XXV Simpósio Nacional de História

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22 Nome: Stephanie Dahn Batista E-mail: sdahnbatista@ufpr.br Instituição: UFPR Título: Corpo visível – corpo vidente | corpo falado – corpo falante: as inscrições discursivas no corpo imaginário na pintura acadêmica brasileira do século XIX O presente trabalho procura analisar a inscrição discursiva nas representações de nus em obras da pintura acadêmica brasileira durante o segundo Império, período no qual se percebe uma transição nas produções no Rio de Janeiro: de um corpo, a princípio idealizado e enredado em narrativas mitológicas ou literárias (nude), para um corpo real, chamado nu moderno (naked). As várias representações do corpo imaginário indicam negociações que dizem respeito ao discurso do corpo, das relações sociais, normas e valores de uma sociedade. Os nus de V.Meirelles, R.Amoedo e Almeida Junior representam os heróis ou anti- heróis da literatura romântica indianista e seus mitos, ou figuras características do interior brasileiro, fazendo parte da construção simbólica da cultura brasileira. Paralelamente ao discurso sobre a identidade nacional, outras obras desafiam a representação de um nu moderno desvendando a nudez sem justificativa moral e desafiando o ideal clássico de beleza. Nesse sentido o corpo nu em representação ocupa um lugar crucial no imaginário social e traz a tona áreas de conflito, atrito e ambigüidades, nas quais o corpo complexo é capaz de representar a si próprio e, ao mesmo tempo, oferecer um espaço de hipóteses sobre a cultura brasileira moderna.

Nome: Thiago Rafael da Costa Santos E-mail: aniquilamento@hotmail.com Instituição: UFMT Título: A compreensão do homem em Jean-Baptiste Debret O presente trabalho analisa a obra de um dos mais notáveis artistas europeus que visitaram o Brasil no século XIX: o pintor francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848). A nossa leitura das imagens tem como foco de atenção as representações de tipos humanos executadas pelo artista e publicadas no seu “Voyage Pittoresque et Historique au Brésil” (Paris, 1834-1839). Através desta análise nos propomos observar sua compreensão dos povos e das sociedades que apreende. A realização deste estudo de imagens desenvolve-se com base numa pesquisa bibliográfica, buscando o necessário instrumental teórico e metodológico na História Cultural e na História da Arte. Identificamos, a Debret como um homem esclarecido, imbuído da missão de propagar as belas artes na América “selvagem” e “inculta”. Na sua obra verificamos a presença permanente do pensamento Ilustrado, e sua fé no progresso e na perfectibilidade do homem, cujo registro é elaborado numa perspectiva romântica, em que a estética do Pitoresco está sempre presente.

22. Império e colonização: economia, sociedade e política na América portuguesa Vera Lucia Amaral Ferlini - Cátedra Jaime Cortesão (veferlin@usp.br) O Simpósio procurará discutir as noções de Império e de Antigo Sistema Colonial, tomando o vasto espaço das conquistas lusas, destacando a dinâmica específica das estruturas coloniais da América Portuguesa.

Resumos das comunicações Nome: Alberon de Lemos Gomes E-mail: alberonlemos@yahoo.com.br Instituição: UFPE Título: Madeira de lei: O pau-brasil e a economia da capitania de Pernambuco na segunda metade do século XVIII Analisamos o impacto da extração do pau-brasil na economia do Pernambuco colonial na segunda metade do século XVIII, em especial em consonância com a ação da Companhia Geral de Comércio de Pernambuco e Paraíba. Buscamos evidenciar a importância da extração e exportação do pau-brasil para a economia da capitania mesmo na fase final do período colonial, apontado o peso da importação deste produto na pauta geral dos gêneros comercializados pela Companhia. Autor: Álvaro de Araujo Antunes E-mail: alvaro.antunes@ufv.br Instituição: Universidade Federal de Viçosa Co-autor: Marco Antônio Silveira E-mail: mantoniosilveira@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Ouro Preto Título: A norma em prática: uma análise da institucionalização da Justiça em Mariana, Minas Gerais (1711-1808) A comunicação apresentará os primeiros resultados do projeto “Notificações de Mariana e Ouro Preto: banco de dados e inventário analítico (1711-1888)”. Nosso objetivo é traçar um quadro da administração e prática jurídica em Minas Gerais, a partir da análise e sistematização de cerca de quinhentas “notificações” referentes à Mariana, entre os anos de 1711 e 1808. Uma variedade significativa de assuntos em litígio é contemplada pelas “notificações”, isto é, por esse procedimento jurídico através do qual um ou mais indivíduos eram citados para comparecer em juízo e responder a uma determinada demanda. Ainda que pouco utilizada pela historiografia especializada, as “notificações” permitem desvendar aspectos importantes do cotidiano, bem como níveis de institucionalização, eficácia e reconhecimento da Justiça como um canal de resolução de conflitos. A análise desses aspectos contribui para diagnosticar o alcance e os empecilhos da prática da justiça, considerada por alguns tratadistas do setecentos como a face mais visível do poder régio. Ao caracterizar os mecanismos administrativos coloniais, apreciando o seu alcance e a sua eficácia, espera-se contribuir com a análise de instrumentos, agentes, práticas, os quais reporiam, ao menos em tese, a autoridade da Coroa. Nome: Ana Paula Medicci E-mail: apmedicci@gmail.com Instituição: USP Título: As arrematações das rendas reais em São Paulo colonial: 17651821 Esta comunicação aponta questões que envolviam a arrematação de contratos das rendas reais que incidiam sobre a produção e circulação de gêneros na Capitania de São Paulo, especialmente os dízimos e as taxas que recaiam sobre o gado transitado pelo Registro de Curitiba. Durante o século XVIII, tanto os membros das chamadas “famílias principais” da terra quanto negociantes portugueses buscaram se assenhorear do controle de rendas reais através da arrematação de contratos e dos principais postos de oficiais milicianos; pois enquanto o primeiro movimento favorecia a acumulação de grandes somas, o segundo servia tanto de meio de ascensão e reconhecimento social quanto de controle sobre grandes parcelas da população local. Sobre estes dois pontos, arrematações e controle das tropas de segunda linha, convergiam interesses metropolitanos e locais essenciais à manutenção da estrutura tributária e do território português na América. Também em São Paulo colonial, membros de grupos de poder local participaram desse movimento

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e, ainda que precisassem concorrer com negociantes lisboetas e fluminenses, se integraram às políticas metropolitanas que solicitavam apoio dos súditos portugueses dotados de cabedal para a manutenção do Estado. Nome: Anderson Batista de Melo E-mail: batista@dinatos.com.br Instituição: UnB Título: O Governo do Barão de Mossamedes na Capitania de Goyaz e a política racial do Diretório dos Índios (1772-1778) Esta comunicação abrange a análise do governo de José Vasconcelos de Soveral e Carvalho, o Barão de Mossamedes (1772-1778), período exemplar na História da Capitania de Goyaz para entendimento da aplicação do Diretório dos Índios (1758), documento normativo que indica uma nova política para as populações indígenas da América Portuguesa. Orientado pelas políticas reformistas de Sebastião de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, esse documento muda o estatuto civil das comunidades indígenas envidando esforços para a alocação desses no empreendimento colonial. O Barão de Mossamedes empreendeu durante seu governo na capitania o reordenamento e reaparelhamento das forças administrativas e militares em Goyaz promovendo a inclusão dos povos indígenas nesse processo. A criação do aldeamento de São José de Mossamedes foi arquitetada pelas diretrizes do referido Diretório, no qual os povos indígenas carajá e xacriabá foram alocados para a reeducação no modelo colonial europeu. Ao longo do trabalho será narrada a rendição desses povos e as instruções seguidas para inclusão desses no mundo colonial. A conexão entre Colônia e Metrópole em funcionalidade governativa é marca desse episódio da História Colonial no setecentos. Nome: Ângelo Emilio da Silva Pessoa E-mail: emiliopessoa@uol.com.br Instituição: Universidade Federal da Paraíba Título: Um homem do Atlântico no século XVII: a trajetória de André Vidal de Negreiros O trabalho refere-se a uma pesquisa em andamento, que tem a finalidade de investigar a trajetória de André Vidal de Negreiros, que se notabilizou pelo papel na resistência contra a ocupação holandesa nas Capitanias do Norte. Após a expulsão dos holandeses, Vidal desempenhou cargos nos governos do Maranhão, Pernambuco, Angola e novamente Pernambuco (entre as décadas de 1650 e 1660), numa trajetória que o envolveu com grandes questões da época, como a reorganização da produção açucareira, a reestruturação das fontes de abastecimento e de tráfico de escravos, a questão indígena e as disputas por jurisdição entre diferentes instâncias de poder no mundo colonial. Se obteve fama e riqueza em vida, apesar de uma origem relativamente obscura, posteriormente, Vidal foi elevado à condição de herói da nacionalidade no século XIX, por representar uma das figuras centrais do nativismo que se construiu a partir das lutas contra os holandeses. Acompanhar sua trajetória é perceber aspectos dos meandros do poder no mundo colonial e da construção do herói pela historiografia posterior. Nome: Antonia da Silva Mota E-mail: motaas@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do Maranhão Título: Famílias de elite no Maranhão pombalino: tecendo redes de solidariedade e poder O foco maior deste estudo são as “redes” de famílias que encabeçaram o processo de colonização no Maranhão pombalino. Objetiva descrever a gestação destas redes de famílias: sua composição, as alianças, o modo de reprodução, as heterogeneidades, as hierarquias e as tensões. A verificação contempla ainda o feixe de vínculos construídos por estas, focalizando os interesses pessoais, a criação e a integração (mas também, e sobretudo, desintegração), através destas redes, dos espaços territoriais, econômicos, políticos e sociais em geral, que constituíram uma das faces fundamentais da experiência colonizadora nesta região. Outro desafio da pesquisa é identificar como os vestí-

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