ou menos favoráveis às doenças.

Considerando o impacto das MC nas doenças do eucalipto, tem-se que Ralstonia solanacearum, Xanthomonas sp. e Quambalaria eucalypti poderão ser favorecidas por altas temperaturas, permanecendo como as principais doenças em viveiro.

No campo, Austropuccinia psidii poderá ter sua importância reduzida, porém Ceratocystis fimbriata, Oidium eucalypti, Cylindrocladium sp., R. solanacearum, Rhizoctonia solani e Xanthomonas sp. merecerão maior atenção, uma vez que são favorecidas por altas temperaturas.

Com relação ao controle químico, há o seguinte questionamento: A eficiência dos produtos químicos será a mesma em condições de elevação de temperatura e redução de umidade relativa?

Apesar da falta de estudos sobre o assunto, inferimos que provavelmente o controle químico também será influenciado pelas MC, sendo esperados os seguintes efeitos: alterações na absorção de determinados produtos; modificações na translocação e metabolismo de fungicidas sistêmicos; alterações na dinâmica de resíduos e degradação dos produtos; redução na redistribuição dos fungicidas protetores; novo calendário de aplicação, dentre outros.

O controle biológico certamente será afetado. Na literatura, há trabalhos sobre o efeito da temperatura na longevidade de parasitoides de determinadas pragas. Como exemplo, citamos que a longevidade do parasitoide do percevejo-bronzeado do eucalipto é reduzida com o aumento da temperatura.

Com relação a modificações na efetividade da resistência, avaliamos o efeito da variação da temperatura e da concentração de CO2 sobre o comportamento de dois clones de eucalipto com diferentes níveis de resistência a C. fimbriata, em dois cenários climáticos, concluindo que o incremento da concentração do CO2 associado a temperaturas elevadas, representando o clima futuro, aumentaram a severidade da doença e reduziram o crescimento dos clones. Os clones se desenvolveram melhor no cenário atual, demostrando reduzida capacidade de adaptação às MC, o que tende a alterar a efetividade da resistência. Outro aspecto importante é que, com as MC, a ocorrência de distúrbios fisiológicos poderá ser intensificada. O problema já é sério, a exemplo do distúrbio fisiológico em eucalipto. Na análise das MC sobre as doenças, não se pode esquecer que tanto o patógeno quanto a planta hospedeira podem evoluir, dado que o processo é lento, ou seja, adaptações deverão acontecer e precisam ser consideradas antes que conclusões precipitadas e equivocadas sejam apontadas como certas. A análise dos potenciais impactos das MC é essencial para a adoção de medidas mitigadoras, como o desenvolvimento de cultivares resistentes e novas técnicas de manejo, a fim de se evitarem e/ou minimizarem perdas significativas.

Como mensagem final, gostaríamos de ressaltar os seguintes pontos: 1) É de fundamental importância a previsão, mesmo com certo grau de incerteza, do impacto das MC e como elas afetarão a produtividade; 2) É necessário antever os problemas, de modo a minimizar os prejuízos (necessidade de adaptação); 3) Somente trabalhos multidisciplinares trarão avanços no entendimento do impacto das MC no setor florestal e suas soluções; 4) As alterações causadas pelas MC trarão uma nova dimensão à área florestal; 5) Será necessário mais tecnologia e união do setor para enfrentar o problema.

Não será o fim do setor florestal, mas o início de novos tempos. Devemos estar preparados. Nos colocamos à inteira disposição para o desenvolvimento de pesquisas em parcerias, de modo a contribuir para a minimização de um problema tão importante e que afetará, de forma substancial, o setor florestal. n

51 Opiniões

doenças radiculares em plantios florestais

Em fitopatologia, as doenças radiculares são problemas decorrentes da infecção e da colonização das raízes e do colo (base do tronco) de uma dada planta por um patógeno (agente causal). Com a colonização interna das raízes, ocorre escurecimento externo e apodrecimento interno, impedindo a absorção de água e de nutrientes essenciais ao bom funcionamento da planta. Assim, um outro termo técnico é “podridão de raízes”. Além desse sintoma local na raiz, ocorrem também sintomas na parte aérea, como o amarelecimento da copa, o secamento das folhas e ponteiros, a queda de folhas e até mesmo a morte da planta. Por vezes, a árvore tomba em função desse apodrecimento.

Nas florestas, existem vários tipos de doenças radiculares, que podem ser observadas tanto em florestas nativas quanto em plantadas e na arborização urbana. O principal impacto é a mortalidade das árvores afetadas e sua queda. Seguem algumas das principais doenças: Armilariose ou podridão de raízes por Armillaria:

A armilariose é causada por fungos do gênero Armillaria afetando um grande número de plantas lenhosas e ocorre, no Brasil, principalmente em espécies frutíferas (nespereira, pessegueiro, macieira e videira) e em plantios de pínus. Não existe relato em eucalipto. A doença se manifesta frequentemente em plantios de pínus com idade entre um e oito anos, mas pode ser constatada em árvores com mais de 20 anos. Percentuais de mortalidade entre 20 e 25% foram estimados em áreas de pínus com alta infestação do patógeno, na região Sul do Brasil, ao final de 25 anos de rotação. A espécie mais suscetível é Pinus elliottii var. elliottii, e, em escala menor de suscetibilidade,

estão Pinus caribaea, Pinus patula, Pinus radiata e Pinus taeda.

Os sintomas se iniciam com um amarelecimento geral das acículas, depois, bronzeamento e seca da copa, que precede a morte das árvores. A morte decorre da destruição do sistema radicular ou pelo anelamento interno do colo da planta e pode ser acelerada em períodos de falta de chuva. Os sinais são observados na forma de intensa exsudação de resina, que se acumula no solo, ao redor das raízes, ou do tronco, formando-se uma crosta de solo e resina solidificada. Placas miceliais do fungo, de coloração esbranquiçada, são formadas abaixo da casca, desde a base da árvore até 4 m de altura. Esse crescimento micelial é o sinal mais importante para a diagnose da doença. O fungo pode também formar rizomorfas, estruturas filamentosas semelhantes a cordões de sapato, de coloração marrom-escura, visíveis a olho nu, medindo de 1 a 2 mm de diâmetro, que podem estar sobre a casca ou dentro dela.

O patógeno é de ampla distribuição geográfica no mundo, classificado no Brasil como Armillaria mellea, mas essa identificação taxonômica foi incorreta em plantios de pínus no Brasil. Estudos recentes indicam ser uma outra espécie similar.

A doença ocorre em áreas recém-desmatadas, onde são deixados restos vegetais (raízes e tocos) que funcionam como fonte de energia para o fungo e como fonte de inóculo. A disseminação do fungo no solo é pelo micélio e rizomorfas provenientes de restos vegetais lenhosos, como tocos, galhos ou raízes. A mortalidade das árvores tende a diminuir à medida que o plantio envelhece, quando a fonte original de inóculo é exaurida, e as árvores tornam-se mais resistentes.

A doença ocorre em áreas recém-desmatadas, onde são deixados restos vegetais (raízes e tocos) que funcionam como fonte de energia para o fungo e como fonte de inóculo "

Celso Garcia Auer e Álvaro Figueredo dos Santos

Pesquisador da Embrapa Florestas e Professor do programa de Pós-graduação em Agronomia da UFPR – Universidade Federal do Paraná, respectivamente

doenças radiculares Q Índice

Para controle, recomenda-se que as áreas recém-desmatadas tenham os restos vegetais removidos e incinerados durante o preparo do terreno para plantio. Pouco se conhece sobre a resistência de pínus contra Armillaria. O plantio de espécies suscetíveis deverá ser feito em áreas isentas do patógeno ou que já tenham sido cultivadas com plantas não hospedeiras do patógeno (culturas agrícolas, pastagem e espécies florestais). Outra recomendação é que o plantio seja feito com mudas de boa qualidade, com sistema radicular bem desenvolvido, em solos profundos, sem a presença de camada de impedimento. Os plantios devem ser corretamente manejados, com desrama e desbaste adequados, para evitar o estresse das árvores e a predisposição ao ataque de Armillaria.

Associação de Phytophthora com florestas:

O oomiceto Phytophthora é um patógeno de ampla distribuição geográfica, com importância econômica e ambiental para culturas agrícolas e florestas plantadas e nativas. Foi o marco para a fitopatologia, quando, em meados do século XIX, dizimou as plantações europeias de batata e, indiretamente, causou a morte de milhares de pessoas naquele continente.

Na literatura, oomicetos são conhecidos como falsos fungos; no entanto, em meio de cultura, assemelham-se a eles. No momento, os oomicetos são classificados em um grupo chamado de Straminipila.

Existem sete espécies relatadas causando doenças em espécies florestais no Brasil: P. boehmeriae, P. capsici, P. cinnamomi, P. citrophthora, P. heveae, P. nicotianae, P. palmivora, P. frigida e P. acaciae (espécie descrita em acácia-negra, em 2019). Neste artigo, vamos dar destaque à doença gomose da acácia-negra causada por Phytophthora.

A acácia-negra é uma espécie florestal nativa da Austrália, a principal fonte de taninos vegetais no mundo. No Brasil, a acácia-negra foi introduzida no estado do Rio Grande do Sul na década de 1930. Em 2019, existiam cerca de 75.900 hectares plantados, envolvendo aproximadamente 10 mil pequenos produtores rurais. A gomose é um dos seus principais problemas fitossanitários e distribuída em todas as áreas produtoras do Rio Grande do Sul. As espécies P. nicotianae, P. frigida e P. acaciae têm sido encontradas causando a gomose e a podridão de colo (base do tronco) de árvores de acácia-negra. O solo é considerado a principal fonte de inóculo primário. Essa doença acarreta prejuízos relevantes à cultura da acácia-negra (com até 23% das árvores atacadas), por danificar a casca, principalmente nas porções basal e mediana do tronco. Além do Brasil, ocorre também na África do Sul e nos países asiáticos.

A gomose é de difícil controle, e a estratégia mais viável, no longo prazo, é o plantio de árvores resistentes. Existem medidas complementares recomendadas, como: a) não estabelecer novo plantio em área onde a severidade da doença no plantio anterior tenha sido alta; b) evitar ferimentos às plantas, causados por equipamentos agrícolas; c) evitar solo raso, mal drenado e sujeito a encharcamento; d) evitar o enterrio de parte do caule das mudas por ocasião do plantio, ou seu aterramento no campo, por subsequentes tratos culturais; e) utilizar muda livre de Phytophthora em novo plantio.

Tais patologias reduzem a produtividade das florestas, tanto pela mortalidade das árvores como pelo menor desenvolvimento dos indivíduos afetados. Além disso, existe impacto ambiental pela redução na captação de CO2 pela floresta, bem como a emissão de gases de efeito estufa pela decomposição das plantas mortas. n

Opiniões
gomose acacia gomose acacia morte armillaria pinus morto armilariose

manejo das doenças de origem bacteriana no eucalipto

O Brasil é referência mundial na produção de eucalipto, por sua atuação pautada em sustentabilidade, competitividade e inovação. Um dos componentes mais importantes, na garantia da produtividade, depois da resistência, é o manejo integrado de pragas e doenças. Dentre as doenças, se destacam as que atacam o sistema radicular, do tronco, do sistema vascular, e as foliares. No presente artigo, iremos focar as doenças foliares de origem bacteriana, que englobam um grupo de patógenos com certa similaridade morfológica, necessitando de estudos bioquímicos e moleculares para a caracterização desses patógenos.

Os danos se iniciam no viveiro onde causam redução da produtividade de mudas e podem seguir para o plantio definitivo, onde podem causar desfolhas intensas, seca de ramos e dos ponteiros e mortalidade das plantas, conforme a espécie do patógeno envolvida.

O eucalipto e as doenças bacterianas:

A área com cultivos florestais no Brasil é de mais de nove milhões de hectares. Esses plantios estão localizados, principalmente, nos estados da Bahia, de Mato Grosso do Sul, de Minas Gerais e de São Paulo. Diversas espécies de Eucalyptus são cultivadas no mundo, e, no Brasil, com alta produtividade, devido ao melhoramento genético e aos programas de Proteção Florestal, que garantem ao setor florestal brasileiro ser um dos mais competitivos mundialmente. O setor de base florestal representa 1,2% do PIB Nacional, com receita bruta total de R$ 97,4 bilhões, gerando renda para 3,75 milhões de brasileiros. Entretanto, o plantio do eucalipto em grandes maciços homogêneos, com

poucas espécies/clones, favorece a ocorrência de doenças e pragas, com prejuízos econômicos.

As doenças bacterianas mais conhecidas, no eucalipto, são as murchas vasculares, causadas por Ralstonia solanacearum, as manchas de folhas, com o complexo Xanthomonas sp. e Pseudomonas sp., as manchas foliares, a seca de ponteiros em jardim clonal e a seca de ramos e dos ponteiros por enterobactérias (vide Tabela).

A murcha de Ralstonia foi reportada no Brasil, pela primeira vez, no início da década de 1980, no município de Prata, Minas Gerais, em plantios de Eucalyptus grandis. Em 2005, foram estimadas as perdas de mudas e propágulos na fase de multiplicação de estacas e concluiu-se que a doença resultou em elevadas perdas econômicas em viveiros de eucalipto nos estados da Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais e Pará, totalizando um prejuízo estimado em R$ 50 milhões.

A mancha bacteriana causada pelo complexo bacteriano Xanthomonas sp. e Pseudomonas sp. obteve seus primeiros registros na metade da década de 1990 em mudas de Eucalyptus spp., em viveiros do estado de São Paulo. Em um levantamento feito entre os anos de 2003 e 2008, em doze viveiros nos estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, foram perdidos cerca de R$ 15 milhões, com descartes de 11.266.819 de mudas e 553.991 minicepas.

Por fim, a seca de ponteiros do eucalipto, primeiro causada por Erwinia psidii, originou-se inicialmente no Uruguai e na Argentina e, posteriormente, no Brasil. Entre os anos de 2010 e 2016, no Sul do Brasil, cerca de 314 hectares de áreas com plantios de eucalipto foram afetados

Em um levantamento feito entre os anos de 2003 e 2008, em doze viveiros nos estados da BA, GO, MG e RS, foram perdidos cerca de R$ 15 milhões, com descartes de 11.266.819 de mudas e 553.991 minicepas. "

Coautoria: Luís Thadeo Poianas Silva, Professor da Faculdade de Ciências Agronômicas, do Departamento de Proteção Vegetal da Unesp

Q Índice doenças bacterianas

pela doença, com média e alta severidade, reduzindo crescimento em altura e em circunferência à altura do peito (CAP). Até que, em 2019, encontraram o gênero Pantoea e outras enterobactérias, associadas aos sintomas.

Portanto, percebe-se a real necessidade de serem aprofundados os estudos com relação às fitobactérias relatadas, visando esclarecer a interação entre elas e os danos crescentes aos plantios florestais, pois o controle de doenças

bacterianas em plantas é geralmente difícil, tornando-se praticamente impossível após o início da epidemia. O manejo deve ser iniciado no jardim clonal, e a adoção de medidas, ainda no viveiro, para evitar que esses patógenos cheguem ao campo. Consiste o objetivo do presente trabalho evidenciar as medidas de controle e o manejo para esse importante grupo de fitopatógenos.

Grupo γ-proteobactéria γ-proteobactéria β-proteobactéria γ-proteobactéria

Ordem Enterobacterales Pseudomonadales Burkholderiales Xanthomonadales Família Erwiniaceae Pseudomonadaceae Burkholderiaceae Xanthomonadaceae

Gênero Erwinia Pseudomonas Ralstonia Xanthomonas Espécie Erwinia psidii Pseudomonas cicho-rii Ralstonia solanacearum Xanthomonas axono-podis pv. eucalyptorum

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/taxonomy

Manejo das doenças bacterianas:

Temos salientado, em nossos cursos in company de “Manejo Integrado de Doenças de Viveiros (MIDV)”, que as medidas de assepsia e limpeza são fundamentais para se caminhar ao “marco zero” das doenças bacterianas, aliadas a um método de diagnóstico preciso.

Esses inimigos do viveiro podem adentrar as instalações pelos tubetes, com sujidades que chegam do campo, pelo substrato utilizado na formação de mudas, pela água de irrigação, pelas mudas e os clones que formam o minijardim e pelos caminhões utilizados para o transporte dos insumos.

Dentro do MID-Viveiro, se preconiza dentro das medidas preventivas, resumidamente: ter um layout adequado, separando-se a área contaminada (recepção de tubetes, batedouro e lavador de tubetes) da área de jardim clonal e estaqueamento. Assim como o depósito de insumos deve ser externo a essa área. O trator para adentrar com tubetes e insumos deve passar por uma piscina com cloro, denomidada pé-de-lúvio, retirando a sujidade dos pneus. Proceder ao tratamento dos tubetes e bandejas com água aquecida (a 85 oC por 1 minuto). Periodicamente, fazer o teste PCR, com primers específicos da água e do substrato, assim como das mudas expedidas.

Fazer visitas periódicas em todas as partes do viveiro: jardim clonal, casas de vegetação e área de crescimento e expedição. Ao localizar plantas com sintomas, fazer a diagnose de campo; na dúvida, encaminhar material para o Laboratório de Patologia Florestal/FCA, para diagnose laboratorial.

A erradicação das touças e plantas doentes é uma medida adequada às enterobactérias e à murcha de Ralstonia. Para as manchas foliares, marcar as touças e fazer aplicação de bactericida e ou indutor de resistência, autorizados.

Em clones muito suscetíveis a enterobactérias e murcha de Ralstonia, fazer a substituição desses clones por materiais resistentes.

A inspeção das mudas para serem enviadas ao campo deve ser feita por pessoas treinadas na diagnose visual; para manchas de Xanthomonas/Pseudomonas, as mudas devem estar isentas de manchas e com mais de 10 pares de folhas. Para as enterobactérias e Ralstonia, que são endofíticas nessa fase, fazer o teste PCR periodicamente, com primers específicos.

No caso de as mudas infectadas chegarem e serem plantadas no campo, os danos e os prejuízos podem ser muito elevados, pois ainda não existem medidas efetivas de controle para essas doenças bacterianas. n

55 Opiniões
Erwinia sp. Pseudomonas sp. Ralstonia solanacearum Xanthomonas sp. Reino Bactéria Bactéria Bactéria Bactéria Filo Proteobactéria Proteobactéria Proteobactéria Proteobactéria
DIFERENCIAÇÃO TAXONÔMICA DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES BACTERIANAS ASSOCIADAS AO EUCALIPTO

o programa nacional de controle à vespa-da-madeira

Uma das pragas mais importantes e muito conhecida pelo setor florestal, a vespa-da-madeira (Sirex noctilio), completou 34 anos de registro no Brasil e continua sendo a protagonista quando se trata de pragas que causam danos aos plantios de pínus. Entretanto, a parceria entre o setor público e a iniciativa privada resultou na criação e execução de um dos programas de manejo integrado de pragas florestais de maior sucesso e abrangência em nosso país.

O Programa Nacional de Controle à Vespa-da-Madeira (PNCVM) foi criado em 1989, pelo MAPA, visando fundamentalmente propor ações para conter a dispersão e os danos provocados por essa praga.

Para dar suporte financeiro a esse programa, em junho de 1989, foi criado também o Fundo Nacional de Controle de Pragas Florestais - Funcema, constituído por mais de uma centena de empresas florestais ligadas à cadeia produtiva do pínus. Originária da Europa, da Ásia e do norte da África, a vespa-da-madeira foi introduzida em vários países, onde tem ocasionado perdas econômicas. Atraída por plantas estressadas, o primeiro registro no Brasil ocorreu em 1988, em plantios de P. taeda sem desbastes, localizados nos municípios de Gramado, Canela e São Francisco de Paula, no RS. Posteriormente, foi registrada sua presença nos estados de Santa Catarina (1989), Paraná (1996), São Paulo (2004) e Minas Gerais (2005).

Para dar suporte financeiro a esse programa, em junho de 1989, foi criado também o Fundo Nacional de Controle de Pragas Florestais - Funcema, constituído por mais de uma centena de empresas florestais ligadas à cadeia produtiva do pínus. " Susete do Rocio Chiarelo Penteado Pesquisadora da Embrapa Florestas

Ataca espécies de Pinus, sendo o P. taeda e o P. patula os mais suscetíveis. O P. elliottii, por apresentar maior teor de resina, geralmente é menos atacado. Entretanto, a prática da resinagem acaba tornando essa espécie atrativa. Com relação aos pínus tropicais, já foi registrado o ataque em todas as espécies plantadas no Brasil. Os danos estão relacionados ao comportamento do inseto e à fisiologia da árvore.

Q Índice vespas

Assim, o ataque apresenta uma fase inicial de predisposição da planta, quando as árvores são danificadas ou estressadas por fatores bióticos e ou abióticos, seguido por uma fase de reforço do estresse, que ocorre quando a fêmea, ao realizar a postura, injeta um muco fitotóxico e esporos de um fungo simbionte, e, por último, a fase de desenvolvimento do fungo simbionte, que servirá de alimento para as larvas da vespa-da-madeira. Todo esse processo culmina na morte da árvore, que pode ocorrer alguns meses após o ataque.

Algumas condições, como a inadequação das práticas silviculturais, e, entre elas, destaca-se o atraso ou a não realização dos desbastes, têm proporcionado um ambiente favorável ao desenvolvimento da vespa-da-madeira e seu aumento populacional. Porém, mesmo nessas condições, se for realizado um planejamento e uma intensificação nas atividades de monitoramento e controle, é possível minimizar as perdas provocadas por ela.

O PNCVM foi elaborado contemplando ações de manejo florestal, como medida de prevenção ao ataque; quarentena e medidas legislativas, para retardar a sua dispersão; monitoramento, pelo uso de mapeamento aéreo, instalação de árvores-armadilha e amostragens terrestres;

medidas de controle, com ênfase no controle biológico com o nematoide Deladenus siricidicola e dos parasitoides Ibalia leucospoides, Rhyssa persuasoria e Megarhyssa nortoni, além de atividades de transferência de tecnologia.

O principal componente do PNCVM é o controle biológico pelo uso do nematoide, que age pela esterilização das fêmeas do inseto. Importado da Austrália, desde 1990 é produzido no Laboratório de Entomologia Florestal da Embrapa Florestas. Em 2018, foi obtido, junto ao MAPA, o seu registro com o nome de Nematec, como produto fitossanitário com uso aprovado para a agricultura orgânica, por ser considerado de baixo impacto ambiental e também de baixa toxicidade. O Nematec é o primeiro produto com registro para uso do D. siricidicola.

A produção do Nematec é feita entre os meses de março e agosto e, semanalmente, doses do Nematec são enviadas aos produtores de pínus com a presença da praga em seus plantios, sendo que cada dose é suficiente para o tratamento de cerca de 10 árvores.

Para a inoculação do Nematec na árvore, ela é derrubada, e, utilizando um martelo especial, são realizadas perfurações ao longo do tronco. A dose é misturada a um espessante (hidrogel) e introduzida na árvore. ;

59 Opiniões

Durante o monitoramento dos plantios de pínus, que pode iniciar no mês de fevereiro e deve terminar antes do final da produção de nematoide (agosto), para permitir que as áreas possam ser controladas com o Nematec, é feito o planejamento do número de árvores que serão inoculadas com o nematoide.

Recomenda-se inocular pelo menos 20% das árvores atacadas, e, nessas condições, é possível atingir um nível médio de controle de 70%.

Além do nematoide, as vespas parasitoides, Ibalia leucospoides e Megarhyssa nortoni, ambas também introduzidas, auxiliam na redução populacional da praga, porém são complementares ao uso do nematoide.

O monitoramento e o controle da vespa-da-madeira são atividades que fazem parte da condução dos plantios de pínus pelas empresas e produtores florestais. Essas atividades são essenciais para manter a população em baixos níveis populacionais e evitar perdas econômicas.

O primeiro caso de sucesso no controle da vespa-da-madeira no Brasil ocorreu no município de Encruzilhado do Sul, RS, em um plantio de 12.000 hectares de P. taeda, que estava com cerca de 30% das árvores atacadas.

As inoculações do nematoide foram realizadas entre 1990 e 1993, resultando em porcentagens de parasitismo de mais de 90%, sendo que, em 1995, a presença de árvores atacadas era insignificante.

Entretanto, na mesma região, em 2018, foram registrados talhões de pínus com até 70% de ataque. As ações previstas no Programa Nacional de Controle à Vespa-da-Madeira têm permitido manter a população da vespa-da-madeira sob controle no Brasil. Entretanto, a cada nova rotação da cultura, é necessário estabelecer o monitoramento pela utilização de árvores-armadilhas, amostragem sequencial ou amostragem sistemática.

Em plantios acima de sete anos de idade e quando identificada a presença da praga, é necessário realizar a inoculação do nematoide em pelo menos 20% das árvores atacadas.

Dessa forma, é possível reduzir as perdas provocadas por essa praga e garantir a produtividade dos plantios de pínus. Atualmente, na maioria dos locais onde está sendo utilizado o nematoide, os resultados são muito satisfatórios, com a ocorrência de porcentagens de parasitismo acima de 70%. n

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Aplicação do inóculo na árvore atacada
Q Índice vespas Opiniões
Martelo utilizado na aplicação do Nematec

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vespas o papel dos órgãos de defesa agropecuária

na mitigação dos danos causados pelas pragas

Nas décadas de 1960 e 1970, os incentivos fiscais para o reflorestamento tiveram grande importância para o setor florestal paranaense. No início, os cultivos foram estabelecidos em áreas marginais da propriedade, plantando e deixando que as árvores crescessem até o corte e a extração da madeira, sem os devidos cuidados e sem o manejo adequado, aguardando apenas para se realizar a extração. Como diziam os primeiros silvicultores: “plantar e aguardar para obter os resultados do plantio”. Mas tudo que se cultiva necessita de planejamento, de cuidados e de manejo, e, somente após o pleno desenvolvimento, se faz a colheita e obtêm-se os resultados.

No final da década de 1980 e início de 1990, tem-se notícia da introdução e disseminação de uma praga florestal, a vespa-da-madeira, Sirex noctilio, que poderia comprometer o equilíbrio e a produção dos cultivos de pínus no Sul do Brasil, cultura que tão bem se desenvolvia nessa região.

Com isso, foi necessária a adoção de tecnologias e ações para manejo dessa praga. Na busca de uma solução duradoura, a Embrapa se aprofundou nas pesquisas para o seu controle, por meio do desenvolvimento de tecnologias e de criação e distribuição

do nematoide Deladenus siricidicola , que é um agente biológico que esteriliza as fêmeas da vespa-da-madeira. Assim, ainda na década de 1990, iniciaram-se as medidas para o manejo da praga nos povoamentos de pínus do Brasil. Os estudos e as pesquisas foram desenvolvidos para a detecção precoce da chegada da praga nos cultivos de pínus e possibilitar a introdução do controle biológico nos povoamentos, visando ao controle da mesma.

A Defesa Agropecuária do Paraná esteve presente desde o princípio da introdução da vespa-da-madeira no estado, quando ainda, em 1988, foi criada a Comissão Estadual de Prevenção e Combate à Vespa-da-Madeira, e, em 1990, foi implementado o Projeto de Monitoramento da Vespa-da-Madeira no estado. Nesse sentido, a Defesa Agropecuária Estadual atuou no estabelecimento de legislação específica para o controle e o monitoramento da praga, treinamento dos fiscais, treinamentos de responsáveis técnicos e produtores, assim como na dispersão dessas metodologias em todo território paranaense.

Dessa forma, devido à importância da cultura do pínus para o estado, o trabalho da defesa se tornou permanente e atuante, criando condições para que os produtores adotem as medidas de manejo desenvolvidas pela pesquisa, de modo a manter a praga sob controle nos cultivos de pínus no Paraná.

devido à importância da cultura do pínus para o estado, o trabalho da defesa se tornou permanente e atuante, criando condições para que os produtores adotem as medidas de manejo desenvolvidas pela pesquisa, de modo a manter a praga sob controle nos cultivos de pínus no Paraná. "

Martins Araújo Adapar - Agência de Defesa Agropecuária do Paraná

Marcílio
Q Índice

Com isso, no estado, as medidas de monitoramento e controle da vespa-da-madeira passaram a ter uma exigência legal, a partir de 1996, com a instituição da Resolução nº 215, da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Estado do Paraná. Com o avanço da pesquisa da Embrapa Florestas, a legislação foi sendo atualizada ao longo dos anos, em que novas etapas foram inseridas para o monitoramento e controle da praga. A seguir, tem-se um breve histórico da evolução da legislação da vespa-da-madeira no estado: 1988: Instituição da Comissão Estadual de Prevenção e Combate à Vespa-da-Madeira; 1990: Implementação do Projeto de Monitoramento da Vespa-da-Madeira; 1993: Instituição da Resolução Estadual Seab 123 1996: Instituição da Resolução Estadual Seab 215 2009: Instituição da Resolução Estadual nº 115 2016: Instituição da Portaria Adapar nº 280

Atualmente, a praga ainda continua com a obrigatoriedade de manejo e controle, sendo regrada por meio da Portaria Adapar nº 280/2016, que dispõe sobre as medidas fitossanitárias para o controle nos cultivos do gênero Pinus no Paraná.

O estado se destaca como líder na produção de pínus no cenário nacional, com cerca de 40% dos plantios, com excelente produtividade. Também tem se destacado na produção de eucalipto, ocupando o 3º lugar nacional em cultivos florestais. Destaque também para os setores industriais desse segmento, considerando-se um dos parques industriais mais amplos, consolidados e diversificados do País.

Nesse sentido, ao longo dos anos, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná – Adapar,

realizou mais de 30 Cursos de Certificação Fitossanitária para a cultura do Pínus, em que foram propagadas as metodologias de monitoramento e controle da vespa-da-madeira, com base nas legislações federal e estadual, disseminando a adoção das medidas de manejo e controle da praga, desenvolvidas pela pesquisa oficial.

Os resultados desse trabalho conjunto entre as instituições mudaram a forma de manejar as florestas, tornando a atividade de plantio e cultivo de pínus mais tecnificada, fato que alavancou toda a cadeia madeireira do estado.

A partir da importância econômica e social do setor florestal para o estado, percebe-se que é necessário o constante planejamento e gestão entre entidades envolvidas, focados na vigilância dos plantios para se evitar a introdução de novas pragas. Dessa forma, merece especial atenção e energia aos investimentos para monitoramento dos portos no comércio exterior, nas barreiras fitossanitárias e nas áreas de cultivos, pois uma nova praga introduzida acarreta instabilidade de toda cadeia produtiva, desde a geração e a manutenção dos empregos até no comércio e na produção dos produtos madeiráveis e não madeiráveis.

Portanto, o setor florestal paranaense, os órgãos de pesquisa florestal e a defesa sanitária vegetal devem estar atentos e vigilantes, a fim de perceberem rapidamente qualquer alteração que possa ocorrer nas áreas de cultivos, viveiros e outros, para a rápida adoção de estratégias de manejo e controle, a fim de se mitigar o risco de introdução de pragas importantes, que possam causar prejuízos e impactar economicamente a cadeia produtiva madeireira do estado. n

Opiniões
Cursos de Certificação Fitossanitária para a cultura do Pínus

manejo das plantas daninhas na proteção florestal

Dentre os diversos fatores que contribuem para a redução da produtividade das florestas plantadas, as plantas daninhas merecem destaque, pois elas são espécies que interferem negativamente nas diferentes fases da floresta. Espécies de plantas, consideradas daninhas, não somente provocam, pelo efeito de competição, redução no crescimento e no desenvolvimento de espécies arbóreas de interesse, mas também podem dificultar operações silviculturais, interferir na colheita florestal e, ainda, contribuir para a ocorrência de incêndios florestais, entre outras interferências negativas. Nesse sentido, para promover a total proteção das florestas plantadas, o manejo integrado das plantas daninhas (MIPD) assume papel de destaque.

O MIPD consiste na aplicação de técnicas de controle das espécies competidoras, nos povoamentos florestais, de forma racional, assegurando a sustentabilidade da produção a custos aceitáveis, e ambientalmente segura. Nos últimos anos, práticas de MIPD vêm passando por transformações, em função de desafios recentes, como posicionamento de produtos,

comportamento de herbicidas no ambiente, tecnologia de aplicação de herbicidas que, por consequência, proporcionam oportunidades de melhoria em processos de controle dessas plantas. Essa evolução no processo de MIPD pode ser observada em maior escala em áreas agrícolas; entretanto, na silvicultura, apesar de serem mais lentas, é possível constatar mudanças conceituais no manejo da matocompetição, e, em função disso, muitas empresas do setor florestal têm apostado no uso de novas tecnologias para aumentar a eficiência e reduzir os custos no processo de manejo de plantas daninhas.

Nesse contexto de considerações, operações como identificação de plantas daninhas presentes nos talhões, recomendações de controle, uso de herbicidas aplicados em pré e pós-emergência, misturas de herbicidas em tanque, tecnologia de aplicação de herbicidas por meio de pulverizadores terrestres (mecanizados ou manuais) ou utilização de Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPA), conhecidas como drones, controle de brotações e elevados custos das operações de manejo se apresentam como os principais desafios do MIPD na silvicultura. Assim sendo, faz-se necessária a adoção de tecnologias disruptivas como forma de aumentar a eficiência no manejo e gerar valor para a atividade.

Nesse cenário de tecnologias disruptivas, dentro do que se define como Silvicultura 4.0, a adoção de tecnologias - como Internet das coisas, Big Data, Machine to Machine (M2M),

é imprescindível entender a dinâmica das plantas daninhas e a melhor forma de manejá-las, agregando o uso de tecnologias que possibilitam o manejo, propiciam a eficácia nas operações e na redução de custos e provocam menores impactos ao meio ambiente. "

matocompetição Q Índice
Aroldo Ferreira Lopes Machado Professor de Manejo de Plantas Daninhas da UFRRJ - Universidade Federal Rural Rio Janeiro

Machine Learning, inteligência artificial, satélites e sensores - é cada vez mais estudada e utilizada na busca de melhoria de performance no manejo da matocompetição. No que se refere à silvicultura digital, a cada ano, novas empresas e startups surgem no mercado, oferecendo tecnologias que, aplicadas às condições de campo, asseguram a redução de custos da atividade e ganhos de eficiência na proteção das florestas.

O uso de tecnologias relacionadas à silvicultura digital favorece o mapeamento, que é uma técnica de identificação das plantas invasoras presentes na floresta.

A detecção é realizada por meio de sensores que possibilitam melhorias na estimativa da distribuição de plantas na área, uma vez que o levantamento fitossociológico, realizado pelo método convencional, demanda muita mão de obra e apresenta baixo rendimento operacional. Dessa forma, a silvicultura de precisão vem se tornando forte aliada ao MIPD, favorecendo as atividades de mapeamento de plantas daninhas, uma vez que as tecnologias de imageamento, por satélites, aviões ou drones, têm sido utilizadas no levantamento dessas plantas, em área total ou reboleiras, reduzindo custos operacionais e elevando acurácia das informações.

No que se refere às aplicações de herbicidas na silvicultura, as atividades podem ser realizadas com a utilização de equipamentos terrestres, costal ou mecanizado e/ou equipamentos aéreos (RPA). Em aplicações terrestres com equipamentos costais, é fundamental o treinamento da mão de obra, de modo a se evitarem problemas de deriva, de baixa uniformidade de aplicação, de intoxicação da cultura e da própria intoxicação do aplicador.

Nas aplicações terrestres mecanizadas, modalidade de aplicação mais utilizada em silvicultura, é possível a utilização de instrumentos que, em uma mesma operação, identificam a presença de plantas daninhas e realizam a aplicação do herbicida. O uso de drones favorece, por exemplo, a aplicação de herbicidas em áreas de difícil acesso, áreas com elevado índice de resíduos ou em aplicações mais específicas, como no controle da brotação, utilizando informações do mapeamento digital.

Outro desafio na silvicultura é a utilização de herbicidas pré-emergentes, produtos importantes na implantação e nos primeiros meses da floresta. O uso desses produtos, no entanto, requer tanto o conhecimento das características físico-químicas dos herbicidas quanto das características químicas e físicas do solo para o

melhor posicionamento dessas moléculas, uma vez que o tipo de solo, o teor de argila e matéria orgânica, o pH do solo, o teor de água no solo e a quantidade de resíduo influenciam a ação dos pré-emergentes.

Atualmente, pesquisadores têm trabalhado com modelagem matemática para aumentar a eficiência no uso de herbicidas pré-emergentes, buscando a identificação de modelos para a escolha de doses adequadas, em função do banco de sementes, do tipo de solo, do teor de argila e da matéria orgânica.

Outro ponto importante que merece atenção é a utilização, na silvicultura, de misturas de herbicidas em tanque, uma prática bastante comum, em especial pelas vantagens de redução de custos.

Além disso, essa técnica proporciona agilidade nas operações, facilidade de manejo da cultura, aumento do espectro de controle, aumento no tempo de controle das plantas daninhas, quando se misturam pré e pós-emergentes, atraso na evolução da resistência dessas plantas a herbicidas e diminuição da compactação do solo. Embora utilizada há bastante tempo no Brasil, a regulamentação de misturas em tanque foi publicada em 2018, pela Instrução Normativa Nº 40.

Em se tratando de misturas em tanque, é preciso, sobretudo, conhecer a compatibilidade dos produtos misturados, pois, em algumas misturas, pode ocorrer interação antagônica entre as moléculas, com consequente perda de eficácia. Nesse caso, recomenda-se a busca de informações sobre a compatibilidade das misturas e a realização do teste da jarra antes do processamento delas. Pode ocorrer, também, o sinergismo entre os herbicidas na mistura, reação que, do ponto de vista de controle das plantas daninhas, é um fato positivo, entretanto, pode causar ou aumentar efeitos fitotóxicos dos herbicidas à cultura.

Como evidenciado, as plantas daninhas possuem potencial de redução de produtividade da floresta e, portanto, o MIPD configura-se uma atividade da silvicultura com a finalidade de proteção das florestas. Logo, é imprescindível entender a dinâmica das plantas daninhas e a melhor forma de manejá-las, agregando o uso de tecnologias que possibilitam o manejo, propiciam a eficácia nas operações e na redução de custos e provocam menores impactos ao meio ambiente. Por ser uma atividade complexa, faz-se necessário um bom programa de manejo de plantas daninhas na silvicultura, e isso deve ser feito no longo prazo. n

65 Opiniões

Educação

Imagine que você descobrisse que o médico com o qual você vai fazer uma cirurgia cardíaca na manhã seguinte se formou em 2002 como o melhor aluno da sua classe, na melhor faculdade de medicina do País.

Muito bom. Entretanto, nos últimos 20 anos, ele não leu nenhum livro, nem participou de nenhum congresso, nem teve por costume ler regularmente revistas especializadas da sua área médica.

Você faria a cirurgia em paz?

No que se refere a nossa área, quantas tecnologias foram desenvolvidas e implantadas nessas duas décadas como o estado da arte e, depois de algum tempo, substituídas por uma nova opção, muito mais eficaz e eficiente, que tomaria o lugar da anterior, até ser igualmente substituída por uma mais nova ainda. Quantas pragas e doenças apareceram, desapareceram, e algumas até voltaram? Quantas técnicas agrícolas e industriais foram implantadas e substituídas nesses últimos 20 anos?

Nenhum conhecimento é eternamente imutável. A faculdade está sempre atualizada, mas apenas até o dia da sua formatura. Os livros, igualmente, até o dia da sua publicação. As opções que são continuadamente atualizadas são os congressos e as publicações regulares das áreas.

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continuada

continuada gratuita

Conhecendo esse cenário e o que passou a representar nesses 20 anos de operação para as universidades, centros de pesquisa e empresas do sistema agroflorestal, a Revista Opiniões decidiu abrir inscrições para que todos os estudantes de qualquer curso do agroconhecimento, de qualquer parte do Brasil e do mundo, passem a receber gratuitamente as suas publicações.

O objetivo é fazer com que o estudante, desde o primeiro dia de aula, passe a participar da vida empresarial na qual se integrará, em alguns anos, já com atualizado conhecimento do que está sendo discutido, avaliado e implantado no setor. Muitos dos executivos e cientistas que escrevem na Revista Opiniões declaram que liam nossas edições desde quando eram estudantes nas universidades.

Ampliando o projeto de educação continuada, decidimos também abrir as inscrições gratuitas para todos os funcionários das áreas técnicas, agrícolas e industriais das empresas produtoras e fornecedoras dos sistemas bioenergético e florestal de qualquer parte do Brasil e do mundo.

Todos os artigos da Revista Opiniões têm áudios traduzidos para cinco idiomas: português, inglês, espanhol, francês e alemão.

O acesso à informação dirigida é a mais eficiente forma de nivelar, unificar e atualizar o conhecimento entre todos os funcionários em cargos de comando da empresa, bem como preparar os funcionários em ascensão para assumi-los. Esta é a mais eficaz e natural forma de gerar a educação continuada.

Para se cadastrar e passar a receber regular e gratuitamente as edições da Revista Opiniões, basta enviar um e-mail para o endereço em destaque, com o título "Educação Continuada", informando o e-mail para o qual deseja que seja enviado o link de acesso de cada edição. O interessado pode cadastrar até dois endereços de e-mails profissional e pessoal. Garantimos, conforme a Lei nacional de proteção de dados, que a informação não será utilizada para qualquer outro interesse.

Envie sua mensagem para: Educacao-Continuada@revistaopinioes.com.br Assunto: Educação Continuada Gratuita

No corpo do e-mail, informe o curso que frequenta na universidade ou a área de trabalho na empresa, e os endereços de e-mails que deseja cadastrar. Nenhuma outra informação será necessária.

controle biológico de lagartas desfolhadoras

O setor florestal tem contribuído significativamente para o desenvolvimento econômico e social de Mato Grosso do Sul. A ampliação das áreas de florestas plantadas, com cerca de 1.124.637 hectares, e a chegada de indústrias da área geraram milhares de empregos e transformaram definitivamente a costa leste do estado. Dentre os entraves que podem comprometer a produtividade de essências florestais, destacam-se os insetos-praga, as doenças e as plantas daninhas. Lagartas desfolhadoras, principalmente Iridopsis panopla e Thyrinteira arnobia são pragas que, nos últimos anos, têm alcançado níveis populacionais elevados, especialmente na cultura do eucalipto, em áreas produtoras situadas na mesorregião leste de Mato Grosso do Sul. A ocorrência associada desses lepidópteros desfolhadores e seus danos, no ano de 2021, de acordo com o monitoramento realizado por silvicultores, foi registrada em cerca de 681.886 hectares, cultivados com eucalipto, ocorrendo durante todo o ano, com maior predomínio entre janeiro e julho, devido a vários fatores, entre eles, as condições climáticas favoráveis e que são diferentes a cada ano.

Em 2022, a ocorrência de lepidópteros desfolhadores nos plantios de eucalipto foi relatada em 233.816 hectares. A cada ano, existe uma variação na flutuação populacional de lepidópteros desfolhadores e, por isso, a implementa-

ção do plano de monitoramento e adoção de medidas emergenciais de controle são imprescindíveis para se evitarem os efeitos negativos decorrentes dos danos ocasionados pelas pragas mencionadas, que podem surpreender os silvicultores, com surtos populacionais e prejuízos econômicos e ambientais imensuráveis durante todo o ano. Percebe-se que o aumento da população de lepidópteros pode ocorrer a partir de janeiro, com picos populacionais em maio, no Mato Grosso do Sul. Existem produtos biológicos à base de Bacillus thuringiensis e químicos registrados no Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA) para Thyrinteira arnobia, mas, nos últimos anos, surtos populacionais de Iridopsis panopla e seus danos têm preocupado os silvicultores. Trata-se de uma praga nova, com elevado potencial biótico, grande capacidade de desfolha e, em adição, não há informações básicas e produtos registrados para seu controle.

Palmistichus elaesis, Trichospilus diatraeae, Tetrastichus howardi são parasitoides, principalmente de pupas de lepidópteros que ocorrem de cultivos agrícolas e florestais. Temos trabalhado com esses agentes de controle biológico há mais de 20 anos. Nos últimos 5 anos, o grupo de pesquisa de Controle Biológico de Insetos, da Universidade Federal da Grande Dourados, em parceria com a Reflore-MS – Associação dos Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas, o MAPA e a Startup Sistêmica Kovê, empresa de controle biológico fundada por estudantes e incubada na UFGD, com apoio do CNPq, Fundect e Capes, por meio ações de pesquisa, gerou resultados para que as especificações de referências fossem publicadas.

Devido ao surto em 2021, estima-se que o setor do eucalipto no Mato Grosso do Sul deixou de colher 35.225.475 m³ de madeira. E isso representou uma perda de R$ 1.761.273.78,00. "

Q Índice lagartas
Fabricio Fagundes Pereira

Isso implicou novos bioinsumos, Palmistichus elaeisis, Trichospilus diatraeae, Tetrastichus howardi, para controle de lepidópteros desfolhadores em eucalipto. Em paralelo, descobrimos que, naturalmente, a microvespa Trichogramma pretiosum parasita ovos de I. panopla. Desde então, estamos trabalhando para validar a eficiência desse inimigo natural para que seja utilizado como novo bioinsumo no controle biológico dessa lagarta.

É importante destacar que reuniões mensais entre associados e técnicos de empresas do setor florestal têm sido realizadas para atualização das áreas monitoradas, infestadas e controladas, inclusive com outros produtores da região, para se adotarem ações uniformes e conjuntas com base nos princípios do manejo integrado de pragas e nas boas práticas agronômicas. As empresas associadas à Reflore-MS investem em uma equipe robusta de monitores para identificação precoce de pragas e doenças em sua base florestal. Os esforços para conter o avanço de lepidópteros desfolhadores vão desde a soltura de insetos parasitoides e predadores com produção on farm até o uso de microbiológicos, como fungos e bactérias entomopatogênicas.

Mas, além dos custos com os controles, existem perdas produtivas causadas pela desfolha, que variam de 10 a 40 % de redução no volume de madeira de eucalipto na idade de corte (entre 6 e 7 anos). O Prof. Carlos Frederico Wilcken da Unesp, profissional com expertise na área, enfatiza ainda que essa variação depende da intensidade do desfolhamento (parcial a total), número de desfolhas e do material genético (clones ou espécies) de eucalipto plantado. Devido ao surto em 2021, estima-se que o setor do eucalipto no Mato Grosso do Sul deixou

de colher 35.225.475 m³ de madeira. E isso representou uma perda de R$ 1.761.273.78,00.

Nesse contexto, órgãos governamentais, silvicultores, técnicos e pesquisadores do setor florestal chegaram a um consenso de que há necessidade de se elaborar um programa estadual de sanidade florestal, e chamam a atenção para várias diretrizes, entre elas, podem-se destacar: o estabelecimento de rede de informações para unificação da tomada de decisão no controle das pragas, doenças e plantas, especialmente coleópteros desfolhadores, cupins de solo, formigas cortadeiras, grilos, lepidópteros (lagartas desfolhadoras), percevejo-bronzeado, psilídeo-de-concha e vespa-da-galha, que estão entre os grupos de insetos que podem ser nocivos às plantações florestais, especialmente de eucalipto no Mato Grosso do Sul; a criação de um sistema de alerta fitossanitário para as “lagartas desfolhadoras” (Iridopsis panopla e Thyrinteina arnobia) no MS, como ferramenta auxiliar aos silvicultores, para monitoramento e divulgação das condições favoráveis à incidência das lagartas desfolhadoras do eucalipto, visando à tomada de decisão sobre a implementação de procedimentos de manejo, mitigando danos e prejuízos locais e promovendo, regionalmente, a manutenção do nível populacional da praga sob controle; o estabelecimento de critérios de manejo das populações de lagartas em áreas de eucalipto a 250 metros de mananciais de água; a determinação e a seleção de espécies/clones mais resistentes à I. panopla; o controle de pequenos focos (até 100 hectares) para evitar a disseminação das pragas para áreas maiores e vizinhas; a importância de se correlacionar ocorrência, danos, medidas de controle e custos ao longo de todo o ciclo da cultura, considerando talhões e área total da fazenda, bem como sua receita líquida; a prioridade a pesquisas e registros de produtos biológicos e sintéticos seletivos a inimigos naturais para controle de pragas, doenças e plantas daninhas; o fomento para instalação de biofábricas para a produção local de agentes de controle biológico de pragas; e, enfim, o incentivo à promoção de parcerias público-privada (prefeituras municipais, instituições de ensino e pesquisa, associações de produtores e empresas do setor), visando gerar e difundir informações e alternativas para monitoramento e manejo sustentável de lagartas desfolhadoras de eucalipto. n

69 Opiniões

percevejo-bronzeado: situação atual e opções de manejo

A introdução de pragas exóticas em plantios de eucalipto no Brasil é histórica e elas têm aumentado com a globalização das relações comerciais e o crescente tráfego de pessoas e mercadorias. Entre as principais espécies estabelecidas no País, está o percevejo-bronzeado do eucalipto, Thaumastocoris peregrinus (Hemiptera: Thaumastocoridae), que tem causado perdas diretas para o cultivo do eucalipto. A partir da sua introdução no Brasil, em 2008, iniciaram os surtos populacionais dessa praga, gerando perdas de produtividade, aumento dos gastos com controle de pragas e impactando os programas de manejo de pragas já existentes, além de aumentar o risco de incêndios florestais, em decorrência do secamento e posterior queda das folhas das árvores. O percevejo-bronzeado é um inseto sugador que vive em grupos, com ninfas e adultos ocorrendo preferencialmente na parte abaxial das folhas mais velhas da planta. Como sintomas de seu ataque, observamos, no campo, folhas com aspecto prateado que evolui, posteriormente, para um aspecto bronzeado, levando à desfolha parcial ou total da árvore, com perdas na produtividade da madeira do eucalipto de até 20%, em altas populações dessa praga. O inseto adulto e as ninfas possuem coloração marrom-clara e corpo achatado, têm o hábito de caminharem muito sobre as folhas e o tronco e geralmente são fáceis de serem visualizados, com o tamanho do adulto variando de 2 a 4 milímetros. Cada geração de vida desse inseto dura em média 50 dias. Os ataques do percevejo são mais frequentes em plantios de um a cinco anos de idade, associados, principalmente, aos meses mais secos do ano.

A sobreposição de gerações é verificada ao longo do ano, e uma grande quantidade de ninfas e adultos pode ocorrer nas folhas de eucaliptos. Característica peculiar desse percevejo é a rápida movimentação de ninfas e adultos pelas folhas, por ocasião de alguma perturbação.

Desde o ano de 2009, o Protef –Programa Cooperativo sobre Proteção Florestal, do Ipef – Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais , aplica um questionário às empresas e aos produtores florestais para estimar a área atacada por pragas em plantios de eucalipto. Os surtos populacionais do percevejo têm flutuado ao longo dos anos, e os ataques mais intensos foram registrados em 2012. Nesse ano, a presença da praga foi registrada em aproximadamente 21% da área de plantio levantada, o que equivaleu a 245 mil hectares atacados. Entre 2020 e 2021, as infestações atingiram mais de 200 mil hectares, para uma área total levantada de 3,5 milhões de hectares. Portanto, essa praga ainda requer ações de manejo para minimizar seu impacto.

Para conter o seu avanço no Brasil, o Protef/Ipef, criou, em 2008, um projeto cooperativo que contou com a participação da Embrapa Florestas, Embrapa Meio Ambiente, Universidade Federal de Viçosa e Unesp-Botucatu.

Entre 2020 e 2021, as infestações atingiram mais de 200 mil hectares, para uma área total levantada de 3,5 milhões de hectares. Portanto, essa praga ainda requer ações de manejo para minimizar seu impacto. "

percevejos Q Índice
Leonardo Rodrigues Barbosa Pesquisador da Embrapa Florestas

Esse grupo, estabeleceu um programa de manejo e controle biológico do percevejo-bronzeado, que, entre outras ações, introduziu da Austrália, em 2012, o parasitoide de ovos Cleruchoides noackae. A articulação entre órgãos reguladores e empresas de defensivos e a condução de pesquisas para adoção do controle químico do percevejo foram outra contribuição importante desse projeto para o manejo da praga.

As táticas de manejo disponíveis para o percevejo incluem o controle químico para conter surtos populacionais e o controle biológico com C. noackae, para os momentos em que a densidade populacional da praga não está muito elevada. A base para adoção dessas táticas é o monitoramento. Para detecção da praga, são utilizados cartões adesivos amarelos, com 12,5 cm de comprimento e 10 cm de largura, fixados nos troncos das árvores a 1,8 m de altura. A intensidade amostral é de um cartão para cada 500 ou 1.000 ha de eucalipto, dependendo do histórico da área e da facilidade de operação de cada empresa. Esses cartões são trocados e avaliados a cada 30 dias para a contagem do número de indivíduos dessa praga. A intensidade do ataque deve ser avaliada in loco, cortando dois galhos (plantas com até dois anos) ou uma árvore (plantas com mais de dois anos) a cada cinco a 10 hectares, amostrando 10 folhas do terço médio da árvore para contar ninfas, adultos e posturas do percevejo-bronzeado. O bom estabelecimento de C. noackae em várias regiões do Brasil, ao longo dos últimos dez anos, com taxas de parasitismo próxima de 60%, evidencia o valor desse parasitoide para o controle biológico dessa praga.

Em paralelo ao desenvolvimento do programa de controle biológico, opções para seu manejo químico e microbiano foram estudadas e incentivadas, o que culminou no registro, a partir de 2012, de diferentes moléculas e produtos para o controle da praga. Atualmente, existem 4 produtos registrados no MAPA para controle, envolvendo moléculas dos grupos químicos piretroides e neonicotinoides.

A capacidade de produzir C. noackae em grande quantidade e com qualidade, em criação de laboratório, foi determinante para o sucesso do programa de controle biológico do percevejo no Brasil. As estratégias desenvolvidas no País foram replicadas em vários outros onde o percevejo é problema. Além disso, o Brasil contribuiu para os países vizinhos, enviando o parasitoide para o Uruguai, que, por sua vez, o enviou para a Argentina, assegurando, assim, a expansão do controle biológico dessa praga no Cone Sul. Outra contribuição importante foram os estudos para adaptação de C. noackae às condições climáticas do Norte e Nordeste do Brasil (MATOPIBA). No último ano, foi confirmado o seu estabelecimento no Maranhão, e estudos para avaliar sua eficiência estão sendo conduzidos.

Atualmente, estamos trabalhando em estratégias que possam otimizar a produção de C. noackae em laboratório e ampliar a abordagem do controle biológico para o manejo do percevejo-bronzeado. Todo o conhecimento e técnicas desenvolvidos serão transferidos para as empresas florestais.n

71 Opiniões
percevejo-bronzeado Ataque de percevejo-bronzeado Cleruchoides noackae

as quenquéns em florestas plantadas:

um problema subdimensionado

As formigas cortadeiras conhecidas como saúvas e quenquéns estão entre as principais pragas florestais no Brasil, podendo, senão controladas, inviabilizar economicamente a implantação de uma floresta.

As quenquéns se dispersam através de revoadas de reprodutores, o que ocorre uma vez por ano durante a primavera, mas, além da revoada, podem também se dispersar por meio da migração, o que fazem com muita frequência, buscando locais mais favoráveis ao desenvolvimento das suas colônias.

As saúvas, por apresentarem ninhos maiores e mais vistosos devido à terra solta que depositam na superfície do solo, são mais estudadas e são motivo de maior preocupação do que as quenquéns, por atacarem as plantas em qualquer fase de desenvolvimento, principalmente em plantios de eucalipto.

No entanto, as quenquéns também apresentam grande potencial de danos, mas apenas em plantios iniciais, sendo que a área de forrageamento de uma colônia adulta pode alcançar um raio de até 80 metros e, com isso, pode atacar um número significativo de mudas recém-plantadas.

Há ocorrência de formigas cortadeiras em todo o território brasileiro, sendo mais raro encontrarem-se ninhos de saúvas em áreas com altitude acima de 800 metros, fator esse não limitante para a ocorrência de quenquéns.

As quenquéns são mais frequentes que as saúvas, sendo possível encontrar áreas com ocorrência só de quenquéns, mas não é comum uma área com ocorrência apenas de saúvas. Os ninhos de algumas espécies de quenquéns, como Acromyrmex subterraneus, embora não sejam muito profundos, são subterrâneos e com terra solta na superfície do solo, podendo-se confundir com ninhos jovens de saúvas. Para confirmar o gênero, no entanto, será necessário observar o número de espinhos no tórax das operárias, que são quatro ou cinco pares no caso das quenquéns, enquanto as saúvas apresentam apenas três pares. As quenquéns, dependendo da espécie, podem ainda construir ninhos superficiais cobertos com monte de cisco, como faz a espécie Acromyrmex crassispinus. Há também a espécie de quenquém Acromyrmex niger, que faz ninhos subterrâneos, mas sem terra solta na superfície do solo, o que dificulta o seu monitoramento. É comum encontrar uma média de 35 ninhos de quenquém-de-cisco por hectare em plantios de pínus com a idade próxima aos três anos.

É por isso que a aplicação sistemática de iscas formicidas no período préplantio, muitas vezes, é crucial para o sucesso da implantação de um plantio florestal "

Mariane Aparecida Nickele e Wilson Reis Filho

Consultora Funcema/Embrapa Florestas e Pesquisador da Epagri/Embrapa Florestas

Q Índice formigas

Isso ocorre, mesmo em plantios onde foram realizados o combate pré e pós-plantio, quando uma grande quantidade de ninhos eram iniciais, os quais tem baixa atividade externa, tornando-se difícil de encontrá-los. Dessa forma, os ninhos podem chegar aos três anos de idade, quando já há reprodutores, e causar um aumento da infestação de formigas cortadeiras nas áreas adjacentes. Somente próximo aos quinze meses de idade é que os ninhos de quenquéns-de-cisco são mais fáceis de serem visualizados no campo, possibilitando o controle localizado.

É mais fácil monitorar uma área quanto à infestação de saúvas do que de quenquéns, pois todos os ninhos de saúvas podem ser encontrados desde a fase de ninho inicial, quando seu raio de ação ainda é pequeno. As espécies de quenquéns apresentam seus ninhos de forma variada, mas são bem menores que os de saúva e migram com frequência.

O combate às formigas cortadeiras está baseado na utilização de isca granulada que pode ser aplicada de modo localizado, quando são encontrados os ninhos, ou de maneira sistemática, distribuindo-se homogeneamente uma quantidade de isca na área. Há diferentes marcas comerciais de iscas granuladas no mercado, e há basicamente dois modos de apresentação,

que são: a granel e acondicionada em saches de 5 ou 10 gramas. Para o controle de um ninho de quenquém-de-monte-de-cisco, são necessários apenas 5 gramas de isca granulada aplicada ao lado de uma das trilhas de forrageamento. Antes de colocar a isca, deve-se observar se a trilha é de forrageamento, pois é possível que uma ou mais trilhas estejam sendo usadas para transportar apenas cisco para a cobertura dos ninhos. No caso das quenquéns que fazem ninho com monte de terra solta e Acromyrmex niger, aplicam-se 5 gramas por trilha.

Se as atividades de combate às formigas cortadeiras forem realizadas de modo localizado, visando apenas ao controle dos ninhos de saúvas, a eficácia poderá não ser alcançada devido à infestação de quenquéns, que apresentam ninhos de difícil localização e sempre estarão numa densidade maior do que de saúvas. É por isso que a aplicação sistemática de iscas formicidas no período pré-plantio, muitas vezes, é crucial para o sucesso da implantação de um plantio florestal, mas é importante que essa atividade ocorra entre 15 e 30 dias antes do plantio. Se for realizado num período maior de 30 dias, pode ocorrer a migração de ninhos de quenquéns na área a ser plantada.

75 Opiniões
Ninho quenquém-de-cisco ;

A implantação de uma floresta de eucalipto numa área de pastagem requer mais atenção com as formigas cortadeiras, pois, mesmo na ausência de saúvas, pode-se ter um ataque de quenquéns em até 70% das mudas nos primeiros 30 dias de plantio .

No entanto, os danos de quenquéns em eucalipto restringem-se aos primeiros meses após o plantio. A partir dos seis meses, não há mais a necessidade de realizar o combate às formigas nos locais de ocorrência só de quenquéns, ao contrário do que é recomendado nos plantios que há a ocorrência de saúvas, que precisam ser monitorados e controlados durante todo o ciclo florestal.

Em plantios de pínus, há uma situação que não há necessidade de realizar o controle sistemático no período pré-plantio: em áreas de reforma, cujo plantio anterior era pínus não desbastado, com pousio entre o corte raso e novo plantio de menos de seis meses, plantio ocorrendo no inverno, em locais distantes de áreas de matas nativas (APPs, Reserva Legal...) e quando a ocorrência for somente de quenquéns.

Além disso, observou-se a influência do manejo de plantas daninhas nos ataques das

quenquéns, sendo que onde esse manejo é realizado por meio de roçadas há menos ataques de formigas nas plantas de interesse comercial, pois a roçada não elimina totalmente as plantas daninhas, que acabam servindo de recursos para o forrageamento das formigas, e, nesse caso, o combate pode ser realizado apenas no primeiro ano após o plantio.

Quando há uso de herbicidas, é necessário realizar o manejo de formigas, pelo menos enquanto houver o manejo de plantas daninhas (até o terceiro ou quarto ano após o plantio). As quenquéns não causam prejuízos em plantios adultos de pínus, assim não é necessário realizar o monitoramento e controle de quenquéns nessa fase.

Todos os fatores que influenciam no manejo de formigas cortadeiras em plantios de eucalipto e pínus constam numa planilha eletrônica (Ferramenta computacional - Manejo Formigas) disponível no site da Embrapa Florestas. Essa ferramenta contém 16 recomendações diferentes em função de cada situação, visando orientar a tomada de decisão sobre o manejo adequado de formigas cortadeiras em cada etapa do plantio. n

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Ataque quenquém em pinus
Q Índice formigas Opiniões
Ataque quenquém em eucalipto
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saúvas: do laboratório ao campo

Há cerca de 14 mil espécies de formigas catalogadas em todo o planeta. Estima-se que a abundância de formigas no ambiente terrestre é de 20x1015 indivíduos, dos quais 3x1015 são epigeicos (forrageiam sobre o solo). Assim, a biomassa de formigas equivale a 12 megatons (12x106 toneladas) de carbono, ou seja, 20% da biomassa humana.

Entre as importâncias das presenças de formigas na superfície terrestre, além do acúmulo de biomassa, destacam-se como principal predador do ambiente (animais vivos ou mortos), desfolhadoras de plantas, coletoras de pólen e néctar (principalmente dos nectários extraflorais) das plantas e na ciclagem de nutrientes. Nos padrões ecológicos, atuam na dispersão de sementes.

Todas as espécies de formigas são eussociais (altamente sociais) e pertencem a uma única família de Hymenoptera, Fomicidae. As saúvas estão incluídas na subfamília Myrmicinae, tribo Attini e subtribo Attina, com cerca de 140 espécies que cultivam fungo mutualista e

ocorrem exclusivamente nas Américas. Três gêneros (Atta, Acromyrmex e Amoimyrmex) são conhecidos como cortadeiras de folhas, entre eles, estão as saúvas. No setor florestal, destacam-se duas espécies: Atta sexdens (saúva limão) e Atta laevigata (saúva-cabeça-de-vidro).

Os hábitos alimentares dos primeiros Hymenoptera são basicamente os mesmos dos demais insetos: fitófagos, ou seja, consumidores primários das plantas terrestres. O surgimento da holometabolia permitiu que jovens e adultos de uma mesma espécie utilizassem recursos alimentares diferentes, evitando a competição entre eles, e passaram a exercer a herbivoria larval e zoofagia larval. Nesses últimos, desenvolveu o ovipositor, que, com adaptações, deram origem ao ferrão. Parte desses insetos retornaram à condição fitófagos, como as abelhas, as vespas e as formigas, mas não utilizando diretamente as plantas na alimentação, e sim explorando, de várias maneiras, os produtos vegetais já elaborados como ampla forma de se alimentar. Depois, um grupo dessas formigas passaram a utilizar o material vegetal para o cultivo de seu próprio alimento, com o auxílio de um fungo, considerado a principal fonte alimentar da colônia. Entre elas, as mais derivadas são as formigas-cortadeiras.

Os custos de novas tecnologias e de formação de recursos humanos de alto nível são elevados, e as agências financiadoras brasileiras (seus gestores e analistas) têm pouca sensibilidade em aprovar projetos audaciosos e de alto risco. "

A CIÊNCIA NÃO TEM FRONTEIRAS

O que diz a história da saúvas: Bem antes do francês Saint-Hilaire (1779-1853) cunhar a frase “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”, o português Pêro de Magalhães Gândavo (1540-1580) chamou as saúvas de Rei do Brasil, da mesma forma que o alemão George Marcgrave (1610–1644) citou em latim: Formicae hic sunt tanto numero, ut a Rey do Brasil apellant (São tantas formigas aqui, que as chamam de Rei do Brasil) *Adaptado de Lenko & Papavero, 1996, Os insetos no folclore, Plêiade, SP.

Q Índice formigas

Operária

Esses insetos, originalmente com ferrão, têm em comum a vida em sociedade. Diferentes das abelhas, cujo comando está centrado na rainha, as formigas não apresentam um comando central, mas sim de toda a sociedade.

O fungo mutualista das formigas-cortadeiras é um Basideomycota (basidiomiceto), dentro da Ordem Agaricales, espécie Leucoagaricus gongylophorus, que raramente aparece na forma reprodutiva (cogumelo) e é encontrado só no interior dos ninhos; portanto ele é transferido pelas içás durante o voo nupcial ao estabelecer um novo sauveiro.

As primeiras operárias, quando emergem, organizam uma estrutura com os fragmentos vegetais, formando uma estrutura semelhante a uma esponja, o jardim de fungo. Ele é constituído basicamente de hifas longas e, no seu final, forma uma estrutura arredondada denominada gongilídeo, rica em nutrientes: açúcares, proteínas e lipídeos. Ao conjunto de gongilídeos dá-se o nome de estáfila, principal estrutura que é fornecida às larvas durante sua alimentação.

O aparelho digestório das formigas adultas apresenta, antes da boca propriamente dita, uma cavidade onde elas armazenam o alimento antes de ir para o estômago. Essa cavidade infrabucal funciona como um filtro, limitando a passagem de material. Nas saúvas, ele é responsável pela retenção de partículas sólidas, de forma que não passa para o estômago nada maior do que um micrômetro. Isso implica que as saúvas adultas só ingerem alimentos líquidos. Por outro lado, as larvas das formigas apresentam um aparelho bucal típico dos insetos mastigadores e, portanto, ingerem tanto líquidos como sólidos (os adultos chupam cana e as larvas comem cana).

Outro aspecto interessante está relacionado às estruturas exclusivas que ocorrem nas formigas adultas. Primeiro, no final do tórax, de cada lado, aparecem duas aberturas das glândulas metapleurais, responsáveis pela produção de compostos antimicrobianos, que evitam a contaminação do ninho por microorganismos. O segundo é a presença de um par de glândulas do sistema salivar que se abre no final da faringe, são as glândulas pós-faríngeas ou divertículo do intestino anterior. Eram consideradas exclusivas das formigas, mas, recentemente, foram observadas em algumas vespas. A função dessas glândulas sempre foi discutível, inicialmente relacionada à produção ou à mistura de compostos (hidrocarbonetos) responsáveis pelo odor da colônia, mas, recentemente, foi verificado que elas são responsáveis pelo metabolismo de lipídeos ingeridos durante sua alimentação.

Para compreender as dificuldades encontradas no controle dessas formigas, é necessário entender a complexidade de um sauveiro.

A alimentação principal se dá com o ataque aos vegetais, principalmente as folhas. Durante o corte das folhas nas plantas e depois o recorte dessas folhas no solo ou no interior do ninho, as operárias adultas realizam a ingestão de seivas e preparam os pequenos pedaços recortados para formar e manter um jardim de seu fungo mutualista.

Ele é responsável pela degradação do material vegetal e por transformá-lo em compostos mais simples para a nutrição das formigas, especialmente para as larvas, que os recebem diretamente na boca pelas operárias. Também devido à digestão extracelular do fungo, o jardim fica repleto de açúcares, principalmente a glicose que pode ser ingerida na nutrição das operárias maiores. A rainha da colônia também recebe diretamente na boca pedaços de fungo fornecidos pelas operárias.

79 Opiniões
Sauveiro inicial, Jardim de fungo, Estáfila, Gongilídeos
;

No interior do ninho, ocorrem bactérias protetoras juntamente com as secreções das glândulas metapleurais, cujos produtos evitam a contaminação do jardim de fungo. Além disso, ocorre uma vasta quantidade de microorganismos associados que auxiliam na degradação no material vegetal e na proteção das formigas adultas e imaturas contra organismos entomopatogênicos. Por outro lado, fungos antagonistas ao mutualista também ocorrem no interior da colônia cujo desenvolvimento é impedido pelas operárias e bactérias protetoras. Eles só se desenvolvem quando as operárias perdem o controle da manutenção do sauveiro.

As formigas-cortadeiras, apesar de serem citadas desde a época do descobrimento do Brasil, continuam ocupando lugar de destaque no cenário da agricultura e na implantação de florestas no País. Muitas vezes, são referidas como pragas-chave em reflorestamentos, pragas severas na agricultura e, em certas monoculturas, como a da cana-de-açúcar, de citros e em pastagens, citadas em muitos artigos científicos. Acrescenta-se que as tentativas de controle desses insetos são tão antigas quanto seu status de praga, mas, com certeza, estamos perdendo de goleada. Não é por falta de trabalhos com as formigas, pois existem, na literatura mundial e especialmente na brasileira, milhares de artigos sobre as cortadeiras; porém, mais de 80% se referem diretamente ao controle, muitos estão desatualizados, e a repetitividade é muito grande. Esse tipo de publicação se perde no tempo.

Dois fatores contribuem para isso: a não diversificação de ingredientes ativos eficientes e o baixo investimento no conhecimento das formigas-cortadeiras, incluindo o monitoramento adequado. Se a perda causada por essas formigas na silvicultura pode atingir milhões de reais, por que não ampliar os investimentos no maior conhecimento dessa sociedade e na interação com o ambiente e na formação qualificada da mão de obra que realiza o monitoramento e o controle desses insetos? Importante salientar que vem ocorrendo uma redução drástica no número de pesquisadores envolvidos especificamente na área.

Diversos produtos comerciais e métodos de controle são indicados para o combate das formigas-cortadeiras. Isso ocorre a despeito da procura intensa por novos produtos e alternativas de controle, até agora não encontradas. Ao longo desse tempo, tem-se constatado uma grande evolução na atitude das organizações da silvicultura frente ao controle das cortadeiras, como a procura de produtos químicos mais seletivos e de menor impacto ao ambiente, a redução na quantidade desses produtos a serem aplicados no campo e, sobretudo, o desenvolvimento de uma consciência de preservação ambiental. Tudo isso, naturalmente, conduz ao manejo integrado de formigas-cortadeiras, passando pelo monitoramento, que já faz parte das atividades da maioria das empresas de reflorestamento no Brasil.

A indústria química mundial não está investindo na descoberta de novas moléculas, basta lembrar o artigo da Nature (Volume 543, 2017) “When the pesticides run out”.

80
Q Índice formigas
Fungos antagonistas

Não é o que ocorre com outras pragas agrícolas, onde há altos investimentos na química de agrotóxicos, e também no conhecimento da praga e no emprego de novas metodologias.

O controle biológico sempre citado como importante tem revelado pouca aplicabilidade com as formigas, mas sempre se deve ter esperança de sucesso. Poucos estudos relacionam os fatores envolvidos na capacidade defensiva das formigas-cortadeiras, vide a complexidade do sauveiro. A investigação dos mecanismos de defesa, tais como o comportamento social e a presença de simbiontes, se tornam relevantes, já que possibilita esclarecer a capacidade de detecção e remoção de patógenos pelas operárias e mesmo detectar a presença de compostos químicos indesejáveis. Pesquisas básicas que abordam esse tema podem revelar características fisiológicas das formigas-cortadeiras e podem contribuir para repensar os métodos de controle utilizados atualmente.

As formas de controle químico das formigas-cortadeiras são amplamente conhecidas, mas a tecnologia de iscas tóxicas é a única até o momento possível de mensurações. Atualmente, ela é a forma mais utilizada na silvicultura, ultrapassando o nível de 80%.

As novidades no setor de controle de formigas-cortadeiras ocorrem pela nova forma de aplicação de inseticida líquido pela pulverização direta no solo, ainda muito pouco avaliado, e a utilização de iscas tóxicas resistentes à umidade, que permitem ser utilizadas em regiões mais chuvosas e com alta umidade do solo.

As grandes falhas no combate às formigas-cortadeiras estão relacionadas ao uso de ingredientes ativos não adequados, que provocam a repelência das formigas ou têm ação muito rápida, o que também afasta as formigas, e ao monitoramento inadequado ao estabelecer o que é um ninho, estimativa do seu tamanho, cálculo utilizado para quantificar a quantidade de isca a ser aplicada, os locais em que devem ser aplicadas e as formas de aplicação (mecanizada ou manual). Mesmo utilizando as melhores iscas do mercado, as técnicas de monitoramento e de aplicação são as responsáveis pelo baixo nível de sucesso no controle das formigas-cortadeiras.

Na verdade, as florestas implantadas podem ser, para os pesquisadores, verdadeiros laboratórios ao ar livre e de grandes dimensões, processo ainda no início. O investimento na formação de recursos humanos qualificados também é fundamental para não repetir os feitos no passado.

O grande sonho: seria pensar na lógica da engenharia reversa. Em termos de controle de formigas-cortadeiras, tem que ser envolvidos os figurantes da ação: as plantas, o monitoramento, incluindo a aplicação das iscas e a sociedade das formigas.

Para as plantas, é possível pensar no melhoramento genético, na biologia molecular, incluindo a transgenia. No monitoramento, investir na formação de pessoal qualificado e competente e nas formas de aplicação e seus equipamentos, como a utilização mecânica e de drones.

Em se tratando da sociedade das saúvas, a mais complexa das formigas, os pesquisadores agrícolas (agrônomos e engenheiros florestais) e biológicos podem contribuir. Isso está em falta, mas, quando for possível, que seja com ousadia.

O artigo da Nature sinaliza investimentos no biocontrole, tanto o clássico como em novas tecnologias, como as ômicas (genômica e proteômica), engenharia genética, entre outras. Isso está ocorrendo com outras pragas, principalmente aquelas com mercado mundial de amplo retorno.

Os custos de novas tecnologias e de formação de recursos humanos de alto nível são elevados, e as agências financiadoras brasileiras (seus gestores e analistas) têm pouca sensibilidade em aprovar projetos audaciosos e de alto risco.

Portanto, está mais do que na hora de ocorrerem mudanças radicais; não que isso vá resolver de imediato o problema, mas dará início a uma nova era, não só investindo em novas linhas de pesquisa, mas também na formação de recursos humanos qualificados.

As ações devem ser conjuntas, coordenadas e centradas no objetivo final, para potencializar os esforços no controle desses insetos. Não significa impedir a realização de determinada pesquisa por um pesquisador ou alguém de seu grupo, mas sim interagir nas discussões sobre o que pode e como ser realizado de forma ágil e com respostas práticas.

Uma questão essencial a ser esclarecida é a seguinte: será que o combate às formigas-cortadeiras tem alcançado seu objetivo, considerando que há mais de 50 anos é realizado, principalmente com iscas formicidas?

Lembro aquele senhorzinho sentado na frente da roça; quando perguntado sobre um enorme ninho de formigas, ele diz: “Olha, moço, aquela saúva está ali há mais de 60 anos, não acaba nunca”. n

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Opiniões

uma visão prática do manejo de formigas

Há muito tempo, é sabido que as formigas-cortadeiras têm grande importância na cadeia alimentar, com potencial de causar severas perdas de energia na produção primária dos vegetais, sejam eles cultivados ou não.

Com estimativas de mais de 50 milhões de anos de existência, as formigas estão presentes na terra cerca de 20 vezes mais tempo do que o homem. Esse tempo de existência, evolução e adaptação torna esses insetos, bem como as suas sociedades, altamente evoluídos e resilientes, sendo um dos fatores-chave a serem considerados no seu manejo.

Insetos sociais, as formigas-cortadeiras são conhecidas como “as primeiras agricultoras” do planeta, em função da relação de simbiose mutualística que têm com o fungo que cultivam para a sua alimentação. Em função disso, cortam partes de vegetais e carregam para dentro dos seus ninhos, para posterior picagem e distribuição nos jardins de fungo, para o desenvolvimento do mesmo. Desse comportamento e hábito deriva a sua importância comercial, podendo causar prejuízos aos interesses humanos, especialmente relacionados às plantas cultivadas.

Importante fazer essa contextualização para entendermos melhor a complexidade envolvida no manejo de formigas -cortadeiras, especialmente das saúvas, em plantações de eucalipto, pois esta mos tratando da principal praga da cul tura e, no meu modo de ver, a de manejo mais complexo.

mesmo quando as novas soluções estiverem disponíveis, a disciplina e o rigor na condução do manejo das formigas-cortadeiras têm que ser mantidos, pois essa é a úni ca maneira de ter êxito no con trole desta importante praga "

Os prejuízos causados pelas formigas-cortadeiras às plantações de eucalipto são conhecidos e variáveis, sendo diretamente influenciados pela idade e produtividade dos plantios, pela estação do ano, pela densidade e tamanho dos ninhos presentes na área, pela incidência, severidade e frequência das desfolhas, sendo, normalmente, consequência de manejos inadequados em relação à presença da praga na área de atuação e no seu entorno.

As desfolhas por formigas-cortadeiras podem levar as plantas à morte, especialmente em plantas jovens, porém, também é comum em árvores adultas, principalmente nas áreas com altas infestações, altas frequências de ninhos grandes e com desfolhas sucessivas. As perdas de produtividade em relação aos ataques das formigas também são bem conhecidas, podendo ultrapassar os 50% de redução do volume final colhido.

Dada a importância econômica e a complexidade do manejo das formigas em plantações florestais de eucalipto, o que deve ser feito para que não ocorram prejuízos causados por essa praga nos plantios?

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Q Índice formigas

O passo inicial, de vital importância para o sucesso do manejo de formigas-cortadeiras, é iniciar a produção livre da presença de ninhos. Começar bem pode levar algum tempo, mas é melhor do que ter que manejar grandes ninhos de saúvas preexistentes em plantios estabelecidos.

Realizado o plantio em áreas sem infestações relevantes, as rondas ou repasses durante a fase de estabelecimento e crescimento inicial das mudas são fundamentais para evitar que novas atividades de formigas-cortadeiras causem impacto à sobrevivência e uniformidade da floresta.

Na fase inicial da plantação, diferentes estratégias de manejo de formigas têm sido utilizadas pelos plantadores de florestas de eucalipto. Atualmente, o mercado oferece opções de formicidas que proporcionam diferentes modos de ação e formas de aplicação, além de algumas opções aos manejadores florestais.

Cabe lembrar uma das premissas básicas do Manejo Integrado de Pragas, que é a manutenção do equilíbrio ambiental, no melhor nível possível, sem permitir que as pragas causem danos às culturas de interesse. Esse é um conceito universal, aplicável a qualquer cultura, onde quer que seja cultivada, não podendo ser diferente com as nossas plantações de eucaliptos.

Já na fase de manutenção da floresta, visando ao melhor nível de equilíbrio ambiental possível, sem prejuízos para as florestas, a prática recomendada e usual, na maioria das plantações, é a realização do monitoramento das infestações e das desfolhas causadas por formigas-cortadeiras.

Normalmente, nessa fase da plantação, as saúvas são as espécies mais relevantes em termos econômicos. As espécies ou subespécies de saúvas variam de acordo com a região geográfica, porém, as técnicas de monitoramento atualmente aplicadas atendem a todas as espécies presentes e com potencial daninho nos eucaliptais brasileiros.

A forma mais usual de monitoramento ainda é o caminhamento em solo, visando à identificação e à classificação de ninhos por classes de tamanho, quantificação de olheiros e identificação de classes de desfolha nas plantas. Essas informações abastecem um sistema de tomada de decisão, onde matrizes com combinações de classes de infestação, tamanhos dos ninhos e níveis desfolha levam à melhor decisão de manejo para a área avaliada, podendo ser aplicada em nível de talhão, ou outro mais abrangente, conforme desejado pelo gestor florestal.

Além da definição da necessidade de combate, o produto a ser usado, a forma de aplicação, o melhor caminhamento no talhão para a aplicação de acordo com os padrões de infestação identificados podem ser configurados como saídas/produtos do sistema de monitoramento. Essas possibilidades estão disponíveis para contratação ou podem ser desenvolvidas pelo próprio manejador florestal.

Novas técnicas de monitoramento remoto estão sendo aplicadas em testes ou em escala-piloto, portanto, deveremos evoluir nesse quesito nos próximos anos. Não deve ser necessário mencionar que o combate a formigas precisa ser considerado um serviço especializado, que deve ser feito por pessoas capacitadas e bem-preparadas, pois a ação de combate deve ser eficaz para o controle dos ninhos e a diminuição efetiva das infestações da praga. Além de treinamentos técnicos específicos para essa atividade, as Normas Regulamentadoras do Trabalho Rural aplicáveis precisam ser atendidas. Ainda sobre esse aspecto, a disciplina e o rigor no cumprimento das recomendações de combate devem ser avaliadas como KPIs de desempenho operacional. Desvios de rota precisam ser corrigidos imediatamente.

A última fase do manejo, conhecida como combate pré-corte ou pré-colheita, normalmente ocorre no último ano da floresta em pé, antes da colheita, sendo uma das principais atividades relacionadas ao sucesso da reforma dos plantios, pois está estritamente ligada ao “iniciar a produção livre da presença de ninhos de formigas”, conforme já mencionado. Um ou mais combates podem ser necessários nessa fase, de acordo com o padrão de infestação de cada área. Caso seja necessário realizar operações sequenciais para o controle efetivo da infestação, o intervalo de tempo entre elas deve respeitar as informações conhecidas sobre o bioecologia das formigas, caso contrário, o manejador terá a falsa sensação de situação resolvida e poderá ter problemas no estabelecimento da nova floresta.

Sobre pesquisas em relação à aplicação de novas técnicas e produtos, há possibilidades de avançarmos em técnicas de monitoramento, em oferta de produtos de origem biológica, em tecnologia de formulações, como o encapsulamento de ativos, entre outras. Entretanto, mesmo quando as novas soluções estiverem disponíveis, a disciplina e o rigor na condução do manejo das formigas-cortadeiras têm que ser mantidos, pois essa é a única maneira de ter êxito no controle desta importante praga, altamente adaptada às condições adequadas às plantações florestais do Brasil. n

83 Opiniões
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