XXV Simpósio Nacional de História

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07 se campo, em países que vivenciavam uma prática governamental e econômica similar no mesmo período. Ressalta-se que mesmo com uma aproximação grande de práticas sociais, estes países devem ser analisados individualmente para que a posteriori se possa realizar a comparação. A participação da Igreja nas ditaduras militares e a luta das diversas organizações feministas criaram tensões novas que podem ser analisadas através dos periódicos feministas, que serão fontes primordiais nesse estudo. A Igreja no mesmo período, em toda a América Latina, passa por uma renovação em sua prática e uma revisão de sua teologia encampada pelo que hoje conhecemos como Teologia da Libertação. Tendo-se como pressuposto que o movimento feminista é múltiplo, assim como são as ditaduras militares e a Igreja, o panorama desta relação tende a ser multifacetado, permitindo, todavia, uma análise comparativa. Nome: Gilma Maria Rios E-mail: riosmaria@ig.com.br Instituição: Universidade Presidente Antonio Carlos Título: Entre silêncios e triunfos: representações das feminilidades das mulheres araguarinas nas décadas de 1940 a 1950 Este trabalho é parte do estudo sobre as mulheres araguarinas desenvolvido pelo grupo de pesquisa “História, Gênero e Cotidiano” que conta com o apoio de diversos(as) alunos(as) da Universidade Presidente Antônio Carlos/Araguari – MG. O estudo sobre as mulheres araguarinas visa localizá-las no tempo e no espaço, com base na hipótese de que elas não aceitavam tranqüilamente os modelos e práticas sociais a elas estabelecidos. O objetivo dessa comunicação é reconstruir e entrever como as mulheres eram representadas nos artigos do jornal local, Gazeta do Triângulo, nas décadas de 1940 a 1950, em Araguari, cidade do Triângulo Mineiro. Para tanto, utiliza-se a reflexão que os redatores dos artigos faziam sobre as “questões femininas” que circularam ao longo das décadas mencionadas sobre as questões de gênero. Ao estudar o que escreviam sobre as mulheres, somos capazes de conhecer comportamentos, relações sociais e entender representações e jogos de gênero nos discursos apresentados no jornal local. Possibilitando troca de saberes e fazeres nas múltiplas dimensões históricas inovadoras para compreensão do social. É vislumbrar sujeitos plurais, capazes de pensar e refletir sobre o mundo e as relações a partir de uma história que se constrói cotidianamente. Nome: Ilane Ferreira Cavalcante E-mail: ilanec@yahoo.com Instituição: IFRN Título: Virgens de papel: representações de mulheres nas décadas de 1960 e 1970 Este trabalho é um recorte da tese de doutorado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), vinculada à base de pesquisa Gênero e práticas culturais: abordagens históricas, educativas e literárias e ao projeto integrado História dos Impressos e a formação das leitoras. Neste recorte, abordo as formas como a virgindade da mulher surge representada nas revistas Cláudia, Veja e Realidade entre as décadas de 1960 e 1970. Os conceitos de gênero e de representação são, portanto, eixos norteadores de toda a discussão empreendida aqui. Assim como o conceito de configuração, proposto por Elias (1970) que demonstra como se forma através das redes de inter-relações, das interdependências entre sujeitos ativos num determinado jogo social, uma determinada configuração de um período e de uma sociedade. A partir do uso e da aplicação desses conceitos à leitura dos periódicos citados, é possível traçar um retrato e analisar aspectos desse período histórico a partir da forma como a virgindade da mulher é retratada na imprensa feminina, aspectos que demonstram, até certa medida, as formas como a sociedade determina padrões de comportamento para ambos os gêneros que, por sua vez, criam táticas de desestabilização desses padrões. Nome: Ivana Guilherme Simili E-mail: 1158@associados.anpuh.org Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: Moda e performances de gênero: as aparências da primeira-dama Darcy Vargas Uma das possibilidades de estudar temas e questões de gênero é através da moda. Esta comunicação tem por objetivo examinar a indumentária da primeira-dama, Darcy Vargas, conforme retratadas nas imagens fotográficas dos eventos e solenidades do poder e da política (festas, recepções), com vistas a entender a contribuição da moda na construção de aparências e nas performances de gênero. As fotografias, objeto de análise referem-se aos anos 1930 e 1945 e são provenientes do acervo do CPDOC - Fundação Getúlio Vargas. O encaminhamento será o de mostrar que os artefatos indumentários ostentados pela personagem (roupas e acessórios), ao estarem afinados com os conceitos

de bem-vestir e apresentar-se preconizados pela moda do período às mulheres, permitem deslindar e conhecer os princípios de gênero que orientavam a produção do visual e as performances femininas nos espaços e ambiências do poder dos homens e das masculinidades. A hipótese é de que ao vestir-se, a primeira-dama levava para os palcos das encenações políticas uma moda de gênero, produzindo e veiculando noções sobre corpo, aparências e performances, articuladas com beleza e feminilidade. Nome: Joana Maria Pedro E-mail: joanamaria.pedro@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: Feminismo e cultura nos países do Cone Sul (1960-1995): apropriações e conflitos Os anos sessenta e setenta têm sido conhecidos no Ocidente como o período da “Segunda Onda do Feminismo”. Iniciada como feminismo radical nos Estados Unidos e na Europa, espalhou-se por diferentes países, adquirindo cores diferenciadas e adaptando-se aos contextos locais. No Cone Sul da América do Sul, países como Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai, viveram, neste mesmo período, sob governos de ditaduras militares, umas mais, outras menos cruéis. Estes regimes, além de serem anti-democratas, de definirem formas de apropriação de riquezas eminentemente hierarquizadas, foram anti-feministas. Desta forma, as movimentações que se puderam observar em países onde a democracia prevalecia, não existiram nestes países. Mesmo assim, principalmente a partir dos anos setenta, várias mulheres de tais países passaram a se identificar com o feminismo. Articular estas identificações com o contexto político e cultural, vivido em cada país, é o que pretendo nesta comunicação. Nome: Karina Klinke E-mail: klinke.k@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlandia Título: A feminização da cultura escrita em exercícios do cuidado de si: experiências de uma historiadora da educação O ensaio objetiva compreender o processo de escrita da historiadora da educação Eliane Marta Teixeira Lopes como exercício do cuidado de si e experiência de feminização da cultura escrita. Sua obra inova a produção na área ao inaugurar, no final dos anos oitenta, a temática da educação da mulher na perspectiva das mentalidades, faz aproximações com a psicanálise e incorpora novas fontes na pesquisa em história da educação brasileira, como a literatura, a música, os materiais didáticos e a arte sacra; desdobrando-se até os dias de hoje em livros e artigos científicos sobre o papel da mulher na educação. Fundamentado na História Cultural, o ensaio tem como fontes textos da autora de maior repercussão acadêmica e entrevistas, cotejados. Considera-se a sua escrita como exercícios do cuidado de si, pois, nessa prática, ela se reconhece como mulher, professora e autora, ao mesmo tempo em que constrói uma História da Educação escrita no feminino, como parte do processo de feminização da cultura (Georg Simmel). Com sua escrita ela rompe com uma tradição de pesquisas em educação que enfocava a escolarização somente do ponto de vista masculino, e que considerava como legítimo unicamente o professor, quando a maioria da categoria era formada por mulheres, ocultadas na História. Nome: Leonardo Turchi Pacheco E-mail: leonardoturchi@gmail.com Instituição: UFMG/UNIMONTES Título: Discursos e representações da mulher na imprensa (esportiva): o caso de Guiomar e sua relação com Didi entre 1954-1962 Esse trabalho tem como proposta analisar os discursos e representações de gênero na esfera esportiva. Utilizando como fontes documentais as reportagens e fotos veiculadas nos periódicos O Cruzeiro e Manchete Esportiva entre o período de 1954 a 1962, os relatos de Nelson Rodrigues, Mário Filho, João Saldanha, Oldemário Toguinhó, Eduardo Galeano e as biografias sobre Didi escritas por Roberto Porto e Peri Ribeiro, pretende-se compreender o enfoque da imprensa (esportiva) sobre a relação entre Didi – jogador negro da periferia – e Guiomar – sua amante branca, cantora de classe média. Aponta-se que os discursos e representações produzidos pela imprensa sobre Guiomar são construídos ora para justificar os fracassos de Didi, ora para apontar para o perigo, a ameaça e a contaminação de desestruturação da ordem moral e sociabilidade masculina, decorrentes da presença de uma mulher num espaço reservado para a produção, reprodução e afirmação da masculinidade com é o caso do “mundo” do futebol. Nome: Lorena Zomer E-mail: lorenaazomer@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina

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Título: Relações de poder e símbolos construídos no romance Marysa, de Leonor Castellano, em meados do século XX em Curitiba Essa comunicação analisa gênero sob um enfoque histórico cultural e ainda um movimento social no espaço curitibano do século XX. Leonor Castellano é uma escritora inserida nos meios intelectuais, fundadora do Centro de Letras e Centro Feminino Paranaense de Cultura. Começou a escrever a partir da década de 1920 em pequenos artigos na Gazeta do Povo, um tempo que presencia o Positivismo, a revolução urbana, a República Velha, um feminismo crescente. Por meio de ensaios, colunas e romances é possível encontrar personagens literários que representam discursos sobre esse tempo. Em especial nesse artigo, é analisado o romance “Marisa”, de 1937. Esse, bastante diferenciado quanto ao “papel” da mulher de vários outros escritos da mesma autora, trata-se sobre uma mulher romântica, mas influenciada por princípios feministas “rebeldes”. Para compreender o romance é preciso investigar e traduzir símbolos construídos, que geram personagens literários, porém demonstram uma multiplicidade de experiências que Leonor achava correta. Assim é possível analisar o jogo das relações de poder e gênero, numa busca pela representação das identidades femininas e masculinas, estabelecidas naquele tempo, oportunidade essa ainda de saber a relação entre a vida privada e pública da mulher. Nome: Luciana Andrade de Almeida E-mail: luciana.andrade@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Revista A Estrella (1906-1921): Meninas e mulheres contracenam em um álbum de virtudes e modelos A Estrella foi uma revista editada por mulheres e escrita por centenas de colaboradores de ambos os sexos, entre 1906 e 1921. Feito alcançado por mãe e filha, Francisca e Antonieta Clotilde, ambas professoras e escritoras residentes no interior do Ceará. O impresso - uma “leitura amena, variada e sã” - incorporou, a partir de 1910, fotografias de leitores/as, escritores/as e famílias vinculadas à publicação, acompanhadas de legendas e poemas. O material iconográfico analisado ilumina imagens de meninas e mulheres, revelando práticas sociais e laços afetivos, além de se associar a conceitos cultivados e propagados pelas editoras, como Religião e Civismo. A Estrella contribui, assim, para o entendimento em torno de possíveis identidades e papéis femininos, registrando a mulher como mãe e esposa – mas também como inteligente e colaboradora, valorizando aspectos intelectuais e artísticos. Seu projeto redatorial pavimentou, mesmo que de forma involuntária, um caminho de maior projeção feminina no espaço público e nas letras. O corpus documental que apresento neste trabalho pronuncia uma crônica da camada dominante da população feminina no período e sugere um universo instigante e heterogêneo de representações, enlaçando distintos lugares, vestimentas, costumes e gerações. Nome: Luciana de Lima Pereira E-mail: cianamhb@gmail.com Instituição: Universidade Estadual do Piauí Título: A construção do modelo de masculinidade pela igreja católica em Teresina em meados do século XX O início do século XX, em Teresina, é marcado por uma pequena participação masculina nos cultos católicos, em detrimento da freqüência deles nos espaços públicos, vistos como profanos. Apesar de todos os dizeres da instituição clerical sobre o comportamento masculino e feminino tido como “moderno” e acatólico, as mulheres teresinenses eram maioria nas audiências dominicais católicas e nos rituais promovidos pela Igreja Católica local. No período PósSegunda Guerra Mundial, a Diocese e, posteriormente, a Arquidiocese de Teresina, pretendendo aumentar nos jovens da capital um sentimento religioso e amalgamar os fiéis aos princípios cristãos e morais, criou em 1949 a União dos Moços Católicos (U.M.C.). A U.M.C. se constituía num grupo formado por “moços” católicos que tinha como objetivo recuperar os jovens seduzidos pelas opções de lazer e de prazer ligados ao mundo moderno e “profano”, e formadores da “juventude transviada”. Nesta perspectiva, este trabalho pretende analisar as prescrições do modelo de masculinidade construída pela Igreja Católica em meados do século XX, lançando mão do referencial teórico em torno da temática gênero e religiosidade. Nome: Luciana Rosar Fornazari Klanovicz E-mail: lumerosar@yahoo.com Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: Redemocratização com censura: erotismo, televisão e a revista “Veja” no Brasil dos anos 1980 Este trabalho discute a relação entre a censura e o erotismo no Brasil a partir de 1985, em meio às expectativas de mudança do movimento de redemocratização. Nesse processo houve um aumento de interesse discursivo que colocou o erotismo em evidência em propagandas, filmes e telenovelas. Percebe-se que

alguns setores buscaram estabelecer limites sobre produções culturais. A revista “Veja” foi uma das fontes de posições nem sempre liberais a esse respeito, promovendo uma “redemocratização cautelosa” onde discursos atualizavam a censura em determinadas relações. Uma censura que exaltava um erotismo bem demarcado pela heterossexualidade normativa e que suprimia outras formas. Tais vontades de censura mostraram-se eficientes. Mesmo com a supressão da censura por parte do governo federal, a prática de limitação e controle de produções culturais em revistas como a “Veja” forneceu argumentos capazes de suprimir personagens e situações, interferindo na produção artística de maneira incisiva, por meio de abaixo-assinados e telefonemas. Tal vontade de poder também contaminava algumas redes de televisão, que passaram a criar mecanismos de auto-censura, compartilhando e aderindo a uma vontade de censurar o que as pessoas poderiam ou não assistir, mesmo diante dos novos tempos democráticos. Nome: Mara Lígia Fernandes Costa E-mail: maraufpi@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Piauí Título: Entre anjos e viragos: a produção discursiva acerca dos modelos femininos em Teresina no início do século XX Compreendendo a escrita como uma prática que exerce poder sobre os sujeitos sociais, acreditamos que a produção literária das primeiras décadas do século XX em Teresina pode apontar para uma escrita voltada para as representações dos modelos femininos vigentes naquele período. Nosso objetivo não se resume a apenas apresentar os perfis femininos, mas também problematizar como essa escrita sugere formas de ressentimentos e anseios masculinos quanto aos avanços do movimento feminista com relação à educação e ao trabalho no contexto não apenas local, mas também mundial. Nesse sentido, artigos de jornais e o conjunto literário de Clodoaldo Freitas emergem como possibilidades de análise dessa discussão em torno das imagens femininas, apresentando discursos que ora desenham mulheres como seres divinizados por exercerem o papel de “mulher-esposa-mãe”, ora apontam imagens femininas que fogem do modelo tradicional. Nome: Márcia Castelo Branco Santana E-mail: marcinhacbs51@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual do Piauí Título: Discursos, desejos e tramas: as reinvenções amorosas e afetivas das mulheres de Teresina na década de 1970 A segunda metade do século XX no Brasil emerge como um período de intensas mudanças sociais e econômicas, principalmente nos centros urbanos. Nesse contexto, são impressos na sociedade uma gama de novos costumes que refletem na formulação de novos comportamentos para homens e mulheres, ora moldando suas experiências às delineações tradicionais, ora trilhando por caminhos mais ousados. A partir desse panorama, indaga-se como na cidade de Teresina essas questões tiveram seus reflexos. Assim, esse trabalho enfoca Teresina, na década de 1970, buscando analisar os discursos e tramas ligados às experiências afetivas e amorosas no mundo feminino. Para isso utilizam-se as notícias, crônicas e comentários de jornais locais para evidenciar que práticas discursivas foram veiculadas e ditas como definidoras dos comportamentos femininos naquele momento. Portanto, o trabalho procura compreender que discursos permearam as vivências das mulheres de Teresina nos anos de 1970, tendo como argumento central a questão de que as experiências afetivas femininas foram moldadas entre as projeções discursivas presentes na sociedade e nas práticas femininas. Nome: Maria de Fátima Hanaque Campos E-mail: fatimahanaque@hotmail.com Instituição: UP-Portugal e Faculdade de Letras Título: Visões do Brasil: representações femininas nos relatos de viajantes O trabalho visa analisar a representação da mulher brasileira, em particular as mulheres índias e negras, através dos relatos de viajantes da modernidade produzidas nos séculos XVIII e XIX. Parte-se da analise dos livros de viajantes e das representações através das ocorrências e das cenas do cotidiano nos locais visitados. Dessa forma, deixavam aflorar informações e representações sobre a mulher, suas atividades, sua participação em espaço público e privado. É possível relacionar essas representações, a partir de um projeto de dominação colonialista dos europeus na América. A eleição dos viajantes deve-se basicamente as suas viagens cobrirem diferentes partes do território brasileiro; eles produziram obras a partir do contato direto com o objeto investigado, de forma a dar um tratamento cientifico, a produzir um acervo de imagens e textos, e posterior publicação e circulação para leitores europeus. Através do relato desses e de sua produção iconográfica, pretende-se demarcar diferenças existentes, a partir da visão que tiveram da própria experiência de viagem, da identidade e estilo

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