XXV Simpósio Nacional de História

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49 ordem moralizante e normatizadora que visava à depreciação das formas de vida e das experiências dessas mulheres e homens tidos como infeccionantes sociais. Nome: Luiz Eduardo Catta E-mail: penacatta@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE Título: População pobre e educação numa cidade de fronteira A região da “tríplice fronteira” na fronteira de Brasil, Argentina e Paraguai esteve por muito tempo afastada das decisões econômicas e políticas de seus respectivos países, conseguindo, apenas no final do século XX ter uma projeção em face dos projetos que ali se desenvolveram, principalmente a construção da maior usina hidrelétrica do mundo, Itaipu. Até o início daquele grandioso projeto, cada uma das cidades apresentou um processo de organização e crescimento específicos, sempre mantendo uma relação íntima entre seus moradores na imensa faixa de fronteira, a despeito das interferências governamentais, e das disputas políticas e territoriais que colocavam frente a frente os projetos de domínio geopolítico dos mesmos. Com a construção de Itaipu, e o concomitantemente desenvolvimento de um frenético comércio de fronteira, um número extraordinário de pessoas de todas as partes dos três países se dirigiram àquela região em busca de trabalho, provocando um processo acelerado de exclusão social. Tal processo afetou de maneira significativa, em outros aspectos, a já combalida educação dos segmentos mais pobres daquela região, visto que muitos dos moradores do campo e das cidades de toda a “tríplice fronteira” buscavam em Foz do Iguaçu uma escola pública para a educação de seus filhos. Nome: Maria Aparecida Silva de Sousa E-mail: mariacida3@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Título: Bahia: de capitania a província, 1808-1823 No início dos anos 1820, a Bahia manifestou sua adesão ao constitucionalismo português evidenciando que uma parcela dos seus residentes não estava alheia aos acontecimentos políticos que anunciavam a desagregação do absolutismo monárquico em várias partes da Europa. A partir de então, a intensidade das alterações políticas exigiu uma nova conformação de poder condizente com os encaminhamentos da crise do Antigo Regime na América. Embora as contradições desse movimento tenham adquirido maior visibilidade nesse período, os elementos reveladores da instabilidade podem ser apreendidos anos antes, quando a monarquia bragantina decidiu implementar importantes ajustamentos para a preservação do seu Império. A comunicação propõe discutir como a instalação da sede da Corte portuguesa no Rio de Janeiro em 1808 e, posteriormente, a elevação do Brasil à categoria de Reino (1815) alteraram as relações entre as partes americanas, enfatizando o comportamento das classes proprietárias da Bahia no difícil processo de mudança da configuração política de capitania para província. Nome: Maria Medianeira Padoim E-mail: mepadoin@terra.com.br Instituição: UFSM Título: Fronteira e identidade: Gaspar Silveira Martins e a Quarta Colônia de imigração italiana no Rio Grande do Sul E, em 1878, foi criada a Quarta Colônia Imperial de imigrantes italianos no Rio Grande do Sul, situada próxima as terras de Santa Maria da Boca do Monte, denominando-se de Silveira Martins. Acredita-se que exatamente o nome dado a Quarta Colônia foi um dos principais motivos do descaso e o não investimento do “novo” governo estadual de Julio de Castilho (PRR) na região, pois esta região não obteve o mesmo desenvolvimento econômico das primeiras três colônias de imigração italiana. Tal realidade atual colaborou para que a comunidade local questionasse o porquê de sua denominação ou o porquê recebeu o nome de um Senador do Império pertencente a classe social e política da metade sul, vinculada a tradição fronteiriça e latifundiária, e de um “perdedor na Revolução Federalista” . Assim, o presente estudo visa trabalhar a relação da construção da identidade local/regional com a figura do fronteiriço Gaspar Silveira Martins, bem como retomar a história política no RS no final do século XIX. Nome: Pio Penna Filho E-mail: piopenna@gmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título: Fronteiras do medo: vigilância, espionagem e repressão no Cone Sul (1966-1984) O presente trabalho busca demonstrar como a ditadura militar brasileira utilizou de todos os meios disponíveis para conter as vozes discordantes ao

novo regime, sobretudo, mas não exclusivamente, nas suas áreas de fronteira mais ativas, como aquelas do Uruguai, Paraguai e Argentina. Com o Golpe de Estado de 1964, o regime instalado no país implicou na montagem de um amplo e complexo sistema de informações que teve como objetivo primordial a manutenção do poder militar. Gradativamente os militares constituíram um verdadeiro sistema de informações que abrangia não só todo o país mas que ia além, operando no exterior com o suporte do Ministério das Relações Exteriores. O regime contou também com uma convicta colaboração de autoridades dos países vizinhos, independente do regime político em vigor. Assim, utilizando fontes primárias produzidas pelas ditaduras brasileira e paraguaia, esse trabalho discute o modus operandi dos sistemas responsáveis pela repressão e sua atuação principalmente nas áreas de fronteira entre os países da região. Nome: Priscila Pereira E-mail: perecilapp@yahoo.com.br Instituição: UNICAMP Título: “¡Alijuna con la labuna!”: Inodoro Pereyra e a gênese de um (anti) herói do pampa argentino Esta comunicação apresentará uma leitura dos quadrinhos de Inodoro Pereyra, personagem criada pelo humorista argentino Roberto Fontanarrosa em 1972. Nascido nas páginas de uma revista de humor de Córdoba, Inodoro é um gaucho “macho y cabrío” que vive no pampa argentino, e cuja aparição se dá por ocasião das comemorações do centenário de Martin Fierro, de José Hernández. Neste sentido, este gaúcho nasce como uma paródia da literatura gauchesca, do radioteatro e do folclore argentinos, e sua trajetória retoma a metáfora sarmientina civilização e barbárie, que atravessa ao só a história desse país, mas se inscreve na tradição política de toda a América Latina. Enfim, a comunicação pretende reconstruir o itinerário desse (anti) herói do pampa argentino, cuja incursão nos desfiladeiros da paródia é tributária das inúmeras narrativas de fronteira surgidas no momento de consolidação do Estado Argentino, no século XIX. E como todo “gênero de fronteira”, também os quadrinhos de Inodoro Pereyra se caracterizam pela polissemia e porosidade de sua leitura, que está assentada na disputa pela voz do que seria “el gaucho”. Ou seja, o próprio texto da gauchesca se converte em uma fronteira, já que exibe tanto suas demarcações internas quanto o excesso que permanece no seu exterior.

fica nítido que o povo de San Borja, na sua proporção, não fez esforços para participar de tal condição. Isto pode ser atribuído pelo simples fato desta redução sempre ter se mostrado como uma redução confiável para o “Projeto Madri”. Através das declarações compiladas do referido inquérito, delimitar-nos-emos a comprovar os posicionamentos destes povos no contexto social e político das missões. Desta forma, compararemos as declarações expostas, a fim de registrar os fatos históricos da época, como um legado para a retórica da pesquisa missioneira em tese, em vista ser esta indagação mais uma peça para o “grande quebra-cabeça” da historiografia, denominada de os Sete Povos das Missões. Nome: Valéria Nogueira Rodrigues E-mail: val.hist@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso Título: Os kadiwéu no século XIX: alteridade, identidade e transculturação No século XVII alguns grupos pertencentes à família linguística Guaykuru atravessaram o Rio Paraguai estabelecendo domínio sobre extenso terri-

tório, assaltando espanhóis e outros indígenas. No século seguinte os luso-paulistas chegaram à região voltados à exploração mineral e à captura de indígenas. Os conflitos com os Guaykuru não tardaram e, na medida em que buscavam se estabelecer, mais se convenciam da impossibilidade de vencê-los. Nestas circunstâncias, variados grupos Guaykuru passaram a viver num território limitado e manifestando comportamento diverso em relação aos segmentos sociais que viviam na Província de Mato Grosso. Dentre estes grupos os Kadiwéu é que nos interessa, pois buscavam viver mais afastados e ainda realizam algumas incursões. Nosso objetivo, portanto, é perceber como os Kadiwéu receberam esses novos elementos culturais e como desempenharam um novo papel na sociedade imperial, analisando a política indigenista e as transformações deste grupo em relação a seus ancestrais Guaykuru. Essa análise se apóia nos conceitos de alteridade, identidade e transculturação. Nesse sentido, buscar-se-á discutir como os Kadiwéu reconstroem sua identidade através do contraste com os outros, da alteridade, percebendo a transformação da cultura, através da transculturação.

Nome: Roberta Teixeira Gonçalves E-mail: betaquintana@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Título: Os dois lados da banda: a construção territorial uruguaia O objetivo deste trabalho é analisar a retórica que buscou legitimar a ocupação do território Cisplatino, entre os anos de 1825-1828. Neste sentido, será utilizada a imprensa periodista das duas regiões envolvidas na disputa pela Banda Oriental, a saber: As Províncias Unidas do Rio da Prata e o Brasil. O interesse pela Banda Oriental faz parte de um longo processo histórico que deita raízes ainda no período colonial. Portugal, desde 1530, empreende missões colonizadoras na região do Prata, reprimidas pelo governo espanhol. A política expansionista lusa e as tentativas da coroa de Espanha de rechaçá-las explica em parte os contornos dados à ocupação do território, como por exemplo, a fundação de Montevidéu. Porém, é o século XIX que traz novas nuanças a essa contenda. Mudam os atores, entra em cena o prematuro Império do Brasil e a ainda frágil confederação das Províncias Unidas do Rio da Plata. Mas a grande novidade é que aos velhos sonhos expansionistas soma-se uma nova cultura política, na qual entra em jogo a necessidade de afirmação de dois diferentes modelos políticos. Deste complicado contexto emerge a guerra, e com ela, todo um aparato retórico para legitimá-la, amplamente difundida na imprensa do período, e que parecem radicalmente distintas nos dois diferentes Nome: Rodrigo Ferreira Maurer E-mail: ferreiramaurer@bol.com.br Instituição: Universidade de Passo Fundo Título: A confirmação do povo conversor e a irresponsabilidade amenizada: o caso do julgamento de 1759 nas missões orientais do Rio Uruguai O ano de 1759 entraria para a história como o ano em que a redução de San Francisco de Borja, apresentaria a sua diferença quanto povo das demais reduções orientais do rio Uruguai. Esta condição veio a provar o não comprometimento da mesma perante os pedidos de auxílio no processo da Guerra Guaranítica; mais precisamente no caso da batalha de Caiboaté em 1756. Pelo inquérito de 1759 existente na Coleção de Pastells com o título de “Declaraciones de nuevos testigos de cada uno de Los Siete Pueblos”,

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