XXV Simpósio Nacional de História

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24 Nesta comunicação, apresento resultados da análise de um boletim publicado em Lisboa, no ano de 1918, denominado Boletim da Escola-Oficina N.º 1. A escola que dá nome a este periódico foi criada em 1905 e pertencia à Sociedade Promotora de Escolas, uma instituição maçônica assumidamente republicana. A presença de professores libertários – como Adolfo Lima, Emílio Costa e Deolinda Lopes Vieira (Pinto Quartim), dentre outros – no corpo docente dessa escola, dois anos após a sua abertura, resultou numa “verdadeira revolução silenciosa no campo da educação escolar”, na avaliação de António Candeias, um dos principais estudiosos portugueses do assunto. Esses professores teriam sido os principais responsáveis por uma nova forma de educar, orientada por saberes e práticas de inspiração libertária. Por essas razões, o Boletim da Escola-Oficina N.º 1, apesar de editado por apenas um ano, entre janeiro e dezembro de 1918, fez-se objeto e fonte de fundamental importância para o conhecimento de algumas das práticas escolares dessa singular – e, para alguns, “modelar” –, instituição de ensino. Nome: Luiz D. H. Arnaut E-mail: luarnaut@ufmg.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: Republica versus Monarquia: a luta pela memória (poemas, política e memória nos jornais da Corte, 1870-1889) A campanha pela República no Brasil assumiu a forma de uma competição entre monarquistas e republicanos para estabelecer ligações de afinidade ou de oposição entre liberdade e a monarquia existente ou a proposta republicana. A imprensa foi um dos palcos desta luta na forma de publicação de poemas através dos quais vislumbramos um trabalho de construção e outro de desconstrução de um senso comum e de uma legitimidade política. O trabalho de solapar o locus do Império, do imperador e da Monarquia passava pela desconstrução da organização da memória e/ou da história. Há paralelamente a discussão política propriamente dita, nas iniciativas de validar e justificar a monarquia e na sua negação, uma disputa em torno da organização do tempo histórico. Monarquistas e republicanos justificam a legitimidade de suas propostas na economia do tempo histórico, na construção de uma memória nacional. Os monarquistas apresentavam o Império como o momento da liberdade enquanto os republicanos o retratavam como continuidade do julgo colonial. Assim, este embate assume a forma de uma luta pela memória que contrapõe o Sete de Setembro à Inconfidência Mineira. Nome: Maitê Peixoto E-mail: maitepeixoto@yahoo.com.br Instituição: PUC/RS Título: O quarto poder vermelho: embates teóricos e político-ideológicos entre anarquistas e comunistas nos jornais A Plebe e Voz Cosmopolita (1917-1927) A presente pesquisa propõe à comunidade acadêmica uma breve análise sobre o conteúdo dos textos impressos na mídia libertária de São Paulo e do Rio de Janeiro, respectivamente com os jornais A Plebe e Voz Cosmopolita, ambos articulados entre os anos de 1917 e 1927, adjacentes ao cenário de formação do Partido Comunista do Brasil (PCB). Através do estudo dessas publicações, que contavam com a colaboração de lideranças do movimento ácrata e fundadores do PC do Brasil, é possível compreender de que forma a imprensa operária estruturou seu discurso político, bem como verificar a base ideológica que norteou esse processo. Alerto que tal trabalho deriva de uma pesquisa mais ampla que contempla outros aspectos do desenvolvimento político e ideológico da mídia impressa operária no período em destaque, visando ainda abarcar as estratégias utilizadas para a seleção dos textos publicados nos periódicos e o público alvo a que eram destinados. Vale mencionar que agregado ao trabalho analítico dos jornais há o cospus documental que inclui a correspondência internacional do partido, cartilhas e relatórios difundidos a partir de congressos e assembléias operárias realizados no Brasil e na União Soviética. Nome: Maria Daniele Alves E-mail: danicrato@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Ceará - UECE Título: Produzindo notícias: a imprensa cratense e as transformações sociais advindas com o surgimento desta O presente estudo propõe analisar o surgimento da imprensa na cidade do Crato - CE, a partir do jornal O Araripe – sendo este o primeiro que circulou pelas ruas da cidade entre os anos de 1855 a 1865 – e as transformações sociais advindas com o aparecimento deste, contextualizando e caracterizando o espaço onde o referido jornal fora produzido e veiculado. Para isto, abordaremos as características gerais do O Araripe, destacando suas particularidades, ou seja, as idéias centrais que este procurava propagar e calcar na

sociedade cratense através da imprensa escrita. Vários acontecimentos foram registrados nas seções do jornal, momentos que compunham uma vida citadina e suas práticas sociais. Contudo, vale ressaltar que, os anúncios e notícias veiculadas no jornal tinham um caráter documental pelas informações que estes faziam circular, por abrangerem aspectos da vida social, cultural e ideológica de uma determinada comunidade. Nome: Maria do Rosario da Cunha Peixoto E-mail: direcaofcs@pucsp.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Título: Imprensa popular e memória: São Paulo, 1980 / 90 Esta comunicação tem como objeto de reflexão um tipo particular de imprensa produzida nos anos 1980-90, em São Paulo, por grupos sindicais e oposições, e por movimentos populares urbanos em suas lutas pelo direito à cidade. Desenvolvida nos arquivos do CPV, essa investigação faz parte do projeto Dimensões da Imprensa Popular Paulista nos anos 1980-1990. Trata-se de, no interior do movimento histórico que institui a imprensa de massa, e os periódicos que se propõem populares, problematizar seus espaços de constituição. Lidar com o rico material impresso, jornais, boletins, panfletos, por meio dos quais sujeitos sociais expressaram suas lutas e perspectivas de transformação, coloca questões teóricas e metodológicas: ampliação da própria noção de imprensa e de imprensa alternativa, incluindo fanzines, boletins e outros, e pensá-las no interior dos processos tensos e contraditórios de constituição de memórias hegemônicas e alternativas; definição do lugar desses grupos, como sujeitos ativos na resistência à ditadura militar; criação de novas formas de linguagens que se expressam nos padrões de escrita e de oralidade, características gráficas e composição, sem considerá-los como fruto de pouca escolaridade ou de mera carência econômica. Nome: Maria Luiza Ugarte Pinheiro E-mail: malu@ufam.edu.br Instituição: Universidade Federal do Amazonas Título: Imprensa e cultura letrada no Amazonas, 1889-1930 A comunicação aborda o processo formativo do periodismo no Amazonas, analisando suas características gerais e suas principais linhas de força, bem como inquirindo acerca de sua articulação no interior de um contexto social marcado por forte tradição de oralidade, onde nem a escrita e nem mesmo a língua portuguesa mostravam-se como hegemônicas. Associado ao processo migratório fomentado pela economia de exportação da borracha, o surto urbanístico que marca a virada do século XIX para o XX na Amazônia, projetando Belém e Manaus, instaurou e buscou consolidar um estilo de vida urbana, onde os referenciais estéticos vinculavam-se à chamada Belle Époque. Apresentando-se como um dos mais significativos “emblemas da modernidade”, o periodismo tendeu a reforçar os ideais “civilizatórios” e a crença no progresso material e espiritual patrocinado pela cultura burguesa em expansão. Nome: Marta Emisia Jacinto Barbosa E-mail: martaemisia@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Quando a palavra mobiliza: imprensa e história Este trabalho se preocupa em pensar as relações de força entre a grande imprensa brasileira que circula em papel e um universo de informações produzidas e difundidas virtualmente que traçam conformações outras a movimentos sociais, a indivíduos, desafiando-nos a discutir os sentidos, os rumos da produção de comunicação no Brasil. Em meio a muitas questões que podem ser suscitadas, destaca como dimensão mais ampla a relação entre mídia e democracia, como núcleo fundamental de reflexão e, especialmente, campo de possibilidade para transformações dos meios, dos produtores, e dos novos cidadãos leitores. Pretende, também, discutir o que significa, no presente, a democratização dos meios, refletir sobre como os espaços virtuais podem ser compreendidos enquanto movimentos alternativos para a circulação de idéias, para posições e práticas dissidentes com força de mobilização. Nome: Marta Eymael Garcia Scherer E-mail: martascherer@gmail.com Instituição: UFSC Título: ‘Balas e sustos’ na imprensa republicana da primeira hora - um estudo das liberdades e censuras observadas pelo jornalista Olavo Bilac A história da imprensa no Brasil foi marcada por contradições entre dispositivos reguladores da censura e supostas liberdades de expressão. No mesmo ano em que a imprensa foi estabelecida foram também nomeados os censores régios, posteriormente substituídos por uma vigilância velada. E, ao contrário do que se esperava, com o advento da República houve um

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retrocesso no que tange à lei de imprensa. Este trabalho analisa a imprensa brasileira no período dos primeiros anos republicanos através das crônicas de um dos jornalistas mais atuantes da época: Olavo Bilac. Apesar de ser mais conhecido como o grande poeta parnasiano, Bilac participou de forma ativa na vida de imprensa, escrevendo diariamente durante 20 anos para jornais e revistas cariocas. Entre seus textos em crônica verificamos relatos minuciosos da vida de imprensa de então, encontrando aí observações que nos falam do cerceamento explícito do governo, da falta de seriedade dos jornalistas, da autocensura e do jogo de interesses dos proprietários dos jornais. Eram as condições de trabalho que os homens de letras dispunham e que moldaram o fazer jornalístico desde sempre, num eterno jogo de poder e disputa entre o interesse do público e os mandos e desmandos de governantes, poderosos e proprietários. Nome: Marta Maria Chagas de Carvalho E-mail: mchagas.carvalho@gmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título: Usos do impresso e estratégias de remodelação escolar: Lourenço Filho e a escola paulista em 1930 A comunicação tratará de estratégias editoriais de um grupo de intelectuais brasileiros articulado, nos anos 1920 e 1930, em torno de projetos de reforma da sociedade pela reforma da escola. Constituindo-se como grupo e ganhando visibilidade nacional nos anos 1920, passaram a disputar espaço político nos Estados. Na posição de reformadores do aparelho escolar, institucionalmente investidos em cargos de Diretores dos sistemas de ensino público, consolidaram posições na grande imprensa e no mercado editorial como autores, tradutores, editores e organizadores de coleções pedagógicas. Nos embates que travaram, valeram-se de múltiplas estratégias: publicação de revistas; edição de livros, programas e guias curriculares; organização de bibliotecas escolares e de bibliotecas centrais especializadas para professores; iniciativas editoriais de organização de coleções especializadas etc. Nas disputas estava em jogo o controle técnico, doutrinário e político do aparelho escolar. Em São Paulo, um dos integrantes do grupo referido, Lourenço Filho, foi protagonista, em 1930, da disputa que esta comunicação mapeará, identificando os seus objetivos e dando visibilidade aos seus oponentes e às estratégias editoriais que mobilizou como programa de formação docente e de remodelação da escola. Nome: Otavio José Klein E-mail: oklein@upf.br Instituição: Universidade de Passo Fundo Título: O direito à liberdade de opinião e expressão, 60 anos depois da Declaração Universal dos Direitos Humanos Na atualidade, o sujeito moderno encontra crescentes dificuldades para o exercício da liberdade de opinião e expressão. Ela é proporcional à abrangência da mídia e se ressalta no sistema privado que se tem caracterizado pela concentração em grandes redes. Na mídia de proximidade, comunitária ou local, esse espaço ainda é significativo. O presente trabalho procura mostrar que: o artigo 19 da DUDH, que diz “todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão”, visava, na época do seu surgimento, enfrentar principalmente, a problemática da dominação dos estados em relação às liberdades de opinião e de expressão, hoje encontra-se diante da problemática do mercado, que domina os meios de comunicação e que controlam a participação cidadã; as iniciativas recentes na formulação de políticas para a democratização da mídia não estão sendo suficientes para garantir espaço de participação da sociedade civil nos processos hegemônicos de comunicação. O trabalho é uma revisão bibliográfica de conceitos, teorias e práticas buscando compreender as dificuldades de participação dos cidadãos brasileiros nos processos de comunicação midiatizada, por ocasião do 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, situando-as na relação entre sociedade civil, Estado e mercado. Nome: Rejane Meireles Amaral Rodrigues E-mail: 790@associados.anpuh.org Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros 38 Título: Os assuntos da roça na pauta do dia O presente texto tem por objetivo algumas manchetes dos jornais “Montes Claros” e “Gazeta do Norte”, dos anos de 1916 a 1918, que nos permite entender como a imprensa do Norte de Minas travava o cotidiano do trabalhador rural e indicava práticas e normas de plantio modernos. De vinculação local na cidade de Montes Claros- Norte de Minas, ambos os jornais permite-nos debater práticas sociais e políticas ali retratadas, em relação à agricultura. Nestas manchetes, percebemos a intenção de ampliar o público leitor destes jornais, uma vez que estas colunas eram diferentes das demais

e eram um projeto para um público específico – os fazendeiros. Assim estas publicações revelam um projeto social de “acabar com o sertão”. Utilizaremos as colunas “Assuntos da Roça”, “Calendário do Lavrador” e “Pelo Sertão” para debater o projeto de saneamento do sertão que fora vinculado pelos jornais supramencionados e pensar os conflitos vividos pelos sertanejos norte – mineiros e a Primeira República. Nome: Renata Garcia Campos Duarte E-mail: renatagcd@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: “Fac et spera. Pro nobis laboremus.”: a ação da Associação Beneficente Tipográfica no movimento operário de Belo Horizonte (19001930) Faze e confia.Trabalhemos por nós.Com esse lema era fundada a Associação Beneficente Tipográfica em 1900.Criada com propósito de “trabalhar pelo reerguimento e nivelamento social da classe [dos tipógrafos], pela solidariedade entre seus membros e (...) pelo interesse coletivo da mesma (...)”. Caracterizado por uma ação mais harmônica,o movimento operário de Belo Horizonte evitava o embate entre classes.Utilizava a conciliação entre instâncias do poder para resolver questões relativas à classe operária. A imprensa, nesse quadro, ostentava relevante papel, através das expressivas publicações da Associação e demais periódicos que tornavam pública a condição do operariado. Este trabalho busca perceber a peculiaridade desse movimento operário, a partir da análise da atuação política da Associação, tendo-se em vista o debate acerca de uma ideologia de classe alternativa à revolucionária. Pretende-se identificar concepções políticas da Associação; apontar a relação entre a mesma, sócios e outros personagens e setores da sociedade; e construir um breve histórico da Associação, relacionando-o com os tipográfos, observando suas reivindicações, condições de vida e trabalho etc. Serão utilizados documentos de várias tipologias e de grande contribuição para essa parte da história da cidade, muitas vezes olvidada. Nome: Ricardo Antonio Souza Mendes E-mail: rasmric@oi.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Perspectivas sobre a revolução cubana Esta apresentação consistirá das primeiras anotações referentes ao trabalho desenvolvido como parte do projeto “O Rio de Janeiro e a experiência democrática nas páginas dos jornais: ideologias, culturas políticas e conflitos sociais (1946-1964)”, fomentado pela FAPERJ e coordenado pelo Profº Jorge Ferreira. A análise que apresento diz respeito às imagens e representações que as direitas brasileiras construíram acerca do contexto histórico vivido a partir de suas percepções sobre a Revolução Cubana. Entendo que uma forma de perceber estas imagens é através das perspectivas elaboradas sobre uma de suas principais lideranças: Fidel Castro. Num primeiro momento indicarei como alguns dos principais atores políticos envolvidos no movimento de 1964 – udenistas, membros do IPÊS/IBAD e militares -, caracterizavam a Revolução Cubana mesmo sem referir-se diretamente a Fidel. Isto será feito a partir de uma amostragem de documentos oriundos de revistas, boletins e publicações organizados por estes grupos. Mesmo sendo os mesmos veículos de circulação limitada, indicam algo da perspectiva destes setores acerca dos reflexos da Revolução no contexto brasileiro dos anos 1960. A pesquisa centrará sua atenção na grande imprensa carioca, particularmente nos Jornais O Globo e Tribuna da Imprensa. Nome: Roberta Ferreira Gonçalves E-mail: robertagon@yahoo.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Identidade nacional e pensamento social na revista O Tico-Tico: apontamentos de uma pesquisa O Tico-Tico foi a primeira revista em quadrinhos produzida no Brasil. Criada em 1905, circulou na cidade do Rio de Janeiro até 1957. A revista apresentava duas faces importantes: uma recreativa – histórias em quadrinhos, jogos e brincadeiras – e outra pedagógica, representada pelos ensinamentos morais, complementar às disciplinas escolares. A criação da revista O TicoTico foi creditada a quatro importantes figuras do jornalismo carioca do início do século XX: Luiz Bartolomeu de Souza e Silva, jornalista e dono d’O Malho; Renato de Castro, também jornalista; Cardoso Júnior, poeta; e Manoel Bomfim, pensador social. Todos foram atuantes no periódico O Malho, conhecido pela caricatura irreverente e pela crítica política, e envolveram-se na discussão sobre a definição do caráter nacional brasileiro. Manoel Bomfim, na época da criação d’O Tico-Tico, empenhava-se em justificar o atraso da nação a partir da ignorância e falta de educação do povo brasileiro. Posteriormente, reflexões acerca da educação serão de importância em seus

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