Agro Diário

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Sexta-feira, 7 de outubro de 2011

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Sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Agenda

Comissão em prol da ERS 330

A mobilização em prol da ERS 330 continua. No dia 30 em Molha Pelego aconteceu uma mobilização com a presença do Engenheiro Tobias da Cunha Medeiros, Supervisor Regional da 17ª Superintendência Regional DAER/RS para discutir sobre a restauração pavimentação da ERS 330, que liga os distritos de Cruzinha e Tesouras. Estiveram presentes também autoridades, representantes de empresas e produtores rurais. O presidente do Sindicato Rural, Carlos Eduardo Scheibe, explicou que o processo de pavimentação da ERS 330, é referente aos trechos que ligam Carazinho à Yucumã, e apontou os benefícios para a população. Segundo Scheibe, a Comissão da ERS 330 pede a complementação da obra, em 22 km que liga Carazinho a Chapada, e 34 km ligando Chapada a Palmeira das Missões. O envolvimento da comunidade frente a isso se dá por meio de organizações comunitárias, a Comissão do SR, e Prefeitura Municipal de Chapada. Scheibe ainda afirmou que, aproximadamente, 2 milhões e 400 mil sacas de grãos transitam por essa rodovia. A luta em prol da pavimentação da ERS 330 vem acontecendo com frequência desde 2002. “Essa é a estrada mais antiga do Estado, e a luta iniciou em 1959 quando Chapada se emancipou, onde foi feito o primeiro ofício pelo Governador Brizola, porém organizadamente Sindicato Rural criou a Comissão em 2002”, afirmou. Conforme Scheibe, a maior dificuldade para a pavimentação desses trechos são as prioridades de governo, pois uma decisão política que já estava licitada pelo governo anterior acabou sendo postergada. “É uma questão de prioridades e temos que manter pressão em cima disso”, concluiu o presidente do Sindicato Rural.

Show do basta!

O MCCC, Movimento Carazinho Contra a Corrupção, convida a todos para participarem do show do Basta! A Passeata Nacional de combate a Corrupção acontece no dia 12 de outubro, próxima quarta-feira, em Carazinho com saída da Praça Albino Hillebrand, às 17h30 e segue até o Monumento Bombeador, onde haverá um show de bandas carazinhenses. Contamos com a participação de todos.

A 7ª Mostra Regional de Vinhos Artesanais será realizada nesta sexta-feira (07), em David Canabarro. O evento inicia na Casa da Terceira Idade do Grupo Conviver, às 16h, com as degustações técnica e popular. Após, haverá palestra e um jantar. O evento vai contar com a participação do presidente da Emater/RS, Lino De David. A mostra abrange 11 municípios da microrregião de Marau, sendo eles Camargo, Casca, Ciríaco, David Canabarro, Gentil, Marau, Nova Alvorada, Santo Antonio do Palma, São Domingos do Sul, Vanini e Vila Maria. Os objetivos deste evento são propiciar a promoção de vinhos de boa qualidade, incentivar a produção de uva e elaboração do próprio vinho, apresentar aos consumidores os vinhos elaborados na região e sua tipicidade, elevar o nível técnico e melhorar o processo de vinificação entre os participantes. São esperadas cerca de 500 pessoas. Às 16h haverá degustação técnica e popular das amostras. Após, às 19h, acontece na Casa da Cultura Domingos Bresolin a palestra sobre a arte da degustação de vinhos e, às 20h, terá início o jantar no Clube Social e Cultural União Canabarraense. A entrega dos prêmios ocorrerá na sequência.

is l o c ó r B m o c l a r g e t oz In

Melhoramento Genético

A pecuária de corte está se tornando cada vez mais especializada, devido a sua adequação às exigências determinadas pelo mercado. A abertura de novos negócios e a crescente demanda por carne de alta qualidade coloca o pecuarista frente a desafios, se tornando indispensável a seleção de seus rebanhos, buscando qualidade e eficiência. Na busca desta produtividade, surge a necessidade da utilização de uma ferramenta indispensável na pecuária: o Melhoramento Genético. Nesta sexta-feira, 7, às 20h, o médico veterinário João Paulo Barbuio – Mestre em Reprodução Animal pela Universidade de São Paulo e Gerente Técnico de Reprodução da MSD Saúde Animal ministrará a palestra “Melhoramento Genético e Produção Animal”, durante a Feira da Indústria e Comércio (Fecomind) de Ji-Paraná. Evandro Stecca, Gerente de Produto Reprodução da MSD Saúde Animal afirma que a palestra tem o objetivo de oferecer aos pecuaristas a troca de informações e experiências com profissionais especializados, além de atualizar o público sobre os avanços que o trabalho de melhoramento genético tem alcançado no Brasil. “Sem dúvida é uma importante iniciativa para fomentar o desenvolvimento do setor”, pontua Stecca.

Reunião técnica

O deputado federal Luiz Carlos Heinze promove no dia 10, uma reunião técnica, a partir das 9h30, no restaurante do Parque de Exposições General Serafim Dornelles Vargas, em São Borja. Na ocasião, será debatida a viabilidade da instalação de microdestilarias para produção de álcool combustível, variedades de cana-de-açúcar, indicadas para a região Oeste do Estado, uso do sorgo e arroz como matéria-prima para transformação em etanol, entre outros assuntos ligados ao tema. Serão ministradas cinco palestras. Outras informações podem ser obtidas pelos telefones (61) 3215-5526 e (55) 3431-2538.

Culturas de inverno

No próximo dia 21, o Grupo Floss, com apoio de outras entidades, realiza uma tarde de campo sobre as culturas de inverno, onde serão apresentadas as últimas tecnologias e feitas recomendações para as culturas de trigo e canola visando obter os mais altos rendimentos. As atividades acontecem as 13h30 as 17h, independente das condições climáticas, na Estação Experimental Seeds, em Passo do Miranda, Passo Fundo. A participação é gratuita. Informações pelo telefone (54) 3313-4046.

Workshop

Mostra Regional de Vinhos Artesanais

a t i e c e R

A Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE), em parceria com a Embrapa Florestas, promove nos dias 25 e 26 de outubro workshop sobre desbaste e poda em plantações florestais, em Colombo (PR). A programação, que conta com palestrantes internacionais, foi elaborada para atualizar técnicos e empresários sobre os conceitos relacionados ao tema e aprofundar conhecimentos científicos e práticos. O encontro também é uma oportunidade para trocar experiência entre as empresas participantes. Ao todo serão 19 palestras, dentre as quais apresentações de pesquisadores especialistas no assunto da Universidade de Freiburg, da Alemanha, do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) da Argentina, da Embrapa Florestas, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Universidade de Blumenau (FURB). O workshop vai contar ainda com a participação de nove empresas convidadas que irão compartilhar suas experiências durante um painel. As inscrições podem ser feitas até o dia 20, pelo e-mail: apreflorestas@apreflorestas.com.br ou pelo telefone (41) 3233-7856.

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Ingredientes: de arroz integral – 250g ) 2 xícaras (chá a) de óleo – 40g op (s 5 colheres lho – 10g 3 dentes de a – 100g ia 1 cebola méd ) de sal – 5g há 2 colheres (c de água – 1 litro ) 6 xícaras (chá de brócolis – 300g io éd m 100g 1 molho na de ricota – 1 peça peque e noz pecan – 100g )d 1 xícara (chá

paro: z pecan e re Modo de pre bola, brócolis, ricota, no eres (sopa) ce lh Picar o alho, gar o arroz com duas co a panela e fo a re p , , tam r servar. Após centar a água tra panela refogar es cr A l. sa o . de óleo e isso, em ou (sopa) de óleo ar. Enquanto deixar cozinh z pecã com três colheres o sã ue no es os talos q do o alho, cebola, brócolis (ant zi o co e ós nt p ce A . es minutos 5 Depois, acr is a m paro: r a re g p e refo po de mais rígidos) o refogado e a ricota. Tem r arroz, mistura ndimento é de 8 porções Site Emater re o e Fonte: os ut in 45 m

ESPAÇO ECOLÓGICO

Café

Depois de coar seu café, aproveite a borra e a utilize em outras partes da casa. O material é um excelente adubo para deixar as plantas mais fortes e bonitas, rica em nitrogênio - um dos principais componentes do solo e o mais consumido pelos vegetais -, a borra é um excelente fertilizante. Além disso, protege as raízes contra fungos, e por isso seu uso é indicado para transplantar folhagens ou plantar mudas. Misture uma parte de borra de café em dez partes de terra. A borra também é excelente para limpar as folhas das plantas que ficam dentro de casa. Dilua uma parte de borra em cinco partes de água, molhe um pano ou algodão e passe. As folhas ficam brilhantes. Também é muito eficiente para tirar cheiros fortes nas mãos, como o de cebola ou alho ou até mesmo para absorver odores indesejáveis da geladeira, coloquea seca de café dentro de uma gaze, num pote de margarina tampado e com furinhos. Coloque nos pratinhos de coleta de água dos vasos, xaxins e dentro das folhas das bromélias, isso irá evitar o desenvolvimento Profª. Ms. Danusa Ribeiro Bióloga CRBio 28071/RS dos ovos do mosquito da dengue, e Microbiologista Agrícola e do Meio Ambiente danusa.ribeiro@yahoo.com.br também repele lesmas caracóis e danusa@upf.br formigas.


Sexta-feira, 7 de outubro de 2011

BIODIESEL

n álise

Frente Parlamentar em Defesa do Setor será empossada dia 19

Mercado

FOTO DM

Na próxima semana, o deputado federal Jerônimo Goergen assume em Brasília, a presidência em defesa do setor

Queda nos preços do milho FOTO DIVULGAÇÃO

João Pedro Corazza Gerente Comercial de Operações de Commodities da Agroinvvesti

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Rosa Liberman rosa@diariodamanha.net

Deputado federal Jerônimo Goergen assume a presidência da Frente Parlamentar em Defesa do Biodiesel

Para nós, o que importa não é enviar soja para a China, mas termos industrialização da soja, canola, de todos nossos produtos no Brasil, porque é sinônimo de renda ao produtor

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setor de biodiesel está em expansão no país, mas necessita de um marco regulatório criando condições de que as empresas possam utilizar toda sua capacidade produtiva, agregando valor à matéria-prima e proporcionar um benefício ao consumidor, que é o biodiesel. Para tanto, na próxima quinta-feira, dia 19, em Brasília, o deputado federal Jerônimo Goergen assumirá a presidência da Frente Parlamentar em Defesa do Biodiesel. Conforme Goergen, o marco regulatório prevê possibilidade de aumento do consumo. “Para nós, o que importa não é enviar soja para a China, mas termos industrialização da soja, canola, de todos nossos produtos no Brasil, porque é sinônimo de renda ao produtor”, explica. Após assumir a Frente Parlamentar em Defesa do Biodiesel, iniciará a construção, juntamente com o governo federal, do regramento do marco regulatório para que seja possível haver um melhor aproveitamento do biodiesel, gerando maior potencialidade para esse combustível que, além de tudo, tem um ganho econômico e preserva-

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ção ambiental bastante significativos. O Rio Grande do Sul produz 43% da produção brasileira de biodiesel, mas há capacidade de duplicar a produção nas indústrias já instaladas. “A ociosidade gira entre 40% a 50% e, se conseguirmos ampliar esse uso, através do marco regulatório, imediatamente passará a ser trabalhada com a capacidade total das indústrias já instala-

das”, complementa. Junto com o vice-presidente da frente parlamentar, o senador do Mato Grosso, Deocídio Amaral, vai se buscar uma unidade no Brasil, com levantamento de números das indústrias, capacidade e produção, visando também focar o trabalho na criação de políticas públicas para dar solidez às ações e investimentos ao setor. O deputado enfatiza ainda que, pelo Rio Grande do Sul ser o maior produtor, é o estado que mais tem condições em avançar no setor. “Não adianta trabalharmos vários tipos de combustíveis se não é nossa vocação. Por isso, vou direcionar na principal produção, que é o biodiesel”, destaca. Outra intenção de Goergen é intensificar a tramitação na CFT do projeto de Lei nº 3.600/2004, que propõe levar para zero as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industriais (IPI) para óleos vegetais destinados a adição de diesel.

Cotações da semana dos produtos recebidos pelos produtores

Fonte: EMATER/RS-ASCAR

s preços do milho no mercado interno estão sofrendo forte reflexo das consideráveis quedas na cotação negociada na Bolsa de Chicago nos últimos dias. Com quedas superiores a 20%, a paridade de exportação enfraqueceu muito. Após grandes e bons negócios serem realizados, com preços muito atraentes, onde grande parte dos produtores aproveitaram e travaram parte da sua próxima produção, a crise econômica mundial e o início da colheita da safra americana foram os principais fundamentos da realização do mercado internacional. Os preços praticados nos últimos dias para o grão disponível, no interior do estado do Rio Grande do Sul, na casa dos R$ 31,00 para saca de 60 kg, fez com que o mercado consumidor interno se posicionasse de forma retraída, diminuindo plantil e procurando qualquer outra matéria prima que pudesse diminuir o custo final da ração. Isso retraiu a comercialização do grão, onde muitos produtores esperavam que os preços sofressem uma nova guinada. As ofertas foram bastante restritas nesse período e por mais de que ainda haja muito grão armazenado, a perspectiva do produtor é de que os preços ainda subam. Essa perspectiva deve ser analisada e tratada com cuidado, já que a área plantada na safra de verão e a próxima safrinha devam ter um aumento muito considerável regularizando os estoques finais do grão. No decorrer da semana o número de ofertas aumentou e os preços sofreram forte retração caindo quase 2 reais por saco. O produto oriundo da safrinha também começa, novamente a abastecer os principais consumidores gaúchos e a perspectiva de aumento da produção trava os negócios para entrega na safra. Toda essa montanha russa nas cotações permite que haja momentos interessantes no travamento de preços. Portanto, tanto produtores quanto indústrias devem ficar atentos na melhor hora de vender ou comprar suas posições, minimizando os riscos nas suas respectivas atividades.

Dólar e custos reduzem as exportações de carne de frango no terceiro trimestre As exportações brasileiras de carne de frango no período julho-setembro fecharam em queda de 7,2% no volume, com embarques de 970.306 toneladas, e de alta de 10,2% na receita cambial, que somou US$ 2,039 bilhões. Os números foram anunciados hoje pela União Brasileira de Avicultura (UBABEF), tendo por base um levantamento preliminar do desempenho em setembro. O resultado reflete uma combinação de dois fatores perversos para as exportações do setor, principalmente por conta de aumento de custos e da valorização do real frente ao dólar – as cotações da moeda norteamericana passaram a ter elevação apenas em outubro. “O terceiro trimestre deste ano representou um ápice de acontecimentos ruins para o setor”, destacou o presidente executivo da UBABEF, Francisco Turra. Ao aumento de custos e às baixas cotações do dólar se so-

maram, segundo Turra, problemas nos embarques para dois dos principais mercados da carne de frango brasileira. “Tivemos o problema do embargo aplicado pelo governo russo, que suspendeu as importações de vários de nossos frigoríficos. Para completar, ocorreu uma redução nas encomendas da União Europeia, já como reflexo dos problemas que atingem alguns países do Velho Continente”, acrescentou. No acumulado janeiro-setembro de 2011, as exportações de carne de frango somam cerca de 2,898 milhões de toneladas, com crescimento de 1,66% sobre o mesmo período em 2010. “O último trimestre é historicamente aquecido para as exportações do setor, e este cenário será mais beneficiado pela valorização do dólar. Com isto, mantemos as projeções de encerrar 2011 com um crescimento entre 3% e 5% nos embarques”, frisou o presidente executivo da UBABEF.


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CLIMA

O retorno do La Niña FOTO PAULO KURTZ

Modelos climáticos apontam para o resfriamento das águas da superfície do Oceano Pacifico, sinalizando a atuação do fenômeno La Niña. O impacto do clima no Sul do Brasil acontece principalmente durante a primavera e começo do verão Rosa Liberman rosa@diariodamanha.net

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m ano após o início da atuação do fenômeno La Niña, cujo impacto no clima do Sul do país, que encerrou entre abril e maio de 2011, alguns institutos meteorológico apontam que o fenômeno retornou, devido ao resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico, devendo predominar, pelo menos, até o início de 2012. A princípio, todos os indícios são de que esse um La Niña de fraca intensidade. Para o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet/ Mapa), Luiz Renato Lazinski, apesar de alguns Centros de Climatologia já admitirem que o La Niña esteja atuando, seu parecer é de que a condição atual ainda é de neutralidade e ele só volte a afetar o clima brasileiro a partir de novembro/dezembro deste ano em diante. Este próximo episódio de La Niña deve ser um pouco mais fraco que o anterior, e tudo indica que deve permanecer do final deste ano até, pelo menos, meados do próximo ano (ou mais). O último evento La Niña, ocorrido na safra de verão passada, teve um comportamento um pouco diferente do esperado, e a estiagem só se confirmou no extremo Sul do Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai. Antes deste, a outra ocorrência do fenômeno se deu na safra 2008/2009 e, provocou prejuízos significativos nas lavouras do centro-sul do Brasil, Paraguai e Argentina. “Já para as condições de El Niño, nosso clima é mais favorável para as safras agrícolas de verão do Sul do Brasil. O último El Niño foi registrado na safra 2009/2010 e anterior a esta, foi à safra de 2002/2003, as quais foram excelentes safras”, acrescenta Lazinski. Diante destes prognósticos, o meteorologista afirma que se pode esperar um bom início de safra de

Agrometeorologista e pesquisador da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha

verão, com chuvas mais frequentes, mas no decorrer do desenvolvimento das lavouras, a partir de novembro em diante, as boas chuvas do início desta safra, devem dar lugar a irregularidades na precipitação pluvial, com possibilidade de ficar abaixo da média. O agrometeorologista e pesquisador da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, salienta que o resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico já indicam que a condição é de La Niña. E que esse evento deverá permanecer ativo até o primeiro semestre de 2012. Cunha explica que o impacto de La Niña no clima mundial é menos conhecido do que do El Niño. Apesar de La Niña, geralmente, causar um impacto climático que é o inverso do que ocorre em anos de El Niño, não se pode ver La Niña como meramente o oposto do El Niño. De qualquer forma, frisa Cunha, em anos de La Niña a tendência é de redução de chuvas no Sul do Brasil, particularmente nos meses da primavera e início do verão. Sua atuação é mais forte, segundo o agrometeorologista, na metade Sul e na parte Oeste do Estado. Cunha destaca que é preciso entender que uma previsão de chuva abaixo do normal, na escala estacional, não significa necessariamente uma seca agronômica e, por consequência, uma antecipação de prejuízos na agricultura por quebra de safra. Ele detalha os diferentes conceitos de seca: seca meteorológica, que é quando chove menos quantidade e a normal; seca hidrológica, quando a precipitação pluvial é reduzida e isso afeta os mananciais hídricos, percebendo-se na diminuição de água nos açudes e na vazão e altura do nível

FOTO DIVULGAÇÃO

Meteorologista Renato Lazinski

dos rios; e ainda, a seca agronômica, quando de fato, a redução intensa da chuva também baixa a água armazenada no solo, causando déficit hídrico para os cultivos e ocasionando impactos negativos na agricultura. Por último, nessa escala, “quando os fenômenos são intensos, temos o que se pode chamar de seca social e econômica, que afeta, indistintamente e em particular, as regiões que tem a sua vida econômica muito dependente da atividade agrícola”, comenta Cunha. Portanto, não se pode confundir uma previsão de chuva abaixo do padrão climatológico normal com seca hidrológica ou agronômica e, muito menos, com desdobramentos sociais e econômicos, que acontecem em um estágio mais evoluído de uma situação de seca, realça Gilberto Cunha.

No momento, apesar da cautela que há que se ter com o uso dessa informação, o agrometeorologista, diz que a perspectiva é de que La Niña atue nessa primavera e começo do verão, provocando chuva dentro ou um pouco abaixo dos valores normais, implicando em uma seca em escala meteorológica e que, não necessariamente, isso virá se refletir em uma seca agronômica. Diante da tendência desse comportamento do fenômeno La Niña, Cunha diz que sempre há preocupação com a possibilidade de períodos de escassez de água e a economia deste recurso hídrico, no caso da agricultura, especialmente via a manutenção de água no solo, deve ser algo permanente, considerando-se os cultivos de verão no sul do Brasil, que, não raro, são afetados por períodos de estiagem. Para tanto, ele recomenda que os produtores busquem construir uma maior capacidade de armazenamento de água nos solos, via a adoção de práticas de manejo conservacionista, melhoria da estrutura física do solo, elevação da matéria orgânica e remoção de camadas de impedimento para as plantas aprofundarem as raízes, tanto físicas quanto químicas. Isso implica em adoção de estratégias de longo prazo, envolvendo, por exemplo, esquemas de rotação de culturas e cuidado no manejo de animais em solos também usados para cultivos anuais. No curto prazo, como medidas imediatistas, diante do risco de seca causado por La Niña, que não pode ser ignorados, recomenda-se deixar uma maior quantidade de palha em cobertura, para conservação de água, e a adoção de estratégias de minimização de risos, que envolvem o escalonamento do plantio e uso de cultivares com ciclos diferentes. O momento é de cautela, no caso dos cultivos de verão. Mas, por outro lado, o fenômeno La Niña define melhores condições para a colheita da safra de inverno que ainda está no campo, atenuando o impacto do excesso de chuvas em julho e agosto. O produtor de Passo Fundo Claudino Nadal fez o plantio de milho no mês de setembro, destinando 10 há ao cereal. Os outros 140 há vai cultivar com soja e o plantio inicia no final do mês. No ano passado, não plantou milho devido ao alto custo de produção e os preços em baixa. Ele diz que já escutou comentários a respeito do retorno do La Niña, mas disse que vai deixar nas mãos de Deus. “No ano passado todos falavam no fenômeno, mas não ocorreram problemas na região”, destaca.


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E. ORLANDO ROOS

Produtores conhecem novas cultivares de trigo em Dia de Campo

FOTOS MARA STEFFENS

Aproximadamente 400 pessoas receberam orientações e tiraram dúvidas sobre lançamentos de sementes para a próxima safra

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trigo foi tema de um Dia de Cam-

po promovido pela E. Orlando Roos, ontem (5), em Não-Me-Toque. Aproximadamente 400 agricultores estiveram no campo experimental da empresa, junto ao trevo de acesso ao município para conhecer o lançamento de várias cultivares. “O grande foco do evento é o encontro dos obtentores, que são os que trabalham com melhoramento genéticos, com os produtores, para que eles possam trocar experiências”, explicou o gerente técnico da empresa, Arlei Krüger. Cerca de 400 produtores tiveram acesso à novas cultivares de trigo Os participantes vieram de perto o desenvolvimento das sementes da Embrapa – O que mudou foi a intensidade de chuvas: em Fundação Pró-Sementes (BRS 327, BRS 331, BR junho, julho e agosto choveu acima da média dos 329, FPS Nitron e BRS 328), Fundacep (Fundacep últimos dez anos, mas as lavouras estão muito Bravo, Fundacep Triunfo e Fundacep Vigore), Bioboas, embora seja cedo para falar. O número de trigo Sementes (TBio Pioneiro, TBio Tibagi, TBIO cultivares pão estão aumentando cada vez mais, Itaipú, Tbio Iguaçú e TBio Seleto) e OR Semeno que mostra a tendência de termos produtos de tes (Ametista, Berilo, Turquesa e Topázio). Krüger qualidade sempre melhor para frente aos trigos destacou que o que se busca nos lançamentos argentino e paranaense que tem uma qualidade – alguns deles disponíveis imediatamente e ouindustrial muito boa. Eles se favorecem do clima, tros para safras futuras – é produtividade. “Está que é melhor que o nosso, mas principalmente se pensando muito em aumentar cada vez mais com a genética e nós estamos trabalhando forte a qualidade industrial do trigo, tendo em vista nisso”, reiterou, assinalando que em até três anos, também a nova normativa que aumentou o trigo os produtores da região poderão estar alcançanpão de 180 para 220W”, disse, informando que do a exigência de qualidade da nova normativa. no Brasil, 52% do grão é destinado à panificação, Arlei Krüger fez uma avaliação positiva do Dia 21% para uso doméstico, 16% para fazer massas de Campo. “Os produtores que participam são e 11% para produzir biscoitos, que seria o trigo muito interessados e os pesquisadores consebrando. guem ter uma ideia do que eles precisam. As O gerente observou também que o plantio tarempresas muitas vezes estão muito focadas no dio, embora dentro da época recomendada, não melhoramento e em momentos como este tem a deverá influenciar os resultados as safra. A exchance de ouvir quem planta o trigo. Os obtentopectativa de produção, na visão dele, são muito res vêm para ensinar sobre as cultivares, as dopositivas. “Dificilmente teremos colheita em outuenças e a qualidade industrial, mas aprendem bro. Toda ela estará concentrada em novembro. muito também”, concluiu.

Dia de Campo foi promovido pela E. Orlando Roos

Pesquisadores deram ênfase na qualidade industrial do produto


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AFTOSA

ecnologia Estado não pretende Qualidade na semeadura das culturas de verão Engenheiro Agrônomo Eduardo Copetti

Gerente de Desenvolvimento de Mercado/Produto Semeato S.A.

As semeadoras-adubadoras realizam o corte da palhada, a abertura de sulcos no solo, dosagem das sementes que serão distribuídas, colocação das sementes nos sulcos, cobertura das sementes depositadas, fixação da camada de solo em volta das sementes e aplicação, dosagem e incorporação dos fertilizantes. A máquina deve garantir uniformidade de distribuição em todas as linhas, colocar as sementes em profundidade uniforme e cobri-las com uma camada de terra. No sistema plantio direto a operacionalidade das semeadoras assume papel importante, uma vez que vários fatores afetam o estabelecimento da cultura, entre eles a profundidade de semeadura e a velocidade. Profundidade de semeadura A profundidade de semeadura deve ser adequada para que possa garantir a germinação e emergência das sementes de maneira uniforme. Maiores profundidades de colocação das sementes podem causar dificuldades de emergência das plantas devido ao maior consumo energético das reservas das sementes. Profundidades inferiores a 2,0 cm podem determinar dificuldades na germinação e emergência em situações de baixo teor de umidade no solo e também, devido ao menor contato da semente com o solo. A profundidade de colocação das sementes é um fator de difícil controle, especialmente em se tratando de Plantio Direto devido a presença da camada de palha na superfície do solo. O controle da profundidade de semeadura das culturas de verão é realizado através de rodas limitadoras de profundidade que são posicionadas junto ao sulcador da semente ou ligeiramente atrás dos mesmos. As rodas limitadoras também devem apresentar outros recursos como a regulagem de ângulo das mesmas. Os limitadores devem oferecer diferentes regulagens para possibilitar a realização do plantio nas mais variadas situações. FOTO DIVULGAÇÃO

retirar vacinação

Secretário de Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, afirmou que a manutenção da vacinação no Rio Grande do Sul é uma segurança para impedir registros de focos da doença

FOTO ROSA LIBERMAN

“O homem do campo, que tem na produção animal fonte

Rosa Liberman e Redação Carazinho rosa@diariodamanha.net

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udar o estatus de estado livre de aftosa com vacinação para sem vacinação, a exemplo de Santa Catarina, está fora de cogitação no Rio Grande do Sul, de acordo com o secretário Estadual de Agricultura, Luiz Fernando Mainardi. A medida era estudada no ano passado, o que poderia abrir novas portas para exportação. Segundo ele, no curto e médio prazo não se está buscando essa alteração. Para Mainardi, a imunização através da vacina é uma garantia, uma segurança a mais para que, na eventualidade de novos focos da febre aftosa possa se dar uma resposta rápida e eficaz como está ocorrendo, em virtude do foco registrado em uma propriedade no Paraguai, na divisa com o Rio Grande do Sul. “Não estamos discutindo a reti-

Produtor deve redobrar cuidados com os rebanhos

Secretário Estadual de Agricultura, Luiz Fernando Mainardi rada da vacina e ela vai continuar sendo efetuada, sem prazo para ser cancelada. Precisamos é criar condições para que o Rio Grande do Sul possa agir de maneira rápida e eficaz quando ocorrerem casos de aftosa, a exemplo do que está acontecendo, com o rebanho no Paraguai sendo sacrificado – medida mais segura para impedir a propagação da aftosa”, explica. Para Mainardi, o tema da aftosa é complexo e no momento, o necessário é fortalecer as defesas gaúchas. Para tanto, está previsto para em 2012 ser realizado um concurso público, visando ampliar e qualificar a defesa agropecuária, especialmente animal, para que a aftosa não seja registrada novamente no Estado.

de renda, precisa estar atento para toda a informação sobre as doenças que podem afetar os rebanhos. Passamos por um momento de alerta dentro das porteiras com gado de corte ou leiteiro, pois o surgimento da aftosa no país vizinho acende a luz amarela, nos campos gaúchos”, comenta o secretário da Agricultura de Chapada, Alcindo Rui Kohlrauch. O município, localizado na região do Alto Uruguai, tem um dos maiores rebanhos de gado leiteiro da região, com mais de 10 mil animais dentro de 913 propriedades rurais. Para o secretário, além de manter os testes normais os produtores devem redobrar os cuidados com o manejo e, a qualquer suspeita, comunicar as vigilâncias sanitárias, escritórios da Emater, veterinários que levam assistência técnica, e as secretarias de agricultura dos seus municípios. “Os donos de rebanhos não precisam entrar em pânico, pois o Rio Grande do Sul tem todo um sistema preventivo excelente a doenças, como a aftosa, que é a imunização pelas campanhas de vacinação. Segundo ele, no município os donos do rebanho leiteiro recebem, durante o ano, orientação sobre como manterem em dia a saúde dos animais. “Aqui (em Chapada) aquele que não busca a informação nós a levamos”, completa.

CARNE BOVINA

Exportações passam de 689 mil toneladas

As exportações brasileiras de carne bovina somaram 689,5 mil toneladas no acumulado de janeiro a setembro deste ano, volume 21% menor que em igual período de 2010, afetadas por restrições em alguns mercados importantes, aumento de custos e a turbulência nos países árabes. Apesar disso, as indústrias exportadoras no Brasil conseguiram manter praticamente estável o faturamento com as vendas externas, que atingiu US$ 3,56 bilhões no período, ante US$ 3,42 bilhões de janeiro a setembro do ano passado, mostraram dados da Abiec, entidade que reúne as empresas exportadoras de carne bovina. A estabilização da receita veio com o forte aumento de 30% do preço médio da tonelada da carne neste ano, para US$ 5,1 mils, ante US$3,9 mil na média

de janeiro a setembro do ano passado. O Brasil ainda sofre com restrições impostas por mercados importantes como Rússia e União Européia. Os russos retiraram várias unidades de processamento do Brasil da lista habilitada a vender ao país, após terem implementado novas exigências sobre o produto que compram.Em setembro, no entanto, houve uma recuperação das compras russas, já que importadores no país se antecipam ao período de congelamento dos portos no final do ano. O país foi o maior comprador da carne bovina brasileira no mês passado, com 20,2 mil toneladas, ante 12,1 mil toneladas em agosto e 24,1 mil toneladas em setembro de 2010. A Abiec ainda acredita em um retorno de bons volumes para mercado russo.


Sexta-feira, 7 de outubro de 2011

DIA DE CAMPO DA COTRIJAL

Ações integradas de manejo garantem resultados positivos FOTOS MARA STEFFENS

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ais de 350 produtores rurais associados da Cotrijal participaram, nos dias 4 e 5 de outubro, na Área Experimental do Parque de Exposições da Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, de dias de campo sobre culturas de inverno, comandados pelo coordenador Técnico do Departamento Técnico da Cotrijal (Detec), Fernando Martins. Através de quatro estações, a equipe do Detec procurou mostrar aos produtores que todas as atividades da propriedade estão dentro de um contexto global e que ações pontuais podem não render o melhor resultado. Segundo o coordenador técnico do Detec cada ação feita pelo produtor ou que ele deixa de fazer, vai desencadear um resultado diferente, esperado ou não. Por isso, é necessário pensar a atividade como um todo. “Não adianta, por exemplo, você aumentar o número de plantas por metro quadrado se não investir em outras tecnologias, como adubação diferenciada, manejo apurado de doenças, entre outros”,

Associados da Cotrijal puderam conferir orientações sobre cultivares de inverno

Não podemos pensar em ações isoladas, porque tudo faz parte de um contexto e de um planejamento da propriedade que vai desde o início do plantio até a sua colheita.

Durante dois dias, produtores associados da cooperativa receberam orientações técnicas sobre manejo para garantir a sustentabilidade das lavouras

alertou, acrescentando que um dos objetivos principais das atividades promovidas com os produtores foi demonstrar que a agricultura, cada vez mais, demanda de ações integradas

Giro Agrícola Engenheiro Agrônomo Cláudio Dóro ASCAR- Emater/RS

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stamos acostumados com a idéia de que, se pagarmos mais ou menos, conseguiremos algo mais ou menos, porém se quisermos o melhor temos que pagar bem. Atualmente aprender um ofício tem que ser como uma conversão religiosa, o aprendiz tem que acreditar naquela profissão e nos seus instrutores. O bom trabalhador rural deve ser bem remunerado, pois

para surtir efeitos positivos nas lavouras. “Não podemos pensar em ações isoladas, porque tudo faz parte de um contexto e de um planejamento da propriedade que vai desde o início do plantio até a sua colheita”. Ainda conforme Martins, as lavouras de trigo e cevada da região de atuação da Cotrijal estão, em geral, apresentando bom desenvolvimento e boas condições sanitárias, mas é preciso estar atento, a partir da floração, para a ocorrência da giberela. A doença acomete as espigas e pode causar grandes perdas se não tratada da forma adequada. Sua ocorrência é facilitada com altos volumes de chuva. As quatro estações apresentadas durante o dia de campo abordaram os seguintes temas: manejo de invasoras, características das cultivares de trigo e cevada, manejo de doenças em cereais de inverno e densidade de semeadura.

TRIGO

Produtor tem ferramentas para combater as doenças A previsão do tempo que pode ser acessada diariamente pela internet ajuda na prevenção da giberela. Já as micotoxinas podem causar perdas enormes na produtividade do cereal A tecnologia disponível hoje no mercado, e até mesmo dentro de casa, através da internet, pode ser uma das principais aliadas do produtor rural no controle de doenças nas lavouras de grãos. Segundo a pesquisadora da Embrapa Trigo de Passo Fundo, Casiane Tibola, na atualidade o homem do campo precisa acompanhar as previsões do tempo diariamente pelo uso da internet. “O sistema vem se tornando uma ferramenta indispensável em matéria de decisões, que podem prevenir problemas que surgem nas lavouras de grãos, pela adversidade climática, como por exemplo, a giberela no trigo. Os institutos, que prevêem se haverá chuva ou tempo seco, devem ser acessados pelos produtores porque assim eles podem aplicar preventivamente fungicidas quando há previsão de precipitações pluviométricas e temperaturas acima dos 25ºC”, explica a pesquisadora, que alerta para os perigos que representa o aparecimento de doenças que provocam as micotoxinas no trigo. Segundo a pesquisadora, existem vários outros métodos de controle dos fungos no trigo. “As primeiras medidas preventivas começam na escolha das cultivares e no plantio escalonado”, recomenda como fonte que pode reduzir os riscos das doenças fúngicas. Segue apontando, a ferramenta da utilização dos agrotóxicos corretos, no combate as doenças, como a giberala. Outro ponto importante, que o produtor

Chega de “Meia Boca” beneficia vastamente toda a sociedade, ele consegue produzir o máximo com o menor custo e sem agredir o meio ambiente e não precisa ninguém fiscalizá-lo para conferir se ficou bem feito, pois o fiscal severo está de prontidão dentro de si mesmo, e sempre executará sua tarefa com perfeição, mesmo se pagarmos miseravelmente, pois ele aprendeu que tem que fazer sempre da me-

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lhor maneira possível, pois ele incorporou a idéia da perfeição, porque sua felicidade é construída na busca da excelência. Empresas sem tradição de profissionalismo necessitam de exército de funcionários, que poderiam ser substituídos por profissional com sua própria fiscalização interior, pois neles o capricho e o esmero naquilo que fazem é uma religião, com poucos se-

deve levar em conta, é a análise das plantas doentes evitando misturar lotes contaminados, com micotoxinas, com os grãos sadios. Ao abordar comparativos Casiane lembra que, em 2009, o Rio Grande do Sul registrou um alto grau de doenças provocadas por fungos, mas no ano seguinte, em 2010, os índices reduziram em cinco vezes. “Tudo tem relação direta com o clima e este ano está ocorrendo chuvas com dias quentes e isto é perigoso para o trigo”, comenta a pesquisadora. Conforme ela, a incidência de doenças nas lavouras não pode trazer pânico, pois o Brasil tem índices de doenças no trigo, que acompanham os números registrados em outros países. “É claro que o descontrole traz perdas que podem comprometer 15% da produtividade ou até mesmo perdas totais, em áreas contaminadas. Sempre que tiver dúvidas os produtores rurais devem procurar assistência especializada em cooperativas ou escritórios técnicos”, orienta Casiane. Informações o produtor pode buscar pelo SISALERT acessando WWW.cnpt.embrapa.br . De acordo com o técnico agrícola da Cooperativa dos Agricultores de Chapada, Renato Koch, este é o momento em que o triticultor não pode relaxar. “Ao menor sinal das doenças provocadas por fungos, que podem desencadear micotoxinas, o produtor de trigo tem que agir com aplicação de controle químico”, alerta Koch. Segundo ele, o monitoramento deve ser diário, pois as perdas pelo descuido podem der elevadas, numa lavoura com plantas doentes. “Falta pouco para se iniciar a colheita do cereal, que tem bom potencial de produtividade, inclusive podendo repetir as mesmas quantias retiradas das lavouras na safra passada, que foi na casa das 50 sacas por hectare”, completou.

guidores. Um bom profissional é o resultado de muito esforço para lapidá-lo, e isso leva tempo, custa dinheiro e precisa da combinação harmônica entre aprender o gesto profissional, desenvolver a inteligência e praticar com amor. Sobrevive hoje, tratorista que planta sem deixar falhas, cirurgião que faz uma sutura perfeita, advogado que faz uma petição bem lavrada, etc... no mundo globalizado em que vivemos e de alta competitividade, tudo funciona melhor em uma sociedade que domina o profissionalismo de sua força de trabalho; não tendo mais espaço para trabalhador tipo “meia boca”.


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Sexta-feira, 7 de outubro de 2011

CANOLA

Bactéria não prejudica

qualidade do produto Pesquisador da Embrapa Trigo, Gilberto Tomm, acredita que a produtividade da oleaginosa seja reduzida em 30%, em decorrência da doença

FOTO GILBERTO TOMM

CEVADA

Investimentos na cultura prometem boa safra Variedades que estão disponíveis têm alto potencial, o que encoraja o produtor a investir mais e apostar em bons resultados Priscila Devens pridevens@gmail.com

Priscila Devens pridevens@gmail.com

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combinação de condições climáticas adversas, como o excesso de chuva observado entre os meses de maio a agosto e a redução de insolação foram responsáveis pela proliferação da bactéria Xanthomonas, causando a doença conhecida como podridão negra Aspecto visual de uma mancha causada pela doença pode ser impactante, enquandas crucíferas nas lavouras de canola, devido à to na verdade os prejuízos se referem apenas a produtividade e não a qualidade do grande quantidade de água livre sobre as folhas, produto facilita a penetração da bactéria. De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, espedade e não a qualidade do produto”, garante Tomm. Ele cialista em Canola, Gilberto Tomm, esta doença é bastanalerta que esta é uma situação excepcional, lembrando te comum em hortas e nas lavouras de canola dos outros que em 20 anos de observações à cultura, esta é a prianos. Porém, a grande umidade e a falta de luz debilimeira vez que a bactéria está causando algum impacto. taram a planta, que não teve as condições necessárias Além disso, o pesquisador explica que possivelmente no para crescer, favorecendo a disseminação da bactéria próximo ano a bactéria não se desenvolvá nestas proque se desenvolveu intensamente. Ele salienta que o cliporções. ma prejudicou a oleaginosa mais do que a bactéria, mas Conforme o engenheiro agrônomo, Fábio Junior Benin, as duas não estão separadas. coordenador do Departamento de Fomento da BSBIOS, Segundo Tomm, entre maio e agosto, 378 mm de precios impactos da bacteriose só poderão ser observados pitação foram registrados a mais do que o normal para a após a colheita. “Mas, o que a gente percebe no campo época. “A média é de 580 mm e na região de Passo Fundo é que existem lavouras que realmente tiveram probletivemos 958 mm. Além disso, a umidade apresentou índimas, com redução de produtividade, e existem outras, ces 5% maiores do que o comum, bem como as horas de basicamente cultivadas na mesma região, com poteninsolação foram reduzidas em 6%”, indica ele, acrescenciais semelhantes aos do ano passado”, esclarece. tando que ao invés de se ter 659 horas luz para a planta, Para uma prevenção, o agricultor deve adquirir somense teve 617 horas. te sementes com sanidade comprovada, pois a doença é Ele acredita que os efeitos do clima e da bactéria cautransmitida pelas sementes. Ainda, não se deve fazer rosarão uma redução de 30% no rendimento da cultura, que tação com culturas brassicáceas, como nabo forrageiro, iniciou seu processo de colheita no Estado nesta semana. couve, repolho, entre outras, ou seja, deve-se alternar as “É importante destacar que o aspecto visual de uma mangramíneas com as brassicáceas. “Trocando as famílias cha causada pela doença pode ser impactante, enquandas plantas, a lavoura não será hospedeira das mesmas to na verdade os prejuízos se referem apenas à produtividoenças”, informa Tomm. Produção ainda é pequena para o fomento da indústria de biodiesel Conforme Benin, a canola recebida pela empresa é estocada, pois não existe volume de produção capaz de fomentar a demanda do combustível. “Atualmente, 100% da nossa produção utiliza a soja como matéria-prima. Por ano, são produzidos 120 milhões de litros de biodiesel, gerando uma demanda de 2.500 toneladas de soja”, afirma, lembrando que se a empresa utilizasse a canola recebida abasteceria a indústria por apenas quatro ou cinco dias. Benin observa que irão direcionar a canola para a produção de biodiesel somente quando o volume for suficiente. “O objetivo da empresa é estimular a produção e o aumento da área de cultivo e, automaticamente, a disponibilidade de grãos, para que nós tenhamos condições de uso”, salienta. Segundo o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar Regional de Passo Fundo, Cláudio Dóro, a cultura está ocupando 18 mil hectares na região, mas tende a crescer justamente devido a sua importância econômica com a chegada de indústrias que processam o grão para a fabricação de óleo comestível ou de biodiesel.

Com a chegada do final do ciclo da cevada, produtores estão torcendo para que os próximos meses sigam com clima estável, com bastante luminosidade e chuvas na medida certa. Os 30 mil hectares da cultura no Estado serão colhidos no final deste mês e, segundo o pesquisador da Embrapa Trigo, Euclydes Minella, a expectativa para a produtividade é de três toneladas por hectare, devido às novas cultivares que estão sendo implantadas. “O clima é o maior inimigo da produção, mas as variedades que estão disponíveis têm alto potencial, o que encoraja o produtor a investir mais e apostar em bons resultados”, explica ele. De acordo com o pesquisador, a cultura está presente principalmente nas pequenas propriedades, sendo que grandes produtores também não cultivam áreas extensas de cevada, levando em conta que é mais vantajoso apostar em diversas culturas. A comercialização no Brasil é especificamente para fins cervejeiros, sendo que o mais importante é a liquidez da produção. “No Brasil, após terminar a colheita os produtores entregam a cevada para a indústria e não precisam mais se preocupar com a conservação do produto, o que não ocorre com outras culturas, por exemplo”, confirma Minella. Os custos são, aproximadamente, R$ 800 por hectare, com um bom investimento, e produção de três toneladas. “Desta forma, o produtor vai colher pelo menos o dobro em receita”, indica. Ele ressalta que esta é uma alternativa de inverno interessante, pois tem um sistema reticular um pouco diferente do trigo, além de ser mais precoce e sair antes da lavoura. “Porque quem planta soja quer semear na melhor época, então quanto antes melhor. Em geral, mantidas as proporções, uma lavoura de soja acaba tendo mais potencial em cima de uma de cevada”, comenta. O clima dos últimos meses favoreceu a lavoura de cevada, com bastante chuva e frio. “Este ano houve certo atraso, demorou mais para espigar em função das baixas temperaturas, e quanto mais demorada esta parte vegetativa, antes de florescer, em geral a planta tem mais tempo para potencializar a produtividade, aumentando o seu rendimento”, destaca. Mercado em alta É sempre mais vantajoso comercializar a cevada para a indústria cervejeira e, como salienta Minella, o mercado está favorável, pois a Companhia de Bebidas das Américas (Ambev), em Passo Fundo, absorve a produção. “E, este ano em especial, o preço do milho estando bom se consegue um excelente comércio para aquela cevada que não atinge um padrão cervejeiro, por alguma razão, e pode ser vendida como matéria-prima da ração animal”, observa o pesquisador. A região tem alto potencial de expansão desta área, conforme Minella, especialmente pela maltaria que será instalada em Passo Fundo, e que iniciará a construção em breve. “Certamente absorverá grande parte da produção, e poderíamos quadruplicar a área. A indústria aqui vai valorizar o produto, pois hoje temos que levar a Porto Alegre com custos em logística. E, sendo local, o produtor acabará incorporando o valor do frete”, complementa ele.


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