Revista Nós SomosUmSó

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Nós Somos Um Só Ano:02 Edição: 09/2013 Produção: AMH2P - Associação do Movimento Hip Hop do Paranoá Finalização: Tiago Santos (TG) Anderson Benjamim Revisão: Angélica Martins Jaime Magú Anderson Glock Capa: Anderson Benjamim Fotos: Tiago Santos; Vinicius Borba Matérias: Tiago Santos (TG) Negro Jonas Dj TyDoZ Vinicius Borba Anderson Glock Raffaello Santtoro Angélica Costa

Luan Pontes

Página 3 - Espaço do Poeta Página5 – Mostre a Mídia Página 7 – Ponto de Cultura Página 8 e 9 – Nossa Cultura H² Mitose doRap Página 10 à 15 Diga How vai à São Paulo Página 16 Charge + Produtos Mh2P Página 17 Clássico da Edição Página 18/19 – #HipHopBR Página 20– Casa Viva Página 21– Espaço Graffiti Página 23 -Espaço DJ Página 24/25 – Música, amizade, vida Dj TydoZ Página 26/27 - Prêmio Hip Hop Zumbi Página 28 - Fragmentando


Um Sonho.

Espaço do Poeta

Ontem eu sonhei o teu sonho. Sonhei que os soldados, cantando e dançando, libertando-se de todo mal, surgiam de todos os lugares para velar o funeral de todo arsenal das ogivas nucleares.

Sonhei que as mulheres e os homens não tinham coisas, mas sentimentos, e em sinal de alegria, plantavam suas orações não de mãos espalmadas, mas de braços dados com o milagre do dia.

No sonho, os homens não eram escravos nem de si, nem dos outros, tampouco das cores, pois o dinheiro havia sido morto no combate com o amor.

E Deus - todo pequeno gesto de amor não frequentava igrejas, livros ou estátuas, apenas corações…

As crianças, cravo e canela, dançavam com as flores, como não tinham fome caçavam estrelas e quando cansadas tornavam-se nelas!

Ontem, sonhei o teu sonho sem saber que também era o meu.

Sérgio Vaz


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Mostre a Mídia

w w w . b s b b l a c k . c o m Por: Negro Jonas

C

omo vimos na última edição viemos para mostrar a cara de quem faz por nós! Primeiramente agradeço a todos que colaboraram para que este canal viesse a fazer parte da revista, e pelos citados em mostrar grande veemência para o mesmo sair do ramo das idéias e vir à tona para o público. Nesta edição faremos a segunda menção e mostrar o que a novela das 21h não mostra, o que realmente é fazer parte do mundo da Black Music e do verdadeiro Baile Charme. Para isso fomos nada mais, nada menos, onde há uma das fontes mais seguras da capital, que abrange esse seguimento, chegamos a tão famosa Noite do Charme e HipHop, ou se preferir, Quinta Black. Além de ser muito bem recebido, tive a oportunidade de rever grandes amigos como Dj Celsão, Dj Chokolaty, Dj Shak, Edgar Fortunato, Guigo Santos entre tantos outros. Tudo isso testemunhado pelo nosso irmão Anderson Benjamim, que também apreciou o evento. Aí você me pergunta e o que tudo isso tem a ver com o canal midiático? “Pera lá” meus amigos, se não fosse o “trampo” da galera do BSB BLACK, eu não teria chegado lá, no site encontramos todos os eventos que rola na cidade, conhecemos a história e biografia de grandes nomes do movimento e sabe aquela perguntinha: “Qual a diferença entre o charme e o funk?”, no site você tem meios para ter a resposta, claro que de forma sublime, pois isso é algo muito complexo. Também achamos muitas mix tapes de vários Dj´s, inclusive a de um parceiro da “Nsus”o Dj Shak. Agora como dizem lá em casa e “vamos dar nome aos bois” e mostrar a mídia como ela é, aprecie mais esse grande trabalho que vai muito além da referência as festas Black, Charmes e coisas do seguimento. Vá em busca de um conhecimento que a TV não vai lhe dar, mas o canal certo pode lhe abrir os olhos e esse é um deles www.bsbblack.com. Muito obrigado á todos do Bsbblack pela oportunidade, a “NSUS” sempre estará de braços abertos para lhes receber.


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DIALETO SOUND CREW

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Ponto de Cultura

Ponto de Cultura Caminhos Audiovisuais Por: Raffaello Santoro

O

principal objetivo do Ponto de Cultura Caminhos Audiovisuais - quando criado pelo seu coordenador Claudio Raffaello Santoro e realizado pela Associação Cultural Claudio Santoro - foi o de oferecer oficinas profissionalizantes no contexto audiovisual, visando sempre a qualidade e não a quantidade de oficinas e vagas oferecidas. Mas o maior desafio desse projeto sempre foi despertar e manter o interesse dos jovens para que permanecessem no Ponto de Cultura os três anos programados, já que o planejamento do curso foi construído com intuito de que as diversas oficinas fossem interligadas, indo do básico para o profissionalizante durante os três anos, e preparando assim os jovens para o mercado de trabalho. O Ponto teve jovens de varias regiões administrativas do DF. Estrutural, Varjão, Sobradinho, Recanto das Emas, São Sebastião, Vicente Pires, Planaltina e Ceilândia.

1 ano (2012) um DVD Musical (videoclipes); As oficinas serão de Introdução a Informática - Áudio (Teoria Básica e prática de Áudio) e Audiovisual (filmagem, edição de vídeo básica).

O Ponto de Cultura trouxe para o DF o cineasta e palestrante Valmir Puertas Rodrigues (Vrass77) especialista em filmagem e edição de videoclipes, com o qual os jovens já puderam participar de todo o processo da realização do videoclipe do grupo de São Sebastião DF o Atitude Feminina da musica "Mulher Guerreira"que teve a participação de Renan do grupo Inquérito. O jovens aproveitaram para participar das filmagens externas e terem oportunidade para aprender muito como funciona todo o processo.

2 ano (2013) um CD Coletânea com 10 grupos e um DVD Documentário; As oficinas serão de Audiovisual (edição de vídeo e efeitos digitais) - Produção Musical (estilo Hip Hop) - Áudio (gravação, edição e mixagem e masterizaA grande vitoria do ano foi a ção) e Audiovisual (filmagem realização do videoclipe do grupo externas para o documentário). "Dialeto Sound Crew" - sendo um 3 ano (2014) um DVD Curta- dos integrantes aluno do Ponto, realizado pelos jovens da turma vesper-Metragem. As oficinas serão de Audio- tina sobre a supervisão do Oficineiro visual (Produção, Sinopse e de Audiovisual Tarcisio de Souza FerRoteiro), Audiovisual (edição reira (Wty) que ganhou o Prêmio Hip de vídeo, colorização, efei- Hop Zumbi do DF como melhor videtos digitais e autoração de oclipe do ano de 2012. Isso demonsDVD e Bluray) - Arte Fina- tra amplamente os resultados de um lista (para CD e DVD) e Au- trabalho realizado com muito amor e diovisual (filmagem externas dedicação. para o curta metragem. www.caminhosaudiovisuais. blogspot.com.br/


Nossa Cultura H²

A MITOSE DO RAP

Mc’s do DF enraizando uma nova identidade

Por: Angélica Costa e Luan Pontes

Na biologia, o termo “mitose” consiste no conjunto de processos que causam a divisão do

núcleo de uma célula, fazendo com que dessa célula se formem outras exatamente iguais. No RAP a mitose ocorre exatamente da mesma forma produzindo um resultado a partir do RAP sem dividir o RAP. A Batalha do Museu nasceu da necessidade de não segregar, unir pessoas novas e antigas na cena do RAP de Brasília em um mesmo patamar, hora simplesmente por diversão, e hora pra ser apoio um do outro. Nasceu também da vontade de se desprender de produtores e estruturas, de forma alguma desmerecendo essa vertente, porem a vontade de rimar se tornou muito maior do que a paciência de esperar um evento específico. É muito claro o verdadeiro espírito da batalha, que não consiste exatamente em “batalhar”, mas sim em receber bem os aprendizes e multiplicar os conhecimentos já recebidos anteriormente, propositalmente sem microfones ou caixas de som, fazendo assim da Batalha do Museu um ambiente mais confortável e propicio para tentativas, erros e acertos, tanto para os que participam quanto para os que apenas assistem, seja por admiração ou por acaso. E dentro dessa visão, temos algumas regras de ouro que não são exatamente impostas e sim intrínsecas por um ideal comum, como por exemplo: “conflito de batalha morre na batalha”. Em quase 12 meses de batalhas constantes, nunca tivemos sequer uma discórdia ou agressão por causa das disputas de rima, e isso tem um saldo extremamente positivo na vida pessoal dos Mc’s que expressa suas ideias e energias no improviso e sai renovado emocionalmente de cada batalha. De forma simples porem eficaz, temos uma estrutura organizacional que conta com logística, relações públicas e divulgação, a divulgação é feita através de canal do you tube “VATO VIDEOS”, que filma, edita e publica as batalhas toda semana, nos trazendo admiradores em todo Brasil e

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Nossa Cultura H² outros países como Portugal, Estados Unidos e Angola. Proporciona também a divulgação dos músicos oriundos da Batalha, bons músicos que não se prendem a selos ou produtoras para fazer um som de qualidade. Temos exemplos de pessoas que não gostavam de RAP e depois que conheceram a Batalha do Museu simplesmente se renderam ao nosso amor, como por exemplo, o Luan Pontes que relata o seguinte: “Graças ao RAP-DF, não enxergo o RAP como muitos ainda enxergam, infelizmente, muitos confundem o RAP com o crime, isso deve mudar, e vem mudando aos poucos, percebi que as rodas de free e as batalhas que eram vistas como forma lazer, ponto de encontro dos rimadores, ou então Hobby deles, vem se tornando uma válvula de escape para uma parte, e ingressando outros MC’s na carreira musical. No que diz respeito às batalhas de rimas. Eu admiro as amizades que se constroem a humildade, respeito dos adversários, a consciência de que na hora que rola o beat, jorra sangue de ambos os lados, veias saltitando, adversários se encarando como forma de pressão psicológica, assim que o beat para, gestos negativos se tornam harmoniosos, sorrisos e abraços de empolgação tomam conta do centro da roda e a união se propaga na roda de rima improvisada.” E essa união inevitavelmente ramificou-se em outras batalhas que acontecem nos sábados que correm no mês Batalha da Senzala – acontece todo primeiro sábado do mês na samambaia; Calango Pensante – todo segundo sábado, no museu. Surgiu bem antes da Batalha do Museu, e incentivou muito os Mc’s mais antigos; A Praça é Nossa – Todo terceiro sábado, em Valparaíso; Batalha do Neurônio – batalha de conhecimento, todo ultimo sábado do mês, na Vila Planalto. E assim vamos caminhando, de mitose em mitose.


Interc창mbio entr Diga How vai

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re as Quebradas i à São Paulo Matéria e Fotografias

Vinícius Borba

Veja como foi...


DIGA HOW

Intercâmbio entre as quebradas:

Vitória Coletiva

Capital das quebradas, nascedouro do movimento hip hop nacional, “Meca” dos saraus de perifeira no Brasil. São Paulo capital continua sendo um dos maiores centros de propagação e difusão do rap nacional e visando distribuir com mais força o som do Centro-Oeste, o grupo de rap do Distrito Federal Diga How esteve entre os dias 4 e 13 de dezembro de 2012 levando cerca de 200 CD’s com os maiores sucessos do grupo para alcançar novas pontes na terra da garoa. Apesar do risco de participar de várias agendas em saraus de diferentes comunidades que estão em situação de extrema violência entre Polícia Militar, membros do PCC com vários inocentes mortos pelo caminho, o grupo participou de algumas apresentações enquanto os ataques continuavam, hora com PM’s mortos, hora com moradores das favelas, envolvidos ou não com o crime. Depois de um primeiro contato com alguns parceiros e parceiras em diferentes localidades de São Paulo no mês de setembro, o grupo voltou novamente para divulgar seu som e levar um pouco mais do rap calango para a capital frenética, realizando apresentações e ainda trazendo as experiências de resistência social mantidas lá para multiplicar entre o movimento aqui na periferia do DF. Saiba como foi o “rolê” e as apresentações do grupo que interviu em alguns dos mais tradicionais saraus de resistência de lá, como Cooperifa, Sarau do Binho, Suburbano Convicto entre outros.

Cerca de dois meses antes da partida para SP, o grupo, composto pelos Mcs TG e Magú, e ainda do produtor e assessor de imprensa do grupo Vinícius Borba, iniciaram a correria para captação dos recursos. Segundo Magú, uma importante vitória para o grupo já foi traçada antes da ida. “Tudo foi muito cansativo pois tínhamos nossos trampos, famílias, tudo para manter e ainda no adicional fazer a correria dos pedidos de doações da campanha do Intercâmbio, mas a galera colaborou e conseguimos bater cerca de 60% da meta para pagar nossas passagens, alimentação e transporte lá”, afirmou. O grupo pediu colaborações pela internet por meio das redes sociais e de um vídeo montado para explicar o objetivo. Em contrapartida pelo apoio dos amigos, o grupo distribuiu o CD Diga How Série Especial, mesmo disco que chegou às quebradas de SP, para apresentar o DH. “Agradecemos demais o apoio de vários parceiros e parceiras que mesmo sem condição até pediram empréstimo para nos dar essa força. Sinal de que cresce a família Diga How”, afirmou TG Rapper. Para Magú, o impacto da ida foi sentido pelo grupo tanto em SP quanto aqui no DF. “Foi intenso demais, não só pelas redes sociais, mas especialmente nas ruas, pois tivemos muitas referências de pessoas que vieram cumprimentar e também comentar que ouviram o disco e curtiram de fato, referência real dessa força. Isso foi muito importante”

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Diário de Bordo Dia 4 de dezembro, desembarcamos em SP no por volta de 10h e começou o intenso corre. Só do Aeroporto de Viracopos, em Campinas, até a Zona Sul onde ficaríamos estabelecidos na Sedinha do Bloco do Beco começamos a sentir o peso do trânsito. Foram pelo menos duas horas dentro de um baú, e na sequência mais uns 30 minutos de carro com o produtor Euler Alves, parceiro da Macambira produções e do grupo Umoja. “No terceiro ou quarto dia o bicho começou a pegar pelo cansaço. Mas resistimos para cumprir a missão apesar de não termos antes a dimensão do cansaço que a necessidade de pegar tantos meios de transporte, passar tanto tempo de sua vida dentro deles e ainda chegar nos locais atrasado, pode aumentar de verdade o stress. Aqui no DF sempre vivenciamos a necessidade de utilizar ônibus e metrô, mas nem imaginamos o quanto isso pode ser maior como em SP”, afirmou o produtor do grupo, Vinícius Borba.

Dia 6 e 7: Fundação Casa com Lindomar 3L Conduzidos pelo parceiro e rapper de Uberaba (MG) Lindomar 3L, que há cerca de um ano realiza oficinas de rap e mora em SP, o Diga How foi convidado a levar o rap calango para a molecada envolvida em atos infracionais nas unidades de Ferraz de Vasconcelos e Guaianazes. Em cada intervenção, a calorosa receptividade da molecada. Alguns com carreira vasta no crime, mas sempre com o mesmo brilho no olhar quando curtem um rap com mensagem positiva. Alguns dos internos que participam das oficinas de Lindomar 3L também interviram mostrando sua poesia. Apesar disso, os agentes sociais responsáveis pela segurança estavam sempre atentos, já que pela situação de mobilização dos presídios com o PCC e intensa guerra com a Polícia, algumas unidades haviam “virado”, com resultado de fugas em massa e rebeliões. Não foi o caso nas apresentações, cercadas de receptividade e curiosidade da molecada pelas gírias do DF, realidade de nossas quebradas e esperança de liberdade. Nos shows houve também intervenção do MC Lupa, de Uberaba.

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Dia 5: Preparação do Sarau Preto no Branco Um dos primeiros objetivos do DH pelo Intercâmbio entre as quebradas, foi o apoio a realização do primeiro sarau dos jovens que participam dos projetos na sede comunitária do Bloco do Beco. Magú e TG colaboraram na produção da divulgação com grafite e na arte de divulgação eletrônica pelo facebook, e Vinícius Borba deu noções de produção pela experiência dos saraus com o Radicais Livres S/A, seu grupo de origem no DF. Os meninos William Basto e Elisandra tomaram a frente. Eles que são cria dos projetos de audiovisual e fotografia no Bloco do Beco, além de moradores do Jardim Santa Josefina – ZS, estavam ansiosos para o Sarau que eles batizaram de Preto no Branco, sua primeira apresentação de espetáculo no bairro onde cresceram.


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Dia 8: Sarau Preto no Branco Com muita energia dos moradores do Jardim Santa Josefina, dos coordenadores do Bloco do Beco Luiz Cláudio e Carla e dos produtores William Basto e Elisandra saiu o primeiro Sarau Preto no Branco, com participação especial do Diga How, Vinícius Borba na poesia e vários outros poetas locais, além do grupo de rap Lock Dogs. Para o primeiro sarau com projeção de cinema e outros, foi demais.

Ensaio Aberto da Banca, realização dos agitadores Macarrão e Dj bola, pela parceria do mano Alan Shark, do Fora de Frequência Diga How esteve no Jardim Ângela, com os Rimaistas e outros parceiros da Banca. Energia muito positiva, favela presente e um agito de lei..

Dia 10: Sarau do Binho Vive

Um dos primeiros saraus de perifa a surgir na Zona Sul de São Paulo foi o Sarau do Binho, espaço de resistência poética que ocorreu até meados de 2012 no antigo Bar do Binho, no bairro Campo Limpo (Zona Sul), e hoje é itinerante. No dia 10 de dezembro com a participação especial de vários grupos bem como Diga How, o sarau do Binho ocorreu no Espaço Clariô de teatro, no município de Taboão da Serra. Dentro do evento um momento de intenso frenesi tomou conta de todos, quando Wagnão e MC Gaspar (Z’África Brasil) interviram. O público veio abaixo e dançou demais com as improvisações de Zinho Trindade.

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Pós-Sarau: Mortes, PM e paranóia na ZS Não só das letras de Facção Central vem a denúncia sobre a famigerada Rota, força especial da PM paulistana. Num rolê na noite pouco depois do sarau, por volta de 23h, Magú e TG eram guiados por um morador local, o “Feinho”, quando perceberam nas proximidades da avenida Guarapiranga que um helicóptero rondava o local. Há poucos metros dali se depararam com várias viaturas da Rota, polícia responsável pela maior parte das mortes de várias pessoas. “A Rota, a Rota, volta,volta, volta!”, alertou Feinho, assim como lembrou Magú. A paranóia maior era o fato de Feinho ter passagem policial. Apesar de já ter pago sua pena, o único critério para a Rota estar matando moradores das favelas era esse, ter passagem pela cadeia. O acúmulo de PM’s naquele local era a morte de mais um de seus companheiros. Os “homi” estavam prontos para qualquer coisa. Por graça conseguiram voltar sem arranhões.


Dia 11: No Bixiga de Adoniran Barbosa, com Suburbanos Convictos Outro espaço de muita vivência hip hop e poesia foi a visita a Livraria Suburbano Convicto, do agitador Alessandro Buzo, onde no dia 11 de dezembro o Diga How e Vinícius Borba interviram recitando poesia e suas letras no Sarau Suburbano. Para Buzo, a visita da galera representou a crescente importância da literatura para as quebradas e evolução do rap nacional. “Vemos que os saraus qualificaram em muito as produções dos MC’s e que continuam sendo simbólicas para as várias quebradas”, afirmou. No Sarau, Magú e TG recitaram trechos das músicas RG e Amizade é construção, e fizeram importantes relações com parceiros do Poetas Ambulantes, galera que realiza intervenções poéticas em ônibus e outros espaços.

Dia 12: “Vai, Corinthians!” e o Sarau da Cooperifa A saudade já apertava os três calangos quando por volta de 8h a convite do Mc Gaspar, do grupo Z’África Brasil, o Diga How foi assistir a semi-final do Mundial Interclubes, Corinthians x Al-Ahly. Todos inspirados pelo Corinthians representando o Brasil na semi-final puderam ver a intensidade da paixão dos corinthianos. Na oportunidade participaram também do ensaio aberto com o Z’África, além das participações de Kennya, MC Gamão e Wesley Nog. A noite, o último Sarau do ano de 2012 com mais de 50 poetas inscritos para participação no Sarau da Cooperifa, no Bar do Zé Batidão. O evento que há mais de dez anos, todas as quartas-feiras é invadido por poetas e vários rappers teve mais uma vez a intervenção de Magú e Vinícius Borba que também recitou no espaço. Na oportunidade, o poeta Sérgio Vaz relatou a importância da poesia para aquele povo lindo, ao que poetas e público em uníssono gritam a cada sarau, “Povo lindo, povo inteligente!”, em homenagem ao povo periférico que constrói essa nova forma de ler a realidade das favelas.

Intercâmbio entre as quebradas na internet Quem quiser conhecer e ver um pouco mais do que aconteceu durante o Intercâmbio entre as quebradas: Diga How vai à São Paulo, acesse o blog www.intercambioentreasquebradas.blogspot.com e veja as fotos, reportagens e textos com a produção de Vinícius Borba e TG Rapper, na cobertura completa desta grande empreita.

Acesse o Site : www.digahow.com.br e fique ligado nas novidades do grupo DIGA HOW.


Nosso brasil

Produtos amh2p

Acesse: www.mh2p.k6.com.br CD Diga How Homonimo R$ 10,00

EP - Diga How -

Caneca - DIGA HOW R$ 22,00

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EP - Benjamim

Cada Cabeça Um Universo R$ 5,00

CD Mano D Regenerado

O Dia e a Hora São Desconhecidos


Clássico da Edição

Black Junior´s Laércio Adilson Francisco (Frank Bruno) Roberto

Quarteto infanto-juvenil de Break criado pelo produtor Mister Sam e integrado por Laércio (voz), Adilson (voz), Francisco (voz) e Roberto (voz). Conjunto, banda fenômeno da música negra no Brasil nos anos 80, que tocava rap romântico e groover´s, com requintes de street dance. Lançado por Mister Sam pela gravadora RGE, o “Black Junior´s” tornou-se sucesso nacional e seu disco atingiu a vendagem de mais de 1.500.000 cópias ganhando então discos de ouro e platina.

O Black Juniors volta com força total como única dupla Black Music do Brasil a cantar três ritmos (black, rap e funk) mantendo os bons tempos em que ganharam disco de ouro e platina. Música

"Mas Que Linda Estás" Ano :1984

Eu vou aprender a dançar legal pro meu sonho conquistar, e quando eu souber cantar muito bem na tv vou me apresentar, vou ganhar mil premios e vou ser famoso com meu show na tv e quando crescer vou chegar pra ela e assim eu vou dizer, (Refrão) Mas que linda estás,mas que linda estás, eu te quero namorar Mas que linda estás,mas que linda estás pra você eu vou dançar, Mas que linda estás,mas que linda estás eu te quero namorar Mas que linda estás,mas que linda estás Vou gravar um disco e cantar legal pro meu sonho conquistar, vou tocar na rádio em todas as rádios assim ela vai escutar, quando eu for cantar esse caso amor meu balanço é mais legal, ela vai ficar toda chapadinha e na minha vai entrar

(Refrão) Mas que linda estás,mas que linda estás, eu te quero namorar Mas que linda estás,mas que linda estás pra você eu vou dançar Mas que linda estás,mas que linda estás, eu te quero namorar Mas que linda estás,mas que linda estás, pra você eu vou dançar

Pode aplaudi quem gosto porque é assim que kamau faz, assim que kamau traz , assim que kamau realiza a paz aqui no Bem Brasil e ai quem gostou aplaudiu sorriu ouviu , fiquei com a banda quem comando o microfone o nome é kamau tá legal tá normal agora só pra terminar ,

Mas que linda estás, Eu lembro quando eu era pequeno que eu tava ali na televisão vai vendo,eu também ouvia aquele rap lá que queria dize mas que linda estás eu pensei “-Um dia quero ser grande aparecer na tv ao lado do Vande cantando pra quem nao ouviu meu rap do conseqüência no Bem Brasil “

Mas que linda estás, mas que linda estás eu te quero namorar Mas que linda estás,mas que linda estás pra você eu vou cantar Mas que linda estás, mas que linda estás eu te quero namorar Mas que linda estás,mas que linda estás pra você eu vou cantar

O público ouviu, gosto , aplaudio agora eu apareço na tv . Sou um mc, mc mestre de cerimônia aqui do tucuruvi zona norte minha rima é forte e aqui estou , o xis falou que se vira virou, se chama chamou e se rima rimou .


#HipHopBR

Ação Periferia: A cultura digital e do rádio na mesma frequência O Ação Periferia é um programa de rádio com foco na cultura Hip Hop veiculado em uma empresa pública de comunicação, a Empresa Brasil de Comunicação – EBC. Ser parte de uma empresa pública é ter como premissa, a inclusão direta do agente cultural e da sociedade. É ir além, conquistando novos adeptos ao exercer também a função de fomento a cultura de rua.

Dj Lah, (Conexão do Morro) é assassinado em São Paulo

Temos o dever de apresentar ao ouvinte todos os estilos da música Rap sem a pretensão de controlar ou monopolizar a cultura Hip Hop. Pensando nisso, lançamos uma coletânea em que o ouvinte de forma direta escolheu as músicas que a compõe. Todos os artistas Fonte: PortalRapNacional apresentados no disco “Sem Jabá” foram os mais pedidos do ano de Trata-se de Laercio de Souza Grimas, o Dj 2012. Lah do grupo Conexão do Morro que segundo informações que ainda não estão claras, A coletânea é também uma tendência que vem se consolidando no esteva em um bar no Jd Rosana, que fica na mercado da música que é a priorização ao acesso do conteúdo. De região do Campo Limpo, Zona Sul de São forma gratuita, os ouvintes poderão apreciar quando quiserem o Paulo, juntamente com mais três amigos trabalho do artista predileto e ainda, conhecer o que é produzido quando por volta da 1h da madrugada des- em outros Estados devido a diversidade de grupos. te sábado (5/1), pessoas dentro de um carro A escolha do nome “Sem Jabá” completa o objetivo do programa. modelo “Space Fox”, passaram atirando pra Ser um veículo heterogêneo que apresenta a qualidade, a criativicima dos rapazes. Nove pessoas foram baledade e a diversidade do Rap Brasileiro. É importante ressaltar que o adas e seis morreram. ‘jabá’ trouxe a perda da credibilidade das rádios, e a confiabilidade Tiros também acertaram o rapper vulgo em um meio de comunicação vem antes da música. Todos os artis2Pac, do grupo Sintônia Lado Sul, mas que tas do projeto foram convidados a participar. encontra-se em recuperação no hospital. Para ouvir a coletânea digitalmente basta acessar a fanpage do Ação O bar onde aconteceu a chacina, fica em Periferia e clicar na aba “Sem Jabá”. As cópias físicas serão dispofrente à casa onde um pedreiro Gefferson te- nibilizadas em promoções eventuais realizadas na programação ou ria sido executado no ano passado. O caso gratuitamente pela MURO BR ao adquirir a camiseta com a estamdo pedreiro foi filmado por um morador que pa da capa da coletânea. estava escondido e repercutiu na grande míE este é o Ação Periferia! A cultura digital e do rádio na mesma dia. frequência. Rádio Nacional de Brasília AM, 980 KHZ, todos os sá“O morro hoje está triste, sorriso não existe. bados de 12h ás 13h. Mais uma mãe que chora”. O programa Ação Periferia lança a sua primeira coletânea. O “Sem O refrão do rap foi cantado em homenagem Jabá” reúne 20 artistas do Rap brasileiro. Os mais tocados nos proao músico Laércio Grimas, 33, o DJ Lah, dugramas de 2012! O projeto com grandes nomes do rap brasileiro. rante o velório dele, no cemitério dos Jesuítas, em Embu das Artes (Grande São Paulo). Dj Lah tinha 33 anos e deixa 4 filhos, família e amigos inconformados com tamanha covardia. Descanse em paz DJ LAH.

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#HipHopBR

Aborígine é

premiado no

Prêmio Tom Jobim de

Música

Fonte: http://www.correriarap.com.br/ Ocorreu em dezembro de 2012 a 9ª edição do festival nacional Prêmio Tom Jobim de Música, realizado pelo Sesc. O projeto é reconhecido como uma das mais importantes oportunidades para cantores e compositores de todo o país. A iniciativa serve para revelar talentos da música popular brasileira. Segundo a coordenadora de cultura do Sesc-DF, Juliana Valadares, o prêmio, além de incentivar artistas e produtores do País, tem o valor agregado de promover o intercâmbio entre músicos das diversas regiões do País. “A cada ano o número de inscrições aumenta e a iniciativa possibilita que as canções sejam gravadas em um CD que é distribuído pelo País”, afirma. Aborígine, grupo de Rap da cidade de Samambaia DF, foi o único do gênero selecionado para final,

Consciência Humana lança nova música, “Advogado Bom”.

apresentando a canção ‘O Circo’,cujo tema aborda situações de preconceito, chamando cada um e cada uma a reflexão. Com uma apresentação forte e discurso contundente o grupo arrancou aplausos da platéia e júri técnico, sendo premiados com a 3ª colocação, num universo de mais de 200 músicas inscritas em todo o país. "Minha maior alegria é saber que a canção traz reflexão a quem escuta. Não é uma canção comercial, sequer possui refrão, mais que canção é um convite! Levar nossa música periférica, nosso Rap a um Prêmio com o nome de um gênio da música brasileira é algo incrível, são estes espaços que devem ser ocupados por nós, com a canção participando da Coletânea mais pessoas vão olhar para si e lutarem

Fonte: PortalRapNacional

A música foi composta pelo Consciência Humana, a produção teve a parceria do Ariel Haller, a masterização foi feita pelo Alisson Mello e fazendo uma participação no vocal o rapper Tédoze, do grupo Extrema Aflição, também fortaleceu. Depois dessa união forte, com grandes profissionais a música “Advogado Bom”, ajuda a retratar o cotidiano brasileiro, pois é baseada em um acontecimento real. “Um parceiro daqui da quebrada foi preso e forjado pela policia, em mais uma ação mentirosa e covarde do estado, mas um advogado bom consegue com muitas dificuldades liberta-lo”, explica Preto Aplick-CH. Além da nova música, que promete virar hits pelas quebradas do Brasil, o Consciência Humana anuncia que esse som já é uma previa do novo disco “Firma Forte”, que está em processo de mixagem e masterização e deve ser lançado ainda neste ano. ” O público pode esperar um disco com muita qualidade, com músicas pesadas. Para quem gosta de músicas no mesmo estilo de “Lembranças”, “1.2 Drão”, “Rajada” podem esperar que terá músicas na mesma sintonia, no quesito de ser manter fiel as origens, mas com inovação e o melhor para o rap nacional”, comenta W.GI-CH.


Casa Viva

A G E N D A C U LT U R A L D A C A S A V I VA - Todos os domingos de janeiro - a partir das 16h: Ensaio geral do Tamnoá para o pré-carnaval da Casa Viva e Tamnoá. - 18/01 (sexta feira), a partir das 19h30min: - Atração: Côco com Tapioca, com Martinha do Côco e Tamnoá - 26/01 (sábado), a partir das 20h: - Atração: Cine Debate com Vida, com o provocador Wilnean Melo. Em exibição o documentário "A Batalha do Chile - Parte III - O Poder Popular" (Chile, Cuba, França 1979). De Patrício Guzman. Sinopse: O filme cobre um dos períodos mais turbulentos da história do Chile, à partir dos esforços do presidente Salvador Allende em implantar um regime socialista (valendo-se da estrutura democrática) até as brutais conseqüências do golpe de estado que, em 1974, instaurou a ditadura do general Augusto Pinochet. Nesta parte, Guzmán volta aos anos anteriores, quando o Frente Popular governava e os trabalhadores Chilenos se organizavam para o que seria uma nova forma de viver. Foram criados milhares de grupos de "poder popular" para distribuir comida, ocupar e vigiar fábricas de controle obreiro e conectar suas comunidades, provendo-as de serviços e de uma defesa frente aos ataques da direita.

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Espaço Grafite

Os gêmeos,

como são chamados os irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo são responsáveis por muita arte espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, sua arte reflete um mundo fantasioso inspirado no contexto em que vivem, trazendo consigo uma riqueza cultural muito grande. O graffiti entrou na vida dos irmãos em 1986, quando viviam na região central de São Paulo onde passaram sua infância e adolescência. A cultura hip hop chegava ao Brasil e os jovens do bairro começaram a colorir suas idéias nos muros da cidade. Naquela época, com apenas 12 anos, tudo era novidade e sem ter de onde tirar suas referencias, Gustavo e Otavio improvisavam e inventavam sua própria linguagem, pintando com tintas de carro, látex, spray e usando bicos de desodorante e perfume para moldar seus traços; já que ainda não existiam acessórios e produtos próprios para a prática. O que a cidade proporcionou a eles foi essencial para o desenvolvimento de todas as habilidades que se transformaram depois no estilo próprio e imediatamente reconhecível dos artistas. Uma infância criativa, que rendeu duas vidas ao mundo da arte contemporânea. Gustavo e Otávio Pandolfo são exemplos da qualidade artística do Brasil que infelizmente anda escondida pelas cavernas enquanto outros fanfarrões andam reinando por ai.


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Espaço DJ DJ Kl Jay Kleber Geraldo Lelis Simões, começou sua carreira em 1984, quando fazia bailes em residências ao lado de seu atual companheiro no grupo Racionais MCs, Edi Rock. Tape deck,aparelhos três em um, fitas cassetes e alguns vinis. Esses eram os meios que faziam com que as festas seguissem as madrugadas nas vizinhanças da zona norte de São Paulo. Anos depois, após ter visto um vídeo com a performance de um dos mais importantes nomes do cenário hip-hop, o DJ Cash Money, Kl Jay se identificou com a arte dos toca-discos. Mas foi somente após ter presenciado os scratches do DJ EASY LEE, dj do rapper Kool Moe Dee, em um show no CLUB HOUSE em santo andre (SP), é que teve a certeza: “Eu sou isso”. Juntamente com Edi Rock, Mano Brown e Ice Blue, fundou o Racionais MCs no fim dos anos 80. Com o rapper Xis criou a gravadora que depois se tornou produtora de eventos e confecção, a 4P. Foi nessa gravadora que também lançou seu álbum solo “Na Batida volume 3 – Equilíbrio, a busca”, em 2002, que conta com a participação de vários artistas do hip-hop. Ao lado de Xis, Kl Jay produziu por 10 anos o mais importante campeonato de DJs do país – O HIP HOP DJ –, que revelou renomados nomes como Cia, King, Marco, Nuts,Tano, Hadji, Will, Ajamu,Erick jay, Rm entre outros. Kl Jay é sócio da gravadora “Cosa Nostra”, juntamente com o Racionais MCs, e possui um selo individual, o Equilíbrio, que já lançou os álbuns dos grupos Sistema Negro, Cagebê e Relatos da Invasão. Foi apresentador do YO! MTV RAPS; discotecou de 1994 a 1996 na badalada Soweto, casa noturna que marcou a cultura hip-hop em São Paulo; tocou no Clube da Cidade de Diadema/SP entre 1999 e 2002... Atualmente, se apresenta todas as quinta-feiras junto com os DJs Ajamu, Marco e Will na festa conhecida por Sintonia, projeto que acontece há seis anos e viaja por todo o país, dividindo o tempo em shows com o Racionais, discotecagem em casas noturnas, oficinas de DJ e o seu atual projeto solo, a fita mixada “Rotação 33”, lançada em junho de 2008.


Música, amizade, vida Por: DJ TyDoZ

Como de costume, este pequeno texto perpassa mi-

nha vida pessoal. É uma pequena ode à amizade e sua relação com a música, dois importantes alicerces na trajetória da maioria de nós. Não sei vocês, mas pra mim é a música um dos fatores que fazem este mundo maluco algo tolerável. E como me dá prazer escrever sobre isso, mesmo que muito mal. Talvez fale mais de rock que de rap, mas acho que entenderão o porquê. Lembro-me bem do apartheid musical dominante no final dos anos 80 e início dos 90, quando só um esquizofrênico poderia gostar de rap e heavy metal, por exemplo. E que alegria e orgulho ter sido um desses loucos, justamente por causa do maravilhoso e diversificado leque de amizades que tive. As coisas mudaram muito, ainda bem. Até Rakim gravou som com uma banda de metal. Como mudaram. Em 1991 escrevi uma carta para a Revista Rock Brigade, especializada em heavy metal, para expressar minha devoção por hip-hop e minha nova paixão pelo metal extremo. Eu fiquei totalmente chapado quando ouvi “If The Truth Be Known” do Napalm Death e dali em diante jamais deixaria de ouvir aquele tipo de som. Eu até curtia alguma coisa do Iron Maiden e tal, mas nada demais. Napalm Death e Benediction mudariam tudo. E fiquei muito puto quando li na edição anterior da mesma revista um cara criticando a colaboração entre Public Enemy e Anthrax, que fizeram uma versão rap-metal de “Bring the Noize” que ajudou a diminuir a aversão entre gêneros tão distantes mas tão semelhantes no quesito rebeldia. Um cara chamado Tutão, que mais tarde gravaria pela Discovery com o grupo Desacato Verbal, leu este meu comentário na Rock Brigade, pegou meu endereço que estava publicado lá e me mandou uma carta expressando total concordância. Nos meses seguintes trocaríamos fitas-demo, matérias de jornal e discos por meio do correio. Engraçado é que Tutão era negão, envolvido com rap em Bauru há milanos. Negão cantor de rap e fã de Slayer? Phoda pacaray. De um simples desabafo numa revista surgiu uma amizade indelével, que começou por carta e chegou até um disco (até hoje sinto um aperto na garganta ao lembrar da precoce e horrível morte do Tutão). Sem falar que, por causa daquele texto infantil, mas muito sincero, recebi cartas com fanzines de todo o Brasil e pude ter acesso ainda maior àquele mundo que gostaria de adentrar. Os fanzines eram uma espécie de internet analógica, e foram eles que deram suporte às maiores bandas de metal da atualidade.

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Os desbobramentos daquela carta ecoariam até no grupo de rap que eu, Dino Black, Théo e Wailer criamos, chamado Morte Cerebral. Isso lá é nome de grupo de rap? E as letras? Tinha até uma diatribe juvenil contra o cristianismo dizimista-hipócrita que tanto ilude por aí. Tudo influência das letras de Napalm Death e Public Enemy. Wailer depois integrou uma banda de grindcore, o extremo do extremo, chamada Pedigree Butchery. Tudo louco, véi. Voltando um pouco ao final dos anos 70, atesto que minha maior influência foi um tio chamado Hermes, que morava conosco e sempre ouviu soul e funk em casa. Uma de minhas memórias mais remotas é vê-lo sorrindo e dançando ao som de “Don’t Stop (Till You Get Enough)”, de Michael Jackson. Em vez de disco music, o som black horroroso pasteurizado daquela época, meu tio Hermes ouvia Imagination, Kool & The Gang e George Benson. Duas bênçãos que me foram dadas no final dos anos 70 e início dos 80: curtir som black de qualidade e torcer para o Flamengo, maior time do mundo. No Guará, onde vivi praticamente toda a minha vida, o electro funk dominava as ruas de lazer feitas pelas equipes de som. No idos de 84, 85, passávamos dias inteiros de domingo empinando bicicleta ao som de Midnight Star, Jonzun Crew e Afrika Bambaataa. Foi nessa época que a vontade de ser dj aflorou, fascinado que fiquei com as mixagens de caras como Celsão, Elyvio Blower e Romix, a quem já me referi como maior influência nos toca-discos. Por volta de 1986, quando o rock nacional passou a dominar tudo o que era mídia, ouvi uma banda chamada Plebe Rube numa dessas festinhas de quintal, e nunca mais deixei de curtir aqueles caras. O primeiro disco deles é uma droga maravilhosa que volta e meia injeto no meu cérebro. Acho que foi por causa da Plebe Rude que passei mesmo a gostar de rock. O som era demais e as letras, nem se fala. “O Concreto Já Rachou” é pra mim o melhor disco de rock nacional de todos os tempos. É de arrepiar. Já tentando ser dj, amigos como Marlus, Cristiano, Bozó e Kako me fizeram gostar de Freestyle, uma espécie de electro funk romântico que dominou as pistas de dança no final dos anos 80. Véi, além de djs, tínhamos nosso grupo de passinho de dança. Imagina este que vos fala, de cabelo grande, dançando. Que cena terrível. Mas a música me fez dançar. Culpa dum cara chamado Stevie B.


Naquela mesma época, entre 1990 e 1992, amigos como Renê, Nildo, Eduardo e Carlos Alexandre me mostraram grupos como Ramones, Black Flag, Napalm Death e Morbid Angel. Apesar de não ser lá aquele fã de punk rock, volta e meia estou ouvindo alguma coisa dos Ramones e Sex Pistols. Quanto ao metal, digo que só não sou metaleiro mesmo por já ter uma paixão avassaladora por hip-hop. O metal, especialmente death metal, é o que mais toca no meu mp4 hoje em dia. Seja pra levantar ferro, pegar trânsito, ou ir dar uma corrida, não há trilha melhor que Krisiun, Cannibal Corpse e Morbid Angel. Outros dois caras que me mostrariam coisas de que jamais iria esquecer foram Jamaika e Riti Santiago. Jamaika foi quem me fez gostar de verdade de James Brown e da soul music nacional. Jamais ouvira falar de Gerson King Combo, Cassiano e Banda Black Rio antes de ouvir na casa dele. Riti, que trabalhou alguns anos na sensacional loja Berlin Discos (a loja e seu dono, Reinaldo, merecem um artigo à parte), tinha o maior prazer em me mostrar os últimos lançamentos de rock pesado. Foi lá na Berlin que eu e Jamaika conhecemos Pantera, e, em certa medida, foi lá que nasceram as influências roqueiras de alguns discos do Câmbio Negro, Cirurgia Moral e Gog. Essa diversificada teia de amizades, da qual tive a sorte de ajudar a construir e dela usufruir, rendeu frutos maravilhosos. O fato de Desacato Verbal ter chegado a assinar com a Discovery por nosso intermédio foi um deles. A cabeça aberta de caras como REI, Gog e X mudaram de verdade o destino do rap nacional. Digo isso sem pretensão alguma. É fato. Outro fruto bacana foi a influência que essa mestiçagem musical teve no som do rap e do rock feitos no Planalto Central. O DF foi pioneiro na experimentação musical dentro do hip-hop. Em São Paulo, com exceção de Thaíde e DJ Hum, ninguém tinha tido coragem de colocar riffs pesados de guitarra em suas bases. Thaíde, cujo primeiro disco tinha sido produzido pelos caras do Ira, foi ousado pra caramba ao incorporar guitarra em alguns sons. Mas nada lá muito cabuloso. Câmbio Negro usou AC/DC em seu primeiro álbum, algo totalmente inusitado, mas foi Gog quem deu um passo adiante e usou amostras de Pantera e Jimmy Hendrix para dar peso às suas ótimas letras. E o que falar dos Raimundos, que misturaram rock pesado com tudo o que é vertente musical brasileira, inclusive o rap? Só no DF mesmo. E em Pernambuco depois com Chico Science. Tudo isso porque nestas bandas não importava se você era metaleiro, pagodeiro, repeiro ou o que quer que fosse. Eis uma característica muita bacana desta terra que amo de paixão. Estive em Belo Horizonte em 1990 numa loja de discos de hip-hop e me lembro até hoje do desrespeito com que fui tratado, só porque tinha passado antes na Cogumelo Discos, loja e gravadora de metal extremo, e comprado dois discos de metal, um do Sepultura e outro do Morbid Angel. Aqueles babacas, supostos puristas do rap, tão lá até hoje vendendo a mesma merdinha de sempre. Nada contra BH, que adoro. Tudo contra imbecis do cérebro atrofiado que só sabem gostar da mesma coisa.

Não estou aqui querendo dizer que você deve gostar de tudo o que escuta. Eu não gosto muito de reggae, por exemplo. Mas gosto de uma ou outra canção de Bob Marley e Jimmy Cliff, justamente por ter ouvido com alguns amigos. Vejo que a molecada de hoje tem, de longe, a mente muito mais aberta e democrática. Nós que já passamos dos 40, ainda temos nossos preconceitos. Seja ele contra pessoas com orientação sexual diferente ou postura ideológica contrária. Mas aos poucos muitas barreiras socioculturais vão caindo, e a musical parece ter sido abalada de vez. Sempre existirão esses caras que morrerão ouvindo e fazendo a mesma coisa. Que sejam felizes assim. Eu, e você que leu até aqui, jamais seríamos. É a diversidade que faz o mundo interessante. É ela que faz nossa cultura hip-hop tão apaixonante e longeva. Fica aqui um elogio público, e muito emocionado, às pessoas que me expuseram aos mais variados gêneros musicais e me fizeram compreender que todos os estilos são dignos do maior respeito, quando feitos com integridade. Tais amizades e a cultura musical variada se mostraram ótimos veículos para quebrar outras formas de preconceito em nossas vidas. Mesmo tendo me distanciado da maioria de vocês por contingências do dia-a-dia, o respeito permanece exatamente o mesmo. Como sou grato por ter convivido e aprendido com todos vocês. Muito obrigado, de coração mesmo.


Prêmio Hip-Hop Zumbi, Reconhecimento e Respeito Por Anderson Glock

No dia 15 de Dezembro de 2012 foi realizada no museu da república a cerimônia de premiação do Prêmio Hip-Hop Zumbi – edição Sancofa. O evento que já está em sua 3ª Edição e já é reconhecido unanimemente entre os ativistas do movimento atuantes em cada um dos seguimentos, como o mais importante prêmio do Hip-Hop do DF. Durante os intervalos da premiação aconteceram pocket shows com grupos do DF que animaram o público presente no prêmio tarde adentro. Os artistas que se apresentaram no palco do Hip-Hop Zumbi 2012 foram Benjamim que contou também com a participação do grupo Diga How, Rodrigo Mesquita e Aborígine, Beto SDR, Ninne Ribeiro, logo depois houve também uma mini batalha de MC’s que contou com a participação de alguns MC’s que frequentam a já reconhecida Batalha do Museu, que é um encontro realizado periodicamente em frente ao museu da república onde MC’s se desafiam em batalhas de rimas improvisadas (freestyle), com temas estabelecidos na hora. E pra finalizar bem o evento, Viela 17 subiu ao palco do Hip-Hop Zumbi.

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O prêmio contou com as seguintes categorias: Prêmio Audiovisual, Destaque do ano Crew de Break, Artista de grafite, Produtor Musical, Prêmio Literatura Marginal, Multiplicação da Revolução, Hip-Hop Mulher, Reconhecimento, Destaque do Ano DJ, EP/Mixtape, Destaque do Ano Álbum, Demo/Single, Vídeo Clipe e Mídia e comunicação. Destaque para o grupo Dialeto Sound Crew que foi vencedor de três das categorias apresentadas, prêmio de melhor álbum intitulado “Somos Um Só”, destaque do ano vídeo clipe com o clipe “Coragem do Ladrão” e o prêmio Multiplicação da Revolução com o projeto Estação Central (feito pelos componentes do Dialeto Sound Crew), realizado na rodoviária do plano piloto. Ainda foram homenageados DJ Chokolaty, DJ Markinhos, DJ Elyvio Blower e Claudio Chandelle. Já o Hip-Hop do Paranoá foi indicado em cinco das categorias: Literatura Marginal e Mídia e Comunicação (Revista Nós Somos Um Só), Melhor Demo/Single e Melhor Vídeo Clipe (Radicalibres part. Pesadelo Real “Apenas Isso”) e Reconhecimento (MH2P). “Das categorias a qual foi indicado o Hip-Hop do Paranoá levou para casa duas, sendo essas: Melhor Demo/Single com Radicalibres Part. Pesadelo Real “Apenas Isso” e Literatura Marginal com a Revista eletrônica “Nós Somos Um Só”, esta mesma que você lê agora. Iniciativas como essa da criação do Prêmio, que agora está em sua 3ª Edição, mas que se depender do reconhecimento dos ativistas do Movimento Hip-Hop do DF e entorno durará por vários e vários anos, são cruciais para o fortalecimento e consolidação da cultura. PARABÉNS À TODOS OS IDEALIZADORES E RESPONSÁVEIS PELA REALIZAÇÃO DO PRÊMIO HIP-HOP ZUMBI, O HIP-HOP DO DF AGRADECE!!!


O Principal Combustível Humano: A Esperança Por: Anderson Glock

Sabemos que o combustível que move os carros, motos são gasolina, álcool, os caminhões óleo diesel, nos balões ar quente, mas, alguma vez já parou para pensar qual o combustível que move o ser humano? afinal não seria demais comparar uma máquina como um carro com a máquina corpo humano, na verdade o nosso é muito mais complexo e enigmático do que um simples carro. Alguns podem dizer: "ha, se é assim o nosso combustível deve ser o alimento". Cara, se alimentar sem dúvida é algo importantíssimo para o nosso corpo, mas mesmo assim há pessoas que conseguem fazer jejum por vários dias, Jesus mesmo fez e por 40 dias. "haa, então deve ser a água". Sem dúvida a água é um dos elementos mais importantes da natureza e certamente se não existisse não haveria vida na terra, mas mesmo assim há vários casos de pessoas que ficaram soterradas ou debaixo de escombros por dias e dias sem tomar uma gota de água mas que mesmo assim sobreviveram. "Então deve ser o sono". O sono é algo crucial para o nosso bem estar, é o momento em que repomos nossas energias, que renovamos nossa disposição, mas mesmo assim há pessoas que sofrem de insônia e passam dias e mais dias completamente acordados e ainda assim conseguem viver. Você deve estar pensando agora: "putz, que porcaria, o que é então??". Sinceramente não sei se você concordará comigo mas acredito fielmente que nosso combustível seja a esperança! não engraçadinho, não é aquele grilozinho verde não, é esperança mesmo!

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Uma pessoa sem esperança que motivo teria para viver? Uma pessoa sem esperança não tem sequer vontade de comer e principalmente não adormece, porque tudo para ela é motivo de desespero e tristeza! pequenos problemas tornam-se grandes demais para um coração sem esperança. Estamos nos aproximando do ano novo, e geralmente nesse período do ano é que muitas esperanças se renovam, as pessoas fazem planos de vida, e esperam algo melhor do amanhã, alguns simplesmente se enchem de otimismo, outros apelam para magias, mandingas e tal, outros acreditam em superstições e saem com cueca amarela pra ganhar dinheiro, camisa branca pra ter paz, calça vermelha pra ter amor parecendo o Restart e tantas outras cores. Todas elas fazem coisas diferentes mas por uma só causa: A Esperança de dias melhores. Um homem sem esperança definitivamente não tem porque viver, viver por viver? que coisa chata! por mais que a vida seja dura com você procure encontrar esperança, afinal, não é a tôa que ela é sempre a última a morrer. Você pode pensar : "ha falar é fácil" mas não amigo, aqui você lê palavras de quem já teve muitos motivos para perder a esperança de dias melhores mas que inexplicavelmente ainda persiste!!! por isso desejo a todos vocês amigos, colegas, conhecidos, desconhecidos e etc. um 2013 com muita ESPERANÇA, porque sem ela todo resto não tem a menor importância!!! PAZ, fiquem com Deus!!!


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