XXV Simpósio Nacional de História

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28 com Koselleck, que os conceitos nos oferecem a possibilidade de captar uma dupla dimensão: de um lado, a experiência, o modo de pensar já consagrado e, de outro, a mudança, aquilo que está em projeto. Pretendese demonstrar que, ao adotar a expressão “liga progressista” para se referir a este novo partido que estava em gestação no início dos anos 60, estes políticos e homens de letras do XIX revelaram uma série de projeções para a luta partidária, e, também, pareciam dialogar com a experiência anterior denominada conciliação. Espera-se, assim, contribuir para as reflexões em torno da cidadania no século XIX, particularmente pelo viés da participação e representação políticas. Nome: Silvia Carla Pereira de Brito Fonseca E-mail: silviacarlabrito@bol.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Federação e República na imprensa baiana no Segundo Reinado: o Guaycuru (1843-1860) Esta comunicação apresenta como tema a imprensa federalista e republicana da Bahia entre as décadas de 1840 e 1860, focalizando em especial o jornal O Guaycuru que circulou em Salvador entre os anos de 1843 e 1860. O periódico era redigido por Domingos Guedes Cabral, ex-redator do jornal republicano O Democrata (1833-1836), além de combativo integrante dos movimentos federalistas baianos nos primeiros anos da Regência, bem como da Sabinada (1837-1838).

Nome: Wlamir José da Silva E-mail: wmsilva@mgconecta.com.br Instituição: UFSJ Título: O Regresso na província de Minas Gerais O Regresso conservador é pouco valorizado e estudado pela historiografia, em especial quanto às províncias. Nas abordagens contextuais ele é reduzido à mera imposição de uma coalizão de burocratas da Corte ou reflexo da ascensão do café no Vale do Paraíba. Nossas pesquisas observam no Regresso uma importante inflexão política com dinâmica provincial. Sua implementação como nova direção hegemônica implicou a conquista da opinião pública e exigiu a construção de uma nova pedagogia política de cunho regressista. A Província de Minas foi base do poder regencial e era essencial que o Regresso conquistasse espaço naquela região. Essa inflexão no espaço público em âmbito regional se fez numa dura polêmica entre periódicos progressistas-liberais, como O Universal (1837-1839) e O Guarda Nacional Mineiro (1838-1840), de Ouro Preto, e o Astro de Minas, de São João del Rei, e os regressistasconservadores A Razão (1836), de Sabará, e O Unitário (1838-1839), de Ouro Preto, O Paraibuna (1836-1839). A disputa que envolveria versões sobre as revoltas regenciais, a eficácia dos institutos liberais relativos à justiça e a oposição entre centralização de descentralização. Num processo dialético entre a nacionalização da dinâmica provincial e provincianização das questões do poder central.

Nome: Suzana Cavani Rosas E-mail: suzanacavani@uol.com.br Instituição: UFPE Título: Cidadania, trabalho, voto e antilusitanismo no Recife em 1860: os meetings no bairro popular de São José A presente comunicação procura problematizar o antilusitanismo no Recife, procurando inseri-lo no contexto mais amplo das lutas por direito ao trabalho, contra a escravidão e também pelos direitos políticos, na década de 1860. Neste sentido, ela está centrada nos meetings organizados pelo republicano Borges da Fonseca que, após a Rebelião Praieira, ainda mobilizava a gente do bairro popular de São José, constituída de trabalhadores livres em geral, pequenos produtores e comerciantes nacionais, em reuniões e protestos. Tais eventos, amplamente alardeados e temidos por alguns, não se limitaram a acirrar o antilusitanismo entre a população em defesa da nacionalização do trabalho e comércio, discutiram também diversos temas como a escravidão, recrutamento, república e a importância do voto para a população não identificada com as elites. Esses encontros buscaram engajar os trabalhadores e pequenos negociantes na disputa eleitoral, a principio, de forma independente e depois em aliança com candidaturas das elites. Entretanto, apesar de realizadas de modo pacífico, sem o recurso aos “mata-marinheiros” e valendo-se do apelo ao sufrágio em defesa de seus interesses, nem assim essas reuniões no espaço público foram poupadas da vigilância e da repressão policial. Nome: Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira E-mail: bessone@uol.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Título: Reverenciando as letras: espaços de consagração e construção da cidadania O presente texto pretende analisar esse instrumento de difusão cultural, elo entre sociedade e indivíduo, o livro, que junto com o leitor, o editor, seus colecionadores, críticos e divulgadores criaram espaços privilegiados, e de instâncias de consagração para os seus autores. No Rio de Janeiro, da segunda metade do século XIX, sedimentou-se em torno do livro, um forte laço entre os homens de cultura, no momento em que os intelectuais ainda estavam construindo elos políticos vinculados ao poder. Neste período havia uma ainda incipiente rede de sociabilidades, ao lado de uma nova relação entre intelectuais e cidadania. Dentro desta perspectiva, estudaremos alguns agentes que consideramos importantes para a difusão cultural deste período, bem como da construção de espaços de sociabilidade e de consagração definidos a partir dos livros. Nome: Vitor Izecksohn E-mail: vizecksohn@gmail.com Instituição: UFRJ Título: As milícias e a concepção local de defesa: soldado cidadão? Neste trabalho analiso a concepção local de defesa. Discutirei as estratégias de inclusão e os benefícios obtidos através da participação voluntária nas organizações de milícias.

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28. Mundos do trabalho: entre a escravidão e o pós-emancipação Henrique Espada Rodrigues Lima Filho – UFSC (henrique.espada@globo.com) Aldrin Armstrong Silva Castellucci – UNEB (aascastellucci@uol.com.br) Este Simpósio pretende atrair apresentações sobre os mundos do trabalho e suas transformações nas sociedades escravistas e de pós-emancipação, sobretudo no Brasil e nas Américas. Uma das questões aqui é investigar as ambigüidades que se encontram na tentativa de definir limites claros entre “escravidão” e “liberdade”, trabalho formal e informal, bem como seus significados na experiência dos trabalhadores. O Simpósio pretende atrair sobretudo (mas não exclusivamente) trabalhos que abordem as seguintes áreas de estudo: • Escravidão e as várias formas de trabalho compulsório no Brasil e nas Américas, sobretudo entre os séculos XIX e XX, incluindo os estudos comparativos; • Diversidade das formas e arranjos de trabalho, incluindo os chamados “informais”, o trabalho doméstico, o trabalho eventual, etc. • As formas de negociação, disputa e coerção (econômica e extra-econômica) dos termos do trabalho; • Discussões sobre a “transição” entre o trabalho “escravo” e “livre”, bem como a discussão sobre a própria pertinência do conceito de “transição”; • Aspectos legais ligados às transformações do trabalho, como a introdução de formas de regulação formal e “contratual” das relações laborais; • Relações de trabalho envolvendo trabalhadores escravizados, libertos e livres, no campo e na cidade, com seus senhores e empregadores; • Relações sociais na esfera do trabalho, tematizando questões de raça, etnia, gênero e religião; • Continuidades e rupturas nas lutas e nas formas associativas dos trabalhadores entre a escravidão e o pós-emancipação, discutindo as várias formas de organização que envolveram trabalhadores, mesmo que não diretamente ligadas de modo mais evidente à esfera do trabalho: sindicatos e organizações políticas, mas também associações étnicas, recreativas, religiosas e laicas; • Abolicionismos, ações e ideologias políticas entre a escravidão e o pós-emancipação; • Trajetórias de indivíduos e de grupos entre a escravidão e o pós-emancipação.

Resumos das comunicações

biografado militou.

Nome: Alane Fraga do Carmo E-mail: alanefraga@yahoo.com.br Instituição: UFBA Título: O cotidiano nas fazendas de café da Colônia Leopoldina: relações de trabalho, mecanismos de controle, acesso à terra O presente trabalho pretende analisar aspectos das relações cotidianas entre escravos e colonos estrangeiros no processo de colonização do extremo sul da Bahia durante o século XIX. O caso da Colônia Leopoldina fundada em 1818 na região de Vila Viçoza, formando um conjunto de 40 fazendas destinadas à cultura do café para exportação, possibilita vislumbrar as vicissitudes destas relações de maneira privilegiada pela variedade de fontes, e relevância da presença escrava no processo de formação e desenvolvimento desta colônia. Os processos cíveis e criminais serão fontes privilegiadas no presente trabalho por oferecerem informações detalhadas sobre a economia de subsistência empreendida pelos escravos aos domingos e feriados bem como o acesso de cativos e libertos à terra. Esses documentos são ainda de fundamental importância para a análise das tensões e conflitos subjacentes às relações de trabalho no sistema escravista. Analisaremos a distribuição da propriedade escrava nas propriedades cafeeiras, estrutura e organização do trabalho, perfil dos administradores das propriedades, bem como os mecanismos de controle por eles utilizados.

Nome: Aline Mendes Soares E-mail: alinesoares2003@hotmail.com Instituição: UFRRJ Título: “Precisa-se de um pequeno”: o trabalho infantil no pós-abolição no Rio de Janeiro, 1888-1927 Durante todo o século XIX constavam nas páginas de anúncios do Jornal do Commercio, no Rio de Janeiro, inúmeros pedidos de mão-de-obra. Nesta sessão, alguns anunciantes buscavam trabalhadores do sexo feminino ou masculino, crianças ou adultos, para realizar os mais variados serviços. O presente trabalho utilizará como fontes estes anúncios, particularmente, aqueles em que o interesse era “alugar” ou dizia-se “precisar” especificamente da mão-de-obra infantil, a partir de 1888, período no qual a escravidão foi extinta legalmente, até 1927, quando foi promulgado o Código de Menores como medida de assistência e proteção ao menor no Brasil. Inicialmente será realizada uma abordagem quantitativa destas fontes, verificando a incidência destes anúncios no pós-abolição, assim como padrões de sexo, idade, cor, nacionalidade, tipos de trabalho e remuneração destacados. Em um segundo momento da pesquisa, analisarei qualitativamente estas fontes, buscando revelar principalmente em que medida o processo emancipatório interferiu e provocou mudanças nas relações sociais, condições de vida e de trabalho, especificamente no universo do trabalho infantil. Trata-se de compreender o cenário no qual liberdade, pobreza e mercado de trabalho se articulam nos marcos da nascente República.

Nome: Aldrin Armstrong Silva Castellucci E-mail: aascastellucci@uol.com.br Instituição: UNEB Título: Classe, cor e política na trajetória de Ismael Ribeiro dos Santos (1857-1931) A comunicação reconstitui a trajetória do alfaiate negro Ismael Ribeiro dos Santos (1857-1931), indivíduo que iniciou sua militância engajando-se nas causas da Abolição e da República, e que depois foi um dos protagonistas do movimento operário e socialista na Bahia ao longo da Primeira República. Atenção especial foi dada à luta que o personagem travou por cidadania para si e para seus companheiros de classe a partir de sua atuação nas eleições, quando chegou a receber sufrágios suficientes para conduzi-lo ao cargo de membro do Conselho Municipal de Salvador. Utilizamos uma gama variada de fontes, tais como inventários e testamentos, imprensa operária e grande imprensa, além dos estatutos, atas de reuniões e relatórios anuais do Partido Operário da Bahia e do Centro Operário da Bahia, duas das principais organizações onde nosso

Nome: Ana Luiza Jesus da Costa E-mail: anajcosta@gmail.com Instituição: USP Título: Sociedade Civil e Educação Popular Oitocentista: tempos, espaços, práticas e discursos Este trabalho pretende analisar o papel da sociedade civil oitocentista na educação das classes populares, para isto focalizaremos diferentes tipos de Associações que funcionavam na Corte e na Província do Rio de Janeiro, tais como: Associações de Auxílio Mútuo, de caráter profissional, de Instrução e de Beneficência. Buscaremos ainda apreender quem são os sujeitos envolvidos, as dinâmicas e práticas educativas empreendidas para sua auto-formação e para o público atendido. Para isto serão analisados os estatutos e relatórios dessas sociedades que dão a ver suas assembléias, eleições, reuniões, administração, as definições de direitos e deveres dos sócios, bem como as atividades educativas de caráter

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