Ensino/Aprendizagem mediado por Novas Tecnologias

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Nesta resenha, optamos por destacar e resumir alguns artigos que, numa primeira leitura, parecem-se representativos no conjunto de discussões reunidos na publicação. O livro é aberto pelo esclarecedor artigo Complexidade: conceitos, origens, afiliações e evoluções, de Roberval Araújo de Oliveira, doutorando em Linguística Aplicada pela UFMG e professor do Ifet/MG em Congonhas. Em síntese, o autor busca resgatar as origens do paradigma da complexidade e desfazer “mitos” alimentados nos últimos anos por teorias simplificadoras ou pouco embasadas. O autor deixa claro, por exemplo, que a teoria do caos e teoria da complexidade, embora estejam interligadas, têm origens e desdobramentos diferentes. Segundo Oliveira, “ambas formam um corpo conceitual e um campo de investigação sólidos” (p.16) e não se resumem a um campo específico do conhecimento. Ao mesmo tempo em que classifica de entusiastas alguns teóricos e pesquisadores que prevêem uma convergência das disciplinas rumo a uma “ciência unificada”, o autor discorda daqueles que negam, por definição, a possibilidade de aproximação dos campos. Para Oliveira, “no atual momento do desenvolvimento da teria do caos/complexidade, o embate em torno dos conceitos fundamentais e de sua tradução para as demais disciplinas mostra-se delicado, pois exige um tênue equilíbrio entre o afã de confirmar a validade da teoria em áreas diversas do conhecimento e a humildade de reconhecer que a especificidade das disciplinas pode impor obstáculos metodológicos e epistemológicos que ainda não sabemos transpor” (p.33) No artigo Caos/Complexidade na interação humana, Erik Fleischer faz uma interessante discussão sobre sistemas caóticos e suas características para, num segundo momento, relatar um estudo empírico quantitativo de 9.595 mensagens trocadas em uma lista de discussão para professores de inglês como segunda língua. A partir do levantamento, o autor, que é mestre em Linguística Aplicada pela UFMG, mostrou que cada interação e cada participante são imprevisíveis se considerados separadamente, mas têm um grau de previsibilidade em suas atitudes conjuntas. Por exemplo, aparentemente não seria possível determinar o número de usuários que vai enviar mensagens para a lista em um mesmo período. Há variações abruptas, mas no conjunto dos números há uma certa previsibilidade, tanto no nível micro quanto no macro (o que assegura a fractalidade do sistema). Além disso, mais tópicos foram iniciados do que continuados: 75% das “discussões” renderam uma ou duas mensagens apenas, o que revelaria os atratores do sistema, permitindo-o concluir “que o sistema da lista é complexo” (p.90). Muitos dos artigos do livro são pesquisas empíricas realizadas a partir de experiências de ensino-aprendizagem de segunda língua em ambientes web. Em Ambiente virtual de aprendizagem e diário de bordo: sistema adaptativos complexos, a doutoranda em Linguística Aplicada pela UFMG Valeska Virgínia Soares Souza faz um estudo de padrões e não padrões na produção textual em Ambientes Virtuais de Aprendizagem, ou AVAs, por ela definidos como “domínios de produção e processamento textual que abarcam gêneros digitais” (p.93). À luz da Teoria dos Gêneros de Swales (1993) e do Paradigma da Complexidade (Holland, 1995) a autora realizou uma “pesquisa descritiva de natureza qualitativa e de orientação etnográfica virtual” durante disciplinas do curso de Letras da UFMG ministradas nas plataformas Moodle e Teleduc.


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