Nova Onda 2 - Edição Especial República

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N.º 2 – Outubro 2010 Palmeira e Santa Cruz do Bispo

http://agrupamento.eb23-leca-palmeira.rcts.pt

Agrupamento de Escolas de Leça da Palmeira e Santa Cruz do Bispo

F O L H A DA R E P Ú B L I CA

edição especial

Parabéns República! 1910-2010

Página

1


Editorial Ao longo deste ano de 2010,

espera a este nível: motivar e

abrangeram a Educação Pré-

todos

impulsionar

comunidade

escolar, 1º, 2º e 3º Ciclos do

notícias dos eventos organizados

educativa, com o objectivo de

Ensino Básico, de todo o AVE.

no nosso país que procuram

contribuir para que a marca da

Mas, mais importante do que o

alertar a comunidade para a

importância

tempo

realizado, é a expressão de

importância quer do “tempo” quer

pudesse

nas

satisfação vincada nos rostos

do evento que este ano se

representações

dos

dos nossos alunos e dos nossos

comemora

Portugal:

nossos alunos e, através deles,

professores, ao abordarem este

“Centenário da Implantação da

levar esta mensagem às suas

tema! Este é para nós o melhor

República”.

famílias.

indicador que permite inferir que

Com efeito, é dever de todo e

Ao olhar retrospectivamente o

qualquer cidadão contribuir para

percurso

que esta marca, assinalada no

modéstia mas com convicção

calendário, seja destacada e

que afirmamos acreditar que,

tenha

visibilidade

apesar da “dificuldade” do tema

com

a

os

dias

nos

em

chegam

compatível

importância

a

deste permanecer mentais

percorrido,

é

com

das

(tendo em conta a amplitude da

alterações que determinou em

faixa etária da nossa população

Portugal.

escolar,

Neste sentido, o Agrupamento

3-16)

cumprimos

o

nosso objectivo!

Vertical de Escolas (AVE) de

Na verdade, é visível ao longo

Leça da Palmeira e Santa Cruz

das páginas desta publicação o

do Bispo, enquanto instituição

empenho e a mobilização na e

educativa, não poderia deixar de

para a realização das actividades

cumprir o serviço que dele se

desenvolvidas neste domínio que

a mensagem fluiu de forma solta, desprendida e gratificante! Sim, foi com a simplicidade registada na

expressão

“Parabéns

República!” que desenvolvemos as

actividades,

e

sinceridade afirmamos que estes momentos vivência

de

potenciaram

a

espaços

de

“cidadania” por excelência. Obrigado

“Centenário

3

A República foi à Escola

5

EB1/JI Nogueira Pinto

6

JI de Monte Espinho – EB1/JI da Praia

7

EB1 Corpo Santo

8

EB1/JI da Portela

10 EB1/JI da Viscondessa

2

orgulho de ser Português!

Jorge Sequeira

Ficha Técnica

11 EB 2/3 Leça da Palmeira-2º Ciclo

COORDENAÇÃO – Fátima Sousa

18 EB 2/3 Leça da Palmeira-3º Ciclo

APOIO TÉCNICO – Cristina Castro

20 Parabéns República!

REVISÃO – Manuela Ferreira

Nova Onda Outubro 2010

da

República” por teres reavivado o

O Director

Índice

com


A República foi à escola Participar,

profissionalmente

docentes,

nas

e

comemorações

enquanto

procedendo a adaptações face às características

de

da população, junto da qual iríamos realizar a

um

acontecimento tão marcante para o país, como é

nossa

o caso da “Implantação da República”, levou-nos

organizámos em dois grupos de trabalho:

à disponibilização e mobilização individual com o

objectivo de darmos o nosso contributo junto dos alunos

do

Escolas.

nosso

Para

materiais

que

Agrupamento

este

efeito,

Vertical

de

elaborámos

os

entendemos

intervenção.

Foi

assim

que

nos

Um para intervir junto do pré-escolar, 1º e 2º ano de escolaridade;

Outro para intervir junto do 4º ano de escolaridade.

necessários,

Do que falámos? Como abordámos este assunto, potencialmente, tão complexo e de difícil compreensão para crianças tão pequenas? No Pré-escolar, 1º e 2º ano de escolaridade Começámos por estabelecer analogia entre o evento das “Comemorações do Centenário” e uma festa. De seguida, procurámos cativar a atenção dos alunos clarificando que esta festa é uma festa de aniversário em que se comemoram anos. Posteriormente conduzimos os alunos a compreenderem a necessidade e existência da regra, através de paralelismo face a contextos do quotidiano em que a existência da mesma é aceite de forma imediata, como por exemplo: - Qual das imagens de “escola” que se seguem é a que mais nos agrada?

No nosso país também existem regras que são definidas, essencialmente, por duas pessoas:

Mas nem sempre foi assim … e, falámos da Monarquia, de alguns reis e das diferenças que se viviam no país durante este período. Esclarecemos que as pessoas justificavam as más condições de vida no facto de serem “governadas “ por reis que herdavam o trono de pais para filhos. Como as pessoas se cansaram de viver mal decidiram assassinar o rei D. Carlos. Após o assassinato do rei D. Carlos, sucedeu-lhe o seu filho D. Manuel.

- A segunda. - Porquê? - Porque há regras. - Quem define as regras na escola? - A professora!

Como se mantiveram os problemas do país, o descontentamento tornouse incontrolável o que levou à revolução de 5 de Outubro de 1910… e à implantação da República.

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Nova Onda Outubro 2010


No 4º ano de escolaridade Com os alunos de 4º ano, já algo familiarizados com alguns destes conceitos em Estudo do Meio, foi utilizada uma apresentação em Power Point. Começou por ser recordada, através de imagens das bandeiras usadas pelos diversos reis de Portugal, a duração do regime monárquico.

O passo seguinte foi analisar,

dessa mesma contestação – a

Mostrou-se que, paralelamente

de

necessariamente

Revolução de 31 de Janeiro de

à mudança do regime, houve

simplificada, os últimos anos da

forma

1891, o Regicídio e, finalmente,

mudança

monarquia, os

a Revolução de 5 de Outubro

mesmo: a bandeira, o hino, a

de 1910.

moeda.

motivos

que

levaram à sua contestação e os momentos

mais

dos

símbolos

do

destacadas

Concluiu-se que a República já vai comemorar 100 anos! O

diálogo

suscitado

pelas

imagens apresentadas foi vivo, tendo

os

alunos

intervindo

espontaneamente. Para

finalizar

os

alunos

realizaram uma sopa de letras sobre o que tinham acabado de ver, o que fizeram com rapidez e entusiasmo. No 2º e 3º ciclo Os alunos mais

convidados a participar numa

lançado um desafio: investigar

velhos

«Caça

sobre

do

Agrupamento, acompanhados pelos

seus

professores História, ficaram

excluídos

de não

destas

ao

denominada

Tesouro» “Vem

A

personalidades

acontecimentos

ligados

ou aos

República!”, no final do ano

últimos anos da monarquia ou

lectivo,

e

foi

grande

o

à implantação da república, o

entusiasmo

de

todos

os

que se veio a traduzir na

participantes.

apresentação

Aos alunos do 6º e 9º ano, que

multiplicidade de trabalhos.

comemorações.

estudam este conteúdo nas

Os alunos do 6º ano foram

aulas

de

História,

de

uma

foi

Desta forma, um cheirinho a aniversário passou por todo o Agrupamento e, dos mais pequenos aos mais velhos, todos se prepararam para festejar o Centenário da República. Professoras Graça Vilela e Manuela Ferreira Colaboração de Cecília Aguiar, Ermelinda Ferreira e Paula Dionísio

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Nova Onda Outubro 2010


EB1/JI Nogueira Pinto

Comemoração do Centenário da Implantação da República Histórias de Reis e Rainhas, princesas e palácios

conhecia a república dominicana mas que não

sempre nos encantaram…

falavam português. O Manuel dizia que era uma

Um dia na sala de actividades do nosso jardim

grande sala onde estava muita gente a falar. A

ouvimos uma história, um bocadinho antiga, de

Joana disse que eram os políticos e que eram do

um Rei chamado D. Carlos e da sua família.

… (referiu um partido). E assim a nossa conversa

Descobrimos que eles falavam a nossa língua e

continuou tentando aos pouquinhos saber mais e

que a sua história não teve, como habitualmente

mais sobre esse momento que em Outubro

as histórias têm, um final feliz e quisemos saber

comemora 100 anos.

mais …

Estávamos animados uns gostavam de ser reis

Então

resolvemos

ir

à

internet

procurar

outros queriam ser o 1º presidente ou o 2º queria

informação sobre esse monarca e imprimimos o

era ser presidente da “tal” República. Outro

que encontramos.

preferia ser o actual 1º ministro que conhecia da

Em grande grupo lemos, as palavras e as

televisão…

imagens e conversámos sobre como era a vida

Mas chegámos a acordo e ficou decidido que

nesse tempo.

faríamos primeiro a dramatização da queda da

E foi assim que soubemos que um dia o seu

Monarquia e posteriormente formaríamos uma

reinado terminou e logo, logo a seguir a república

assembleia (da República) para decidir e votar

se implantou.

quem faria o registo dos acontecimentos.

Mas o que era a República, perguntávamos uns aos outros, quando o Zé interveio e disse que já E o registo e ficou assim:

Sala de Jardim de Infância da EB1/JI Nogueira Pinto Educadora: Fátima Amaral

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Nova Onda Outubro 2010


JI de Monte Espinho

/

EB1/JI da Praia

A República dos pequeninos!

Para comemorar o Centenário da República, fizemos um Puzzle da Bandeira Nacional para construirmos em casa com a família. Aprendemos o Hino Nacional e sentimo-nos contentes por sermos Portugueses! Jardim de Infância de Monte Espinho

A BRINCAR TAMBÉM SE APRENDE!

EB1/JI da Praia - 2º ANO

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Nova Onda Outubro 2010


EB1 Corpo Santo

Relato da República

Trabalho de grupo dos alunos da EB1 de Corpo Santo durante a fase de elaboração do trabalho para as comemorações do Centenário da Implantação da República: pesquisa, recorte e colagem, para a construção de um cartaz.

Trabalho final: uma composição de notícias sobre diversos acontecimentos em volta do momento da Implantação da República.

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Nova Onda Outubro 2010


EB1/JI da Portela

Viva a República… na Turma 1 da EB1/JI da Portela

Comemorámos… •

Portugal

A Democracia

A Liberdade

A Igualdade … Pelo Direito à Educação!

Recriação do momento…

Para não esquecer… REVIVER

Exposição de objectos antigos…

Recordar é viver…

A Horta da República…

Com a colaboração das famílias, “Viveiros Moreira da Silva e Filhos, Lda.” e Junta de Freguesia de S. Cruz do Bispo.

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Nova Onda Outubro 2010


EB1/JI da Portela

Revolução Republicana de 5 de Outubro de 1910 Como terminou a Monarquia em Portugal Desde Afonso Henriques que o chefe de Estado era o rei. O rei governava durante toda a vida e, quando morria sucedia-lhe o filho mais velho. A dinastia acabava quando não havia descendentes ou quando era escolhido um rei de outra família.

D. Manuel II último rei de Portugal

No dia 5 de Outubro de 1910, foi proclamada a República. A República é um sistema político em que o chefe de Estado é um Presidente, eleito pelos cidadãos, que exerce o seu mandato por tempo limitado.

Revolução Republicana

O primeiro Presidente do governo provisório foi Teófilo Braga; a bandeira portuguesa passou a ser vermelha e verde e o Hino Nacional “A Portuguesa”; surgiu uma nova moeda o escudo e desapareceu o real, que era a moeda da monarquia.

Em 1911, foi aprovada a primeira Constituição Republicana. A Constituição é a lei fundamental de um país, formada por um conjunto de normas e princípios que regulam os direitos e deveres fundamentais dos cidadãos e a organização política de um Estado.

Viva a República!

Os alunos realizaram pesquisa através dos manuais existentes na escola e da internet Trabalho realizado pelos alunos do 4º ano da EB1/JI da Portela

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Nova Onda Outubro 2010


EB1/JI da Viscondessa

Alunos da EB1/JI de Viscondessa na fase de elaboração do trabalho sobre o Centenário da República.

Trabalho

10

final

da

EB1/JI

Viscondessa

O trabalho colocado junto de uma pintura

representando duas crianças junto de um dos

representando a figura da Viscondessa que

símbolos da República: a Bandeira.

dá nome a este estabelecimento de ensino.

Nova Onda Outubro 2010

de


EB 2/3 - 2º Ciclo

A REVOLUÇÃO DE 5 DE OUTUBRO DE 1910 Pequeno resumo do que foi a revolução Os revoltosos saíram à rua, juntaram-se na actual Praça do Marquês de Pombal e daí controlaram a capital, tudo com a ajuda do navio de guerra Adamastor, que bombardeou a residência do rei, o Palácio das Necessidades. As tropas monárquicas estavam em maior número, mas estavam mal organizadas. Cronologia da Revolução 2 de Outubro

É marcada a revolução para o dia 4.

3 de Outubro

Última reunião dos conspiradores na Rua da Esperança.

4 de Outubro 00h:45 - 01h:15

Os revolucionários estavam divididos por:

Revoltas no quartel da Infantaria 16 (Campo de Ourique), Artilharia 1 (Campolide) e da Marinha (Alcântara).

05h:00

Acampamento na Rotunda.

08h:00

Os oficiais do exército abandonam a Rotunda.

10h:00

Grupo de 50 manifestantes é recebido a tiro.

. Infantaria 1, 2, 5 e 16; . Caçadores 2 e 5; . Cavalaria 2 e 4;

12h:30 - 16h:00

Paiva Couceiro ataca a Rotunda

14h:00 - 16h:00

O S. Rafael e o Adamastor bombardeiam o Palácio das Necessidades.

16h:00

SABIAS QUE:

A marinha bombardeia o Terreiro do Paço.

. Artilharia móvel e . Campo entrincheirado?

O número de soldados foi de 4770?

5 de Outubro 06h:00 - 07h:00

Duelos de Artilharia na Avenida

08h:00 - 09h:00

A República é proclamada na Câmara Municipal

Henrique Bettencourt Moreira de Sousa, 6º5

MANUEL DE ARRIAGA Manuel José de Arriaga Brum da Silveira e Peyrelongue nasceu na cidade da Horta, nos Açores, a 8 de Julho de 1840, e morreu em 1917. Viveu inicialmente em Coimbra, mas depois fixou-se em Lisboa. Era filho de Sebastião de Arriaga e de Maria Cristina Ramos Caldeira e teve 5 irmãos. Casou-se com Dona Lucrécia Furtado de Melo e teve 6 filhos, 4 rapazes e 2 raparigas. Para pagar os seus estudos universitários, foi professor de inglês, mas não por muito tempo. Formou-se em leis, na Universidade de Coimbra. Destacou-se como advogado e como o primeiro Presidente da República eleito, claro! Chegou ainda a ser Reitor da Universidade de Coimbra, onde tomou uma medida curiosa: tornou facultativo o uso de capa e batina para os estudantes, o que, até aí, era obrigatório. A lembrança de Manuel de Arriaga ficou marcada de variadas formas. Uma delas foi a existência de ruas com o seu nome em Sintra e em Avis, por exemplo. João Burmester Campos, 6°5

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Nova Onda Outubro 2010


EB 2/3 - 2º Ciclo

OS SÍMBOLOS DA REPÚBLICA Segundo a Constituição os símbolos da república são: a Bandeira, verde e vermelha e o Hino, "A Portuguesa", escrito por Henrique Lopes Mendonça, que se inspirou no Ultimato Inglês, e cuja música foi elaborada por Alfredo Keil. Com a República apareceu também uma nova moeda, o escudo.

O HINO NACIONAL - “A PORTUGUESA” I Heróis do mar, nobre povo, Nação valente, imortal, Levantai hoje de novo O esplendor de Portugal! Entre as brumas da memória, Ó Pátria sente-se a voz Dos teus egrégios avós , Que há-de guiar-te à vitória! Refrão Às armas, às armas! Sobre a terra, sobre o mar , Às armas, às armas! Pela Pátria lutar Contra os canhões marchar, marchar! II Desfralda a invicta bandeira À luz viva do teu céu! Brade a Europa à terra inteira: Portugal não pereceu Beija o solo teu jucundo O oceano, a rugir d 'amor ,

E o teu braço vencedor Deu mundos novos ao Mundo! (Refrão) III Saudai o Sol que desponta Sobre o ridente porvir: Seja o eco de uma afronta O sinal de ressurgir. Raios dessa aurora forte São como beijos de Mãe, Que nos guardam, nos sustêm, Contra as injúrias da sorte. (Refrão) Nota: Em cerimónias oficiais só se canta a 1ª estrofe. Na versão original em vez de "contra os canhões” cantava-se "contra os bretões", falando pois dos ingleses.

A BANDEIRA

Significado da bandeira: O vermelho representa o sangue derramado pelos Portugueses. O verde simboliza a esperança no futuro. A esfera armilar mostra o mundo que os portugueses descobriram. Os sete castelos representam as conquistas no reinado de D. Afonso III. As cinco quinas representam as cinco chagas de Cristo.

Henrique Bettencourt Moreira de Sousa, 6º5

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Nova Onda Outubro 2010


EB 2/3 - 2º Ciclo

MULHERES DA REPÚBLICA

Depois da implantação da República, algumas mulheres procuraram aumentar os direitos de todas. Aqui fica o nome de algumas delas:

ADELAIDE CABETE Adelaide de Jesus Damas Brazão Cabete nasceu em Alcáçovas (Elvas), no dia 25 de Janeiro de 1867. Trabalhou, desde muito nova, na apanha da ameixa e no serviço doméstico, em casas ricas de Elvas. Foi o seu marido Sargento Manuel Fernandes Cabete, um republicano, que a incentivou a estudar. Aos 22 anos fez o exame da instrução primária e aos 27 concluiu o curso liceal. Foi médica obstetra, ginecologista e professora. Defendeu os direitos dos animais. Reivindicou os direitos das mulheres e foi presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas. Reivindicou que as mulheres tivessem um mês de descanso antes do parto e, em 1912, lutou para que as mulheres tivessem direito ao voto.

ANA DE CASTRO OSÓRIO Ana de Castro Osório nasceu em Mangualde, a 18 de Junho de 1872 e morreu em Setúbal, a 23 de Março de 1935. Em 1898, casou com Francisco Paulino Gomes de Oliveira, poeta republicano. Foi professora, escritora de contos, romances sendo considerada a fundadora da literatura infantil em Portugal. Traduziu contos dos irmãos Grimm e de Hans Christian Anderson. Lutou pelos ideais republicanos e defendeu os direitos das mulheres, tendo fundado o Grupo Português dos Estudos Feministas e a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas.

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Nova Onda Outubro 2010


EB 2/3 - 2º Ciclo

CAROLINA BEATRIZ DE ÂNGELO Carolina Beatriz de Ângelo nasceu na Guarda, em 1877. Frequentou a Escola Politécnica e Médico-Cirúrgica de Lisboa, onde concluiu o curso de medicina em 1902, ano em que também se casou com um activista republicano. Foi a primeira médica portuguesa a operar no Hospital de S. José. Dedicou-se à especialidade de ginecologia. Fez parte de diversas organizações republicanas e defendeu os direitos das mulheres, entre os quais o direito de voto. A 28 de Maio de 1911, foi a primeira mulher a votar em Portugal. O direito de voto era concedido aos cidadãos maiores de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família. Como era viúva e chefe da sua família (tinha uma filha), Carolina Beatriz de Ângelo conseguiu votar. No ano seguinte, contudo, foi acrescentado à lei que só poderiam votar cidadãos do sexo masculino.

CAROLINA MICHAËLIS Carolina Wilhelmina Michaëlis de Vasconcelos nasceu em Berlim, a 15 de Maio de 1851. Estudou, entre os 7 e os 16 anos na Escola Superior Municipal Feminina de Berlim. Depois, como as mulheres não podiam estudar na Universidade, estudou com professores, em casa. Estudou literatura greco-romana, as línguas eslavas e as línguas românicas (entre as quais o português). A sua facilidade para aprender línguas permitiu-lhe tornar-se tradutora. Correspondeu-se com escritores como Eugénio de Castro, Antero de Quental, João de Deus de Nogueira Ramos, Henrique Lopes de Mendonça, José Leite de Vasconcelos, o Conde de Sabugosa, Teófilo Braga, Trindade Coelho, Anselmo Braamcamp Freire, Sousa Viterbo, Alexandre Herculano e os médicos e escritores António Egas Moniz e Ricardo Jorge. Casou com o musicólogo e crítico de arte português, Joaquim António da Fonseca Vasconcelos e adquiriu a nacionalidade portuguesa. Viveu no Porto, na Rua de Cedofeita. Foi a primeira mulher a dar aulas numa universidade portuguesa – a Universidade de Coimbra. Publicou várias obras literárias, dirigiu a Revista Lusitânia e escreveu para jornais da época.

Ana Catarina Maia, 6º6º; Carolina Cerejo, 6º3; Carolina Mota, 6º2; Carlos Rocha, 6º2; Mª Inês Santos, 6º3

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Nova Onda Outubro 2010


EB 2/3 - 2º Ciclo

PELAS RUAS DA REPÚBLICA

Nas ruas por onde passamos, a memória da 1ª república e de quem nesse tempo se destacou está muitas vezes presente, sem que dêmos conta dela. Como se comemoram os 100 anos da implantação da República quisemos ver se as encontrávamos. Deixamos, aqui, algumas delas para que, quando por elas passarem, saberem o seu significado.

No dia 31 de Janeiro de 1891, na cidade do Porto, teve lugar uma revolução para pôr fim à monarquia. A revolução foi fracassada mas as ideias republicanas permaneceram.

RUA 31 DE JANEIRO

Em Santa Cruz do Bispo, esta data é recordada numa rua.

AVENIDA DA REPÚBLICA

Em Matosinhos, esta avenida recorda a implantação da República a 5 de Outubro de 1910.

Manuel Gouveia foi um aviador que nasceu no Porto, no dia 4 de Fevereiro de 1890. Durante a 1ª guerra mundial, foi mecânico na Esquadrilha Francesa 124, onde estavam alguns pilotos portugueses.

RUA MANUEL GOUVEIA

Em 1924, fez o voo a Macau com Sarmento de Beires e Brito Pais.

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Nova Onda Outubro 2010


EB 2/3 - 2º Ciclo

José Manuel Sarmento de Beires foi o primeiro piloto a efectuar

RUA SARMENTO BEIRES

uma missão de voo nocturno em Portugal, a 22 de Janeiro de1920. Em 1924, voou até Macau, com Manuel Gouveia. A memória destes dois pilotos está presente em ruas de Leça da Palmeira.

Basílio Teles nasceu no Porto a 14 de Fevereiro de 1856. Estudou medicina (mas não concluiu os seus estudos), foi

JARDIM BASÍLIO TELES

professor liceal e foi escritor, tendo colaborado em jornais. Filiou-se no partido republicano e participou na revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891, tendo sido exilado após o seu fracasso só regressando a Portugal após uma amnistia. Após a implantação da república foi convidado para exercer o cargo de Ministro das Finanças, o que recusou.

Viveu em Matosinhos onde o seu nome foi dado ao jardim que se encontra em frente à Câmara Municipal.

Doutor em medicina pela Escola Médico-Cirúrgica do Porto, Afonso

RUA AFONSO CORDEIRO

Cordeiro

foi

deputado

e

senador

e

grande

propagandista republicano durante a monarquia, tendo sido o chefe daquele partido em Matosinhos. Foi director do Hospital de Santa Violante (Matosinhos). Após a implantação da República, foi o primeiro presidente da Câmara Municipal de Matosinhos.

Esperamos que, quando passarem por estas ruas, se lembrem do motivo do seu nome.

6º2, 6º3, 6º6 Ano lectivo 2009/2010

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Nova Onda Outubro 2010


EB 2/3 - 2º Ciclo

VEM AÍ A REPÚBLICA! Aos alunos do 6º ano foi lançado um desafio – encontrar os caminhos que levaram à implantação da República, participando numa “Caça ao Tesouro”. Os que aceitaram o repto viram, depois de resolverem vários enigmas, a chegada da República.

MAPA DE ORIENTAÇÃO

Tal como os revolucionários, também os alunos tiveram que superar provas, mesmo os pequeninos… Completem o crucigrama:

1.

R

1. Manuel de … – 1º Presidente da República eleito

2.

E

2. Uma das cores da bandeira da República

3.

P

3. Ilda … – modelo do busto da República

4.

U

4. Regime político que terminou com a implantação da República

5.

B

5. Partido que lutou pelo fim da monarquia

6.

L

6. Nome do último rei de Portugal

7.

I

7. Documento que contém as leis fundamentais de um país

8.

C

8. Moeda adoptada pelo regime republicano

9.

A

9. Este ano comemora-se o… da República

1. Encontra as soluções para o enigma que se segue: •

Regime político chefiado por um rei _______________________ (9 letras)

D. Pedro IV foi o autor do Hino da _________________________ (5 letras)

Nome próprio do último rei de Portugal _____________________ (6 letras)

Numa república, a figura principal é o seu _________________ (10 letras)

Mês em que ocorreu a revolução republicana ________________ (7 letras)

Manuel de ____________ (7 letras) foi o 1º Presidente da República eleito

A _____________________ (10 letras) foi o hino adoptado pela República

A moeda adoptada pelos republicanos foi o _________________ (6 letras)

Uma das cores da bandeira republicana ____________________ (5 letras)

Este ano comemora-se o centenário da ____________________ (9 letras)

2. Procura-as, agora, na sopa de letras M U T W V E R D E X Z M

Y I K O G Q S D F V H J K X C G P R E S D W E P Q C U P G H X J U Z D B Y B X T N H L N H M F I W G S Z C A R O N A R Q

17

A R R I A G A J K Ç T U

F Z X D Z V B N V Q A I

R Y P J T M O L F A R M E N T E S U U W C E G O U L U R D T E B O R S U X H A T Z G H U A B Y O

Nova Onda Outubro 2010


EB 2/3 - 3º Ciclo

A Mulher na 1ª República Portuguesa Até ao século XIX, a situação da mulher

jornais

e

revistas

portuguesa, condicionada pelos costumes e pelas

conferências e publicaram alguns folhetos que

leis, era idêntica à das mulheres da Europa. O

reproduziam discursos, preenchendo assim uma

chefe de família, ou seja, o marido, irmão ou pai,

grande lacuna de leituras de teor feminista,

exercia o poder e autoridade sobre os filhos e a

acessíveis

mulher que lhe deviam total obediência. Incapaz

Destacaram-se: Ana de Castro Osório, Adelaide

de assumir responsabilidades e dependente do

Cabete e Carolina Beatriz Ângelo, às quais se

chefe de família, a mulher era educada para

juntaram, entre outras, Adelaide Cunha Barradas,

cuidar da vida doméstica. Se tivesse de trabalhar

Amélia França Borges, Ana Maria Gonçalves

fora de casa, para ajudar o sustento da família,

Dias, Camila Sousa Lopes, Fausta Pinto da

apenas lhe ofereciam ofícios rotineiros e salários

Gama, Filomena Costa, Maria Benedita Pinho,

mais baixos que os homens.

Maria Veleda, Rita Dantas Machado, Maria Irene

Os protestos femininos fizeram-se sentir em

Zuzarte.

às

da

época,

mulheres

realizaram

portuguesas.

grupos de reflexão constituídos por algumas mulheres instruídas que escreveram para os . Em Fevereiro de 1909, Ana de Castro Osório e António José de Almeida fundaram a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas com o objectivo de orientar, educar, instruir nos princípios democráticos, fazer propaganda cívica, inspirando-se no ideal republicano e democrático. Pretendiam ainda promover a revisão das leis na parte que interessava especialmente à mulher e à criança.

Foi a primeira e mais duradoura associação dos direitos das mulheres. Esta liga lutava pela igualdade de direitos que lhes permitissem uma maior intervenção na vida social, económica e política do país. Em 27 de Novembro de 1910, esta

associação

entregou

uma

petição

ao

governo em que reclamava a revisão imediata do Código Civil, a lei do divórcio e o sufrágio feminino

apenas

para

as

mulheres

que

pagassem impostos, o que não agradou a todas as sócias da Liga. Em 1910, já tinha 500 filiadas. .

18

Nova Onda Outubro 2010


EB 2/3 - 3º Ciclo

Os

dirigentes

republicanos

apoiaram

e

com

o

obscurantismo

religioso

e

o

incentivaram a luta reivindicativa das mulheres

conservadorismo político.

pela igualdade de direitos que lhes permitissem

No

uma maior intervenção na vida social, económica

existentes no enunciado da Lei Eleitoral, os

e política do país, até porque lhes interessava criar

primeiros governos republicanos tentaram afastar

mais uma frente de combate à monarquia e libertar

a

o

portuguesa.

sexo

feminino

da

tradicional

conotação

entanto,

mulher

da

aproveitando

participação

as

na

indefinições

vida

política

Nas primeiras eleições republicanas, realizadas em 28 de Maio de 1911, pretendeu-se impedir o voto às mulheres. O que nunca passou pela cabeça do Governo foi que uma mulher

ousasse

médica,

votar.

sufragista

e

Carolina fundadora

Beatriz da

Ângelo,

Propaganda

Feminista, foi a primeira mulher a votar em Portugal, mas só o conseguiu, através do reconhecimento de um tribunal, após ter afirmado que a expressão “cidadãos portugueses”, se referia a homens, mas também a mulheres!

E, tal como se pode ver no convite oficial para a sessão inaugural da Assembleia Nacional Constituinte, recentemente eleita, em 19 de Junho de 1911, a entrada era exclusiva para o sexo masculino.

Em Julho de 1913, a Lei Eleitoral da República foi

Estas mulheres fizeram a História da República

modificada, deixando claro que o direito ao voto

com os políticos e outros intelectuais que

pertencia exclusivamente aos cidadãos do sexo

habitualmente citamos. O Estado Novo acabou

masculino:

com os sonhos de igualdade destas e de outras

“São

eleitores

dos

administrativos

cargos

todos

políticos

os

e

mulheres. Só 64 anos depois da implantação da

cidadãos

República, com a Revolução de Abril, o sonho e a

portugueses do sexo masculino, maiores de

esperança da igualdade de todos, regressaram à

21 anos, ou que completem essa idade até ao

sociedade portuguesa.

termo das operações de recenseamento, que estejam no gozo dos seus direitos civis e políticos, saibam ler e escrever português e residam

no

território

da

República

Portuguesa”. A Revolução Republicana, a 5 de Outubro de 1910, foi feita por homens e por mulheres que, lutando por ideais patrióticos e influenciados pelos

valores

da

Revolução

Francesa,

tão

significativa para os direitos civis, políticos e sociais,

marcou

a

viragem

da

História

Portuguesa, embora de uma forma muito tímida, pois as mulheres continuaram a não ter plenos direitos civis fundamentais, nem políticos.

Trabalho realizado pelos alunos do 9º ano (manhã), coordenado pela professora Rosário Carvalho

19

Nova Onda Outubro 2010


PARABÉNS REPÚBLICA! Comemorar um aniversário é algo comum. Comemorar um centenário é um feito em que poucos podem participar. Este ano a República fez cem anos! Data marcante na vida de um país, o nosso, que quisemos celebrar. Contudo, cem anos (sendo, para a História do país, um acontecimento recente) é tempo demasiado para as crianças e jovens do nosso Agrupamento conseguirem perspectivar. Daí a

opção

tomada,

de

modo

a

que

todos

pudessem

compreender, de termos levado a República até eles. As várias actividades realizadas tiveram reflexo nos trabalhos por eles desenvolvidos, alguns expostos na Biblioteca da E.B. 2,3 e/ou publicados no número especial do Jornal Nova Onda. Pelo

entusiasmado

dos

participantes,

acreditamos

ter

cumprido o que nos tínhamos proposto. Neste aniversário, os parabéns tinham de ser cantados. Assim, todos os alunos do 2º ciclo, sob orientação das suas professoras de Educação Musical, ensaiaram o Hino Nacional – vocal e instrumental – para o poderem interpretar nos momentos para que foram solicitados. Procurámos, também, alargar à Comunidade a participação neste aniversário para recordar/aprender factos ligados a esse período. Nesse sentido o convite à Mestre Elvira Rodrigues para palestra “Associativismo e República – Um Desafio Pedagógico-Didáctico”,

com

que

encerramos

estas

comemorações. Num Agrupamento com alunos a preencher tão vasto leque etário, julgamos ter encontrado o caminho para que todos se juntassem à festa do centenário e para que este momento grande da História de Portugal se tenha tornado num momento a recordar na história de cada um. A Coordenadora de História

Manuela Ferreira

20

Nova Onda Outubro 2010


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