A poesia nos poentes do silêncio

Page 1



Paulo Ouricuri

a

poesia nos poentes do

silĂŞncio talentos da literatura brasileira

SĂŁo Paulo. 2014


Copyright © 2014 by Paulo Ouricuri

Coordenação Editorial Diagramação Capa Revisão

Nair Ferraz Dimitry Uziel Monalisa Morato Gabriel Ornelas Equipe Novo Século

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo nº 54, de 1995)

Ouricuri, Paulo A poesia nos poentes do silêncio / Paulo Ouricuri. -- Barueri, SP : Novo Século Editora, 2014. -(Coleção talentos da literatura brasileira)

1. Poesia Brasileira I. Título. II. Série.

14-07388

CDD-869.91

Índice para catálogo sistemático: 1. Poesia : Literatura brasileira 869.91 2014 impresso no brasil printed in brazil direitos cedidos para esta edição à novo século editora ltda. cea - Centro Empresarial Araguaia II Alameda Araguaia, 2190 - 11º Andar Bloco A - Conjunto 1111 CEP 06455-000 - Alphaville - SP Tel. (11) 3699-7107 - Fax (11) 3699-7323 www.novoseculo.com.br atendimento@novoseculo.com.br


Dedico este livro à minha esposa Nara, aos meus filhos Victor e Thiago, aos meus pais Paulo (in memoriam) e Aluce, minha irmã Patrícia, meus tios, tias e primos, bem como aos meus amigos, que sempre me apoiaram.



“Este livro é um repto ao silêncio, que tudo expressa sem nada dizer.”



I

SEM PALAVRAS

Tudo o que não se diz em cem palavras O que da exuberância do verbo Foge, pode se achar em “sem palavras” A pena da caneta segue acerbo Caminho, cuja rota sempre afronta O silêncio, que é o sábio mais soberbo Mas um penedo por vezes desponta Das vagas do silêncio mais agudo Num rascunho precário que remonta Cacos de percepção cujo conteúdo É como um lusco-fusco que se acende Lentamente, tal qual na noite um graúdo Vagalume que brilha e então surpreende A escuridão com sua luz solitária E a luz menor ao escuro maior transcende 11


No fluir deste concerto surge uma ária Cuja melodia já se achava ao certo Badalando de forma solitária Seu troante som estava encoberto No oásis de algum deserto segregado Do restante do mundo descoberto E quem chegou a tão distante prado De fato bebeu na sua mundividência Um momento que se vê agora ornado Com rimas, com estrofes, toda a fluência De uma poesia que empresta suave encanto À ideia que saiu do estado de latência Seja inglês, português, mesmo esperanto Em qualquer língua em que sofra derrota O silêncio aplaude esse evento santo Dos subúrbios da mente o poema brota

12


II

BALÉ DA NUDEZ

A poesia é um balé de revelações No qual as palavras bailarinas Irmanam-se numa coreografia Que tenta beijar o indizível Para despi-lo do breu Da nudez

13


III

HÓSTIA DO SILÊNCIO

Uma lacuna na poesia É disputada por mil palavras Um verso é o disfarce Do infalável

O lirismo é o eco De musas mudas

E o poema é a hóstia De um silêncio inconformado

14


IV

SEIVA

Na copa de uma inquietação Um poema nasceu No caule de um medo Um verso medrou Da raiz de uma má lembrança Uma sílaba magoada brotou No bonsai de versos Miniatura-se o momento Em que se silvou A seiva da poesia

15


V

OCEANO DE ADEUSES

Um sentimento fossilizado Em camadas de passado É o sepulcro Que fecunda A bússola Que trago sempre Perto dos meus calos Tão perto mas não se aperta Numa estrofe Por mais aberta Que ela seja Porosa é a matéria Que se animou Num fóssil Intangível Aos dotes dados Às palavras 16


As raízes incrustadas Na terra Foram saboreadas Incorporadas Ao meu corpo Como uma chaga Que não se apaga Que pulsa no chakra Do eu que sou A cada momento Que passa

Mas no porto No ponto Quando tento Lhe tocar Apenas vejo Um oceano De adeuses

17



Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.