Revista Digital Olho Latino - nº 27

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Revista Digital Olho Latino nº 27

Das pinturas vibrantes de Kaneko à gravura orgânica de Lêda Watson

Revista Digital Olho Latino nº 27 - setembro e outubro de 2011 ISSN 1980-4229 Edições Anteriores: www.olholatino.com.br/revista/arquivo/arquivo1.htm Editor Paulo de Tarso Cheida Sans Jornalista responsável: Luciene Sans Conselho Editorial: Alex Roch Celina Carvalho Luciene Sans Tiago Carvalho Sans Arte e diagramação: Luciene Sans Imagem da capa: Pintura de Kenichi Kaneko Os artigos e reportagens assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista, sendo de responsabiliade exclusiva de seus autores. Não pode ser reproduzida sem autorização do editor.

A Revista Digital Olho Latino nº 27 apresenta na capa a imagem da pintura de Kenichi Kaneko, artista que comemora 50 anos de carreira com a exposição “Agonias e Bonanças” no Lugar Pantemporâneo em São Paulo. Ocupando as demais galerias deste espaço, com exposições simultâneas, estão as mostras “Simbioses”, com as esculturas de Cláudia Villar, e “Lampejos”, com as obras de Paulo Cheida Sans, sob o comentário da jornalista Luciene Sans. A instalação Almas do Grupo Olho Latino é reapresentada, desta vez, sendo exposta em Campinas, SP, registrando a sintonia entre as obras. O Acervo Olho Latino é apresentado parcialmente, enfocando a beleza da gravura do Japão. A mostra acontece no Laboratório das Artes em Franca, SP. A sugestão de leitura é para o livro autobiográfico da artista Lêda Watson, que é uma das principais gravadoras do país. Desejamos aos leitores uma boa leitura. Paulo Cheida Sans

Revista Digital Olho Latino é uma publicação do Museu de Arte Contemporânea Olho Latino. Escritório: Rua Paulo Lacerda, 88 - Campinas, SP. CEP: 13030-720. Sede de exposição: Alameda Prof. Lucas Nogueira Garcêz, 511 - Parque das Águas - Estância de Atibaia, SP. CEP: 12941-650 www.olholatino.com.br Contato: museu@olholatino.com.br

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EXPOSIÇÃO

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Instalação “Almas...” do Grupo de Arte Olho Latino Luciene Sans

ACERVO

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Gravuras do Japão do Acervo Olho Latino Luciene Sans

CAPA

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Três artistas de peso no Pantemporâneo Luciene Sans

LEITURA

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Lêda Watson e a Gravura Paulo Cheida Sans

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EXPOSIÇÃO

Instalação “Almas...”

do Grupo de Arte Olho Latino

Luciene Sans

Luciene Sans

Grupo Olho Latino.

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Grupo de Arte do Museu Olho Latino expõe a instalação “Almas...” de 01 de setembro a 02 de outubro na Galeria do Tênis Clube de Campinas. A mostra será aberta no dia 01 de setembro, às 20h. A curadoria é de Paulo Cheida Sans. A instalação “Almas...” é composta por dez obras, feitas em xilogravura com carpete preto, povoadas por seres humanos e animais em grandes dimensões. A instalação foi apresentada na 5ª Bienal Nacional de 4

Gravura Olho Latino em Atibaia e fez muito sucesso, sendo um dos destaques do evento. Participam da instalação as obras dos seguintes os artistas: Alex Roch, Celina Carvalho, Cibele Marion Sisti, Elika Ito, Lisa França, Maricel Fermoselli, Paulo Cheida Sans, Regiane Capp Couto Buccioli, Suely Arnaldo e Walcirlei Siqueira. O grupo de artistas faz parte do setor de arte-educação do Museu Olho Latino, com sede em Atibaia. No entanto, a atuação do grupo atinge Olho Larino nº27


várias cidades. A primeira mostra desse grupo foi realizada na Galeria da Casa da Cultura da América Latina da Universidade de Brasília, em 1996. A partir daí, o grupo já expôs em mais de 50 mostras realizadas em várias cidades, entre elas, São Paulo (SP), Recife (PE), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG) e Jundiaí (SP), além de mostras no exterior, como em Lima, Peru, e La Paz, Bolívia. Sobre as obras, Celina Carvalho, coordenadora adjunta do grupo, diz que “as partes soltas das gravuras oferecem inúmeros modos de apresentação e, em cada nova disposição das peças, a instalação oferece um resultado totalmente diferente”. Embora o Olho Latino exista a mais tempo, como revista e atuação cultural, é considerado 2001 como o ano de sua fundação como Museu. O

Museu Olho Latino é especializado na arte da gravura e tem um acervo que o coloca entre os principais Museus internacionais do gênero. Contando com mais de mil obras de artistas de vários países em sua coleção, atualmente com sede na Estância de Atibaia, recebe um público aproximado de 5000 visitantes por mês. Tem parceria com a Secretaria de Cultura e Eventos daquela cidade e está situado num local nobre, no primeiro andar do Centro de Convenções “Victor Brecheret”. Esta mostra no Tênis Clube é a primeira exposição comemorativa dos 10 anos de existência do Museu Olho Latino. Por ter sede administrativa na cidade de Campinas e por ter em seu Grupo de Arte artistas residentes na Região Metropolitana, o Museu pode ser considerado também como campineiro.

Exposição: “Almas...” - Instalação do Grupo Olho Latino. Curadoria: Paulo Cheida Sans. Grupo Olho Latino: Alex Roch, Celina Carvalho, Cibele Marion Sisti, Elika Ito, Lisa França, Maricel Fermoselli, Paulo Cheida Sans, Regiane Capp Couto Buccioli, Suely Arnaldo, Walcirlei Siqueira. Período da mostra: 01 de setembro a 02 de outubro de 2011. Local: Galeria de Arte do Tênis Clube de Campinas. Endereço: Rua Cel. Quirino, 1346, Cambuí – Campinas, SP. Realização: Museu Olho Latino e Diretoria Cultural Tênis Clube de Campinas. Olho Latino nº27

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ACERVO ACERVO

Gravuras do Japão do Acervo Olho Latino

Acervo Olho Latino

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Obra de Makoto Fukawa.

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Laboratório das Artes de Franca, SP, apresenta de 18 de outubro a 03 de novembro a mostra Gravuras do Japão do acervo do Museu Olho Latino. O Acervo Olho Latino é uma das principais coleções da arte da gravura da América Latina na área da gravura internacional. É formada com mais de 1000 obras de artistas de vários países. Para a mostra no Laboratório, o curador do acervo Olho Latino, Paulo Cheida Sans, 6

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escolheu 18 obras de 12 artistas japoneses, datadas da década de 80. O curador explica que essas gravuras foram doadas para ele quando os artistas eram jovens e que hoje, são gravadores de renome e que conquistaram importantes prêmios e participações em Bienais do gênero. Todos são artistas veteranos com currículos expressivos. Um dos destaques da mostra é a artista Michiko Hoshino que recebeu Olho Larino nº27


Acervo Olho Latino

Obra de Michico Hoshino. .

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Acervo Olho Latino


Obra de Yasuhiro Sobajima. Olho Latino nยบ27

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Obra de Hiroyuki Nozawa. .

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o Grande Prêmio de Gravura Yamaguchi, no Japão, em 2009. Recentemente foi publicado um livro sobre suas gravuras pela editora japonesa ABE Publishing. O Museu Olho Latino nasceu em 2001 com a doação de gravuras da coleção particular do casal de artistas, Celina Carvalho e Paulo Cheida Sans. Há anos, exibe o seu acervo de modo parcial em exposições itinerantes, como a "Xilo Internacional", realizadas pelo Conjunto Cultural da Caixa em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador. Realiza também a "Bienal Nacional de Gravura", a "Grabados & Gravuras - Bienal Latino-

Americana de Gravura" e a "Bienal do Esquisito", entre outras mostras. A sede de exposições do Museu é na Estância de Atibaia, SP, numa parceria com a Prefeitura desta cidade, iniciada em 2006. Participam da mostra os seguintes artistas: Chieko Kaneko, Isao Shiratori, Hideaki Shimada, Hiroyumi Nozawa, Makoto Fukawa, Michiko Hoshino, Michiharu Okamoto, Miyayama Hiroaki, Takemi Azumaya, Tomoko Nishida, Yasuhiro Sobajima e Yuko Ichikawa. * * *

Exposição: "Gravuras do Japão” – parte do Acervo do Museu Olho Latino. Curadoria: Paulo Cheida Sans. Expositores: Chieko Kaneko, Isao Shiratori, Hideaki Shimada, Hiroyumi Nozawa, Makoto Fukawa, Michiko Hoshino, Michiharu Okamoto, Miyayama Hiroaki, Takemi Azumaya, Tomoko Nishida, Yasuhiro Sobajima e Yuko Ichikawa. Período da mostra: 18 de outubro a 03 de novembro de 2011. Visitação: segunda a sexta-feira, das 10h às 12h e das 14h às 17h. Local: Laboratório das Artes Endereço: Rua Cuba, 1099 - Jardim Consolação, Franca, SP. Olho Latino nº27

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CAPA

Três artistas de peso no Pantemporâneo Luciene Sans

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propostas bem diferentes: as coisas e criações imaginárias em “Simbioses”, de Cláudia, em contraste com o sofrimento real e a esperança dos japoneses em “Agonias e Bonanças”, de Kaneko, e com a crítica camuflada em “Lampejos”, de Paulo Cheida.

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Lugar Pantemporâneo apresenta 3 exposições individuais simultâneas dos artistas Cláudia Villar, Kenichi Kaneko e Paulo Cheida Sans, sob o comando curatorial de Valdir Rocha. Cada exposição ocupa uma galeria distinta e possui características e

Vista parcial da mostra “Simbioses”.

A mostra “Simbioses” possui 18 esculturas da artista plástica Cláudia Villar produzidas em resina pintada com esmalte sintético. Segundo a artista, as obras são representações de seres e coisas que habitam sua imaginação e que se originam de desenhos e estudos tridimensionais. 12

De acordo com o professor de artes visuais e de história da arte, e também artista plástico, Nelson Screnci, “os seres de Cláudia Villar agora pertencem aos reinos da natureza e, ao mesmo tempo, a nenhum deles especificamente. Podem ser bichos, pedras ou Olho Larino nº27


Luciene Sans

Esculturas de Cláudia Villar.

flores. Seus corpos, porém, possuem formas orgânicas, arredondados, sinuosas, que atraem não só o olhar, devido às combinações de cores e à composição inusitada, mas também o toque, convidando o espectador à participação direta Olho Latino nº27

através da experimentação tátil das curvas e texturas”. Essa mostra faz com que a imaginação do espectador crie e recrie criaturas, texturas e participe ativamente da construção poética das obras. 13


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Vista parcial da mostra “Agonias e Bonanças”.

A exposição “Agonias e Bonanças” do ator e artista plástico Kenichi Kaneko é composta por cerca de 30 pinturas em tinta acrílica. Dentre as obras, esse notável artista japonês de Yokohama que vive no Brasil desde 1960, apresenta uma série inédita, composta por seis obras produzidas após o terremoto seguido de tsunami que atingiu o Japão em março desse ano. Kaneko diz que as cenas que viu pela televisão sobre o sofrimento japonês, incluindo o acidente nuclear de Fukushima, fizeram com que ele 14

se lembrasse de sua infância passada durante a Segunda Guerra Mundial: o cenário era praticamente o mesmo de quando caiu a bomba. Foi o que o motivou a pintar cada um dos quadros inéditos. Contudo, não é só sobre os acontecimentos tristes que Kaneko retrata em sua exposição. Também é possível presenciar várias outras sensações, como alegria e esperança, ressaltadas em suas obras com cores vivas e vibrantes que emanam a força desse artista e do povo japonês. Olho Larino nº27


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Kenichi Kaneko – Ressurreição. Acrílico sobre tela, 60x90cm.

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Vista parcial da mostra “Lampejos”.

A mostra “Lampejos” de Paulo Cheida Sans, fundador e diretor curador do Museu Olho Latino, reúne cerca de 20 criações, entre esculturas e pinturas. O artista apresenta obras da série “gravatas”, sendo a maioria inédita. A temática sobre contexto social o tem acompanhado desde muitos anos. Em seus trabalhos quase sempre aparece a gravata, transformada em espécie de arma que simboliza um caminho a seguir. Em alguns a figura da gravata está sugerida mesmo que camuflada. Segundo o próprio autor, “as cores, as texturas das pinturas e o conteúdo expressivo de um rosto ou de várias figuras anônimas em meio a 16

situações inusitadas das cenas propostas colocam a presente mostra como um momento oportuno para apreciá-la como lampejos de uma vida em convívio social, mesmo que as imagens revelem ‘algo’ de um mundo fictício”. Paulo Cheida, doutor em Artes pela Unicamp e professor extensionista da PUC-Campinas, é artista de longa data, tendo participado em mais de 400 mostras no Brasil e exterior. Recebeu 41 prêmios em Salões de Artes, sendo três no exterior, em Portugal, Estados Unidos e França. Suas obras estão inseridas em importantes acervos em vários países. * * * Olho Larino nº27


Luciene Sans

Paulo Cheida Sans – Com as figuras... . Acrílico e pastel sobre tela, 80x100cm.

Exposição: “Cláudia Villar - Simbioses”. Exposição: “Kenichi Kaneko - Agonias e Bonanças”. Exposição: "Paulo Cheida Sans - Lampejos" – Pinturas e Esculturas. Abertura: 31 de agosto, das 19h às 22h. Período das mostras: de 01de setembro a 22 de outubro de 2011. Visitação: de segunda-feira a sábado, das 10h às 18h, exceto feriados. Entrada franca. Local: Lugar Pantemporâneo. Endereço: Av. Nove de Julho, 3.653 - Jardim Paulista - CEP 01407-000 São Paulo, SP. Telefone: (11) 3018-2230. Informações: www.pantemporaneo.com.br Olho Latino nº27

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LEITURA

Lêda Watson e a Gravura Paulo Cheida Sans

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nome de Lêda Watson ecoava no mundo artístico como um expoente já nos anos 80. O meu primeiro contato com a artista foi na ocasião em que ela dirigia o Museu de Arte de Brasília, aliás, ela foi uma das fundadoras desta instituição, ocasião em que uma gravura de minha autoria passou a pertencer ao acervo deste novo museu. Pude conhecê-la pessoalmente na abertura da I Bienal Internacional de Gravura – Campinas, a qual eu era o curador, quando exposta na Galeria da Fundação Cultural do Distrito Federal, em Brasília, em 1987. Trocamos poucas palavras, mas pude observar o seu encanto pela arte da gravura. Anos se passaram e pude convidála como “Hor Concours” na 5ª Bienal Nacional de Gravura – Olho Latino, evento ocorrido em maio e junho de 2011 no Museu Olho Latino, na Estância de Atibaia, SP. Tal distinção somente poderia ser para importantes artistas na área e, 18

sem dúvida, Lêda Watson ocupa um lugar de destaque na história da gravura nacional. O convite para participação “Hor Concours” para Lêda Watson foi um agradecimento e homenagem à artista pela sua intensa dedicação, por mais de 40 anos, à arte e, em especial, à gravura. Sobre a artista Lêda Campofiorito Saldanha da Gama nasceu em Niterói, RJ. O seu convívio artístico surgiu desde a infância no seio familiar. Com a convivência com renomados nomes, como seu avô italiano Pedro Campofiorito, pintor e arquiteto, e com seus tios Hilda, artista plástica, e Quirino Campofiorito, pintor, professor e crítico de arte, a arte para ela surgia espontaneamente e com inspiração desde a tenra idade. Seu estudo profissional foi feito na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, na Universidade de Brasília e sua especialização em gravura em metal se deu com Olho Larino nº27


divulgação

Lêda Watson.

estudos na Escolinha de Arte do Brasil com o mestre e artista Orlando Dasilva, no Rio de Janeiro, e com o gravador Friedlaender, com que teve a oportunidade de estudar por mais de três anos em Paris. Lêda diplomou-se na École de Beaux-Arts – Sorbone de Paris e no Curso de Língua e Literatura Francesa da Universidade de Nancy, França, em 1969. A sua permanência em Paris por quatro anos foi o suficiente para que a sua obra fosse reconhecida e editada por: Editions JACOMETTI; Editions Mme. De CHAMPVALLINS; Editions ROMANET; e Editions ANTARES. Várias de suas gravuras eram vendidas com edições fechadas. O Olho Latino nº27

seu nome foi sendo reconhecido e teve convites especiais, como o da Societé des Femmes Bibliophiles para ilustrar um livro de contos de Jules Laforgue. A edição anterior tinha sido ilustrada por Salvador Dali. Retornando ao Brasil, instalou ateliê em Brasília em 1973 e continuou o contato com seus editores franceses. Após ter ministrado um curso de extensão na UnB – Universidade de Brasília – foi incentivada por interessados para continuar o ensino de gravura. Isso a motivou a criar a sua Escola de Arte em seu próprio ateliê, propiciando a formação de novos gravadores por mais de 12 anos, de 1975 a 1987. 19


Sempre atuante, criou o primeiro Núcleo de Gravadores de Brasília, em 1981, e foi responsável pela concepção do Clube da Gravura, em 1989, reunindo artistas do Distrito Federal. Como já mencionado, participou da fundação do primeiro Museu de Arte de Brasília, em 1985, o qual dirigiu. Por mais de 6 anos coordenou os museus da Secretaria de Cultura do Governo do Distrito Federal. Coordenou também o II Prêmio Brasília de Artes Plásticas e o XII Salão Nacional de Artes Plásticas do Ministério de Cultura, em 1991, ano em que foi a responsável como curadora pela representação brasileira na X Bienal Internacional de Gravura de Valparaíso, no Chile. A arte-educação e ensino de gravura fazia parte de seu dia a dia. Ministrou vários cursos de gravura em metal e palestras em muitos locais, como na Universidade Católica de Lima, no Peru; Escola Nacional de Artes Plásticas da Nicarágua; Universidade Nacional de Heredia, na Costa Rica; Universidade Central da Venezuela, em Caracas; e no Museu de Arte Contemporânea da Cidade do Panamá. Como professora se aposentou em 1995 e a partir daí intensificou a sua 20

dedicação à sua produção artística. Em 2002 retornou ao ensino de gravura em seu ateliê. Tem verdadeira paixão em dar aulas e em incentiva seus alunos. Realiza exposições periódicas com eles. Como artista plástica e gravadora atua desde 1968, tendo exposto nos mais diversos locais e países. Recebeu premiações, como a “Menção Honrosa” no Salon des Artistes Français, em Paris, em 1973; “Prêmio Aquisição” no XXXI Salão Paranaense em Curitiba, em 1974; “Prêmio Aquisição” no III Salão Nacional de Artes Plásticas em Goiânia, em 1977; “Prêmio Aquisição” e “Prêmio de Conjunto de Obra” no 1º Salão de Desenho e Gravuras Centro-Oeste em Brasília, em 1979; “Prêmio Aquisição” no II Documento de Arte Contemporânea do Centro-Oeste em Brasília, em 1979; e o “Prêmio Aquisição” no II Salão Naval de Artes Plásticas “Salão Riachuelo”, em Brasília, em 1980. É reconhecida nacional e internacionalmente. Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas na América do Sul, na América do Norte, na Europa e no Oriente. Apenas para ilustrar o potencial da artista, pinçamos algumas exposições individuais Olho Larino nº27


divulgação

Lêda Watson - Cinzas de um Carnaval. Água forte, água tinta, relevo entintado em duas placas, 1997, 50x41cm.

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Comunicações do Canadá, expos realizadas. Entre outras, estão em mostra itinerante, de 1989 a 1991, no seu currículo: Galeria Bernier Paris, França (1973), Casa do Brasil - Canadá, nos seguintes locais: Galeria de arte - Nortamberland Madri, Espanha (1977), Galeria Cobum (Província de Ontario), Ecqus - Lima, Peru (1979), Centro Cultural Comunitário de “Instituto Hondurenho de Cultura Drummondville (Província de Interamericana” - Tegucigalpa, Quebec), Museu da Nova Escócia Honduras (1980), 1980 - “Centro de - Yarmounth (Província de Nova Estudos Brasileiros” - São José, Escócia), Centro de Artes do Salão Costa Rica (1980), “Centro de Rodman - Santa Estudos Brasileiros Catarina - (Província (Convite especial do O livro Sonhos, de Ontario), Centro gravador Lívio Momentos e Emoções: Internacional de Abramo) - Assunção, Técnicas e Gravuras é um Exposições do Paraguai (1981e 1985), livro histórico. A autora Noroeste - Hazelton Art Gallery of the soube muito bem aliar a (Província de Brazilian - American sua história como artista Columbia Britânica), Cultural Institute, com momentos de Galeria Prairie Washington, USA pesquisa em gravura(...) Grande Prairie (1982), Donaueschingen, Alemanha Federal (Província de Alberta). Expos também no Centro de Estudos (1985), Biblioteca Robarts da Brasileiros - Quito, Equador Universidade de Toronto, Canadá (1989). (1988), Biblioteca Nacional do Está citada, entre outras Canadá – Ottawa, Canadá (1988), publicações, no “L’Estampe Consulado Brasileiro - Toronto, Contemporaine”, de Françoise Canadá (1988), “Association Woimnt – Bibliothèque Nationale Sandinista pelos Trabajadores en la – Paris (1973), no “Dicionário Cultura” (AST) - Sala Fernando Brasileiro de Artistas Plásticos”, Gorldilho - Manágua, Nicarágua de Carlos Cavalcanti e Walmir (1988), Centro de Estudos Ayala - Instituto Nacional do Brasileiros - São José, Costa Rica Livro/ MEC (1979) e no “Artes (1988). A convite oficial do Plásticas do Centro-Oeste”, de Escritório de Exposições Aline Figueiredo – Edições Internacionais do Ministério das 22

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Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá (1980). Gravuras de sua autoria estão inseridas em inúmeros acervos do Brasil, da Europa, dos Estados Unidos, da América Latina, inclusive no Museu de Arte Moderna de São Paulo e na coleção de gravuras da Bibliothéque Nationale de Paris. Sobre suas gravuras Lêda Watson conhece o metier da gravura, seus efeitos, seus segredos técnicos e as possibilidades do material. Desde o buril e a ponta seca até as sessões da corrosão do metal, a água forte, a água tinta pura ou quer seja com lápis de cera ou com açúcar, o verniz mole e suas possibilidades mistas, a artista tem amplo conhecimento e domínio criando obras num refinado apuro técnico. O seu mundo expressivo surge de um imaginário que criam texturas, sobreposições de efeitos, num modo característico de sobrepor cores e matizes, consubstanciando com áreas em que há o grafismo característico de sua criação. Os efeitos parecem granulados, aliando-se, quase sempre, numa fusão onírica entre a figura e o fundo, terra e raízes, seres e almas. Há uma transmutação visual da Olho Latino nº27

inércia em vida, do material em almas. Suas obras transmitem a sensação do pulsar, do respirar, são cenas dialogais em que tudo parece surgir da natureza, mesmo em se tratando de focalizar uma determinada matéria. Esta parece estar em transmutação, valendo o seu lado orgânico e o seu encanto em participar de uma atmosfera que emana naturalidade e movimentação. A artista cria situações exóticas de rica fantasia. Lêda Watson faz parte da estirpe brasileira dos grandes mestres. Sonhos, Momentos e Emoções Técnicas e Gravuras O livro de sua autoria Sonhos, Momentos e Emoções: Técnicas e Gravuras é um livro histórico. Histórico por vários motivos. A autora soube muito bem aliar a sua história como artista com momentos de pesquisa em gravura, resultando em informações importantes para o ensino desta arte em reunir depoimentos dignificantes de personalidades e especialistas na área artística sobre a sua obra. No conjunto dos textos, há informações sobre técnicas da gravura em metal e sobre a artista, sendo também possível verificar a sua importância no cenário 23


artístico. É um livro memorável e histórico, com menções importantes sobre a sua trajetória artística. Vale ressaltar que o seu lado de arte-educadora é notório. O livro reúne seu conhecimento técnico e, em se tratando de gravura, isso é exemplar porque há poucas publicações que possibilitem um conhecimento técnico mais amplo sobre a gravura. É uma publicação que oferece o contato com a vida e obra de uma das principais gravadoras do país,

Projeto patrocinado pelo Fundo da Arte e da Cultura - Secretaria do Estado de Cultura do Distrito Federal

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mostrando ao público a sua paixão pela arte da gravura em metal, sua história profissional e as séries que criou e o conhecimento técnico que aprendeu e desenvolveu. É um livro imperdível que não deve faltar nas bibliotecas das universidades que mantém cursos na área artística. É importante para os profissionais e estudantes da área, para os artistas e apreciadores da cultura e da arte. * * *

Livro: Sonhos, Momentos e Emoções: Técnicas e Gravuras Autora: Lêda Watson ISBN : 978859083460-1 Idioma: Português Formato: 32 x 22 cm Páginas: 128 Edição: 1ª Ano: 2008 Acabamento: Brochura Distribuição: Livraria Cultura Informações: www.livrariacultura.com.br

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Colaboradores da Revista Digital Olho Latino nยบ 27:

Luciene Sans - Jornalista, poeta e assessora de imprensa do Museu Olho Latino. Jornalista responsรกvel pela Revista Digital Olho Latino.

Paulo Cheida Sans - Professor do Curso de Artes Visuais e extensionista da PUC-Campinas. Doutor em Artes pela Unicamp. Curador do Museu Olho Latino.

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