Event Point 02

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. Ano i . Número 2 . outubro 2011 . 5,00 € . . eventos . congressos . feiras . incentivos . destinos .

e n t r e v i sta : J o ã o L a g o s Feiras: modelo esgotado? Energia EDP nas águas do Douro Congresso sobre diabetes enche Lisboa Eventos põem os óculos 3D

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Proprietário Estação Livre Comunicação Tel: 226053936 info@eventpoint.com.pt www.eventpoint.com.pt Sede da redacção Rua Visconde de Bóbeda, 70, 2º Fte 4000‑108 Porto Director Rui Ochôa (rui@eventpoint.com.pt) Editora / Directora de Informação Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt) Redacção Cláudia Coutinho de Sousa Maria João Leite (mj@eventpoint.com.pt) Sara Marques (sara@eventpoint.com.pt) Assistente de direcção Rita Coutinho Costa Colaboração Ana Godinho (agodinho@eventpoint.com.pt) Maria Pereira (mpereira@eventpoint.com.pt) Olga Teixeira (oteixeira@eventpoint.com.pt) Colunistas Ana Marreiros Diogo Assis Eduardo Guedes de Oliveira Hélio Soares João Martins Vieira Miguel Neves Pedro Cardoso Pedro Rodrigues Design Norma Design (geral@normadesign.com) fotografia Minifoto Bancos de imagens Dover e ShutterStock imagem de capa Minifoto impressão Norprint Zona Industrial Alto da Cruz ‑ Fontiscos Apt.: 172 . 4780‑583 Santo Tirso Distribuição VASP – Distribuidores de Publicações Nº Registo ERC 126066 Depósito Legal 330066/11 Tiragem 5 mil exemplares Periodicidade Quadrimestral É estritamente proibida a reprodução parcial ou integral de textos ou ilustrações da Event Point. As informações contidas nos anúncios são da exclusiva responsabilidade dos anunciantes. Consequentemente, não podemos ser responsabilizados por qualquer informação incorrecta que se possa verificar.

rui ochôa

Cláudia coutinho de sousa

João Lagos atravessa porventura uma das fases mais difíceis do seu percurso enquanto organi‑ zador de eventos desportivos, sofrendo ainda as consequências do cancelamento do Dakar, em 2008, com prejuízos directos de vários milhões de euros. Ainda assim resiste, preparando‑se para acolher no próximo ano uma das maiores provas de vela do mundo, a Volvo Ocean Race. Numa conversa de fim de tarde, que era suposto durar uma hora e se prolongou por mais de três, João Lagos conta como tudo começou, a aventura que é organizar todos os anos o Estoril Open, as dificuldades da empresa, e confessa uma irresistível atracção pelo abismo, pelas situações‑limite, o que faz dele um homem raro, capaz de avançar quando muitos outros recuariam. Uma entrevista para ler nesta edição da Event Point e ver excertos em vídeo no site www.eventpoint.com.pt. O dossiê temático é dedicado à organização de feiras. Desafiámos especialistas de várias áreas a responderem à questão, “O modelo está esgotado?”, e ajudarem‑nos a encontrar pistas para o que, neste capítulo, o futuro nos reserva. Desde a perspectiva dos organizadores à do marketing de guerrilha, passando pelas soluções tecnológicas, tudo pode ser útil quando

se trata de alcançar resultados. Ainda temos na memória as horríveis imagens de Março deste ano, altura em que o Japão foi sujeito a um sismo, um maremoto e um acidente nuclear. A tragédia teve um enorme impacto na indústria de eventos, com muitos deles a serem cancelados ou desviados para outros destinos. A nossa reportagem explica o plano que o governo nipónico colocou de imediato em marcha, assim que foram reunidas as condições de segurança necessárias, para recuperar o sector e reerguer a imagem do país. Por falar em segurança, tentámos perceber porque de repente caíram tantos palcos um pouco por todo o mundo, incluindo em Portugal, causando diversas vítimas. Da legis‑ lação ao amadorismo, pistas que nos deixam a pensar – e é bom que assim seja. Não perca ainda nesta edição o habitual Consultório de protocolo, animado por Cristina Fernandes e Susana Casanova, exemplos de eventos, dicas e sugestões, e as características de um novo espaço para eventos no Porto, na sede da Associação Nacional de Farmácias.

Boas leituras, e até Fevereiro.


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Colunistas Espaço APECATE Notícias Portugal recebe congresso da EFAPCO Grande entrevista: João Lagos Eventos: a importância da ligação entre o “e” e o “v”, por Hélio Soares Feiras: modelo esgotado? Um Verão cheio de acidentes com palcos Organizar eventos no contexto de uma grande empresa nacional, por Eduardo Guedes de Oliveira Making of: Energia EDP nas águas do Douro Cinema dá visibilidade ao Douro Quando se quebra o encanto, por Pedro M. Rodrigues Case-study: Red Bull X-Fighters 7 Maravilhas da Gastronomia: “O que é nacional é muito bom” Mega Pic-nic Continente 2011: como transformar uma avenida Inovação: a lição de Steve Jobs, Mr. Apple, por Diogo Assis Maior congresso do mundo sobre diabetes trouxe 18 mil pessoas a Lisboa Eventos híbridos: relatório de laboratório, por Miguel Neves EIBTM: mais reuniões e mais negócio O gigante japonês está a reerguer-se Liderar o futuro com organizações em aprendizagem permanente, por Pedro Cardoso Eventos sustentáveis: da visão à acção Stands: mais do que um simples espaço de exposição, um cartão-de-visita, por E-Value Intercontinental: charme no coração do Porto Planear para o sucesso, por Ana Marreiros Turismo, encontros e desencontros, por João Martins Vieira Tecnologia ANF: um novo espaço para eventos na cidade do Porto Sugestões Consultório de protocolo Destino nacional: Barlavento algarvio Destino internacional: Turquia Empresas Directório

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Ana Marreiros Depois de responsável pelo departamento de comunicação e imagem de uma empresa de consultadoria e mediação imobiliária, Ana Marreiros reforçou a equipa do Grupo Inforpress em Portugal onde trabalha há mais de 8 anos. Como Account Manager tem vindo a planear, orga‑ nizar e coordenar um conjunto de eventos internos e externos de vários âmbitos e sectores.

Diogo Assis Formado em Gestão Hoteleira e Turismo, trabalhou no departamento comercial e de marke‑ ting de algumas das principais cadeias hoteleiras do país, assim como no International Hyde Park, em Londres. Em Novembro de 2002 decidiu lançar‑se numa nova experiência e co‑fundar a TLC. O objectivo era tornar esta empresa o DMC líder em Portugal. A TLC mudou de nome para events by tlc, tendo iniciado operações no Brasil.

Eduardo Guedes de Oliveira É licenciado em Ciências da Comunicação e Cultura, especializado em Comunicação Organizacional. Começou em 1982 na PGP‑Petroquimica e Gás de Portugal, E.P.. Entre 1986 e 1991 tem uma passagem pela Austrália, onde desempenha funções de Delegado da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, no Consulado Geral de Portugal em Sydney, tendo sido acreditado como Vice‑cônsul de Portugal com jurisdição sobre toda a Austrália e Nova Zelândia. Já na Galp Energia foi responsável pela Comunicação Interna. Actualmente coor‑ dena a Direcção de Assuntos Institucionais.

Hélio Soares Fundador e presidente da Nomimarketing, agência de comunicação de marketing, desde Setembro de 1989. Em 2005 a agência altera o seu nome para UP Partner. Foram ambas distinguidas respectivamente como PME Excelência e PME Líder. Gere diariamente, há 22 anos consecutivos, uma das agências mais completas no mercado ibérico com uma equipa de mais de 50 pessoas e um vasto portfólio de clientes. A UP Partner faz parte da 27 Names, Organização de Agências de Comunicação e Eventos.


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João Martins Vieira Licenciado em Economia e mestre em Gestão Estratégica e Desenvolvimento do Turismo. Dirigiu empresas ligadas ao transporte aéreo, hotelaria e agências de viagem na Europa, América e África. É professor na Universidade Lusófona, de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo e de Planeamento e Organização de Eventos, e autor, entre outros, do livro “Planeamento e Ordenamento Territorial do Turismo”. É presidente da Secção de Turismo da Sociedade de Geografia de Lisboa.

Miguel Neves Ocupa actualmente o cargo de Events and Projects Planner no Grupo IMEX, onde é respon‑ sável por exemplo pelo Future Leaders Forum. Antes fez parte da empresa Synaxis Meetings & Events. É orador convidado em diversos eventos do sector. Em Maio de 2009 venceu o prémio IMEX‑MPI Foundation Student Scholarship Award. É Mestre em Conference & Events Management, pela Universidade de Westminster.

Pedro Cardoso Formado em Gestão Hoteleira, foi director de Front‑Office/Alojamento na abertura do ex‑Sheraton Porto em 1986 e director de Marketing e Vendas até 1995. Quadro co‑fundador e director‑executivo da Sugestões&Opções e do Grupo QRM, de 2002 a 2008. Fundador, em 2002, administrador e principal accionista da The House of Events. Consultor de Hotelaria e Turismo, e ex‑docente na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto.

Pedro m. Rodrigues Coordenador de eventos da Desafio Global ativism ‑ corporate events. Docente do Mestrado em Gestão Estratégica de Eventos da ESHTE.

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A nt ó nio Si l va e So u s a Dir.Geral Publihappening e ExpoEventos © Rui Luís Romão . Event point

“O Estado das Feiras em Portugal” A complicada e grave conjuntura actual não nos deve fazer esquecer a tendência que o mercado das feiras, como subsector dos eventos em geral, vinha sofrendo, especialmente na última década, embora ninguém possa prever com exactidão o que quer que venha a seguir. As feiras, como ponto de encontro e potenciador de negócios, em qualquer das formas que tenham assumido desde sempre, ou noutras que se seguirão, nunca deixarão de “acontecer”. Por isso, a sua natureza e a razão de existirem não estão em causa quando por vezes nos deparamos com verdadeiros retrocessos e hecatombes, sobretudo quanto ao que vai acontecendo às grandes feiras, para o público e para os profissionais, que de repente deixaram de se realizar ou caíram totalmente em termos de noto‑ riedade, no nosso país. Alguns dos promotores e produtores das grandes feiras em Portugal, e ao contrário do que aconteceu noutros países, não souberam adaptar‑se aos tempos e esse foi o primeiro motivo de declínio de grandes certames que se realizavam (alguns ainda se realizam)

nas grandes cidades – sobretudo e quase exclusivamente em Lisboa e no Porto, onde era costume as populações acorrerem em “grandes romarias” anuais aos certames mais conhecidos. O surgimento de variados tipos de eventos expositivos, com carácter mais empresarial, como os road‑shows e as convenções, ou mais temáticos e pensados para o grande público, a realizarem‑se nos mais variados tipos de espaços e nas localidades mais improváveis, onde a criação de vias e meios de acesso tornaram a deslo‑ cação do público das grandes cidades mais fácil, já pré‑anunciava a neces‑ sidade dos grandes recintos exposi‑ tivos encontrarem soluções criativas e apelativas para atraírem a “movida” às feiras, o que até hoje nunca foi feito. Não adianta deter e gerir milhares de metros quadrados de áreas exposi‑ tivas, em pavilhões com amplitudes por vezes megalómanas, sem perspec‑ tivas e estratégias de comunicação que coloquem esses espaços e os eventos que neles decorrerem “na moda”. Não são suficientes as campanhas de

meios, com outdoors, televisão, rádio e imprensa para promover as feiras, se elas não forem apelativas para o consumidor actual. Ao contrário, em condições normais de mercado, as feiras sectoriais ou as que respondem às necessidades imediatas de consumo ou de afectividade do grande público poderão ter garantia de sucesso, desde que tenham a possibilidade de aceder a meios adequados de divulgação, o que não é fácil, reconheça‑se, dada a dimensão económica e a capacidade de investimento na maior parte dos casos. A solução poderá passar pela conju‑ gação dos meios de uns com a iniciativa de outros e pelo apoio das entidades públicos a projectos originais e poten‑ ciadores, ao invés do suporte inex‑ plicável que actualmente e desde há décadas existe a alguns dos “elefantes brancos “ que também nestas áreas sectoriais existem e persistem. A actual conjuntura que já dura há uns anos constitui‑se na “cereja no topo do bolo” para dificultar a vida aos promotores de feiras, sendo que actualmente, com a recessão assumida e as medidas de restrição à actividade económica impostas pelas condições necessárias para se criarem as vias da recuperação, nem mesmo as soluções mais imaginativas terão garantia de sucesso. Tal como a economia, e isto será válido para a maioria dos sectores, os eventos com tipologia de feira deverão ser projectados apelando à diferença e à criatividade, de modo a adequar a oferta à procura, mas também deverão ser programados com a maior das cautelas em termos de dimensão e previsão de visitantes, devendo ser complementados com pólos que atraiam a formação dos profissionais e o debate sobre as melhores fórmulas para corrigir comportamentos antigos e preparar a “nova economia”.


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Jornadas de Protocolo: enfrentar a crise “O Protocolo e os Eventos em tempo de crise” é o tema das VI Jornadas Internacionais de Protocolo, evento organizado pela Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo, que fomenta, todos os anos, a discussão sobre as temáticas relacionadas com esta matéria. O programa está prati‑ camente fechado e dele constam as comunicações dos seguintes oradores: Pedro Cymbron, Director Adjunto de Protocolo da Comissão Europeia, Embaixador Manuel

Côrte‑Real, ex‑Chefe de Protocolo do Estado, Fernando Braz de Oliveira, Comandante da Marinha Portuguesa, e Ricardo Mena, CEO da MMA Branding. Haverá ainda lugar a uma mesa redonda onde serão debatidas as ques‑ tões do ensino do protocolo, e que vai contar com a presença de Maria Teresa Otero, Universidade de Sevilha, Gloria Campos, directora‑geral do Instituto Superior de Protocolo y Eventos, Maria Esther Regueiro, Universidad Internacional Menendez Pelayo, Isabel

Névoa , Universidade de Lisboa e Pablo Figueroa, da Escola Galega de Administración Publica. O público‑alvo deste evento são os organizadores de eventos, relações públicas, gabinetes de imagem e comu‑ nicação. Este ano a iniciativa tem como parceiro a Associação Portuguesa de Comunicação de Empresa e vai decorrer na Culturgest a 22 de Novembro. Mais informações em: www.apep‑protocolo.com

Especialistas em eventos lançam Manifesto dos 7 C Profissionais do sector dos eventos, oriundos de treze países, esti‑ veram reunidos no Luxemburgo, na European Event Summit, uma cimeira que resultou no lançamento do Manifesto dos 7 C: Mudança, Conteúdo, Criatividade, Credibilidade, Conectividade, Cooperação e Custo‑eficácia (Change, Content, Creativity, Credibility, Connectivity, Cooperation e Cost‑effectiveness). “Os eventos estão a tomar cada vez uma

fatia maior dos orçamentos de marke‑ ting, particularmente às custas da publicidade tradicional. Estamos a ter maior atenção por parte das direcções, e é tempo de provar o nosso valor”, diz Christian Seidenstücker, responsável máximo da cimeira. Este manifesto vai consubstanciar‑se no desenvolvimento de guidelines e de outras iniciativas. O encontro de três dias, que teve como objectivo desenvolver orientações práticas e iniciativas que conduzam

a níveis elevados de desempenho no sector, abordou temas como o ROI, a meeting architecture, os eventos sustentáveis, os eventos híbridos e a comunicação multissensorial. A próxima edição da European Event Summit, no Luxemburgo, está planeada para 31 de Agosto de 2012. Mais informações em: www.eventsummit.lu

Primavera Sound chega ao Porto em 2012 O Porto foi a cidade escolhida para acolher a edição de 2012 do festival de música independente Primavera Sound. Originalmente sedeado na cidade de Barcelona, o festival vai agora, pela primeira vez, ter uma edição fora da cidade natal. O Parque da Cidade foi o recinto escolhido para receber este

evento, que vai decorrer entre 7 e 10 de Junho. O festival de música irá contar com o patrocínio da Optimus, que dá nome ao evento e a um dos quatro palcos que vão ocupar o local. Fundado em 2001, já passaram pelo festival, nos últimos 10 anos, bandas como os Arcade Fire, Franz Ferdinand,

New Order, Pet Shop Boys, Pixies, Portishead, Primal Scream, Smashing Pumpkins ou White Stripes. No ano passado, o evento contou com 193 bandas e mais de 100.000 pessoas. Os bilhetes estão à venda na Ticketline, Ticketmaster, Seetickets, site oficial do evento e lojas Optimus.


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Regressa o Encontro Nacional de Estudantes de Organização de Eventos A primeira edição deste fórum juntou 650 estudantes de organização de eventos de todo o país, pelo que ficou a ideia de que este é um evento de formação com futuro no calendário anual. A segunda edição vai realizar‑se a 9 de Dezembro, e Hugo Soares, da organização, diz à Event Point que o evento está a ser preparado com “imensa paixão”. “Temos noção de que a expec‑ tativa é enorme e que o mínimo exigido é igualar o sucesso que foi conseguido o ano passado. Mas queremos conse‑ guir superar o ano passado em todos os aspectos. Mais participantes, mais formação, mais entretenimento e a certeza de que este ano estamos mais

atentos a pequenos pormenores que não correram tão bem o ano passado”. Hugo Soares, também ele professor da área de eventos, e mentor deste projecto, anuncia que este ano, à componente formativa, será aliada uma vertente de entretenimento: “Teremos uma festa ENEOGE e damos a possibilidade de os participantes ficarem hospedados num hostel em Lisboa para que o convívio entre todos possa ser prolongado mais umas horas”. O objectivo é criar um núcleo duro de estudantes e apaixo‑ nados de eventos, “É preciso começar a construir uma rede de contactos e pensar os eventos a longo prazo. Esta área está a crescer mas pode crescer só

em quantidade, é preciso formar bem os futuros profissionais e isso só é possível se os participantes aprenderem com os melhores”. E já há alguns nomes confir‑ mados. A saber: Luís Rasquilha, Ayr Consulting, Pedro Rodrigues, Desafio Global, Roberta Medina, Rock in Rio, Filipa Oliveira, da Realizar, José Faísca, Pavilhão Atlântico e Pimentel Furtado, especialista em segurança. Os restantes nomes vão ser anunciados muito em breve. O evento vai decorrer no Auditório da Faculdade de Medicina Dentária. Mais informações em: www.eneoge.com

Events by TLC é PME Líder A events by tlc é PME Líder em Portugal. Este estatuto foi atribuído no passado dia 22 de Setembro pelo IAPMEI (Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Desenvolvimento) e pelo Turismo de Portugal, no âmbito do programa FINCRESCE. Este estatuto tem como base notações de rating e critérios económico-finan‑ ceiros e é apenas atribuído a empresas

com perfis de desempenho superiores. Este visa “reforçar a visibilidade das empresas de dimensão intermédia que integram o segmento mais competitivo da economia nacional, funcionando como selo de reputação e estímulo no prosseguimento de dinâmicas empre‑ sariais, que contribuam de forma sustentável para a criação de riqueza e bem-estar social.” Para Diogo Assis, director da events

by tlc, o facto da empresa ter sido considerada PME Líder “é uma honra para equipa e uma ferramenta tangível que poderemos utilizar para melhorar a relação de confiança com os nossos clientes e fornecedores.” Esta DMC abriu recentemente operação no Brasil, onde espera poder obter o mesmo reconhecimento atribuído agora.

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100 eventos em competição na 6ª edição dos European Best Event Awards 12 países. 100 eventos. 46 agências. Ao todo são18 os prémios para entregar. E Portugal é um dos quatro países mais representados nesta edição dos European Best Event Awards. Ao todo são oito eventos. Depois de reunido o júri, constam da short‑list os seguintes eventos nacionais: Concerto EDP Energia Douro (nas categorias Melhor Celebração / Festividade, Evento Musical e Evento Público), da Desafio Global ativism; Festividades da Proclamação da República durante o

Festival dos Oceanos (Evento Cultural), Pic‑nic Continente (Evento Público), LCD Humano da ZON (Lançamento de Produto / Serviço), da Realizar Worlwide Events; Festival Sudoeste TMN (Evento Musical), da Música no Coração; e Coca Cola – RED Battle of Execution (Incentivo / Team‑Building), da UP Partner / 27Names. A novidade este ano é a presença, pela primeira vez, de um evento da Letónia. Os 27 membros do júri, incluindo um elemento da revista Event Point, já

decidiram os vencedores, que serão conhecidos numa cerimónia a decorrer dia 23 de Novembro, em Milão.

Lembre‑se que esta é a única iniciativa, de âmbito europeu, que premeia o sector dos eventos profissionais.

Açores recebem em Outubro e Novembro mais de 2500 pessoas em congressos em reuniões O Governo dos Açores, através da Secretaria Regional da Economia, vai apoiar a realização de oito congressos durante os meses de Outubro e Novembro, num investimento que ronda os 350 mil euros, estando prevista a participação de um número de partici‑ pantes superior a 2500 pessoas. “A realização destes congressos insere‑se na estratégia do Governo dos Açores de captação de eventos dessa natureza durante a época de Inverno como forma de atenuar os efeitos da sazonalidade no sector do turismo”, explicou em comuni‑ cado o Governo Regional. Entre as reuniões a realizar‑se na região está o Congresso do Livro, da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, marcado para Novembro, na Praia da Vitória, ilha Terceira. Nesta iniciativa, que conta com o alto patrocínio do Governo dos Açores, prevê‑se a presença de 400 participantes.

Também na Terceira, e durante os próximos dois meses, está prevista a realização de mais quatro congressos, o que representa a presença naquela ilha de cerca de 1400 pessoas. Trata‑se do Encontro Anual Best Travel, com 150 participantes, as I Jornadas de Reabilitação e Pediatria, com 100 participantes, o II Fórum da Cultura Taurina, em que está prevista a presença de quase meio milhar de participantes, e a Convenção GEA 2011, que levará àquela ilha igualmente cerca de 250 pessoas. Em S. Miguel, realizam‑se, entre outros, o Congresso dos Juízes Portugueses, com a presença de cerca de 500 participantes, o I Congresso Internacional de Saúde Materno Infantil, com 400 partici‑ pantes, e o Congresso da Sociedade Portuguesa de Ortodontia, com cerca de 350 participantes.

Para o Director Regional do Turismo, Miguel Cymbron, “a realização de um conjunto muito significativo de eventos, demonstra que a região não só tem vindo a realizar uma aposta correcta na captação de congressos e outras iniciativas do género, mas também que as organizações começam a reconhecer a região como um local ideal para a realização dos seus eventos”. “Os Açores conjugam hoje a exis‑ tência de espaços de excelência para acolher congressos com a possibilidade de realização de um conjunto muito significativo de outras actividades turísticas que podem ser desenvolvidas em paralelo com os programas dessas reuniões”, frisa. Além disso, realça o responsável, “este tipo de reuniões permite dinamizar todos os restantes serviços ligados ao sector do turismo”.


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© António Camilo . Minifoto

Portugal recebe Congresso da EFAPCO Portugal vai receber pela primeira vez o congresso da EFAPCO, a Federação Europeia das Associações de Organizadores Profissionais de Congressos. Num mundo em convulsão, os organizadores de congressos têm de reagir rapidamente às mudanças e por isso o tema principal do evento é “O mundo mudou. Vamos começar a agir”. Fomos conversar com Helena Weinstein, vice‑presidente da EFAPCO, o rosto da organização deste congresso. O que podemos esperar do congresso da EFAPCO que se realiza pela primeira vez em Portugal? Pretende‑se essencialmente, através dos vários temas que irão ser abor‑ dados, discutir não só a necessidade e as formas de internacionalização, como lançar o desafio de encontrar e discutir novas tendências, com o objectivo de reagirmos à crise sem

perder tempo e de forma eficaz. É uma oportunidade única de termos, através de oradores nacionais e internacionais, uma percepção global do mercado e podermos trocar experiências, ideias e até, quem sabe, encontrar soluções para alguns problemas.

Em termos de participantes, qual é a expectativa? A expectativa de participantes é de 200 a 250. O último congresso, realizado em Bruxelas, contou com cerca de 200 participantes e gostaríamos de aumentar um pouco a fasquia. Seria muito positivo para a nossa imagem.


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. P o r t u g a l r ece b e C on g r e s s o d a E F A P C O 15

Que temas vão estar em cima da mesa? Vão ser alguns já bem conhecidos, mas que numa sociedade em mudança necessitam de ser novamente discu‑ tidos, agora com diferentes premissas. São temas que englobam não só a área de MI, mas também temas mais abran‑ gentes. Por exemplo, vamos abordar: “o futuro dos congressos/reuniões de associações e empresariais”, “a mulher em lugares de chefia na MI”, “tecno‑ logias de informação, comunicação, redes sociais”, “retorno do investi‑ mento”, “tendências segundo o ponto de vista da Comunidade Europeia”, “qualidade, sustentabilidade e responsabilidade” e “a importância do conhecimento em diferentes áreas, para o sucesso do evento”. Vai ser ainda apresentado um estudo sobre como os países europeus estão a trabalhar para resolver a crise. Quais os nomes que pode avançar neste momento em termos de oradores? Vamos contar com Rohit Talwar, CEO da Fast Future Research, que vai dar o pontapé de saída nos trabalhos, Anne De Smet, Presidente da asso‑ ciação belga de organizadores profis‑ sionais de congressos (OPC), Gavin Eccles, da Neotur, James Latham, da Meetings:review, Jon Bradshaw, da Meetings Mindset e Paola Casentini, presidente do MPI (Meetings Professionals International) Itália. Mas há também convidados portu‑ gueses. Até agora estão confirmadas as presenças de Mariana Abrantes, economista, Diogo Assis, da events by tlc, Pedro Rocha dos Santos, do Centro de Congressos do Estoril, Rodrigo Moita de Deus, da Nextpower e José Manuel Bastos, Head of Unit ‑ Conference Organisation and Logistics. Qual foi o critério da escolha de oradores? O critério foi a experiência, o conhe‑ cimento dos temas a apresentar, profissionalismo, ética e a excelência na comunicação.

Na IMEX Frankfurt anunciaram a colaboração com a IMEX e com o MPI para este evento. Em que é que consiste? Trata‑se do workshop paralelo “Future Leaders Forum” para alunos que estão na área da MI, onde serão abordados assuntos como marketing, gestão de associações, Convention Bureau – como carreira, Hotéis, OPC e OPE, centros de congressos, vendas, etc. Todos estes temas serão apresentados e discutidos por profissionais do sector.

Como se tem desenrolado a articu‑ lação entre a organização e as insti‑ tuições locais (Estoril). Têm conse‑ guido apoio? Que tipo de apoios? Uma das razões da vinda deste Congresso para Portugal foi a dispo‑ nibilidade imediata do Centro de Congressos do Estoril e do Convention Bureau para nos apoiar. E fê‑lo desde o momento da apresentação da proposta. No entanto ainda nos faltam apoios, que esperamos conseguir encontrar. O que está previsto em termos de programa paralelo? O programa inclui um jantar e um tour a pé por Cascais e conta também com um tour opcional pela região de Sintra. No fundo, pretendemos dar a conhecer a região onde decorre o evento.

O evento decorre no Centro de Congressos do Estoril, de 12 a 14 de Janeiro. Todas as informações em www.efapco2012.com. Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt)

EFAPCO: ao serviço dos OPC Nasceu em 2004 como resultado da iniciativa de sete associações de OPC da Bélgica, Grécia, Itália, Portugal, Polónia, Espanha e Reino Unido. Foi fundada pela neces‑ sidade que estas associações sentiam de resolver em conjunto e a uma só voz os seus problemas, e que eram por exemplo o reconhecimento e a institucionalização da profissão, a certificação, a falta de formação na área ou a perda de mercado da Europa neste sector MI. Hoje em dia são 13 os membros da EFAPCO. Portugal está representado através da secção de Congressos da APECATE. A federação tem como objectivo apoiar o sector na União Europeia, dar‑lhe visibilidade e torná‑lo mais competitivo e com uma voz forte, além de potenciar oportunidades de networking e de formação aos organizadores profissionais de congressos. É uma organização não‑lucrativa sediada em Bruxelas e liderada por Nicolas Le Brun.

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J o ã o La g o s Director da João Lagos Sports © António Camilo . Minifoto


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“Tenho uma atracção pelo risco”

Este homem adora o risco. Tem a vida atribulada que muitos de nós recusariam, e parece divertir‑se com isso. É uma figura incontornável quando se fala em eventos desportivos. O cancelamento do Dakar virou‑lhe a vida do avesso, mas apesar das dificuldades que a empresa atravessa, João Lagos recusa baixar os braços e trabalha já no próximo grande evento: a Volvo Ocean Race. Uma parte importante do seu percurso começou em 1974, consigo, uma raquete e um balde de bolas. Como foi esse momento? Coincide com os meus 30 anos de idade, e com o interromper da carreira de atleta. A escola de ténis que iniciei tinha o objectivo de ensinar a modalidade de uma forma mais aberta e abrangente. Por que é que decidiu criar a escola de ténis? Essa minha actividade foi o resultado de muita reflexão. Passei as passas do Algarve, enquanto atleta. Se não me tornei um melhor jogador, eu e outros, foi porque o país não proporcionava as melhores condições. Ainda assim fui o melhor jogador português durante uma série de anos. Vivi esse período com frustração, mas com força e vontade de fazer alguma coisa por outros atletas.

Nessa altura qual era o seu plano? Começar pela base, criar a escola de ténis, desenvolver massa crítica, fazer com que houvesse muito mais prati‑ cantes da modalidade. E, naturalmente, apareceriam os talentos que depois seriam trabalhados como deve ser. Mas as coisas não ficaram por aí... Essa escola de ténis produz resul‑ tados com alguma rapidez, pelo que são precisos torneios. Para que um determinado talento se desenvolva é preciso que haja competição. Como ninguém organizava campeonatos, decidi avançar. Nos finais dos anos 70, princípio de 80, o sponsoring e o marketing desportivo praticamente não existiam. Para conseguir pôr de pé estes pequenos torneios, para a miudagem e para os meus próprios alunos, eram precisos patrocínios. As empresas não são a Santa Casa da Misericórdia, e as rádios, a televisão e os jornais não ligavam nada ao ténis. Inventámos então um órgão próprio, um jornal do ténis. Eu percebia tanto de jornais como de lagares de azeite (risos), mas era preciso dar visibilidade

aos sponsors. Os pequeninos torneios tornam‑se muitos, começam a valorizar‑se e tornam‑se um pouco mais importantes. Os patrocinadores, com algum retorno à vista, começam a aparecer e é assim que se desenvolvem. Aquilo que os patrocinadores procu‑ ravam na altura é muito diferente do que procuram hoje? O que queriam naquela altura é o mesmo que querem hoje, embora, durante muito tempo, houvesse um misto de interesse comercial, e também alguma dose de mecenato, de simpatia pela causa, pelo sucesso que as coisas, apesar de tudo, iam tendo. Havia a vontade de participar deste processo vencedor. No início o negócio era feito com o dono da empresa, e ele estava à vontade para decidir aquilo que enten‑ desse. À medida que o tempo passa, e as próprias empresas evoluem, às tantas não estamos a lidar mais com os donos, mas com directores de marke‑ ting e comerciais que têm que apre‑ sentar contas, e aí o retorno é absoluta‑ mente indispensável.

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Quais são as áreas principais onde é possível dar retorno a um patro‑ cinador: a exposição mediática, obviamente, mas também a possibi‑ lidade de nas zonas vip promoverem contactos, networking, exposição das marcas. Como definiria essas zonas? Antes de se poder tornar uma boa plataforma de corporate, onde se recriam ambientes de negócio, de relacionamento, de relações públicas, o evento tem que ter força desportiva, para que se justifique. O primeiro grande momento de televisão que o ténis teve neste país foi quando consegui trazer a Portugal o grande Björn Borg, em 1982. O Borg era, nessa altura, não só o maior jogador de ténis de todos os tempos, como era uma figura incontornável no mundo. Dizia‑se que era mais conhecido do que o próprio Papa. Conseguimos que o único canal português dedicasse horas prime time aos jogos que o Borg fez em Portugal. A televisão abriu‑se ao ténis e o corporate, as entidades mais proeminentes da sociedade, a todos os níveis, o mundo artístico, as celebri‑ dades, aderiram também. Soubemos criar um momento de juntar todas essas pessoas em torno de um grande evento desportivo.

Estoril Open e a necessidade de instalações Depois surgiu o Estoril Open... O Estoril Open foi fruto de uma candi‑ datura iniciada em 1988, numa altura em que o ténis profissional vivia uma revolução. Quem passou a comandar o circuito profissional de ténis masculino foram os próprios jogadores. Houve umas aberturas no calendário e candida‑ támo‑nos. Foi um risco. O prize money mínimo eram 250 mil dólares e o mais alto que tinha feito até essa altura eram circuitos satélites de 25 mil dólares...

Nem sabia preparar o orçamento para uma prova daquelas. Mas lá o fizemos, com o máximo de precauções. Nessa altura já havia a João Lagos Sports? Era a Sotenis. Mas o primeiro Estoril Open podia ter nascido e morrido logo nessa altura. O perigo de chuva era brutal. Já tinha visto em Wimbledon cobrirem com capas de plástico os courts, para não ficarem imprati‑ cáveis. Peço o orçamento para essas capas gigantes, e realmente era muito dinheiro. Mas o que é certo é que as mandei fazer. E em boa hora. No primeiro dia do Open esteve um temporal terrível, mas os campos estavam cobertos. Se não estivessem cobertos nesse dia, e nos seguintes, não tinha conseguido fazer o torneio. Já perdeu a esperança de ter um estádio? Com o decorrer das edições perce‑ bemos que tínhamos de começar a pensar em instalações definitivas, para que aquela montagem e desmontagem anual não fosse dinheiro deitado à rua. Há um desperdício sistemático todos os anos. Além do mais, aquilo que montamos não é perfeito, e é utilizável apenas durante o dia. Temos de fazer os jogos às horas em que há luz, só que o público que gostaríamos de satisfazer está a trabalhar. À hora do almoço conseguem lá ir, mas nunca por muito tempo. E à hora a que saem do trabalho não há jogos, está escuro e frio. Por que é que ainda não foi possível dar esse passo? Por causa do dinheiro. É um investi‑ mento muito grande e o local ideal é no Jamor. Mas o terreno é do Estado, o que torna tudo mais difícil. O Estado não tem dinheiro, eu também não reclamo muito que o Estado faça um investi‑ mento destes, por mais que diga que é um investimento que não será nunca só para o ténis.

Com estas condições, é mais difícil convencer os grandes jogadores a virem ao Estoril? Isso vamos disfarçando. Apesar de tudo, criámos razoáveis condições para os atletas . O campo está lá, a terra batida também. Com grande esforço, e muita imaginação, acaba por estar em bom estado quando chega a altura. O problema maior são as condições para o público e para os profissionais de comunicação. Gastamos muito dinheiro em situações provisórias. O dia mais difícil do Open é a segunda feira a seguir à final. É uma tristeza para toda a gente. Uma estrutura fixa e permanente era importante, até porque poderia originar receitas adicionais, por exemplo de bilheteira. Um evento extraordinário como o Masters jamais teria vindo para Portugal, em 2000, se não existisse o Pavilhão Atlântico. Como é suportado o Estoril Open? Muito simples. O Estado, nos melhores anos, porque não é uma constante, investe entre 10 e 15% do valor global. E o restante? Através dos patrocinadores e da comercialização do evento. A compo‑ nente pública é mínima, portanto. É muito melhor negócio para o Estado do que o contrário. O Estado dá‑nos 400 a 500 mil euros, mas as receitas de IVA, todo o negócio gerado à volta do Open, representam um valor muito superior ao investido. Esse investimento é feito através do Turismo de Portugal? Sim. A Secretaria de Estado do Desporto investiu zero em 22 anos. “Alugam‑nos” entre aspas o Estádio Nacional, numas condições mais ou menos simpáticas. Há uma série de campos que estão afectos ao Open, e por isso não podem ser alugados ao público. Essa perda de receita é calcu‑ lada, e nós pagamos.


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O maior orçamento, até hoje, foi de? Cinco milhões. Este ano tivemos que o puxar para os quatro e tal. Continua a encontrar motivação para fazer o Estoril Open? Há uma paixão inerente. Isto é possível com uma grande equipa, muitos deles imbuídos desta mesma paixão e altamente motivados. É possível com o empenho de todos os nossos forne‑ cedores. E depois há aqui um lado patriótico muito grande. Sentimos desde sempre que isto é extremamente importante para o país e para a sua imagem. A excelência e competência destes grandes eventos desportivos, que têm uma exposição mediática muito grande, arrastam consigo credi‑ bilidade para o país. Se o país é bom nestas coisas, com certeza que é bom em outras. Mas não é cada vez mais difícil orga‑ nizar eventos que vivem da angariação de patrocínios? Naturalmente que sim. O contexto é perfeitamente surrealista. E daí as enormes dificuldades pelas quais passámos e estamos a passar. Todos os dias à procura dos parceiros com condições para nos ajudarem, e fazerem parte desta família. Quando decidiu que estava na altura de avançar para outras áreas do desporto? Às tantas tínhamos uma equipa que estava um bocadinho gorda demais. Houve necessidade de rentabilizar a equipa. A primeira coisa que aparece é através de um grande amigo na área do golfe. Começámos a organizar o Open de Portugal. As mesmas pessoas que faziam o ténis, passaram também a fazer o golfe, com mais uma ou outra aquisição. A seguir ao golfe, já não me lembro, se calhar foi o hipismo. E fomos por aí fora, procurando rentabi‑ lizar a estrutura.

© António Camilo . Minifoto

Dakar: o sucesso estrondoso seguido do abismo E o Dakar, como é que surge? Decorreu do Masters. Na altura deixámos o mundo do ténis de boca aberta. Nunca o Masters tinha atin‑ gido um padrão de qualidade tão alto. Patrice Clerc, antigo director de Roland Garros, que tinha estado no Masters, tornou‑se nº1 da ASO, a empresa dona do Dakar, e do Tour de France e de uma série de outras coisas. Quando soube disso achei que era uma oportunidade a explorar. Ele conhecia as nossas competências. Foi assim que aconteceu. O Dakar veio e foi um sucesso extraordinário. Começou por ser uma edição, mas pouco depois, incentivados até pelo próprio governo, conseguimos mais. Em seis anos íamos ter cinco edições do Dakar. Tinha mesmo convencido a ASO a deixar‑nos organizar a chegada do Dakar, que era uma coisa pobrezinha. Cada vez tínhamos mais negócio, mais trabalho, mais possibilidade de rentabilizar o nosso know‑how. Seria um acto de exportação. Infelizmente, o terrorismo fez com que levássemos a pancada de um cancelamento na véspera, quando a nossa despesa estava feita.

Houve quem desconfiasse desse argu‑ mento do terrorismo. Continua a ser, para si, uma questão desconfortável? Durante algum tempo, havia um certo desconforto. Quis salvar a minha operação aqui. Tínhamos duas corridas em território nacional, um enorme investimento, muita televisão a mostrar Portugal. O rally que fosse cancelado mais à frente, em Marrocos. Na altura as ameaças emanavam da Mauritânia. Entre a hora em que tive a noticia, oito da noite, e o dia seguinte de manhã, fiz tudo e mais alguma coisa, inclusive tentar convencer a que conduzissem o rally até à fronteira com a Mauritânia e depois voltassem para trás. Ofereci‑me para montar essa operação, mas nem assim conseguimos. As ameaças já não eram só na Mauritânia. Foi aí que desconfiei um bocado, mas o tempo veio‑lhes dar razão. A Al‑Qaeda está lá implantada e o risco era de facto muito grande! Não quiseram, não arriscaram, provavelmente pressionados pelas companhias de seguro francesas. Mas os grandes eventos são propícios a situações destas.

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A diferença entre o sucesso e o desastre é muito ténue... Claro. Como é que se podia prever que, em 30 anos, pela primeira vez, e pela minha mão, o Dakar borregava antes de ir para a estrada? Foi o momento mais difícil do seu percurso profissional? Houve outros, mas desta dimensão foi o mais difícil. Isto apanha‑nos no meio de um processo, de um acordo para fazer cinco edições do Dakar. Íamos no terceiro, havia ali um futuro. Que impacto é que isso teve em termos de saúde e equilíbrio das contas da empresa? Desequilibrou‑nos completamente. Entre quatro a cinco milhões de euros de prejuízo efectivo directo. Fora o indirecto. Não tínhamos como pagar ordenados, como cumprir os nossos compromissos, entrámos num período difícil. E como se isso não bastasse, veio esta crise que nos afecta a todos. Mas cá estamos, sobrevivendo, e à procura de melhores dias. Ainda recentemente houve notícias publicadas a propósito da situação da empresa. Qual é o retrato que pode fazer hoje da João Lagos Sports? Essas notícias eram maldosas, davam‑me como acabado, falido, que o Banco Espírito Santo tinha tomado conta disto e eu era posto a andar. Uma coisa é estar em dificuldades, sou o primeiro a admitir, a dar a cara. Daí a ser como o quadro que pintaram, calma! Esse tipo de notícias não ajuda nada, antes pelo contrário. Temos dois caminhos: virar as costas e fugir, aqui não fazemos isso, ou chamar cá os fornecedores. E eles são os primeiros a colaborar e a querer que a empresa dê a volta, não só para lhes pagar o que já deve, como gerar negócio futuro. Todo esse trabalho foi feito.

E já está a dar resultados? Naturalmente que sim. Há mecanismos que existem para socorrer este tipo de situações. É para isso que existem empresas de capital de risco, que naturalmente avaliam as situações, não acorrem a todos os fogos. Encontrámos duas dessas sociedades que apostaram em nós, acham que isto tem hipótese de recuperar e, com o desenvolvimento das coisas, havemos de pagar de volta, retribuir com amor, o amor que nos deram. Não corre melhor ainda porque a crise está instalada e o produto que temos para vender, enfim, não está fácil de vender. Mas isso obrigou a mexer na estrutura da empresa? Naturalmente que sim. Passou por um despedimento colectivo. Houve situações difíceis, tive que dispensar colaboradores que também eram amigos. É como arrancarem‑nos um bocado do corpo. É como uma troika que entra aqui. Tivemos que cumprir um certo número de coisas. Criámos umas unidades, umas subsidiárias, com a intenção de deslocar as pessoas da João Lagos Sports para lá. Essas empresas continuam a fazer tudo o que precisamos delas, mas podem traba‑ lhar para terceiros. É o caso da Lagos Touch? Sim, mas não só. A Lagos Touch tem mais a ver com activações de patro‑ cínios, e outro tipo de eventos mais pequenos, de empresas, seminá‑ rios, etc. Há também a Lagos Link, que concentra toda a parte de força comercial, marketing e comunicação. E criámos uma empresa de catering, a Venzann, à qual estão ligados os meus dois filhos, e que este ano ficou responsável por toda a operação do Estoril Open.

Qual é a ligação entre essas empresas e a João Lagos Sports? A João Lagos Sports tem‑me a mim enquanto sócio, e representa‑se através de uma holding chamada Lagos MAE (Marketing e Administração de Empresas). A Lagos passou a recorrer a um outsourcing, mas que no fundo ainda é nosso.

Volvo Ocean Race: nova vida para a João Lagos Sports No próximo ano têm a Volvo Ocean Race, mais um grande desafio. É um megaevento, conquistado há dois anos, que pode trazer uma nova vida a esta organização. Conquistámos uma primeira edição, a chegada dos barcos da regata transatlântica de Miami para Lisboa, mas temos hipótese de contar com mais edições no futuro. A regata chega aqui a 31 de Maio e deverá partir a 10 de Junho, dia de Camões. Convidámos o presidente Cavaco Silva para presidir à Comissão de Honra e desafiamo‑lo a considerar Lisboa como cidade anfitriã das comemorações do 10 de Junho em 2012. A Volvo Ocean Race, que já foi consi‑ derada um evento de interesse público, exige condições logísticas para receber e manter a regata, aquele circo todo, durante dez dias no nosso porto. E foi a grande justificação que faltava para que o Estado e as autarquias interviessem urbanisticamente naquela zona de Algés, completamente degradada. Nunca se arrepende de ter escolhido este caminho, em termos profissio‑ nais, tão cheio de riscos? Sinto uma atracção pelo abismo. Gosto de coisas complicadas, situações que sinto que têm potencial, mas que não é fácil pô‑las em prática... O risco é a minha profissão! (risos) Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt) Rui Luís Romão (rui@eventpoint.com.pt) Fotografia: António Camilo (Minifoto)


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10 perguntas a João Lagos Qual é o seu maior ídolo? O meu último ídolo foi o Roger Federer. Que evento gostava de trazer para Portugal? Mundial de Futebol. Melhor torneio de ténis do Mundo Já trouxe. O único que é itinerante: o Masters. Ainda tem tempo para fazer exercício físico? Isso é obrigatório. Com algum défice, mas lá vou fazendo. Ténis, prioritariamente. Último filme que viu? Não me lembro. E livro? Também não me lembro. Cidade de sonho? Nova Iorque. Prato favorito? Bacalhau à Brás, mas sem cebola! Clube de Futebol? Sporting. De todos os eventos que organizou, qual foi o que correu melhor? É ingrato responder em favor de algum deles. Mas o Masters de ténis, em 2000. Por ser a minha modalidade.

© António Camilo . Minifoto

A história de como Borg veio a Portugal Foi uma oportunidade que me é posta de bandeja, e sabe Deus como a resolvi em apenas 10 dias. Um dos jovens que acolhemos num dos torneios que realizávamos, um dinamarquês muito simpático, tinha um agente, uma espécie de João Lagos lá da Dinamarca, que ia organizar uma série de exibições com o Björn Borg, e tinha um compromisso para três dias. À última da hora faltou‑lhe um patrocinador, e só tinha condições para um dia de exibições. O jogador, o Peter Bastiansen, falou‑lhe de mim. O agente, mal conseguiu um voo, veio para cá, e tivemos uma reunião no bar do Ritz. Deu‑me as coordenadas todas, e era um balúrdio de dinheiro para cobrir os custos. O desafio era enorme. Mas tive a noção clara de que se conseguisse pôr aqui o Borg a jogar ténis seria qualquer coisa de extraordinário para a modalidade. Fiquei com aquilo na cabeça e no dia seguinte às 9 da manhã, de fato de treino, como era costume, apresentei‑me à porta de um potencial patrocinador que me perguntou logo pela televisão. Percebi que se tivesse televisão talvez valesse a pena. Meti‑me no carro, e fui directo para a RTP. Tinha uma vaga impressão de que o presidente era o Dr. Daniel Proença de Carvalho. Recebeu‑me lindamente. Expliquei‑lhe o que se tratava e ele mandou chamar o director financeiro, que disse que me dava air time, tempo publicitário equivalente ao valor do orçamento para realizar o evento. Isto durou um quarto de hora. Saí e fui directo ao patrocinador. A verdade é que ao fim de 10 dias tinha o dinheiro suficiente para trazer o Borg a Portugal. Foram horas e horas de televisão prime time. Foi uma propaganda indescritível para o ténis. Não sobrou uma raquete de ténis em qualquer loja de desporto do país. E tive a sensação nítida da força da televisão.

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H ĂŠ l io Soa r e s Director da Up Partner


opini ã o 23

Eventos

A importância da ligação entre o “E” e o “ V ” Num mundo absolutamente extraordinário como é o da comunicação, os eventos assumem cada vez mais e melhor protagonismo. Recordo‑me de que no início da década de noventa, os eventos em que mais trabalhei eram dominados pelas grandes companhias de bebidas, que aí encontravam excelentes ocasiões para transmitirem as emoções certas aos seus consumidores. Nessa altura os palcos eram sobretudo nos canais de distribuição, on trade* diurno e nocturno, e no Verão, os grandes espaços de concentração de pessoas. Quando desenhámos a Festa da Cerveja, foi inspirada no conceito de Oktoberfest, mas com a variante de ser em várias cidades e para toda a família. O nosso cliente inaugurou o conceito de Festas feitas pelas marcas para as cidades, para as famílias, para os cida‑ dãos. Este alargar do âmbito da marca para fora da lógica comercial estrita anunciava uma nova era de cidadania empresarial – uma dimensão que se veio a revelar cheia de futuro e que só um instrumento como os eventos poderiam protagonizar. Com a chegada da Expo 98 assistiu‑se a uma evolução significativa, a um verdadeiro salto qualitativo. Um grande evento, com uma escala única, que durou 122 dias e em que cada dia tinha o seu evento ou eventos espe‑ cíficos. E todos, como era natural,

queriam o maior protagonismo. Um sentido apurado de luta aberta pela atenção dos visitantes estava em curso. Para os profissionais de comunicação novos desafios surgiam, procurando compatibilizar conceitos e linguagens. Nessa altura os eventos foram muito acarinhados pelas grandes marcas ‑ grandes porque com vistas largas ‑ mas também por países, que assim assina‑ lavam e reconheciam a importância deste valioso recurso. Foram tempos únicos de aprendizagem, de desenvol‑ vimento, de implementação e, porque não dizê‑lo, tempos também de capa‑ cidade de desembaraço e improviso. A questão crítica estava na capacidade de aprender em movimento, fazendo e refazendo sem perder de vista objec‑ tivos tácticos e estratégicos.

Desde a Expo assiste‑se a uma evolução vertiginosa, seja pelo aparecimento de mais e melhores actores, quer pela mudança de palco e técnicas. Uma dinâmica a que a capacidade que os consumidores têm de aprender (e exigir) tudo muito rapidamente nos levou a todos para novos patamares de exigência.

* n.d.r.: representa o canal Horeca

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opini ã o

. E vento s : A impo r t â ncia d a l i g a ç ã o ent r e o “ E ” e o “ V ” , po r H é l io Soa r e s

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Na década de 2000 estivemos na origem de um evento que nos deu espe‑ cial satisfação, pelo seu propósito, mas também pelo que nos obrigou a puxar pela criatividade. O evento chamou‑se “Unir para Sorrir”. Conseguimos a mobilização conjunta de instituições privadas e públicas, cida‑ dãos que apoiaram uma ideia simples (depois de desenhada e executada parece simples…) que consistia em unir o Porto a Lisboa numa corrida ininter‑ rupta, de etapas, e com uma duração de 37 horas. Ao passar por cada cidade, oferecíamos a uma instituição, oficial‑ mente eleita como carenciada, uma viatura para o transporte de doentes. O resultado final foi a entrega de dez carrinhas e a prova da importância que o marketing da cidadania pode ter na sociedade onde as marcas são presença de pleno direito. A mobilização em Portugal, neste domínio, também se faz em torno da responsabilidade social. Felizmente todos nós temos muitos mais, variados e ricos exemplos destes. Na entrada da segunda década do século chama a atenção, por exemplo, o firme aparecimento de novos fenó‑ menos e conceitos poderosos como o retailtainement, do edutainement, dos flashmob, do on line, da multiplata‑ forma, das redes, dos eventos digitais. É a assunção da vivência experiencial, entrando definitivamente na era da interacção sem limites e com necessi‑ dades de reinvenção constantes.

Apetece dizer que os eventos são uma espécie de “transformers” da comunicação, reinventados numa base diária e à velocidade dos ajustamentos de comportamento e necessidades de todos. Agregadores poderosos entre as marcas e as pessoas, uma “ferramenta” muito especializada de comunicação. As grandes marcas, os grandes motores desta nova ordem, tratam a sua especialização com um acentuado grau de detalhe, avaliando com cada vez mais interesse e precisão o retorno dos seus investimentos. A verdade é que este facto não se deve unicamente aos tempos que atraves‑ samos, com orçamentos mais opti‑ mizados, mas sobretudo por ser uma parte fundamental do grande objectivo, que nunca deixamos de perseguir, e que é o real domínio da comunicação. Um caminho interessante, por isso, consiste em avaliar a intensidade rela‑ cional com que os eventos se fazem anunciar, o que provocaram, como modificaram, tanto a nível individual como colectivo, o grau de interacção, a elasticidade reflectida na profundi‑ dade da participação. Em suma, a propriedade adquirida nos seus públicos‑alvo, num fortalecimento da relação e o reconhecimento entre pessoas e marcas, agora e no futuro. O titulo deste artigo, “importância da ligação do E com o V na palavra eventos”, expressa assim a diferença entre o que é autêntico e o que é de fachada, a diferença entre o que aqui foi descrito e algumas ligeirezas não recomendadas.

Há, infelizmente, aqueles que tentam ser eventos mas não são mais do que e ....ventos, que ao soprar na direcção errada, se vão afastar cada vez mais dos objectivos, desperdiçando oportunidades e dinheiro, recursos que vão fazer seguramente muita falta. Mas isso é outra história…


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© IMEX frankfurt

Feiras: modelo e s g o ta d o ?

O modelo até poderá estar esgotado, mas uma coisa é certa, este tema é inesgotável. O primeiro dossiê temático sobre feiras remonta à edição nº7 da ainda Festas&Eventos, em 2007. Nessa ocasião abordámos as vantagens de participar em feiras, e a necessidade, dita por especialistas, de olhá‑las como um investimento e não como um custo. Falámos, do ponto de vista do expositor, da importância de planear a feira, de fazer o follow‑up, de avaliar o retorno, de apostar num stand dinâmico e interactivo. O caso de estudo escolhido, nessa altura, foi a BTL. Ora, escolhendo o mesmo tema para este dossiê, tínhamos de procurar novos testemunhos e novas leituras, e mesmo especialistas que, não inteiramente dedicados ao sector, poderiam oferecer aquela visão mais descomprometida e dar contributos interessantes.


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Reinventar as feiras “O modelo não está esgotado”, afirma, peremptoriamente, António Brito, especialista em feiras, detentor da certificação CEM (Certified in Exhibition Management) e director da empresa New Events.

“As feiras permitem o relacionamento humano e são o único meio, dentro do marketing mix, que apela aos cinco sentidos”. Enquanto esses dois factores forem importantes, elas não vão deixar de existir, diz o especialista. Mas como tudo na vida também este sector tem que sofrer uma evolução, “temos de reinventar o conceito de feiras”. E como é que isso pode ser feito? Entendendo a oferta e a procura, refere António Brito. “Têm que existir sinergias entre aquilo a que eu chamo a trilogia das feiras: organizador, expositor e visitante. Sem dúvida que as alavancas, os motores, são os expositores e os visitantes. O organizador é um intermediário e um facilitador de negócios”. O foco principal, hoje em dia, segundo o director da New Events, tem que ser o visitante, “a qualidade, a qualificação dos visitantes e as suas necessidades, é o mais importante e o que distingue as feiras”.

Num mundo globalizado, o visitante profissional tanto pode ir a uma feira em Londres como em Lisboa, “interessa‑lhe é encontrar a feira que lhe proporcione a solução para o seu problema”. Este facto remete para a tendência de subsectorização das feiras, ou seja, a existência de feiras de menor dimensão, muito mais especializadas. “Esta é a nova realidade e a solução para os problemas de cada um”. E além da solução para o seu problema, o visitante quer muito mais do que isso, “quer experiências, oportunidade de contactos, formação.

“Não há feira que se preze que não tenha um programa paralelo”. Também Mafalda Weinstein, direc‑ tora de feiras do IIR Portugal/Angola (Institute for International Research), uma empresa do Grupo Informa, considera que já “não se trata de vender espaço, mas de colaborar na maximi‑ zação do esforço que um participante faz para estar presente”. Segundo a experiente directora de feiras “há que ter a consciência de que o objectivo não é só investir num stand bonito, mas essencialmente numa acção concertada de marketing, integrada nos objectivos mais latos da feira”. Em relação aos programas paralelos, de formação e networking, a especialista avisa, “devem ser organizados com profissionalismo para que não sejam apenas mais um palco para apresentações comerciais dos expositores. É indispensável que o seu conteúdo seja focado para o mercado a que se destina”. O papel do organizador de feiras está alterado. Este tem agora que “criar novos conceitos, novas formas de actuação para maximizar o negócio de expositores e visitantes” e não apenas vender metros quadrados. “Se tivermos melhores expositores, que saibam preparar a feira, que estabeleçam objectivos, façam o follow‑up, melhor para o organizador também”, lembra

António Brito. Este tem apenas a obri‑ gação de atrair visitantes de qualidade, cabendo ao expositor transformá‑los em compradores. “Corredores cheios não são sinónimo de sucesso”. Além da componente educativa ou formativa, devem ser criados, segundo o fundador da New Events, vários momentos de networking. O próprio espaço da feira pode ser reinventado. “Arrisco afirmar que as feiras em Portugal, no que respeita ao contributo que o design pode ter num evento, são ainda pouco inovadoras”, diz Pedro Figueiredo, especialista em design, responsável pela pós‑graduação em Design de Eventos da Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos. Então como inovar, e que papel o design deve ter? “Se pensarmos que os objectos e os espaços com que nos confrontamos no dia‑a‑dia são desenhados e que a inovação e as experiências dependem do design, facilmente se compreende as mais‑valias que as linguagens, os instrumentos e as metodologias do design podem ter no âmbito das feiras”, salienta Pedro Figueiredo. Para ter influência nas feiras, quer do lado do expositor, quer do organizador, o design tem que ser uma disciplina chamada a intervir desde o plane‑ amento do evento. “A identidade, a funcionalidade, a interactividade, o conforto, a segurança, a inovação, em súmula, as qualidades distintivas de

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© eibtm

uma feira, dependem do design”. Um espaço pode ser transformado de forma a favorecer o contacto entre as pessoas e a propiciar negócios. E por falar na importância do espaço, recorde‑se o exemplo da Marina de Vilamoura Boat‑Show. Esta mostra de embarcações de recreio passou a ser feita... na água, podendo as embarca‑ ções ser escolhidas, experimentadas e adquiridas no momento. Segundo Paulo Jorge, da GL Events, empresa responsável pela organização, foi “muito interessante” trabalhar o novo formato. E para os expositores foi mais fácil mostrar o produto e fazer negócio. “Cada mostra deverá ser personalizada e concebida mediante as necessidades do mercado. Só assim podemos inovar e motivar clientes e potenciais clientes”, acredita o director da GL Events.

Visitantes qualificados Os programas de hosted buyers (compradores convidados) são uma forma do organizador chamar à feira visitantes qualificados. Nem sempre funcionam, segundo António Brito, porque por vezes há capaci‑ dade financeira para os trazer, “mas não há capacidade para qualificar, nem para controlar”. Mas um bom programa de hosted buyers pode

determinar o sucesso de um certame. Fomos conhecer mais em detalhe os programas da IMEX e da EIBTM, feiras do sector da meetings industry. “A EIBTM celebra a 23ª edição e podemos dizer que o evento foi suportado por um programa de buyers que entretanto se desenvolveu, que é imperativo e faz parte dos valores da marca”, explica Graeme Barnet, director do evento. “A qualidade do programa reflecte‑se no sucesso da feira, e nos negócios feitos pelos forne‑ cedores e compradores”, e por isso o critério de escolha dos compradores é apertado. Para a EIBTM são elegíveis participantes que organizem, influen‑ ciem ou decidam orçamentos de eventos, incentivos, congressos. Cada comprador é obrigado a acomodar na sua agenda diária sete reuniões com expositores. Em troca, a EIBTM paga a viagem e a estadia em Barcelona. No ano passado foram pré‑agendadas 55 mil reuniões. Num inquérito realizado aos hosted buyers, 89% afirma que a decisão de compra foi um resultado directo da ida à feira. A IMEX trabalha com intermediários na selecção dos compradores‑chave para fazerem parte do programa da feira. “Para se qualificarem como hosted buyers, estes devem ser responsáveis por planear, organizar, recomendar ou decidir orçamentos de algum

destes tipos de eventos, fora do seu país de origem: eventos corporativos, programas de incentivo, congressos associativos, conferências, seminá‑ rios, feiras, road‑shows, lançamento de produtos, eventos promocionais ou programas de formação”, conta à Event Point Ray Bloom, responsável da IMEX. Além da recomendação dos intermediá‑ rios, os potenciais compradores passam ainda pelo crivo da IMEX, que os analisa e admite no programa, ou não. Os hosted buyers seleccionados têm que ter quatro reuniões por dia com os expositores da sua preferência, usando os programas de marcação de reuniões disponibilizados pela IMEX. Isto resulta em 8 ou 12 reuniões por comprador, “mas normalmente vão a muitas mais ”, esclarece Ray Bloom, que salienta que as reuniões são auditadas pela IMEX. Para este responsável um programa deste tipo é fulcral no sucesso de uma feira.

O que se passa em Portugal As alturas de crise reflectem‑se imediatamente no sector das feiras de negócios. Quando a economia cresce, as feiras proliferam, quando decai surgem logo as dificuldades. Como vimos atrás, o negócio vai mais além da venda do espaço. “As feiras não deca‑ íram do ponto de vista do número de expositores. O que tem decaído é a área ocupada e isto afecta de sobremaneira o organizador”, sublinha António Brito, da New Events. As empresas conti‑ nuam a participar, mas com menor investimento. “Estamos num momento de sobrevivência, quem sobreviver se calhar vai ter os melhores anos da sua vida, no futuro”. A situação no país é complicada a vários níveis e neste sector, segundo Mafalda Weinstein, há “falta de estra‑ tégia e um monopólio nas mãos das Associações”. A responsável alerta para os preços incomportáveis de aluguer de


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instalações, “que impedem as empresas privadas de organizar feiras, e trans‑ formaram o negócio no monopólio dos donos do espaço”. Para além disso o problema do calendário que é, segundo a especialista, “sobrecarregadíssimo”, “sendo muitas vezes realizadas feiras no mesmo sector em simultâneo em Lisboa e no Porto, o que não faz sentido num mercado com a dimensão do nosso”. Há várias coisas a fazer, portanto, mas para Weinstein o mais importante é a “vontade de alterar o status quo”. “Para isso é necessário que todos os envolvidos no negócio das feiras estejam de acordo de que é necessária uma mudança

radical de atitude.” O problema dos espaços também é levantado por António Brito, que salienta igualmente os preços exces‑ sivos de aluguer. “Temos espaços que estão completamente fora da realidade. Ainda não perceberam o que se passa neste país.” O espe‑ cialista lamenta também o facto de haver espaços com exclusividade de fornecedores. Por outro lado, Brito considera que este é um sector com demasiados “oportunistas”.“Olham as feiras como mera oportunidade de negócio, que é temporal, mas que enquanto dura causa danos naqueles

que são profissionais. É algo difícil de evitar enquanto não houver alguma entidade ou associação que no fundo regulamente o sector”. E quem o poderia fazer? Segundo o responsável da New Events essa tarefa deveria caber a uma Associação Portuguesa de Feiras e Congressos “com força, e não de lobbies”. E devia haver mais regulação.

“Há organizadores de feiras que nem empresa têm.”

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Três perguntas a António Brito, director da New Events “O mercado dos eventos é um mercado de prima donas” Deveria existir um estatuto de organi‑ zador profissional de feiras? Sim, como existe em muitos países do mundo, onde para se ser organizador é preciso um grau de exigência mínima. Esse estatuto deveria ser criado pela Associação Portuguesa de Feiras e Congressos? Teria que ser uma entidade que tivesse alguma força, também política, porque a indústria de feiras gera milhões e gera valor para as cidades. É impossível fazer uma feira de eventos com sucesso em Portugal? O mercado dos eventos é um mercado de prima donas em que toda a gente tem a mania que é importante. Querem promoção, mas não querem pagar para a ter. Mas não é só aqui, é ao nível global. A Portugal Eventos [n.d.r. Feira que terminou depois de apenas duas edições] foi um dos projectos mais interessantes onde estive envolvido e foi bom para todos, menos para quem a organizou.

Três perguntas a Mafalda Weinstein, directora de feiras da IIR Portugal/Angola “As feiras na Alemanha são um exemplo” Onde poderíamos apostar para ter uma feira internacional de referência em Portugal? Essa é a “one million dolar question”. Seria muita pretensão da minha parte achar que tinha a receita para a feira de sucesso em Portugal. Acredito que exista, mas para a encontrar é neces‑ sário prospecção, estudos, contactos, etc., e delinear uma estratégia, definir objectivos. E trabalho... muito trabalho. Consegue identificar uma feira que seja um exemplo a seguir? Uma feira em Portugal... a Futurália – Salão de Oferta Educativa Formação e Empregabilidade. Lá fora há imensas. As feiras na Alemanha são um exemplo de eficácia e profissionalismo. Fazem sentido feiras abertas ao público e a profissionais? Como juntar com eficácia estes dois mundos? Pode ou não fazer, tudo depende do sector e dos objectivos. Se estivermos a falar de uma feira muito específica na área da saúde cujo objectivo é apre‑ sentar novos equipamentos à classe médica, não faz sentido estar aberta ao público. Mas se estivermos a falar de uma feira do ambiente ou na área da educação, por exemplo, faz sentido abrir ao público em geral com o objec‑ tivo de promover, divulgar e educar.

Exponor quer organizar feiras em Moçambique Com um percurso de longos anos no sector das feiras em Portugal, Mafalda Weinstein, do IIR Portugal/Angola, tem uma posição privilegiada na obser‑ vação do mercado português, além da experiência na organização de feiras em Angola. Para entrar no mercado angolano é “indispensável fazerem‑se parcerias com entidades locais, centros de exposições, hotéis, imprensa, asso‑ ciações, e procurar bons fornecedores”, diz Mafalda Weinstein. Em Angola isso não se revelou problemático. A respon‑ sável caracteriza da seguinte forma a realidade internacional: “Estratégia! Profissionalismo! Concorrência! Competência! Motivação! Resultados!” E refere que “a maioria dos organizadores de feiras internacionais são empresas multinacionais como a Informa, a cujos accionistas têm que apresentar resul‑ tados. Há no entanto excepções, como é o caso da Alemanha, em que o mercado das feiras está nas mãos das autarquias, que vêem nas feiras, como aliás todos deveriam ver, um motor da economia”. Em relação a Angola há “muitas oportu‑ nidades de negócio”. Também em Angola está a Exponor, que iniciou a sua experiência fora de portas em 1998, com a realização de uma feira em Ourense, Espanha, e outra na Cidade da Praia, Cabo Verde. Um ano mais tarde, surgiram as primeiras feiras em Maputo (Moçambique) e em São Paulo, Brasil. Em 2009, a Associação Empresarial de Portugal, detentora da Exponor, firmou um protocolo com a Feira Internacional de Luanda. Segundo a Exponor, a falta de fornecedores, de recursos humanos e a burocracia são “problemas bem reais”. “No caso de Angola, apoiámo‑nos bastante no nosso parceiro local e temos conseguido minimizá‑los.” Os mercados português e angolano, são “bastante diferentes”.


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“No caso angolano, notamos uma grande apetência pelos produtos portugueses, principalmente porque, regra geral, apresentam uma excelente relação qualidade‑preço. Ao contrário do que se poderá supor à partida, notamos também que Angola é um mercado de gostos bastante sofisticados, que sabe distinguir os bons dos maus produtos”.

Como forma de compensar as perdas no mercado nacional, que vive um período complicado, a estratégia da Exponor passa por aprofundar a internacionali‑ zação. “Temos um acordo firmado com uma entidade moçambicana para, no futuro, vir a constituir uma empresa vocacionada para a organização de feiras naquele país.” O Brasil pode ser também um mercado a ter em conta, segundo António Brito, director da New Events. “Temos de voltar a descobrir o Brasil, e com outros olhos”. O especialista afirma que aquele país da América do Sul está a viver um grande crescimento neste sector e que ainda não passou pelos problemas que Portugal e a Europa estão a passar ao nível das feiras. Também a ExpoSalão Batalha já avançou para outros mercados, nomeadamente os do Norte de África: Marrocos, Tunísia e Argélia.

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Três perguntas a Andre Rabanea, especialista em Marketing de Guerrilha da Torke “Não adianta ter um mau produto e dar t‑shirts de graça” Como é que as marcas/empresas se podem diferenciar numa feira? Em primeiro lugar as empresas têm que ter um serviço ou um produto de quali‑ dade. Não adianta ter um mau produto e dar t‑shirts de graça. Isso pode causar filas no stand, mas não se reflecte em vendas. A experiência com a marca acaba por ser a principal forma de atrair de uma forma diferenciada, para depois explicar como funciona a empresa e os seus serviços.

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Como trabalhar fora do espaço de feira, antes e depois do evento? Existem várias estratégias que podem ser feitas ao redor de uma feira, numa fase teaser e pós‑evento. Tudo com o objectivo de dar a conhecer melhor a marca e gerar mais visitas ao stand. Fora do espaço da feira existem vários suportes onde o visitante passa antes de entrar: o metro, a paragem de autocarro mais próxima, estaciona‑ mento, chão, postes no caminho... tudo o que vemos nas ruas são potenciais meios de comunicação que podemos utilizar para comunicar de uma forma diferenciada. Muitos dos folhetos que se recolhem nas feiras vão directos para o caixote do lixo. Como reverter essa situação? Isso é uma coisa que pode ser melhorada. Ninguém quer carregar ou ficar com o folheto. Uma das soluções pode ser passar a informação para os telemóveis dos visitantes. Nada de papel.


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Três perguntas a Luís Rasquilha e Eduardo Garcia, da A mais‑valia da tecnologia Ayr Consulting, empresa de detecção de tendências Uma das formas de tornar as feiras “A questão é fazer de cada feira uma experiência” Há algum padrão de comportamento dos visitantes numa feira? São atraídos por que tipo de estímulos? Há, mas é igual ao de qualquer outro consumidor exposto a uma acção de marke‑ ting. Por que é que isto pode ser do meu interesse? O que espero encontrar lá? Quem está lá? Que nível de interlocução terei lá dentro. E, principalmente, e uma vez no espaço da feira, o que é que este serviço ou produto faz por mim, pelo meu negócio, pelos meus clientes? Fala‑se muito em tornar as feiras experiências interactivas. Como comentam? O importante é definir que experiência se deve criar que reproduza ao máximo o benefício que se vai tirar do que se está a oferecer. Os verdadeiros craques desta área são os museus britânicos. O “Blitz Experience” do Imperial War Museum é quase perfeito. O London Dungeon acrescentou cheiros aos seus diaporamas, para aumentar a verosimilhança e levar o público a sentir os factos retratados da forma mais próxima possível. Difícil? Não! Dá trabalho? Sim. Funciona? Claro! Como tornar mais interessante a participação do visitante numa feira, e mais eficiente para quem expõe esse contacto com os visitantes? A questão aqui não é dar experiências, mas fazer de cada feira “uma experiência”. Ou seja, que se sinta à partida que há negócios bons a serem feitos, seja através de vendas, seja através do conhecimento que se ganha. E que na feira os expositores possam demonstrar de forma atractiva, tangível e credível o que podem oferecer aos seus compradores.

mais dinâmicas pode passar pelo uso da tecnologia. Fomos conversar com uma empresa com soluções para feiras, a Sia Interactive, para saber quais as tendências em termos de tecnologia para este sector. “Propomos solu‑ ções em que o visitante da feira não participe de forma passiva, e tenha uma experiência com a marca”, refere à Event Point Luís Gachineiro. O conteúdo, em vez de estar disponibili‑ zado num folheto que o visitante leva, é apresentado de forma impactante e imersiva, através de jogos, simu‑ ladores, animações 3D, superfícies multitoque, e outras tecnologias que apelem aos vários sentidos. Vivemos numa sociedade com excesso de infor‑ mação, refere Luís Gachineiro, “83% da comunicação actual é feita para o olhar apenas, e isso significa que as pessoas cada vez mais começam a ser selectivas”. A utilização de tecnologia pode ser diferenciadora. As soluções dependem dos orça‑ mentos dos clientes, mas a tecnologia não está só ao alcance das grandes marcas e empresas. “Trabalhamos

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Feiras virtuais não substituem as tradicionais

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para as maiores marcas mundiais, mas também para uma pequena empresa têxtil de Vila do Conde”, exemplifica o responsável de marketing da Sia Interactive. O facto é que há clientes que pensam que estes meios são caros, e “muitas vezes ficam surpreendidos por não serem tão caros quanto isso, sendo que o investimento que fazem em tecnologia tem resultados a curto e médio prazo”, explica. “É lógico que fica mais barato comprar um pop‑up, mas o impacto é reduzido... as pessoas já nem olham”. É necessário pois um certo convencimento dos clientes, porque a presença em feira implica investimentos avultados, e no entanto a aposta em tecnologia tem recrudescido. Luís Gachineiro partilha com a Event Point algumas tendências .

No entender do responsável da Sia Interactive, as soluções de toque e multitoque já começam a estar banali‑ zadas. “Temos usado muito a tecno‑ logia kinética”, salienta. O futuro passa “pelas experiências imersivas, que utilizem o maior número de sentidos”. E há dados que o comprovam. “75% das nossas emoções são influenciadas pelo cheiro. Há 65% de probabilidades de mudarmos a nossa disposição quando estamos expostos a sonori‑ dades que nos agradam. O mero toque, o toque subtil no consumidor aumenta também a avaliação de satisfação do cliente”. As soluções tecnológicas têm então de aproveitar estes momentos subtis para seduzir os clientes, para comunicar. O desafio maior está na criação de conteúdos.

A maioria dos nossos entrevistados olha as feiras virtuais com alguma cautela. Consideram que esta ferra‑ menta serve como lançamento e prolongamento da feira propriamente dita, nunca a substituindo. A Exponor Digital oferece aos expositores soluções em termos de feiras virtuais, mas como complemento da feira tradicional. Segundo Paulo Nogueira, responsável da empresa, “são muito raras as situa‑ ções em que uma feira virtual que existe isolada obtém o sucesso pretendido”. Tendo isso em consideração, a Exponor Digital propõe uma ferramenta que antes da feira permite publicitar o evento na Internet, distribuir emails, mostrar a planta da exposição, fornecer informações sobre o expositor, etc. Durante a feira permite o webcast, por exemplo. E depois da feira possibilita um fórum de discussão, um e‑marke‑ tplace e stand de vendas. Sempre numa lógica de complemento. E Paulo Nogueira não acredita que isto se vá alterar “sem profundas e inovadoras alterações tecnológicas”. Também António Brito, da New Events, consi‑ dera que a feira virtual faz sentido para prolongar no tempo a visibilidade dos produtos e serviços dos expositores. Opinião partilhada por Andre Rabanea, da Torke., “Funcionam como teaser e no pós‑evento, ajudando a comple‑ mentar a feira com um espaço onde poderemos ir buscar mais informação”. Luís Rasquilha e Eduardo Garcia, da Ayr Consulting, antevêem “um mix virtual versus presencial”. “Dependendo da categoria do produto poderemos iniciar um caminho mais virtual, mas, ainda assim, exclusiva‑ mente virtual será um nicho” Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt) Rui Luís Romão (rui@eventpoint.com.pt)


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Um Verão cheio de acidentes com palcos É no Verão que se realizam a maioria dos eventos ao ar livre, quer estejamos a falar dos grandes festivais de música ou das pequenas festas populares que animam aldeias, vilas e cidades. E claro, não é só em Portugal que se aproveita a altura em que os elementos são mais propícios a organizar eventos fora de portas. Mas Verão nem sempre é sinónimo de dias e noites quentes, quebrados por brisas suaves. Tempestades com chuvas torrenciais e ventos fortes trocam as voltas aos organizadores de eventos e, se houver falta de cuidado e rigor, podem contribuir para a origem de tragédias. Este foi um Verão cheio de acidentes, incluindo em Portugal, atingindo também alguns dos maiores eventos a nível mundial. As investigações policiais prosseguem para apurar

responsabilidades, mas há reflexões que precisam de ser feitas: estão as normas de segurança a ser respei‑ tadas na montagem de palcos, tendas e equipamentos semelhantes? Estes

fenómenos meteorológicos, mesmo se imprevisíveis, estão a ser acautelados pelo organizador de eventos? E os avisos das autoridades competentes, estão a ser tomados em consideração?


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. Um V e r ã o c h eio d e aci d ente s com pa l co s 37

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Um morto e vários feridos Palcos caem em vários em Celorico de Basto pontos do mundo No dia 21 de Agosto, em Fervença, Celorico de Basto, no final da procissão da festa da freguesia, cinco minutos de temporal arrancaram partes do palco. Uma mulher de 48 anos morreu, atingida pelos destroços, e várias pessoas ficaram feridas. O caso está a ser investigado pelo Ministério Público, mas logo de imediato surgiram as críticas. O presidente da Câmara de Celorico da Beira, Joaquim Mota e Silva, e os bombeiros garantiram que o palco “tinha toda a segurança” e que só foi destruído devido ao vento forte, uma situação que o autarca considerou “absolutamente anormal e inesperada”. A polémica surge porque dois dias antes a Protecção Civil tinha lançado um alerta de mau tempo para o fim‑de‑semana com aguaceiros fortes e queda de granizo. Em declarações à agência Lusa, a meteorologista Idália Mendonça afirmou que “as pessoas continuam a não dar ouvidos aos avisos de mau tempo do Instituto de Meteorologia e da Autoridade Nacional de Protecção Civil, e infelizmente depois acontecem acidentes”.

Nos Estados Unidos, a 13 de Agosto, cinco pessoas morreram e 45 ficaram feridas após o desabamento de um palco da feira anual de Indianápolis. Segundo um jornal local, o responsável pela operação policial no evento, vendo a “feia” tempestade que se aproximava pensou em cancelar o espectáculo. No entanto, optou por manter a progra‑ mação e apenas avisou a organização de qual o local onde o público se deveria refugiar, caso a tempestade chegasse. A rajada de vento irrompeu inespera‑ damente, fazendo desabar o palco, por baixo do qual estavam os camarins e outras instalações de apoio. Cinco pessoas morreram e 140 ficaram feridas na queda de um palco no festival de música Pukkelpop, na Bélgica, no dia 18 de Agosto. Uma forte tempestade destruiu parte da estrutura do palco principal e fez cair mais três palcos. O Pukkelpop é um dos princi‑ pais festivais de música da Europa. No local estavam cerca de 60 mil pessoas. No Canadá, oito pessoas ficaram feridas durante o festival Ottawa Bluesfest, no dia 17 de Julho, quando o

palco caiu devido a uma forte tempes‑ tade. A banda que ia actuar já estava a ser apresentada quando a estrutura desabou. Tanto a banda quanto o público correram para se proteger. O Bluefest é um dos principais eventos musicais da América do Norte.

Há muito amadorismo Para José Pimentel Furtado, especialista em segurança, o cerne da questão está no “amadorismo” de quem trabalha nesta área. “Está escrito nas normas 13814 e 13872 que um dos cuidados principais a ter é com o vento. Os cons‑ trutores dos palcos, ou das tendas, têm que definir qual a velocidade máxima do vento em que a operação é segura e, não sendo segura, quais as medidas a tomar”. Para além do vento, estes equipamentos são também vulneráveis à chuva, à neve e aos sismos, por exemplo. E a meteorologia tem mudado muito nos últimos anos. Quando anterior‑ mente Agosto era praticamente sinó‑ nimo de sol e temperaturas altas, apesar

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. Um V e r ã o c h eio d e aci d ente s com pa l co s

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de ocorrerem também as trovoadas de Verão, hoje é impossível dar como garan‑ tido que um evento neste mês é brindado pelo bom tempo. O organizador do evento tem que estar sempre a par das condições climatéricas. “Com três dias de antecedência o Instituto de Meteorologia já faz previsões com uma certa fiabilidade, além disso dispõe de um serviço para prestar apoio nestes casos”, refere Pimentel Furtado. O consultor em segurança diz também que o organizador de eventos deve ter um anemómetro no evento. “Não está na lei, não é obriga‑ tório, mas tem que o ter para ir acompa‑ nhando a situação no local”. Se o vento atingir os limites de segurança, “a norma portuguesa 13814 estabelece como limite máximo de segurança para operação do recinto ou estrutura, a velocidade do vento de 54 km/h, a partir desta velocidade a actividade tem que ser suspensa; e as estruturas, ou recintos, têm que suportar ventos superiores a 100 km/h, nem que para isso tenham que ser reforçadas, ou parcialmente desmontadas”. O organizador do evento deve tomar as medidas adequadas e, quando não é possível continuar a operação, deve evacuar o evento e cancelá‑lo. “As pessoas confiam muito na sorte. Não se pode continuar a fazer eventos sem que a segu‑ rança seja pensada de forma profissional. O nosso maior sistema de segurança é a Nossa Senhora de Fátima”, denuncia Pimentel Furtado.

Enquadramento legal O decreto-lei nº 268/2009 de 29 de Setembro estabelece o regime de licenciamento dos recintos itinerantes e improvisados, bem como as normas técnicas e de segurança aplicáveis. Por recintos improvisados leia-se tendas, barracões, palanques, estrados, palcos e bancadas provisórias. A responsabi‑ lidade de licenciar estes equipamentos cabe às Câmaras Municipais, e a fisca‑ lização está a cargo da ASAE. O decreto-lei, apesar de como se disse exigir o licenciamento dos recintos improvisados, não obriga a nenhum tipo de vistoria. Ela pode acontecer, mas apenas quando as autarquias o solicitarem. As normas 13872 e 13814 do Instituto Português da Qualidade sobre tendas, palcos, bancadas e equipamentos de diversões, fornecem todas as especifi‑ cidades técnicas na montagem destes equipamentos. Um dos cuidados mais importantes a ter passa pela prevenção dos efeitos do vento, neve e chuva. Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt) Rui Luís Romão (rui@eventpoint.com.pt) Sara Marques (sara@eventpoint.com.pt)

Pedro Magalhães, um dos responsáveis da Europalco, empresa especializada no aluguer de equipamentos e estru‑ turas, reconhece a pressão que existe por vezes, por parte do promotor ou do organizador, para manter o evento, esquecendo as questões de segu‑ rança. “As pessoas que agem assim pensam talvez mais no negócio, nos custos que pode ter o cancelamento do evento. Algo que hoje em dia faz cada vez menos sentido por causa da possibilidade de fazer seguros que cobrem justamente estes imprevistos, como as questões climatéricas”. Pedro Magalhães defende que, “para além da certificação dos equipamentos, importaria garantir a qualificação de quem monta as estruturas”. Ou conti‑ nuaremos a ter Ferraris conduzidos por gente sem carta.


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e d u a r d o g u e d e s d e o l ivei r a coordenador da direcção de assuntos institucionais da galp energia


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ORGANIZAR EVENTOS dE DISTINTAS TIPOLOGIAS NO CONTEXTO DE UMA GRANDE EMPRESA NACIONAL

A Galp Energia, ao longos dos anos, recorreu a um inúmero tipo de eventos para promover e activar marcas, para lançar produtos e serviços, criar espírito de equipa, desenvolver competências de liderança, acções de responsabilidade social e por fim projectar a sua imagem institucional, em termos nacionais e internacionais. Sob múltiplos formatos e dimensões têm sucedido com enorme assiduidade e frequência. O sucesso destes eventos tem estado sempre intimamente ligado ao respectivo grau de preparação e planeamento. Não se pode, nem se deve, confiar na sorte.

Tipologias de eventos na Galp Energia Podemos classificar os eventos orga‑ nizados na Galp Energia da seguinte forma: quanto à sua finalidade, insti‑ tucionais e/ou promocionais; quanto à periodicidade, esporádicos, perió‑ dicos ou de oportunidade; quanto à área de abrangência, locais, regionais, nacionais e internacionais; quanto ao âmbito, internos ou externos; quanto ao público‑alvo, corporativo ou o cliente final; quanto ao nível de organi‑ zação, outsourcing, em parceria ou de realização própria.

Neste âmbito encontramos as seguintes tipologias de eventos: Encontros de quadros – reuniões de quadros superiores que se realizam com periodicidade mensal, trimes‑ tral ou semestral, em função dos níveis funcionais; Encontros das Unidades de Negócio – eventos com cariz de team-building que se realizam nas diversas Unidades de Negócio e/ou Serviços Corporativos (podendo ser outdoors tradicionais com vertente lúdica); Team-Building de Responsabilidade Social – eventos e acções de dina‑ mização de responsabilidade social: remodelações de lares de crianças, recuperação de parques infantis, dinamização de acções com idosos e com jovens portadores de deficiência, pintura de casas de pessoas idosas, etc. Eventos de Marketing – activação de marcas, lançamento de produtos e ou serviços da empresa. Podem ser acções de grande dimensão (lançamento da garrafa de gás Pluma), inauguração de lojas de conveniência Tangerina,

lançamento de lubrificantes, etc. Congressos e Convenções – eventos de grande dimensão que têm sido mais esporádicos e dos quais destacaria os dois eventos “Lisbon Energy Forum 2007 e 2008” que tiveram uma forte repercussão internacional no mundo do Oil&Gas, tendo trazido a Lisboa os grandes top executives das áreas do petróleo e gás natural, bem como algumas convenções nacionais que a Galp Energia chegou a realizar para todos os quadros da empresa; Conferências de Imprensa – eventos de cariz muito especifico que podem ser esporádicos, de oportunidade e até periódicos, em função dos temas. Como exemplo de uma conferência de imprensa periódica temos a apresen‑ tação de resultados; Eventos Institucionais ‑ trata‑se de eventos que tanto podem ser classifi‑ cados como esporádicos ou de opor‑ tunidade, mas são sempre preparados com todos os detalhes para atrair a atenção, despertar o interesse e acolher o público‑alvo.

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opini ã o

. O RG A N I Z A R E V E N T O S d E D I S T I N T A S T I P O L O G I A S N O C O N T E X T O D E U M A GR A N D E E M P R E S A N A C I O N A L , po r e d u a r d o g u e d e s d e o l ivei r a

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Enquanto responsável pela área de Representação Institucional irei debruçar‑me mais sobre eventos institucionais nos quais normalmente estamos envolvidos: . Inauguração de instalações ou locais de grande importância para a empresa; . Organização de recepções e acções de acolhimento para VIP; . Organização de refeições para VIP em locais históricos ; . Congressos nacionais e internacionais; . Assinatura de protocolos, memo‑ randos de entendimento; . Palestras nacionais e internacionais; . Recepções e acolhimento a altas individualidades; . Programação de visitas e encontros de negócios; . Presenças internacionais (stands ou feiras); . Entregas de prémios; . Conferências de imprensa.

Definições importantes A rigorosa observância de certas forma‑ lidades em eventos de cariz institucional e que envolvam autoridades nacionais/ estrangeiras e/ou hierarquias empresa‑ riais, requer que sejam cumpridas um conjunto de formalidades que são asse‑ guradas através da aplicação de normas de conduta protocolares. Nestes casos, o âmbito do protocolo pode ser muito vasto. Pode ser por exemplo para apoiar no acolhimento e recepção de convidados e visitantes VIP, em garantir a função de “mestre‑de‑cerimónias”, organizar as refeições e o seating das altas individualidades, etc.

Dicas de planeamento

Avaliação

Caso: Conferência “Lisbon Energy Forum” organizada por nós em 2007 e 2008:

Avaliar os resultados de um evento é fácil, pelo que a primeira pergunta a ser colocada é, “Qual o sucesso obtido com o nosso evento?” Neste caso do “Lisbon Energy Forum” optámos por aplicar questionários, clipping, depoimentos dos participantes, etc. Foi elaborado um relatório de avaliação, onde constava um breve resumo das actividades planeadas, seus detalhes e pormenores que constam da check list. A elaboração deste relatório permite aos organizadores a possibi‑ lidade de identificar os aspectos posi‑ tivos e também os aspectos negativos que merecem melhorias.

. A imagem e conceito proporcionaram uma identificação e reconhecimento imediato da Conferência; . Produção de peças e suportes de comunicação, que reflectissem o ante‑ rior conceito de imagem, foram muito importantes para o sucesso do evento; . Organização de documentação, todo o apoio logístico, antes e durante o evento; . Organização e tratamento informá‑ tico de inscrições dos participantes, com uma credenciação personalizada e confirmação das inscrições; . Organização do material audiovisual, tradução simultânea e apoio às salas de conferência; . Concepção e colocação de toda a sinalética necessária para um evento desta natureza; . Contratação de profissionais espe‑ cializados, tais como intérpretes, secretárias, etc. . Organização da animação social necessária para os participantes no evento, se assim o pretendessem (campos de golfe, espectáculos, etc.); . Planificação e contratação dos trans‑ portes dos participantes (transfers e viaturas de alta gama com moto‑ ristas – forte possibilidade de haver casos de convidados a viajar em aviões privados); . Planificação de um programa social paralelo para as/os acompanhantes/ conferencistas; . Organização do jantar de gala; . Contratação de hospedeiras e vallet boys; . Questões relacionadas com a segu‑ rança das altas individualidades presentes (convidados estrangeiros com escolta de segurança); . Criar ou adquirir uma “peça‑recordação” para oferecer a todos os participantes;

Conclusão Pretendeu‑se, com este artigo, fornecer alguns elementos e até algumas “pistas” para a preparação de eventos, tendo como exemplo as melhores práticas que têm sido executadas ao longo destes anos na Galp Energia. Ficou bem em evidência a importância da preparação e planeamento, bem como a existência de uma avaliação final.


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e n e r g i a ED P n a s águas do Douro

Foi claramente, até à data, um dos mais arrojados e criativos eventos deste ano. Aconteceu no passado dia 1 de Julho, com um concerto em pleno rio Douro e serviu para assinalar o 35º aniversário da EDP. A agência de eventos escolhida para a produção do espectáculo foi a Desafio Global ativism. “A EDP desafiou a Desafio Global a criar uma experiência única que celebrasse o seu aniversário, bem como gerasse consciência em relação às suas preocupações sociais e ambientais. Assim, no dia em que a EDP apresentou a nova marca criada por Stephan Saigmeister, e celebrou o seu 35º aniversário, o que muitos tentaram e falharam tornou‑se realidade, um palco flutuante nas águas traiçoeiras do Rio Douro”, diz Pedro Rodrigues, coordenador executivo da empresa de eventos do Grupo ativism.

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ma k in g o f

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perspectiva do batelão

estruturas e audiovisuais são os primeiros elementos a instalar na plataforma flutuante

alguns convidados puderam assistir ao concerto na plataforma houve uma outra zona para convidados no edifício da alfândega

batelão transportado de lisboa para o porto

chegada do batelão a leixões. a viagem demorou uma semana

Uma experiência única num cenário histórico, como é o rio Douro e as suas margens, acarretou uma série de desa‑ fios que começaram a ser respondidos com cinco meses de antecedência. A ideia do evento foi a de colocar um batelão em pleno rio e transformar a estrutura de modo a receber convi‑ dados, artistas, televisão (a SIC), e realizar ali mesmo o espectáculo. Uma das dificuldades foi desde logo trans‑ portar o batelão de Lisboa até ao Porto. Foi precisa uma semana de viagem pelo

palco visto de uma das quatro torres da plataforma

Atlântico até ao Porto de Leixões. Aqui as montagens decorreram durante duas semanas. Estiveram envol‑ vidas 300 pessoas de staff durante as montagens e o evento. 150 pessoas do staff estiveram embarcadas no batelão durante o evento, incluindo os artistas. Um evento desta índole acarreta, natu‑ ralmente, muitas dificuldades técnicas. Pedro Rodrigues elenca algumas: audiovisuais com baixo consumo energético devido à inexistência de energia eléctrica a bordo (a mesma foi

nas margens, o evento seria acompanhado nos ecrãs gigantes 70 profissionais de televisão asseguraram a transmissão

assegurada por dois geradores de 500 kva’s, mais um gerador de serviço para guinchos), o transporte do batelão já montado, desde o Porto de Leixões, por mar, até à barra do Douro e os acessos ao batelão (apenas por rio). Em termos de segurança houve a preocupação de montar quatro guinchos eléctricos para fundamento no Douro, com 80 metros de cabo cada, e de colocar cinco embar‑ cações de socorro na água durante o evento, incluindo mergulhadores. Foram muitas as entidades envolvidas


ma k in g o f

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barcos rabelo transportaram os convidados até à plataforma flutuante

a segurança foi um aspecto fulcral do evento

foram necessários 10 dias de montagem e 300 pessoas

e que tiveram que ser articuladas. A saber: ‑ Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos, Administração dos Portos do Douro e de Leixões, Capitanias dos Portos do Douro e de Leixões, Metro do Porto, Câmara Municipal de Gaia – Gaianima, Câmara Municipal do Porto – PortoLazer, e Cais de Gaia; e ainda as seguintes entidades oficiais de Segurança: Protecção Civil, Instituto de Socorros a Náufragos, INEM, Bombeiros Voluntários do Porto e de Coimbrões, Bombeiros Sapadores do

tudo foi ensaiado para que nada falhasse

Porto, PSP e Polícia Marítima. E qual é o balanço do evento? Pedro Rodrigues responde, “do ponto vista da tangibilidade, os dados falam por si: quatro horas e 18 minutos de exposição televisiva do evento e da marca EDP, 128 notícias e promoções publicitárias, e mais de um milhão de espectadores na tv na exibição e na reposição”. Já do ponto de vista intangível, o balanço que o coorde‑ nador da agência de eventos faz é muito positivo, “acreditamos que foi, mais do que um concerto, uma experiência memorável para todos os que assistiram”.

fogo-de-artifício encerrou o evento

O espectáculo contou com as performances de Rui Veloso, Rodrigo Leão e The Gift e foi transmitido em directo pela SIC. Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt) Fotografia: Desafio Global e Rui Luís Romão

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Cinema dá visibilidade ao Douro O Douro Film Harvest (DFH) quer assumir‑se como um festival de cinema relevante no panorama europeu e mundial. Para isso precisa de tempo ‑ só ainda houve três edições, quando são precisos pelo menos dez anos para consolidar um certame deste género. Se o conseguir, terá contribuído também para a afirmação do Douro, quer em Portugal, quer no estrangeiro, enquanto destino privilegiado para umas férias ou uma reunião de trabalho, para a gravação de uma longa metragem ou de um spot comercial, para um retiro artístico ou uma ida às termas. Tudo isto num cenário marcado pela paisagem, considerada património da humanidade, a gastronomia e o vinho. Nesta edição de 2011, a terceira, dada a circunstância de sermos media partners, pudemos acompanhar mais de perto o DFH, e perceber como é complexa a sua organização. Desde logo por causa da logística. Não é fácil ter projecções em sala e ao ar livre, concertos, uma exposição, as Harvest Talks, desta vez atentas à realidade dos audiovisuais no contexto ibero‑ameri‑ cano, cerimónias de abertura e encer‑ ramento, e em paralelo um programa social intenso, espalhados por Alijó, Pinhão, Vidago, Favaios, Porto e Gaia. Mesmo porque as distâncias nem sempre se medem da mesma forma, antes em curvas e contracurvas. Depois porque o trabalho decorre ao longo de um ano, sem parar. É necessário viajar pelo mundo, por outros festivais do género, em busca das novidades, dos

realizadores e actores que se vão convidar para a edição seguinte, e se encontram ali, em carne e osso, entre uma sessão de autógrafos, uma conferência de imprensa ou um jantar. Esta é sobretudo a tarefa do realizador e produtor Ivan Dias, director do Douro Film Harvest, que destaca “o aumento do número de estreias, em 2011, para os 80%” (e este é um dos mais relevantes indicadores para um festival de cinema, é aquilo que leva muitas pessoas a procurá‑lo), quando em 2009 tinham sido 20% e 30% em 2010. Manuel Vaz, presidente do DFH, aponta o facto de, este ano, se ter feito mais com menos, que é como quem diz “mais locais de projecção, mais e melhores filmes, e uma nova secção a concurso que será para manter, a Wine & Food Films, com o menor orçamento de sempre”. No total, 450 mil euros.

Outro dos desafios maiores é o da construção de públicos. Sabe‑se que o interior está desertificado, a popu‑ lação envelhecida, pelo que esta é uma corrida de fundo: conseguir cativar as pessoas do Douro. Isto sem esquecer os outros, os que vêm do Porto, de Lisboa, de outros pontos do país e do estran‑ geiro. O que se pretende é proporcionar uma tão boa experiência a quem vem ao DFH que acabe cada um desses espectadores, cada um desses convi‑ dados, por se tornar num embaixador da região, e um visitante tão frequente quanto possível. O país convidado deste ano foi o Brasil. Pretexto para homenagear Carmen Miranda, cujo percurso entre Marco de Canaveses, Rio de Janeiro e Hollywood continua a ser admirável, José Wilker, o actor que em Portugal tornou tão


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popular a figura de Roque Santeiro, mas que por razões de saúde acabou por não poder viajar até ao Douro, e finalmente Cacá Diegues, realizador abundantemente premiado, um dos fundadores na década de 50 do Cinema Novo brasileiro, autor de êxitos como Bye Bye Brasil (1980), Tieta do Agreste (1996), Orfeu (1999) ou Deus é Brasileiro (2003). O Douro Film Harvest é organizado pelo Turismo do Douro e tem o apoio institucional do Turismo de Portugal, que de resto lhe reconheceu o conceito inovador, conferindo‑lhe uma menção honrosa, como Evento do Ano em 2010. A produção é responsabilidade da Expanding World e da Zalala Films.

Sabia que . Em 2012, os Estados Unidos são o país convidado do DFH? . Os filmes vencedores da edição deste ano foram Chico & Rita, dos realizadores Fernando Trueba, Javier Mariscal e Tono Errando, e Escaping Robert Parker, de Ed Burley, na categoria Wine & Food Films? . A Morte de Carlos Gardel, de Solveig Nordlun, a partir do livro homónimo de António Lobo Antunes, e Meia‑Noite em Paris, de Woody Allen, tiveram estreia no DFH, e que o primeiro foi mesmo uma estreia mundial?

Rui Luís Romão (rui@eventpoint.com.pt)

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pe d r o m . r o d r i g u e s coordenador de eventos da desafio global ativism


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Quando se quebra o encanto

Há uma célebre frase de Confúcio que gosto de recordar e que, acredito, se aplica magistralmente ao sector dos eventos: “Escolhe um trabalho de que gostes e não terás que trabalhar nem um dia da tua vida”. Na realidade, é um lugar comum de qualquer área, dizer‑se que a vocação e a motivação são determinantes para o sucesso do produto final e para o reconhecimento do profissional e da empresa que representa. É assim em todos os sectores e, em especial, no caso dos organizadores profissionais de eventos (OPE). Numa actividade de desgaste tão rápido, envolvendo tantos dias de preparação, que se esgotam quase sempre em poucas horas, só uma visão de cruzada nos dá a inspiração e a energia necessárias para atingir objetivos, que nunca são menos que muito ambiciosos. Afinal, mal comparada, essa era a história das batalhas: muito tempo de preparação para ganhar ou perder em pouco tempo. Também é assim nos eventos e quero acreditar que, algures, existe uma taberna ou confraria, onde os OPE se encontram para beber um copo e partilhar histórias de “guerra” e cicatrizes. Este xadrez apenas tem lugar porque existe um cliente. Uma empresa, uma marca, uma entidade que, através de um evento, procura atingir um objectivo, marcar um momento, transmitir uma mensagem. E porque a importância dita o investimento, a existência de uma empresa que alie créditos no mercado à ambição de tornar único o seu momento é fundamental. É nessa altura que, por cima da nossa camisola, vestimos a

camisola desse cliente e só a despimos quando, orgulhosos, abandonamos o local onde o evento decorreu.

Qual será, então, a importância da aclamada relação de parceria entre cliente e empresa de eventos? Não é difícil responder… Uma má relação entre cliente e forne‑ cedor nesta área é um mau negócio para ambas as partes. É como se um grupo de maratonistas corresse cada um no seu sentido. De pouco vale ter a melhor proposta de evento, um budget generoso ou o melhor motivo. No dia marcado podemos até ter um “bonito” evento. Mas, na realidade, nunca será tão bom como poderia ter sido se, em vez de duas (cliente, agência), houvesse uma só equipa. Não é apenas uma opinião. É mais de uma década de experiência e a certeza de que os

melhores eventos, os mais premiados, em que os públicos mais vibraram, foram aqueles em que a relação entre cliente e empresa de eventos foi mais saudável. Saudável, sim. Saudável porque inclui tensão, divergência de opiniões, negociações intensas e até cedências. Mas com frontalidade e “uma agenda” comum. E se vivemos numa era em que isto deveria ser uma verdade de la Palice, a realidade é que no contexto actual essa verdade é ainda mais relevante. A margem de erro diminuiu, os objec‑ tivos tornaram‑se cada vez mais ambi‑ ciosos, os budgets têm de ser escru‑ pulosamente aplicados e esperam‑se resultados sempre melhores. E nós, OPE, cá estamos, quais soldados abnegados, “arraçados” de minuciosos artesãos, prontos a viver cada evento com um encanto só possível se for partilhado com os clientes que comun‑ guem dos mesmos valores e ideiais. Caso contrário, quebra-se o encanto, e quando o encanto se quebra...

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RED BULL X‑FIGHTERS JUNTOU DESPORTO E TRADIÇÃO

Madrid viveu em Julho uma noite incrível, que juntou a audácia de alguns dos melhores riders de FMX do mundo e a alegria de um povo muito afecto às suas tradições. Não foram touros que a praça de Las Ventas acolheu, foram motas e acrobacias ousadas, num espectáculo que juntou 25 mil pessoas. Mas o que foi preciso para transformar La Monumental num palco de um evento desportivo? Foi isso que a Event Point procurou saber… Foram necessários três dias de trabalho intenso para transformar a praça de touros de Las Ventas, em Madrid, no palco do Red Bull X‑Fighters 2011, organizado pela agência Last Lap. Para este evento, no qual os melhores riders de FMX do mundo mostram as suas habilidades em duas rodas, foram transportadas toneladas de terra e de

ferro por centenas de camiões e foi em tempo recorde que as rampas foram construídas e os equipamentos de luz e som montados. Tudo para que o espectáculo que juntou, a 15 de Julho, o Motocross Freestyle e a tradição das touradas fosse o melhor possível. E foi… A ideia de juntar estes mundos tão diferentes surgiu há 11 anos. A primeira

experiência decorreu em Valência, com cerca de cinco mil espectadores, mas o sucesso da iniciativa fez com que a equipa da Last Lap concreti‑ zasse o sonho de levar o evento para a mais importante praça de touros de Espanha – a La Monumental. O evento – que contou sempre com a Red Bull – ganhou “asas” e já se realiza em Madrid


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há dez edições. “A Red Bull apostou no evento desde o início, mas em Espanha. Depois do êxito de Valência, entra a Red Bull Internacional, sendo que este passou a ser um evento muito importante para a marca. A partir daí não deixamos de crescer e agora temos muitas séries. O Red Bull X‑Fighters converteu‑se num evento global”, explicou à Event Point Jesus Rodriguez, director do evento e um dos fundadores da Last Lap, uma agência de eventos que também se encontra em Portugal. O investimento este ano foi cerca de um milhão de euros, grande parte recu‑ perado através da venda de bilhetes e da participação dos patrocinadores: Red Bull, Swatch, Fiat, Metro e Fox Head. É um “evento rentável”, disse Jesus Rodriguez, que considera ainda o desporto uma boa ferramenta de marke‑ ting. “Gostamos muito de desporto, gostamos muito de eventos e de marketing e parece‑nos que o desporto é uma boa ferramenta de marketing para qualquer marca”, referiu.

O segredo está na coordenação O grande inconveniente deste evento foi o pouco tempo para a montagem, afinal quatro dias antes do Red Bull X‑Fighters, La Monumental tinha acolhido uma corrida de touros. Mal terminou o evento, a Last Lap pôs mãos à obra. O problema relacionado com a escassez de tempo foi completamente ultrapas‑ sado graças à coordenação de várias equipas a funcionar ao mesmo tempo, compostas por centenas de pessoas empenhadas para que tudo dess certo. E muito trabalho havia a fazer: desenhar o circuito, montar as rampas, tratar da luz e do som, lidar com as questões de marketing e da presença publicitária no evento, entre outros. Havia três dias apenas para montar todo o “palco” do evento, uma vez que os riders precisavam

Futuro é divertir as pessoas de treinar. “Com mais tempo seria mais fácil”, garantiu Jesus Rodriguez. No final, havia menos de 24 horas para voltar a “pôr tudo no sítio”. O evento é pensado ao longo do ano, mas é nos três meses anteriores que a equipa da Last Lap se dedica em exclusivo a esta iniciativa, que chamou a Las Ventas 25 mil pessoas. O Red Bull X‑Fighters é pensado ao pormenor e, apesar de ser complicado organizar um evento desta dimensão, tudo se torna mais fácil em Espanha, onde os eventos “estão na moda”. “Creio que não é fácil organizar um evento em nenhum lugar do mundo. O que acontece é que aqui em Espanha há a cultura dos eventos. Madrid está continuamente a pedir as Olimpíadas, o Mundial de Futebol… Os eventos estão na moda e isso facilita as coisas. Praticamente já se sabe que o público vai aderir, que os media vão fazer a cobertura, e isso torna mais fácil a venda a um patrocinador”, explicou o director do evento. A comunicação é uma das ferramentas que obviamente também se tem em conta. Apesar da aposta em 2011 ter sido nas televisões, Jesus Rodriguez está consciente de que as redes sociais são cada vez mais importantes para a divulgação de um evento. “A televisão é um instrumento muito bom para criar uma necessidade. Uma vez que essa necessidade já existe, as redes sociais são capazes de mover muita gente, como nenhum outro meio”, afirmou o responsável, acrescentando: “Se dissermos que as redes sociais são o meio de comunicação do futuro estamos errados. Já são do presente, sem dúvida. Não nos atrevemos a fazer a divulgação só nas redes sociais, mas sabemos que elas são uma realidade, sobretudo entre as camadas mais jovens.”

Apesar do receio dos acidentes, as expectativas estavam em alta. E elas confirmaram‑se. O evento foi um sucesso. Casa cheia, público animado, e foi um piloto espanhol quem levou o troféu para casa. No final das desmon‑ tagens e dos dossiês encerrados, seguem‑se outros eventos. O futuro da Last Lap passa pelo crescimento contínuo no mercado dos eventos, frisa Jesus Rodriguez. O director do evento não esquece os tempos de crise que se vivem, mas acredita nas capacidades da sua equipa e na expansão da empresa. “Os nossos planos passam por continuar a crescer. A nossa vocação é organizar eventos, os maiores possíveis”, sublinhou, adiantando querer que a agência se afirme ainda mais em Portugal: “Apesar da situação económica, que sabemos que não é boa – como não é em nenhum sítio –, temos uma boa equipa para fazer coisas bonitas e um projecto bonito. Vamos abrir no Brasil, quase de certeza, porque faz sentido. Mas o futuro passa por ir divertindo as pessoas. Afinal é o que nos dá de comer…” A realização de um Red Bull X‑Fighters em Lisboa é uma possibilidade que não está posta de parte. Este seria um dos muitos eventos organizados pela Last Lap, que entrou em Portugal em 2005 (www.lastlap.pt).

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“OLÉ!” Foram motas em vez de touros que a 15 de Julho entraram na arena da La Monumental de Madrid para deli‑ ciar os 25 mil amantes de FMX que assistiram ao Red Bull X‑Fighters. Na praça de touros de Las Ventas esti‑ veram alguns dos melhores riders do mundo de Motocross Freestyle, tendo sido o espanhol Dany Torres quem conquistou o troféu, ao derrotar na final, com manobras destemidas e saltos incríveis, o australiano Blake Williams. Esta foi a décima edição do Red Bull X‑Fighters em Madrid e o espectáculo correspondeu às expec‑ tativas, misturando a adrenalina do desporto com a tradição das touradas. Não faltaram manobras emocionantes, fogo‑de‑artifício, música, dança e momentos que faziam lembrar as corridas de Pamplona, mas onde os touros tinham duas rodas. “Olé!”, gritava a assistência; um público “inacreditável”, como descreveu Tes Swell, director desportivo do evento, pela forma como sente este espectá‑ culo. “A grande diferença entre o Red Bull X‑Fighters e os outros eventos é que o objectivo aqui é o desporto. Esta é uma competição séria, mas à volta disto tudo temos uma série de entretenimento. Precisamos de tempo entre as rondas, os riders precisam de descansar, de planear as suas acções e de ver se o equipamento está em condi‑ ções. As horas que se passam no Red Bull X‑Fighters são horas de completo entretenimento e o público dá por bem entregue o seu dinheiro”, explicou Tes Swell. Desporto e entretenimento, uma união de sucesso. O director desportivo do evento orgulha‑se de ver crescer a modalidade, que dos desertos da Califórnia se tornou num fenómeno à escala mundial. Maria João Leite (mj@eventpoint.com.pt)* * A jornalista viajou a Madrid a convite da Last Lap

Seis perguntas a Susana Prates, National Communication Manager da Red Bull Qual a importância dos eventos para a Red Bull? A nossa estratégia de marketing foca‑se nas pessoas e nos seus estilos de vida de uma forma genuína (desde os colaboradores ao target, passando pelos parceiros e fornecedores) e em proporcionar ao consumidor experiências únicas e marcantes – representando assim a nossa máxima: Red Bull revitaliza o corpo e a mente! Em Portugal, à semelhança dos outros países, temos uma estratégia de marca muito bem definida que respeitamos ao máximo, que é extremamente bem implementada por uma equipa excelente. Os eventos fazem naturalmente parte desta estratégia. O que precisa de ter um evento para receber o “carimbo” da Red Bull? A Red Bull não coloca o seu carimbo em eventos criados por outras entidades, embora possa de alguma forma estar associada. Os grandes eventos Red Bull – como o Red Bull X‑Fighters, Red Bull Air Race, Red Bull Crashed Ice ou Red Bull Cliff Diving – são criações nossas e não o resultado de patrocínios a entidades externas à marca. O retorno é positivo em termos de vendas e de notoriedade? A Red Bull vende aproximadamente 4 mil milhões de latas no mundo inteiro. Considerando todas as operações mundiais da Red Bull, Portugal é o terceiro país com mais alta quota de mercado, e do ponto de vista da marca temos igualmente valores recorde no que toca a awareness e trial. A aposta nos eventos vai continuar a ser uma ferramenta de marketing privilegiada? A implementação da nossa estratégia assenta em quatro pilares: a comunicação (onde além da comunicação de conteúdos Red Bull, se inclui a publicidade), o consumer collecting (as Wings Teams que dão a experimentar Red Bull a potenciais consumidores no local certo e na altura certa), o patrocínio a atletas e, finalmente, a contínua criação de eventos nas mais diversas áreas. Quais os próximos eventos da marca em Portugal? O Mundo Red Bull é imenso e existe uma série de acções a decorrer e planeadas para o curto, médio e longo prazo que, na altura certa, serão comunicadas. Aquilo que os consumidores podem esperar da Red Bull é uma contínua e forte aposta na inovação em todas as áreas do Mundo Red Bull. Mas não podemos deixar de referir o 2º Grande Prémio Red Bull, que se realizou no passado dia 4 de Setembro, e que juntou 60.000 pessoas no Parque Eduardo VII em Lisboa. Há perspectivas de o Red Bull Air Race voltar a Portugal? O Campeonato do Mundo da Red Bull Air Race encontra‑se actualmente suspenso para ser feita uma intensa reflexão sobre inúmeros aspectos, como as regras, segu‑ rança, localizações, etc. Dado o enorme sucesso que a corrida teve em Portugal – onde foi o maior evento desportivo da história em termos de participação de público (um milhão de espectadores) – seria naturalmente muito positivo poder voltar a ter uma etapa nacional, mas neste momento não está nada previsto nesse sentido.


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7 M a r av i l h a s d a Gastronomia “O que é nacional é muito bom”

A gastronomia portuguesa é um dos maiores embaixadores do país e, há dez anos, foi mesmo considerada património imaterial de Portugal, alcançando o estatuto de valor cultural que define a nossa identidade enquanto povo. Para assinalar a data, as 7 Maravilhas organizaram a eleição das 7 Maravilhas da Gastronomia, um evento cozinhado em lume brando durante cinco meses que contou apenas com “cozi‑ nheiros nacionais” e levantou fervura no passado dia 10 de Setembro. A eleição Entre Fevereiro e Março foi feito um apuramento dos melhores pratos nacionais, que contou com a cola‑ boração do público. Depois, foram seleccionados 70 pré‑finalistas em sete categorias, a que se seguiu a escolha das 21 candidatas por um painel de especialistas. A escolha das 7 vence‑ doras foi do público. Entre 7 de Maio e 7 de Setembro foram contabilizados mais de um milhão de votos. O espectáculo A declaração oficial foi feita numa gala realizada em Santarém com transmissão em directo na RTP1. Apresentado por Catarina Furtado e José Carlos Malato, o evento teve a produção da Tavolanostra Eventos Globais. Alheira de Mirandela, queijo da Serra da Estrela, caldo verde, arroz de marisco, sardinha assada, leitão da

Bairrada e pastel de Belém foram os vencedores, mas não foram as únicas estrelas da noite. O espectáculo teve como inspiração a boa mesa portu‑ guesa e a tradição gastronómica. Os 7 actos da noite foram complemen‑ tados com imagens das 21 finalistas, em cada uma das 7 categorias em que se inserem: Entradas, Sopa, Marisco, Peixe, Caça, Carne e Doces. Cada acto performativo foi enquadrado com vários momentos musicais, prota‑ gonizados por Ana Moura, Rui Veloso, Carminho, Boss AC e Zeca Sempre (Nuno Guerreiro, Olavo Bilac, Tozé Santos e Vítor Silva). Foram criados momentos artísticos onde músicos e cantores de renome nacional se uniram a alguns dos melhores bailarinos, acro‑ batas e performers do país.

A produção João Garrido da Costa, CEO, e Jorge Sousa, director de Produção, da Tavolanostra, empresa responsável pelo espectáculo da Declaração Oficial das 7 Maravilhas da Gastronomia reve‑ laram à Event Point alguns do porme‑ nores da organização deste evento.


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. 7 M a r avi l h a s d a Ga s t r onomia : “ O q u e é naciona l é m u ito b om ” 57

Quantas pessoas participaram na organização do evento? No global, entre artistas, técnicos, televisão (RTP) e direcção de produção estiveram envolvidos aproximada‑ mente 450 profissionais. Quanto tempo demorou a organizar? Cerca de cinco meses, não contando com os dias de sonho e idealização… Tiveram necessidade (ou a opção) de recorrer a fornecedores estrangeiros? O espectáculo deste ano foi integral‑ mente produzido com o recurso a fornecedores e parceiros nacionais… por sinal fabulosos! O que é nacional é muito bom! A concepção e produção global do espectáculo envolveu cerca de 22 fornecedores nacionais, nas diversas fases do projecto, sendo que o sucesso global resulta do trabalho de cada um e da interacção entre todos.

Quais foram as principais dificul‑ dades em termos logísticos? E como as contornaram? A gestão de um cronograma logís‑ tico avassalador obriga a um trabalho prévio muito cauteloso e necessa‑ riamente focado. Diria que o aspecto logístico mais importante é indiscu‑ tivelmente a garantia do bem‑estar e condições de trabalho de todos os recursos humanos/profissionais envolvidos, quer durante a fase de concepção, quer sobretudo durante os seis dias de montagens, preparação e ensaios já no local. A montagem antecipada de uma verdadeira e acolhedora “Cidade Bastidor” é a de base tudo. Depois… quem assegura a boa performance dos meios logísticos e infra‑estruturas técnicas são precisa‑ mente esses recursos humanos. Quanto maior for a motivação e envolvimento, mais garantido é o sucesso do evento.

O facto de ser um evento trans‑ mitido em directo pela televisão obrigou a muitos constrangimentos/ especificidades? Não. Pelo contrário. O trabalho de co‑produção desenvolvido com a RTP pelo segundo ano consecutivo resulta numa sincronização de rigor e quali‑ dade obrigatórias desde o primeiro momento. Após o convite de Luis Segadães, presidente das 7 Maravilhas, todo o trabalho que se segue, de criação, concepção e produção de conteúdos, resulta de um esforço continuado que envolve de forma saudável e bastante interactiva a Tavolanostra, a RTP e o Paulo Magalhães, director Artístico que convidámos para o projecto deste ano. Não obstante a enorme plateia presente, este é um espectáculo concebido desde o primeiro momento para televisão, logo não podem existir constrangimentos. Por já ter havido outros eventos com a chancela das 7 Maravilhas, como é que se consegue continuar a inovar? Com rasgo, criatividade e acima de tudo muito sentido de responsabili‑ dade. Na Tavolanostra privilegiamos o trabalho em equipa. Somos “viciados” em criar momentos únicos e damo‑nos ao luxo de só trabalhar com fornece‑ dores que se revejam na nossa forma de estar. Que balanço fazem do evento? Venham mais 7… Maravilhas, claro! Sara Marques (sara@eventpoint.com.pt)

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Mega Pic-nic Continente 2011 como transformar uma avenida

Cinco mil e 500 talhĂľes de cultivo, 1520000 plantas e 266 animais encheram a Avenida da Liberdade, em Lisboa, no passado dia 18 de Junho. Meio milhĂŁo de pessoas visitou o Mega Pic-Nic Continente 2011, evento produzido pela Realizar.


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. M e g a P ic-nic C ontinente 2 0 1 1 : como t r an s f o r ma r u ma aveni d a 59

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A ideia foi levar o campo à cidade, mostrar o que de melhor se produz no nosso país e proporcionar mais um dia agradável à população, que no final ainda teve a oportunidade de assistir a um concerto de Tony Carreira. Mas toda esta operação de transformação de uma das artérias principais de Lisboa não foi tarefa fácil… Estiveram envolvidas cerca de duas mil pessoas, entre organização, produtores, staff técnico, entre outros, e foi preciso recorrer à ajuda de 315 camiões para o transporte dos produtos, animais e restante material. Tudo, claro está, de origem nacional. O desafio foi lançado pelo Continente à Realizar no início do ano. Definido o local do evento, era tempo de pôr mãos à obra. Cerca de três meses antes do evento, membros do Clube de Produtores Sonae começaram a trabalhar para a área de cultivo que iria estar em exposição, e todo o trabalho de produção começou a ser planeado. Afinal, era preciso pensar como fazer circular mais de 300 camiões na Avenida da Liberdade e isso exigiu muita coordenação entre as diversas equipas envolvidas, até porque o tempo de montagem era curto. Foi “uma aventura e um bom desafio”, contou à Event Point João Morais, um dos admi‑ nistradores da Realizar. Os condicionamentos de trânsito na Avenida da Liberdade levantaram algumas vozes críticas. Afinal, aquela é

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uma das principais artérias de circu‑ lação da cidade. O cenário era “duro”, como descreve João Morais, já que o corte de uma simples perpendicular à avenida, ou um condicionamento num cruzamento, resultava em perturbações no trânsito da cidade. Contudo, tudo foi pensado pelas equipas da Realizar, Continente e Câmara Municipal de Lisboa, para que os incómodos fossem os mínimos possíveis.

“E felizmente as coisas correram muito bem!” No dia do evento, todo o trabalho valeu a pena e o objectivo estava cumprido: promover o que de melhor se produz em Portugal. Tendo em conta os tempos de crise, João Morais considera que uma das formas de ajudar o país é “optar pelos produtos nacionais” e também por isso “esta mostra foi importante”. Na noite anterior ao evento já se adivinhava o sucesso, tendo em conta os milhares de pessoas que por lá passaram. A fasquia, em termos de inovação, qualidade e afluência, tem subido de ano para ano e João Morais espera

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que este seja um evento para conti‑ nuar. Quanto ao futuro da Realizar, o administrador afirma que o grupo está a trabalhar em várias propostas. “A conjuntura abrandou, na área dos eventos”, mas ainda assim estão já a trabalhar para eventos no final do ano e para 2012. “Esta conjuntura fez com que as decisões sejam agora tomadas num período de tempo menor, ou seja, enquanto antes os budgets eram fechados no ano anterior, agora isso não acontece. Mas o mercado para nós continua interessante”, sublinhou João Morais. Maria João Leite (mj@eventpoint.com.pt)

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d io g o a s s i s Director da events by tlc


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INOVAÇ ã O

a lição de Steve Jobs, Mr. Apple Escrevo este artigo no dia 05 de Outubro de 2011, dia em que morreu Steve Jobs, o génio da tecnologia dos nossos tempos. Ele sempre sonhou em deixar uma marca no Universo. As suas criações tornaram o nosso dia‑a‑dia mais bonito, agradável e eficiente. Modificaram para sempre a forma como nos relacionamos com a tecnologia. Steve Jobs iniciou o negócio da Apple na garagem dos seus pais e transformou‑a na empresa mais valiosa do mundo. Ele é, com certeza, o maior empresário e executivo dos nossos tempos, será lembrado daqui a 100 anos e acredito que a história o vá colocar bem ao lado de Edison e Henri Ford. Mas, nem tudo foram rosas na vida de Steve Jobs à frente da Apple. Foi despe‑ dido da empresa que ele próprio criou, pela mão do executivo contratado por ele, por não concordarem na estratégia. Montou uma nova empresa, a NeXT, que correu mal e foi comprada pela Apple, trazendo assim Jobs de volta à sua querida Apple.

Na primeira reunião de direcção que teve, assim que voltou à Apple, disse: “O nosso objectivo não é apenas ganhar dinheiro, mas sim fabricar grandes produtos”.

A Microsoft tornou se uma gigante e no início de 2000 com o valor de uma acção da Microsoft compravam‑se duas da Apple. Em 2011 a Microsoft valia apenas 7 % da Apple, que alterna com a Exxon no primeiro lugar do ranking das empresas mais valiosas do mundo. Sob o seu comando a Apple rein‑ ventou‑se e lançou iPods, iPhones, Macs e iPads que mudaram para sempre a forma como muitos de nós navegamos na internet, compramos e transportamos música, lemos um jornal ou um livro, fazemos uma apresentação da nossa empresa, vemos fotografias e vídeos, ensinamos os nossos filhos a contar e a pintar e tantas outras coisas. Tudo com um design, uma velocidade, uma fiabili‑ dade e uma portabilidade incríveis.

Steve Jobs e a Apple são um exemplo de mudança constante, de adaptação, de reinvenção e inovação. A Apple sempre teve o cliente no topo da pirâ‑ mide e produziu produtos inovadores que deram, e dão, muito prazer a quem os usa. Penso que esse exemplo serve para qualquer empresa, seja ela de que indústria ou de que dimensão for. Vivemos dias difíceis na Europa e no mundo, vivemos com a incer‑ teza do amanhã. Muitas empresas vivem estranguladas com o presente, sem espaço para pensar o futuro, e inovarem, e esse é o princípio do fim. Este exemplo da Apple não é só uma inspiração, mas também um pedido à inovação como alavanca do crescimento.

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. I N O V A Ç ã O : a l i ç ã o d e Steve J o b s , M r . A pp l e , po r d io g o a s s i s

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Acredito, como aqui já escrevi, que as crises são a oportunidade para repen‑ sarmos o que fazemos, e como fazemos, e de nos reinventarmos. Nesta crise cheia de incertezas é preciso ter ideias diferentes, ser arrojado, acrescentar valor (demonstrável); trabalhar mais e melhor e, muito importante, aprender a comunicar de forma eficiente para os diversos públicos‑alvo, sejam eles de geogra‑ fias diferentes, de gerações diferentes, de estrato sociais diferentes ou de qualquer outra característica que os diferencie. A ideia de que temos uma boa base de dados, mandamos uma newsletter igual para todos e vamos ter vendas é, nos nossos dias, um erro com efeitos nocivos para a marca. Infelizmente é um erro que vejo muitos cometerem. A comunicação tem que ser segmentada no seu conteúdo e na sua forma.

É precisamente na comunicação que, de maneira geral, há muito trabalho a fazer na nossa indústria, que é, curiosamente, uma indústria que vive para a comunicação e da comunicação. Um evento não é mais do que uma fase do processo de comunicação.

Para podermos ser comunicadores com sucesso temos que nos munir de ferramentas e essas têm que surgir da inovação dos nossos produtos ou serviços, bem articuladas com as vantagens que têm para os clientes que queremos atrair. Há que definir a estratégia de comunicação e esta passa sempre pelo dilema do posicionamento, ou em B2B ou em B2C, ou nos dois, mas sabendo que a forma de comunicar é muito diferente nos dois casos. Depois aparece o nosso plano de vendas & marketing anual em que se define o mix de acções que vamos fazer e que canais de distribuição serão usados para chegarmos ao nosso público‑alvo. Vamos fazer porta‑a‑porta e visitar individualmente cada cliente, vamos estar presentes em feiras da especia‑ lidade, road‑shows, fam trips, press trips, participar proactivamente em associações? Vamos dar palestras em eventos do meio? Onde tenho o maior retorno do meu investimento? Hoje temos tecnologia e ferramentas que nos permitem ser mais eficientes a preparar as nossas acções comerciais, conhecer melhor os clientes com quem vamos ter uma apresentação, potenciar e prolongar a vida de um investimento através de redes sociais. Há que apro‑ veitar o facto de o mundo estar todo mais perto.

Independentemente das acções escolhidas, há que as fazer com rigor absoluto, tanto na preparação, tal e qual como o José Mourinho prepara cada jogo, quer na execução e também na medição final do retorno do inves‑ timento. Não adianta ter boas ideias. Todos nós temos. A diferença entre ser criativo e inovador está na capacidade de por em prática essa ideia criativa. Muitos ficam‑se pela ideia.

Para acabar, e como disse Steve Jobs em 1984, no lançamento do Macintosh: “Apostamos na nossa visão. Preferimos fazer isso a fabricar produtos iguais aos outros. Vamos deixar outras empresas fazerem isso. Para nós, o objectivo é sempre o próximo sonho”.


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Maior congresso do mundo sobre diabetes trouxe 18 mil pessoas a Lisboa Lisboa foi este ano palco do maior congresso mundial sobre diabetes. De 12 a 16 de Setembro, mais de 18 mil pessoas de 120 países estiveram na capital portuguesa no congresso da European Association for the Study of Diabetes (EASD), um evento que teve como orçamento quatro milhões de euros e terá tido um impacto económico na cidade de 80 a 90 milhões de euros. Cientistas, investigadores, profissio‑ nais de saúde, representantes de topo das grandes empresas farmacêuticas estiveram reunidos para discutir a doença. Não faltou também a imprensa nacional e estrangeira, com mais de 350 profissionais registados para cobrir o congresso. A organização, a cargo da EASD, teve como Destination Managment

Company (DMC) a Top Atlântico, que começou a trabalhar no evento há quatro anos com quatro pessoas e terminou com mais de 30 na semana da operação. “A Top Atlântico DMC ocupou‑se da parte hoteleira, utili‑ zando a maioria dos hotéis da região de Lisboa, e da parte de coordenação dos transportes em que participaram praticamente todos os autocarristas

da região. Mas a organização também envolveu a FIL, o Pavilhão Atlântico e os seus fornecedores para a parte logística do congresso, stands de exposição da indústria farmacêutica, audiovisuais e catering, por exemplo”, explicou à Event Point Mário Machado, administrador da empresa, que assegurou que apenas recorreram a fornecedores nacionais.


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Capacidade hoteleira esgotada e 150 autocarros a circular na zona do Parque das Nações Dada a dimensão do evento, a capa‑ cidade hoteleira lisboeta foi esgotada, tendo havido pessoas a dormir a 100 quilómetros de distância ou a alugar quartos particulares. “Naturalmente que alguns, os últimos a reservar, ficaram a alguma distância do local do congresso, no entanto isso é perfeitamente normal nestes grandes congressos e sucede em quase todos”, desvalorizou o administrador da Top Atlântico. “Convém não esquecer que Lisboa é uma cidade que recebe um grande número de turistas, e Setembro não é propriamente temporada baixa, pelo que este congresso veio juntar‑se à ocupação que a cidade já tinha, daí o natural estender da ocupação aos arredores”, disse, explicando que no entanto “ao contrário do que sucede tantas vezes noutras cidades, não se registaram situações de overbooking”. Em termos logísticos o maior problema identificado pelo DMC foi mesmo de trânsito. “Houve alguns problemas de estacionamento e circulação de um grande número (mais de 150) de auto‑ carros na área do Parque da Nações. No entanto a colaboração da Geurbana, empresa que gere a área, e da FIL, bem como da Brigada de Trânsito da PSP, permitiram ultrapassá‑los”.

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Museus abertos à noite para os participantes do congresso No programa oficial do congresso não houve nenhum programa social, “mas a indústria farma‑ cêutica, que deslocou milhares de convidados, organizou os seus próprios momentos e Lisboa teve largas dezenas de jantares orga‑ nizados cada noite em diferentes locais”, explicou o responsável da Top Atlântico.

Luís Gardete, presidente da Comissão Organizadora do Congresso da EASD e da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), adiantou à Event Point que a colabo‑ ração da Câmara Municipal de Lisboa e da Secretaria de Estado da Cultura permitiu que três museus ficassem abertos durante dois dias até às 21 horas para permitir visitas depois dos trabalhos do congresso.

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Organização faz balanço positivo “Pudemos mostrar uma cidade que é capaz de acolher e organizar, com qualidade e eficiência, um evento desta dimensão”, afirmou Luís Gardete. “Penso que o sucesso deste evento venha a ter repercussões muito positivas para o nosso país nos próximos anos. Se considerarmos que os participantes deste congresso, na sua maioria, para além de possuírem um elevado poder económico, são também importantes opinion leaders nos seus países, facil‑ mente percebemos que este congresso foi uma óptima oportunidade para dar a conhecer as enormes potencialidades do nosso país, seja ao nível do turismo, seja ao nível da qualidade dos eventos que organizamos”, frisou. Para Mário Machado, administrador da Top Atlântico, este congresso “foi claramente uma grande vitória para a cidade de Lisboa que dissipa defi‑ nitivamente qualquer dúvida sobre a capacidade de receber eventos de grande dimensão”. Mas frisa: “Cabe‑nos agora a todos nós, players do turismo em Portugal, aproveitar este evento para promover esta capacidade e atrair outros eventos de dimensão que possam contribuir para a continuação da recuperação do turismo e, conse‑ quentemente, da economia nacional”. Sara Marques (sara@eventpoint.com.pt)

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4 perguntas a Luís Gardete, presidente da Comissão Organizadora do Congresso da EASD e da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP): Foi difícil trazer o congresso para Portugal? Não foi fácil, atendendo a que é um congresso muito apetecível para todos os países. Na primeira tentativa, por exemplo, não conseguimos que se realizasse em Portugal, devido aos preços elevados que foram apresentados em determinados serviços. A falta de uma área de congressos com pelo menos um auditório com quatro mil lugares e outros dois com capacidade para duas mil pessoas torna difícil e cara a realização de um congresso desta amplitude. Quais foram os argumentos‑chave que permitiram a realização cá? Portugal esteve sempre na linha da frente na luta contra a diabetes. A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal é a mais antiga associação de diabetes do mundo e, desde 1926, acompanha todos os grandes desenvolvimentos associados à investigação desta doença. Este foi um dos argumentos-base mais fortes. Porquê a escolha de Lisboa para acolher o congresso? Lisboa é o único local em Portugal para receber mais de 18 mil participantes. Há que levar em linha de conta a hotelaria e as instalações da FIL e do Pavilhão Atlântico. Qual foi o impacto económico do congresso? Houve um enorme impacto. Segundo os porta‑vozes da hotelaria, esta terá recebido cerca de 50 milhões de euros. Tendo em conta todas as despesas, o valor poderá andar entre os 80 e os 90 milhões de euros.


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mi g u e l neve s Events and Projects Planner do Grupo IMEX


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Eventos Híbridos Relatório de Laboratório Objectivo(s) Análise de um evento híbrido e discussão sobre este formato de evento.

Introdução teórica Um evento híbrido é um evento que conta com participantes presentes e participantes virtuais. O nível de participação virtual varia, pode ir desde uma participação via serviços como o twitter, ou no outro lado da escala, eventos virtuais com software feito à medida que inclui vídeo, texto e funcionalidades extra para os participantes virtuais.

Procedimento experimental Recentemente tive o prazer de participar em dois eventos híbridos que tiveram como objectivo sensibilizar e educar o sector sobre este tipo de eventos. Ambos fazem parte da marca Event Camp. A minha participação no primeiro evento, o Event Camp Twin Cities, foi virtual e pude visualizar a transmissão ao vivo dos oradores e das suas apresentações via Internet. A minha experiência seguinte foi no Event Camp Europe, desta vez ao vivo. Ambos os eventos contaram com três tipos de participantes, os que se deslocaram até ao evento, os que visualizaram o evento pela Internet e vários grupos ou pods em que participantes se juntaram e estabeleceram uma ligação pela Internet para visualizar o evento principal. Cada pod acedeu à transmissão em vídeo do evento principal num ecrã grande e noutro ecrã utilizou o software gratuito Google Hangouts (parte do Google+) para interagir com o evento principal e entre os pods.

Recolha de dados A minha participação virtual no Event Camp Twin Cities permitiu‑me, gratuitamente, ter acesso a todo o evento, colocar questões aos oradores e aos participantes presentes, e não só. Este evento também contou com uma apresentadora exclusiva para os participante virtuais que entre‑ vistou os oradores, transmitiu‑lhes as questões do público virtual e juntou as peças todas para criar uma expe‑ riência virtual contínua e cuidada. O evento resultou muito bem no modo virtual, tanto assim que até me senti

mal nos momentos em que, ao longo do dia, respondi a emails ou tive de me distanciar do evento, ainda que por breves momentos. O evento foi também captado e pode ser visto ou revisto por todos os participantes. Já a minha participação no Event Camp Europe foi bastante diferente. Este evento contou com cerca de 60 partici‑ pantes presentes e mais de 150 virtuais. Para os que estavam no evento a grande diferença entre este e outros eventos foi a existência de um segundo palco, insta‑ lado de lado para o público, e que foi

utilizado para entrevistas e segmentos exclusivos para os participantes virtuais. Foi também necessário um nível de equipamento técnico acima do normal. A transmissão do evento foi feita com o mesmo programa e equipamento que foi utilizado no Event Camp Twin Cities, o sonicfoundary mediasite. Esta solução mista de hardware e software apresenta várias vantagens sobre a utilização de software gratuito como o Skype ou até software de webinar como o WebEx. O evento foi promovido como uma experi‑ ência cientifica e convidou os membros do público a serem ratos de laboratório. W W W.E VENTPOINT.COM.PT


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Tratamento de dados e cálculos A grande vantagem dos eventos híbridos é a de que a localização do participante pode ser maleável, e no que toca a patrocínios neste tipo de eventos as possibili‑ dades são vastas. A transmissão virtual pode contar com patrocínios totalmente diferentes do evento principal. Até os pods podem ter patrocínios exclusivos. Por exemplo a sessão final do Event Camp Europe contou com uma prova de vinhos que foi patrocinada por uma adega Suíça. Esta adega enviou amostras do seu melhor vinho para o evento principal e para todos os pods. Uma iniciativa de baixo custo que de certeza não passou despercebida. É claro que os eventos híbridos podem ter desvantagens, e talvez a mais importante seja o custo adicional. Os custos para pequenos eventos como este podem ser proi‑ bitivos. No entanto, se o evento crescer, o custo mantém‑se ou cresce lentamente. Logo, para eventos com maior dimensão o custo por participante é reduzido. Outra desvantagem prende‑se com a atenção que é dada ao público virtual, podendo negligenciar-se os participantes presentes, o que me parece errado.

Conclusão Ambos os eventos foram bem sucedidos, mas o Event Camp Europe contou com algumas falhas dignas da experiência de laboratório proposta. A maioria do público presente não teve acesso a WiFi ou rede de telemóvel, dadas as várias dificuldades técnicas e a localização do hotel. A sala em si também foi pequena para todo o público e os meios técnicos acrescidos. No entanto penso que todos os públicos, os oradores e toda a equipa multinacional que criou o evento aprendeu muito sobre eventos híbridos pelas apresentações dos oradores, pela interacção e pela experiência em si.

Discussão Muito se tem falado dos eventos virtuais poderem substituir os eventos tradicio‑ nais. A meu ver os eventos presenciais nada têm a temer porque oferecem uma experiência altamente diferenciada. Pode parecer que a minha participação virtual foi superior, mas o meu nível de imersão foi totalmente diferente. Os incómodos da deslocação e algumas falhas no evento foram facilmente esquecidos com os novos contactos feitos com os restantes participantes. Mais ainda, arrisco dizer que me recordo muito mais das sessões a que assisti ao vivo do que das que assisti virtualmente. Os poucos estudos existentes apontam para que a participação virtual seja uma excelente forma de aliciar futuros participantes não virtuais. Os pods talvez sejam o ex‑libris do evento híbrido porque tentam oferecer aos participantes o melhor dos dois mundos. Os grandes eventos, com orçamentos generosos e um público alvo tecnicamente dotado, podem ter bons resultados em formato híbrido, mas este é um formato difícil de produzir e não adequado a todo o tipo de eventos. Para eventos pequenos e médios penso que ainda estamos numa fase experimental, como quando a RTP fazia transmissões a partir da antiga feira popular. Estou ansioso para ver os resultados, quando passarmos para os estúdios.

Links Site principal Event Camp Twin Cities: http://eventcamptwincities.com Fotos Event Camp Twin Cities: http://bit.ly/ectc‑photos Vídeo Event Camp Twin Cities: http://eventcamptwincities.com/live Site principal Event Camp Europe: http://eventcamp.eu Fotos Event Camp Europe: http://bit.ly/eceuphotos Vídeo Event Camp Europe: http://bit.ly/eceu‑video


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EIBTM: mais reuniões e mais negócio Mais reuniões, hosted buyers de qualidade, um programa educativo forte, são três dos argumentos da EIBTM para esta edição. O evento volta a decorrer em Barcelona, a segunda cidade do ranking da ICCA (International Congress and Convention Association), um dos destinos mundiais favoritos para eventos e congressos. A capital da Catalunha vai ser o ponto de encontro do sector da meetings industry. Ao todo são esperados 3100 expositores, de cerca de 100 países, tendo Portugal uma das maiores representações, e 8300 visitantes. Propiciar o negócio é o principal objectivo da organização da EIBTM, a Reed Exhibitions, que para isso decidiu aumentar o número de reuniões pré‑agendadas pelos hosted buyers. Se no ano passado cada comprador tinha seis reuniões por dia, este ano passam a ser sete. Esperam-se por isso mais de 60 mil reuniões durante os três dias da feira.

Esperados 45 hosted buyers portugueses O objectivo é, segundo Graeme Barnett, director da feira, em declarações à Event Point, contar com 45 compra‑ dores de Portugal. A escolha dos hosted buyers tem critérios apertados. Só estão qualificados a fazer parte deste programa os decisores de topo das empresas, aqueles que influenciam os orçamentos e a escolha dos destinos. A EIBTM conta com intermediários em vários cantos do mundo que avaliam a qualidade dos compradores. Tudo porque, para Graeme Barnett, este programa é fulcral para o sucesso de uma feira. Em termos de visitantes, a organização aconselha a quem vai visitar que faça o pré‑registo no site, poupando assim os 20 euros do bilhete de entrada na exposição.

situado na própria feira, onde vão decorrer demonstrações de novas tecnologias. Mas há mais. São dezenas de sessões preparadas para cobrir os principais temas em foco no sector e que vão decorrer simultaneamente à feira, durante os três dias do evento. Por isto tudo, Graeme Barnett acredita que a EIBTM 2011 vai ser um sucesso, “Estamos muito entusiasmados com a resposta que temos tido por parte da indústria. É um reflexo de como esta vê a EIBTM e como continua a ser muito importante a comuni‑ cação presencial”. A conferir de 29 de Novembro a 1 de Dezembro, na Fira Gran Via, em Barcelona.

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Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt)

Programa educativo A tecnologia vai ser um conteúdo muito importante nesta edição. Vão estar em destaque temas como: a adaptação dos websites às redes sociais e aos tele‑ móveis, a eficácia dos profissionais de eventos no uso das redes sociais, a importância dos iPads e Tablets para o sector MI. Para além disto, a EIBTM, em parceria com a SyncPartners, vai criar o Future Playground, um espaço de quase 250 metros quadrados,

Sabia que.. Em 2010 a EIBTM contou com: . 8376 visitantes, incluindo hosted buyers . 5865 pessoas credenciadas como expositores . 4000 participantes nas acções formativas Para 2011 a expectativa é atingir: . 100 países . 3100 expositores . 8300 hosted buyers, visitantes e imprensa


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© Y. shimizu

O gigante japonês está a reerguer‑se Em Março de 2011, um sismo, seguido de um tsunami e de um acidente nuclear matou centenas de pessoas e devastou o nordeste do Japão. O efeito desta sequência de fenómenos foi igualmente devastador na meetings industry, sector importante para o país, e em que o Japão era um dos líderes mundiais. O gigante tenta agora reerguer‑se o mais rapidamente possível, apostando em promoção internacional, programas de hosted buyers e outros incentivos, para mostrar que está pronto para continuar a acolher e organizar eventos e, sobretudo, que é um destino seguro. Joga ainda outra cartada: “A melhor forma de nos ajudar é escolher o Japão”, diz o lema que o Turismo do Japão tem vindo a repetir desde Maio.


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Em 2010, o Japão ocupava o 7º lugar no ranking mundial da ICCA (International Congress and Convention Association), e o primeiro lugar na região da Ásia, Pacífico e Médio Oriente. No ano passado, recebeu 305 eventos internacionais, mais 48 do que no ano anterior, com destaque para grandes reuniões como o Fórum Económico da Ásia‑Pacífico (APEC) e a Conferência das Partes sobre Biodiversidade (COP‑10). Segundo dados do Convention Bureau do Japão, o impacto da meetings industry (MI) na economia do país era de 920 mil milhões de yens (cerca de 9 mil milhões de euros), e a impor‑ tância do sector era tal que o governo japonês declarou 2010 como “O ano da meetings industy”. Mas de repente tudo mudou. “O impacto do sismo e do tsunami no sector foi imediato”, disse em entre‑ vista à Event Point Chad Shiver, repre‑ sentante para a Europa do convention bureau do Japão. “As consequências na meetings industry sentiram‑se em todo o país e não apenas em Tohoku, a região do nordeste que foi destruída pelo sismo”, explicou.

© j.n.t.o.

“Muitas conferências internacionais foram canceladas, adiadas ou deslocadas para fora do Japão e também foram cancelados muitos incentivos”,

Isto, apesar de “a maior parte do país não ter sido afectado pelo sismo e pelo tsunami. Cidades como Tóquio, Quioto, Osaka, Fukuoka e Sapporo estão longe da área devastada pelo sismo e pelo tsunami e não foram afectadas pela radiação. Contudo, devido ao medo desnecessário e à falta de informação, o impacto na MI fez‑se sentir”, lamentou. O número de visitantes baixou 50,3% em Março, em comparação com o ano anterior, e 62,5% em Abril, mas o país está a recuperar e em Junho e Julho o número de chegadas era apenas 36% por cento inferior ao registado em 2009.

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Reacção rápida para mostrar o Japão como um país seguro O Turismo do Japão começou por colocar de imediato na internet infor‑ mações actualizadas sobre a situação concreta no país. “Sabíamos que uma cobertura sensacionalista e errada poderia destruir toda a meetings industry, e quisemos assegurar que a verdade estava a ser contada no nosso site, blogs, media, etc.”, explicou o responsável do convention bureau. Entre as informações disponibilizadas estava uma análise feita por um espe‑ cialista do Governo britânico que assi‑ nalava que a radiação em Tóquio nunca representou um perigo. Aliás, nos últimos meses, cidades como Roma e Hong Kong registaram níveis mais elevados do que a capital japonesa. “Mal as coisas acalmaram e pudemos dizer com confiança que havia segu‑ rança para realizar eventos na grande maioria das cidades, contactámos os organizadores dos eventos já agen‑ dados para os próximos meses e anos. Quisemos tranquilizá‑los e assegurar que os venues não tinham sofrido danos, que o Japão é um país seguro e que estamos ansiosos por receber os participantes dos seus eventos no nosso país”, adiantou. E, mesmo enquanto o país reconstruía o que a Natureza destruiu, não faltou a promoção do destino no exterior. O Turismo do Japão tem estado presente em todas as grandes feiras internacio‑ nais do sector desde Março. “A inte‑ racção directa com a comunidade da MI é vital para que possamos mostrar que o Japão é um país seguro e ‘open for business’”, explicou Chad Shiver. “Depois do sismo estivemos na IT&CM em Xangai, IMEX em Frankfurt , IMEX America, em Las Vegas, na CIBTM em Pequim. Ficámos agradavelmente

surpreendidos com o interesse dos organizadores de eventos pelo Japão como destino de reuniões”, adiantou. A presença nestas grandes feiras integrou fornecedores de MI, desde convention bureaux, a DMC, “todos dedicados a trabalhar com a comuni‑ dade MI internacional para mostrar que o Japão é um excelente destino”. A próxima aposta a este nível é a presença na EIBTM, em Novembro. Além disso, o país organizou uma série de press e fam trips para mostrar in loco que o país está preparado para receber eventos e que os venues, transportes e serviços estão completamente operacio‑ nais. Mas nem tudo estava. Só no final de Setembro o Shinkansen, o comboio de alta‑velocidade que liga a província nortenha de Aomori a Tóquio, voltou à normalidade. O Shinkansen foi o primeiro comboio de alta‑velocidade do mundo e percorre uma distância de dois mil quilómetros entre o norte e o sudoeste da ilha de Honshu, onde estão localizadas as principais cidades do país. Em Abril voltou a funcionar, mas com velocidades mais baixas, por motivos de segurança. Para 2012 está ainda agendada a iniciativa “Meet Japan” para hosted buyers, que decorrerá entre 23 de Fevereiro e 1 de Março, com o objectivo de mostrar todo o país, e não apenas as grandes cidades. Já o Convention Bureau de Tóquio lançou o programa “Tóquio open for business”, que pretende mostrar que na capital está tudo normal. A iniciativa conta com campanhas promocionais que permitem conseguir preços mais baixos em venues e em vários hotéis da cidade para os eventos.

Sites dos eventos já informam sobre os níveis de radiação Tóquio acolheu de 25 de Setembro a 1 de Outubro o XXIV Congresso Mundial de Arquitectura, um evento trienal que reuniu na capital nipónica cerca de 10 mil arquitectos, engenheiros, investi‑ gadores e estudantes. Sob o tema “Design 2050”, o congresso debateu os desafios do mundo actual e procurou encontrar soluções para as cidades do futuro. O impacto dos desastres naturais foi um dos temas em destaque, sobretudo tendo em conta que o congresso se realizou num país que em Março viu um sismo e um tsunami destruir 60 mil edifícios em menos de uma hora. No âmbito do congresso realizou‑se a Assembleia da União Internacional de Arquitectos e, simultaneamente, dez exposições estiveram patentes em vários espaços da capital nipónica, desde galerias até arranha‑céus. Antes e durante o congresso, no site do evento estavam disponíveis várias informações úteis para os participantes, desde o calendário do programa social, instruções para o registo, dicas sobre a cidade e até os níveis de radiação, para permitir a quem se deslocou até Tóquio estar tranquilo sobre a questão da segurança.


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Sinais de retoma

Dois eventos importantes em 2012

Sete meses depois do sismo, o Convention Bureau do Japão mostra‑se optimista. “Depois de 11 de Março tivemos os inevitáveis cancelamentos e adiamentos, mas já há sinais de retoma. Muitos eventos acabaram por ser deslo‑ cados para outras partes do país, no oeste ou no sul, e os participantes deram um óptimo feedback, dizendo mesmo que, se não tivessem visto as notícias, não saberiam que algo tão devastador tinha acontecido no Japão”. “Aos poucos, a MI em Tóquio e no resto do país vai voltando ao normal”. O Japão conseguiu assegurar a reali‑ zação da reunião anual da Academy of International Business, que levou 1200 participantes a Nagoya em Junho de 2011, o congresso da Sociedade Internacional de Trombose e Hemostase, que se realizou em Outubro em Quioto, com 2500 parti‑ cipantes. Para 2016 está já agendado o congresso mundial do Lions Club, que terá lugar em Fukuoka e deverá contar com 25 mil delegados. E mesmo as áreas directamente afec‑ tadas pelo sismo e pelo tsunami estão a recompor‑se. Por exemplo, Akiu, a zona da nascente de água quente na província de Sendai, vai receber em Dezembro a conferência da ASEAN+3 (Associação de Nações do Sudeste Asiático) e Sendai está ainda na corrida para organizar em 2015 a conferência mundial da ONU sobre redução de desastres.

12ª cimeira do WTTC (World Travel & Tourism Council) A decisão, tomada em Novembro de 2010, era de que o evento seria em Tóquio, de 16 a 19 de Abril de 2012. Contudo, apenas uma semana depois de o comité anfitrião se reunir pela primeira vez, o Japão foi devastado pelo terramoto e pelo tsunami, o que levou a uma alteração de planos. Para apoiar a recuperação japonesa através do turismo, o WTTC (cujo comité é presidido pelo presidente da Toshiba) decidiu que parte da cimeira será realizada na cidade de Sendai, no nordeste do Japão, área mais afectada. A cimeira, um dos maiores eventos no calendário da indústria do turismo, terá lugar em Tóquio entre 17 e 19 de Abril, contando com mais de mil participantes. Já a reunião anual do WTTC e da comissão executiva, assim como um congresso adicional, terão lugar em Sendai, a partir de 17 de Abril. O tema deste encontro adicional será a recuperação do turismo japonês, assim como investimentos de risco e respostas à crise. São esperados representantes de 400 delegações, espe‑ cialmente as do continente asiático. David Scowsill, presidente do WTTC, considera que “a recuperação do Japão é um dos temas mais prementes na área das viagens e turismo”. “Estou muito satisfeito por podermos levar os líderes da indústria a Sendai e mostrar o nosso empenho em ajudar o país, e a região em particular, a recuperar a sua posição entre os principais destinos turísticos do mundo”, adiantou. FMI passa do Cairo para Tóquio Em Outubro de 2012 Tóquio vai receber a conferência anual do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial. Durante a conferência anual, elementos dos 187 países membros reúnem‑se para discutir a situação económica internacional. Originalmente a conferência teria lugar no Cairo, mas as autoridades egípcias pediram que não se realizasse no país devido às recentes convulsões políticas e sociais.

Estratégia para o futuro “Se queremos continuar a ser um destino líder na MI, e também para podermos competir com os nossos vizinhos como a China e a Coreia do Sul, temos que apostar na promoção do que nos torna únicos. Sejam os venues ‘especiais’ (como castelos, locais de produção de saké, etc.), ou a diversidade cultural e paisagística que advém das características geográficas do país”, explicou o responsável do convention bureau. Além disso, os jovens profissionais do sector “estão a ser encorajados a apro‑ veitar ao máximo as oportunidades de desenvolvimento internacional

da carreira, para ajudar na projecção internacional do país”. E no que diz respeito a projecção internacional, o Convention Bureau do Japão asse‑ gura que vai continuar a apostar na presença nas grandes feiras do sector. “Consideramos que a integração na comunidade global da meetings industry, através de eventos como o congresso da ICCA, a IMEX e outros, são uma parte essencial na estratégia do Japão de continuar numa posição de liderança neste sector”. Sara Marques (sara@eventpoint.com.pt)

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Pedro Cardoso Director‑executivo da The House of Events


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Liderar o futuro

com organizações em aprendizagem permanente Com a chegada do Outono, renova‑se um ciclo, que gostaria de dedicar à partilha de ideais. Assumir este desafio, ou até missão, é, afinal, dar substância a dois pensamentos muito contemporâneos, em que aprendi a acreditar: ‑ Que, em primeiro lugar, somos o que partilhamos; ‑ Informação só se transforma em conhecimento quando é posta em prática! Nos tempos atribulados em que vivemos, mais do que nunca, a leitura tem‑se revelado para mim uma necessi‑ dade constante, um espaço de reflexão e fonte de inspiração para desenvolvi‑ mento pessoal, de business coaching e de intervenção de cidadania. Os actuais modelos de desenvolvi‑ mento económico e social têm vindo a revelar uma enorme fragilidade ou mesmo falência, de instituições públicas e privadas ‑ educação, saúde, justiça, autarquias, banca e finanças, entre outras ‑, em todo o Mundo. Na procura de uma visão mais holística da sustentabilidade (people, planet and profit) tenho encontrado propostas muito interessantes, sobretudo na teoria e prática de learning organisations, e ainda em torno de conceitos e métodos para alcançar esta mestria colectiva. “A necessidade aguça o engenho”. Como resultado de pressões que enfrentamos, organizações eficientes têm desenvolvido continuadamente novas competências, que facilitam a

aprendizagem individual e colectiva, permitem manter a competitivi‑ dade nos negócios e, acrescentaria, no sentido mais lato, respeitar o meio‑ambiente. Segundo Peter M. Senge, que popula‑ rizou o conceito de learning organiza‑ tions no seu livro The Fifth Discipline (1990) este tipo de organizações tem cinco características principais: . Systems thinking, uma abordagem integrada à resolução de problemas; . Personal mastery, o empenho indivi‑ dual em aprender; . Mental models, uma cultura organiza‑ cional aberta, que promove a confiança; . Shared vision, um valor intrínseco, motivador, focalizado, que cria energia para aprender; . Team learning, a noção de que o conhe‑ cimento só existe quando é partilhado. Este, e conceitos similares, parecem ter sido a fonte de inspiração para Claus Otto Scharmer, Senior Lecturer no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e autor do livro, Theory U,

Leading from the Future as it Emerges (SOL, 2007). Os princípios apresentados em Theory U, que considero uma descoberta reve‑ ladora, apontam caminhos, ensina‑ mentos e métodos de abordagem, para que responsáveis políticos, quadros da função pública, gestores e líderes em geral, tenham a coragem de romper com padrões de comportamento improdutivos e tomadas de decisão erradas e ineficazes.

A médio e longo prazo, para além de uma visão inspiradora, precisamos de adoptar uma consciência de aprendizagem colectiva, para liderar o futuro à medida que emerge.

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© rui luís romão . event point

Eventos sustentáveis: da visão à acção

A sustentabilidade é uma oportunidade para melhorar, inovar e recriar a meetings industry. Quem o diz é Michael Luehrs, presidente eleito do Green Meeting Industry Council (GMIC), que esteve em Portugal a convite do Centro de Congressos do Estoril, no âmbito do Green Festival, para um seminário sobre eventos sustentáveis. Procurando inspirar a plateia, o responsável, apelou à mudança, “Precisamos de construir uma nova economia sustentável que tenha impacto nas comunidades. É preciso acreditar e comprometermo‑nos com uma visão”. Visão que não é meramente romântica, mas que assenta em princípios de eficácia e lucro. Michael Luehrs recorda que os eventos sustentáveis têm benefícios claros, em termos de custos e no impacto que produzem, e que num período complicado como o que vivemos é necessário mudar.


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Andrew Walker, director da empresa Eco‑Efficient Events, eventos susten‑ táveis pressupõem fazer mais com menos. Mais motivação, mais conhe‑ cimento, mais networking, mais impacto e menos desperdício, menos emissões, menos energia, menos água e menos custos. Há claros benefícios para as empresas serem sustentáveis: reputação da marca, motivação dos colaboradores e de todos os partici‑ pantes no evento, eficácia na operação, redução de riscos, impacto financeiro directo, crescimento da organização e oportunidade de negócio. Jelena Milovic, da International Aids Society partilhou com a audiência um caso de estudo sobre um evento desta associação, para 20 mil pessoas, e que ganhou o prémio de sustentabilidade da IMEX. Para Jelena Milovic o mais complicado é convencer quem lidera as organizações a fazer um evento susten‑ tável. Depois disso o processo passa por listar o que já era feito em termos de sustentabilidade, ver o que podia ser facilmente posto em prática, recolher ideias, estruturar a informação criando um plano, e segui‑lo. E não é preciso um orçamento especial, diz Milovic, “aliás até se podem reduzir custos”. A responsável referiu que foram poupados 603 mil dólares neste evento com a adopção de medidas sustentáveis. Luisa Coll Hellyer trouxe a Portugal a experi‑ ência na organização de um evento da European Wind Energy Association. Para a responsável pelo programa de sustentabilidade do evento, há três factores-chave: colocar objectivos, sensibilizar os fornecedores e medir e reportar. A questão dos fornecedores é essencial, segundo Luisa Coll Hellyer. A realidade portuguesa em termos de sustentabilidade também esteve em debate, com a presença de Ana Barbosa, da APECATE, Pedro Rodrigues, da Desafio Global ativism, Rita Almeida Dias, da Sustentare, Salomé Farias, da Siemens, Daniel Frey, consultor na área da sustentabi‑ lidade, e Sérgio Santos, da E‑Mission.

Conclui‑se que há muito a fazer em termos dos eventos, que há falta de fornecedores e falta de sensibilidade por parte das direcções das empresas. Pedro Rodrigues acrescenta mesmo que alguns clientes incorporam mais sustentabilidade nos seus eventos não porque acreditam neste valor, mas por parecer bem. O Centro de Congressos do Estoril foi considerado “uma ilha” no contexto da sustentabilidade em eventos, numa alusão à estratégia deste venue, um caso de estudo internacional no que toca às boas práticas nestas matérias. Salomé Farias, em representação da Siemens, explicou à Event Point de que forma incluem a sustentabilidade nos eventos da marca. “A sustenta‑ bilidade é um driver forte dos nossos eventos, desde a fase do planeamento à activação, até ao pós‑evento. E é uma preocupação que temos que vai desde a cadeia dos fornecedores à escolha do local, não aumentando a pegada ecológica.” Segundo Salomé Farias, a sustentabilidade é feita de grandes políticas mas também de pequenos gestos, pelo que nos eventos da Siemens, “tentamos o mais possível praticar o carpooling, internamente é gerida a ocupação de carros da empresa, evitamos a produção de materiais e de grandes telas, utilizamos alternativas, por exemplo iluminações LED. Temos muita atenção à questão dos brindes, as fitas, os badges”. No final, Pedro Rocha dos Santos, director do Centro de Congressos do Estoril (CCE), fazia um balanço positivo do seminário, considerando‑o “muito inspirador”. O director do CCE rejeita o facto de serem “uma ilha”. Diz que apesar das resistências, há uma maior consciência em relação à sustentabi‑ lidade nos eventos. “É um caminho que temos que seguir, mais tarde ou mais cedo, aqueles que optarem por ser pioneiros, terão mais‑valias em termos de protagonismo”, afirma.

Smart Business: Better Events 80% dos compradores que se deslo‑ caram à IMEX 2010 afirmaram que tinham em conta os resultados ambientais na organização de um evento. Por isso este é um sector em mudança. “Não se trata de ser ‘verde’, é mais do que isso”, diz Michael Luehrs. E para ajudar a organizar eventos sustentáveis existem certificações e instrumentos para medir e reportar. No caso da certificação, está previsto para o próximo ano, aproveitando a expo‑ sição mediática dos Jogos Olímpicos de Londres, o lançamento do ISO 20121, uma versão melhorada do BS 8901. Esta certificação foi pensada para este grande evento, mas pode ser aplicada aos mais pequenos. Há ainda a certifi‑ cação da APEX, que muitos consideram mais fácil de implementar. Depois de adoptar a sustentabilidade é preciso medir o sucesso e reportá‑lo. “É muito importante reportar, se não o fizermos isso torna quase inválido o trabalho feito”, avisa Luerhs. A Global Report Initiative foi a ferramenta aconselhada neste caso.

Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt)

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Stands: mais do que um simples espaço de exposição, um cartão‑de‑visita. A presença em feiras e eventos é um dos vários formatos de comunicação utilizados para divulgar produtos, serviços e/ou empresas junto do seu público‑alvo. Tudo é estudado até ao mais ínfimo pormenor e os investimentos associados tendem a ser significativos. Afinal, o stand é o cartão‑de‑visita da instituição e só se pode causar uma (boa!) primeira impressão uma vez. De facto, a concepção e produção de um stand irá, num primeiro momento, determinar o grau de interesse do visitante e, em última análise, a sua receptividade ou desinteresse a uma potencial abordagem/interacção. A busca sistemática de soluções diferenciadoras, inovadoras, apela‑ tivas e eficientes é um desafio que se coloca com particular acuidade nos tempos actuais. Pensar, conceber e produzir um stand sustentável, não só se integra no racional “fazer mais com menos”, como pode representar um factor distintivo per se, em linha com as preferências de um público cada vez mais exigente e sensível às questões sociais e ambientais; simultaneamente, pode ser um excelente veículo para concretizar e comunicar compromissos e práticas de sustentabilidade imple‑ mentadas pela organização. As opções são várias para criar um stand “verde por fora e por dentro”. A primeira regra de ouro para o concre‑ tizar é não negligenciar as várias fases do ciclo de vida destas estruturas, desde os materiais e sua origem, concepção e montagem, utilização, desmontagem

e fim de vida. A opção poderá passar, por exemplo, por stands cuja estru‑ tura e elementos decorativos possam ser reutilizados (no futuro), de forma a rentabilizar não só o investimento na infra‑estrutura como a reduzir os impactes ambientais associados à produção de novos materiais e à elimi‑ nação dos antigos. Na atenção dada aos materiais, a preferência deve recair sobre aqueles que contêm componentes recicladas, como o PET ou o MDF; que, aliás, constituem estruturas mais leves, reduzindo o peso transportado, evitam a extracção e produção de novas maté‑ rias‑primas e os impactes ambientais que lhes estão associados. Outra opção poderá passar pela preferência por materiais certificados, que garantam a sua adequada gestão e produção sustentável. Também o formato em que a informação é disponibilizada poderá desempenhar um papel decisivo, na

medida em que formatos digitais evitam consumos de matérias‑primas e emis‑ sões de carbono associadas, quer à sua produção, quer à sua eliminação. Neste aspecto, em particular, importa ainda reflectir sobre a utilidade e as caracte‑ rísticas dos itens a distribuir, como é o caso dos sempre presentes brindes ou materiais de merchandising; encon‑ trar soluções sustentáveis é essencial para assegurar uma presença e atitude coerente, diferenciada e ganhadora. No final do dia, lembre‑se: “Nunca se imagine diferente do que pode parecer aos outros, porque se foi diferente, também eles o imaginaram diferente”*. Aproveite para fazer a diferença promovendo uma presença verdadeiramente sustentável. * LEWIS CARROL, “Alice no País das Maravilhas”.

E‑Value (www.evalue.pt)


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InterContinental: charme no coração do Porto A Baixa do Porto ganhou um novo charme com a abertura no passado dia 7 de Julho do Hotel InterContinental Porto Palácio das Cardosas, uma unidade de luxo inserida numa das zonas mais nobres e famosas da cidade. Ocupando uma área de 11 mil metros quadrados, o primeiro Hotel InterContinental em Portugal fica situado num edifício histórico que teve como função inicial albergar um convento. O edifício, que também já recebeu uma instituição bancária, ganha agora uma nova vida, assu‑ mindo‑se como uma aposta turística de qualidade nas áreas do lazer e dos negócios. A localização foi, aliás, um factor determinante em todo este projecto. Situado na “sala de visitas” da cidade do Porto e beneficiando da proximidade da Zona Histórica e da área comercial, tem como mercados principais Portugal, Espanha, Reino Unido, Brasil e Estados Unidos, não esquecendo outros países europeus que ainda não “descobriram” o Porto.

Com um investimento na ordem dos 30 milhões de euros, o Hotel InterContinental Porto Palácio das Cardosas tem 105 quartos (Deluxe, Executive e 16 Suites), dispondo ainda de um restaurante e de um bar, bem como de um ginásio e de um wellness center.

Uma das jóias desta unidade hoteleira é o mítico Café Astória, agora totalmente recuperado. O Hotel InterContinental Porto Palácio das Cardosas, pertence à empresa Solitaire Hotels que assinou um contrato de gestão com a IHG – InterContinental Hotels Group válido por 20 anos. A localização faz com que este hotel se possa tornar um palco para a reali‑ zação de pequenos eventos na área dos vinhos, gastronomia ou literatura, mas dispõe igualmente de espaços adequados a acolher cerca de 150

participantes. Existem duas salas de reuniões: a principal tem 135 m2 e capacidade para 150 pessoas; a mais pequena possui uma área de 55 m2 e pode receber 50 pessoas. Ambas as salas estão equipadas com internet, DVD, Flip‑Chart, projector LCD e sistemas próprios de som e luz. Aberto a eventos particulares ou empresariais, o hotel permite ainda a reserva dos espaços de restauração para que os participantes destas iniciativas disponham de toda a privacidade. As áreas de restauração são, aliás, uma das mais fortes apostas desta unidade hoteleira, que pretende explorar as fortes ligações da cidade ao vinho e à boa comida. Esta aliança entre a modernidade e a História, a combinação entre o luxo e a funcionalidade e a extraor‑ dinária localização tornam o Hotel InterContinental Porto Palácio das Cardosas um local a descobrir e um ponto de encontro diferente para quem quer conhecer e sentir a Baixa do Porto. Olga Teixeira (oteixeira@eventpoint.com.pt)

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A na M a r r ei r o s Account Manager Internal Communication & Sustainabilit y . Grupo Inforpress


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P l a n e a r pa r a o sucesso

Planear implica definir um objectivo, visualizar a estratégia para atingir esse objectivo e desenvolver um processo que, passo a passo, concretize o objectivo. O gestor de eventos tem de ser um bom planeador. Sem planeamento e organização, o sucesso do evento fica altamente condicionado. A preparação do evento carece de tempo para pensar, analisar, reflectir, voltar a reflectir e então decidir. O Gestor de Eventos tem de coordenar todo o evento, desde a concepção até ao grande dia. E isto implica ter em conta factores-chave como a selecção de fornecedores, a logística, o design, o audiovisual, a comunicação, o marke‑ ting e a atenção aos convidados. Não menos importantes, são as fases de negociação e orçamentação com todas as partes envolvidas. Sendo assim, para pôr um evento de pé, começamos pela recolha do briefing do cliente e discussão dos objectivos iniciais, seguimos para a fase de apre‑ sentação de ideias “fora da caixa” e a negociação com fornecedores e, por fim, o acordo das condições de paga‑ mento e prazos com o cliente. A pergunta que nunca sai da mente do Gestor de Eventos na fase de plane‑ amento é “O que é que pode correr menos bem?” Para que o planeamento seja eficaz é necessário equacionar, em antecipação, as seguintes tarefas: definir o local do evento, decidir sobre o tipo de alimentação, decoração e entrete‑ nimento, disponibilizar transporte de e para o local do evento, disponibilizar

alojamento para os convidados (se necessário) e recrutar o staff necessário e adequado. Todas estas acções dependem da dimensão e tipo de evento. Pode haver então um sem número de detalhes num só evento. Durante o evento há que coordenar e supervi‑ sionar tudo e, no final, não devemos passar ao lado de uma avaliação dos prós e contras. Perceber o que correu bem e o que correu menos bem, ajuda‑nos a não cometer erros em duplicado. Apesar de não haver dois eventos iguais, o mesmo erro pode voltar a ocorrer se não nos ante‑ ciparmos. Esta avaliação é muito simples, basta encontrarmos as respostas para as seguintes perguntas: “O evento correu bem? Conseguimos seguir o guião? As necessidades dos convidados foram cobertas? O staff estava preparado para o evento? O que vamos fazer de diferente no próximo planeamento?” Dependendo da dimensão do evento, também podemos ouvir as opiniões dos participantes. Os elementos do staff terão uma opinião a emitir que não deve ficar esquecida. O Gestor de Eventos tem de ser uma pessoa com capacidade de organização e gestão de tempo, atitude positiva,

atenta ao detalhe, comprometida, com facilidade para a relação interpessoal e mentalmente preparada para lidar com o inesperado. Nem sempre os acon‑ tecimentos inesperados são negativos no evento, mas é importante que saibamos lidar com eles. Cada vez mais as capacidades de gestão de orçamento e negociação são tidas em conta. Uma coisa é garantida, quem trabalha em gestão de eventos não se pode queixar de ter um emprego rotineiro. As semelhanças com os empregos monótonos não existem. As tarefas e responsabilidades do Gestor de Eventos são alteradas diariamente, ao longo da preparação do evento, e são diferentes de evento para evento. Por mais plane‑ amento que se faça, surgem sempre questões inesperadas que precisamos de resolver em poucos minutos. O planeamento deve ser de tal forma claro que permita visualizar o evento da forma mais eficiente e com o maior detalhe possível, desde o início ao fim. Afinal o objectivo de quem organiza um acontecimento é que os participantes o lembrem por muitos anos. Planear os detalhes ajuda o Gestor de Eventos a manter a postura, o sorriso e a boa disposição.

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J o ã o M a r tin s V iei r a Presidente da Secção de Turismo da Sociedade de Geografia de Lisboa


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Turismo: encontros e desencontros

Congresso do Centenário da Institucionalização do Turismo em Portugal O turismo faz 100 anos. Em 16 de Maio de 1911, Bernardino Machado, então ministro dos Negócios Estrangeiros, respondendo aos apelos de quase 1500 congressistas reunidos no IV Congresso Internacional de Turismo na Sala Portugal da Sociedade de Geografia de Lisboa, anunciou a criação da Repartição de Turismo. A partir deste Congresso, convocado pela Federação Franco‑Espanhola dos Sindicatos de Turismo e organizado pela Sociedade Propaganda de Portugal, entrámos na alta‑roda do turismo internacional. Para comemorar esse evento histórico realizou‑se entre 12 e 16 de Maio deste ano, na mesma sala de há 100 anos, o Congresso do Centenário do Turismo em Portugal com o alto patrocínio do Senhor Presidente da República, Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva, e com a presença do então Secretário de Estado do Turismo, Dr. Bernardo Trindade, do Senhor Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa, Prof. Eng.º Luís Aires‑Barros, e do Senhor Presidente do Turismo de Portugal, I.P., Dr. Luís Patrão e com o apoio das institui‑ ções públicas e privadas ligadas ao turismo, das universidades com cursos

de turismo e de gestão de empresas prestadoras de serviços turísticos, e da Sociedade de Geografia de Lisboa que o acolheu. Durante o Congresso foram de grande valia as inúmeras comunicações apresentadas sobre temas ligados ao turismo como: “A relação biunívoca entre a cultura e o turismo” apresentada pelo Dr. Guilherme d’ Oliveira Martins, Presidente do Centro Nacional de Cultura; “Turismo – motor de desenvol‑ vimento económico em Portugal” apre‑ sentada pelo Dr. Luís Patrão, Presidente do Turismo de Portugal, I.P.; “O turismo como ciência” apresentada pelo Prof.

Jafar Jafari, ex‑OMT – Organização Mundial de Turismo e “Turismo, governança e desenvolvimento” apre‑ sentado pelo Prof. João Albino Silva da Universidade do Algarve. Em várias sessões, mesas redondas e painéis discutiram‑se ainda outros temas candentes como “Portugal e o turismo ‑ diferentes olhares”, “As estruturas regionais e locais de turismo: percurso e futuro”, “Os desa‑ fios do turismo em Portugal no século XXI” e “Turismo e estratégias públicas de desenvolvimento”. Este Congresso contou com a parti‑ cipação de centenas de congressistas

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opini ã o . T u r i s mo : encont r o s e d e s encont r o s , po r J o ã o ma r tin s viei r a 88

vindos de todo o país e constituiu o ponto alto das comemorações nacio‑ nais que se prolongam com a reali‑ zação de seminários e exposições nas principais cidades de Portugal (ver em www.centenariodoturismo.org) e que só terminarão no próximo ano.

Duas abordagens ao turismo em Portugal O Congresso do Centenário, sem dúvida importante pelo seu objectivo come‑ morativo, marcou, para além disso, e definitivamente, a separação entre a visão prática e a visão académica do turismo em Portugal, isto é, entre os profissionais do fazer e os profissionais do estudar: tanto quanto é possível saber, só 40% dos conferencistas, isto é, menos de metade, eram profissionais directamente ligados ao sector. De facto, até agora, o turismo tem sido estudado e discutido quase que apenas por profissionais mais directa e profundamente envolvidos no sector (trabalhar no turismo é uma profissão de imersão), nomeadamente na hote‑ laria, nas agências de viagens ou nos transportes, uma discussão feita por vezes de forma demasiado paroquial e quase que em segredo, sobretudo nos seus congressos anuais profissio‑ nais. Os problemas do turismo têm sido discutidos por esses profissionais apenas na medida em que afectam a sua actividade empresarial, nomeada‑ mente a intervenção legislativa impe‑ rial com vista ao crescente controlo do sector pelo Governo, a formação tendencialmente monopolizada pelo Governo, a fiscalidade agressiva, etc., faltando‑lhes uma visão holística do fenómeno turístico. Outros eventos, por mais importantes que sejam, como o Congresso do Centenário do Turismo, não merecem o interesse e a presença desses profissio‑ nais ou dos seus dirigentes. Foi o que, lamentavelmente, aconteceu neste caso.

De alguns anos a esta parte, porém, sobretudo a partir da introdução de cursos de turismo nas Universidades portuguesas, públicas e privadas, surgiu uma nova visão do fenómeno turístico trazida por professores que leccionam matérias de áreas científicas (será o turismo uma área científica autónoma ou a confluência e fusão do saber de várias áreas?) como a economia, a história, a sociologia e a geografia e organização do território. Embora na sua grande maioria nunca tenham trabalhado em actividades profissionais ligadas ao turismo e muitos deles não tenham mesmo feito outra coisa a não ser estudar e ensinar, eles trazem ao estudo do turismo uma nova e importante visão, agora de fora para dentro. É uma visão enriquece‑ dora que faltava e que está a iniciar o seu caminho. Esse conhecimento, porém, não dá aos seus mentores o direito a arrogarem‑se em construtores exclusivos da “ciência do turismo”.

Quando Jafar Jafari, na sua brilhante intervenção “O Turismo como Ciência” apresentada no dia 13 de Maio, chamou a atenção dos congressistas para os cuidados a ter com a chamada “cientificação do turismo”, sabia os perigos que podem surgir em tão difícil caminho.

Em benefício do turismo é necessário e urgente que não se cimente a clivagem entre o mundo empresarial e o mundo académico. Se é certo que a eloquência não é prova ou manifestação de saber, também é certo que o turismo, onde saber é saber fazer, não é apenas um negócio, e tende cada vez mais a sê‑lo cada vez menos.

A procura do ponto de encontro entre estas duas abordagens para, a partir dele, se iniciar um caminho novo para o turismo em Portugal, é o principal desafio que temos todos pela frente nos próximos anos.


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Eventos põem os óculos 3D

O que é que se pretende de um evento? Que seja diferente, com uma mensagem forte e bem percepcionada pelo público e com impacto. Para isso, o investimento em tecnologia tem sido cada vez mais recorrente e as empresas olham‑no cada vez mais, não como um custo, mas como uma aposta com retorno. Dos televisores aos monitores, passando pelos computadores, projectores e, mais recentemente, pelos Tablet PC, são vários o instrumentos que permitem realizar um evento que faça a diferença. E todas as ferramentas são poucas para inovar.


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Mas, num momento em que só se fala em crise e restrições orça‑ mentais, como é que é possível fazer mais com menos? Como é que é possível fazer algo comple‑ tamente diferente, com um budget cada vez mais reduzido? As tecnológicas têm apresentado as suas mais recentes inovações que pretendem despertar as mais diferentes sensações nos seus clientes. No entanto, nem todas são compatíveis com um tímido orçamento. Desde o ano passado que uma das grandes apostas tem sido os equipamentos que permitem ter uma experiência em três dimensões (3D). A realidade tridimensional saiu dos cinemas e agora está nas nossas casas ou à distância de um clique. A LG, uma das fabricantes que tem investido nesta área, considera que a utilização do 3D nos eventos poderá fazer a diferença. “Para a concreti‑ zação de um evento impactante, pela via do entretenimento, a inovação 3D é a principal novidade disponível no mercado. Através desta tecnologia é possível transmitir a mensagem e personalidade de uma marca, utilizando equipamentos como smartphones, monitores e televisores, despertando a curiosidade das pessoas, permitindo bons resultados nas iniciativas reali‑ zadas”, explicou fonte oficial da LG em Portugal à Event Point. Para esta tecnológica, o investimento tem recaído em dispositivos que permitem visualizar o 3D em alta definição (HD), com vista a proporcionar uma maior qualidade de imagem, permitindo igualmente que mais pessoas possam assistir ao visio‑ namento e ter a mesma experiência. Mas, se tem assim tantas vanta‑ gens, o que é que falta ao 3D para

se afirmar no mercado? Ter uma empresa como a Apple a lançar um iPad ou iPhone a 3D? Ter empresas a investirem verdadeiramente em conteúdos? “Existem dois pontos fundamentais na utilização do 3D em produção de eventos, por um lado o apoio à produção, por outro o desenvolvimento de conteúdos para o evento propriamente dito”, detalhou Kevin Barardo, director de produção da Tavolanostra, uma empresa de produção de eventos. Na visão deste responsável é incontornável a utili‑ zação do 3D, nomeadamente na fase conceptual de criação e desenvol‑ vimento. “Na Tavolanostra, apenas vimos vantagens. Desde o momento da faísca inicial até a operação, o 3D é neste momento uma ferramenta tão importante como um processador de texto ou uma folha de cálculo”. Para a Excentric, que trabalha na área do digital, “a grande dificuldade continua a ser a nível do equipamento necessário para assegurar uma boa experiência. É preciso que todos tenham óculos e dispositivos 3D e isso só se consegue em experiências em espaços controlados, o que limita grandemente o número de pessoas que se consegue atingir com uma acção”. Esta situação também faz com que o custo da criação de conte‑ údos se torne muito elevado. “Por isso é difícil convencer uma marca a fazer algo em 3D, com tamanhas limitações ainda existentes”, acrescentou Miguel Figueiredo. Fazendo o balanço, “a tecnologia 3D ainda tem dificuldade em acrescentar realmente muito valor ao que se consegue fazer em 2D, com excepção de alguns “truques” de ilusão de óptica”. Por outro lado, Kevin Barardo também alerta para a importância de utilizar o 3D no plano do desenvolvimento e planificação, uma vez que se não se recorrer a esta tecnologia arrisca‑se a perder “a capacidade de visualização e o rigor dos trabalhos, o que necessa‑ riamente se traduz em menos controlo dos custos”. O director de produção

da Tavolanostra alertou ainda que “no plano dos conteúdos para o evento, a não utilização do 3D traduz‑se numa perda de competitividade. Qualquer empresa que queira posicionar‑se no mercado de eventos, tem necessaria‑ mente que disponibilizar um vasto leque de produtos nesta área, veja‑se por exemplo a explosão que o vídeo mapping teve nos últimos anos”. “Um pouco por todo o mundo estão a desenvolver‑se iniciativas tendo com base a experiência do 3D, centrados por exemplo no gamming, nos quais se cria uma maior aproximação com o público através da interacção”, sublinhou fonte oficial da LG Portugal. A marca, recentemente, participou no primeiro projecto de filmagem colaborativa do concerto dos Jane’s Addiction, nos EUA, com a transmissão em directo no Youtube e captada através do smar‑ tphone da LG Maximo 3D. Das 1500 pessoas que assistiram ao concerto, cerca de 100 recolheram imagens 3D que vão ser editadas. Miguel Figueiredo admitiu que os clientes estão “cheios de vontade” para organizar eventos em 3D, “mas encon‑ tram muitas resistências, por causa dos custos associados”. Já quanto ao futuro o CEO da Excentric mostrou‑se cauteloso. O 3D “para poder ser visto como algo que acrescenta valor para as marcas, é preciso ainda a tecnologia dar mais um salto (por exemplo, fusão com realidade virtual). Até lá é natural que vejamos uma adopção ‘morna’ do uso da tecnologia, que acompanha o esforço feito pelos fabricantes dos equipamentos em torná‑la mains‑ tream e substituta do actual 2D”. Com uma utilização ainda tímida, o mercado 3D tem vindo a crescer ano após ano e as perspectivas são opti‑ mistas. É estimado que o mercado de televisores em 3D alcance os 31 milhões de unidades vendidas no próximo ano, número que compara com os 6,8 milhões previstos para este ano. Dentro de sete anos, este número deverá aumentar para quase 200 milhões de

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unidades em 2018, segundo os últimos dados disponibilizados pela consultora Insight Media. Mas, este mercado não se cinge aos tele‑ visores, quando falamos em monitores, muito utilizados em eventos, a previsão aponta a que se chegue aos 10 milhões de unidades em 2018, um aumento face aos 40 mil vendidos em 2009. Já no que toca aos notebook em 3D, os números passam de 66 mil, em 2009, para 17,7 milhões dentro de sete anos. E se actualmente os smartphones ainda estão pouco explorados nos eventos, a tendência é que se registe um aumento, nomeadamente para que sirvam como instrumento de inte‑ racção com os monitores. Neste campo, a mesma consultora prevê que sejam comercializados um total de 71 milhões de smartphones com 3D. Actualmente, a LG foi a fabricante a apostar nesta tecnologia para telemóveis, onde o 3D é vivenciado através da profundidade da imagem, o que faz com que não sejam necessários óculos especiais.

A tecnologia esta aí, os disposi‑ tivos também e outros surgirão, faltam ainda conteúdos, alguma massificação para que os custos se reduzam e que os diferentes players de mercado encontrem no 3D um verdadeiro instrumento revolucionário.

O que é o 3D?

Os dispositivos

A terceira dimensão não existe, é apenas uma ilusão da mente. Isso é possível graças à estereoscopia, ou seja, à projecção de duas imagens, da mesma cena, em pontos de observação ligeira‑ mente diferentes. E o seu cérebro, auto‑ maticamente, funde as duas imagens numa e, nesse processo, obtém informa‑ ções quanto à profundidade, distância, posição e tamanho dos objectos, gerando uma ilusão de visão em 3D. Assim, as imagens 3D são imagens de duas dimensões elaboradas de forma a proporcionarem a ilusão de terem três dimensões. Qualquer representação gráfica de um objecto apresenta‑se com duas dimensões ‑ 2D (altura e largura), mas com o auxílio de óculos especiais que transmitem uma imagem diferente para cada olho, assim alterando o ângulo de cada um deles e fazendo com que o cérebro crie a ilusão de profundidade, ou com o auxílio da computação gráfica entre outros recursos, pode‑se fazer com que a figura dê a impressão de apresentar, também, profundidade, o que dá maior semelhança com o objecto represen‑ tado, como descreve a Wikipedia.

Durante muito tempo, o 3D estava reservado ao cinema. Se quiséssemos ter uma experiência diferente em 3D, só no grande ecrã era possível. Mesmo assim, desde a década de 50, quando surgiu o primeiro filme a 3D, as produ‑ toras não apostaram em grande escala. Só com o Avatar de James Cameron é que houve uma explosão cinematográ‑ fica a três dimensões. Agora, o investimento está a ser alar‑ gado a outros dispositivos. Fabricantes como a Sony, LG, Toshiba ou Samsung apresentaram os seus primeiros protó‑ tipos de televisores em 2009. Dois anos depois, já é possível ir a qualquer retalhista e encontrar uma oferta diferenciada destes aparelhos a 3D. O preço e a falta de conteúdos ainda são o grande óbice à compra, mesmo com as empresas a argumentarem que um televisor a 3D é o melhor televisor a 2D que poderá ter. Ainda no campo das grandes imagens, empresas como a Sony têm também lançado projectores que permitem ter uma experiência de cinema mais realista na sua casa. E mesmo estando a dar os primeiros passos ao nível da televisão, as fabri‑ cantes já lançaram os primeiros note‑ books e smartphones a 3D. A LG, por exemplo, já tem um portfólio completo. Contudo, desconhece‑se qual é o verdadeiro sucesso deste segmento.

A primeira experiencia 3D no cinema ocorreu nos EUA, em 1952. Os óculos ainda eram de papelão, com lentes coloridas, mas na altura causou muito furor, segundo os relatos da época.

Ana Godinho (agodinho@eventpoint.com.pt)


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A imaginação é o limite E se os outdoors não se limitassem a ser espaços estáticos, imutáveis e sem interactividade com os consumidores? Se fossem capazes de apelar aos sentidos e de surpreender quem passa ou quem é convidado para determinado evento? Cartazes com locomotivas de onde sai fumo verdadeiro ou garrafas de onde sai líquido que pode ser provado por quem está por perto já fazem parte da realidade, por incrível que pareça. O que pode parecer ficção científica é já uma realidade feita com tecnologia nacional. A Outmind é uma empresa portuguesa especializada em sinalética digital interactiva, capaz de interagir com o público e transmitir informação nos dois sentidos, criando conte‑ údos informativos e publicitários que podem sofrer adaptações, reagindo a estímulos externos; simultaneamente captam informações estatísticas sobre visualizações dos anúncios e compor‑ tamento do público e geram relatórios que são transmitidos de cada terminal para a central, dando assim ao anun‑ ciante o feedback imediato por parte dos consumidores. Nuno Fradique Vieira, director de I&D e co‑fundador da Outmind, falou à Event Point sobre a empresa, que começou a ganhar forma em 2006, quando vários sócios fundadores faziam um MBA na Universidade Nova de Lisboa: “Todos tínhamos já

uma experiência profissional rele‑ vante e acreditávamos que as nossas carreiras evoluiriam para a criação de um projecto próprio, numa área relacionada com o marketing e as novas tecnologias de informação e comunicação. Só que, nessa data, não sabíamos ainda o que viria a ser...”. Mas não tardou a que percebessem que o caminho passaria pela utilização de novas tecnologias em Marketing Exterior, algo que era absoluta‑ mente inovador: “Quando iniciámos o projecto, suspeitávamos que o Marketing Exterior (out‑of‑home, ou OOH) não estava a tirar partido dos desenvolvimentos tecnológicos mais recentes e que haveria espaço para um novo player que reunisse competências em ambas as áreas”, lembrou. “O passo seguinte foi validar essa hipótese, contactando bastantes pessoas ligadas ao Marketing, principalmente em Portugal e no Brasil, onde esta área está bastante desenvolvida, e percebendo as suas necessidades. Confirmámos que existiam carências que não estavam a ser atendidas – por exemplo, como chamar a atenção do público de uma

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forma mais inovadora e divertida, num mundo dominado pelo excesso de estímulos visuais e auditivos”. Nuno Fradique Vieira lembra‑se que “daí até à criação dos primeiros protó‑ tipos foi mais um passo, óbvio, mas trabalhoso”.


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Depois de realizado um estudo de mercado seguiu‑se a fase de desen‑ volvimento tecnológico, uma etapa que demorou ainda cerca de três anos. “Nesse período, desenvolvemos três produtos diferentes, mas complemen‑ tares: um gerador de efeitos especiais reais, que pode ser aplicado em ecrãs de Sinalética Digital (OutElements), um dispositivo electrónico para veículos, que pode interagir com o GPS e permitir que os conteúdos variem consoante a posição geográfica (OutMobil) e um sistema de interacção com o público, através de reconhecimento de gestos e do telemóvel, que elimina a neces‑ sidade de “tocar no ecrã” (OutFace). Também foi necessário desenvolver de raiz um software de gestão de conteúdos (OutShow) que suportasse todas as inovações anteriores”. O responsável da Outmind consi‑ dera que “a receptividade do público tem sido excelente”, mas sublinha: “Somos uma empresa B2B, pelo que os nossos clientes são os profissio‑ nais dos sectores de Marketing e de Comunicação Corporativa e é a esses que estamos a apresentar as nossas soluções em primeiro lugar. Por exemplo, o sistema OutElements permite fazer sair líquidos de ecrãs de TV. Agora, se essa tecnologia vai ser usada para encher um copo com sumo de laranja (real ou simulado) ou para molhar o espectador com salpicos (reais) de uma onda (filmada) que rebenta na praia, é algo que deve ficar ao critério e à imaginação dos criativos. “São eles que precisamos de surpre‑ ender e conquistar inicialmente, para que no futuro incorporem as nossas tecnologias nas suas campanhas”. Nuno Fradique Vieira salienta também o “feedback positivo por parte dos organizadores de eventos”, mas consi‑ dera que existe ainda “algum desco‑ nhecimento em relação ao potencial das soluções”. “Os ecrãs equipados com o sistema de efeitos especiais reais (fumo, líquidos, aromas, etc.), ou a projecção de imagens em superfícies

transparentes (criando um efeito tipo “holograma”), podem ser usados para diferenciar um determinado evento ou produto, chamando a atenção do público através do efeito novidade/ surpresa. Por outro lado, é possível instalar soluções menos vistosas, mas mais úteis. Por exemplo, numa feira ou exposição, é possível que conte‑ údos informativos “acompanhem” um visitante que o deseje, saltando de ecrã em ecrã à medida que a pessoa se desloca pelo recinto. Tudo isto, de forma interactiva – o sistema poderá guiar o visitante para uma área ainda não percorrida, e este poderá pedir ao sistema um mapa do percurso para o WC mais próximo”, explica. Um facto relevante, sobretudo numa altura de crise, é que estas soluções podem ser instaladas sobre equipamentos já existentes, quer se trate de quiosques multimédia, quer de televisores fixos, pelo que o investimento a realizar é significativamente menor. As contenções de custos já chegaram à indústria dos eventos, mas Nuno Fradique Mendes considera que “a crise é sinónimo de oportunidade”: “Quando é preciso fazer‑se mais com menos, temos que recorrer à inte‑ ligência e utilizar melhor os nossos recursos. Fazendo um marketing sagaz e bem direccionado para o público‑alvo, é possível obter‑se um maior impacto no consumidor, gastando menos dinheiro”. Mas para obter este impacto no consumidor, há que perceber que a Sinalética Digital é bastante diferente da publicidade estática. “Existem dois mercados distintos: o mercado de meios, onde uma empresa detém uma rede de ecrãs e obtém os seus proveitos através da venda de tempo de publicidade a anunciantes (tal como acontece com os outdoors e os MUPI); e a TV corporativa, onde uma empresa/ marca utiliza ecrãs nas suas instalações para comunicar com os seus próprios clientes”, explica. “No primeiro caso, a fase inicial da Sinalética Digital foi um

fracasso, porque o modelo de negócio estava errado e os conteúdos não eram apropriados a este novo canal. Enquanto que num outdoor a publi‑ cidade é estática (isto é, está presente durante 100% do tempo), numa rede de Sinalética Digital é indispen‑ sável que pelo menos 60% da grelha de programação seja ocupada com conteúdos informativos, interessantes para o público. A qualidade (e conse‑ quentemente o custo) desses conteúdos é determinante para a angariação de anunciantes. Como foram investidos montantes significativos em redes de ecrãs, sem acautelar a qualidade/ custo dos conteúdos não publicitá‑ rios e sem avaliar se os anunciantes estariam dispostos a usar este novo canal, muitos projectos falharam e isso criou algumas percepções negativas associadas a este meio. Esta atitude é compreensível, mas não corresponde à realidade. A verdade é que a Sinalética Digital veio para ficar e irá substituir gradualmente os outdoors e os MUPI. É necessário aproveitar as suas vanta‑ gens, que são muitas, e não repetir os erros cometidos”. Já no que respeita ao segundo caso, “embora vários estudos indiquem que sistemas de Sinalética Digital bem concebidos, no ponto de venda, aumentam em cerca de 100% as compras por impulso, tal pode não ser óbvio para um responsável de marke‑ ting que precisa de tomar a decisão de adoptar ou não este sistema e que depara, no seu dia‑a‑dia, com apli‑ cações de Sinalética Digital bastante pobres que mais não fazem do que passar vídeos”. “É necessário melhorar a percepção da Sinalética Digital, despertando os potenciais utilizadores para as vantagens que ela oferece quando os projectos são correcta‑ mente planeados e executados. Para isso, é preciso aumentar a qualidade das soluções tirando partido de todo o seu potencial, designadamente da sua superior capacidade de chamar a atenção, da sua interactividade e da

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possibilidade de alterar instantanea‑ mente a mensagem difundida numa rede de ecrãs. Esta última característica permite, por exemplo, a realização de “promoções‑relâmpago”, onde um determinado produto está dispo‑ nível a um preço especial durante um curto período de tempo (horas ou até minutos), atraindo o cliente para a loja e fomentando outras compras por impulso. Isso seria impossível através de meios exteriores estáticos, como outdoors ou MUPI”. As soluções apresentadas pela Outmind são inusitadas e por isso já criaram situações bastante divertidas. “Tenho assistido a situações muito engraçadas, como a da senhora que decidiu espreitar por baixo de um ecrã, para ver de onde saía o “whisky”, exactamente no momento em que o líquido recomeçou a jorrar... ou como a do senhor que exclamou, assustado: “cuidado, está ali um televisor a deitar fumo!”, conta. Para além de surpreender e divertir, a tecnologia usada pela Outmind pode igualmente ser aplicada ao dia‑a‑dia, facilitando a vida dos consumidores ao mesmo tempo que promove a difusão de conteúdos informativos, publici‑ tários ou turísticos:” No ano passado efectuámos um projecto‑piloto muito interessante, em Coimbra, no interior de autocarros do grupo Joalto‑Transdev. Instalar sistemas de Sinalética Digital em veículos apre‑ senta desafios técnicos complexos, mas também oportunidades extraor‑ dinárias: por exemplo, é possível usar a informação do GPS para difundir conteúdos (publicitários ou informa‑ tivos) que variam consoante a posição do veículo! Para além do interesse comercial e turístico, este sistema também pode ser utilizado para servir passageiros com necessidades especiais – por exemplo, comunicando automa‑ ticamente, de forma visual e audível, o local da paragem seguinte”. A Event Point desafiou Nuno Fradique Mendes a revelar uma ideia que ainda

não tenha sido posta em prática, mas que a empresa gostasse de desen‑ volver: “Responder a esta pergunta é um pouco como “entregar o ouro ao bandido” – mas vamos lá. Uma das ideias que estamos a trabalhar consiste no “provador interactivo com acesso a redes sociais”. Trata‑se de um equipa‑ mento estilo “quiosque” ou “cabina”, dotado de um ecrã táctil, uma câmara de vídeo 3D e uma ligação à Internet, que poderá ser instalado em lojas de roupa ou acessórios de moda para o público jovem. Um cliente poderá experimentar (real ou virtualmente) uma determinada peça que deseje comprar e partilhar instan‑ taneamente com os amigos a respectiva foto, no Facebook, recebendo poucos segundos depois as opiniões da comu‑ nidade (Gosto/Não gosto). “Mais do que impulsionar aquela venda em particular, esta solução permitirá uma enorme visibilidade da marca/ loja em questão, devido à divulgação “viral” das fotos e da propaganda associada”, sublinha.

Projectos futuros A Outmind quer apostar na internacio‑ nalização, mas como se trata de uma empresa de pequena dimensão, essa ideia ainda não foi totalmente conse‑ guida: “Curiosamente, até agora, foram os estrangeiros que vieram até nós, em alguns casos através de contactos pessoais, noutros através da própria Internet. Recebemos já três propostas de parceria muito interessantes de empresas que operam no Brasil, em Angola e na África do Sul. Temos confirmado que é relativamente fácil entrar nos mercados “convencionais” (países lusófonos, pela proximidade cultural, e Espanha, pela proximidade geográfica) e relativamente difícil entrar nos outros países”, revela. A empresa tem estado igualmente a trabalhar num consórcio com o Instituto Superior Técnico com vista a desenvolver uma tecnologia para determinar em tempo real o número de

pessoas que visualizam determinada mensagem e perceber os percursos dos consumidores. “O consórcio com o Técnico foi formalizado em Março de 2011 e estamos na fase inicial do projecto, mas já com resultados enco‑ rajadores. Pretendemos vir a ter alguns protótipos para teste ainda este ano, que permitirão saber rigorosamente (ao segundo!) quantas pessoas olham para um determinado painel publici‑ tário e como se deslocam em espaços públicos – obviamente, respeitando a privacidade individual de cada um. Esta tecnologia fica ainda mais inte‑ ressante quando associada a painéis de Sinalética Digital, pois será possível cruzar as informações de ambos os sistemas: por exemplo, poderemos saber qual a audiência no início, no meio e no fim de uma determinada peça publicitária, o que permitirá avaliar muito melhor a reacção do público à comunicação e melhorar a sua qualidade”. “Acreditamos que esta tecnologia irá mudar radicalmente a forma como a comunicação out‑of‑home é produzida e vendida. As métricas OOH actuais são baseadas em inquéritos e amostragens, que são dispendiosas e pouco rigo‑ rosas. Esta inexactidão parece agradar a quem explora o canal, que prefere dizer que “muita gente vê” do que “10000 pessoas vêem”. Quem vende o espaço receia que se verifique que afinal não são 10000 pessoas, mas apenas 1000 ou 100. Pessoalmente, acredito que maior rigor na obtenção de métricas interessa a todos: por um lado, os anunciantes (e incluo nesta categoria os departamentos de marketing das empresas e as agên‑ cias de publicidade) podem segmentar e dirigir melhor as suas campanhas; por outro lado, as agências de meios que exploram o canal poderão passar a cobrar valores “premium”, ao trocarem a quantidade incerta pela qualidade certa. Todos ganharão com isso, conclui. Olga Teixeira (oteixeira@eventpoint.com.pt)


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U m n o v o e s pa ç o pa r a e v e n t o s n a cidade do Porto

Os encontros na farmácia são uma instituição da sociedade portuguesa. Lá se fica a saber qual o melhor medicamento a tomar, mas também é ponto de encontro de vizinhos, amigos e conhecidos para pôr a conversa em dia.


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A Associação Nacional de Farmácias (ANF) quer levar este conceito para outro nível. O novo edifício da ANF, no Porto, apropriadamente chamado “Meeting Center” propõe‑se ser um espaço para reuniões, congressos e formações, não só na área farmacêu‑ tica, mas para quem precisar de um espaço que a ANF diz ser “diferente”. O espaço, na Zona Industrial do Porto, tem um auditório para 278 pessoas e inclui todos os serviços e equipa‑ mentos técnicos, incluindo cabines de tradução, necessários para realizar congressos. Segurança, piquetes de limpeza e assistência técnica fazem parte da oferta do espaço. A ANF disponibiliza ainda salas de reunião – um total de seis ‑ cujo formato pode ser reconfigurado de

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acordo com as necessidades dos promotores dos eventos. O edifício está ainda preparado para receber formações, com cinco salas de vários tamanhos e capacidades. Os promotores de eventos no edifício da ANF podem ainda solicitar serviços de catering e restauração, incluindo um “kit” de banquetes. Ou mesmo requisitar um cocktail no Museu da Farmácia, que tem em exposição elementos que datam desde os tempos em que apareceram os primeiros vestí‑ gios de vida na terra até ao mapea‑ mento do ADN. O edifício foi inaugurado em Novembro de 2010 e conta com dez pisos, que incluem a logística e distribuição da Alliance Healthcare, um parque de estacionamento com 570 lugares,

o museu, o auditório, as salas, um restaurante panorâmico e a empresa Glintt, de tecnologias de informação. A ANF consegue assim rentabilizar o edifício com outras actividades. E promete dinamizar a indústria de congressos e eventos no Porto.

A gestão dos espaços para eventos está a cargo da Leading que disponibiliza ainda uma série de serviços complementares sob consulta.

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© nomad

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Empresas à aventura Partir à aventura pode não ser uma vontade única e exclusivamente pessoal. Pode muito bem ser também uma recompensa de uma empresa pelos resultados obtidos ou até a forma que um grupo empresarial encontrou para reforçar o espírito de equipa. A Nomad é uma agência de viagens, sedeada no Porto, que promove vários tipos de actividades, também para empresas. “A Nomad elabora pacotes à medida das necessidades e objec‑ tivos de cada empresa. Actualmente temos um grupo de 15 viajantes de uma empresa na Mongólia”, exemplificou Tiago Costa, um dos sócios da agência. E são muitas as actividades que podem ser sugeridas. A Nomad “promove actividades de trekking (percorrer uma montanha a pé), de aventura (fazer rafting, percorrer África num camião todo‑o‑terreno e tudo o que envolver muita adrenalina), de safari e vida selvagem (focado na vida animal e

observação da natureza) e de descoberta cultural (com enfoque na interacção com a cultura local)”. A empresa só tem de escolher o que pretende. “Neste momento sentimos que a melhor abordagem é realizar programas ‘à medida’, que vão de encontro às necessidades de cada empresa. Seja um programa para compensar uma equipa que atingiu os objectivos propostos, ou então uma experiência para solidificar o espírito de equipa”, refere Tiago Costa à Event Point. Através da Nomad é possível sentir a Índia de perto, aventurar‑se entre a Patagónia e a Terra do Fogo, explorar os Picos da Europa, atravessar o

Sudeste Asiático, entre tantas outras experiências pelo Brasil, Tibete, Nepal, Uganda,... A agência de viagem nasceu em 2006, por iniciativa de Tiago Costa e de Pedro Gonçalves. “Tanto eu como o Pedro já trabalhávamos como guias de viagens e sentíamos que havia espaço no mercado para criar este foco: viagens de aventura, acompa‑ nhadas por guias portugueses, que dominassem não só o país de destino mas também alguma área específica – trekking, safari, fotografia”, entre outras. O desafio está lançado. Mais informações em www.nomad.pt. Maria João Leite (mj@eventpoint.com.pt)


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Shortcutz Os festivais não se medem aos palmos Muito menos este, que é dedicado às curta‑metragens, mas tem o mérito de se realizar todas as semanas. Sim, leu bem, todas as semanas, e além disso foi capaz de se projectar no país e no estrangeiro. Começou em Lisboa, em Janeiro de 2010, estendeu‑se ao Porto e a Londres, em Outubro desse ano, e chegou a Berlim em Fevereiro de 2011. Prometem‑nos que não vai ficar por aqui. Esta internacionalização, que pode até parecer surpreendente, tem sido feita pela mão de estrangeiros que assistiram ao Shortcutz e quiseram levar a experiência para os respectivos países.

O modelo é o mesmo. Cada sessão, gratuita e aberta a todos, tem duas curtas em competição e uma outra convidada (nacional ou estrangeira), sempre com a presença dos realiza‑ dores, da equipa técnica ou de progra‑ madores de festivais de cinema que conversam, discutem com o público. As curtas têm de ter menos de um ano e não podem exceder os 15 minutos. No final de cada mês, o júri Shortcutz de cada cidade escolhe a vencedora desse mês. Todos os anos é organizada uma gala Shortcutz, e cada júri escolhe os vencedores em diferentes categorias,

Shortcutz Lisboa . Terças, 22h, Bar Bicaense Porto . Quartas, 22h, sala 2 do Hard Club Berlim . Quintas, 20h30, Filmkunst Bar Londres . Domingos, 19h30, Proud Camdem

desde a Melhor Curta até à Melhor Curta Experimental. Mais do que um festival assumida‑ mente urbano, o Shortcutz quer ser uma revolução no modo como se discute e vê cinema, tornando‑se parte indissociável da vida criativa, cultural e artística das cidades que o acolhem. Pretende ainda apoiar e estimular a produção de filmes, dando visibilidade, fazendo circular pelo mundo criadores talentosos e as suas obras. O crítico de cinema e documenta‑ lista Rui Pedro Tendinha, em Lisboa, e a jornalista, autora do magazine Fotograma, Luísa Sequeira, no Porto, são dois dos rostos mais visíveis do Shortcutz, uma iniciativa do projecto LABZ, dirigido pelo produtor e reali‑ zador Rui de Brito. Se quiser saber mais sobre o Shortcutz há diversas páginas que lhe são dedi‑ cadas em blogues e nas redes sociais, Twitter, Facebook, MySpace, Vimeo, Youtube, Flickr, etc.

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C o n s u lt ó r i o d e protocolo

Nesta edição do Consultório de Protocolo, uma secção que conta com o contributo das especialistas Susana de Salazar Casanova e Cristina Marques Fernandes, os temas em foco têm que ver com a tecnologia e a fotografia de família. As perguntas foram enviadas pelos leitores através do site www.eventpoint.com.pt. Numa época em que os eventos se tornam cada vez mais complexos do ponto de vista tecnológico, quais são os principais desafios do protocolo? TC, Lisboa

Concordamos inteiramente com a asserção de que cada vez mais os eventos se tornam complexos, e acres‑ centaríamos que não só do ponto de vista tecnológico. Face a esta afir‑ mação, o desafio do protocolo deve ser focar‑se num conceito: flexibilidade. Na maior parte dos eventos, já não existe nem espaço, nem tempo, nem tão pouco orçamento que permita o desenrolar de sofisticados cerimoniais. Contudo, isto não descarta o protocolo, muito pelo contrário: o desafio torna‑se ainda maior. Entendemos que, num evento, o protocolo é uma das peças fulcrais (e não raramente invisível!) de um complexo “puzzle”, que tem como missão principal estabelecer a orde‑ nação de pessoas e símbolos, além de atribuir a cada um dos participantes o lugar que efectivamente lhe corres‑ ponde, grande parte das vezes através de uma linguagem simbólica, mas capaz de transmitir mensagens fortíssimas. Ao protocolo cabe, ainda e também,

transformar um simples evento num acontecimento impactante para os seus participantes, por exemplo, e só para citar alguns aspectos, na correcta escrita de um convite, no tratamento a atribuir a convidados (entidades oficiais, mas não só) ou nas sensíveis questões relacionadas com a multicul‑ turalidade (designadamente o respeito por outras etnias, religiões e culturas). Em suma, em eventos tecnologica‑ mente simples ou complexos, o proto‑ colo deverá estar sempre presente, devidamente ajustado ao contexto espacial, temporal e social. Há programas informáticos especí‑ ficos que possam ajudar na elabo‑ ração do seating? LC – Lisboa Existem vários softwares disponíveis no mercado que podem ser utilizados em eventos com refeição, para facilitar algumas das tarefas dos gestores de eventos. Estas actividades podem ser acções simples como: gerar a disposição de uma sala em função da dimensão do espaço, do número de convidados, do tipo de mesa escolhido e do número de comensais definido por mesa. Acresce que estes sistemas apresentam

ainda o melhor layout conjugando todos os demais elementos que são precisos nesse espaço: mesas, cadeiras, mesas de buffet (se aplicável), plantas ou outros elementos decorativos, ecrãs, material de som e vídeo, local para a régie e câmaras de televisão… e, ainda, o espaço para a circulação dos convi‑ dados e da brigada. Alguns programas são úteis para proporcionar uma visão abrangente da sala, dando uma perspectiva quase “real” de como vai ficar a sala, no momento do acontecimento. Facilitam igualmente os testes com vista à optimização do espaço, o que pode ser um factor relevante para proporcionar ao cliente uma visão global do evento. Outros softwares são úteis para testar diversos tipos de mesa em função do número e tipo de convidados, com o objectivo de seleccionar a forma mais harmoniosa de distribuir os comensais, mediante os objectivos que o anfitrião pretende alcançar. Outra das mais‑valias das ferramentas informáticas é o facto de disponibili‑ zarem ao utilizador uma lista actualizada de participantes e de a poderem utilizar para várias funções: ordenar os convi‑ dados por mesa (atribuindo um número


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eventos de cariz social onde, à partida, não é obrigatório ter em atenção o cargo que esse convidado desempenha. Sou estudante, gostaria de esclarecer o seguinte: quais são regras para a fotografia de família de um evento, de estado e corporativo? LC ‑ Lisboa

ou um nome como identificação) e por ordem alfabética; sentar casais; visua‑ lizar com rapidez a localização de convi‑ dados VIP, de pessoas da mesma orga‑ nização e ainda de perceber, através dos esquemas gráficos, onde estão homens e mulheres, já que é possível atribuir cores a cada perfil de convidados. Pode ser pertinente quando se gerem eventos com um número grande de participantes e facilita, também, o ajustar de respostas tardias e consequentemente o organizar, perto do acontecimento, os convidados. Num banquete, com participantes de diversas nacionalidades ou regiões do globo, coloca‑se o desafio da gestão das várias opções em termos de menu. É preciso identificar com facilidade onde, em cada mesa (e até em que lugar na mesa), se encontra a pessoa com estes requisitos alimentares – alergias, os “vegan” ou os vegetarianos; também e no âmbito religioso, alimentação “kosher”, ou “halal”, por exemplo. O software disponibiliza uma ficha, por convidado, com informação variada que permite, de forma expedita, resolver a questão. Em relação ao seating de altas enti‑ dades oficiais não é possível fornecer uma conclusão clara e objectiva da funcionalidade ou não destes sistemas, já que não foram estruturados conside‑ rando a realidade portuguesa. É neces‑ sário que o programa conheça as regras e as diversas variáveis. Estes programas destinam‑se, na sua grande maioria, a

Os aspectos a ter em consideração na realização da designada “fotografia de família” são muitíssimo importantes tendo em conta algo inquestionável: a fotografia é, além das memórias pessoais, o que maioritariamente perdura após um evento. Assim, acauteladas as devidas questões técnicas no que diz respeito à perícia fotográfica (que aqui não cabe referir) devem ter‑se em conta alguns factores: que o local (“photo call”) seja emble‑ mático e tenha inscrita alguma refe‑ rência ao evento (como, por exemplo, a respectiva designação mas também, e se possível, lugar e data); que o anfitrião, convidado de honra e demais convidados relevantes (na impossibili‑ dade da participação de todos) estejam presentes, aparecendo na fotografia de forma visível (para o que poderá ser necessária a utilização de degraus) e, por fim, mas muitíssimo importante, que os convidados se posicionem de acordo com a respectiva ordem de precedência (para tal, e se em pequeno número, poderão ser encaminhados por alguém da organização do evento e/ou do protocolo ou, e se em grande número, haverá no chão um pequeno papel com a respectiva identificação, por exemplo o nome, o cargo oficial, a instituição ou o país a que a pessoa pertença de modo a que o participante rapidamente identifique o seu lugar). Num evento, como agir em termos de sinalética, acompanhamento de pessoas cegas? GB ‑ Porto A sinalética desempenha um papel preponderante no âmbito de qual‑ quer evento, sendo indispensável

independentemente do tipo de convidados. Deve ser planeada com a preocupação de ser entendida num conjunto global do espaço ou do evento. As funções esperadas são: informar, orientar, guiar, conduzir e encaminhar os convidados. É necessária para dar indicações e, por exemplo, informar sobre um percurso, quando se deseja que os convidados se desloquem para uma sala específica, ou para encami‑ nhar para a área da restauração. Por todas as razões apresentadas, a sinalé‑ tica deve ser de fácil leitura e interpre‑ tação, em especial no uso de símbolos. Além de clara, deve ser apelativa, intui‑ tiva e facilmente esclarecedora já que é essencial para guiar os convidados, sem demoras. Na maioria dos eventos, a informação é dada através da colocação de exposi‑ tores, sinais verticais, de parede, hori‑ zontais ou de chão. Adicionalmente, a voz‑off deve fornecer informação complementar com vista a facilitar a circulação no recinto. Quando o evento inclui a participação de um número significativo de convidados cegos, ou quando a entidade anfitriã assim o designe, é preciso adaptar a sinalética. Dependendo do espaço, podem colocar‑se expositores e sinais de parede com o texto também em Braille. Além desta possibilidade, existem os sinais de chão ou de piso táctil. Estes são impres‑ cindíveis e um elemento importante como facilitador da mobilidade, tendo ainda a função de ajudar as pessoas cegas ou as de baixa‑visão. Podem ser usados quer no exterior nas zonas de acesso, por exemplo, ou no interior. Igualmente para utilização interior ou exterior, existe a opção do mapa táctil, disponibilizando as indicações pretendidas. Os textos são apresentados em Braille, em alto‑relevo, permitindo‑lhes obter informação, através das mãos e dos dedos. Um ponto fundamental é o local onde a sinalética é colocada já que esta é determinante para garantir que os objectivos informativos são alcançados.

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barlavento algarvio SOL, PRAIA E NEGÓCIOS

Com o aumento de infra‑estruturas para diversos tipos de eventos e o reforço da capacidade hoteleira, o Barlavento algarvio tem procurado dar resposta às necessidades do sector do turismo de negócios, mostrando‑se capaz de oferecer mais do que sol e mar…


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Sol, praia, areias quentes, falésias, águas transparentes, serras, patri‑ mónio, gastronomia e natureza … Assim se caracteriza o Barlavento algarvio. O turismo é a alavanca de toda a costa do Algarve, movido pelo clima quente e pelas paisagens que conquistam milhões de turistas. Por ser a maior cidade da região, Portimão é muitas vezes denominada a capital do Barlavento algarvio, que é ainda composto pelos municípios de Albufeira, Aljezur, Lagoa, Lagos, Monchique, Silves e Vila do Bispo. Poucos anos passaram entre a pequena terra de pescadores e a cidade moderna de hoje em dia, onde não falta oferta hoteleira de referência, restauração de qualidade e entretenimento. O Barlavento algarvio tem mais para oferecer do que o calor da época alta. Tem infra‑estruturas capazes para acolher vários tipos de eventos, congressos e incentivos, dando resposta, em qualquer altura do ano, ao que cada vez mais o sector da meetings industry (MI) solicita a cada região do país.

CONDIÇÕES PARA “EVENTOS DE SUCESSO” “Para além de deter o espaço com maior capacidade do Algarve para eventos indoor, Portimão é hoje um destino preparado para receber todo o tipo de eventos MI e com uma oferta bastante diversificada ao nível de actividades complementares, capazes de satisfazer os turistas de negó‑ cios”, começa por dizer à Event Point Luís Carito, presidente da Comissão Executiva da Portimão Urbis, SGRU, EM, SA., que gere o Portimão Arena, um pavilhão multiusos de referência na região, moderno e polivalente, capaz de acolher vários tipos de eventos indoor ao nível do segmento MI, reuniões, congressos e outros corporate events. O responsável sublinha a oferta cultural e patrimonial – lembrando,

entre outros, os monumentos megalí‑ ticos de Alcalar e o Museu de Portimão –, a gastronomia variada e para todos os gostos, que pode ir “dos restau‑ rantes de sardinha assada e cozinha regional junto ao Rio Arade até aos restaurantes de cozinha internacional na Praia da Rocha”, e ainda todo um leque de actividades de lazer, que passa pela “renovada Praia da Rocha, que encabeça os cerca de oito quilómetros de praias de areias douradas nas quais os visitantes podem praticar os mais diversos desportos náuticos”. Além disso, ainda há golfe, pára‑quedismo, track experiences e actividades de team- building, conta Luís Carito. De acordo com Paulo Pinheiro, admi‑ nistrador do Autódromo Internacional do Algarve (AIA), “Portimão é uma cidade em movimento que, após uma estratégia clara de marketing territo‑ rial, tem consolidado a sua presença no mercado nacional e internacional como um destino de eventos”. A cidade “reúne todas as condições para um evento de sucesso, desde as infra‑estruturas à segurança, às acessibilidades, ao complemento de alojamento com variados hotéis de grande qualidade, bem como à componente de animação que faz desta a cidade mais activa do Algarve”, tendo o golfe, segundo o responsável, um papel importante “como complemento à realização de eventos”. No mesmo sentido segue a opinião de Susana Araújo, PR e Marketing Executive do Le Meridien Penina Golf & Resort. A responsável enumera como vanta‑ gens desta região o tempo ameno “que dura basicamente o ano inteiro”, as várias praias com Bandeira Azul, equipamentos como o Autódromo Internacional do Algarve, que se situa a nove quilómetros e que atraiu “um novo segmento de público”, Outros espaços direccionados para a realização de eventos, o Aeródromo de Alvor, o porto marítimo, o património histó‑ rico, o Museu de Portimão, a locali‑ zação e as acessibilidades – está a 45

minutos do Aeroporto Internacional de Faro e com acesso próximo da A22 –, bem como o vasto programa de eventos culturais, desportivos e de animação, “para todos os gostos e idades”. E a oferta hoteleira, que abrange todos os segmentos e possibilidades. São mais‑valias que beneficiam os próprios equipamentos. Célia Arménio, do departamento de Gestão de Marketing e Vendas do Centro de Congressos do Arade (CCA), recorda que o equipamento está situado num “local estratégico, benefi‑ ciando de acessos directos às princi‑ pais vias de circulação, como a A22”. O CCA fica no município de Lagoa e é um centro de congressos e eventos que “serve os propósitos” das localidades limítrofes (Portimão, Monchique e Silves). A responsável também frisa o facto de o Algarve beneficiar do esta‑ tuto de “destino seguro e hospitaleiro”, e quanto à relação qualidade‑preço, Célia Arménio refere que a “estratégia comercial do CCA assenta no prin‑ cípio do ROI, sendo que é francamente compensador o retorno no investi‑ mento efectuado na organização e realização de eventos”.

MAIS LIGAÇÕES AÉREAS Apesar de, na generalidade, haver boas acessibilidades, o ponto comum na opinião dos quatro entrevistados pela Event Point prende‑se com as ligações aéreas. Sendo que são várias as condi‑ ções reunidas para receber eventos, contudo, de acordo com o estudo Algarve MI Survey 2010, verifica‑se que a taxa de concretização dos eventos solicitados é de apenas 20%, sendo a concorrência local, internacional e a falta de voos de ligação directa os principais factores que condicionaram a taxa de concretização. Lisboa, em termos nacionais, e Espanha, ao nível internacional, os principais destinos concorrentes do Algarve”, explica Luís Carito. O presidente da Comissão

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Executiva da Portimão Urbis sugere mesmo dois factores que podem ajudar a tornar a região mais competitiva neste segmento: aumentar o brand awareness como destino MI e a aces‑ sibilidade aérea. “Ao contrário do que acontece com os produtos sol e mar ou golfe, o Algarve não é um destino que seja imediatamente percebido como um destino para a realização de congressos e eventos corporate. Esta é uma questão que a região tem tentado inverter, inicialmente através do Algarve Convention Bureau e mais recentemente ao nível da Associação Turismo do Algarve, mas que ainda exige um esforço acrescido para tal”, diz Luís Carito, acrescentando ainda que “importaria, numa primeira fase, reforçar as ligações aéreas regulares com os principais mercados emis‑ sores potenciando o conhecimento que esses mercados têm do destino ao nível dos principais produtos turís‑ ticos. Numa segunda fase, a criação de novas e regulares rotas aéreas com mercados emissores que queiram utilizar o Algarve como destino para a realização de eventos MI, mas em que a penetração nesses mercados possa ser efectuada ao nível dos produtos mais importantes, tais como o sol e mar, o golfe e o turismo residencial”. Também Célia Arménio, do CCA, aponta como um dos maiores obstáculos “a velha questão das ligações aéreas regulares, que impedem a abordagem mais extensiva e intensiva dos mercados externos com evidente interesse nas regiões da Europa do Sul e do Algarve em particular”. Todavia, ressalva a responsável, “os mercados interno e fronteiriço têm vindo a revelar‑se como estratégicos, colmatando em parte o problema da acessibilidade aérea, facto que não impede que continuemos a investir nos mercados da Europa Central e do Norte”. Para Susana Araújo, do Le Meridien Penina Golf & Resort, não existem fraquezas, mas desafios, “nomeadamente nos destinos dos voos ou nos acessos que, no Verão, ficam

mais congestionados”, e refere que para a região se tornar mais competitiva “necessita de um maior espírito de região e de uma promoção ainda mais eficaz”.

HOTÉIS PARA TODOS OS SEGMENTOS DE MERCADO Factor importante para qualquer região que queira destacar‑se neste sector é a capacidade hoteleira. Esta oferta no Barlavento algarvio, também muito graças ao mercado do turismo de Verão, é bastante vasta. “O muni‑ cípio de Portimão dispõe de uma oferta hoteleira bastante completa e diversifi‑ cada, com estabelecimentos hoteleiros, apartamentos e aldeamentos turísticos das diversas categorias, traduzida em 13.000 camas distribuídas por mais de 45 empreendimentos turísticos”, conta Luís Carito, acrescentando: “Cerca de metade desta oferta (3.240 quartos) encontra‑se disponível em alojamento 4 e 5 estrelas, destacando‑se quatro hotéis 5 estrelas, nomeadamente o Hotel Algarve Casino, o Pestana Alvor Praia Hotel, o Penina Golf & Resort Hotel, o CS Morgado Golf Hotel e o recém inaugurado Alvor Baía Hotel‑Apartamento, um estabeleci‑ mento 4 estrelas, com 402 suites. Até ao final do presente ano, prevê‑se que o grupo de Carlos Saraiva abra a sua nova unidade 5 estrelas, o CS Palace Algarve Hotel, com 191 quartos”. Ainda de acordo com o presidente da Comissão Executiva da Portimão Urbis, “se considerarmos a oferta de alojamento existente nos municípios limítrofes, podemos constatar que Portimão dispõe actualmente de um número de estabelecimentos bastante interessante para fazer face às neces‑ sidades do sector MI. “Actualmente o Autódromo Internacional está a desenvolver o futuro hotel de 5 estrelas da região, que será um excelente complemento aos eventos que aqui decorrem. De realçar que este hotel

© le meridien penina golf & resort

será gerido pela Radisson Blu, afir‑ mando‑se também este destino na rota das marcas internacionais de hote‑ laria”, sublinha o responsável do AIA. Célia Arménio explica que num raio de dez minutos do CCA “existe um vasto parque hoteleiro, compreendendo mais de 8000 camas distribuídas em unidades de 4 e 5 estrelas”, um facto que facilita o acolhimento de vários eventos em simultâneo.


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© autódromo internacional do algarve

ESPAÇOS PARA QUALQUER TIPO DE EVENTO De acordo com os quatro entrevistados pela Event Point, há uma boa oferta em termos de espaços para eventos, correspondendo à actual procura. Aliás, todas as entidades entrevis‑ tadas têm capacidade para tal. Para Luís Carito, Portimão “tem uma oferta muito completa ao nível de espaços para eventos, detendo cerca de 20% da oferta regional, distribuída pelos equipamentos municipais e pelos equipamentos privados, como os esta‑ belecimentos hoteleiros, o Autódromo Internacional do Algarve, o Casino da Praia da Rocha, entre outros. Para além do Portimão Arena, o espaço com maior capacidade do Algarve para eventos indoor, com capacidade para

5.600 pessoas em formato de plateia, Portimão dispõe de uma variedade de espaços para congressos, seminários, reuniões, apresentações, feiras, espec‑ táculos, mostras e festivais”, revela o presidente da Comissão Executiva da Portimão Urbis, salientando outros espaços, com variados níveis de capacidade, como o TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, o Auditório Municipal e o Auditório do Museu de Portimão, espaços ao ar livre como a zona de eventos no areal da Praia da Rocha, a Zona Ribeirinha de Portimão, a Zona Ribeirinha de Alvor, o Estádio Municipal e o Parque de Feiras e Exposições de Portimão, e venues como o Autódromo Internacional do Algarve, o BLU ‑ Beach Lounge Unique e o NoSolo Água, na Marina de Portimão. “Ainda assim, consideramos ser neces‑ sário criar mais venues que possam receber e apoiar os eventos MI de forma

a alargar e a diversificar a oferta destes espaços, quer em quantidade, quer em capacidade de participantes”, afirma o responsável da empresa que gere o Portimão Arena, o Centro de Negócios e o Auditório Arade. Célia Arménio afirma que o Barlavento algarvio não necessita de mais espaços para eventos. “Humildemente, posso afirmar que não existe a necessidade de mais espaços para eventos, uma vez que Lagoa, Monchique, Portimão e Silves dispõem de infra‑estruturas de elevada capacidade e dinâmica”, como o Parque de Exposições, a Fatacil, os auditórios e teatros municipais, o Portimão Arena e ainda museus e espaços culturais, entre os quais o Castelo de Silves, a Fábrica Feu, a Vila Termal, o Sítio das Fontes ou os paços dos Concelhos. Segundo a responsável do departamento de Gestão de Marketing e Vendas do Centro de Congressos do Arade, “nas últimas duas décadas o Algarve tem vindo a afirmar‑se muito satisfatoriamente no segmento de negócios, face à crescente oferta dirigida ao produto MI, através da dotação de hotéis com espaços espe‑ cialmente desenhados e equipados para acolherem eventos de diversa índole, seja através da criação de infra‑estru‑ turas multiusos como o Centro de Congressos do Arade, cuja arquitectura permite receber eventos corporativos, culturais e de animação, uma vez que foi concebido de raiz com esse propó‑ sito”. “Pensamos que actualmente as infra‑estruturas criadas estão prepa‑ radas para fazer face às necessidades da procura”, diz Paulo Pinheiro, adminis‑ trador do Autódromo Internacional do Algarve , que tem nos eventos corporate uma das áreas de negócio mais impor‑ tantes. “Um evento tem duas dimen‑ sões, a de infra‑estruturas (componente mais técnica) e a lúdica (componente mais emocional). O AIA reúne essas duas vertentes, ou seja, conseguimos ter no mesmo espaço as infra‑estruturas necessárias à realização de eventos com capacidade até 800 pessoas, espaço para conferências, break‑outs, zonas

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© portimão arena

de catering variadas, podendo estar a decorrer várias actividades ao mesmo tempo. Por outro lado temos uma componente lúdica muito importante, desde experiências da Racing School como ‘hot laps’ ou cursos de condução, até programas adaptados aos desejos do cliente como actividades de team‑ -building com os nossos pilotos, experi‑ ências no Kartódromo Internacional do Algarve ou na recém‑inaugurada pista Todo o Terreno. Resumindo, reunimos num só espaço um conceito único, proporcionando experiências recheadas de adrenalina e muito diferenciadoras da restante oferta do mercado”, explica Paulo Pinheiro. O Le Meridien Penina Golf & Resort aposta nos vários segmentos de mercado. Os serviços e facilidades proporcionados às famílias, jogadores de golfe e todos os que apenas pretendem relaxar, fideliza os clientes e, segundo Susana Araújo, traz “constantemente novos segmentos de mercado, tanto de negócios como de lazer”. O hotel tem o primeiro campo de 18 buracos construído no Algarve, a Aldeia Pinguim (um espaço para crianças), vários restaurantes e bares, quatro salas de conferência e banquetes “com capacidade para receber qualquer tipo de reunião, seminário, ou lança‑ mento de produto”.

© portimão arena

BOM RELACIONAMENTO ENTRE OS PLAYERS Para que o destino seja cada vez mais valorizado neste sector, é necessária uma boa articulação entre os diversos players, câmaras municipais, operadores turís‑ ticos ou organizadores de eventos. Como vêem os nossos entrevistados este factor? Luís Carito, da Portimão Urbis, lembra a recém‑criada Associação de Turismo de Portimão (ATP), um espaço que diz ser de “desenvolvimento de políticas de promoção do destino” e de concertação entre entidades públicas e privadas, que visam a dinamização da promoção turística do município. “Tem havido uma boa articulação entre ‘players’ do sector turístico, quer ao nível dos produtos turís‑ ticos mais importantes, quer ao nível do produto MI. Ainda assim, o Município de Portimão, em conjunto com os empre‑ sários locais, criou recentemente a ATP que tem por objecto o desenvolvimento turístico sustentado de Portimão, através da cooperação entre o Município de Portimão, entidades públicas nacionais e regionais de promoção turística e pessoas singulares ou colectivas que desenvolvam, directa ou indirectamente, actividades no sector do turismo em Portimão.

Também Célia Arménio, do CCA, frisa que “não podia ser melhor a relação entre todas as entidades do sector ,tanto públicas como privadas, havendo um enorme espírito de cooperação baseado na lógica das parcerias e da complementaridade, uma vez que todos beneficiam de uma estratégia concertada e partilhada na óptica da ‘cultura de destino’”.


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© centro de congressos do arade

Paulo Pinheiro, do AIA, adianta que desenvolvem “de forma regular contactos com todas as entidades mencionadas no sentido de tornar a nossa oferta mais competitiva à escala global. Acreditamos que juntos somos mais fortes e o Autódromo tem sempre a porta aberta e trabalha de perto com organizadores de eventos,

DMC, operadores, bem como com os órgãos municipais e estatais, que apoiam também a nossa actividade. O envolvimento da comunidade local é fundamental para o desenvolvimento de um trabalho sólido e integrado.” Por fim, Susana Araújo sublinha que todos trabalham com o mesmo objectivo, o de “promover o destino, o Algarve e,

nomeadamente, Portimão”. A cidade de Portimão tem uma agenda repleta de eventos, gastronómicos, despor‑ tivos, culturais ou de lazer ,que ajudam a atrair visitantes de todos os lados, tanto a nível nacional como interna‑ cional”, conclui. Maria João Leite (mj@eventpoint.com.pt)

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Turquia

sultões dos tempos modernos Em Istambul reside uma “micro” Turquia de gente que tanto podia ser do Norte da Europa como das estepes asiáticas, a partir das quais tantos povos invadiram o território dos antigos sultões. O país tem séculos de uma história turbulenta, onde estiveram quase todas as potências mundiais da sua altura, desde gregos a romanos, passando por persas e hititas. Mas o país não está agarrado a um passado. Este serve, no entanto, para construir o futuro. Com uma economia em expansão a Turquia repensa cada vez mais os seus planos, permanentemente frustrados, de aderir à União Europeia, com um ressentimento que se vai transformando em indiferença.


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Mesquitas e igrejas com 1500 anos 99,8% dos turcos são muçulmanos, o que não os impede de viajar pelo seu país e visitar as antigas igrejas dos bizantinos, algumas delas com 1600 anos. A Capadócia concentra muitos destes templos, construídos dentro das famosas chaminés de fada, estruturas de calcário que pintam de amarelo a paisagem da região. Com uma popu‑ lação de 78 milhões de pessoas, o turismo interno é cada vez mais uma forma de dinamizar a economia, que conta ainda com milhões de turistas estrangeiros todos os anos. A Turquia é um dos poucos países muçulmanos que permite, sem grandes restrições, as visitas às mesquitas centenárias dos sultões todo‑poderosos que gover‑ naram o país até aos inícios do século XX. Desde a mágica Hagia Sophia, em Istambul, hoje transformada em museu, até à mesquita Azul, onde quem reza se cruza com turistas, cobertos à pressa com lenços azuis. E mesmo à mais desconhecida mesquita de Bayezid que, sem querer, obriga a prestar atenção ao que por lá se diz, mesmo que seja numa língua incompreensível.

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Istambul ainda é Constantinopla Istambul é hoje também uma cidade onde se fazem negócios e se recebem congressos. Uma visita rápida ao site do centro de congressos da cidade, com capacidade para cinco mil pessoas, http://www.icec.org/en/index.asp, permite constatar que Istambul está hoje bem colocada no mundo da meetings industry (MI). Aliás, a cidade conta com um “Congress Valley” que lhe permite receber 25 mil congres‑ sistas de uma vez, apoiada por 269 hotéis entre três e cinco estrelas, num total de 36444 quartos. A velhinha Constantinopla continua a ser uma metrópole movimentada, com 12 milhões de habitantes que trabalham na Europa, mas vivem na Ásia. Entre palácios e monumentos, modernas pontes atravessam o Bósforo, mas a cidade consegue manter uma certa aura romântica e exótica. A Constantinopla de hoje é mais a

movimentada praça Taksin, com as lojas de moda Mango e Zara, com modelos bem tapados, com túnicas compridas e véu na cabeça. Na Turquia, a moda é importante, e mesmo quem opta por usar modelos mais tapados chama a atenção pelos sapatos, pelas malas Prada, as unhas pintadas e a maquilhagem nos olhos. Os homens de negócios circulam pela cidade em carros de luxo. Mas Istambul não deixará nunca de ser a cidade do Expresso do Oriente, que ainda hoje parte de Paris em direcção à cidade turca. Por 6.980 euros são seis dias dentro do imaginário do livro de Agatha Christie, onde no século XXI se janta à luz das velas na carruagem‑bar. A moderna Constantinopla tem um metro ligeiro, outro subterrâneo, auto‑ carros, comboios e dois aeroportos. Para quem se desloca em negócios são muitas as alternativas.

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Riviera turca © cláudia coutinho de sousa . event point

Outro pólo de atracção para o sector de MI é a cidade de Antalya, em cima do Mediterrâneo, o centro da chamada “riviera turca” com voos regulares e baratos que oferece ao sector vários centros de congressos, dos quais o principal é a “Glass Piramyd” (Pirâmide de Vidro), com capacidade para 2800 pessoas. Globalmente, Antalya tem capacidade para mais de 6700 congressistas e hotéis bem capazes de receber o fluxo de visitantes. Antalya está cada vez mais nas rotas turísticas europeias, sobretudo alemãs e inglesas, com resorts de luxo ou hotéis mais simples no bairro antigo de Kaleiçi. Para quem gosta de diversão nocturna e dias de praia com banhos no Mediterrâneo é o ideal. Os voos baratos e o grande aeroporto de Antalya faci‑ litam a vida aos congressistas que todos os anos se deslocam a uma cidade que tem menos da Turquia dos sultões e mais de resort do sul da Europa. Os grandes hotéis da cidade são palco de várias conferências, segundo o site do Antalya Convention Bureau. Nos tempos livres, os congressistas podem dar um saltinho à antiga cidade romana de Aspendos, com o seu teatro impecavelmente conservado e ver um concerto de ópera.

© www.wowturkey.com

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O maior centro de congressos da Europa Na costa do Egeu, virada para a Grécia, está a cidade de Kusadasi, um conhecido destino de cruzeiros bem próximo das famosas ilhas gregas. A poucos quilómetros da cidade de Éfeso, Kusadasi está a caminho de se tornar na capital europeia dos congressos. O gigante KOMER Congress Valley estava a ser construído na cidade, mas por todo o lado congressos e eventos são anunciados nas centenas de hotéis e resorts da região. O mega centro de congressos terá capacidade para 9000

pessoas. A Turquia quer ser líder euro‑ peia da indústria de MI e está a investir agora nesse turismo como parte do processo de crescimento económico. De Kusadasi é só um pulinho à milenar Tróia ou a paraísos escondidos como a pequena cidade de Kas, a não perder para quem tem espírito para andar de mochila às costas. A famosa Pamukkale está a quatro horas de autocarro, com as suas paisagens brancas de neve, mas onde o frio é pouco comum. A região é um dos cartazes do turismo da Turquia, mas por isso mesmo é também das mais exploradas pelos operadores do sector no país. Pouco indicada para quem prefere o sossego de Kas.


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Turismo cresce com MI No ano passado, no congresso da Associação Portuguesa de Agentes de Viagens e Turismo (APAVT) não foram as mil maravilhas naturais e históricas que inspiraram a apresentação da dele‑ gação turca. Com 27 milhões de visi‑ tantes anuais, o país ambiciona chegar aos 53 milhões em 2023. E é a indústria dos congressos e eventos o principal motor desta estratégia. Entre projectos culturais e congressos farmacêuticos e de astrónomos, a Turquia pode no futuro rivalizar com outros gigantes europeus (Alemanha por exemplo) no sector de MI. As receitas do turismo em

2009 na Turquia foram de mais de 15 mil milhões de euros, impulsionadas por 67 aeroportos com uma capacidade anual de 110 milhões de passageiros. Destes, 25 são internacionais, com 16 companhias aéreas privadas a operar. A Turquia continua a ser um país predominantemente rural, com 30% do emprego a concentrar‑se na agri‑ cultura, mas neste país de contrastes são abundantes as companhias aéreas “low cost” (Pegasus, AtlasJet) com voos baratos a ligar todo o país. A compa‑ nhia aérea de bandeira, a Turkish Airlines, conta com 141 aviões. As auto‑ ridades de turismo turcas detalham que há 28 marinas com uma capacidade

para 10200 embarcações, 9000 guias turísticos licenciados (identificáveis pela camisa azul) e mais de 6.000 agências de viagens. A Turquia tem mais de um milhão de camas disponí‑ veis e é cada vez mais um destino para europeus, mas não só. Atrai turistas dos 5 continentes. E é um sítio onde se fazem cada vez mais negócios, um pouco à margem da crise europeia. Uma das grandes vantagens de optar pela Turquia é também o custo. Ainda não é caro viajar para o país, mesmo que seja em negócios. E os turcos normalmente estão abertos a regatear os preços, ainda que com menos ânimo do que outros povos da região

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Pai da Nação A moderna nação turca nasceu em 1923, dos destroços da antiga pátria dos Otomanos que durante séculos dominou a região e mesmo uma grande parte da Europa. Depois da I Guerra Mundial, o herói nacional Mustafá Kemal liderou o país na direcção das reformas e da modernidade. Mais tarde chamado de “Pai da Nação”, Ataturk é uma figura omnipresente na vida turca ainda hoje. Fotos, quadros e souvenirs com a imagem de Ataturk parecem estar em cada casa, esta‑ belecimento, museu ou monumento do país. A Turquia de hoje continua a ser um gigante como foi nos tempos antigos. E o crescimento económico leva o país a estar cada vez mais longe

da União Europeia, a que, em tempos, tanto quis pertencer, e mais próximo dos seus vizinhos do Médio Oriente: Irão, Iraque e Síria. As questões dos direitos das mulheres, das minorias e da divisão do Chipre foram um dos entraves à entrada da Turquia na UE, mas os turcos sentem‑se sobretudo humilhados pela adesão de países como a Bulgária. A crise que atinge o continente europeu também deixa os turcos receosos da adesão, numa altura em que os arqui‑inimigos gregos estão a colocar em causa as fundações do Euro e da própria União Europeia. Durante milénios, a Turquia foi palco de alguns dos acontecimentos que mudaram a história da humanidade.

A filosofia foi “inventada” no país por gregos que tinham muito tempo entre mãos e uma paisagem inspiradora. Alexandre o Grande tornou‑se efecti‑ vamente rei da Ásia quando cortou o nó górdio perto da actual capital Ankara, um mito de séculos derrubado pelo general macedónio e que lhe abriu o caminho do Oriente. A Virgem Maria viveu os seus últimos dias numa casa em Efeso, na Turquia. Até o Pai Natal é originário da cidade de Patara e viveu como Bispo na zona de Demre, em Myra, local de imponentes ruínas licias e romanas. Agora o país prepara‑se para mudar a indústria de MI na Europa. Maria Pereira (mpereira@eventpoint.com.pt)


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Fontana Park Hotel Reuniões no coração de Lisboa O primeiro Design HotelTM da capital começou por ser, no início do século XX, a metalúrgica Lisbonense. A recuperação arquitectónica, da autoria de Francisco Aires Mateus, e o design de interiores, assinado por Nini Andrade Silva, trouxeram‑no até aos nossos dias como uma estrutura moderna, minimalista, depurada de formas e cores. Um refúgio zen, claramente marcado pelo gosto oriental, beneficiando de uma localização extraordinária, na zona do Saldanha, a pouco mais de dez minutos do aeroporto, e a uns passos da Avenida da Liberdade. O Fontana Park Hotel dispõe de nove salas para reuniões, ou outro tipo de eventos, com três metros de pé direito, áreas que vão dos 14 aos 420 m2, podendo acolher até 400 pessoas. As salas estão localizadas no piso 00, com acesso directo à garagem, por onde podem ser movimentados todos os materiais e equipamentos. Existe uma moderna rede de comunicações que suporta vídeo‑conferências, serviço de tradução simultânea, uso de equi‑ pamento audiovisual (datashow e ecrã incorporados) e acesso a Internet sem fios e por cabo. Paredes amovíveis e inso‑ norizadas permitem que oito das nove

salas sejam ajustáveis e combináveis. O trabalho não é tudo, e o Fontana Park oferece dois espaços gastronó‑ micos com identidades bem vincadas. O Restaurante Saldanha Mar, com o melhor da cozinha nacional e mediter‑ rânica, destacando‑se ao almoço a rica oferta de peixe bem fresco e ao jantar uma cozinha mais elaborada, de autor. O Restaurante Bonsai, como o nome deixa adivinhar, é um convite a que se descubra a gastronomia japonesa. Quem optar por ficar alojado no Fontana Park pode esperar quartos sóbrios, espaçosos, elegantes, em tons de branco, preto e cinzento,

mobiliário contemporâneo, e muita luz, os argumentos que em 2008 lhes valeram uma distinção nos European Hotel Design Awards. Apesar do ambiente minimalista, o Fontana Park Hotel não esquece a importância dos afectos, e oferece a quem o visita diversos momentos de descontracção. Experimente o Bar Lounge, ao som de boa música, mesmo para uma bebida com os colegas ou os amigos ao final da tarde, ou um digestivo no jardim interior, depois de uma boa refeição. Para mais informações visite: www.fontanaparkhotel.com


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PubliAcção Road‑show é com eles A tarefa de levar para a estrada, para o meio da rua, uma ideia, um conceito, um produto, um serviço, uma marca, tem exigências próprias. A PubliAcção é especialista neste tipo de campanhas, constrói, vende e aluga espaços multiusos sobre rodas com 10 a 110 m2 de área coberta e climatizada, que podem ter decoração personalizada, sistemas autónomos de energia e água potável, WC, ar condicionado, Internet wireless, audiovisuais, quiosques interactivos, painéis solares, acesso para deficientes e tudo mais que possa imaginar. Isto quer dizer que pode colocar em qualquer ponto do país um show‑room, uma sala de formação, uma cozinha itinerante, um gabinete de make up, uma área para experimentar produtos, um palco, uma ledwall móvel ou uma exposição, mas que o objectivo, esse, é sempre o mesmo: interagir com o público, ir ao seu encontro. José Cabral, director geral, e Michael Oliveira, director de marketing, garantem que uma das coisas que distinguem a PubliAcção é “o empenho e o cumprimento rigoroso de tudo o que está acordado com o cliente, a começar na produção. Temos alguns clientes que até já abdicaram de estar presentes nessa fase, tal é a confiança que depositam em nós”. Há aínda a circunstância de terem desenvolvido uma solução própria e inovadora, o sistema Versus, premiado pelo Best Off do Centro Português de Design e divulgado internacionalmente pelo IAPMEI, que permite áreas úteis bem superiores ao habitual. A ideia é aparentemente simples: dois

painéis de cada lado dos veículos, com a mesma dimensão dessa parede lateral, que abrem para formar o chão e o tecto de um novo módulo (ver imagem). O resto do segredo são os materiais altamente sofisticados que se usam nestas trans‑ formações, porque combinam leveza e resistência, e os equipamentos mais recentes, montados de modo persona‑ lizado, sejam os geradores pequenos e silenciosos, os ecrãs interactivos sensí‑ veis ao toque, os retroprojectores HD de curtíssima distância possibilitando criar imagens de grande formato, ou o 3D. Nesta equação, que se joga entre o peso total e o melhor aproveitamento do espaço, a PubliAcção ganha terreno, apresentando uma solução com até 40m2 em ligeiro (abertura em 3 min.), acessibilidade, mobilidade e dinâmica “únicas em toda a Europa”, afirmam os seus responsáveis. “O nosso primeiro papel é aconselhar, ajudar a racionalizar cada campanha. Os vários equipamentos, equipas maiores ou menores, montagens mais ou menos rápidas, as melhores rotas, motoristas

e staff com vários perfis, que podem ser também técnicos, monitores, etc. E as licenças, claro, que são quase sempre uma dor de cabeça”. Há casos extremos, em que a autorização depende de cinco entidades diferentes.

“A nossa experiência e know‑how concedem‑nos uma enorme vantagem neste tratamento burocrático”, asseguram José Cabral e Michael Oliveira. Cada campanha deste género tem normalmente três a seis meses de duração, embora haja road‑shows que correm o ano inteiro, anos a fio. A deco‑ ração e o tema são os ingredientes que mais prendem a atenção das pessoas, isso e a novidade de encontrar algo que não está ali na rua, habitualmente. Para além das construções personalizadas, que vende, a PubliAcção tem, para serviços de road‑show, uma frota de seis Versus Car (ligeiros), dois Versus TIR e um TIR Palco que pode dispo‑ nibilizar simplesmente pelo espaço ou personalizar por completo, num serviço integral chave‑na‑mão, o que faz da PubliAcção uma empresa líder no segmento do road‑show com múltiplas acções em permanência. Para mais informações visite: www.publiaccao.com

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Dir ec tó ri o Ambiente

Animação turística

E)Mission Lisboa 210 157 161 sergio@e‑missionneutral.com www.e‑missionneutral.com/pt

Be Portuguese for one day Londres acc@beportuguese.com www.beportuguese.com

E‑Value Lisboa 213 845 260 evalue@evalue.pt www.evalue.pt Smart Watt Porto 220 114 366 info@smartwatt.pt www.smartwatt.pt Animação 2The Love Project Lisboa 962341955 2theloveproject@gmail.com Adereço Produções Porto 225 322 720 geral@adereco.com www.adereco.com Ases na Manga Braga 253 283 483 ases@asesnamanga.com www.asesnamanga.com Concept 4 Talents Lisboa 213 940 242 geral@concept4talents.com www.concept4talents.com Fadus Estoril 214 662 550 geral@faduspecialevents.com www.faduspecialevents.com Move it Cova da Piedade 212 581 980 info@moveit.pt www.moveit.pt PMP Produções Lisboa 218 619 375 pmp@portugalmail.com www.pmpeventos.com Ritmos Urbanos Lisboa 210 168 452 geral@ritmosurbanos.com www.ritmosurbanos.com Tocá Rufar Aldeia de Paio Pires 212 269 090 tocarufar@tocarufar.com www.tocarufar.com

Big Time Fátima 249 533 770 julio.santos@bigtime.pt www.bigtime.pt Campo Aventura Óbidos 262 968 870 geral@campoaventura.pt www.campoaventura.pt

Música no Coração Lisboa 210 105 700 musicanocoracao@musicanocoracao.pt www.musicanocoracao.pt Ritmos & Blues Paço D’Arcos 214 694 050 info@ritmoseblues.pt www.ritmoseblues.pt UAU Lisboa 213 303 500 uau@uau.pt www.uau.pt Audiovisuais

Equinócio Lisboa 210 155 139 info@equinocio.com www.equinocio.com Grau 5 Barroca 934 743 519 contacto@grau5.pt www.grau5.pt Javsport Sto. Tirso 252 850 621 aventura@javsport.pt www.javsport.pt Margens Barrosinhas 234 648 571 margens@margens.pt www.margens.pt Promóbidos Caldas da Rainha 262 843 579 promobidos@promobidos.com www.promobidos.com Rota do Fresco Vila Nova da Baronia 284 475 413 info@rotadofresco.com www.rotadofresco.com Rustitur Évora 266 978 043 info@rustitur.com www.rustitur.com SAL Setúbal 265 227 685 sal@sal.pt www.sal.pt Turaventur Évora 266 743 134 turaventur@turaventur.com www.turaventur.com

Artistas e espectáculos Everything is New Lisboa 213 933 770 geral@everythingisnew.pt www.everythingisnew.pt

ADLC Audiovisuais Carnaxide 218 621 440 comercial@adlc‑av.com www.adlc‑av.com Alfasom Amadora 214 967 000 info@alfasom.com www.alfasom.com Audinova Leça da Palmeira 229 961 930 geral@audinova.pt www.audinova.pt Audiomeios Venda do Pinheiro 219 663 843 geral@audiomeios.pt www.audiomeios.pt Backlight Setúbal 212 349 740 backlight@verylight.pt Digital Frame Vila Nova de Gaia 227 870 175 info@digitalframe.pt www.digitalframe.pt Electroaudio S.Domingos de Rana 214 531 223 info@electroaudio.net www.electroaudio.net Eurologistix Almancil 289 419 199 info@eurologistix.pt www.eurologistix.net Mainvision Media Solutions Lisboa 939 117 564 marcia.ferreira@mainvision.pt www.mainvision.pt RXF Sintra 210 189 366 geral@rxf.pt www.rxf.pt

Service Pack Leça da Palmeira 229 942 944 geral@servicepack.pt www.servicepack.pt Ver página: 73 Catering B Holding Abóboda 214 658 420 geral@bholding.com.pt www.bholding.com.pt Casa do Marquês Lisboa 214 118 152 casadomarques@casadomarques.pt www.casadomarques.pt Cateri Alcabideche 214 608 830 geral@cateri.pt www.cateri.pt Coisas do Vinho Colares 219 282 733 coisasdovinho@coisasdovinho.pt www.coisasdovinho.pt Cooking Lab Lisboa 911 559 666 info@cookinglab.net www.cookinglab.net Cozinha Divina Lourinhã 917 898 555 contacto@cozinhadivina.com www.cozinhadivina.com Encontrus Carregal do Sal 232 960 200 mail@encontrus.com www.encontrus.com Mojito Bar Catering Paço de Arcos 210 992 980 info@mojitobarcatering.com www.mojitobarcatering.com Silva Carvalho Catering Sintra 219 105 860 comercial@gruposilvacarvalho.pt www.gruposilvacarvalho.pt Solinca Eventos e Catering Porto 707 502 220 comercial@solincacatering.com www.solincaeventosecatering.com Três Séculos Vila Nova de Gaia 223 742 800 general.office@tresseculos.pt www.tresseculos.pt Tropical Catering Funchal 291 700 840 restaurante.tropical@clix.pt www.tropicalcatering.pa‑net.pt


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C o n v e n t i o n B u r e a u x / Tu r i s m o s Algarve Convention Bureau Faro 289 800 403 www.algarveconvention.com Estoril & Sintra Convention Bureaux Estoril 214 668 167 geral@estorilmeetings.com www.estorilmeetings.com Porto Convention Bureau Porto 223 326 751 portocvb@portocvb.com www.portocvb.com Turismo Leiria Fátima Leiria 244 848 771 info@rt‑leiriafatima.pt www.rt‑leiriafatima.pt

Imagine More Lisboa 213 628 393 ana.telo@imaginemore.pt www.imaginemore.pt The House of Events Porto 228 348 940 info@the.pt www.the.pt Top Atlântico DMC Lisboa 218 925 800 topatlantico@topatlantico.com www.topatlantico.pt Turangra Angra do Heroísmo 295 401 515 angra@turangra.com www.turangra.com Espaços Multiusos

Turismo da Madeira Madeira 291 211 900 info@madeiratourism.com www.madeiraislands.travel Turismo da Serra da Estrela Covilhã 275 319 560 info@turismodaestrela.pt www.turismoserradaestrela.pt Turismo de Lisboa Visitors & Convention Bureau Lisboa 210 312 700 atl@visitlisboa.com www.visitlisboa.com

AVEIRO Europarque Santa Maria da Feira 256 370 200 eventos@europarque.pt www.europarque.pt BEJA ExpoBeja Beja 284 315 602 expobeja@mail.telepac.pt www.expobeja.com

LISBOA

PORTO

Auditório da Faculdade de Medicina Dentária Lisboa 217 922 625 auditorio@fmd.ul.pt www.fmd.ul.pt

Caves Calém – Sogevinus Fine Wines Vila Nova de Gaia 223 746 660 turismo@sogevinus.com http://www.calem.pt/

Associação Comercial de Lisboa Lisboa 213 224 050 sm@acl.org.pt www.acl.org.pt Campo Pequeno Lisboa 217 998 450 vascocornelio@campopequeno.com www.campopequeno.com Casino Estoril Estoril 214 667 700 info.cestoril@estoril.sol.com www.casino‑estoril.pt Centro Cultural de Belém Lisboa 213 612 697 dac@ccb.pt www.ccb.pt Centro de Congressos de Lisboa Lisboa 213 601 400 lisboacc@aip.pt www.lisboacc.pt

BRAGA

Centro de Congressos do Estoril Estoril 214 647 575 info@estorilcongresscenter.com www.estorilcongresscenter.com

Turismo do Alentejo Grândola 269 498 680 geral@turismodoalentejo.pt www.visitalentejo.pt

Multiusos de Guimarães Guimarães 253 520 300 geral@tempolivre.pt www.tempolivre.pt

Coliseu de Lisboa Lisboa 213 240 580 mjoao@coliseulisboa.com www.coliseulisboa.com

Turismo do Centro de Portugal Aveiro 234 420 760 geral@turismodocentro.pt www.turismodocentro.pt

Parque de Exposições de Braga Braga 253 208 230 peb@peb.pt www.peb.pt

Convento do Beato Lisboa 210 109 923 conventodobeato@cerealis.pt www.conventodobeato.com

Turismo do Douro Vila Real 259 323 560 info@douro‑turismo.pt www.douro‑turismo.pt

COIMBRA

Estádio Alvalade XXI Lisboa 217 516 522 eventos.corporate@scp.pt www.sporting.pt

Turismo do Oeste Óbidos 262 955 060 info@turismodooeste.pt www.turismodooeste.pt Destination Management Companies Abreu Porto 222 043 520 congressos.exp@abreu.pt www.abreu.pt Aims Lisboa 213 245 040 lisbon@aims‑international.com www.aims.pt Citur Travel Linda‑a‑Velha 217 712 610 lisbon@citur.pt www.citur.pt events by tlc Lisboa 213 213 060 events@tlc.pt www.eventsbytlc.com

Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz Figueira da Foz 233 407 200 geral@figueiraturismo.com www.cae.pt FARO Centro de Congressos do Arade Portimão 282 410 440 geral@expoarade.pt www.expoarade.pt Portimão Arena Portimão 282 410 440 geral@portimaoturis.pt www.portimaoarena.com

Exposalão Batalha Batalha 244 769 480 info@exposalao.pt www.exposalao.pt

Coliseu do Porto Porto 223 394 940 coliseu@coliseudoporto.pt www.coliseudoporto.pt Estádio do Dragão Porto 225 083 027 portoestadio@fcporto.pt www.fcporto.pt Ver página: 97 Exponor Matosinhos 229 981 400 info@exponor.pt www.exponor.pt Fundação de Serralves Congress Center Porto 226 156 500 serralves@serralves.pt www.serralves.com Mosteiro de São Bento da Vitória Porto 223 401 900 larcher@tnsj.pt www.tnsj.pt SANTARÉM CNEMA Santarém 243 300 300 centrodecongressos@cnema.pt www.cnema.pt Vale d’Algares Vila Chã de Ourique 243 709 321 geral@quatroancoras.com www.valedalgares.com VISEU

Estádio da Luz – Benfica Eventos Lisboa 217 219 565 bsa@slbenfica.pt www.slbenfica.pt FIL – Feira Internacional de Lisboa Lisboa 218 921 500 fil@aip.pt www.fil.pt Museu da Carris Lisboa 213 613 087 museu@carris.pt http://museu.carris.pt

LEIRIA Centro Cultural e Congressos das Caldas das Rainha Caldas da Rainha 262889650 secretariado@ccc.eu.com www.ccc.eu.com

Centro de Congressos e Exposições da Alfândega Porto 223 403 024 cce@amtc.pt www.amtc.pt Ver página: 9

Pavilhão Atlântico Lisboa 218 918 409 info@pavilhaoatlantico.pt www.pavilhaoatlantico.pt Ver página: 25 Plaza Ribeiro Telles – Centro de Eventos Vila Franca de Xira 263 288 559 mrtelles@plazaribeirotelles.com www.plazaribeirotelles.com

Expovis Viseu 232 422 018 geral@expovis.pt www.expovis.pt AÇORES Açor Arena Vila Franca do Campo 296 539 390 acorarena@acorarena.pt Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo Angra do Heroísmo 295 206 120 culturangra@culturangra.pt MADEIRA Centro Cultural e de Congressos de Porto Santo Porto Santo 291 980 600 Madeira Tecnopolo Funchal 291 720 000 admin@madeiratecnopolo.pt www.madeiratecnopolo.pt

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Estruturas e aluguer de material Alugoclima Aldeia de Paio Pires 212 549 550 info@alugoclima.com www.alugoclima.com (Ar-condicionado) Ver página: 55 Alugu’Aqui Sintra 219 108 003 info@aaqui.com www.aaqui.com (Mobiliário, louça) Eurodome Fernão Ferro 917 224 866 eurodomes@gmail.com www.eurodome.pt (Domes e outras estruturas) Europalco Mem Martins 219 605 520 vanessa.fonseca@europalco.pt www.europalco.com (Palcos e outras estruturas) Eventpack Braga 253 283 483 pedro@eventpack.net www.eventpack.net (Estruturas, mobiliário, decoração) Evidência Display Lisboa 214 603 620 geral@evidenciadisplay.com www.evidenciadisplay.com (Stands) GL Events Alcochete 212 317 430 info@glevents‑portugal.com www.glevents‑portugal.com (Mobiliário) Modelstand Braga 253 300 320 comercial@modelstand.pt www.modelstand.pt (Stands) Multiarco Lisboa 218 483 740 info@multiarco.pt www.multiarco.pt (Ar‑condicionado) Ver página: 39 Pebê Design Terrugem 219 188 720 geral@pebe.pt www.pebe.pt (Stands)

Spormex Braga 253 673 689 geral@spormex.pt www.spormex.pt (Stands)

BRAGA

Formação

Meliã Braga Braga 253 144 000 melia.braga@meliaportugal.com www.meliabraga.com

Hotel Lusitânia Congress & SPA Guarda 271 238 285 lusitania.dir@naturaimbhotels.com www.naturaimbhotels.com

BRAGANÇA

LEIRIA

Hotel São Lázaro Bragança 273 302 700 comercial.hsl@hoteis‑arco.com www.hoteis‑arco.com

Marriot Praia D’El Rey & Beach Resort Óbidos 262 905 100 info.pdr@marriott‑pdr.com.pt www.praia‑del‑rey.com

Escola de Gestão e Negócios Lisboa 213 177 607 egnegocios@universidade‑autonoma.pt www.egnegocios.ual.pt Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril Estoril 210 040 700 isabel.sousa@eshte.pt www.eshte.pt

Tivoli Marina de Vilamoura Vilamoura 289 303 303 htmarinavilamoura@tivolihotels.com www.tivolihotels.com GUARDA

CASTELO BRANCO

LISBOA

ETIC Lisboa 213 942 550 info@etic.pt www.etic.pt

Tryp Colina do Castelo Castelo Branco 272 349 280 tryp.colina.castelo@solmeliaportugal.com www.trypcolinacastelo.com

Altis Belém Lisboa 210 400 200 info@altisbelemhotel.com www.altishotels.com

ISLA Lisboa 808 203 544 elpme@lx.isla.pt www.isla.pt

Tryp Confort D. Maria Covilhã 275 310 000 tryp.dona.maria@solmelia.com

Corinthia Lisboa Hotel Lisboa 217 236 363 lisboa@corinthia.pt www.corinthiahotels.com

COIMBRA Restart Lisboa 213 609 450 info@restart.pt www.restart.pt Fotografia e vídeo City Lab Marco de Canaveses 255 539 230 citylab@citylab.pt www.citylab.pt Fabrice Ziegler Lisboa 218 877 719 fabriceziegler@netcabo.pt www.fabriceziegler.com

Hotel Quinta das Lágrimas Coimbra 239 802 380 comercial@quintadaslagrimas.pt www.quintadaslagrimas.pt

fontana park hotel Lisboa 210 410 600 geral@fontanaparkhotel.com www. fontanaparkhotel.com Ver página: 116

Hotel Vila Galé Coimbra Coimbra 239 240 000 coimbra@vilagale.pt www.vilagale.pt

Hotel Dom Pedro Lisboa Lisboa 213 896 600 lisboa.reservations@dompedro.com www.dompedro.com

ÉVORA

Hotel Real Villa Itália Cascais 210 966 000 realvillaitalia@hoteisreal.com www.realhotelsgroup.com

Hotel Mar de Ar Évora 266 740 700 geral@mardearhotels.com www.mardearhotels.com FARO

Minifoto Lisboa 217 567 330 minifoto@netcabo.pt www.minifoto‑estudio.com Ver página: 43

Crowne Plaza Hotel Vilamoura 289 381 600 geral@cpvilamoura.com www.crowneplazavilamoura.com

Nv Studio Porto 226 180 741 nvstudio@nvstudio.co.pt www.nvstudio.co.pt

CS Salgados Grande Hotel Albufeira 289 598 331 groups.algarve@cshotelsandresorts.com www.cshotelsandresorts.com

Hotéis AVEIRO

Pop Communication Group Lisboa 218 650 400 popgroup@popgroup.pt www.popgroup.pt/ (Stands, sinalética)

Axis Ofir Esposende 253 989 800 reservas@axisofir.com www.axishoteisegolfe.com

Grande Hotel da Curia Anadia 231 515 720 geral@grandehoteldacuria.com www.grandehoteldacuria.com

Publiacção Almargem do Bispo 210 106 295 geral@publiaccao.com www.publiaccao.com (Road‑show) Ver página: 117

Palace Hotel Bussaco Luso 231 937 970 bussaco@almeidahotels.com www.almeidahotels.com

Siram Funchal 291 230 350 siram@siram.pt www.siram.com (Palcos e outras estruturas)

Beja Parque Hotel Beja 284 310 500 reservas@bejaparquehotel.com www.bejaparquehotel.com

Hotel Faro Faro 289 830 830 comercial@hotelfaro.pt www.hotelfaro.pt Le Meridien Penina Golf e Resort Portimão 282 420 200 reservations.penina@lemeridien.com www.lemeridienpenina.com Monte da Quinta Almancil 289 000 300 mqreservas@mqclub.com www.montedaquintaresort.com

BEJA Sheraton Algarve Hotel & Resort Albufeira 289 500 100 pinecliffs.reservations@luxurycollection.com www.sheratonalgarve.com

Hotel Villa Rica Lisboa 210 043 000 hotelvillarica@viphotels.com www.villaricahotelsgroup.com Lisbon Marriott Hotel Lisboa 217 235 400 claudia.ventura@marriotthotels.com www.marriott.com/hotels/travel/ lispt‑lisbon‑marriott‑hotel/ Palácio Estoril Estoril 214 648 000 front‑desk@palacioestorilhotel.com www.palacioestorilhotel.com Pestana Palace Lisboa 21 361 56 00 sales.portugal@pestana.com www.pestana.com Ritz Four Seasons Hotel Lisboa Lisboa 213 811 400 fsh.lisbon@fourseasons.com www.fourseasons.com/lisbon/ Sheraton Lisboa Lisboa 213 120 000 sheraton.lisboa@sheraton.com www.starwoodhotels.com VIP Executive Art’s Lisboa 210 020 400 hotelarts@viphotels.com www.viphotels.com


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PORTO

MADEIRA

Porto Palácio Congress Hotel & SPA Porto 226 086 600 geral@portopalaciohotel.pt www.portopalaciohotel.pt

Hotel Savoy Funchal 291 213 000 reservations@savoyresort.com www.savoyresort.com

Sheraton Porto Hotel & SPA Porto 220 404 000 sheraton.porto@sheraton.com www.sheratonporto.com

The Vine Hotel Funchal 291 009 000 reservations@hotelthevine.com www.hotelthevine.com

The Yeatman Vila Nova de Gaia 220 133 100 reservations@theyeatman.com www.theyeatman.com Tiara Park Atlantic Porto 226 072 500 reservas.porto@tiara‑hotels.com www.tiara‑hotels.com SANTARÉM Dom Gonçalo Hotel & SPA Fátima 249 539 330 mail@hoteldg.com www.hoteldg.com VIANA DO CASTELO Axis Golf Ponte de Lima Ponte de Lima 258 900 250 reservas@axispontedelima.com www.axispontedelima.com Flôr de Sal Viana do Castelo 258 800 100 reservas@hotelflordesal.com www.hotelflordesal.com VILA REAL Vidago Palace Hotel Vidago 276 990 900 vidagopalace@unicer.pt www.vidagopalacehotel.com VISEU Aquapura Douro Valley Lamego 254 660 600 aquapuradouro@aquapuradouro.com www.aquapurahotels.com Hotel Montebelo Viseu 232 420 000 montebeloviseu@visabeiraturismo.com www.montebeloviseu.pt Melia Confort Grão Vasco Viseu 232 423 511 geral@hotelgraovasco.pt www.hotelgraovasco.pt

Limpeza Vadeca Matosinhos 229 397 800 vadeca.servicos@vadeca.pt www.vadeca.pt Climex Lisboa 21 847 58 54 comercial@climex.pt www.climex.pt Organizadores Profissionais de Congressos Acrópole Porto 226 199 680 geral@acropole‑servicos.pt www.acropole‑servicos.pt Bloom Up Lisboa 217 611 010 bloom@bloom.pt www.bloom.pt CI – Congressos e Incentivos Sintra 219 246 342 cicongressos@sapo.pt www.ci‑congressos.com CPL Events Cascais 214 003 540 events@cplevents.pt www.cplevents.pt Leading – Congress & Association Management Linda‑a‑Velha 217 712 634 leading@leading.pt www.leading.pt MTP – Organização de Eventos Lisboa 217 583 325 correio@mtp.pt www.mtp.pt Mundiconvenius Lisboa 213 155 135 info@mundiconvenius.pt www.mundiconvenius.pt

Organizadores de Eventos 3 em Linha Lisboa 21 814 39 02 geral@3emlinha.com www.3emlinha.pt aa‑com. Lisboa 211 929 707 geral@aa‑com.pt www.aa‑com.pt Acting Out Lisboa 214 544 355 actingout@actingout.pt www.actingout.pt Addsolutions Lisboa 218 444 460 geral@addsolutions.pt www.addsolutions.pt Adereço Produções Porto 225 322 720 geral@adereco.com www.adereco.com B+ Estoril 214 689 668 geral@bpositivo.com www.bpositivo.com Baixa 62 Cacém 214 278 660 joana.botelho@baixa62.pt www.baixa62.com Best Events Braga 253 204 053 info@bestevents.pt www.bestevents.pt Canto Moniz Lisboa 213 430 240 diana.martin@cantomoniz.pt www.cantomoniz.pt Ver página: 35 Desafio Global ativism Linda‑a‑Velha 214 149 550 pedro.rodrigues@desafioglobal.ativism.pt www.desafioglobal.ativism.pt GL Events Alcochete 212 317 430 info@glevents‑portugal.com www.glevents‑portugal.com Inforpress Lisboa 213 240 227 lisboa@inforpress.com www.inforpress.com Ver página: 67

AÇORES Hotel Avenida Ponta Delgada 296 209 660 avenida@bensaude.pt www.bensaude.pt

Pedro Salgado – Organização de Eventos e Promoções S. Pedro de Sintra 214 461 020 geral@pedrosalgado.pt www.pedrosalgado.pt

Hotel Açores Atlântico Ponta Delgada 296 302 200 atlantico@bensaude.pt www.bensaude.pt

Skyros Porto 226 165 450 skyros@skyros‑congressos.com www.skyros‑congressos.com

Hotel Príncipe do Mónaco Ponta Delgada 296 302 460 comercial@astatlantida.com www.principedomonaco.com

KriaEventos Lisboa 217 955 424 ke@kriaeventos.pt www.kriaeventos.pt Lagos Premium Events Carnaxide 213 034 900 geral@lagossports.com www.lagossports.com LineUP Lisboa 213 303 734 info@lineup.pt www.lineup.pt

Mercado da Cultura Oeiras 214 410 448 geral@mercadodacultura.pt www.mercadodacultura.pt New Events Lisboa 213 303 768 geral@newevents.com.pt www.newevents.com.pt Plurevento Cacém 219 129 599 mail@plurevento.com www.plurevento.com Prestígio Lisboa 213 839 600 geral@prestigio.pt www.prestigio.pt Publihappening Sacavém 219 422 334 info@publihappening.com www.publihappening.com Ver página: 44 Realizar Porto 225 074 530 info@realizar.com www.realizar.com Sfori Lisboa 217 604 839 geral@sfori.com www.sfori.com Siram Funchal 291 230 350 siram@siram.pt www.siram.pt Stress Less Lisboa 213 403 300 geral@stressless.pt www.stressless.pt Tavolanostra Eventos Globais Arganil 235 203 029 geral@tavolanostra.com www.tavolanostra.com Ver contracapa Tempos e Ventos Aveiro 234 385 624 cperestrelo@temposeventos.com www.temposeventos.com Tox’Inn – Promoção e Eventos Lisboa 217 923 35 geral@toxinn.com www.toxinn.com Uppartner – Comunicação de Marketing Lisboa 210 410 100 helio.soares@uppartner.pt www.uppartner.pt Wecansell Lisboa 213 303 720 info@wecansell.pt www.wecansell.pt You are One Sesimbra 289 410 270 geral@youareone.com www.youareone.com

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