COMUNISMO DA FORMA - SOM, IMAGEM E POLÍTICA DA ARTE (livro/book)

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24.06.07

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passado literalmente. Recriações não estavam estabelecidas em uma cultura ampla até então. Era uma atividade marginal – grupos comunitários reencenando batalhas históricas e algumas bandas tributo. Era um ambiente embaraçoso, mais do campo do hobby e de freaks. De todo modo, serviu bem a nossos propósitos. Reencenação como um ato específico ficou menos interessante para nós ao se tornar mais amplamente entendida e abraçada por todas as áreas da mídia. Como seus trabalhos iniciais em vídeo, como Japanese Dream (1997) – com Jane transvestida para parecer Robert Smith do The Cure –, se relacionam com seus projetos de reencenação? Apesar de esse trabalho se relacionar na superfície diretamente com nossos projetos de reencenção, os pontos de partida são diferentes. Essas peças incluem alguns dos trabalhos iniciais que fizemos quando nos conhecemos como estudantes. Estávamos começando a aprender a lidar com vídeo. O meio nos atraía porque acontecia em tempo real e porque as coisas poderiam aparecer do “tamanho da vida”. Instintivamente usamos vídeo não editado, sempre uma única tomada em tempo real e played back, então as imagens ficavam tão parecidas com o tamanho real como conseguíamos. A câmera se tornou um observador imaginário, frente ao público ausente no tempo da performance. Conseqüentemente, a câmera tornou-se um co-conspirador, um terceiro colaborador silencioso. A linguagem visual que conhecíamos e tomamos emprestada era da televisão e de clipes. E, claro, apesar de não percebermos na época, comparações óbvias poderiam ser feitas com os primeiros trabalhos em vídeo de artistas como [Bruce] Nauman e [Vito] Acconci. Podemos dizer que vocês se aproximam dos clipes não estritamente para criticá-los, como uma geração anterior de artistas fez (por exemplo, Pipilotti Rist e Dara Birnbaum), mas como um campo válido em si? Para nos conectarmos de verdade com nossos espectadores em um nível emocional, não podemos tratar a televisão (câmera,

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