Caçadores de Zumbis 2 – a ameaça continua

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ack Clarke levantou-se na caçamba da picape, o pulso ainda acelerado da fuga. Luzes piscavam e zumbiam sobre suas cabeças, enquanto a picape seguia para dentro da escuridão do abrigo subterrâneo. O surto de zumbis havia começado no dia anterior, por volta da hora da ceia, varrendo o país em questão de horas. Agora, viajando por baixo da Base da Força Aérea de Tucson, a irmã de Zack, Zoe, ainda era um zumbi; o melhor amigo dele, Rice, autoproclamado expert em zumbis, havia descoberto o antídoto zumbi; Greg Bansal-Jones, o brigão mais temido da escola, tornara-se um maricas reclamão, insistindo que não era o Greg depois de sua própria breve zumbificação; e Madison Miller, a garota mais


popular da Escola Ginasial Romero, era a única esperança de sobrevivência. Não-de-Greg contorceu-se para longe de Zoe-zumbi, sedada pela dose de ginkgo biloba que Rice lhe dera pouco menos de uma hora atrás. – Ei, cara – Não-de-Greg choramingou. – Vai me soltar agora? – Só se você ficar quieto. Zack extraiu a faca suíça de exército do bolso de trás e cortou a fita isolante dos punhos de Não-de-Greg. O ex-brigão fechou um zíper imaginário sobre a boca, depois jogou fora a chave de mentirinha. Não posso acreditar que eu tinha medo desse cara, pensou Zack, e então espiou dentro da cabine da picape. Sangue fresco encharcava a gaze esticada em torno do ferimento em forma de mordida na perna de Madison, um presente de Greg-zumbi. Rice estava sentado ao lado da motorista com o cachorrinho de Madison, Cintilante, no colo. Cintilante equilibrava as patas dianteiras no painel, parecendo feliz por estar vivo novamente após o perrengue como cão-zumbi. – Como está a perna? – Zack perguntou a Madison. – Bem, acho – ela disse. – Mas vou matar o Greg.

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– Quer dizer o Não-de-Greg. – Que seja. – Ah – disse Rice. – Ser Greg ou não ser? Eis a questão. – Cala a boca, sanduíche de nerd – Madison disse cansada. – Ninguém está falando com você. Nesse momento, Cintilante cutucou a mochila de Rice com o focinho, farejando o espécime fétido dentro da bolsa. O estômago de Zack deu uma sacudida em resposta à ideia do sanduíche de carne infectado da BurgerDog que pulsava ali dentro. – Au-au-au – o filhote uivou faminto.

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– Ei, vai mais devagar, Madison – Zack disse através da janela, e a picape rolou até uma parada. À direita, o túnel se abria numa grande sala dividida em dois níveis por uma plataforma de carga e descarga. Barris amarelos indicando perigo biológico se alinhavam na base das altas paredes de cimento. Uma poça vermelha de gosma espessa de zumbi manchava o metal do ralo quadrado, bem no centro do piso. A mancha coagulada se estendia numa curva que lembrava um j minúsculo. Pegadas desiguais formavam uma trilha em torno da meleca avermelhada, como se os zumbis tivessem se levantado depois de rastejar. O lugar todo fedia com a podridão grosseira da doença, e Zack tapou o nariz. Alguma coisa estava definitivamente estragada em Tucson. – Aaaaaah! – subitamente, Não-de-Greg soltou um ganido agudo, agarrando a canela de Zack. Zack virou a cabeça rapidamente. Um soldado zumbificado se pendurava na traseira da picape, escalando a porta da caçamba. O militar morto-vivo escancarou sua bocarra-zumbi, a baba parecendo teias de aranha, bem aberta. Rosnou e gargarejou, torcendo a língua como um animal raivoso.

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– Acelera, Madison! – Zack ordenou. Então, mais dois soldados zumbis escalaram as laterais da picape, tropeçando para dentro da caçamba junto a Zack, Não-de-Greg e Zoe-zumbi. Os membros contorcidos dos monstros faziam ângulos impossíveis, como pernilongos semiamassados. A picape disparou para frente, com força total. – Zack! – Rice chamou de dentro da cabine e entregou a ele um pé-de-cabra de metal. – Use isso! Zack arremessou o pedaço de ferro no soldado zumbi, atingindo-o no meio dos espaços vazios dos olhos. A porta da caçamba tombou aberta, e o maluco sem olhos caiu com um baque no túnel, que agora ficava para trás.


– Bléééérrrgh! – os outros dois zumbis rugiram. Zack tateou freneticamente ao redor da caçamba trepidante por outra arma e encontrou a base de madeira de seu taco do time Lesmas de Louisville. Do outro lado da caçamba, um dos zumbis engatinhava sobre os joelhos deslocados em direção a Não-de-Greg. O ex-brigão horrorizado se encolhia no canto da caçamba, os braços encurvados como um Tiranossauro Rex. Mas Zack tinha seus próprios problemas. O outro zumbi arquejou e tropeçou para frente, caindo com toda a força sobre o garoto. Num relance, Zack girou o taco na horizontal. As orelhas pulsavam de calor, enquanto Zack fazia força para se defender do zumbi. Bulbos podres e coagulados explodiam para fora do queixo do psicopata mórbido, e presas sujas de muco verde-amarelado apareciam pelos cantos de seus lábios inchados em carne viva. O morto-vivo maníaco grunhiu, e Zack sentiu seu ombro prestes a ceder. Uma infecção rompida pingava do queixo do zumbi direto para o canto da boca de Zack. Ecaaaa!

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Zack empurrou o zumbi com cada grama de sua força, e a besta babada foi arremessada para trás, vacilando para recobrar equilíbrio. Zack se levantou, segurando firme o taco de beisebol, pronto para atacar. De repente, Madison gritou o mais alto que pôde, e a picape guinou numa parada brusca. Zack voou para trás, batendo a cabeça no piso da caçamba com um baque surdo. – Poxa, Madison! – Rice gritou de dentro da cabine. – Por que você parou? – Você não viu? – ela perguntou. – Aquela pessoa acabou de pular à nossa frente! – Zumbis não são pessoas, Madison. – Não era um zumbi, seu paspalho... Era tipo um carinha-soldado!

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Zack despencou sentado, os ouvidos zumbindo do impacto. Sua visão ficou embaçada, e a cabeça balançou para lá e para cá. Zack olhava para a irmã zumbificada, Zoe. Seus olhos sem pupila girados para trás o encaravam por detrás das grades de metal do capacete. E como num estalar de dedos, a mente do garoto apagou. Assim, do nada.


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