Edição 128 - Agosto 2019

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otícias da reguesia

Mensário da Junta de Freguesia

Ano XV | Edi. 128 | Agosto 2019 | Distribuição gratuita


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Notícias da Freguesia Opinião Gastão Crespo

Imagina que um dia fazes a seguinte pergunta ao teu filho: “O que queres ser quando fores grande?” O que será que ele irá responder? Pois bem, há pouco tempo fiz essa pergunta a um dos meus filhos. E não foi ao mais crescido, se é isso que estão a pensar! A pergunta surgiu enquadrada num determinado contexto e a resposta do pequeno Salvador Gastão de 6 anos foi perentória: “Eu quero ser cuidador de pais”. As palavras, recordo-me que despareceram e, deram lugar à emoção. Que resposta bonita! Talvez essa resposta vinda de uma criança de tenra idade, seja fruto do exemplo que tem em casa ou eventualmente, do comportamento da Ama que cuida dele. O importante aqui é a preocupação de um filho com o futuro dos pais. A propósito, numa das minhas leituras encontrei a magnífica metáfora que comparava a família com

Cuidador de Pais uma árvore. Os pais sãos as raízes profundas e resistentes; os filhos, o tronco grosso e forte; e os netos, os galhos que sobem e continuam a crescer. Curiosamente, os galhos da árvore acompanham sempre o crescimento das respetivas raízes e, não vão além do estritamente necessário. É interessante refletir sobre isso. Mas, esta metáfora levou-me também a refletir sobre outro prisma. Se as árvores estão sempre a tentar dar o seu melhor para que seus frutos sejam também eles os melhores, desviando-se das pedras para procurar o sustento, fixando-se da melhor forma possível ao solo, superando tempestades que têm origem de todos os lados… e tudo isso para que os seus frutos sejam lançados de uma forma tal, que formem outras árvores! Na vida tudo pode acontecer, porém a única certeza que temos, nós pais, é que criamos os filhos, não só para os lançar ao

N O T A S

Ficha Técnica:

Noticias da Freguesia de Souto da Carpalhosa e Ortigosa

vento, como também para que possam gerar ótimas árvores e, que um dia, eles possam igualmente gerar o seu fruto no futuro! E, já agora se quis o destino que de entre tantos irmãos, tu e apenas tu fosses o único cuidador dos teus pais, deixa-me que te diga: “Não te canses de fazer o bem!” Nem reclames, porque eu tenho a certeza que tudo aquilo que fazemos aos outros iremos receber em dobro. Podendo ter diversas formas esse retorno, nomeadamente por reconhecimento, por compreensão, por amor ou por alegrias e outras coisas, que só quem é generoso, sabe reconhecer e valorizar o retorno que recebe. Deixo a frase de Mário Cortela para reflexão: “O Mundo que vamos deixar para os nossos filhos, depende muito dos filhos que vamos deixar para o mundo”. Seja feliz! Faça alguém feliz! E já agora cuida dos teus pais, como queres que cuidem um dia de ti.

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Parque da Lagoa

Árvores em estudo Já é conhecida de todos a atual situação do Parque da Lagoa. Depois da queda de dois choupos e do aconselhamento de interdição do parque, os técnicos da Câmara Municipal de Leiria e os do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, estiveram, uma vez mais, no local. Fomos surpreendidos pela quebra de mais um choupo. Foi-nos sugerido um pedido de avaliação em laboratório. Foram também recomendadas pessoas, a quem já enviámos um pedido de orçamento. No passado dia 22, deslocaram-se ao Parque o Dr. Luís Miguel F. P. Martins do Departamento de Ciências Florestais e Arquitetura Paisagista da UTAD, e o Dr. António Portugal da Universidade

Eulália Crespo

de Coimbra, afim de se fazer a nálise de fitossanidade e avaliação de risco. Segundo os seus métodos de análise de uma população local de árvores, são consideradas 3 árvores selecionadas para amostragem. A 1ª em bordadura, a 2ª no meio do povoamento, e a 3ª junto ao campo desportivo do Parque da Lagoa. Para além de uma avaliação visual, recorreram a instrumentos de medição e recolha de dados para serem, posteriormente, analisados. É preciso ter em mente que são processos demorados, e aguardamos a sua conclusão para sa-ber que decisão tomar.

1 - Fotos de atividades não devem ser enviadas sem texto. Elas são para mostrar o que no texto se diz. 2 - Tudo o que for enviado deve vir com livre acesso. 3 - O "Notícias" sai no início do mês. Anunciem-se as atividades a tempo. 4 - "Mostre-se" o que aconteceu, com texto e imagens

Depósito Legal 282840/08 Diretora Eulália Crepo Editor José Baptista Colaboradores Márcio Santos, Orlando Cardoso, Gastão Crespo, Associações e Escolas da U. de

Freguesias Propriedade Junta de Freguesia, Largo Santíssime Salvador, n° 448 2425-522 Souto da Carpalhosa Telefone 244 613 198

Fax 244 613 751 E-mail noticiasdafrequesia @gmail.com Tiragem 1000 exemplares Periodicidade Mensal Distribuição Gratuita Impressão Empresa

do Diário do Minho, Lda 253 303 170


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Notícias da Freguesia

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Opinião Márcio Santos (Enfermeiro)

Os raios solares são extremamente importantes para a nossa saúde, tanto física, como psicológica. Desde que com regras, com proteção e sem exageros, a exposição solar tem os seguintes benefícios para o organismo: Ativa a circulação sanguínea; estimula o sistema endócrino, favorecendo os processos metabólicos e o aproveitamento dos nutrientes; melhora os quadros de acne e as infeções por fungos; promove a síntese de vitamina D na pele, que favorece a fixação de cálcio nos ossos e dentes; aumenta a quantidade de glóbulos brancos no sangue, fortalecendo o sistema imunitário (mecanismo de defesa contra a gentes infeciosos); aumenta a concentração de glóbulos vermelhos no sangue, responsáveis pelo transporte do oxigénio; estimula o sistema hormonal, com especial incidência nas glândulas pituitária e tiroideia; ativa o sistema nervoso. A exposição so-

Benefícios e cuidados a ter com o Sol lar é um bom antídoto contra a depressão e a ansiedade; favorece a atividade intelectual; se for à praia e der uns mergulhos, vai beneficiar também das propriedades

antitumorais e antibacterianas da água do mar. No entanto, uma exposição excessiva à luz solar pode ter efeitos nocivos na pele nos olhos e no sistema imunológico. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os “especialistas acreditam que quatro em cinco casos de cancro da pele poderiam ser evitados, uma vez que os danos cau-

sados pelos raios UV são evitáveis”. Indico-lhe alguns cuidados a ter com o sol, para que faça dele um aliado para o seu bem-estar e o de toda a família:

- Use roupa escura. Prefira utilizar uma camisa ou t-shirt de cor escura. É importante ter em atenção a utilização de “manga comprida que cubra os antebraços”, no caso de fazer uma exposição muito prolongada, aconselha a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo. E não se esqueça que mesmo uma t-shirt molhada no corpo pode deixar passar os

raios ultravioleta. - Aposte nos adereços, utilize um chapéu de abas largas para proteger orelhas, olhos, rosto, costas e pescoço. Os óculos de sol devem também fazer parte do kit de proteção solar. Segundo a OMS, “óculos de sol que fornecem 99 a 100% de proteção contra UVA e UVB reduzem bastante os danos aos olhos causados pela exposição ao sol”. As crianças devem também usar este tipo de óculos. - Hidrate-se mesmo que não sinta sede, ingira muitos líquidos, preferencialmente água. Consuma frutas e legumes pois é outra forma de equilibrar os níveis de hidratação corporal, além de conterem nutrientes essenciais que ajudam a proteger a pele. A cenoura, por exemplo, contém betacaroteno, que protege a pele dos raios solares. Resguarde-se na “horas perigosas”, evite exporse ao sol nas horas em

que os raios solares estão mais fortes, isto é entre as 12h e as 16h. Use protetor solar, aplique um creme protetor solar cerca de 30 minutos antes de ir para a praia, campo ou para a piscina .Deve renovar as aplicações de 2 em 2 horas e após o banho. Prefira um protetor solar com FPS igual ou superior a 30. Use a sombra de forma consciente, nas ho-ras de maior calor é im-portante proteger-se do sol socorrendo-se de som-bras. Mas atenção: não de esqueça que as “estruturas de sombra, como árvores, guardasóis ou coberturas, não oferecem proteção solar completa”, relembra a OMS. Estes são algumas dicas a ter em conta nesta época de Verão. Pela sua saúde aproveite-as ao máximo. Boas férias!

Pelos Trilhos da Charneca do Nicho Foi já no passado dia 20 de ju- ram e a todos(as) os(as) particinho que se realizou a primeira pantes que, com alegria e boa edição dos Trilhos Charneca do disposição, deram brilho a esta Nicho organizado pela Associa- festa do desporto. ção PRO-FUTURO Escola da Moi- E as grandes vencedores da prota da Roda e Conqueiros, com 230 va foram: participantes. Mais do que um e- Feminino: vento desportivo, foi um aconte- [ 01:35:48 ] Filipa Casimiro cimento de grande significado // CS Mamede social, de convívio entre gerações [ 01:45:13 ] Ana Filipa e de proximidade entre as comu- [ 01:46:42 ] Marta Ribeiro nidades das nossas aldeias. Um // Os Tolinhos evento de promoção do nosso Masculino: património rural, dos nossos cam- [ 01:12:25 ] Leandro Santos pos, da nossa floresta e suas ribei- // C Veteranos de Lis ras. Esta aventura não teria sido [ 01:13:01 ] André Fonseca possível sem o apoio, ajuda e cola- [ 01:13:36 ] Bruno Antunes boração de todos: organizadores, // Noticias de Colmeias Atletismo apoiantes e patrocinadores. Maior Equipa: Família Febra Um agradecimento especial Figueiredo aos voluntários que nos apoiaAssociação Pró-Futuro


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Notícias da Freguesia

Rancho dos Conqueiros

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Futsal: Competição

Foi à Moldávia representar-nos

interassociativa

Decorreu mais um Torneio Interassociações da União das Freguesias de Souto da Carpalhosa e Ortigosa, numa organização do Basket Clube do Liz. Aconteceu entre os dias 6 e 21 de julho, no pavilhão desportivo. Foi ocasião de convívio e competição. Embora a participação desportiva seja o mais importante, é normal que todos gostem de alcançar o primeiro lugar. Na página seguinte fica a imagem do que aconteceu.

Eric Domingues O Rancho Folclórico Juventude Amiga dos Conqueiros cantou, dançou e encantou por terras moldavas. Foi este o grupo que representou Leiria e Portugal, no Festival Internacional de Folclore "Nufarul Alb", que se reafizou, na sua 16ª edição, na cidade de Cahul. Esta foi a terceira viagem do grupo ao estrangeiro e ficará na memória, no dizer dos participantes, pelo acolhimento e apoio que receberam dos milhares de pessoas presentes no festival. Entre ranchos de 10 países, o rancho dos Conqueiros foi aquele que mais se destacou nas diversas atividades do Festival. Da comitiva portuguesa fez parte também Gonçalo Lopes, vice-presidente da Câmara Municipal de Leiria, e Adélio Amaro, presidente da Associação Folclórica da Região de Leiria - Alta Estremadura.

Ganha Bronze em Las Palmas

Pequeninos, mas muitos

Realizou-se no Domingo 23 de Junho de 2019, o VI Torneio do Judo Clube da Lourinhã, destinado a atletas com idades compreendidas entre os 3 e 12 anos de idade. Este evento contou com a presença de cerca de duas centenas de jovens judocas, oriundos da zona centro e e zona de lisboa. A Secção de Judo do Grupo Desportivo Santo Amaro, fez-se representar com 33 Judocas. Os atletas foram acompanhados pelos treinadores Eric Domingues e Nuno Albuquerque e pelo delegado Dionis Ceban.

Eric Domingues alcança Bronze no campeonato da Europa de Veteranos. O Judoca do Grupo Desportivo Santo Amaro, participou, no sábado dia 27 de Julho, no Campeonato da Europa de Veteranos, que decorreu em Las Palmas - Espanha. Esta competição contou com a participação de 39 países e mais de 800 participantes masculinos e femininos. Eric Domingues competiu no escalão etário dos 35 aos 39 anos, na categoria de -60kg. Após perder o combate inicial com o atleta espanhol que se sagrou campeao da europa, ganhou todos os combates seguintes, logrando alcancar a medalha de Bronze de forma categórica contra outro atleta da "casa". Esta foi a terceira medalha de Bronze em campeonatos da Europa e a quinta internacional incluindo um bronze e uma prata mundial para o atleta Leiriense residente em Ortigosa, que em outubro irá participar no Campeonato do Mundo em Marrakesh - Marrocos.

G.D.S.A

G.D.S.A


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Notícias da Freguesia

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Futsal - XIV Torneio Interassociações Estiveram nas meias finais

Rancho do Souto - Junta de Freguesia

Várzeas - Arcusa 92

Participaram também duas equipas femininas

Classificação por Grupos 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

Grupo A Equipa J V Junta de Freguesia 4 3 4 1 Arcusa 92 Moita da Roda 4 1 R. dos Conqueiros 4 1 Picoto 4 0 Grupo B Equipa J V Rancho do Souto 4 3 Várzeas 4 3 R. da Ortigosa 4 3 Santo Amaro 4 1 Santa Bárbara 4 0

Classificação final

E 1 3 2 1 1

D 0 0 1 2 3

GM 16 12 14 13 9

GS P 12 10 11 6 12 5 17 4 13 1

E 0 0 0 0 0

D 1 1 1 3 4

GM 24 22 15 13 9

GS 9 16 15 22 21

P 9 9 9 3 0

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º

Várzeas Arcusa 92 J. F. Souto e Ortigosa Rancho do Souto Rancho da Ortigosa Moita da Roda Rancho dos Conqueiros Santo Amaro Picoto Santa Bárbara

Melhores marcadores Nome

André Sobreira Micael Domingues Tiago Sobreira Ruben Remigio Paulo Serrano Melhor defesa Prémio Disciplina Homenagem Prémio de Bar

Um intervalo para pensar Na nossa última passagem pelas páginas do Notícias da Freguesia, abordámos algumas questões que muito nos custam, nomeadamente as desconfianças quanto aos eventuais responsáveis dos crimes que esperam julga-mento nos nossos tribunais. Portugal consegue ter um povo excecional, na sua capacidade de

trabalho, espalhado e honrado em quase todo o espaço europeu e restantes continentes. Porém, esta situação tem contribuído para o nosso desenvolvimento de um modo muito menos vigoroso do que o de outros povos. Assiste-se ao avanço de grandes grupos sociais e económicos estrangeiros que aumentam a

sua intervenção no governo do mundo, enquanto a velocidade interna do nosso país não permite protagonizar grandes ações. Motivos haverá, muitos e variados, para esta desafinação. Trabalhadores sem a necessária qualificação? Empreendedores sem visão estratégica? Sociedade alienada dos reais problemas?

Equipa

R. do Souto Várzeas J. Freguesia R. dos Conqueiros Rancho do Souto

Golos

13 11 11 9 9

Rancho do Souto G D Santo Amaro Joel Mendes Rancho do Souto

Orlando Cardoso

Comportamentos desviantes atentatórios ao bem comum? Lentidão e lassidão dos decisores? Inte-resses instalados? Protelar para esquecer? Os tempos que correm são difíceis e imprevisíveis. A ver vamos como se valoriza o trabalho do nosso povo e se constroem os novos espaços da nossa história.


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Notícias da Freguesia

P'lo Centro Social Durante o mês de julho, entre o sol e a chuva, houve tempo para trabalhos manuais,,caminhadas matinais, jogos, passeio à paria, mais uma sessão das Novas Primaveras da SAMP e, para animar o Dia doa Avós, nada mais nada menos que o famoso e animado Grupo de Cavaquinhos da Chã da Laranjeira.

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P'la EB1 do Vale da Pedra Celebrando o Dia da Espiga, os pequenos da EB1 do Vale da Pedra foram, uma vez mais, visitar os amigos do lar, a quem ofereceram ramos floridos. Nesta partilha intergeracional todos ganham.

Sonhos que não se sonham e o sonho de mudar José Baptista

Portugal é país de migrantes. Uns que vão, outros que vêm, numa constante permuta de pessoas, ideias, culturas, sonhos e pesadelos. Algumas das nossas aldeias despovoaram-se nas décadas de 60 e 70. Olho a freguesia onde nasci e percebo isso facilmente. Vidas vividas, e muitas vezes perdidas, longe da família e do aconchego familiar. Partidas clandestinas. Muitas lágrimas derramadas, medos engolidos e dificuldades, por aquilo a que poderíamos chamar de miséria. Vejam-se os famosos "bidonville" que foram casa e cama de tantos portugueses. Uma busca por melhores condições de vida, com ou sem retorno ao país que os viu nascer. As saudades matavamse um pouquinho nos tempos raros em que a vida permitia vir ver a família. Sou filho de um emigrante, que deixou de o ser quando nasci. Abençoada hora aquela em que meu pai voltou, para que pudesse ensinar-me e ver-me crescer. Fui mais feliz com ele por perto.

Emigrantes portugueses em França 1964 (Gérald Bloncourt)

Continuamos a emigrar hoje, mas cheios de autorizações e licenças para permanecer por lá, pois tornámo-nos "cidadãos do mundo". Penso, às vezes, que já nem os sonhos são os mesmos, porque quem está bem quer ainda estar melhor, querendo ganhar mais sem se dar conta do que perde. Ouvimos as notícias, vemos as imagens, e ficamos indiferentes ao sofrimento de tantos que não são "cidadãos do mundo", muitas vezes nem do seu próprio país que, pelas mais diversas razões, não os deixa nascer, crescer e viver em paz. Gente que não sonha porque não tem tempo para sonhar e que não sorri porque o medo lhe cerra os lábios e o olhar.

Gente que não busca uma vida melhor, mas que quer apenas viver. Gente que, sem querer, nos acusa de a deixarmos morrer. Queremos mais, sempre mais, porque o que demais já temos nos enche de nada, nos esvazia o sentido de viver, nos turba o olhar.

O ser humano sempre foi ser de mudança. Eramno os nossos antepassados, buscando novas pastagens para seus gados, procurando, depois, novos mundos, lançando-se em arriscadas descobertas, querendo sempre mais, chegar sempre mais longe. E o mundo abriuse e, no meio de danados desejos de domínio, veio construindo suas leis, dizendo-se, e sendo-o por vezes, inclusivo, mas teve medo e cada vez mais esta humana gente se torna exclusiva, fechada em si mesma como se de sarna os outros vivessem empestados. Constroem-se autoestradas, sulcam-se os mares, cruzam-se vertigino-

Emigrantes sírios, hoje!

Mãos de pais que se estendem, mãos de crianças que já não se ferem, de tão calejadas que estão.

samente os céus. Depois constroem-se muros, cerram-se fronteiras, estende-se arame farpado e apontam-se metralhadoras

a crianças. É triste, muito triste, mas é o mundo que deixamos construir dentro de nós, e à nossa volta. É triste também, agora cá mais por casa, perceber que alguns emigrantes não deixem de voltar a Portugal, todos os anos, sempre que podem, e fazem muito bem, mas não deixam também de, deste país, dizer mal. Compreendem-se as razões de quem assim fala e faz. Quem, emigrante ou não, não sabe ser grato pela nação que somos, pela honra, a dignidade e o brilho que temos, não tem brilho por dentro, não tem brilho por fora. Não reflete, por isso, o que de bom, muito bom temos e somos. Olhando este nosso Portugal com olhar de quem pensa e sente, percebe-se que não é Portugal, não é o mundo, é a humanidade, é cada um, que precisa de mudança. E a mudança não se faz por ato criticante, mas por ação silenciosa e bem atuante. É, por isso que tenho medo de quem muito faz e mais fala e me sinto bem junto daquele que "pouco faz" e muito se cala.


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Notícias da Freguesia

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Partir Em mês de férias, de regresso de emigrantes, quisemos saber um pouco do como era e do como é, hoje, emigar. Ficam dois relatos, simples: Fernando Roque

Não tinha 20 anos, ainda. Livrei da tropa, por amparo de mãe, não contava com isso. Havia um documento a perguntar se tinha algum compromisso de responsabiliadde, e eu disse que tinha a minha mãe a meu encargo. Quando preenchi, a minha intenção era ter uma ajuda. Estive na Figueira da Foz, uma semana. Quando cheguei a casa tinha indicação para me apresentar em Leiria, porque o meu "pedido" tinha sido diferido. Havia aquelas condições: como era amparo de mãe, não podia ausentarme de junto dela. Só que eu fui malandro e, com o apoio dela, que pediu oito contos, que foi quanto tive que pagar, foi ela que os pediu, fui para França. Isto foi há 51 anos. Arranjou dinheiro francês, sem saber ler nem escrever, ela lá o arranjou. Não sei quanto era, eu não fazia a menor ideia de quanto era. Fui de assalto. Em rela-

ção a mim, houve quem passasse muito pior. Fui de carro até Vilar Formoso. Meteram-nos lá num sítio qualquer, numa casa, casa particular, não nos faltou nada. Eramos 8. No outro dia andámos uns quilómetros a pé, não faço ideia de quantos. Recordo que olhava para trás e parecia estar sempre no mesmo sítio, era tudo muito plano. Em determinado momento mandaram-nos esconder, numa mata. Apareceu depois uma Renault 4L. Íamos 9 pessoas lá dentro, com malas... uns em cima dos outros... Dali fomos para Ciudad Rodrigo, onde tomámos o comboio. Fomos até San Sebastian. Voltámos a ir de carro. Deixáram-nos na fronteira da França e mandaramnos ir à polícia com a indicação de que íamos visitar familiares, cada um com uma morada em mão. Íamos assustados, mas lá um mais corajoso arrancou e fomos todos. Os Espanhóis nem nos ligavam, os Franceses é que quiseram saber para onde íamos. Cheguei a Paris. Fui com um rapazito de S. Miguel, que ía mais ou menos para a mesma zona que eu. Fomos de

Obituário sepultar. Antonio Ferreira da Silva, 77 anos, faleceu no dia 15 de julho. Residia nas Várzeas, em cujo cemitério foi sepultar.

e

chegar

taxi. O taxista Deixou-o a ele na morada certa e a mim deixou-me no meio de um "deserto". Era noite cerrada. Deume indicações para onde devia ir. Como eu não percebia nada do dinheiro, confiei no taxista e mostrei-lhe o dinheiro que tinha. Levou-o todo. Deixou-me sem nada. Andei por lá às voltas mas vinha parar sempre ao mesmo sítio. Vi uma casa e pensei acoutar-me lá, para passar a noite dentro de um carro velho. Mas tive medo. Avistei, depois, uma casa mais preparada. Havia lá um cão enorme e eu fui logo embora. Continuei a minha caminhada e numa casa vi um nome familiar. Quando li Carpalhoso (era gente das Colmeias), eu já achava que quilo era Souto da Carpalhosa. Ganhei coragem e batí à porta, àquelas horas da noite. Imaginei o Souto da Carpalhosa, e que eram portugueses e eram, realmente. Veio um homem. Contei-lhe toda a história, de como tinha ido lá parar. Pediu-me a direção para onde ia, era pertinho. O homem teve compaixão de mim e foi levar-me à morada correta . Por lá estive uns 15 dias

sem trabalho. Quem me acolheu (era de S. Miguel) é que me convidou a ir. Foi muito meu amigo. No dia seguinte, deixou-me comida preparada e foi para o trabalho. Arranjei trabalho uns 15 dias depois, mas tive que mudar de zona, por isso deixei de estar com ele. Tive muitos amigos por lá. Estive em França quase 4 anos. Todos os anos tinha que vir a Portugal apresentar-me. A fronteira com Portugal tinha que ser passada sempre às escondidas. Saía do Comboio antes da fronteira e voltava a entrar depois de a passar por fora do olhar dos guardas. Depois fui para a Alemanha, mas estava já legalizado em França. *** Irene Carvalho

porque os meus bisavós eram Portugueses. NF - O que sentiu no momento de deixar o seu país? FC - Não foi fácil...! ( aqui os olhos encheram-se de água..) havia o idioma que era quase igual e isso simplificou as coisas. Mas o que importa é que está dando certo. NF - Como foi a adaptação aqui em Portugal? FC - Muito bem. NF - Já fez amigos cá? FC - Poucos, mas sim. NF - Qual a dificuldade que mais sentiu? FC - Preconceito, pela cor, isto pelas pessoas mais novas. NF - Para concluir , será que nos pode confessar algum projeto para o futuro? FC - Quero que os meus filhos venham para Portugal, principalmente para conhecerem este país.

Natural do Brasil é uma de tantos imigrantes que chegaram ao nosso pais à procura de melhores condições de vida. Tivemos uma breve conversa com ela: NF - Que razões a levaram a emigrar? FC - Para melhorar as minha vida e também sempre tive curiosidade em vir para Portugal, até

Manuel da Luz e Oliveira Mota, 73 anos, faleceu no dia 1 de julho. Residia nas Várzeas, em cujo cemitério foi a

Maria da Piedade, 98 anos, faleceu no dia 10 de julho. Residia em Jã da Rua. Foia sepultar no cemitério do Vale da Pedra

Maria de Jesus, 88 anos, faleceu no dia 21 de julho. Residia no Vale da Pedra, em cujo cemitério foi a sepultar

Luís de Oliveira Ferreira (Pedrosa), 80 anos, faleceu no dia 26 de julho. Residia na Marinha. Foi a sepultar no cemitério do Vale da Pedra

das Várzeas

Manuel Marques Morgado Pereira, de 70 anos, faleceu no dia 14 de julho. Residia no Picoto. Foi a sepultar no cemitério

O homem morre a primeira vez quando perde o entusiasmo. Honoré de Balzac


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Notícias da Freguesia

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Junta de Freguesia

Trabalhos exteriores * Aplicação herbicida nos lugares de Moita da Roda, Conqueiros, Ortigosa, Riba D'Aves, Lameira, Monte Agudo * Limpeza de ruas/bermas no lugar de Várzeas * Limpeza com trator no lugar de Casal Telheiro, Carpalhosa, Vale da Pedra, Rua do Campo, no lugar de Várzeas, * Montagem de barracas para a Festa do Souto Carpalhosa * Limpeza das minas * Montagem das barracas e iluminação no Pavilhão Despor-tivo Municipal do S.Carpalhosa para o Torneio Interassociações

Intervenção Permanente

O melhor e prevenir EDP - situações de risco de proximidade de vegetação junto às linhas elétricas.

No passado dia 1 de Julho, iniciou o exercício de funções da ElP (Equipa de Intervenção Permanente), ao encargo da Associação Humanitaria dos Bombeiros Voluntarios de Ortigosa, Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e Câmara Municipal de Leiria Constituída por 5 bombeiros, em regime de permanência no periodo diurno, a EIP visa asse-gurar a primeira linha de socorro. Sendo um complemento às equipas já existentes, esta

equipa irá aumentar a resposta nas mais diversas ocorrências, ficando a popu-lação ganhar. O protocolo assegura que o pagamento desta equipa se-ja efetuado pela Autoridade Nacional de Emergência e Protecão Civil e pela Câmara Municipal de Leiria, não havendo custos para a A. H. B. V. Ortigosa. O nosso Corpo de Bombeiros encontra-se mais forte e a crescer diariamente. A todos os que contribuíram, muito obrigado. Bom trabalho a toda a equipa.

A EDP Distribuição, disponibiliza uma aplicação para equipamentos móveis, que permite a identificação dos locais onde existe proximidade ou risco de eventual contato a curto ou médio prazo das linhas aéreas. Para isso está disponível no Google Play ou na App Store a App EDP Distribuição, que permite a identificação das zonas de risco, deixando um alerta com a descrição da situação, podendo anexar até três fotografias do local. Sempre que a EDP Distribuição

toma conhecimento de um caso desta natureza, envia para o local uma equipa que faz a avaliação da situação e procede à intervenção se existir risco eminente na zona identificada para garantir a segurança das populações, no caso dos incêndios rurais e a qualidade do fornecimento de energia elétrica. Instale a app e deixe o seu alerta acedendo onde diz "Proximidade de Vegetação". A prevenção começa em si. Portugal sem fogos depende de todos.


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