Os Guerreiros do Universo e o abalo de Urano

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Os Guerreiros do Universo e o Abalo de Urano



Anderson Vitorello

Os Guerreiros do Universo e o Abalo de Urano

4ยบ C Sรฃo Paulo, 2013

Capa




Copyright © 2013 by Anderson J. Vitorello

Coordenação Editorial Diagramação Capa Preparação Revisão

Equipe Novo Século Schäffer Editorial Monalisa Morato Richard Sanches Marina Pastore

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo no 54, de 1995)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Vitorello, Anderson J. Os guerreiros do universo e o abalo de Urano / Anderson J. Vitorello. -- Barueri, SP : Novo Século Editora, 2013. -- (Coleção novos talentos da literatura brasileira) 1. Ficção brasileira I. Título. II. Série. 13-00687

cdd-869.93

Índices para catálogo sistemático: 1. Ficção: Literatura brasileira 869.93

2013 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À NOVO SÉCULO EDITORA LTDA. CEA – Centro Empresarial Araguaia II Alameda Araguaia, 2190 – 11o andar Bloco A – Conjunto 1111 CEP 06455-000 – Alphaville Industrial – SP Tel. (11) 3699-7107 – Fax (11) 2321-5099 www.novoseculo.com.br atendimento@novoseculo.com.br



O Guerreiro luta atĂŠ vencer


Dedico este livro a todas as pessoas que, independentemente da idade, ainda desfrutam da criança que têm dentro de si. A todos que cultivam, com amor e alegria, um sonho dentro do coração. E também a muitos autores que, pela excelência de suas obras, contribuíram para minha evolução em várias áreas da vida e abasteceram-me com fé e persistência sem igual para seguir realizando os sonhos que tenho em meu coração. Este guerreiro aqui está elevando sua energia até o infinito por causa das palavras escritas por vocês.

Sigam em frente até conseguirem, guerreiros, pois, quando chega a hora certa, a vitória é infalível. Há algo acima de nós, neste universo, que trabalha com perfeição. Anderson J. Vitorello Porto Ferreira, maio de 2012



Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus por me trazer inspiração, por dotar-me de criatividade para que essa obra se tornasse realidade e por me dar a oportunidade de ser feliz trabalhando com aquilo que amo, neste momento mágico de minha vida. Agradeço também à minha mãe, Maria de Lourdes, e ao meu pai, José Alciro, por me darem amor e carinho desde minha infância e me motivarem a me tornar um homem inteligente. Também agradeço a minha irmã, Amanda Vitorello, e a meus amigos por todos os momentos de diversão e aventuras que passamos juntos, os quais contribuíram para escrever parte da história de minha vida. Aos mestres e professores que passaram diretamente, indiretamente pela minha vida, uns ajudando a me dotar de sabedoria específica e outros a me tornar um homem amoroso, honesto, tranquilo, firme, alegre e entusiasmado. A meu amigo e professor, Leandro Pereira, pelo aprendizado de Kung-Fu e por ser uma das pessoas que me encaminhou para um modo mais positivo de pensar. Aos meus amigos Cirillo e Letícia, do Cicalê Arte, pela dedicação e satisfação ao fazer os desenhos dos personagens, que ficaram incríveis. À minha amiga Marília Mondin Thomaz Verechia, pela paciência e determinação ao revisar esta obra e pela amizade conquistada logo no primeiro dia em que lhe entreguei o manuscrito. Aprecio muito sua inteligência e cultura. À Zezé, da Vitória Livros, pela motivação e pelas dicas e referências para me ajudar a publicar este livro. A mistura da contribuição de todos ajudou a constituir o estilo de escrever de Anderson José Vitorello, o estilo de “Os Guerreiros do Universo”. E, finalmente, agradeço às empresas e comércios de Porto Ferreira pela ajuda com os patrocínios, que possibilitaram a publicação dessa obra, incentivando a cultura, a leitura e a criação de novas oportunidades que surgirão daqui. Todos vocês me inspiraram a dar vida a este trabalho fantástico, que fiz com tanto amor e prazer. Conquisto o início de minha carreira de autor e realizo um sonho que, acredito com muita fé no coração, beneficiará os leitores com um trabalho de alta qualidade, rico em conteúdo e criatividade. Estimado leitor, agradeço-lhe por dar crédito a esta obra. Muito obrigado!



Prólogo Enquanto o sr. Kiraua, Sakura e Kem fechavam os olhos, o forma-forma se transformava em duas orelhas, já que tinha de prestar mais atenção nas palavras de Raldot. Então Raldot finalmente pronunciou a profecia de Ganimedes: – “O imperador do Mal deseja conquistar. O discípulo se voltará contra o mestre e reunirá forças para atacar. A estrela Sol é um dos pontos da Via Láctea a ser conquistado. Os dias de guerra estão se aproximando. Uma violenta batalha entre os Guerreiros do Universo deixará uma marca na História. Os guerreiros mais fortes surgirão, e aqueles que não estiverem preparados serão aniquilados. Os poderes das estrelas serão cobiçados. Uma luta entre o Bem e o Mal se aproxima”. Após ouvirem a profecia, todos ficaram arrepiados. Durante alguns segundos, os três mantiveram os olhos fechados, antes de abri-los novamente e verem a face séria de Raldot. – Nossos dias de paz estão chegando ao fim – disse Raldot, com uma voz mais amena, e abaixando a cabeça em seguida, o que fez com que sua cartola preta caísse no chão. O sr. Kiraua olhou para ela e abaixou-se para pegá-la. Quando se levantou para entregar a cartola a Raldot, disse: – O nível de energia do mestre Chun está além de nossa imaginação. – Raldot então pegou a cartola e ajeitou-a em sua cabeça com ambas as mãos, enquanto o Kiraua continuava a falar. – Eu não acredito que algum de seus discípulos poderia contra ele.



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A transformação Era um belo dia no planeta Urano, o sétimo planeta do Sistema Solar. Os habitantes andavam tranquilamente pela rua; o céu estava agradável, com um tom azul-claro típico daquele planeta. O vento batia suavemente nos rostos da população uraniana, que podia contemplar o Sol ao longe, muito longe. Enormes montanhas alaranjadas e riachos verde-água cercavam uma pequena vila, tranquila. Uma atmosfera de sossego se fazia perceptível. As construções eram modernas, apesar de aquele local ser afastado da capital. O suave barulho dos riachos foi interrompido pelo de passos que se aproximavam com velocidade. Neste instante, o sorriso se estampou no rosto de uma bela jovem e trouxe um ar alegre àquela cena. – Kem! Kem! Aqui, Kem. A jovem acenava com a mão e continuava gritando para chamar a atenção. Tinha cabelos castanhos, olhos verdes e lábios sensíveis, que refletiam a luz do sol enquanto ela corria. Era dotada de um corpo muito bonito e em boa forma, realçado pela roupa que vestia: uma blusa decotada e uma calça, ambas verdes-azuladas e coladas ao corpo, emoldurando sua natureza. Eram roupas resistentes e especiais, com um símbolo dourado no lado esquerdo do peito, usadas apenas por pilotos. Também usava botas da mesma cor do uniforme e, como pingente, uma réplica em miniatura e na cor azul-claro do planeta Urano, que podia ser vista logo abaixo de seu pescoço. Ela se aproximava mais e mais e, às suas costas, via-se o céu naquele tom azul-claro e as montanhas alaranjadas, enquanto corria. – Kem! – gritava a jovem com entusiasmo. – Kem, estou falando com você, não está me ouvindo? – ela continuava a gritar alegremente, rindo muito, muito alto enquanto se aproximava. O clima então começou a mudar naquele local. As árvores avermelhadas e as pequenas plantas azuis ao redor começaram a estremecer e vibrar com a repentina ventania, que se tornava mais intensa. E a jovem, aos poucos, ia diminuindo a velocidade dos passos. – Você parece uma estátua, surda e muda, plantada aí! Tenho boas-novas, Kem! – exclamou a jovem, que lentamente foi mudando sua expressão facial e ficando mais séria.

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O chão começou a tremer. A poeira se espalhou na ventania, e algumas pedras de tamanho médio começaram a se erguer do chão e flutuar no ar. A jovem passou a manter o seu olhar fixo no rapaz loiro à sua frente, a apenas alguns metros. Tinha uma estatura média e estava com as mãos e os olhos fechados, parado, sem o menor sinal de movimento. Vestia uma camiseta vermelha e uma calça azul e estava descalço, com os cabelos rebeldes caindo até a altura do pescoço. A jovem agora o observava em silêncio, séria, inerte. O vento e os tremores de terra aumentavam cada vez mais. O jovem parecia estar em profundo estado de concentração, e seu corpo começou a ser envolto por uma energia de cor alaranjada, bem clara. – Meu Deus! – disse a jovem num sussurro para si mesma, enquanto olhava com os olhos arregalados para o jovem loiro. De repente, um vulto de energia no formato do planeta Urano começou a piscar e aparecer lentamente atrás daquele rapaz, que continuava com as mãos e os olhos fechados, imóvel. A imagem do planeta Urano, que estava quase invisível, agora ficava mais forte e brilhante, aparentando ter uns dez metros de altura. A energia fluía incessantemente pelo corpo dele, que a sentia intensamente. Cada pelo do seu corpo vibrava, seus cabelos loiros se moviam e se espalhavam, e, conjuntamente, todas as suas células mantinham a mesma harmonia. De repente, ouviu-se a voz: – Sakura! Saia daqui imediatamente! – disse o jovem loiro num tom de voz calmo, porém mantendo ainda seus olhos fechados. A menina, que estava fixando seu olhar no rosto dele, viu novamente seus lábios se mexerem: – Sakura, é perigoso, vá – disse ele, ainda em um tom muito calmo. A jovem Sakura, que estava prestes a lhe contar uma grande novidade, ficou confusa com o que estava ocorrendo, mas ainda permaneceu ali, olhando para Kem. E a natureza ao redor parecia mostrar sua fúria: o vento soprava mais, a terra tremia mais, mais pedras flutuavam no ar. O vulto do planeta Urano brilhava incessantemente num tom azul, e a energia laranja-clara que circundava o corpo de Kem parecia estar mais forte. Ruídos parecidos com algo eletromagnético pairavam agora no ar ao redor de seu corpo. – Sakuraaaa! – gritou Kem, desta vez num tom de voz mais firme e autoritário. – Está bem, acho que já entendi. Tudo bem – disse Sakura, baixinho, para si mesma. Por um instante, Sakura pensou no que poderia estar acontecendo com Kem. Fechou os olhos, virou-se repentinamente, abriu-os e, com expressão séria, saiu correndo no mesmo instante em direção ao caminho por onde viera. Sakura afastou-se uns cem metros e parou. Ficou observando Kem ao longe, tentando entender o que estava acontecendo. Ouvia os ruídos dos tremores de terra e aquele som eletromagnético, sentia o vento soprar com fúria em sua face, via as

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pedras se levantarem e agora mantinha os olhos fixos no vulto do planeta Urano, que brilhava vivamente. Foi nesse instante que toda a fúria da natureza ao redor aumentou em intensidade novamente, fazendo com que Sakura se agarrasse a uma árvore que estava próxima para se proteger. Ela fechou os olhos fortemente, segurando firme no tronco vermelho da árvore. Enquanto ouvia o vento e os tremores, algumas pedras batiam na árvore, os cabelos de Sakura esvoaçavam por toda parte, juntamente com seu pingente, e seus dedos começaram a deslizar. Até mesmo algumas aves de cor verde que estavam sobrevoando ao longe o pico de uma montanha podiam ver o que estava ocorrendo lá embaixo. Foi então que se ouviu um grito muito alto e autoritário: – Agora eu sou... – gritava Kem. Parecia que a energia do corpo de Kem estava prestes a explodir. Sakura não resistiu, desprendendo-se da árvore e caindo sentada no chão. Tentando se agarrar ao solo como podia, Sakura lentamente olhou para frente, fazendo força com a cabeça, resistindo ao vento, e fixou seu olhar na direção de Kem, que continuava gritando: – ... um Guerreiroooo! – Kem olhou para o horizonte e abriu os olhos. – Eu sou um Guerreiro do Universooooo! – e a energia laranja-clara pareceu explodir, emanando um clarão juntamente com um ruído estarrecedor, aumentando seu tamanho em umas dez vezes. As aves verdes que estavam lá no alto da montanha ficaram cegas por alguns instantes com o brilho extraordinário, batendo umas nas outras e caindo nas pedras da montanha, ainda vivas. Tudo se aquietou repentinamente. A energia laranja-clara ao redor do corpo de Kem voltou ao volume anterior, e o vulto do planeta Urano começou a desaparecer lentamente, até sumir por completo. A energia continuava a circular por seu corpo, e os lábios do jovem se moveram até se transformarem num sorriso orgulhoso e confiante, estampado em sua face. – Sakura – disse Kem, agora com expressão mais séria. – Onde está Sakura? – Olhou para o lado e viu algo caído ao longe. Começou a correr em direção a Sakura, aproximando-se cada vez mais. A energia laranja desapareceu de seu corpo. – Sakuraaaa! – gritou ele, quando estava bem próximo. Fixou seus olhos na jovem, como se só existisse ela ao redor. Deu alguns passos, abaixou-se e segurou a mão dela, que estava deitada de lado. – Tudo bem com você, Sakura? – perguntou Kem com uma voz doce e preocupada. Sakura apertou sua mão e abriu os olhos; estava consciente. Ela olhou para a face de Kem, dizendo numa voz baixinha e suave: – Sim, está tudo bem, meu amor – Kem colocou um braço debaixo das costas de Sakura, o outro debaixo dos joelhos e ergueu-a. Enquanto a carregava, andando para outro lugar, Kem a via fechando lentamente os olhos, parecendo muito cansada. – O que foi aquilo, Kem? – perguntou ela, alguns instantes antes de adormecer.

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– Eu conto para você mais tarde. Agora precisamos descansar um pouco. – E continuou andando. No dia seguinte, tudo estava calmo como sempre na vila onde Kem e Sakura moravam juntos, já que eram casados. Não houve entardecer e muito menos o amanhecer, porque o planeta Urano, muito diferente do planeta Terra, leva aproximadamente quarenta e dois anos para escurecer e mais quarenta e dois para ficar iluminado de novo, em cada lado do planeta. Sakura e Kem moravam na parte do planeta que estava iluminada naqueles anos. O dia anterior tinha passado muito rápido, mais rápido também do que no planeta Terra, por que o dia no planeta Urano tinha dezessete horas e catorze minutos. A casa de Kem era azul, muito bonita, num formato que lembrava uma pirâmide. Plantas rasteiras azuis circundavam sua casa juntamente com algumas plantas mais altas e algumas árvores, formando uma espécie de jardim. A porta de entrada da casa parecia não existir, mas havia em seu lugar um quadrado azul-escuro do tamanho de uma mão aberta, visível a um metro do chão, na parede da casa, que era feita de metal. Sakura parou em frente à casa. Estava vestindo aquela roupa verde-azulada. – Será que Kem já saiu? Eu ainda não contei a ele... – E, ao colocar sua mão direita sobre o quadrado azul-escuro, fez aparecer um portal bem na sua frente, como se parte da parede tivesse desintegrado. Uma energia azul, que emanava do portal, separava o lado de fora do lado de dentro da casa. Sakura passou pelo portal e a parede voltou a se fechar, ficando firme como antes. Uma grande sala, toda azul e decorada com objetos de formas geométricas perfeitas, estava ao seu redor. Sakura começou a atravessar a sala e percorrer a casa. Em cada cômodo em que entrava, as luzes, que saíam das próprias paredes e do teto, acendiam instantaneamente. – Kem, você está aí? – E continuava andando. O barulho de seus passos podia ser ouvido pelos corredores da casa. Quando chegou ao seu quarto, Sakura o adentrou da mesma forma como fizera fora da casa. O portal se abriu. Ela ouviu um barulho vindo de dentro, parecido com um assovio. Hesitou durante alguns segundos antes de entrar no quarto. A luz se acendeu. Sakura entrou e... – Ronc, fiu, ronc, fiiiiuu – Kem roncava e assoviava tranquilamente, deitado em sua cama. – Seu preguiçooosooo, ainda está dormindo! – berrou Sakura, com uma voz aguda e irritante. Os tímpanos de Kem pareciam bexigas ao serem estouradas por agulhas bem finas. Kem levantou de um pulo, com os olhos arregalados, e começou a gritar. – Invasão! Invasão! Estamos sendo atacados! Cuidado! Invasão! – Kem parou de repente e olhou ao redor. Estava em seu quarto e em cima de sua cama; a luz estava acesa. Foi virando a cabeça lentamente para frente e viu Sakura parada, olhando para ele com a cara séria e com os braços cruzados.

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– Sakura? Não estamos sendo atacados? – perguntou Kem, parecendo um bobo falando. Sakura virou os olhos para o alto, balançando a cabeça, como se o estivesse chamando de bobo. – Puxa vida! Que alívio! Você me assustou, Sakura – disse Kem, num tom mais alegre. – Hu! – ofegou Sakura. – Pensei que você já havia ido treinar. – Não vou treinar hoje. Gastei muita energia ontem – Kem começou a sair da cama. Estava vestindo sua roupa de baixo azul-esverdeada. Aparentava ter uma ótima forma física, pois treinava muito, tinha a musculatura bem definida e pesava cerca de setenta quilos. Kem calçou os chinelos azuis, esticou seus braços para o alto, espreguiçando-se, e bocejou bem alto. Desceu da cama e caminhou até Sakura, que foi desamarrando a cara quando ele chegou mais perto. Sakura, olhou para Kem, agora com uma face mais amigável. – O que está acontecendo, Kem? Você nunca dorme até essa hora, e eu já estou voltando para a segunda refeição. – Kem arregalou os olhos. Os habitantes do planeta Urano faziam duas refeições diárias, uma em torno das oito horas, após acordar, e a outra às dezesseis horas, pouco antes de dormir. – Acho que dormi um pouco a mais – disse Kem, esboçando uma risadinha sem graça. – Seu pai vem fazer a segunda refeição conosco hoje, não se lembra, Kem? E você disse que iria buscá-lo, hãããã... – Sakura olhou para um relógio que parecia fazer parte de sua própria blusa, no pulso – ...agora. – Puxa vida! Sorte que você me acordou, Sakura. Kem vestiu rapidamente uma roupa toda azul-clara, da mesma cor de seus sapatos, e, quando já estava saindo, disse: – Tenho algo importante para lhe dizer, quando voltar com meu pai. – Sakura olhou-o ao atravessar a porta. – Eu tam... bém... – disse Sakura, com uma voz baixinha, ao ver Kem fazer um aceno com a mão e ouvir seus passos desaparecerem lentamente até o elevador. O elevador ficava no centro da casa, que tinha três andares. Kem parou em frente ao elevador de formato cilíndrico, de metal, igual à casa. Estava no primeiro andar, seu lar propriamente dito. Entrou no elevador e começou a subir, passando agora pelo segundo andar, que era um lugar exclusivo para treinamentos. Havia vários equipamentos e um grande espaço, mas estava um pouco destruído devido aos treinos intensos que Kem havia feito nos últimos dias. No terceiro andar, o elevador parou, fazendo um ruído suave. Era a garagem. Kem desceu do elevador e olhou para sua nave, novo modelo, azul-claro. Tinha um formato triangular e uns dois metros de altura. Kem tocou-a com sua mão esquerda. – Abra! – A nave saiu do chão e ficou flutuando a uns dois metros de altura. Kem colocou-se embaixo dela e uma luz de energia azul, em formato cilíndrico, projetou-se até o chão, envolvendo o seu corpo. Kem foi lentamente subindo, sendo puxado por essa luz, passando por uma abertura no chão da nave, até adentrá-la

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completamente. “Zuuuum”, a abertura se fechou sob seus pés, e a luz desapareceu com um breve ruído. A nave era quase toda branca por dentro, com cinco assentos azul-claros na cor da nave e um bom espaço interior. Kem olhou para o único assento da primeira fileira, caminhou até lá e sentou-se. Era o lugar do piloto. Atrás dele havia duas fileiras com dois assentos cada. – Iniciar comandos. – E, ao dizer isso, uma imagem holográfica no formato de um quadrado de um metro surgiu bem à sua frente, fazendo um ruído baixo de “zuuuum”. No mesmo instante, todas as paredes da nave desapareceram da vista de Kem, exibindo tudo ao redor que estava do lado de fora. Somente quem estava dentro da nave a via dessa forma, pois quem estava do lado de fora via apenas uma nave azul. – Piloto Kem no comando! – Um mapa do planeta Urano surgiu na imagem holográfica. – Guia K74Z ao seu dispor – anunciou uma voz eletrônica para Kem. Era o guia do mapa mais atualizado do planeta Urano. – Liberar comandos! – disse Kem, após tocar com sua palma direita um quadrado vermelho no painel de comando à sua frente. – DNA verificado! Voz verificada! Piloto Kem identificado! Comandos liberados! – O Guia K74Z se pronunciou ao liberar o comando da nave para Kem. O quadrado vermelho agora se tornara azul. Kem olhou para frente. – Ponto 526, região oeste – Kem falou antes de aparecer a rota de sua casa até a casa de seu pai, no mapa à sua frente. – Ponto reconhecido! Iniciando percurso! Nave em movimento! A nave começou a subir e, quando estava prestes a tocar o teto da casa, aquele teto em formato piramidal abriu passagem no mesmo instante, desintegrando-se rapidamente. Quando a nave já estava completamente fora da casa, o teto se fechou novamente, num instante. – Esse novo guia é muito bom, não gosto do piloto manual tanto quanto Sakura gosta. – As naves que tinham Guias instalados faziam o percurso no piloto automático. Porém, caso o piloto desejasse ir a um ponto do planeta que não era reconhecido pelo Guia, poderia pilotar a nave manualmente. Kem morava na região leste. Urano era dividido em quatro regiões: norte, sul, leste e oeste. Cada uma delas possuía divisões chamadas de pontos. A distância entre a casa de Kem e a casa de seu pai era grande. O planeta Urano é quatro vezes maior do que o planeta Terra, aproximadamente. Apesar da distância, Kem chegou à casa de seu pai rapidamente, pois a tecnologia dos uranianos era uma das mais avançadas do Sistema Solar. Kem aterrissou com sua nave na garagem da casa do pai, que era prateada e de metal, também em formato piramidal. Entrou no elevador e começou a descer. O elevador parou no primeiro andar e a porta se abriu. Os ouvidos de Kem se aguçaram para escutar o que uma voz estranha conversava com seu pai, a alguma distância:

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– Acho que hoje foi melhor! – É, você está progredindo! Porém, ainda precisa treinar muito para alcançar o nível de Kem. Você sabe, ele está quase conseguindo atingir o nível de energia laranja, o nível 2. – Ao ouvir isso, Kem estampou um sorriso orgulhoso em sua face. – Realmente, senhor Kiraua, o Kem é muito forte! Ouviam-se os passos de Kem caminhando até eles. Chegou até a sala de estar e parou. – Olá, papai! – Kem exibia um largo sorriso na face, enquanto olhava para seu pai e para o jovem desconhecido a seu lado, sentados numa espécie de sofá. Seu pai respondeu com um sorriso. O jovem fez cara de admiração. – Olá, filho! Estávamos esperando você chegar. – O pai de Kem se levantou, e o jovem também. O pai de Kem se chamava Kiraua e era muito parecido com seu filho no aspecto físico. Só era um pouco mais magro por causa da idade. Tinha um cabelo azul-acinzentado bem curto e arrepiado, da mesma cor de seu aparado bigode e sobrancelhas. Seus olhos eram azul-claros. Estava vestindo uma camiseta branca e uma calça marrom que combinava com os sapatos. O jovem, que estava ao seu lado e era alguns centímetros mais alto, tinha cabelo azul-prateado, também curto, e sobrancelhas da mesma cor. Estava usando uma camiseta verde-clara, da cor de suas botas, e uma calça azul-clara, da cor de seus olhos. – Kem, esse é Klaus! Klaus, esse é meu filho Kem! – exclamou o pai de Kem quando apresentou um ao outro. Kem apertou a mão de Klaus, olhando-o com um sorriso, enquanto o jovem olhava-o com admiração. – Muito prazer, Klaus! – O prazer é meu, senhor Kem! – Pode me chamar de Kem. – Kem soltou sua mão. – OK, Kem! – O jovem Klaus ficou muito feliz por conhecer Kem. – Kem, Klaus é meu aluno. Tenho orgulho de dizer que é um dos melhores, senão o melhor. Estávamos treinando até agora há pouco, antes de você chegar. Ele está progredindo muito! – O rosto de Klaus se corou ao ouvir os elogios do sr. Kiraua na frente de Kem. – Você tem um ótimo professor, Klaus. Meu pai foi aluno do mestre Chun! – A face de Kem estava mais séria agora. – Mestre Chun? – perguntou Klaus. O sr. Kiraua se adiantou na frente dos dois, caminhando. – Meus jovens, precisamos ir agora! Depois falaremos sobre isso. – Kem e Klaus concordaram num gesto com a cabeça. Os três subiram pelo elevador e entraram na nave de Kem. – Papai! – disse Kem ao se sentar, e continuou: – Tenho algo muito especial para dizer. – Diga, filho. – A face do sr. Kiraua encheu-se de surpresa.

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– Ponto vinte, região leste – disse Kem ao Guia da nave. – Ah, é isso? Mas o que há de especial no ponto vinte? – disse o sr. Kiraua. – Não, papai! Estou informando ao Guia da nave a localização de onde moro! – O rosto do sr. Kiraua se avermelhou enquanto ele pedia desculpas pela pergunta idiota. O teto da casa se fechou, e a nave agora estava a caminho da casa de Kem. – Contarei quando estivermos junto de Sakura. Quero fazer uma surpresa. – O ar de mistério permaneceu no local após Kem ter dito essas palavras. O céu azul-claro passava rápido por toda a lateral da nave enquanto os três conversavam sobre lutas e treinamentos. O sr. Kiraua parecia estar muito curioso e, às vezes, olhava em direção a Kem, prendendo os lábios para não deixar escapar as palavras enquanto hesitava em fazer perguntas. Kem parecia fazer muito esforço para guardar o segredo que revelaria em apenas alguns minutos. Klaus parecia não estar muito curioso, e sua atenção estava voltada para a paisagem por onde passavam, pois nunca havia estado na região leste. Montanhas alaranjadas começaram a aparecer ao longe no horizonte azul-claro, e um riacho verde-água aparecia cortando aquela parte deserta da região. A nave seguia o mesmo caminho do riacho que atravessava duas montanhas e formava uma bela visão de um vale. As montanhas pareceram passar devagar aos olhos de Klaus enquanto a nave as cruzava. Quando o vale ficou para trás, uma nova visão despertou a curiosidade de Klaus, e então o sr. Kiraua apontou com o dedo. – Está vendo, Klaus? Essa é a Estação Interplanetária. A esposa de Kem é guia e piloto de viagens dessa estação. – Era uma construção gigantesca, fascinante e moderna, feita de metal, na cor violeta. Tinha formas geométricas diversas e possuía cem plataformas destinadas às naves, divididas entre as dez estações de embarque. Viam-se muitas pessoas lá embaixo e várias naves pousando e decolando sem parar. – Essas naves vão para vários locais do planeta Urano e também para diversos planetas do Sistema Solar e da nossa galáxia, a Via Láctea – explicou o sr. Kiraua. – Que incrível! – disse Klaus, admirado, ao olhar para baixo. – Os pentágonos são as nove estações agrupadas em forma de “U”. Os dez quadrados em volta de cada estação são as plataformas onde pousam e decolam as naves. Essas plataformas são destinadas à população em geral, e... – Klaus interrompeu o sr. Kiraua, perguntando: – E o que é aquela estrela que fica ao centro do “U”? – disse, apontando com o dedo indicador. – Aquela estrela formada por cinco triângulos agrupados é onde ficam as pessoas que trabalham na Estação Interplanetária. Ali se encontram centros de treinamento espacial e de pilotagem, oficinas e outras salas enormes, e há boatos de que existe um laboratório secreto de tecnologia superavançada camuflado em alguma parte. E, por fim, aquele círculo que fica acima da ponta da estrela é a décima estação, também com dez plataformas quadradas.

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– E por que é a única estação em formato diferente? – perguntou Klaus ao sr. Kiraua. – Essa estação é destinada aos seres mais importantes de toda a galáxia, e é protegida com total segurança. A Estação Interplanetária começou a ficar cada vez menor, à medida que a nave de Kem prosseguia. Klaus olhou para trás, observando a Estação até que ela desaparecesse de sua vista, dando lugar novamente ao horizonte azul-claro. Novas montanhas alaranjadas e riachos verde-água apareceram à frente, e então uma pequena vila pôde ser vista. – Estamos chegando, pessoal – informou Kem. A nave finalmente parou, flutuando acima do teto de sua casa, que se abriu para a nave pousar na garagem. – Percurso finalizado! – anunciou a voz eletrônica do Guia. – Desligar comandos! – ordenou Kem, após tocar com sua palma direita o quadrado azul, que se tornou vermelho novamente. – Comandos desligados! Portal de saída liberado! – disse o Guia. A imagem holográfica desapareceu, e as paredes da nave voltaram a ter uma aparência sólida. Os três se levantaram dos assentos e caminharam até um círculo vermelho que estava no centro da nave, no chão. – Abra! – disse Kem, quando os três estavam parados sobre o círculo vermelho. Um portal se abriu abaixo dos três, que desceram pela luz azul até a garagem; o som de seus pés tocando suavemente o chão pôde ser ouvido e, após o barulho do “zuuuum”, a energia desapareceu. Os três se afastaram e a nave pousou. Caminharam até o elevador e desceram ao primeiro andar. Quando saíram, ouviram uma voz cantarolando alegremente, sem parar. Era Sakura, que estava terminando de se arrumar para a segunda refeição. – Sakura parece muito contente – disse o sr. Kiraua, dando um sorriso ao olhar para Kem. O sr. Kiraua, Kem e Klaus se dirigiram para a sala de refeições e, enquanto estavam caminhando e conversando, os ouvidos de Sakura se aguçaram. – Eles chegaram! – disse Sakura, produzindo um sorriso com seus lábios pintados de vermelho. Sakura saiu de seu quarto e dirigiu-se à sala de refeições, fazendo barulho a cada passo que dava com seus sapatos azuis brilhantes. Ao chegar à porta da sala de refeições, Sakura deparou-se com Kem. Os olhos dos dois brilhavam ao se olharem, e por um breve instante o silêncio estava presente, dando a impressão de que o tempo havia parado só para os dois. – Sakura, você está... linda – comentou Kem, com uma voz suave e tranquila. Sakura sorriu ao piscar os olhos. – Hoje é uma ocasião muito especial, meu querido – disse Sakura, enquanto segurava as mãos de Kem, como se ninguém mais estivesse ali presente. O sr. Kiraua olhava por cima dos ombros do filho, pensando consigo mesmo o quanto Kem tivera sorte por conseguir uma esposa tão bonita. Klaus parecia estar um pouco acanhado.

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Sakura estava usando um vestido azul brilhante, que combinava com os seus sapatos, e brincos verde-água transparentes em formato de losango; seus cabelos lisos e castanhos estavam muito bonitos e bem-arrumados. Sua face estava maquiada, e seu perfume era esplêndido. No braço esquerdo, usava uma pulseira que combinava com o colar em seu pescoço. – Esse é o colar de sua mãe... Sakura – comentou Kem, surpreso, olhando para a joia e novamente para os olhos de Sakura. Era um colar de safiras muito brilhantes. Kem virou-se para o lado e soltou uma das mãos, fazendo com que o sr. Kiraua e Klaus, que estavam atrás dele, aparecessem diante de Sakura. – Olá, senhor Kiraua, como vai? – Sakura apertou-lhe a mão. – Está tudo bem – respondeu o sr. Kiraua, soltando a mão de Sakura para pô-la sobre o ombro de Klaus. – Deixe-me apresentar! Sakura, este é Klaus, meu aluno; convidei-o a vir conosco. Klaus, esta bela jovem é Sakura. – Como vai, Klaus? – disse Sakura ao apertar-lhe a mão. Klaus fez um gesto afirmativo com a cabeça, demonstrando sua timidez. Kem se pronunciou a todos: – Agora, vamos, tenho uma grande novidade para vocês! Os quatro entraram na sala de refeições. Podia-se ver ali, bem ao centro, uma mesa redonda seis lugares, feita de um metal verde e brilhante. Ao redor, viam-se ornamentos e enfeites das mais variadas formas geométricas e cores. Sentaram-se todos à mesa e, de repente, entrou pela porta da sala um robô. Era de cor branca. Seu rosto esférico tinha boca, olhos, sobrancelhas e nariz com aspecto humano, um grande bigode e um minúsculo cavanhaque. Usava um chapéu comprido na cabeça. Seu avental metálico e flexível se mexia a cada passo, enquanto ele se aproximava carregando uma bandeja amarela. Parou em frente à mesa e anunciou com uma voz eletrônica: – Com sua licença! A refeição está servida. – Colocou a bandeja na mesa e então saiu da sala. Este era o robô cozinheiro. Além dele, havia um robô que cuidava da limpeza e um robô jardineiro. No planeta Urano havia também robôs pilotos, mecânicos, construtores e outros diversos tipos. Eles eram construídos em uma fábrica no ponto 528 da região sul. Sakura estava sentada à esquerda de Kem, de um lado da mesa, e o sr. Kiraua, à esquerda de Klaus, do outro lado. Estavam todos olhando para a bandeja em cima da mesa, quando Kem se levantou e disse com uma voz firme: – Como eu tinha lhes falado antes, tenho uma grande surpresa para vocês. – Kem olhou para Sakura, depois para o sr. Kiraua e finalmente para Klaus, e continuou: – Eu gostaria de falar antes de comermos. – O sr. Kiraua desgrudou os olhos da bandeja por um instante e olhou para Kem, imaginando que tipo de comida teria ali. O filho continuou: – Ontem, em torno das quatorze horas, algo surpreendente finalmente aconteceu e... – Sakura interrompeu:

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– Tem algo a ver com ontem, Kem? Você quer dizer... toda aquela energia e o vulto do nosso planeta? É sobre isso? – O sr. Kiraua olhava espantado e com os olhos arregalados para Sakura, enquanto ela falava. – Sim, Sakura, é sobre isso. E, papai, o senhor já deve ter percebido. – Kem fechou os olhos e começou a viajar em suas lembranças, enquanto continuava a falar. – Durante cem dias seguidos, venho treinando sem parar para conseguir superar o nível em que eu estava. Eu sabia que teria de suportar um treinamento muito pesado para chegar aonde queria. Por isso, eu programei a sala de treinamento virtual para treinar no nível de energia laranja, mesmo correndo o risco de sofrer graves danos. – O quê?! Ní... ní... nível laranja? – gaguejou Klaus, com uma expressão de surpresa. – Você poderia ter morrido, Kem! Aumentou seu nível de treino de uma forma muito brusca. Porém, acredito que esses simuladores virtuais não sejam tão eficientes quanto um treino real. Quando eu treinava com o mestre Chun... – Kem interrompeu o sr. Kiraua: – Tudo bem, papai, eu entendo o seu ponto de vista, mas o mais importante é que eu consegui resultados impressionantes. – Kem abriu os olhos, ergueu sua mão direita à altura dos ombros, fechando-a fortemente, e continuou a falar. – Às vezes eu passava três dias seguidos treinando sem parar para comer e dormir. O simulador estava ligado ao máximo que podia suportar. Sakura ergueu os olhos para Kem, olhando-o com uma cara mais séria. Klaus e o sr. Kiraua também o olhavam atentamente. – Você se arriscando daquela forma! Eu estava muito preocupada com você. Não gostaria de ficar viúva tão jovem assim – disse Sakura com uma voz firme, enquanto Kem estava concentrado apenas no que ia dizer, não prestando atenção em nada do que ela dizia. Kem continuou: – Como eu estava apenas concentrado em ficar mais forte, acabei me descuidando e esquecendo-me de onde estava, e o segundo andar ficou um pouco destruído. Foi quando percebi que precisava ir a outro lugar para continuar o treinamento. Nesse momento eu já estava sentindo que minha energia estava chegando ao nível máximo. Então, fui treinar na região próxima à floresta petrificada, pois assim poderia expandir todo o meu poder sem correr o risco de provocar destruição em lugares civilizados. – A floresta petrificada ficava a uns cinco quilômetros da casa de Kem. Era um lugar imenso, formado por árvores petrificadas de até trinta metros de altura; um lugar sem vida, onde não se ouvia nada além dos ventos; um lugar totalmente isolado, todo cinza. – A floresta petrificada! – exclamou o sr. Kiraua. – Sim, papai. Contudo, eu estava a um quilômetro dali, num lugar onde a água e as plantas ainda estavam presentes. E foi nesse lugar que pude concentrar e expandir o meu máximo poder. Senti uma energia que jamais havia sentido antes. Senti

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como se estivesse recebendo a energia do planeta Urano, cada vez mais e mais forte dentro de mim. Quando senti que estava totalmente conectado ao planeta, como se eu fizesse parte dele e ele fizesse parte de mim, finalmente aconteceu. Minha energia mudou de cor e o vulto gigantesco de Urano estava brilhando incessantemente atrás de mim. – Nesse momento, Klaus e o sr. Kiraua arregalaram os olhos e abriram a boca, enquanto viam a boca de Kem pronunciar as palavras. Kem continuou: – E, naquele momento, eu fui o primeiro uraniano a se tornar... – Todos ficaram mais atentos ainda ao que Kem ia dizer. – Um Guerreiro do Universo – Kem pronunciou estas palavras com firmeza e um sorriso orgulhoso. – Não acre... di... to. Meu filho, isso é in... crível! – disse o sr. Kiraua, espantado. – Meus parabéns, filho! Agora temos o homem mais forte de Urano ao nosso lado. – Com muito orgulho, o sr. Kiraua apertou a mão de Kem ao se levantar. – Parabéns, senhor Kem... Quero dizer, Kem. – Klaus cumprimentou Kem ao se levantar, deixando de lado a timidez. – Guerreiro do Universo? Que história é essa? O que é um Guerreiro do Universo? – perguntou Sakura, meio confusa. Ao ouvirem isso, os três colocaram as mãos sobre a cabeça e gritaram ao mesmo tempo: – Aaaaaah! Ah, não! Você não sabe o que é um Guerreiro do Universo? Sakura olhava espantada para os três, enquanto as bochechas dela ficavam avermelhadas e seus olhos se mexiam. Isso até antes de fechar a cara e gritar, brava: – Vocês estão se comportando como crianças! Eu fiz a pergunta porque quero saber! Não sentem vergonha? – Os três ficaram calados de repente, fazendo uma cara de crianças repreendidas, e se sentaram. – Desculpe, Sakura. Você tem razão, fomos mal-educados. – Sakura fez uma cara mais amigável após Kem se desculpar. – Acredito que meu pai possa explicar sobre os Guerreiros do Universo melhor do que eu. Mas, Sakura, eu me lembro de que você tinha algo a me dizer desde ontem. – Sakura abriu um grande sorriso. – Sim, Kem! E fico muito feliz por seu pai estar presente agora para ouvir o que tenho a dizer – disse Sakura, num tom alegre. – Ah, então pode dizer, Sakura! Depois o meu pai fala sobre os Guerreiros do Universo. Não é mesmo, papai? – Claro, Kem! E Sakura parece estar ansiosa para falar – disse o sr. Kiraua, num tom amigável. – Então eu vou dizer! É uma grande novidade. Preparem os seus ouvidos para a grande surpresa! – exclamou Sakura, entusiasmada, e continuou: – O que eu tenho para dizer é que o Guerreiro do Universo do planeta Urano, meu amado Kem, vai ser papai! – Nesse instante todos ouviram um barulho, pois Kem acabara de cair da cadeira e bater no chão. Klaus avermelhou o rosto, mostrando

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sua timidez novamente, e o sr. Kiraua arregalou os olhos e disse, espantado, para si mesmo: – Foi isso mesmo que ouvi? Será isso? O Kem vai ser pai? E eu... eu vou ser avô? Sakura cruzou os dedos, fechando suas mãos sobre o peito, enquanto os seus olhos estavam fechados e sorria sem parar. Enquanto isso, Kem se levantou e sentou-se novamente. – Isso é... é sério... Sakura? – perguntou Kem, surpreso. – Sim, Kem! Por que pergunta isso, não está feliz? – disse Sakura ao abrir os olhos. – Claro que fico feliz! Só fiquei um pouco surpreso. Você me pegou desprevenido, Sakura. – Ao dizer isso, Kem olhava para a mesa com uma cara de bobo. Kem ficou um pouco sem jeito para falar, e começou a imaginar-se como pai. A primeira coisa que lhe veio à mente foi que o bebê estaria fazendo flexões de braço no berço, isso antes de começar a saltitar sem parar e depois dar-lhe um soco no nariz por não gostar da comida que Kem estava lhe dando. Essas imagens passavam na cabeça de Kem enquanto estava com os olhos levantados e um singelo sorriso, mantendo sua cara de bobo. Ao olhar para o sr. Kiraua, Kem disse: – Meu filho vai ser um grande guerreiro! – Com certeza! Mas e se nascer uma menina? – perguntou o sr. Kiraua. – Ah, então será uma grande guerreira! – exclamou Kem. Sakura olhou para os dois e interrompeu a conversa: – Não digam besteiras! Meu bebê será o que escolher ser. Deve ser feliz fazendo o que gosta. Se escolher ser um guerreiro ou alguma outra coisa, eu não vou contrariar, mas quero deixar bem claro que iremos educar e orientar essa criança para ser uma pessoa bem-sucedida e feliz! O que me diz, Kem? – Sim, com certeza, Sakura – disse Kem, com uma voz retraída. – Mas, se escolher ser um guerreiro, eu vou treinar com ele, ou com ela. – Nada disso! Treinará com o avô! – disse o sr. Kiraua, encarando Kem e apontando o dedo indicador para o próprio peito. – Por que com o avô? Eu vou ser o pai! – disse Kem, discutindo com o sr. Kiraua e fazendo uma cara não muito amigável. – Fui eu quem treinou você, Kem! E eu sou discípulo direto do mestre Chun – o sr. Kiraua continuou a discutir, e agora também começava a fazer ruídos, resmungando. Klaus pensava novamente consigo mesmo sobre quem seria esse mestre Chun. Mas, de repente, ouviu-se um ruído ensurdecedor: – Jáááááá cheeeegaaaa! – gritou Sakura. – Agora não é o momento de falar sobre isso. Nosso filho nem nasceu ainda! – Por um instante o silêncio permaneceu, e depois caíram todos na gargalhada. Todos riam sem parar, até mesmo Sakura. Quando os risos foram se acabando, Kem interrompeu: – E então, vamos comer agora? – Todos fizeram que sim com a cabeça e olharam para a bandeja, principalmente o sr. Kiraua.

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