XXV Simpósio Nacional de História

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25 dia, confrontando representantes do Departamento de Estado. Na década de 60 e 70, seus integrantes participaram e divulgaram ações de comissões de direitos humanos, comitês de solidariedade a presos políticos, imigrantes, mantendo estreito contato com intelectuais latino-americanos. Nome: Christiane Jalles de Paula E-mail: christiane.jalles@fgv.br Instituição: CPDOC/FGV Título:Contra o Século: Gustavo Corção na imprensa brasileira. (1953-1978) O texto analisará o itinerário de Gustavo Corção, destacando a sua consagração/deslegitimação pela intelectualidade carioca. Esse personagem é um intelectual católico que, em meados dos anos 30, conquistou rapidamente lugar de destaque no panteão do laicato brasileiro, e na década de 1970 teve contestado esse reconhecimento em função de suas posições públicas. O enfoque é a relação da religião com a política como produtora de escolhas, dilemas, conciliações e rupturas que, enfim, fornece sentido à trajetória de Corção. Nome: Cibele Barbosa da Silva Andrade E-mail: cibele.barbosa@fundaj.gov.br Instituição: Fundação Joaquim Nabuco/Universidade Sorbonne Paris IV Título: Cartas de Paris: os intelectuais e a recepção da obra de Gilberto Freyre na França A obra de Gilberto Freyre foi traduzida na França nos anos cinquenta, sendo introduzida para o grande público francês através das palavras de Lucien Febvre, então historiador expoente da cena intelectual francesa e diretor da revista dos Annales. Além deste, vários intelectuais franceses saudaram a publicação da obra “Maîtres et Esclaves”, embalados em uma atmosfera política propícia às idéias presentes na obra do sociólogo brasileiro, como atesta a sua participação em fóruns internacionais do período. Desse modo, proponho, na presente comunicação, abordar as especificidades da recepção da obra de Gilberto Freyre na França e o papel desempenhado pelo autor na elaboração e propagação de uma escrita histórica brasileira no exterior. Textos e correspondências, bem como escritos biográficos me permitirão retraçar a rede de relações interpessoais mantidas por Freyre e sua conseqüente inserção na cena intelectual francesa, em especial dentre os intelectuais ligados à revista dos Annales. Nome: Cícero João da Costa Filho E-mail: cicerojoaofilho@gmail.com Instituição: USP Título: Silvio Romero : construção da idéia de nacionalidade brasileira Silvio Romero da Silva Ramos foi no Brasil um dos maiores expoentes e expositores na contribuição do pensamento social brasileiro da segunda metade do século XIX. Bacharel em direito, formado pela célebre Faculdade de Direito do Recife, parlamentar, divulgador das idéias científicas de sua Geração de 70 Silvio Romero é concebido como o maior divulgador das idéias naturalistas de seu tempo que ecoavam sobretudo da França, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Enfrentando uma nova conformação sócio-política a partir da lei que cessava o tráfico inter-continental de escravos em 1850, este bacharel pensou a formação de um Estado Nacional brasileiro a partir da multiplicidade de idéias européias assimiladas de certa forma na Faculdade de Direito do Recife pela qual estudou. Silvio Romero se embebedou do “bando das idéias novas” que veio surgir se contrapondo ao modelo de ideário nacional erigido pelos polígrafos do romantismo, onde se utilizavam do símbolo nacional indígena, falseavam a realidade em detrimento da gigante e maravilhosa natureza que excluía negros e mestiços das análises sociais brasileiras oriundos da herança social brasileira. Nome: Clara Isabel Calheiros da Silva de Melo Serrano E-mail: claraisabelmeloserra@sapo.pt Instituição: CEIS20 da Universidade de Coimbra, Portugal Título: Augusto de Castro: esboço biográfico de um “intelectual orgânico” do Salazarismo A biografia continua a ser um gênero historiográfico de grande actualidade. O reconhecimento da importância crucial do sujeito individual na construção da realidade histórica, bem como do papel decisivo do historiador na produção/interpretação das visões dessa realidade, trouxe-a de volta ao primeiro plano das pesquisas históricas, embora numa óptica completamente distinta da reinante na primeira metade do século XX. Desta forma, impõese retratar Augusto de Castro Sampaio Corte-Real (1883-1971), figura incontornável da vida diplomática, política e cultural do século XX português,

um dos principais periodistas portugueses, que dirigiu, em momentos-chave (1919–1924; 1939–1945; 1947–1971) um dos mais significativos matutinos, o Diário de Notícias. No simples esboço biográfico que nos propomos apresentar, procuraremos, compreender e desvendar o diplomata, o jornalista e o ideólogo do Estado Novo. Intentaremos responder a questões tão importantes como: de que forma se processavam as relações e a admiração de Augusto de Castro para com António de Oliveira Salazar? Qual o grau de cumplicidade existente entre ambos? Como é que o seu sistema de idéias, valores e princípios fundamentou e orientou a forma de agir e de pensar do Presidente do Conselho e, consequentemente, do regime? Nome: Claudia Wasserman E-mail: claudia.wasserman@ufrgs.br Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Título: América Latina: dependência X desenvolvimento no pensamento marxista Entre os anos 50/70, a intelectualidade da América Latina viveu um de seus períodos mais produtivo e original. Surgiram correntes teóricas e políticas que, para além de seus enfoques e soluções diferentes, convergiam em torno de problemas e perguntas. O tema do desenvolvimento terminou por organizar toda a reflexão teórica latino-americana e orientou um conjunto de investigações científicas. Pretendo abordar o significado do conceito desenvolvimento para a corrente marxista da teoria da dependência; as disputas políticas em torno do tema; de que modo, temáticas e problemas correlatos foram vinculados ao problema central, como é o caso de desenvolvimento x subdesenvolvimento e desenvolvimento x dependência. O interesse recai, sobretudo, na chamada Teoria da Dependência em sua vertente marxista, representada por autores como Ruy Mauro Marini, Theotônio dos Santos, entre outros, que conviveram em instituições como a UNB (Brasília) e, no exílio chileno, no Centro de Estudos Sócio-Econômicos, da Universidade do Chile ou no México, no Centro de Estudos Latino-americanos, da UNAM. O tema central da análise é a interessante convergência ocorrida entre as teorias desenvolvimentistas, hegemônicas no pensamento latino-americano e mundial a partir do final dos anos 1940, e o marxismo. Nome: Denise Rollemberg E-mail: deniserollemberg@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Ditadura, Intelectuais e Sociedade: o Bem-Amado de Dias Gomes Pesquisas têm demonstrado a efervescência cultural nos anos 60, centradas nas atividades das esquerdas e no seu projeto de construção de Nação. Nas décadas de 60 e 70, entretanto, o regime ditatorial preocupou-se em elaborar uma política cultural. Ao fazê-la, assumiu referências da esquerda. O nacionalismo e a crença em valores positivos do povo permitiram a aproximação. Os meios de comunicação (em particular a Rede Globo, base de apoio do regime) também absorveram intelectuais identificados a esses valores. Dias Gomes, militante do PCB, demitido da Rádio Nacional, em 1964 (AI), tornou-se funcionário da Globo em 1969. Entre janeiro-outubro de 73, foi ao ar sua novela O Bem-Amado, sobre a política e o cotidiano de uma cidade do interior, ironizando a “moral e os bons costumes” e o autoritarismo da nossa vida política. A pesquisa estuda a novela visando a compreender as relações entre o intelectual, o regime e a sociedade, mas não segundo a abordagem freqüente nos estudos do tema: sob o viés da resistência, a incorporação como um meio de resistir por dentro do sistema. Tampouco para apontar colaborações, no estilo caça às bruxas. O objetivo é compreender a riqueza do universo no qual se encontram o intelectual, a mais poderosa rede de comunicação do país e o grande público. Nome: Douglas Attila Marcelino E-mail: douglasattila@gmail.com Instituição: PPGHIS/UFRJ Título: A morte e os funerais de presidentes como momentos de reescrita de suas biografias e da memória nacional Esta pesquisa procura refletir sobre a morte e os funerais de presidentes como instrumentos para a análise das reconstruções da memória nacional, entendendo tais episódios como momentos favoráveis à reescrita da biografia do morto ilustre e de uma determinada versão da história do país. O caso escolhido para estudo foi o da morte e dos funerais de Tancredo Neves. Seu adoecimento e morte pouco tempo antes de assumir a presidência da República, num momento considerado crítico da história do país, teve um papel importante na ampla veiculação de uma representação da nação com forte carga emocional e alto grau de identificação coletiva.

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Paralelamente, consolidavam-se representações heroicizadoras e santificadoras da sua personagem que, além de possibilitarem uma reconstrução da sua memória, o apresentavam como o único político brasileiro capaz de promover a superação da crise institucional que o país atravessava naquela conjuntura. Nome: Fábio Cardoso Keinert E-mail: fabiock@usp.br Instituição: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - USP Título:A geração de cientistas sociais pós-68 no Brasil: itinerários intelectuais em tempos de profissionalização O novo ideal de profissionalismo que emerge no cenário das ciências sociais, no Brasil, a partir de fins dos anos de 1960, longe de ser vivido como consenso, está na origem da constituição de uma diferença muito marcada entre estilos intelectuais caracterizados, de um lado, pela construção de projeto de inovação acadêmica e, de outro, pela recusa desse ideal. Esta questão é analisada através do exame dos itinerários de uma geração de cientistas sociais e, para tanto, toma como baliza as instituições, em que se destacam a USP, o IUPERJ e o Museu Nacional. Trata-se de pensar as escolhas inscritas num percurso acadêmico, através do deslindamento do universo mental que molda as atitudes que vão dando feição a uma trajetória. A análise dos enquadramentos institucionais revela o gênero de injunções a que os itinerários estavam expostos, tornando possível conferir historicidade às ações que respondem sempre à visão de mundo que lastreia a formação de grupos, de escolas e de tradições intelectuais. Assim, a polaridade entre o “moderno” e o “tradicional” corresponde à nomenclatura estruturante das divisões entre os itinerários, ordenando o intrincado jogo classificatório que define os móveis de identificação e de afastamento entre os agentes. Nome: Fábio Muruci dos Santos E-mail: fmuruci@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Espírito Santo- UFES Título:José Enrique Rodó e a crise da civilização européia fin-de-siècle O debate sobre o papel dos letrados e intelectuais na defesa da alta cultura recebeu bastante atenção na virada do século XIX para o XX em todo o ocidente. Para autores preocupados com o impacto da democracia de massas sobre a vida cultural e a arte do bom governo, como Ernest Renan, era necessária uma enfática afirmação do papel dos homens de saber na condução do ordenamento político e a criação de princípios cuidadosos de seletividade cultural. Essas idéias tiveram influência na América Latina naquilo que ficou conhecido como corrente arielista, exemplificada especialmente pelo uruguaio José Enrique Rodó. Para Rodó, um episódio marcante teria sido a eclosão da Primeira Guerra Mundial, a qual teria significado uma séria ameaça aos valores da civilização. Esta comunicação pretende explorar alguns textos em que o autor desenvolveu essa perspectiva e o impacto que o evento teve em sua trajetória biográfica. Nome: Fernando César Ferreira Gouvêa E-mail: gouveafcf@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Título: A CAPES em tempos de Anísio Teixeira: entre impressos e impressões (1951-1964) O presente trabalho tem como objetivo estudar o Boletim Informativo CAPES na gestão de Anísio Teixeira (1951-1964) e nesse percurso captar a contribuição de Anísio para a institucionalização da pós-graduação no Brasil. O ponto de partida do estudo se pautou na importância do periódico enquanto instrumento que buscava intervir e influir num determinado contexto a fim de consubstanciar os posicionamentos, renovações e transformações propostas por um grupo que – no caso específico da CAPES – tinha a responsabilidade de elaborar políticas para o aperfeiçoamento dos quadros de nível superior do país. Tal situação assume proporções significativas no estudo do periódico visto ser o Boletim Informativo CAPES porta-voz oficial da instituição. A análise do contexto histórico dos momentos que antecederam e dos momentos que testemunharam a criação da CAPES, a sua consolidação e a compreensão da sua dinâmica interna possibilitaram uma acurada percepção das estratégias de irradiação, articulação e mobilização utilizadas pelo Boletim Informativo para a construção de uma rede que teve na institucionalização da pós-graduação no Brasil o seu objetivo central. Nome: Francini Venâncio de Oliveira E-mail: fvo@usp.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: João Cruz Costa e a questão do intelectual no Brasil dos anos quarenta e cinqüenta

O presente trabalho tem como proposta reconstruir o itinerário intelectual do filósofo e historiador das idéias João Cruz Costa tendo em vista analisar o projeto político que perpassa o conjunto de sua obra, bem como discutir o papel e o peso que instituições como a Universidade de São Paulo, o ISEB, entre outras, tiveram não somente para sua trajetória, mas também - e sobretudo - para o direcionamento da nova maneira encontrada pelos intelectuais do período em questão para discutir os problemas de formação e de identidade nacionais. Nome: Francisco Carlos Palomanes Martinho E-mail: franciscomartinho@globo.com Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título:O Depoimento de Caetano Marcello Caetano (1906-1980) foi um dos mais destacados dirigentes políticos do Estado Novo português (1933-1974). Foi também um importante intelectual, tanto na área do Direito como na História. Quando da Revolução dos Cravos, em 25 de abril de 1974, ocupava o cargo de Presidente do Conselho de Ministros desde 1968, em substituição ao antigo ditador, Oliveira Salazar. Exilado no Brasil, preocupou-se imediatamente em defender-se das acusações que a ele eram imputadas pelos revolucionários que derrubaram o regime. Como instrumento principal de defesa, publicou um livro pela editora Record, cujo título era Depoimento. Neste texto Caetano escreveu sobre os problemas principais de seu governo, sobretudo as mobilizações militares e a questão ultramarina. Trata-se, assim, de uma memória construída no próprio tempo histórico vivido. É sobre a construção desta memória que o presente texto tratará. Nome: Gisele Sanglard E-mail: sanglard@coc.fiocruz.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz Título:Ataulfo de Paiva e Guilherme Guinle: uma radiografia da filantropia no Rio de Janeiro. (1900-1929) Este trabalho se propõe a refletir sobre a ação da filantropia laica no Brasil nas primeiras décadas do século XX a partir do estudo prosopográfico dos principais benfeitores à saúde no Rio de Janeiro, durante a República Velha. Pretendemos contribuir, assim, para melhor compreender a relação da elite com a manutenção de hospitais na cidade. Estaremos partindo do pressuposto que a análise prosopográfica dos benfeitores destes hospitais ajuda a dar sentido à ação política deste grupo social, sem contar que também nos permite explicar as mudanças, tanto ideológicas quanto culturais, que se operam na relação da elite com a filantropia à saúde. Tomaremos como exemplo a ação de dois destes homens – o jurista Ataulfo de Paiva e o industrial Guilherme Guinle – que na primeira década do século estiveram envolvidos em diversos projetos filantrópicos voltados para a criação e manutenção de hospitais na cidade. Para tal, estaremos nos baseando na produção intelectual do primeiro e na análise da biblioteca do segundo, recentemente descoberta. Acreditamos que uma análise conjunta destes dois filantropos torna-se extremamente rica por permitir compreender suas relações, muitas vezes complexas, e de seus laços com o conjunto da sociedade. Nome: Giselle Laguardia Valente E-mail: giselle1960@gmail.com Instituição: UNIRIO Título:Sérgio Buarque de Holanda como adido cultural:intercâmbio cultural Brasil-Itália no segundo pós-guerra A inserção de Sérgio Buarque de Holanda no jogo entre esquecimento e memória, que atuou como diretor do Museu Paulista por dez anos (19461956), desenvolveu projetos educativos e instituidores de proteção do patrimônio cultural, não nos parece privilegiada nas análises empreendidas pela produção teórica do pensamento social brasileiro e, nesse sentido, procuraremos delinear aspectos ainda não explorados que se referem aos vínculos do pensamento social brasileiro e a produção museológica. No decorrer da pesquisa ficou evidenciada a importância das relações culturais estabelecidas entre o Brasil e a Itália, através dele, que no período de 1952-1954, esteve na Itália em missão cultural. Refletir sobre o intercâmbio cultural Brasil-Itália, realizado pelo intelectual brasileiro permitirá dimensionar a amplitude de sua contribuição para as relações internacionais brasileiras e trocas culturais estabelecidas através das palestras, exposições, cursos e publicações por ele realizadas. Sérgio Buarque de Holanda pode ser compreendido como um agente que ultrapassou a esfera do erudito, utilizando como instrumentos as universidades e os museus no Brasil e no mundo, contribuindo para a consolidação do amplo sistema de produção de bens simbólicos.

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