XXV Simpósio Nacional de História

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61 O conceito de consciência histórica tem fornecido referenciais importantíssimos para o estudo da formação do pensamento histórico nos indivíduos e, por isso, é referência em grande parte dos estudos da Didática da História no Brasil. No entanto, apresenta limitações à medida que dialoga prioritariamente (e não poderia ser diferente) com interlocutores do contexto histórico europeu, lugar de gênese dessa teoria. Nessa perspectiva, seu objetivo primeiro é responder à demanda inerente à construção de uma identidade européia que, concomitantemente, respeite a diversidade identitária de cada país e ainda discuta a pluralidade étnico-cultural derivada do amplo movimento migratório advindo de suas antigas colônias. Ao ser aplicada num contexto não europeu, como o latino-americano, mais especificamente o brasileiro, a construção da consciência histórica necessita de maior parametrização à medida que precisa dialogar com outras vertentes, tais como a aviltante desigualdade social, a fragilidade das instituições democráticas e a pluralidade existente no que se refere à formação de identidade(s), entre outras.

o ensino de História como fator importante que gera o desenvolvimento da noção de tempo. Nome: Washington Tourinho Júnior E-mail: macwtourinho@oi.com.br Instituição: Universidade Federal do Maranhão Título: Da teoria ao livro: pressupostos para uma análise do livro didático da História Da teoria ao livro estuda o transcurso da teoria desde a sua formulação até a sua difusão nos meios escolares; tomando o livro didático como um instrumento responsável pela inculcação de valores vigentes e um instrumento através do qual a ação pedagógica se concretiza, realiza uma extensa análise do livro didático de História, partindo de três eixos: o processo de apropriação das concepções teóricas de cada teoria; o contexto de elaboração e difusão do livro didático de História e a reprodução destes pressupostos, feita por cada autor.

Nome: Rosangela Souza da Silva E-mail: nozipo13@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana Título: Espaço escolar, identidades e ensino de História O presente trabalho discute questões que envolvem o espaço escolar, identidades e ensino de História. Trata de uma abordagem sobre experiência/vivência com estudantes do EJA, realizada em uma escola estadual da cidade de Feira de Santana/BA. A partir do ensino de História, foram realizadas reflexões, oficinas e exposições para contribuir no desvelamento dos aspectos que dificultam e/ ou impedem a identificação com referenciais (estéticos, políticos, religiosos), valores civilizatórios e saberes da comunidade negra. Diante disso, este texto fará uma análise dessas intervenções e uma discussão sobre como nos espaços escolares elementos estéticos (tranças, colares, roupas etc.), que fazem parte de um repertório político e cultural de uma identidade negra, ainda são vistos de forma preconceituosa e depreciativa pelos/as estudantes, através do entrecruzamento com práticas de ensino de história. Nome: Suelídia Márcia Calaça E-mail: 2546@associados.anpuh.org Instituição: Universidade Federal da Paraíba Título: O processo ensino-aprendizagem de História no ensino fundamental: reflexões sobre a história ensinada A aprendizagem em História dos/as alunos/as no 5º e 6º ano do ensino fundamental é o objeto de estudo deste trabalho. Esta delimitação dá-se em virtude do entendimento que nesta série é mais perceptível os limites e as possibilidades de contribuição do ensino de História para a formação de uma consciência crítica e da construção da identidade social do/a aluno/a ao longo de sua vida estudantil. Parte-se da hipótese que os limites e as possibilidades que ora o ensino de história apresenta em sala de aula tem haver com a compreensão de história que alunos/as e professores/as têm da disciplina enquanto conhecimento escolar e também como esses sujeitos percebem a importância desta disciplina no currículo da escola. Enfoca-se a aprendizagem e parte-se dos seguintes objetivos: caracterizar a aprendizagem de História e avaliar a compreensão de professores/as e alunos/as de 5º e 6º ano sobre os conceitos básicos da disciplina histórica, mas também de conceitos definidos em outras áreas do conhecimento como a Sociologia e a Antropologia, a fim de caracterizar o ensino de História no ensino fundamental. Nome: Thelma Pontes Borges E-mail: thelb@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do Tocantins Título: Desenvolvimento da noção de tempo e o ensino de História O trabalho discute como o desenvolvimento da noção cognitiva de tempo se faz necessária para os aprendizados, especificamente para o aprendizado de História. A epistemologia genética nos oferece elementos que possibilitam verificar como ocorre o processo de desenvolvimento da inteligência, e nos mostra como a noção de tempo está imbricada no processo do raciocínio representacional e operatório. O conhecimento sobre o real envolve o desenvolvimento de categorias como espaço, causalidade e tempo. O tempo é, portanto, fator essencial na análise do real e oferece condições cognitivas para que o sujeito organize seu pensamento num todo coerente e reversível. A construção da noção de tempo passa por três momentos, o tempo sensório-motor, o tempo intuitivo e o tempo operatório, além de apresentarem duas operações que são a ordem dos acontecimentos e a duração destes. Percebemos que o desenvolvimento da noção de tempo, essencial a evolução da inteligência no ser humano, é condição para o aprendizado dos fatos históricos. Da mesma forma, percebemos que o desenvolvimento da inteligência, por ocorrer em processos dialéticos, coloca

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61. Relações internacionais e política externa: História e Historiografia Adriano de Freixo CEFET/RJ (adrianofreixo@hotmail.com) Mônica Leite Lessa - UERJ (monicaleitelessa@mac.com) Devido ao crescente interesse e importância do estudo das relações internacionais, observa-se um número cada vez maior de cursos, congressos, seminários e encontros que se traduz em um significativo aumento do número de pesquisas acadêmicas e das publicações especializadas. Tal fenômeno traduz o incremento das relações interestatais, assim como uma certa democratização dos assuntos internacionais ou de política externa, antes reservados apenas aos agentes diretamente envolvidos, e, atualmente, cada vez mais, ao alcance dos estudiosos e pesquisadores acadêmicos. Há, igualmente, uma redefinição do campo das relações internacionais não mais circunscrito, exclusivamente, às relações interestatais, o que ampliou o leque de possibilidades de pesquisas multiplicando seus temas. Há, por último, não apenas o reconhecimento da autoridade dos trabalhos acadêmicos produzidos nas últimas décadas mas, ainda, o reconhecimento da utilidade dos mesmos para as políticas externas dos países.

Resumos das comunicações Nome: Adriano de Freixo E-mail: adrianofreixo@hotmail.com Instituição: CEFET-RJ Título: Para além da “Fraternidade Luso-Brasileira”: as repercussões da Revolução dos Cravos no Brasil A Revolução dos Cravos que pôs fim à quase cinqüentenária ditadura salazarista-marcellista, em 1974 - bem como o processo de descolonização da África portuguesa que se seguiu à ela - teve uma ampla e livre cobertura por parte da imprensa brasileira, apesar do Brasil ainda estar, naquele momento, sob a égide do regime ditatorial inaugurado em 1964 e desses acontecimentos terem tido sua origem em movimentos políticos de esquerda. Neste trabalho procuraremos mostrar que tal fato se deve não somente a uma menor pressão da censura sobre o noticiário internacional dos principais veículos de comunicação do país – questão esta já abordada em vários estudos sobre a mídia durante a ditadura e o processo de transição democrática - mas também aos interesses gerais da política externa brasileira naquele período, dentro da lógica do “Pragmatismo Responsável”. Nome: Américo Alves de Lyra Júnior E-mail: americodelyra@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Roraima Título: Política externa do Brasil nos últimos anos do Império: uma leitura a partir de Salvador de Mendonça A política externa do Brasil sofreu mudanças no período compreendido entre as décadas de 1870 e a de 1880. Na primeira, situa-se o término da guerra no Sul, a qual permitiu a ascensão e a queda dessa política. Por meio dela, pretendia-se tornar o país uma potência periférica regional autoformulada, contínua e racional por que guiada por objetivos próprios. Antes da derrocada da Monarquia, no ano de 1889, essas mudanças de fundamento da política externa se manifestaram por tendências de distensão e de universalismo até a emergência da República. No tocante ao universalismo, a ação externa brasileira baseava-se na busca de extensão e prestígio com o imperador visitando diversas regiões do mundo. Nesse momento, o Brasil inicia sua aproximação com o pan-americanismo em companhia dos Estados Unidos. Por certo, a diplomacia imperial tinha reservas com a citada aproximação porque sua prioridade era a Europa. Mas a aproximação com os Estados Unidos aconteceu e propõem-se observá-la por meio de Salvador de Mendonça. Ele acompanhou, na qualidade de representante diplomático, todo processo de construção da relação Brasil/Estados Unidos na Monarquia e na República bem como suas dificuldades de aceitação no interior das elites intelectuais e políticas brasileiras. Nome: Ana Luiza Bravo e Paiva E-mail: analbpaiva@yahoo.com.br Instituição: Programa de Pós Graduação em História Comparada UFRJ Co-autoria: Cintiene Sandes Monfredo E-mail: csandes2@yahoo.com.br Instituição: Programa de Pós-graduação em História ComparadaUFRJ

Título: O papel das migrações internacionais na construção do cooperativismo Sul-americano em perspectiva comparada A migração internacional é um processo social relacionado ao desenvolvimento econômico com êxito a partir do processo de globalização. Muitos pesquisadores têm analisado o fenômeno das migrações atestando suas diversidades, significados e implicações. Ao pensarmos as propostas de integração regional na América do Sul, observando prontamente o caso do Mercosul, não podemos distanciar as questões sociais como os fluxos migratórios que se intensificam diante de situações diversas e dificuldades econômico-sociais e até políticas encontradas em seus países de origem. A grande questão é que ao analisar as políticas migratórias acordadas entre países membros podemos verificar um grau de crescimento e fortalecimento do Mercosul e da integração regional importantes a partir da diminuição das assimetrias sócio-econômicas. Neste sentido recorrer historicamente à análise de fluxos migratórios nas regiões da América do Sul e à análise de acordos bilaterais são imprescindíveis. Nome: Ana Regina Falkembach Simão E-mail: anasimao@terra.com.br Instituição: UFRGS Título: A diplomacia presidencial e o processo de inserção internacional do Brasil: um estudo da política externa do Governo de Fernando Henrique Cardoso Na última década, a política externa adotada pelas Grandes, Médias e Pequenas Potências tem mobilizado o interesse de diferentes segmentos da sociedade, que passaram a observar com atenção seus rumos e as distintas formas de inserção internacional escolhidas pelos mais diferentes países. Esta pesquisa analisa a política externa brasileira desenvolvida, sobretudo, durante o primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-1998). Tal política foi edificada num cenário de crescente complexidade internacional, especialmente em decorrência das incertezas do final da guerra fria e de uma ordem internacional em transformação. Diante deste contexto, o Brasil passou a buscar caminhos capazes de colocar o país em sincronia com o mundo globalizado, marcado pela euforia do mercado. Com o objetivo de realizar uma reflexão acerca da inserção internacional do Brasil, o presente estudo propõe um olhar sobre três aspectos relevantes para a análise da política externa de FHC: a estabilidade econômica e o projeto de globalização do país, a diplomacia presidencial e, por último, a integração regional e o fortalecimento dos compromissos com os países SulAmericanos. Nome: Antonio Manoel Elibio Jr E-mail: tonyelibio@unisul.br Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC Título: A política externa brasileira na América Latina (1939-1945) A correspondência trocada entre autoridades diplomáticas brasileiras e autoridades latinas permite perceber os contenciosos políticos na região durante a II Guerra. Em carta enviada por Fontecilla ao Ministro das Relações Exteriores do Chile, Marcial Mora, em agosto de 1940, o autor elabora uma digressão sobre as relações diplomáticas brasileiras na América Latina. Para ele o Brasil mantém com a Argentina, Paraguai e Uruguai uma “constante reciprocidade e visitas”. Com a Bolívia o Brasil tratava de questões

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