XXV Simpósio Nacional de História

Page 219

72 de um ethos, de um “estilo de vida” e principalmente de um habitus próprio de um campo com freqüentes disputas e tensões. Nome: Simone da Silva Costa E-mail: sisicosta@bol.com.br Instituição: Escola Municipal de Santa Rita Título: Feminismo católico: representações, adaptações e capacidades da mulher no discurso noelista (1930-1933) O presente estudo objetiva analisar o discurso do Movimento Noelista no sentido de compreender as representações, adaptações e capacidades das mulheres frente ao movimento feminista no contexto da sociedade no início do século XX. Nesta perspectiva, cabiam as noelistas se dedicar as atividades intelectuais com o intuito de formar um perfil feminino, a partir dos preceitos morais cristãos. A vida moderna havia gerado a emancipação feminina tornando-se alvo de grandes debates dentro dos meios mais conservadores e, principalmente, dentro da Igreja Católica, pois atingia a principal célula do organismo social, a família. Temia-se a resistência feminina em assumir o seu “verdadeiro” papel social preferindo a “falsa liberdade” que a vida moderna poderia lhe oferecer. Pode-se compreender, portanto que, ao passo que a cidade se modernizava, buscando substituir os valores “antigos” por “novos”, a Igreja se posicionava contrária a essa substituição, defendendo valores que consideravam fundamentais para a manutenção da ordem, emergindo assim, o discurso “feminista católico”. Nome: Udineia Braga Braga E-mail: udibraga@yahoo.com.br Instituição: Secretaria de Educação do Estado da Bahia Título: Canudos: Uma guerra, muitas mulheres... História de Canudos ainda hoje desperta a atenção de historiadores, pesquisadores e cientistas de diversas áreas, dado a dimensão e a complexidade daquele arraial messiânico, liderado por Antonio Conselheiro, que se estabeleceu no semi-árido baiano no final do século XIX. Para lá segue uma multidão de pessoas: Trabalhadores, sem terra, ex-escravos, velhos, mulheres e crianças que com ele chega a Canudos e lá se estabelecem. Quem eram estas mulheres? Qual o papel delas naquela comunidade? Porque buscavam o caminho de Canudos? Trabalhava na criação de animais, no plantio? Que outras funções desenvolviam? A vasta literatura existente sobre Canudos ignora estas mulheres. Portanto, faz-se necessário voltar a este acontecimento histórico para estudá-las e conhecer, não apenas as mulheres sobreviventes, mas aquelas que abriram mão de suas casas, famílias, trabalho ou de nada, e buscaram o Belo Monte para lá encontrar alento para sua vida. Esta pesquisa pretende, portanto reconhecer a importância das mulheres de Canudos como agente histórico além de se debruçar sob as relações de gênero vivenciadas por elas, que influenciaram no desfeche daquele fato histórico. Nome: Walquiria Farias de Albuquerque E-mail: wrrfa@oi.com.br Instituição: UFRPE Título: Mulheres e a pluralidade de conduta: Burlando normas e Leis estabelecidas na colônia brasileira - Século XVIII Esse artigo tem por objetivo problematizar historicamente a pluralidade de condutas de mulheres na colônia brasileira. Na elaboração da sondagem e analisando cotidiano dessas mulheres, foram surgindo novas visões da historia, mediante aos objetos de pesquisa, tendo como núcleo de exploração: As mulheres e seu posicionamento na sociedade colonial e os “desvio de conduta”, mostrando a obtenção de espaço público e privado. No processo de investigação a documentações comprobatório dessa hibridez feminina veio a desmistificar parâmetros pré-estabelecidos por uma sociedade patriarcal, devido a implantações da Igreja Católica e o Estado português com leis e normas a serem seguidas. Com essa “desconstrução” de ideais acirradas em subordinação das mulheres, a escrita será conduzida em vieses no decorrer da junção de dados do projeto apresentado. A sondagem documental foi realizada em laboratórios de pesquisa como da UFPE (LAPEH – Laboratório de Pesquisa Histórica) e bibliografias que serão citadas. O principal objetivo desse trabalho será conduzir o tema proposto a novas visões e abordagens na história.

72. Olhares musicais: outras leituras e experiências musicais Francisco José Gomes Damasceno – UECE (fjgdamasceno@hotmail.com) Na pesquisa acadêmica contemporânea a multidisciplinaridade torna-se fundamental na nova seara de possibilidades que se abre no campo historiográfico. Destarte, a música apresenta-se como enredo nesta composição realizada por antropólogos, lingüistas, filósofos, músicos e historiadores entre outros, na qual pretendemos contribuir com reflexões e debates realizados a partir das pesquisas feitas em torno desta temática. O que argumentamos é que a música não se constitui apenas do arranjo combinado e significativo dos sons e silêncios, nem se restringe a si própria, mas que se instaura de forma mais ampla, dentro de universos sensíveis e referenciados no universo do humano e do experiencial, que absorve dos campos humanos sua “textura” e dentro deles re-elabora a própria experiência humana, tornando-a mais bela, e, assim, redimensiona a própria vida se constituindo ela própria em um vasto território de subjetividades e sentidos. Desta forma, a experiência musical da qual falamos aqui, não é apenas aquilo que podemos sentir e/ou, neste caso, ouvir, e não é senão ela em si mesma, mas ela se fazendo em práticas de elaboração que possíveis em resposta às nossas aspirações, desejos, e, principalmente, às nossas capacidades criativas, tanto no sentido de inventar os suportes materiais desta expressão, como no sentido de entendê-las em si.

Resumos das comunicações Nome: Ada Dias Pinto Vitenti E-mail: adavitenti@gmail.com Instituição: UnB - Universidade de Brasília Título: “Sinhores donos da casa o cantadô pedi licença...” Um olhar sobre o repertório de Elomar Figueira Melo (1970 - tempo presente) Esta pesquisa enfoca o repertório do artista e compositor brasileiro Elomar Figueira Melo partindo do pressuposto de que a música constitui-se uma fonte de pesquisa em história, pois compõe um gênero discursivo dentre tantos outros que se pode considerar nas diversas atividades da esfera humana. Trata-se de elencar composições musicais entendidas como discursos veiculados de um lugar de fala assim como ocorre, por exemplo, com a literatura, o discurso midiático, o acadêmico e o iconográfico. A análise do repertório de Elomar possibilita o questionamento dos estereótipos empregados à música nordestina assim como à própria região, que por vezes é mostrada através de alegorias, exotismos e caricaturas. Ao falar do sertão nordestino, estou falando de um lugar cuja existência foi forjada em tempo e espaço determinados e que, ao contrário do que se possa pensar, nem sempre foi evocado pelos mesmos referenciais. Dessa maneira é que grande parte dos discursos que tratam desse universo estão carregados de modelos preconcebidos, tirando-lhe sua historicidade, suas especificidades, sua dinâmica cultural. A principal preocupação desse estudo reside em rever antigos conceitos, questionar noções cristalizadas sobre identidade brasileira e especificamente as identidades nordestinas. Nome: Adriana Evaristo Borges E-mail: adryanaborges@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: Rupturas na cultura musical e na política através da obra de Vinícius de Moraes (1930-1970) Os anos que compreendem 1930-1960 representaram grandes mudanças nos campos da política, da economia, da cultura e da sociedade. Talvez possa ser um período entendido como mais significativos em termos de acontecimentos políticos e culturais para o Brasil. As rupturas propostas pelos ideais políticos de Vargas até o golpe de 64 e a estrutura militarista, refletem também na mudança de concepção cultural, construindo novas ideologias e redefinindo a sociedade. Desta forma, pretendo nesta comunicação, analisar através da obra de Vinícius de Moraes, principalmente a sua produção musical, as rupturas na cultura musical e na política considerando principalmente as relações que estabelece com os interlocutores de ambas. Relações essas que podem tornar possível enxergar não apenas o artista Vinícius, mas um homem de compreensão de sua condição político-social e que acabou por enriquecer ainda mais a produção cultural, tornando-se referência dentro e fora do Brasil. Nome: Adriana Mattos de Oliveira E-mail: drikamattosuff@yahoo.com.br

436 | XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA

Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A Jovem Guarda e a Indústria Cultural: análise da relação entre o Programa Jovem Guarda, a indústria cultural e a recepção de seu público Este trabalho tem por objeto de estudo o Programa Jovem Guarda, que foi exibido pela Rede Record de 1965 a 1968 e teve como apresentadores Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, bem como o movimento que é anterior ao próprio programa e que foi por ele denominado. Nosso objetivo geral consiste em, a partir da análise de alguns pontos referentes ao Programa Jovem Guarda, buscar o entendimento das estratégias utilizadas pela indústria cultural na criação de seus produtos, bem como as diferentes recepções efetuadas por seu público consumidor. Para isso, recorremos ao conceito cunhado por Theodor Adorno e Max Horkheimer em 1947 de indústria cultural, bem como às formulações de Raymond Williams acerca do materialismo cultural e de Jesús Martin-Barbero sobre as mediações existentes entre a produção da indústria cultural e sua recepção. Nome: Aluísio Brandão E-mail: aluisiobrandao@yahoo.com.br Instituição: Uberlândia Título: O rock brasileiro nos anos 80: a relação rock e política na “década perdida” Afinal, a década de 1980, no Brasil, foi realmente a “década perdida”? Não é difícil nos depararmos com atributos negativos como este que caracteriza os anos 80, do século passado, como a “década perdida”, “a década que não foi” ou ainda “aquela que passou meio despercebida”. Durante a década de 1980 surgiram no Brasil destacados grupos de rock nacional. Os Paralamas do Sucesso, Ultraje a Rigor, Ira!, Engenheiros do Hawaí, Legião Urbana, Plebe Rude, Capital Inicial, Titãs, Barão Vermelho, entre outros, alcançaram notável ressonância em nível nacional e por vezes até internacional, contagiando uma parcela significativa da população brasileira, especialmente os jovens da época. Bandas como essas e outros tantos roqueiros da década de 80 chegaram a ser tachadas negativamente de “alienadas” ou “apolitizadas”, para muita gente, pois, segundo esses, as canções produzidas por elas nessa época seriam desprovidas de conteúdo político. Mas até que ponto isso procede? Creio ser necessário problematizar tal questão. Nome: Ana Barbara Aparecida Pederiva E-mail: babi.pederiva@uol.com.br Instituição: UNICSUL Título: A Pré-História do Rock no Brasil: Juventude, Rebeldia e Contestação Resgatar a chegada do rock and roll no Brasil levará à percepção das influências desse estilo na música brasileira e a análise da adesão de parte dos jovens brasileiros ao estilo musical e de vida proposto pelo rock. Portanto, discutiremos as ambigüidades inerentes ao rock and roll, a construção de imaginários sociais e de culturas jovens.

XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA | 437


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.