XXV Simpósio Nacional de História

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48 e suas fronteiras na Ásia Menor, na Líbia e na Núbia. Neste sentido, partiremos de autores como Antonio Gramsci e Nick Kardulias e seus respectivos conceitos de “potência hegemônica” e “periferia negociada”. Nome: Fabio Bianchini Rocha E-mail: fabiobianchini@ufrj.br Instituição: UFRJ Título: Relações entre ética e estética no esporte antigo: o caso dos hipódromos no Período Clássico (Séc. V e IV a.C.) As práticas esportivas na Grécia antiga configuravam-se entre as principais atividades do cotidiano dos cidadãos plenos. Os ambientes de treino e competição, fossem eles ginásios palestras ou hipódromos, eram locus privilegiados para a interação social, para a afirmação da masculinidade, para o desenrolar das relações de identidade e alteridade entre os grupos políades e para a tão importante modelagem de um corpo perfeito. Entre esses ambientes esportivos, destacamos o hipódromo. Locais das competições eqüestres eram tradicionalmente dominados pelos grupos mais abastados da Hélade e, por conseguinte, loci privilegiados para os estudos que envolvem os Kaloi Kagathoi – belos e bons, bem nascidos – e da areté, ideais tão caros às sociedades helênicas. Verificamos estas assertivas claramente na documentação por nós utilizada: as imagens de competições eqüestres pintadas em suporte cerâmico ático e nas Odes Olímpicas do poeta tebano Píndaro. Temos por objetivo, portanto, nesta comunicação, investigar de que forma estas virtudes éticas e estéticas dialogavam em um ambiente esportivo específico. Nome: Fábio de Souza Lessa E-mail: fslessa@uol.com.br Instituição: UFRJ Título: Os textos imagéticos no estudo das práticas esportivas As imagens pintadas nos vasos áticos do Período Clássico (séculos V e IV a.C.) se constituem em documentação fundamental para o estudo das práticas esportivas entre os gregos antigos. Temos uma quantidade significativa de cerâmicas cuja temática é o atleta em cenas de treinamentos, disputas e premiações. Nesta comunicação, propomos pensar as formas pelas quais os pintores apreenderam as práticas esportivas, as vinculando ao ideal do kaloskagathos e, ao mesmo tempo, refletir acerca dos usos dos textos imagéticos pelos historiadores contemporâneos. Nome: Fabio Vergara Cerqueira E-mail: fabiovergara@uol.com.br Instituição: USP Título: Ética e estética na música grega : a educação e o ideal da kalokagathia Ética e estética são duas dimensões absolutamente imbricadas no pensamento musical grego. Os princípios morais contidos, por exemplo, na teoria do ethos musical, norteiam a apreciação das formas musicais, no que se refere à escolha dos instrumentos, dos gêneros ou dos modos musicais (escalas). A importância que os gregos conferiam a esta intersecção entre a estética e a ética na música assumia grande relevância política, como pode ser verificado no destaque dado à educação musical. Ao avaliar a biografia dos principais homens públicos atenienses, recorrendo-se a obras como as Vidas Paralelas de Plutarco, constata-se o quanto se valorizava a influência da formação musical sobre as qualidades políticas de um cidadão. Considerava-se que a música desempenhava importante papel para a constituição da virtude da kalo-kagathia (beleza-bondade), que era considerada o bem maior para um cidadão: o sentido do reconhecimento do belo e de escolha do bom, do justo. Vê-se, assim, a existência de uma pedagogia política, calcada nas noções de ética e estético, na qual o ensino musical merecia bastante atenção, como demonstram as recomendações de Platão e Aristóteles. Nome: Júlio Paulo Tavares Zabatiero E-mail: jzabatiero@uol.com.br Instituição: Faculdade Unida de Vitória Título: Mecanismos de diferenciação identitária no Antigo Israel - séc. VIII-VII a.C. Nos sécs. VIII-VII a.C. o antigo Israel foi submetido e, posteriormente, conquistado pelos neo-assírios e neo-babilônicos, resultando no fim do estado monárquico centrado em Jerusalém. Nesse período, diferentes grupos de intelectuais judaítas desenvolveram defesas da identidade judaíta em oposição à presença impositiva das religiões mesopotâmicas. Nesta Comunicação enfoco um desses grupos, denominado na pesquisa histórico-crítica de Movimento Deuteronômico, responsável pela elaboração de ampla obra histórico-traditiva. No livro do Deuteronômio, parte dessa obra, encontramos significativos mecanismos de diferenciação entre Judá/Israel e outros povos

(tais como: afirmação da exclusidade do Deus de Israel, criação discursiva dos “cananeus” como o outro-antagônico, utilização da metáfora da família para descrever o povo israelita), mecanismos estes que serão analisados com metodologia sêmio-discursiva, na perspectiva da história cultural. Nome: Kátia Maria Paim Pozzer E-mail: pozzer@terra.com.br Instituição: Université Paris I - P. Sorbonne Título: A estética da guerra na Antiga Mesopotâmia: relevos assírios e representação social A constituição do grande império neo-assírio na Antigüidade foi marcada por conflitos militares que foram imortalizados em relevos parietais assírios. A prática cultural de criação de relevos monumentais está associada ao momento político de construção de grande impérios. A imponente quantidade de cenas e a sua própria continuidade indicam uma função amplamente documental. A maioria das cenas representadas evocam a guerra, mais exatamente as campanhas militares empreendidas pelos assírios contra seus inimigos. A metodologia foi efetuada por meio de análise interdisciplinar entre a história e a arte, tendo como referencial teórico os estudos de Erwin Panofsky. As representações imagéticas serviam como propaganda política, social, econômica, religiosa, com uma forte carga ideológica, que tinha como objetivo legitimar o poder dos governantes perante seus súditos Este estudo possibilita detectar a função política do relevo, pois o mesmo exalta a pessoa do rei, impõe seu poder e registra suas ações para outros povos. Os relevos, que em sua maioria situavam-se no interior dos palácios, eram de visualização restrita, em locais freqüentados somente por convidados e pela corte. (CNPq/FAPERGS/ULBRA) Nome: Marcia Severina Vasques E-mail: msvasques@hotmail.com Instituição: UFRN Título: Religião e ética no Egito Romano: o “Livro das Respirações” e os costumes funerários Propomos discutir alguns aspectos da religião e da ética no Egito Romano por meio da análise dos costumes funerários de então, tendo por foco de estudo o “Livro das Respirações” e documentos arqueológicos provenientes do mobiliário funerário da área tebana como caixões e máscaras funerárias. O “Livro das Respirações”, texto funerário cuja origem remonta ao final do Período Tardio ou Baixa Época (c. 350 a.C.), destaca os papéis de Ísis, Osíris e Thot como realizadores do texto e também possui claros indícios de sua relação com os cultos desenvolvidos na região tebana, local provável de sua criação. Pela comparação do texto com os dados arqueológicos das tumbas do período podemos vislumbrar as adaptações da sociedade egípcia, sob domínio estrangeiro, aos novos tempos. Nome: Maria Angélica Rodrigues de Souza E-mail: mangelicards@ig.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: As indumentárias das atenienses do período Clássico constituindo discursos Nos propomos, nesta comunicação, pesquisar formas de linguagem das esposas bem-nascidas atenienses através, entre outros, da tecelagem, dos bordados nos tecidos e dos adereços (brincos, broches e espelhos), pois acreditamos que estas nos permitirão vislumbrar com maior clareza a vivência dos grupos de esposas na sociedade dos atenienses se expandindo para esfera extra-doméstica. Ao longo de nossa vivência nos deparamos com situações que refletem sobre as diversificadas maneiras de se comunicar das mulheres: no caso específico dos bordados temos dois mitos presentes no imaginário coletivo da sociedade ateniense: o Mito de Philomela e o Mito de Aracne. Em nossa contemporaneidade Zuleika Angel Jones, Zuzu Angel, estilista brasileira reconhecida internacionalmente, silenciada pela ditadura militar, após a prisão, tortura e assassinato de seu filho Stuart que foi dado como desaparecido político, lançou mão de sua produção (roupas contendo signos que estavam associados ao desaparecimento de cidadãos e outros no governo militar) para se comunicar mundialmente objetivando mais espaços para os direitos humanos. Nome: Maria Isabel Brito de Souza E-mail: bellysis@yahoo.com.br Instituição: UNESP Título: Gênese do cristianismo: Paulo e seu discurso em Antioquia Este trabalho tem o objetivo de apresentar algumas análises a respeito da atuação de Paulo na questão de Antioquia, Gl 2, 11-14. Tendo em vista que o discurso de Paulo na cidade de Antioquia marca sua postura dentro da gê-

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nese do cristianismo. Este trabalho faz parte do texto de dissertação de mestrado em andamento financiado pela FAPESP, que tem por objetivo traçar a relação entre judeus e gentios, judeus cristãos e gentios cristãos no contexto de formação do cristianismo. Compreender os fatos narrados em Gálatas 2, 11-14, é antes de mais nada entender as multiplicidades de pensamentos que permeavam os primeiros cristãos de Antioquia, sem percebermos essa conjuntura multifacetada, não poderemos compreender o discurso de Paulo. Nome: Maria Regina Cândido E-mail: medeiacandido@gmail.com Instituição: UERJ-Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Qual a atitude ética no infanticídio de Medeia? O termo ética qualifica-se como um adjetivo substantivo cuja formação deriva da palavra grega - êthos definido como maneira de ser, virtude pessoal, caráter. O termo se aproxima também da palavra - éthos, traduzido como costume, maneira de proceder, de agir diante da vida em sociedade. Como podemos observar são conceitos que se completam. O termo ethos mantém familiaridade com o pensamento filosófico e tem em Aristóteles o seu expoente mais remoto a definir que a virtude ética se desenvolve na vida prática e se encaminha para a consecução de um fim. Consideramos pertinente analisar neste ensaio a ação de Medeia a partir do conceito de ética que transita no mundo ocidental, pois o conceito coincide com a história da ética filosófica no Ocidente. Medeia passou para o mundo ocidental a imagem de mulher decidida, de esposa traída e mãe corajosa que provoca a morte dos próprios filhos em razão de ter sido rejeitada pelo marido. Tanto os gregos quanto a modernidade julgam o procedimento de Medeia a partir da citação de Eurípides que a qualifica de “ mulher de cruel caráter e hedionda natureza” atributos considerados pertinentes a povos de cultura bárbara. Nome: Miguel Pereira Neto E-mail: migpernet@yahoo.com.br Instituição: UFRN Título: A ética platônica e a interferência estrangeira nos saberes de Atenas O trabalho terá como fontes principais os diálogos de Platão na tentativa de estabelecer a relação do autor clássico na produção de saberes e fomentador de práticas para a pólis na Atenas Clássica. O aspecto da interferência estrangeira é o ponto controverso na construção de Platão, ele foi um dos maiores refutadores do movimento sofístico em Atenas através de seus diálogos e da composição de Retórica como termo que diferencia a Filosofia da Retórica; mas Platão se baseia em concepções de outros estrangeiros para discutir os problemas da produção de saber, em especial nas concepções de Parmênides de Eléia. A tensão entre estrangeiros e atenienses permeia os diálogos, mas está presente na própria formatação do lugar espacial e ético dos gregos no Mundo Antigo. A partir de François Hartog, entendo que o mundo grego deve ser vislumbrado também a partir da relação com o mundo bárbaro e com as “heranças” e apropriações culturais da Hélade provenientes de outros espaços. Nome: Sandro Teixeira de Oliveira E-mail: olisante@bol.com.br Instituição: ULBRA – Canoas Co-autoria: Kátia Maria Paim Pozzer E-mail: pozzer@terra.com.br Instituição: Université Paris I - P. Sorbonne Título: A arte de esculpir relevos parietais: o efeito normativo do poder imperial assírio configurado nas cenas de guerra A relevância deste estudo, parte integrante da pesquisa científica “A Representação da Guerra na Iconografia neo assíria, com apoio do CNPq/FAPERGS e ULBRA, se insere no panorama de representação da Nova História Cultural. Ao analisar a arte de esculpir relevos parietais do império neo assírio nos deparamos com características peculiares deste povo na confecção de lajes. Tais obras artísticas destacam mais que a combinação de formas, motivos ou ângulos. Elas transmitem mensagens, implícitas ou explícitas, veiculadas por intermédio das cenas. No caso deste estudo, cenas de guerra. O efeito de transmitir mensagens estava condicionado a três perspectivas distintas: a violência configurada em diversas batalhas, a autoridade indiscutível do rei sobre todos os aspectos e a produção visual, por meio do simbolismo, imortalizado nos relevos parietais dispostos nas salas dos palácios e que expressavam, para quem os admirassem, fossem nativos ou estrangeiros, a máquina de guerra assíria, capaz de desenvolver técnicas de batalha, armas ou cerco ao inimigo, além de torturar e mutilar aquele que se tornasse uma ameaça a ordem estabelecida. Neste contexto, é pertinente mencionar que os relevos tomavam um efeito de linha reguladora e normativa da ideologia a ser seguida sendo orientada pelo rei. Nome: Talita Nunes Silva

E-mail: talita_nunes_18@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: As mulheres “transgressoras” na trilogia Oréstia de Ésquilo (Atenas, v a.c) Este trabalho tem por objetivo contrapor a ideologia de submissão feminina da sociedade clássica ateniense - o modelo mélissa - com as formas de transgressão a partir da análise das personagens da trilogia Oréstia de Ésquilo. Neste intuito utilizamos os conceitos de cultura, tática e estratégia de Michel De Certeau ao procurar no âmbito do cotidiano as astúcias femininas utilizadas para burlar a ideologia de submissão feminil imposta pela sociedade ateniense do período clássico. Podemos observar como o texto trágico está impregnado dos discursos e das ideologias presentes na Atenas do V a.C. Assim sendo, o fato do modelo mélissa ser tão insistentemente reafirmado pelos autores antigos se deve provavelmente a que o mesmo não era cumprido à risca e além do mais, se as personagens trágicas assumiam uma postura muitas das vezes transgressora ao comportamento que lhes era reservado pela sociedade, acreditamos ser possível supor que as atenienses também transgrediam de alguma forma o modelo mélissa. Nome: Tito Barros Leal de Pontes Medeiros E-mail: titobarrosleal@hotmail.com Instituição: Clio - Ensino e Pesquisa Título: Tragédia, filosofia e a construção do agir ético-histórico na Grécia entre os Séculos V e IV a. C. A psicologia social grega do período de transição (século V e IV a.C.) estava fortemente marcada por uma indagação constante sobre as questões morais do agir humano e tal fato justifica a idéia de proto-ética defendida neste estudo. Essa nova problemática introduzida de forma definitiva no cotidiano da pólis, desde o pensamento socrático, configurou-se numa questão central do novo modos vivendi que surgiria no período clássico e ganhou expressão máxima na Ethica Nichomachea de Aristóteles. O trabalho ora proposto visa articular a construção do agir das personagens trágicas sofoclianas (em especial o agir edípico) com a propositura aristotélica do agir ético. Pretende-se, assim, compreender a proposta ética de Aristótles como fruto de um movimento histórico anterior ao filósofo de Estagira que levou o homem grego à consciência de sua responsabilidade ético-política abrindo espaço para a plenificação que o homem iniciasse seu caminho como construtor de sua própria História. Nome: Vanessa Vieira de Lima E-mail: vanessa_v_lima@yahoo.com.br Instituição: UFF Título: Retórica e política em vida de Sertório de Plutarco É entendendo Retórica, em linhas gerais, como a “arte da persuasão” e observando a tradição retórica romana de engrandecimento do inimigo, que nos voltamos para Vida de Sertório de Plutarco. Isto porque tal obra se utilizou bastante destas práticas ao retratar os desdobramentos políticos da Revolta de Sertório, ocorrida na Península Ibérica durante as guerras civis romanas do último século da República. Especificamente o capítulo XVI de Vida de Sertório se configura em um discurso exemplar de tais dinâmicas, sendo ele estruturado em torno de uma complexio e embasado em um argumento ético. Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo realizar uma leitura retórica do referido capítulo, buscando analisar, por um lado, os mecanismos de persuasão dos hispanos aos ideais de Sertório e, por outro, a já citada tradição romana de valorização da imagem do inimigo, cuja visava ao enaltecimento da vitória.

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