XXV Simpósio Nacional de História

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11 do Grupo Raízes O objetivo deste trabalho é analisar as representações do sertão norte-mineiro nas canções do Grupo Raízes em Montes Claros, Minas Gerais nos anos de 1970 a 1983. Este grupo fez “música regionalista” durante o período destacado em várias cidades do Brasil. Lançaram seu primeiro LP em São Paulo, a cidade onde o grupo nasceu. Seus participantes eram estudantes paulistas, nordestinos e norte-mineiros, que fizeram questão de destacar nas canções aspectos da cultura popular norte-mineira, sendo representadas rezas, assombrações, lendas, causos, banditismo social, folias de reis, maracatu e congadas dentre outras. O estudo endossa também um estudo aprofundado da categoria sertão historicamente e sociologicamente. Procuraremos entender melhor como foi o sertão pensado e vivido no norte de minas no período estudado. A canção traz em si um manancial a ser desvendado, uma fonte de representações a ser lida. Percebe-se uma riqueza na instrumentalização musical. Há, também, um compromisso em retratar as coisas do sertão através de instrumentos. Neste universo musical que é o sertão, o grupo se destaca por entrar no campo da música popular brasileira, unindo o rural ao urbano fazendo um diferencial marcante em um estilo bastante predominante na MPB nos dias atuais. Nome: Nilton Silva dos Santos E-mail: nsantos@bighost.com.br Instituição: Universidade Candido Mendes/ Núcleo de Estudos Musicais Título: Pernambuco falando para o mundo... Trajetórias da música contemporânea em Siba e Silvério Pessoa Nesta comunicação procuraremos pôr em relação perspectivas de trajetórias autorais a partir de dois casos pernambucanos representados por Sergio Veloso, o Siba e de Silvério Pessoa. Procuraremos compreender em que medida as opções estilísticas e musicais adotadas pelos compositores dialogam com informações regionais e, simultaneamente, com as configurações da música globalizada. Nome: Olga Rodrigues de Moraes Von Simson E-mail: simson@superig.com.br Instituição: Universidade Estadual de Campinas Título: O samba paulista e suas histórias Baseada em documentos textuais, depoimentos orais, registros visuais e músicas tradicionais a pesquisa reconstrói a trajetória de uma mani- festação da cultura popular paulista pouco conhecida: o samba rural que saindo dos terreiros de café se fixou nos redutos negros das cidades em processo de industrialização tomando novas características como samba de bumbo, samba de roda, samba lenço, samba de terreiro. Surgido a partir das danças dos escravos que em grande número vieram da região de Angola e que trabalharam na cultura cafeeira à qual se somou a influência do samba de roda do Nordeste trazido para as lavouras de café, no final do século dezenove, ele tinha na prática da umbigada uma de suas marcas. Passaram a incorporar outros praticantes como os descendentes dos imigrantes italianos, portugueses e espanhóis nos bairros populares das grandes cidades e vai se transformar e permanecer atuante com a ajuda dos cordões carnavalescos surgidos no início do século passado e hoje, através dos novos grupos de samba que surgiram englobando agora pessoas de classe média, estudantes universitários e amantes do samba. Esses grupos atuam como novos guardiões dessa tradição que sempre teve Pirapora e a Festa do S. Bom Jesus como ponto anual de encontro dos sambistas de todo o estado de São Paulo. Nome: Priscila Gomes Correa E-mail: priscilacorrea@usp.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Cantando a cultura brasileira: do cotidiano urbano à canção, os projetos artísticos de Caetano Veloso e de Chico Buarque Confrontando as trajetórias artísticas de Caetano Veloso e de Chico Buarque encontramos perspectivas paralelas e complementares sobre temáticas do cotidiano urbano e da cultura em geral. Um exercício concomitante com a canção, suas tradições e linguagens, delineando projetos artísticos mais amplos, embora já esboçados no limiar de suas carreiras. Neste trabalho identificamos estes projetos iniciais, suas permanências e desdobramentos em algumas canções e performances artísticas, e a similar preocupação em pensar cotidiano e cultura no Brasil, suas características e impasses. Não obstante a partir de suportes diferentes, analisamos trechos de dois importantes documentos de natureza equivalente e complementar, o livro Verdade Tropical de Caetano e a coleção de 12 DVDs: Chico a série, deparando-nos com textos e narrativas autobiográficas que expõem olhares retroativos sobre esses percursos, projetos e, sobretudo, memórias e reflexões sobre as possibilidades e limites da cultura e da arte no país.

Nome: Regina Helena Alves da Silva E-mail: regina.helena@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Co-autoria: Juliana de Oliveira Rocha Franco E-mail: judorf@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: Música e culturas urbanas em tempos de redemocratização: práticas sociais e representações do universo urbano nas cenas de São Paulo e Brasília Buscamos compreender como práticas musicais podem funcionar como condensadoras de sociabilidades urbanas e qual o papel das representações sobre o espaço urbano na constituição das especificidades dessas práticas musicais. Nosso recorte é a etapa de transição democrática brasileira (1970/1985), marcada pelo surgimento de inúmeras manifestações culturais urbanas. Selecionamos as cidades de São Paulo e Brasília a partir da chamada Vanguarda Paulista e do Rock de Brasília. A opção por estas cidades se deu pela peculiaridade de cada uma: Brasília se configurou como um espaço social pensado a priori a partir de concepções do modernismo. Tal característica a transforma em um campo fértil para investigar de que modo as formas de vivência, uso e apropriação do espaço urbano são promovidas ou desencorajadas em tal espaço. Se Brasília vai se tornar o lugar que “auscultaria” os anseios de modernidade do país, São Paulo, desde muito, passa a projetar a imagem de cidade-capital responsável pela construção da nação, grande metrópole brasileira. Dentro desse contexto, a música seria constituída por e constitutiva da cultura urbana que se configura na “cena musical”, na própria tessitura de relações e significados que remetem ao próprio espaço da cidade e às formas de sociabilidade nesse espaço. Nome: Rodrigo Oliveira dos Santos E-mail: trigaoo@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: As diferentes interpretações no interior do campo historiográfico acerca do nacionalismo musical no Brasil O nacionalismo musical no Brasil será analisado em sua historicidade que remonta a variedades e divergências de visões de mundo. Os compositores situados na primeira geração do movimento, Heitor Villa-Lobos, Francisco Mignone e Camargo Guarnieri vinham se consolidando entre as décadas de 1920 e 1930. Portanto, serão analisados a partir de suas relações com uma visão de mundo legitimadora do projeto de nação defendido pelo Estado Novo. Já aqueles situados na segunda geração, Guerra Peixe e Cláudio Santoro entram em luta por hegemonia no interior do campo do nacionalismo musical brasileiro entre as décadas de 1940 e 1950. Ambos desenvolveram atuações como militantes comunistas, interagindo, portanto, com o PCB. Na primeira etapa de desenvolvimento dessa pesquisa farei uma análise historiográfica sobre o nacionalismo musical no Brasil, com o intuito de perceber as diferentes interpretações desse processo seguindo as visões mais tradicionais, defendidas por Luiz Heitor Corrêa de Azevedo e Vasco Mariz, a partir de 1950. Assim como as obras de Arnaldo Contier, José Miguel Wisnik, e as dissertações de André Acastro Egg e de Analía Cherñavsky, que constroem uma visão mais crítica do movimento, escritos a partir da década de 1980. Nome: Silvia Maria Jardim Brügger E-mail: sbrugger@mgconecta.com.br Instituição: Universidade Federal de São João del Rei Título: Clara Nunes: uma cantora popular Nesta comunicação, analiso a carreira da cantora Clara Nunes (1942-1983) problematizando sua relação com a cultura popular brasileira. A mineira iniciou sua trajetória artística em Belo Horizonte, como cantora da noite, que se apresentava com destaque nas rádios e em TV locais. Mudou-se, em 1965, para o Rio de Janeiro, ao assinar contrato com a Gravadora Odeon. Seus primeiros discos apresentam uma tônica romântica, voltada, sobretudo para a gravação de boleros. Ainda na década de 60, flertou com o iê-iê-iê. Mas os resultados não foram animadores para a gravadora, nem para a cantora. O sucesso de fato começou, a partir dos anos 70, quando sua carreira direcionou-se para as tradições populares da cultura brasileira. Mostro como essa guinada se deveu ao encontro de um produtor de formação socialista, Adelzon Alves, com uma cantora que trazia em sua história familiar os elementos populares, entendidos como definidores da nacionalidade brasileira. Analiso ainda como essa carreira se relaciona com momentos da história da música popular brasileira. Nome: Tania da Costa Garcia E-mail: garcosta@uol.com.br

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Instituição: Universidade Estadual Paulista - Franca Título: A “música folclórica brasileira” na Revista da Música Popular e na Revista do Rádio A valorização do que é folclore no Brasil está relacionada à institucionalização do movimento folclorista, cuja criação da CNFL data da década de 50. Neste período, o destaque dado à cultura popular relacionada ao folclore torna-se recorrente não só no Brasil, mas também em outros países da América Latina, como o Chile, a Argentina e o Peru, para citar alguns. Tal simultaneidade se explica em função das transformações sociais, políticas, econômicas e culturais ocorridas na região a partir da Segunda Grande Guerra, acentuadas após o final do conflito e o estabelecimento definitivo da hegemonia norte-americana. A mundialização da cultura, via mercado, foi percebida pelos mais conservadores como uma ameaça às configurações da identidade nacional. No ambiente musical da época a imprensa especializada saio em defesa de um repertório “autenticamente” nacional, capaz de se contrapor às influências estrangeiras que descaracterizavam o nosso cancioneiro. A partir da Revista da Música Popular – periódico dedicado a monumentalização da “autêntica” música popular nacional – e da Revista do Rádio – revista de grande circulação, conectada ao mercado da música popular massiva – pretende-se mapear os distintos discursos em torno da defesa de uma “música folclórica brasileira”. Nome: Theophilo Augusto Pinto E-mail: theogp@gmail.com Instituição: Universidade Anhembi Morumbi Título: “As mais linda canções” - Exercícios da memória nas trilhas sonoras veiculadas pelo programa “A canção da lembrança”, da Rádio Nacional - 1953/54 O programa radiofônico “A canção da lembrança”, veiculado pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, tinha por intenção trazer “as mais lindas canções do cinema e as melodias internacionais que em 30 anos conquistaram o maior destaque na simpatia popular”, como dizia seu locutor. Para tanto, criavamse pequenos diálogos ficcionais onde os personagens falavam da beleza daquelas melodias numa era passada, embora próxima. O presente trabalho, tendo como referencial o registro de mais de trinta destes programas, pretende refletir sobre a escolha de canções e músicas utilizadas pelos programadores e verificar como sua memória de um tempo passado recente é operada em função delas, incorporando o programa radiofônico como documento para a historiografia de maneira distinta da gravação musical fonográfica. Nome: Tony Leão da Costa E-mail: leaodacosta@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Música, literatura e identidade amazônica na primeira metade do século XX A Amazônia desde os tempos iniciais da colonização vem sendo espaço privilegiado para criação de imaginários sociais dos mais diversos. No século XX artistas, como músicos e poetas, vêm se destacando na construção de imaginários sociais sobre a região. Pretendemos nesta comunicação falar sobre esse olhar artístico e por vezes “etnográfico” que músicos e poetas fazem da região amazônica, a partir da produção artística em Belém do Pará no período entre as décadas de 1930 e 1960, fase de efervescência das idéias modernistas na região. Tentaremos mostrar como esses intelectuais ocupam papel central na construção de imaginários a partir das artes, e que, de certa forma contribuem para caracterizar o regional amazônico até os dias de hoje, assim como mostrar como músicos e literatos estão muito próximos nesses projetos de criação/reprodução de imaginários sobre essa região. Nome: Valeria Aparecida Alves E-mail: val72@terra.com.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica - PUC / SP Título: As múltiplas faces da Tropicália: Torquato Neto - “o roteirista” Pretende-se discutir o movimento Tropicalista - suas características, contribuições para a Música Popular Brasileira, as reações despertadas a partir da apresentação do movimento, o debate no curso da década de 60 entre a proposta da arte denominada engajada, ou seja, politizada e a arte livre e, sobretudo, as diversas tendências existentes dentro do movimento Tropicalista. O grupo baiano identificado pelo Tropicalismo, tinha como representantes: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Capinam, Gal Costa, Torquato Neto, Tom Zé e Os Mutantes. Apesar disto, quando a discussão é a Tropicália, o foco centraliza-se nas figuras de Caetano Veloso e Gilberto Gil, identificados como seus idealizadores. Porém, falta discutir mais profundamente a participação dos demais representantes deste movimento. Desta forma, a pesquisa ora apresentada tem por objetivo analisar o Tropicalismo, a partir de sua he-

terogeneidade. Focar a análise sobre os demais representantes da Tropicália, refletir sobre a contribuição destes para a eclosão do movimento que tanta polêmica suscitou na década de 60. Nome: Victor Hugo Veppo Burgardt E-mail: burgardt.vhv@gmail.com Instituição: Instituto de Ensino Superior Cenecista - Unaí Título: História e música: um diálogo artístico entre índios e não índios no extremo norte do Brasil Proponho uma reflexão sobre a história da região amazônica, procurando responder a certas inquietudes que me ocorreram ao longo de minha pesquisa de doutorado, o que me levou a retomar o assunto e dirigir um olhar mais atento às produções musicais emanadas do cotidiano da cidade de Boa Vista. Analisando ritmos e letras de algumas músicas regionais, chamo a atenção para os aspectos culturais que balançam os corpos e fazem bater mais forte os corações indígenas e não indígenas. Sugerem mudanças sociais ou sinalizam para retrocessos políticos, ao tempo que constroem e desconstroem identidades. No diálogo interétnico, construtivo ou destrutivo, mas sempre fecundo, percebo a abertura de um grande horizonte artístico a ser explorado pelos inquietos olhares dos historiadores. Nome: Virginia de Almeida Bessa E-mail: vbessa@uol.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: O teatro musicado e a invenção do sertanejo: a canção caipira nos palcos brasileiros (1912-1934) A figura do caipira ou sertanejo sempre marcou presença no chamado teatro ligeiro brasileiro. Surgida no século XIX, em textos de Martins Pena, Artur de Azevedo e Joaquim Manuel de Macedo, ela ganhou força a partir da década de 1910, impulsionada, de um lado, pelo grande número de interioranos que se dirigiam aos centros urbanos e, de outro, pela moda regionalista que imperava nos meios letrados brasileiros. Embora tenha se originado na comédia, foi nos gêneros musicados, especialmente nas burletas, operetas e revistas, que o tipo caipira adquiriu sua forma moderna. Além de fixar os atributos físicos e morais do tipo interiorano brasileiro, essas peças também ajudaram a construir um imaginário sonoro sobre o homem do campo, por meio das modas de viola, toadas, cateretês e outros gêneros “sertanejos” que permeavam suas cenas. A presente comunicação procura mostrar como boa parte do que hoje se conhece como música caipira teve nos palcos um importante espaço de gestação, adquirindo ali parte de suas feições modernas, com as quais seria, futuramente, divulgada no disco e no rádio. Nome: Vitor Hugo Abranche de Oliveira E-mail: vitorabranche@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: Metamorfoses e manifestações da contracultura na obra musical de Torquato Neto O presente trabalho procura analisar as formas musicais de Torquato Neto entendendo-as como a manifestação de signos musicais. Compreendendo que a música é uma manifestação de sentidos e de valores, a pesquisa propõe através da obra de Torquato Neto entender como aspectos musicais da manifestação de contracultura do Movimento da Tropicália se manifestam. Vinculado a este movimento, Torquato nos deixa como herança o inconformismo político e um desejo quase patológico de um processo revolucionário através da arte. A obra de Torquato Neto, um artista que absorveu os traumas e as propostas de solução de sua geração e ainda, viveu (e morreu) na mesma intensidade de sua obra, parece-nos muito pertinente a esta forma de valorização dos significados da canção de sua época.

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