Revista Noize #43 - Maio de 2011

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DO UNDERGROUND AO MAINSTREAM

• EXPEDIENTE #43 // ANO 5 // MAIO ‘11_ DIREÇÃO: 
 Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha

EDITORA NOIZE.COM.BR: Lidy Araújo lidy@noize.com.br

COMERCIAL:


 Pablo Rocha pablo@noize.com.br Silvana Fuhrmann silvana@noize.com.br

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO: Pedro Braga pedrobraga@noize. com.br

DIRETOR DE CRIAÇÃO: Rafael Rocha rafarocha@noize.com.br

DISTRIBUIÇÃO: Marcos Schneider marcos@noize.com.br

EDITORA CHEFE: Cristiane Lisbôa cristianelisboa@noize. com.br EDITOR: Tomás Bello tomas@noize.com.br

REDAÇÃO: Alex Corrêa alexcorrea@noize.com.br Rafa Carvalho rafacarvalho@noize. com.br DESIGN: Felipe Guimarães felipe@noize.com.br

PROJETOS ESPECIAIS: Bruno Nerva brunonerva@noize. com.br Júlia Lang julialang@noize.com.br Igor Beron igor@noize.com.br Laryssa Araújo laryssa@noize.com.br

PONTOS: Faculdades Colégios Cursinhos Estúdios
 Lojas de Instrumentos Lojas de Discos Lojas de Roupas Lojas Alternativas Agências de Viagens
 Escolas de Música Escolas de Idiomas
 Bares e Casas de Show
 Shows, Festas e Feiras

 Festivais Independentes TIRAGEM: 30.000 exemplares CIRCULAÇÃO NACIONAL

ANUNCIE NA NOIZE: comercial@noize.com.br

 ASSINE A NOIZE: assinatura@noize.com.br

• FOTO DE CAPA_ EDUARDO CARNEIRO

www.eduardocarneiro.com.br

Modelo de Capa www.robertocarloscover.com (51) 3031-7050 (51) 9962-6419

1. Dudu Carneiro_Fotógrafo pedalante. 2. Samuel Esteves_ É nóis que tá. samuelesteves.com 3. Gaía Passarelli_ Gaía Passarelli gosta de descobrir música nova e comanda o GOO na MTV Brasil. 4. Lalai e Ola_ Lalai trabalha com mídias sociais, mas também é promoter, produz a festa CREW e às vezes banca a DJ. Na adolescência foi metaleira e ainda nutre sua paixão eterna pelo AC/DC, sua banda do coração. Atualmente tem ouvido muito folk e sons etéreos, mas na pista gosta mesmo de um electro bem pesado e não abre mão de um bom show de rock.. Ola é sueco, DJ, fotógrafo, designer entre outras coisas. Está sempre com o fone de ouvidos e atrás de músicas novas. Gosta de psicodelias sonoras, rock, breaks, dubstep e foge do pop. Os graves e os grooves são o que mexem com sua cabeça. 5. Bruno Natal_ Bruno Natal é jornalista, documentarista, um dos fundadores do Queremos, bota som na festa Calzone, edita o URBe e torce pelo Flamengo. 6. Camila Mazzini_ Jornalista e fotógrafa morando em São Paulo mas não sabe o que quer da vida. flickr.com/photos/camila_mazzini 7. Ariel Martini_ ainda insiste em fazer fotos de show. flickr.com/arielmartini 8. Eduardo Guspe_ Membro fundador do Núcleo Urbanóide, ultimamente se dedica a produzir DONUTS. 9. Leonardo Bomfim_ Jornalista e diretor de cinema, edita o freakiumemeio. wordpress.com 10. Daniel Sanes_ Jornalista por formação, lunático por opção e roqueiro de nascimento. Um dos editores de música do site www.nonada.com.br. 11. Guilherme Rech_ Sonha com o dia em que não vai mais sonhar em viver de música. 12. Fernando Halal_ Jornalista malemolente, fotógrafo de técnica zero e cinéfilo dodói, não morre sem ver um show do Neil Young www.flickr.com/fernandohalal 13. Maria Joana Avellar_ Jornalista rainha do besteirol e cabeça de rádio. Replicante tentando escapar do Grande Irmão. 14. Nícolas Gambin_ Jornalista freela. Aprecia tocar The Meters com amigos nas horas vagas. 15. Bruno Felin_ Jornalista que adora a rua, principalmente com trilha sonora. Sempre de olho nos detalhes do extra pauta. 16. Achilles Krüger Filho_Workaholic master, diretor de arte e ilustrador , sócio do Estúdio Cores. 17. Oga Mendonça_ Oga Mendonça, é designer gráfico e ilustrador de formação / Videomaker & motion designer por necessidade / Ser artista plástico ainda é uma ambição / E quando sobra um tempo espalha suas rimas pela cidade. @ogamendonca / myspace.com/projetomanada

Os anúncios e os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.. Revista NOIZE - Alguns Diretos Reservados

REPÓRTER ESPECIAL: Fernando Corrêa nando@noize.com.br

GERENTE DE PROJETOS: Leandro Pinheiro leandro@noize.com.br

AGENDA: shows, festas e eventos agenda@noize.com.br 

 ASSESSORIA JURÍDICA: Zago & Martins Advogados

• COLABORADORES


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REVISTA NOIZE. TUMBLR. COM 11

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_foto: SAMUEL ESTEVES SAMUELESTEVES.COM


NOME_ Bruno 9LI PROFISSÃO_ Metagrafista UM DISCO_ Kraftwerk | Minimum Maximum

“Pintar é mergulhar fundo no mar do meu próprio universo imagético. É dissolver e coagular. É manifestar visualmente o sonho e ser universal. Acontece de eu estar pintando e imaginando o som que está acontecendo em determinada imagem. Recentemente criptografei o alfabeto latino e o recriei considerando o som de cada letra e como cada caractere poderia ser representado visualmente. Costumo escutar música enquanto pinto. O ritmo, a melodia, a textura, a harmonia, as variações de intensidade, as ondas, os temas. Estão presentes no som e nas imagens também.”


“As pessoas me perguntam o que eu procuro nas mulheres. Eu procuro POR MIM.”

Ad-Rock, do Beastie Boys | sobre a demora do grupo em lançar Hot Sauce Committee Pt 2, seu novo disco

“ NERD É ASSOCIADO A PESSOAS INTELIGENTES. É SEXY SER INTELIGENTE.” Kunal Nayyar, o Raj de Big Bang Theory l defendendo o “orgulho nerd”

“Eu posso avacalhar os Beatles, mas não vou deixar que Mick Jagger faça isso” John Lennon

Ra f inh a Ba stos | elogiando, via twitter, o público do apresentador Serginho Groisman: os adolescentes

“Quando desejo e preguiça se chocam, leva um tempo.”

“Admiro mto o Sr. Groismann. Ele administra, c/ maestria, os seres humanos em sua fase + imbecil.”

Gene Simmons | vocalista e baixista do Kiss

“Às vezes eu olho para ele e penso ‘que camisa bonita!’, porque é do meu guarda-roupa.” Liv Tyler | revelando as preferências do pai, Steven Tyler, vocalista do Aerosmith


“Os maiores nerds são os caras mais bem-sucedidos do mundo: Bill Gates, Steve Jobs, Barack Obama.”

“Até o Bono pediu... Foi tipo ‘Por favor, gravem um disco!”

Johnny Galecki, o Leonard Hofstadter de Big Bang

Joey Santiago, guitarrista do Pixies | sobre a possibilidade da banda entrar em estúdio

“Quem é Charlie Sheen?”

Robert Pattinson | o adorado Edward da série Crepúsculo

Piratas do Caribe

“Ninguém nunca me chama para fazer nada. Eu acabo ficando lá, sozinho, e bêbado. É horrível”

Johnny Depp l elogiando sua colega de

Simon Helberg, o Howard Wolowitz de Big Bang Theory | em visita ao Brasil

“PENÉLOPE CRUZ ME ENSINOU OS PIORES PALAVRÕES SEXUAIS QUE EU JÁ OUVI.”

Frank Zappa

“A maioria das pessoas não reconheceria boa música nem que ela viesse mordê-las na bunda.”

Theory | comprovando o “orgulho nerd”

“Algum desconhecido no Brasil me mandou e escreveu: ‘Você vai gostar disso’. Como o livro era pequeno, eu li. Se ele fosse grosso, eu o teria descartado” Woody Allen l ao citar Memórias Póstumas de Brás Cubas entre os livros que mais o influenciaram

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Reprodução

__Parei na contramão | God save the king! Não se espante. Esta ainda é a revista Noize que você conhece, gosta e acompanha. Ainda usamos tênis, descobrimos sons, fazemos autopiada e nadamos contra a corrente só pra exercitar. Acontece que quer você concorde, quer você discorde (neste caso não existe indiferença), o Brasil tem um Rei. Ele chama Roberto Carlos, tem 70 e foi diretamente responsável pela popularização do rock, dos Beatles, do iê iê iê, da histeria feminina por ídolos musicais, das guitarras e do sagrado direito de um homem usar camisa aberta, calça justa e assumir que tudo que ele gosta “é ilegal, imoral ou engorda”. Portanto, esqueça um pouco o especial de Natal RC, que você assiste comendo o peru frio e outros restos de ceia enquanto lembra o que aconteceu depois que o seu tio vestido de Papai Noel entrou pela porta.Vá sem preconceitos até a página 44 e descubra que a monarquia da música brasileira é mais próxima do que você gosta, gostou, vai gostar ou até do que supõe a cada vez mais vã filosofia de boteco. Assuma-se um súdito, encontre uma música favorita, perceba a genialidade de um homem que há um tempo convenceu o país do samba e da bossa nova a fugir sem destino certo com um tal de rock and roll. Cristiane Lisbôa


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_ouVINDO

bixentro/wikimediacommons

Rafa Rocha

Criolo - Nó na orelha Tame Impala - Antares, Mira, Sun The Weeknd - House of Baloons Beastie Boys - Hot Sauce Committee Roberto Carlos - Em ritmo de aventura

__É NOIZE NO AÇORIANOS | O Açorianos de Música

é uma premiação anual da Secretaria de Cultura de Porto Alegre, que consagra músicos no Rio Grande do Sul. E NOIZE foi o veículo homenageado na edição de 2011. A coisa não para aí: nosso diretor de arte, Rafa Rocha, foi premiado pelo projeto gráfico do disco homônimo da Apanhador Só. A menção honrosa e o prêmio vêm em boa hora: já se vão mais de 3 mil páginas produzidas em quatro anos na batalha, mais ou menos 1.500 dias dedicados ao nobre ofício de ouvir, pensar, refletir, conhecer, lembrar e falar de música. Por isso, humildemente aceitamos a premiação como justa e merecida. Mas não podemos esconder o sorriso no canto da boca, o orgulho da equipe, os planos de futuro imediato e a certeza de que o melhor da festa ainda vai chegar.

__OSAMA IS DEAD | Barack Obama avisou: o terrorista de nome parecido com o seu morreu metralhado por tropas americanas. Os noticiários de todo o mundo não hesitaram em passar os detalhes adiante: Bin Laden estaria escondido em uma fortaleza em Abbotabad, no Paquistão. A operação se desenrolava desde o fim de 2010 e culminou no assassinato do terrorista pelas tropas de Obama enquanto o presidente e uma cúpula seleta do governo assistiam a tudo da Casa Branca. Ainda segundo os americanos, o corpo de Osama foi jogado no mar, e as fotos do cadáver não serão divulgadas para, em suma, não jogar mais lenha na fogueira da Al-Qaeda – que, nem precisamos dizer, está em chamas prometendo revanche. Agora, acreditar em tudo que diz a Casa Branca só depende de você.


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Parker Fitzgerald

__CONVIDADA DA EDIÇÃO | Passar um tempo em

Portland, no Oregon, me fez lembrar da vizinha Seattle e dos anos 90. Camisa de flanela xadrez, cabelo despenteado e o jeans rasgado.Tudo veio de lá. E veio com música, como toda a atitude relevante do século 20, aliás. Nos 2010, o clima é menos de revolta e mais de melancolia. Oregon é um dos estados mais chuvosos dos EUA. E é claro que isso se reflete no som e na maneira dos jovens. Essa melancolia de flanela xadrez, céu nublado e o som de skate no asfalto. Greylag acabou de nascer e eu pude conhecer os caras ao vivo (http://www.greylagmusic.com/). Eles usam instrumentos da música norte-americana de raiz: violinos, banjos. Mas são jovens, bem jovens. E aí essa nostalgia se mistura com uma coisa bonita, esperançosa. Come Gather Round Us é da mesma turma da Greylag. Encontrei a vocalista e compositora deles que me deu um CD da banda. Ao abrir, uma mensagem impressa: Thank you. As pessoas de Portland têm um jeito doce, e esse é

mais um elemento do som daqui. A Come Gather faz uma música mais dramática e acho que isso vem muito do vocal da Catherine (http://www.comegatherroundus.org/). Ficou no meu iPod e toca nas pedaladas de bicicleta na beira do Rio Willamette, com a eterna chuvinha fina no rosto. As fotos nos sites da Greylag e da Come Gather são do fotógrafo local Parker Fitzgerald (http://www.flickr.com/photos/parkerfitzgerald/). O cara tem um trabalho lindo demais e, além de me apresentar a turminha da música da cidade, me indicou um dos seus sons preferidos: Fleet Foxes (http://www.fleetfoxes.com), da vizinha Seattle. Se eu pudesse dar um dica, seria: em vez de Nova York, nas próximas férias, vá para o norte da costa oeste. Pra quem gosta de shopping e big sales, talvez não seja uma boa troca. Mas pra quem gosta de música, com certeza é. Vera Egito_ Roteirista e diretora premiada, dirigiu o clipe recém-

lançado de “Nightwalker”, do Thiago Pethit. Seu primeiro longa está em produção: Maria Antônia: A Incrível Batalha dos Estudantes



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Beastie Boys | Fight for your right revisited _Enquanto Hot Sauce Committee pt. 2 circula na web, o Beastie Boys liberou o curta-metragem que acompanha o álbum. Fight For Your Right Revisited tem cerca de meia hora e conta a história da banda com muita graça e um elenco foda, com figuras como Elijah Wood e Seth Rogen. Tags: beastie boys fight revisited

#FFYR REVISITED @de_Urioste Caso você tenha perdido,The Beastie Boys fizeram um curta. E é insano. http://bit.ly/ffe5xm

@plastichassleuk Fight ForYour Right - Revisited is brilliant, as is the new Beastie Bwoys album Hot Sauce Committee Part Two. @honaebee assistindo a esse vídeo do bestia boys e eu sempre quis johar alguém por uma janela @Bigbrothershark haha literally every celebrity i idolize is in this beastie boys music video @cmaum NÃO comece seu fim de semana sem assistir a este vídeozinho dos Beasttie Boys, revisited. Sério, NÃO.

Foo Fighters na garagem

#GARAGE TOUR

_ Dave Grohl e cia. executaram Wasting Light em ocasiões tão numerosas quanto impressionantes. Mas bom mesmo são esses shows em garagens de fãs sortudos. Agora, o que a galera tá fazendo parada?

@michaelwolf My friend’s cousin won the Dave Grohl garage concert lottery. http://bit.ly/lhUfLz How cool would this be?

Tags: foo fighters garage

@rjsilver430 “just hanging out with the foo fighters in my garage, no big deal” http://bit.ly/kxlKA2

TIMELINE Está sabendo que o Ringo Starr vai lançar sua biografia em forma de música? Justo ele, o compositor menos talentoso dos Beatles.

A NOIZE acompanhou o ensaio do Apanhador Só para o show de seu Acústico Sucateiro. Fizemos vídeos para duas músicas.

http://bit.ly/bioringo

http://bit.ly/ensaiosucata

Lynch resumiu cada um de seus filmes em 140 caracteres. E você que achava os filmes dele complicados... http://bit.ly/lynch140

Hipsters que se vestem como os avós não sabem que os verdadeiros hipsters eram nossos pais. Quer ver? http://dadsaretheoriginalhipster.tumblr.com/


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“Eu sou muito leviano, casamento não é coisa pra mim, não.”

Buraka Som Sistema | Hangover

#ÁUDIO

_A galera em Luanda preserva a felicidade vivendo no ritmo do kuduro intergalático de “Hangover”. A produção é dos Buraka com Stereotype será lançada pelo site enfuchada.com Tags: buraka hangover

Flaming Lips | Gummy Skull O Flaming Lips lançou seu novo EP em formato inusitado: pen drives dentro de crânios de chiclete, acessíveis por orifícios semelhantes a vaginas. Se é difícil imaginar, vale ouvir a faixa “Drug Chart” na web e tirar a prova:Wayne Coyne segue enlouquecendo aos poucos, mas a música segue boa. http://bit.ly/flamingskull

Arcade Fire | Girls Just Wanna Have Fun _É normal se perguntar o que ouvem os artistas cool. Este vídeo do Arcade Fire tocando o clássico de Cyndi Lauper corrobora um velho palpite: escutam de tudo, como eu e você. Tags: arcade fire cyndi

Aloe Blacc | 99 Problems É muito soul: o mestre Aloe Blacc caminhou através da ponte que liga o hip hop à música black de raiz, e de lá homenageia Jay-Z com uma versão atualíssima de 99 Problems. http://bit.ly/aloecover99

Breakbot | Fantasy Parece Michael Jackson, mas é o Breakbot em uma faixa capaz de ensolarar o seu dia se você for suscetível a sintetizadores melódicos e nervosos. http://bit.ly/breakfanta

O verdadeiro casamento real _Enquanto William, Kate e cia. encenavam aquela cerimônia sem graça, uma galera mucho loca gravava mais um vídeo da T-Mobile feito sob medida para se tornar um viral. Os atores-sósias quase fazem você acreditar que a família real se diverte.

Pélico | VamoTenta O novo disco de Pélico promete.“Vamo Tenta”, primeira faixa a dar as caras, tem um mix saboroso, a um só tempo burlesco e sofisticado, como o que marca o universo do artista desde seus primeiros trabalhos. http://bit.ly/pelicotenta

Tags: tmobile royal wedding

@REVISTANOIZE Pauta da edição passada, o ECAD repassou quase R$ 130 mil a um fraudador brasileiro. Falamos disso e demos uma estendida na matéria em http://bit.ly/ecad130

“Smartphone para todos”: a rede social fotográfica Instagram é palco de brasilidade fuleira – com ares de aconchego do lar. http://pobregram.tumblr.com

Pegaram “Alejandro”, da Lady Gaga, e deixaram arrastaaaaado. Se liga no resultado. http://bzfd.it/iVl95k

É um monstro Mike Mangini, novo batera do Dram Theater.Veja a bateria do cara na Super Câmera do Discovery. http://bit.ly/mikebateria

Divulgação

_Roberto Carlos, o Rei


_Por Lalai e Ola Person

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MAS DEVERIa_

Divulgação

THE CLEANERS Origem:

São Paulo Som:

Conheci o The Cleaners em 2009, quando eu produzia o Festival de Música Casa de Criadores. Eles se inscreveram e chamaram minha atenção com um indie rock bem feito, com guitarras e solos que contagiam. Na época o som da banda me remeteu ao Snow Patrol. Foi uma escolha acertada, fizeram um show vigoroso, e desde então eu acompanho a saga do quarteto paulista. Estão lançando agora o primeiro álbum, Behind the Truth. É banda pra ficar de olho e, se der, conferir ao vivo.

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Escute:

myspace.com/thecleanerstheband http://oinovosom.com.br/thecleaners

DORGAS Origem:

Rio de Janeiro Som:

O quarteto carioca anda chamando bastante atenção de quem o ouve. Dorgas produz um som etéreo, com produções pop e experimentais, ao qual você se rende completamente. Lançou recentemente o single “Loxhanxha”, que tem uma pegada jazzística, que vai embalando você sem chegar ao clímax. Música pra ouvir e relaxar, acompanhado de um bom vinho. Eles soam bem diferentes de tudo que tenho ouvido de produções brasileiras.Aposto neles como a banda de 2011. Escute:

myspace.com/dorgasdorgasdorgas

MY

darwin deez Ele não é exatamente uma novidade, mas não tinha como deixar de falar sobre Darwin Deez, depois de mencioná-lo várias vezes aos amigos que ignoravam sua existência. Deez foi indicado ao VMB 2010 como aposta internacional, mas perdeu para School of Seven Bells. Adoro música feliz e Darwin Deez sabe como fazê-la. Se o nome dele ainda soa estranho, procure por “Constellations” e “Radar Detector” – com certeza você já ouviu as músicas, mas não sabia de quem eram. Ele surgiu em 2007, mas somente em 2010 lançou seu primeiro álbum homônimo, que fala sobre os altos e baixos da paixão.Virou o queridinho da vez das publicações americanas de música, com um disco sem grandes

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produções, embalado por sua voz doce e melódica, acompanhada de guitarras dançantes. Pude conferir seu show ao vivo, que é a tradução perfeita para tudo que ele produz. Simpático, acessível e risonho, ele vai fazendo mashups entre suas músicas. Entra sempre alguma música pop e então a banda inicia uma performance à parte. Para ter uma ideia, uma das músicas que tocaram era da Enia, emendando com Beastie Boys. Não tem como não curtir, dançar, cantar. Se alguém fez uma banda para se divertir, com certeza esta pessoa é Darwin Deez. Resta torcer para que o moço de cachinhos e faixa na testa nos divirta algum festival brasileiro. Escute: http://darwindeez.com/ Show que fui: http://bit.ly/kIFAjG

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_Por Lalai e Ola Person

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MAS DEVERIa_

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THE DONKEYS Origem:

San Diego, EUA Som:

O álbum novo, Born with Stripes, é a nova trilha sonora aqui de casa, trazendo um clima de verão em meio ao avanço do inverno. Diferentemente dos conterrâneos de San Diego,The Donkeys produz um rock com uma pegada anos 60, com influências folk e blues, mas sem deixar de lado o ar surfista californiano. O som do quarteto lembra Pavement, especialmente em “I Like The Way You Walk” e “Ceiling Tan”, do novo álbum. A NME escreveu que o álbum também está no repeat por lá. Escute:

myspace.com/thedonkeys

Ringo Deathstarr Origem:

Austin, EUA Som:

Quem não resiste a um bom shoegaze no volume máximo não pode deixar de ouvir Ringo Deathstarr. Muitas distorções sonoras, ruídos e vocais sujos remetem a My Bloody Valentine e Jesus & Mary Chain. A banda, formada por Elliot Frazier, Alex Gehring, Daniel Coborn e Renan McFerland, surgiu em 2007, em Austin e, recentemente, lançou o primoroso álbum Color Trip, que tem tudo para entrar na lista dos melhores do ano. “So High” e “Imagine Hearts” grudam como chiclete. Escute:

www.facebook.com/ringodeathstarr

the belle brigade The Belle Brigade é uma dupla de Los Angeles, formada em 2008 pelos irmãos Ethan e Barbara Gruska, que produz um pop rock delicioso. Acabou de lançar o primeiro álbum, homônimo, com 11 faixas sobre temas comuns como amor e solidão, mas que funcionam superbem. Não há uma música sequer com sintetizadores e há faixas com instrumentos clássicos, como violino e órgão. “Sweet Louise” e “Punchline” são lindas de morrer. O álbum foi gravado no estúdio Capitol e não deve demorar para estourar, já que atualmente os irmãos estão no selo Warner. A música sempre correu solta na veia da família, que teve/tem vários membros bateristas: o bisavô, os tios-bisavós, os irmãos dos avós, o tio, que

excursiou com Tina Turner, Air Suplly, entre outros. John Willians, o avô, já foi indicado ao Oscar várias vezes por trilhas feitas para filmes de Spielberg e levou a estatueta por alguns deles. Barbara começou a tocar bateria aos 10 anos, mas hoje toca guitarra nos shows ao vivo. Ethan ganhou sua primeira guitarra aos oito anos, mas sempre foi o piano que o atraiu. Os dois tocam todos os instrumentos no álbum, além de terem uma harmonia natural nos vocais – é fácil perceber nas vozes a familiaridade que rola. É curioso, porque há momentos em que não dá para sacar de cara se é Barbara ou Ethan quem está cantando. Apesar da forte influência familiar, fazem música atual, jovem e fresh. Escute: myspace.com/thebellebrigade



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1.

THE BEATLES DIARY (LIVRO)

2.

LOJA DE DISCOS

“Uma perspectiva cotidiana da banda mais fantástica de todos os tempos.”

“Comprar pela internet é legal, mas nas lojas nunca se sabe o que vai encontrar.”

3.

DAVID BOWIE

“Professor na arte de ser sempre diferente.”

4.

Ladies & Gentlemen, the Rolling Stones

“Uma vídeo-aula de rock`n`roll. Muito aguardada.”

1. Livro escrito por Barry Miles, amigo próximo dos Fab Four. Em suas 320 páginas, revela as histórias não contadas, das drogas aos triunfos, dos shows Às brigas e festas.2. Também nunca se sabe o que vai encontrar em lojadediscos.com.br. É a primeira loja de vinis online do Brasil. Busca unir as tradicionais lojas de discos aos clássicos bolachões. Duas paixões dos Cachorros. 3. Filme que mostra os Stones na turnê do clássico Exile on Main St. Lançado em 1974 pela Butterfly Films, de propriedade de John Lennon. Curiosamente.


POR CACHORRO GRANDE

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_Cachorro Grande é Beto Bruno, Marcelo Gross, Pedro Pelotas, Gabriel Azambuja e Rodolfo Krieger. Ou, cinco roqueiros gaúchos que adoram cerveja. Andam em estúdio e gravam seu sexto disco, que deve se chamar Procure Saber e chegar às prateleiras ainda este ano.

5.

BIOGRAFIAS DE ROCK

6.

CHEMICAL BROTHERS

“Keith Richards, Patti Smith, David Bowie, Lobão...”

“Música pra entortar os sentidos.” 7.

ESTÚDIO

“Reciclar o material. É fundamental.”

8.

SLY & THE FAMILY STONE

“Não dá pra viver sem curtir um balanço.”

5. Life é a biografia de Keith Richards. Só Garotos é a de Patti Smith. Nas 867 páginas de Cinquenta Anos a Mil é Lobão quem relembra suas histórias. Já o camaleão revive as suas em Bowie – A Biografia. 7. Reciclar o material é tão fundamental que os Cachorros têm transmitido ao vivo as gravações de seu novo disco.Tudo pelo tvtrama. uol.com.br. 8. Primeira banda norte-americana a ter formação multicultural. Nascida em meio À psicodelia dos anos 60, o Sly & the Family Stone também teve um papel fundamental na formação da soul music.


_ por Gaía Passarelli

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COLUNISTAS Malcolm Lubliner/Reprodução

OUÇA_

BATTLES - ATLAS O lindo videoclipe de Atlas merece destaque mesmo quatro anos depois de seu lançamento. Foi com essa faixa que os caras desembarcaram para um memorável show no Brasil, lá em 2009.Veja em http://goo.gl/Hzyww

_ Caiu aqui no meu HD, via Twitter, o recém-vazado album do Battles. Lembra deles? Em 2007, fizeram sucesso com uma música chamada “Atlas”. Esse retorno foi gancho pra desenterrar o math-rock, um rótulo bastante elástico, com raízes lá nas pirações instrumentais do Frank Zappa. Em entrevista, a banda paulistana Hurtmold, que pode (mas não quer) estar dentro do rótulo com seu rock instrumental cheio de andamentos quebrados e influências como Tortoise, cita a banda Fugazi como referência e inspiração. Mas como um gênero pode comportar de experimentalismo e pós-hardcore até

algo tão eletrônico e calculado como, por exemplo, o Tera Melos? É uma questão de pseudo-complexidade, de estruturas irregulares e melodias mais baseadas em texturas do que em ritmos. (lembra de “Cars”?). Falando assim, cabem no mesmo barco gente como o Hella (banda do baterista Zach Hill, considerado gênio), o pós-rock do Mogwai (que lançou disco esse ano) e o Shellac, projeto do produtor Steve Albini, que toca em tudo quanto é edição do festival All Tomorrow Parties e é responsável por um estilo de gravação todo particular, citado como influência por uma penca de bandas. O math-rock pode

caminhar para sonoridades mais eletrônicas ou se perder em escolas próximas do free jazz ou do saudoso shoegaze. Mas, de volta ao Battles: a faixa “Ice Cream” é o primeiro single de Glass Drop, o tal álbum vazado que tem lançamento programado para junho pela importante gravadora inglesa Warp. Mas é “Wall Street” que exemplifica com propriedade a estética math-rock, com suas acelerações, dissonâncias e melodias geométricas. Outro destaque claro é “My Machines”, com participação do vocalista Gary Numan (lembra de “Cars”?). Já disponível no hypemachine perto de você.

GIRRAFFES? GIRAFFES! Uma daquelas bandas com nome complicado, sem videoclipe e com cenas de shows no Youtube em péssima qualidade. Mas essa dupla do Massachussets é um dos melhores exemplos da estética sonora do math-rock. Procura no last.fm.

DON CABALLERO Galera da Pensilvânia chamada carinhosamente de Don Cab ou The Don. Com quase 20 anos de vida, a banda é objeto de culto, já sofreu uma interrupção e tem formacão irregular. Google:What Burns Never Returns.



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BLOGS

__DROPKICK MURPHYS | O Dropkick Murphys está de volta pra mostrar que a sua mistura de punk e música tradicional irlandesa está mais em forma do que nunca. O novo disco, Going Out In Style conta a história de um imigrante irlandês que passa por dificuldades e morre, mas não se importa em deixar a vida em grande estilo. Assim como fez a banda, que chamou ninguém menos que Bruce Springsteen e Fat Mike (NOFX) pra cantar em duas faixas do disco. Os Murphys se tornaram um patrimônio de Boston e dos Estados Unidos e são, sem dúvida, uma daquelas bandas que dificilmente lançam discos ruins. http://www.tenhomaisdiscosqueamigos.com/2011/03/01/assista-novo-clipe-do-dropkick-murphys-recheado-de-participacoes-especiais/

Divulgacão

Divulgacão

Reprodução

__GREEN DAY | Desde o lançamento, em 2004, o disco American Idiot, do Green Day, gerou especulações sobre sua adaptação para outros formatos. Nada de se espantar, já que a ópera-rock poderia ser facilmente transplantada para outras mídias como foi feito em uma peça da Broadway, na qual o vocalista Billie Joe chegou a atuar. A conversa agora é de um filme baseado na história contada pelo disco, que teria Tom Hanks como produtor, e mais uma vez o trabalho renderia lucros para o trio verde. Quem é o idiota americano mesmo? http://www.tenhomaisdiscosqueamigos.com/2011/04/13/ american-idiot-ira-virar-filme/

__Record Store Day | No dia 16 de abril a indústria da música comemorou mais um Record Store Day. A data foi criada para celebrar as lojas de discos independentes e conta com gravadoras lançando raridades em vinil única e exclusivamente nessas lojas. Deftones, Radiohead, Green Day e Mastodon são só alguns dos artistas que tiveram registros inéditos e limitados lançados e que, infelizmente, agora só podem ser adquiridos via eBay a preços abusivos. Veja uma lista completa com as belezinhas lançadas nessa data tão especial pra nós, nerds de música. http://www.recordstoreday. com/SpecialReleases



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Guilherme Ramos

__ DANIEL PEIXOTO MASTIGANDO HUMANOS l A Fora do Eixo Discos faz o lançamento de mais um álbum físico, seguindo com a estratégia que já se mostrou vitoriosa com artistas como Emicida e Nevilton. Dessa vez é Daniel Peixoto que traz seu novo álbum para a plataforma e deverá distribuir o disco Mastigando Humanos – que já havia sido lançado virtualmente na rede social Toque no Brasil para as cerca de 70 lojas do circuito pelo país. Investindo em uma aparência andrógina, a sonoridade de Daniel Peixoto mescla elementos do tecnobrega a eletro punk. Confiram o videoclipe feito em parceria com a Greenvision (a mesma dos clipes da Macaco Bong), em Belém: vimeo.com/10564279?ab

Coletivo Pegada

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__ FESTIVAL FORA DO EIXO l Já começaram os preparativos para o Festival Fora do Eixo 2011, que esse ano será realizado em quatro cidades. Na primeira edição, foi apenas São Paulo, na segunda São Paulo e Rio de Janeiro e agora na terceira ocorre também em Belo Horizonte (MG) e Goiânia (GO). Em São Paulo, o palco é o parceiríssimo Studio SP. O Festival começou com a proposta de mostrar ao eixo a música produzida nos rincões do país, e esse ano faz também o fluxo inverso, rumo ao centro oeste. As artes integradas virão com força, devido à organização de frentes como FEL (Fora do Eixo Letras), Palco Fora do Eixo, Clube de Cinema e etc. O festival acontece durante quatro fins de semana seguidos e é uma grande mostra da cultura brasileira contemporânea. Mais informações em festival.foradoeixo.org.br

DIRETO AO PONTO O selo de shows Juntos é uma parceria entre o Circuito Fora do Eixo e as casas noturnas Studio SP, de São Paulo, e Niceto Club, de Buenos Aires. Esse barulho todo serve para promover o intercâmbio e a circulação de artistas entre os dois países.O projeto de aproximação já trouxe bandas como Kumbia Queers, Pez, Tremor, Norma, Los Monos,Violentango e Proyecto Gomez para cá e já levou para lá Do Amor, Macaco Bong, (e levará?) Camarones Orquestra Guitarrística e 4instrumental.

Um canal que o leva a transitar por uma rota de informações, que envolve cobertura de shows, lançamentos de CDs, produções de turnês e tudo que acontece na música que vai além do eixo. A rede de coletivos Fora do Eixo acaba de lançar o site Música Fora do Eixo, endereço destinado a registrar e divulgar a música independente feita no nosso país e em toda América Latina. Acesse: musica.foradoeixo.org.br e descubra novas rotas.



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_Por Bruno Natal oesquema.com.br/urbe/

ESPECIAL COACHELLA 2011

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_Se no ano passado o Coachella viveu o caos, em 2011 beirou a perfeição. Área aumentada, palcos rearranjados, menos ingressos à venda, magia recuperada. No festival, existem diversos caminhos. Um dos melhores é passear pelo gramado, curtindo a chapação arrebatadora do Tame Impala, a podreira do Zack De La Rocha, a ironia do The Strokes, o pancadão metal do Sleigh Bells...



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PUBLIEDITORIAL Divulgação

__Arqueólogo visita obras do Araújo Vianna | O Arqueólogo teve a honra de fazer uma visita guiada às obras do Araújo Vianna. Quem o acompanhou foi Carlos Caramez que, além de conhecedor profundo do auditório, é o coordenador do projeto de reforma. O ritmo segue acelerado e corre contra o tempo. Aliás, dois tempos: o do relógio e o climático, afinal a chuva é um fator inimigo. Torcendo contra ela, a equipe concentra os esforços na finalização da cobertura, que deve ficar pronta antes do inverno chegar. A cobertura, a propósito, é o elemento que gera a maior curiosidade por parte de todos que aguardam ansiosamente pela reinauguração do Araújo Vianna. Composta por seis camadas, que garantem isolamento acústico e qualidade de som, ela possui estrutura de ferro e aço feita à mão e moldada de forma a permitir

OUTRAS HISTÓRIAS ARAÚJO VIANNA. com.br

O show mil do Nenhum de Nós rolou no Araújo Vianna. “Um dos melhores”, define o guitarrista, Carlos Stein.Veja foto em http://www.araujovianna.com.br/beta/?post=1106

o caimento que a velha lona proporcionava. Já o palco, que já serviu de espaço para tantas e históricas manifestações culturais, está sendo ampliado. Seu tamanho original tornou-se pequeno para as necessidades atuais e não suportaria determinados tipos de equipamentos. O novo palco avança sobre o famoso fosso, que pode ser visto pela última vez em http://www. araujovianna.com.br/beta/?post=1116. De resto, poucas são as mudanças, já que o Araújo Vianna é tombado pelo patrimônio histórico, o que impede grandes intervenções que descaracterizem o projeto original. Porém, os frequentadores podem ficar tranquilos, pois o espaço passa por uma modernização. Serão colocadas 3 mil poltronas no lugar das velhas cadeirinhas de ferro, e o ambiente será climatizado, garantindo o conforto do público.

Gilberto Gil voltou ao auditório em 2002 e Edu Santos transmitiu os preparativos para o show ao vivo pelo rádio.Veja foto da apresentação em http://www.araujovianna.com.br/beta/?post=1112

“Muito som. Muita gente boa. Muita cuca genial. Os caras que transam som”, diz o cartaz do festival Vivendo a Vida de Lee, dos anos 70.Veja a em http://www.araujovianna.com.br/beta/?post=1112




www.edutattoo.com.br


__TEXTO TOMÁS BELLO

__REPORTAGEM E FOTOS ALEXANDRE “CAPILÉ” ZAMPIERI

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Meerhout, Bélgica. 59 km da capital, Bruxelas. Em meio a plantações de milho, rios, pastos e vacas, muitas vacas, uma cidadezinha pacata, preguiçosa. Opera em 110. Normalmente, tem 10 mil habitantes. Não em abril. No quarto mês de cada ano, Meerhout se transforma, vive em ritmo de roda punk, se joga em um imenso mosh. Há exatas duas décadas, alguns amigos reuniam 400 pessoas em um club local. No palco, algumas bandas punk. Hoje, quase chegando à maioridade, esse mesmo evento junta cerca de 30 mil fanáticos por música a cada edição. É o Groezrock. É o maior festival punk do mundo+1. São dois dias, três palcos e mais de 60 bandas. Uma porrada de barracas, trailers e vans e um número maior ainda de cerveja. Em 48 horas, é possível ir de Millencolin a Sick Of It All, cantar com o NOFX e pular com o H2O. Sem esquecer de Descendents,The Used, Boy Sets Fire,Thursday e Goldfinger. É uma verdadeira festa punk. E a Noize foi lá dar um mosh.Vem junto?

DIA 1 / SEXTA-FEIRA, 22.04 @12h00: Desembarque no aeroporto de Dusseldorf, na Alemanha. É descer do avião, pegar a mala e cair no trem. Próxima parada: Meerhout, Bélgica.

@18h25: Mapa na mão, instruções à frente dos olhos, caminhada em direção ao ônibus que leva até a porta do evento.

@18h18: cinco horas depois, recheadas de incontáveis baldeações e muita correria, o trem encosta na estação Geel, em Meerhout. No horizonte, o primeiro dia do Groezrock. Ainda na estação, o clima do festival – por todos os lados, centenas de pessoas circulam no maior estilo punk/HC, acompanhados de mochilas, barracas e mantimentos roqueiros. Todos com o mesmo destino. E essa visão deixa claro: o fim de semana promete.

@18h35: No bus, entre tapas e beijos, ainda rola de fazer alguns amigos instantâneos: um brasileiro, um russo e um belga. @18h42: Ao descer do ônibus, triste ilusão. Não estávamos na porta do festival, e sim a uns 10 km da entrada. Solução? Seguir a pé, carregando malas e o escambau.

[+1] Nesta edição, o Groezrock celebrou 20 anos de vida. Ano após ano, tem se consagrado como o evento que abre a temporada europeia dos grandes festivais de música. [+2] O festival punk rocker é famoso pelos preços amigáveis, principalmente o da cerveja. Ao contrário das quase 5 libras (cerca de R$ 13) cobradas por uma latinha em festivais britânicos, o Groezrock enche a cara do povo por 1,66 euro (algo como R$ 3,84).



GROEZROCK


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“Subam aqui com a gente. Vamos fazer disso um show de verdade” Berra Lou Koller, vocalista do Sick Of It All, convidando o povo a invadir o palco @18h55: No meio do caminho, o presentão: descolamos carona em uma van com um bando de pintores bêbados+2. Ficaram com pena da gente. Nós, nem pensamos duas vezes, pulamos na carroceria e partimos pro show. @19h10: Apontamos no Groezrock. Logo na porta do festival, uma banquinha: “Caipirinha do Brasil”. Me senti em casa. @19h15: Com credencial em mãos, é procurar a entrada mais próxima e partir em busca do palco. @19h30: Ao botar o pé do lado de dentro do Groezrock, a constatação: 30 mil pessoas reunidas em um só lugar. No palco principal, Millencolin fazendo a festa do povo. A coisa é maior do que poderia imaginar. @19h43: Encontro Björn Soup, um amigo da Alemanha. Hora de encontrar o restante do povo e deixar as mochilas no acampamento+3. [+3] Ingresso pra os dois dias do Groezrock 2011 custavam 110 euros (cerca de R$ 250). Não dá acesso a àrea de camping, mas com 15 euros a mais você matava a charada. [+4] O resultado do convite de Lou Koller já circula pelo Youtube. Confere lá http://bit.ly/kKcHhn

@19h50: No estacionamento, uma visão sem igual: trailers, vans, carros e barracas formam um imenso alojamento ao ar livre. @20h00: De volta aos shows. Sick Of It All, Hatebreed, Danko Jones, Flogging Molly, Every Time I Die e Circa Survive. Todos em sequência. O primeiro deles, do Sick Of It All, é impressionante. Povo cantando todos os sons, presença de palco

de dar inveja e, ao final, vocalista berrando: “subam aqui com a gente. Vamos fazer disso um show de verdade”. Ou seja, convida o povo a invadir o palco. Faz a festa pegar fogo+4. @23h43: Caminhada pra relaxar. Superlegal a preocupação com a sustentabilidade, com lixos especiais pra todo tipo de detrito e banheiros inteligentes. Ideias simples e eficientes. E mais: ao juntar 20 copos de plástico, a pessoa ganha fichas de cerveja. Massa! @00h30: Flogging Molly no palco. Último show do primeiro dia de festival. E os caras ali, tocando no meio do mato aquele punk/folk/irish. Incrível. @1h37: O vocalista Dave King manda um “have a good night”. É bater em retirada pro acampamento, passar algum tempo bebendo, comentando os shows das últimas horas e assim cair na expectativa do mais aguardado, o segundo dia.

DIA 2 / SÁBADO, 23.04 @9h26: Depois de um merecido descanso, todos levantam bem cedo e partem direto ao local dos shows. Ninguém quer perder nada neste segundo dia. @10h15: Na área de imprensa, um alô rápido pra jornalistas de todos os cantos do mundo. Lógico, ficam surpresos em ver que tem gente do Brasil


GROEZROCK //043

acompanhando o festival. Brasileiro não desiste nunca. @11h00: Café da manhã. Baterias recarregadas. Hora de grudar os olhos nos shows. @14h00: Comeback Kid sobe ao palco, lotando o Stage 2. Tocam por uns 40 minutos, agitam (e muito) os punk rockers de plantão e provam que estão em um bom momento. Show enérgico, beirando a perfeição. @15h15: Chris Carrabba sozinho com seu violão. No show do seu Dashboard Confessional, poucas pessoas. Estranhamente. Cris um tanto sem voz, mas segurando a onda muito bem. “Pena que ele tocou tão pouco”, diz uma garota logo ao lado. Ao que parece, pessoal saiu satisfeito. @15h52: De volta ao backstage. Lá, dou de cara com Nathan Gray, vocalista do Boy Sets Fire. A banda recém voltou à ativa. Nathan aparenta estar feliz. “A gente deve tocar no Brasil no ano que vem”, solta ele. Resta esperar. @17h00: Arena principal completamente lotada. É o Goldfinger, um dos grandes nomes do festival. No set, muitos dos seus maiores hits do passado. Os caras estão meio fora de forma, mesmo assim botam o povo pra sacudir o esqueleto. @17h45: Palco Etnies, o menor do festival. Durante o show do CIV, nome clássico do hardcore nova-iorquino, não cabe mais ninguém. A banda manda ver e faz um puta show. @18h30: Tempo livre, momento pra dar uma caminhada e percorrer as tantas bancas de merchandising das bandas. Muita coisa pra comprar. Boa parte da grana fica por lá. @19h07: Se não o mais aguardado do festival, um dos: no palco principal, o Descendents passeia por suas mais de três décadas de punk rock em cerca de

uma hora. Eles acabam de voltar, essa é a primeira tour em anos+5. Pra alegria dos fãs, tocam todos os clássicos numa pegada incrível. Mesmo beirando os 50, os caras dão uma aula pra muito roqueiro novinho ver. @19h59: Fim de tarde, sol se pondo, Descendents no palco. Daqui não saio. Ninguém sai. Perfeito. @20h15: Palco Etnies mais uma vez. Agora, show do H2O. E que show. De longe, um dos melhores do festival. O maior público presente no menor palco do evento, e uma interação animal com os fans. Da mesma maneira que o Sick Of It All, a banda mostra que o hardcore nova-iorquino está em alta. @00h03: Alguns sanduíches e muitas cervejas depois, vem o show mais esperado do Groezrock, NOFX. No Main Stage, cerca de 50 mil pessoas aguardam ansiosas pela banda que encerra essa grande celebração punk rocker. @00h30: Fat Mike e cia. tomam o palco. Momento de confissão: nunca vi tanta gente cantando NOFX junto. Lindo. A primeira música? “Dinossaurs Will Die”. @00h34: El Hefe puxa “Linoleum”. Povo vai à loucura. A partir daí, é um sonzaço atrás do outro: “Stickin In My Eye”, “Longest Line”, “The Brews”, “Don’t Call Me White” e o escambau. Fat Mike, polêmico e engraçado como sempre, larga várias piadas deixando o clima ainda melhor. @1h45: “The Malachi Crunch”, música de 1991, a última do show+6. É daquelas super-raras de serem tocadas ao vivo. Insano. Já bate a saudade. @1h52: Caminhada de volta ao acampamento. Por todos os lados, pessoas sorrindo, felizes. Comentam o show, o festival, os dois dias de música e festa. Em francês, italiano, inglês, alemão e espanhol. É um festival do mundo. É o Groezrock. E não importa a língua, o tchau vem pra todos. Até o ano que vem.

[+5] O Descendents foi formado na Califórnia dos 70’s, em 1978. De lá pra cá, a banda já deu bye bye aos palcos inúmeras vezes. Mas sempre volta. Tudo por conta do vocalista Milo Aukerman e sua paixão pelas pesquisas acadêmicas na área de bioquímica. [+6] “The Malachi Crunch” é a última faixa de Ribbed, terceiro disco do NOFX. Foi o último a contar com Steve Kidwiller – a partir dali, El Hefe assumiu as palhetas.Veja ao vivo no Groezrock http://bit.ly/kVqz7x




_TEXTO Cristiane Lisbôa, Fernando Corrêa, Marcela Bordin e Rafa Carvalho

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Um Rei de 70 anos, chapinha no cabelo, mania de usar apenas branco ou azul e 130 milhões de discos vendidos em 50 e poucos anos de carreira. Para o bem e para o mal, Roberto Carlos é o dono da coroa da música na América Latina, anualmente renova a própria majestade de maneira espantosa e – repetimos e você acredita se quiser – é responsável por estender tapete vermelho para o rock no Brasil. Antes dele, ainda vivíamos na ditadura do samba-canção, do bolero, da bossa nova e, no máximo, versões cover do Golden Boys. Sobe na lambreta, broto.Você ainda não viu nada. Detalhes Recém-chegado ao Rio, Roberto entrou para a Turma da Tijuca, grupo de rapazes do tradicional bairro carioca que se reunia para paqueras inofensivas, rodas de violão e algumas brigas por valentia, honra e outras questões menores. O líder incontestável desta tchurma era Tião Marmiteiro, um garoto gordinho, desbocado, que roubava comida das marmitas que entregava para ajudar nos negócios da família, brigava com policiais e que, nesta época, inventou uma impressionante batida própria para “Long Tall Sally”, de Little Richards. Juntos, Tião e Roberto decidiram ter uma banda. Deram à ela o nome do satélite russo da

União Soviética, Sputnik. O nome não os levou até as estrelas. A banda se desfez e lendas urbanas explicam os porquês. Tião virou Tim Maia. Roberto conheceu Erasmo. Amigo de fé, irmão camarada+1 Erasmo não conhecia uma única nota musical. Mas tinha uma voz rouca, uma lábia inacreditável e um porte de homem mau que enlouquecia as meninas da vizinhança muito antes de ele ganhar o apelido de Tremendão. O parceiro perfeito para conquistar o mundo, portanto. Quando integrou a banda The Snakes, aprendeu a tocar violão com Tim Maia e a olhar feio com James Dean. Para homenagear o amigo, virou Erasmo Carlos. E uma madrugada, dentro de uma lotação vazia, mostrou sua versao de “Splish Splash”+2, de Bob Daryan com direito a barulhos de beijo e tapa. Então, ao lado de Roberto Carlos, aprendeu a fazer sucesso. “Erasmo é o cara que tinha a malícia do rock. Os outros eram uns bonzinhos. Já depois, pós-Jovem Guarda, ele foi um dos que mais ousou, especialmente em Carlos, Erasmo e Sonhos e Memórias. Acho que o primeiro roqueiro do Brasil foi o Tony Campello, né, [mas artista de rock num sentido mais completo], aí é certeza, ele


ROBERTO CARLOS //047

é o cara.” Miranda, produtor musical responsável por trabalhos de Raimundos e Móveis Coloniais de Acaju entre muitos outros. Muitos mesmo. É Proibido Fumar Na “buena onda” de “Splish Splash” Roberto lançou o disco É Proibido Fumar. Com ele, ganhou - das mãos de Hebe Camargo – o Troféu Roquette Pinto, na categoria cantor revelação. E virou Rei. Com direito à coroação ao vivo no programa do Chacrinha e coroa entregue pela mãe, Lady Laura. Que Tudo Vá Para o Inferno A música+3 feita para uma namorada que estava longe, enquanto ele amargava um inverno em uma turnê pelo interior de São Paulo, era cantarolada, assoviada, repetida à exaustão no comecinho de 1965. Com ela, Roberto estreou – ao lado de Erasmo Carlos, o Tremendão e Wanderléa, a Ternurinha – o Jovem Guarda, programa onde pela primeira vez a juventude dava as regras. Ao lado dos amigos, Roberto inventou moda, criou gírias e institucionalizou o iê iê iê, termo usado para denominar o rock’n’roll brasileiro nos anos 60. A partir do sucesso do programa, ficou combinado que a guitarra substituiria o violão. E que mesmo em anos de chumbo da ditadura, era permitido dançar. Mexerico da Candinha Enquanto Roberto era o Rei, Ronnie Von apareceu (via João Araújo, pai de Cazuza e ex-todo-poderoso da Som Livre) para ocupar o posto de Príncipe. A frente de O Pequeno Mundo de Ronnie Von, programa da Record, criado para bater de frente com a Jovem Guarda, ele dividiu a plateia do iê iê iê. “Eu nunca fiz parte da Jovem Guarda. Fui brutalmente rejeitado pelo Roberto. Os mal-estares foram resolvidos pela minha mulher e pela Nice [primeira esposa de Roberto Carlos] muitos anos depois. Eu gostava do Roberto e queria fazer o programa. Ele era referência da música jovem e eu era proibido de entrar no palco. Isso é tudo segredo de estado, ninguém sabe. Músicos me contaram que quando Roberto gravou “Querem Acabar Comigo”,

havia uma fotografia minha numa estante”, Ronnie afirmou em entrevista recente. O que se sabe de fato é que o Príncipe cantava aquelas melodias quase fofas muito a contragosto. Ele queria mesmo era fazer rock psicodélico+4. Chegou, inclusive, a gravar dois discos experimentais que foram um fiasco de vendas mas hoje são cultuados por muitos dos músicos que você gosta. Quem? Vampire Weekend, Otto, Mombojó, Ecos Falsos, Plato Divorak e Astronauta Pinguim, só pra citar alguns que a gente lembra de cor. Botinha Sem Meia O cuidado com o figurino+5 transformou Roberto, Erasmo e Wanderléa nos grandes produtos publicitários da música brasileira. As peças de roupa que eles usavam eram vendidas pela marca Calhambeque, os patrocínios aumentavam e o desejo de consumo de qualquer coisa que pudesse parecer com eles crescia de maneira assustadora. No palco, Roberto fazia de conta que atirava granadas no público e tapava os ouvidos fingindo ouvir a explosão. Fazia todo sentido. “Foi a primeira vez na história da juventude brasileira, que a moda decodificou a música. Foi o primeiro sinal de transgressão, juventude e humor.” Ronaldo Fraga, estilista mineiro com trabalho superligado à cultura brasileira – inclusive a música Eu Sou Terrível O cineasta Roberto Farias foi o responsável pela trilogia de filmes+6 sucesso de bilheteria, em que Roberto Carlos basicamente interpretava a si mesmo. E mostrava novas canções. Ritmo de Aventura começou a ser filmado em 1967 e tem a antológica cena em que um helicóptero passa por dentro de um túnel do Rio de Janeiro. Além de cenas no Cabo Canaveral, com autorização da Nasa. Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa tem participação de Erasmo e Wanderléa. Eles passam por Japão,

[+1] Se a cantora Tulipa Ruiz pudesse fazer um disco só com músicas do Erasmo seriam estas: Caramelo (Mellow Yellow), Ciça, Cecília, Análise descontraída, Gente Aberta, Dia de Chuva, Cara feia pra mim é fome, Filho Único, Mundo deserto, Queremos Saber, Masculino, Feminino, Paralelas. [+2] “Splish Splash”: A música acabou batizando o 4º disco de Roberto Carlos. E a gota d’agua. Com ele, Roberto alcançou todas as paradas de sucesso, inaugurou a Robertomania e uma longa fase em que tudo que ele tocava, virava hit. De ouro. [+3] A música em três momentos da carreira de RC: http://bit.ly/proinferno http:// bit.ly/inferno2 http:// bit.ly/inferno3 [+4] http://bit.ly/ ronniesilvia


_FOTO AGÊNCIA RBS


YEASAYER


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ROBERTO CARLOS //051

Portugal e Israel até encontrar um tesouro no Pão de Açúcar, ao som das então inéditas “As Curvas da Estrada de Santos” e “É Preciso Saber Viver”. A 300 km por hora é o único em que Roberto é outra pessoa. No caso, Lalo, um mecânico que sonha ser piloto de Fórmula 1. Foi visto por mais de 3 milhões de pessoas. Você na Minha Vida Em 1968, o “melhor partido do Brasil” casou no Uruguai com Nice, uma mulher mais velha, desquitada, mãe de uma menina e grávida do primeiro filho do Rei. Ou seja, tudo que o Brasil ainda muy católico apostólico romano maldizia. E você aí, se achando contestador, hein? Todos Estão Surdos Começo dos anos 70, a Jovem Guarda perdeu o fôlego. E Roberto Carlos lançou um de seus álbuns mais importantes, com hits que até hoje todo mundo sabe cantarolar: “Detalhes”, “Amada Amante”, “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos”+7. A partir deste disco, RC parou de fazer o país dançar. Passou anos sem conseguir pronunciar a palavra “inferno”, inaugurou uma parceria com a Globo que até hoje rende o sempre esperado – e igual – especial de fim de ano e chegou à atual fórmula de romantismo que até hoje faz dele unanimidade, ícone, Rei. “Nunca o conheci pessoalmente e tenho muita vontade de encontrá-lo. Ano passado estive num show dele em Curitiba e finalmente uma pessoa de sua produção me levaria ao camarim do Rei. Só que o show atrasou um pouco e eu mesma teria que tocar à meia-noite num outro palco na cidade. Era uma temporada de vários shows grátis na rua. Fiquei o quanto pude esperando, mas ainda havia TV para entrevistá-lo e um monte de gente antes de mim.Tive que sair correndo pra não perder o meu próprio show. E não realizei o meu sonho.” Fernanda Takai, cantora talentosa e sempre fofa, mãe do Pato Fu e da Nina

“Quando eu tinha seis anos me apaixonei por uma menina do colégio e precisava de uma música para dizer o que eu sentia. Decorei uma do Roberto Carlos, que eu não me lembro agora qual era, pra me declarar. Aí virei fã.“ James Lima, 16 anos, fundador e presidente do blog Roberto Carlos Braga (http://www.robertocarlosbraga.com.br/) _Qual música do Rei representa você? Por quê? “’Como é Grande o Meu Amor Por Você’. Foi emocionante, um momento único, eu compartilhei o palco com o Rei Roberto Carlos no especial de fim de ano da TV Globo.” Camila Pitanga, atriz global e gata

“Eu diria que a fase 60’s dele diz muito das minhas preferências estéticas em música pop, vestimentas e móveis. Por isso fico com ‘Eu Te Darei o Céu’!” Dudu Tsuda, músico, um dos cérebros da tal nova MPB paulistana “’Música Suave’. Porque a vida tem que ir passando assim, de maneira suave.” Luciano Huck, apresentador do Caldeirão do Huck, na TV Globo “’Quero que Vá Tudo pro Inferno’. Eu adoro essa parceria do Roberto e do Erasmo porque já começa questionando tudo isso: “de que vale o céu azul e o sol sempre a brihar?”. E termina no refrão ego-trip-adolescente: “quero que você me aqueça nesse inverno/ e que tudo mais vá pro inferno!” Lucas Santtana, cantor e compositor, inovador da voz-e-violão em Sem Nostalgia “’O diamante cor de rosa’. Porque eu estou aberta a múltiplas interpretações.” Lulina, cantora e compositora de pegada lo-fi e criatividade d’outro mundo “’Detalhes’. Porque ela me inspirou a ser inesquecível, justamente pelos detalhes.” Thalma de Freitas, atriz ali, cantora acolá e dona da casa de Santa Tereza da qual Cibelle fala em matéria nesta edição da NOIZE “’E Por Isso Estou Aqui’. A gravação da faixa no Em ritmo de aventura (um dos discos que mais ouvi na vida)

[+5] Roberto usava ternos inspirados nos Beatles, de paletó sem gola e mais ajustados ao corpo. Mas aos poucos, a originalidade brazuca do iê iê iê se fazia visível em camisas coloridas com punhos largos. Peito à mostra, coberto por cordões cruzados, calças colantes, cintos imensos e botas coloridas. Ah, e ele fazia touca porque cabelos crespos não agradavam as meninas. [+6] Trechos dos filmes: http://bit.ly/rcaventura http://bit.ly/rcdiamante http://bit.ly/rc300km [+7] A música foi composta por Roberto e Erasmo em 71 para Caetano Veloso, que estava exilado em Londres.


052\\ noize.com.br

Nos idos de 2006, o autor Paulo César Araújo lançou a biografia nãoautorizada Roberto Carlos em Detalhes, que teve sua venda proibida, por supostamente invadir a privacidade do rei. A polêmica passou por acusações de censura a especulações de que Roberto teria a intenção de queimar 11 mil cópias. Acabou com um acordo: sem livros e sem fogueira. O autor não pagará multas, mas ninguém pode ler a obra. me fez virar fã incondicional do Rei, tem algo de lúdico e inebriante nos timbres, no arranjo de cordas e cravo que envolvem aquela canção tão simples e sincera. A canção fala do jeito mais lindo do mundo da saudade que é meu assunto preferido na hora de escrever.” Bruno Moraes, cantor, compositor, lançou, em 2009, o elogiado A Vontade Superstar _Quando e qual e foi a 1ª e a última música do Roberto Carlos que você escutou? Por quê? “Não me lembro exatamente quando ouvi RC pela primeira vez, mas a lembrança mais remota que tenho (deve ter sido em 81/82, ou seja, eu tinha uns 5/6 anos) é minha mãe costurando, ouvindo Zé Bettio e eu brincando com os retalhos. Nessa época a música “Cama e Mesa” tava estourada.Tocava umas dez vezes por dia na rádio. Até hoje, quando a ouço sinto falta do som cadenciado do motor da máquina de costura da minha mãe. A última vez que ouvi RC foi no dia das mães. Estávamos todos tomando uma cerveja, conversando e aí meu pai disse que há tempo não ouvia “A Distância”. Meu irmão ligou o laptop e botou pra tocar. Ouvimos várias vezes até o vizinho reclamar.” Pélico, cantor, compositor e pierrô apaixonado a cantar a paixão com muitos pulmões e corações “As primeiras foram ‘Que Tudo Mais Vá Pro Inferno’, ‘Lobo Mau’ e todas da Jovem Guarda, no começo dos anos setenta. A última que eu escutei foi “É Preciso Saber Viver”, no show que fizemos essa semana em Curitiba.” Branco Mello, cantor, no Titãs desde a formação original

_Referência em reverência: Frank Jorge, músico Por que RC é Rei? Porque lançou mais de 47 discos em 50 anos de carreira; em português, espanhol, francês, inglês e italiano; é recordista latino em vendas de discos; teve sensibilidade e coragem para criar uma nova sonoridade brasileira, atualizando-nos com o que era produzido no resto do mundo (anos 60); soube escolher temas que eram do interesse dos jovens, falando sempre, também, ao coração. Se RC não existisse, como isso afetaria quem você é? O pouco que desenvolvi como compositor tem muita relação com o tipo de canção e instrumentação do Roberto; determinadas soluções e desenhos de arranjos também me inspiram até hoje. Certamente o romantismo e melancolia influenciaram minha personalidade, mas é difícil dimensionar “quantidades”. A Jovem Guarda morreu ou não morreu? É óbvio que não morreu! Qualquer canção pop rock atual, com algum acento romântico, feita por alguma banda brasileira, de NX Zero a Reino Fungi, de Pitty a Efervescentes, tem algum elemento sonoro ou temático que foi aprofundado e desenvolvido pela Jovem Guarda. Acho que Los Hermanos é um exemplo interessante: desempenharam um papel importante de reler sonoridades e estruturas desenvolvidas na MPB, trazendo oxigênio roquístico e, talvez, muita gente se inspire neles para compor canções. Mas de um modo ou outro, tem ali também, sentimentalismos jovem-guardianos.



054\\ noize.com.br

POR QUE O ROBERTO É O REI DO BRASIL ?


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O Brasil é também o Roberto Carlos. A figura dele em si não tem muita importância. Se ele é brega, ou não é brega, se ele é bem vestido ou mal vestido, se ele é muito religioso ou pouco religioso. As pessoas gostam dele pelas músicas dele. Ele é rei porque ele é o mais ouvido, é o que mais vendeu discos. É preciso reconhecer que o sucesso dele é derivado do trabalho dele. É uma questão de desempenho. Ele faz coisas que as pessoas gostam. E não é uma meia dúzia, são milhões. Claro que quando ele faz um show e joga as rosas, aquilo ali tem um efeito junto a um certo público, mas sem as músicas, não serviria pra nada. Uns gostam da Jovem Guarda, outros gostam da fase mais romântica. Há três ou quatro Roberto Carlos, não um só. Mas em todos eles, o que conta mesmo é o tipo de música que ele faz. Como o Chico Buarque, as mulheres adoram, ele é bonito, ele é gentil, ele é charmoso. Mas sem a música, todo o charme não serve. As pessoas gostam dele, antes de tudo, porque ele é bom. Toda essa coisa, o marketing, a aparência, a figura, isso passa muito rápido e se esses caras ficam é porque têm outra coisa além do personagem. Essa é a diferença. O Roberto fala de coisas que atingem o homem mais culto, o homem mais rico e o homem mais simples. JUREMIR MACHADO DA SILVA

jornalista, escritor e doutor em Sociologia pela Universidade de Paris V


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5 músicas do Rei que contam a história da vida de Esmir Filho, diretor de Tapa na pantera+8, Os famosos e duendes da morte e outras “cositas más” 1) “Aquele Beijo Que Te Dei” “Até hoje lembro da minha mãe cantando para eu dormir quando era pequeno, cinco anos (ou menos): “De lembrar que o amor não mais existe. Não mais existe, mas eu sempre hei de te amar” - símbólica relação edipiana ou não?” 2) “Quero paz” “Me deparei com essa música em 1990 nas viagens que fazíamos pra praia., e a letra entrou na minha cabeça feito mantra. Eu, com oito anos, ao lado de meu irmão, com quatro e amiguinhos em um coro: ‘Bang, bang, bang não dá. Ratatatata também não. Quero paz aqui, quero lá. É o que pede o meu coração’.” 3) “Se Você Pensa” “Aos 20 anos, depois de cruzar a ponte das descobertas adolescentes e cheio de verdades absolutas, me perdi nos amores da primeira fase adulta. E, antes de perceber os caminhos tortuosos por onde essa fase iria me levar, eu gritava: ‘daqui pra frente, tudo vai ser diferente, você tem que aprender a ser gente, o teu orgulho não vale nada’.”

[+8] http://bit.ly/ tapanapantera [+9] Seu mais recente projeto é o documentário Porque Que A Gente é Assim, onde mostra bandas brasileiras contando sobre os artistas que os influenciaram. [+10] Não deixe de ler nossa batalha pelo título de Rei dos Reis, entre RC e Elvis, no noize.com.br

4) “Você Não Serve Pra Mim” “E eis que essa música entra na minha seleção quando ataco de DJ nas festas. Muita gente achava que era uma mensagem direta para algumas pessoas que passaram pela minha vida: ‘Vou procurar outro alguém. Voceeeeeeeeeeeê! Não serve pra mim!’ Na verdade, a mensagem era pra mim mesmo!” 5) “Como Dois e Dois” “Berlim, 2009/2010. Três meses. Um inverno. A história de uma família: a minha. Procurando somar 2 e 2, chegamos a 5. “Tudo em volta está deserto, tudo certo.” E a neve caía nos nossos corações.

Top 5 de Fabilipo+9: fazedor de filmes e Dj da CREW, de São Paulo. 1) Detalhes “Uma das mais importantes músicas do Robertão, romântica e delicada. “ Detalhes” é um dos exemplos de como ele é pontual, usando gírias da época que são entendidas até hoje por causa dele, com certeza. Música “de corno” ou de lembrança, porque ela já está com outro, mas ele sente saudade e espera que ela também sinta: ‘…Não adianta nem tentar me esquecer/ durante muito tempo em sua vida eu vou viver…’.” 2) Quero Que Vá Tudo Pro Inferno “Uma das músicas mais legais do Rei: meio punk, ele quer a mulher e que se dane o resto. Parece que ele não canta mais essa música porque fala ‘inferno’ e na fase ‘azul-falar-com-plantas’, ele evita isso. Romântica com cara de que não tá nem aí, pega no estômago e não no coração, outro tipo de emoção.” 3) Você Não Serve Pra Mim “Um proto-punk do Robertão, dessa vez ele detonando a (ex) mulher amada, mas sempre educado apesar de tudo. Essa música é da trilha do Em Ritmo de Aventura, um dos grandes filmes pop brasileiros, quando tentaram fazer com o Rei o que fizeram com o Elvis nos EUA no cinema.+10 4) Eu Sou Terrível “Música genial de 1968, também da época proto-punk do Rei (a minha preferida), onde ele chuta o balde: ele tem razão, não tem medo do perigo, não vai ser fácil acompanhá-lo. É demais!” 5) O Calhambeque “Música de 1965, que eu acho que todo mundo conhece. Conta a história de um cara que leva o Cadilac pra arrumar, fica com um calhambeque e, enquanto isso, se dá bem com os brotos e do carango, vai gostando.”


Eduardo Lages, maestro da orquestra do Rei Roberto Carlos - que já fez mais de 2.600 com o Rei, de Bagé (interior do RS) a Paris, Madrid, NY - falou com a Noize em uma noite de lua alta e outono forte Trabalhar com um artista de tanto alcance e importância deve impactar sua produção de diversas maneiras, não? Em primeiro lugar, tenho um grande orgulho de trabalhar com o maior artista popular brasileiro de todos os tempos. Ele é meu amigo, meu compadre e meu patrão. Nós temos uma influência mútua, já que existe uma vida paralela à profissional. Quando comecei a trabalhar com o Roberto, trabalhava com outro tipo de música. E depois as coisas mudaram, não só no trabalho, como na minha vida. Agora, vivo uma vida mais popular. Passei a ter mais realização profissional. Trabalhar com ele me proporcionou uma série de coisas que, de outra forma, eu não teria conseguido. Aprendi muito e passei por uma experiência muito grande. Passei a ser uma pessoa melhor. O que você aprendeu com o Rei? Aprendi a ser mais simples. na forma de ser músico e de ser pessoa. No caso da música, aprendi que a simplicidade musical do Roberto é o que conquista as pessoas. O Roberto sabe muito do público. Ele é uma pessoa intuitiva. E eu passei a entender melhor do público e posso usar isso no meu trabalho. Vocês nunca pensaram em retrabalhar as músicas da fase jovem-guardiana? Quando entrei, ele já estava na fase de sensualismo na música, uma coisa mais adulta e eu não cheguei a sentir a Jovem Guarda na pele. Eu faço outro tipo de música. Acho que não fica natural, porque ele está em outra fase da vida. É só teimosia das pessoas. Não tem como ele dizer: “agora vou ser cantor de rock da Jovem Guarda”. Ele já tomou tanta cacetada a amadureceu.Temos a Lady Gaga pra fazer isso. Nós estamos em outra fase. Um cara que perde a mulher e a filha aprende algo. E agora ele só canta o que ele acredita. _ILUSTRA: Achilles Krüger FILHO



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_FOTOS MARCO CHAPARRO E RAFAEL ROCHA

Cibelle é do mundo, Cibelle é do amor. A paulistana tem passado períodos mais longos no Brasil, merecidas férias para os anos de autoexílio na Europa. Desde que conhecemos sua voz, pelo disco São Paulo Confessions (1999) e, mais especificamente, com o primeiro trabalho solo, de 2003, a artista só floresce. Em seu álbum mais recente, Las Vênus Resort Palace Hotel (2010), desabrochou de vez em uma personagem interplanetária chamada Sonja – nada mais do que a própria Cibelle em sua multiplicidade de cores e amores. Neste exato momento, habita uma mansão em Santa Teresa, comprada pela amiga Thalma de Freitas, que virou lar delas e de outros artistas.“Tem uma floresta atrás, e um casal de tucanos na árvore que fica na frente do meu quarto. Parece clichê de gringo”, emociona-se. Um lar londrino, também em comunidade, é o outro extremo da “ponte aérea de 11 horas” que, segundo ela, é sua verdadeira casa. Só assim Cibelle é possível: em constante trânsito.“Faz muito bem pra minha alma, pra mim como artista e pra minha felicidade, porque eu preciso ver as pessoas que eu amo, e elas estão no mundo todo.” No mundo de cá, ela divide com Marcelo Yuka, Karina Buhr e Amora Pêra o palco Sunset do Rock in Rio, no dia 24 de setembro. Yuka é um amigo de longa data, Karina é frequentadora da efervescente “Casa de Santa”. Quando subirem ao palco, não deve faltar amor pra transformar em música.


“O que eu faço com música é tirar polaroidzinhas do meu subconsciente. Vou vivendo, absorvendo, aí chega uma hora em que o tanque está cheio, cheio, cheio, parece que vou explodir. Faço um disco, e o disco é tipo essa [foto] Polaroid.”


KATE NASH


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Já na fase – como diremos? – mística, o Rei Roberto assumiu incondicional amor pela combinação azul e branco. Sugerimos que você não misture uma com a outra. A não ser no desfile da Beija-Flor.

A terra é azul_

Ideias coloridas _

Siga a seta_

Deixe de lado o visor da câmera digital, abandone esta Lomo, largue o iPhone, o BlackBerry e este óculos que você não precisa usar mas usa porque disseram que ser nerd é ser sexy. Olha pro céu, meu amor. Respira fundo. É isso aí.

Em alguma época da vida todo mundo merece um cabelo descolorido, tingido, desbotado. Combina com planos mirabolantes, fugas instantâneas, amores efêmeros e com frio manso. Pense em Kate Winslet em Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. E divirta-se.

Abrir uma embalagem de camisinha não requer treino, unha, tesoura, cortador, facão ou ajuda dos universitários. Todas as embalagens já vêm previamente picotadas nas laterais e uma setinha azul indica para que lado você deve começar a abrir.

Céu azul-claro sem falhas l Quanto? De graça. E no outono, é mais bonito.

Tinta Exotic Criativ l Quanto? R$ 29,90, no Mercado Livre

Preservativo Olla Sensitive l Quanto? R$ 5,90 a embalagem com 3

De tabuleiro_

Camiseta _

Jeans nem sempre é blue_

A cocada branca é feita com coco ralado, açúcar, água e paciência. Tem gosto de fim de tarde na casa da avó e férias na Bahia. Convém sempre provar aquelas de tabuleiro, que senhoras de fino trato ainda vendem nas praças de cidades do interior.

A moda passa, as modelos caem das passarelas, os estilistas decidem que nude é cor. E a camiseta branca continua firme, forte, democrática. Só ela, tá ótimo. Tesourada, vira vestido, regata. Uma bic e ela exibe a sua frase de efeito da semana. Tem que ter.

Calça jeans cabe em qualquer corpo, em muitas situações e encara na boa uma semana sem ver a máquina de lavar. (A Lovefoxxx jura que até três meses está valendo.) E dá pra variar a cor, o modelo e o preço. Seja lá o que você gostar, azul e branca são clássicas.

Cocada branca l Quanto? Até R$ 3,00

Camiseta branca modelo básico Hering l Quanto? Até R$ 21,90

Adidas Originals (a porção fashion da grife) Quanto? Depende do modelo, mas começa em R$ 125,00


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estampa

do mĂŞs Marca: LRG Onde Encontrar: l-r-g.com

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_ILUSTRA OGA MENDONÇA / WWW.FLICKR.COM/OGALAND



_FOTO RAFAEL PASSOS


TV ON THE RADIO

THE KILLS

Nine Types of Light

Semanas atrás, a morte do baixista Gerard Smith caiu como uma bomba no mundo indie. Quase ao mesmo tempo, sua banda lançava Nine Types of Light, outra joia rara de uma discografia de respeito. Se os nova-iorquinos já cansaram das críticas por serem frios em excesso, o novo álbum chega para provar o contrário: a trinca “Keep Your Heart”, “You” e “Will Do”, por exemplo, traz o amor transbordante que só se vê em um Arcade Fire da vida. Já o agito fica por conta de “Caffeinated Consciousness”, com a maior cara de B-side do Faith No More. Às vezes, o melhor da arte vem de quando o cérebro dá lugar ao coração - e mesmo uma banda supersônica como o TV On The Radio consegue fazer a transição sem problemas. Missão cumprida, Gerard. Fernando Halal

Blood Pressures

Depois de se aventurar com Jack White no ótimo Dead Weather, Alison “VV” Mosshart retoma a parceria original com Jamie “Hotel” Hince em seu quarto trabalho de estúdio. Destacar apenas um momento desse novo álbum do mais talentoso duo do rock atual (sim, o Black Keys perde na comparação) é tarefa minuciosa, mas de raro prazer. Seria a irresistível levada reggae de “Satellite”? Os hipnóticos refrões de “Heart is a Beating Drum” e “Baby Says”? Talvez o respiro e a leveza da curtinha “Wild Charms”? Quem sabe a guitarrinha de “DNA” ou o insuspeitado lado crooner de Alisson na dramática “The Last Goodbye”? Encerrada a audição, a certeza em Blood Pressures é uma só: o Kills definitivamente não consegue fazer discos meia-boca. Fernando Halal

BEASTIE BOYS

Hot Sauce Committee Part Two B-Boys are back. A frase pode até não causar o mesmo impacto de outros tempos, mas basta lembrar que poucas coisas podem ser tão divertidas quanto um disco de rap old school. E que estamos falando dos Beastie Boys, mestres do fator surpresa. Há sete anos sem escrever um verso sequer - vale lembrar que The Mix-Up (2007) era instrumental -, o trio nova-iorquino passa longe da pilha de acomodar-se na carreira. Com três décadas de estrada, e recém recuperados de um câncer (Adam “MCA”, lição de vida), eles seguem chutando o balde. Meio que um primo de Hello Nasty (1997), Hot Sauce chega bem eletrônico, dando espaço para pauladas como “Lee Majors Come Again”, “Say It” e a sessão de hipnose “Don’t Play No Game That I Can’t Win”, com participação de Santigold. Discaço para ouvir “on and on, ‘til the break of dawn”. Fernando Halal

DAFT PUNK

TRON: Legacy Reconfigured

A decepção dos fãs foi óbvia quando a trilha de Tron: Legacy, assinada pelo Daft Punk, tinha mais a cara da Walt Disney do que do duo francês: o resultado final, cheio de orquestrações e arranjos de cordas – daqueles recorrentes em filmes da Disney - não agradou muito. Ainda bem que Tron: Legacy Reconfigured, edição remixada da obra, vem carregada de músicas para dançar, com pouco de suas bases originais. Bom para os DJs, não tão bom assim para se ouvir em casa – é mais de uma hora de muito maximal e house e pouquíssimo pop. Os remixes são assinados por gente das antigas, como Moby, The Crystal Method e Paul Oakenfold, mas os nomes mais atuais (The Glitch Mob, Pretty Lights e Big Black Delta) dão um banho nos coroas. Alex Corrêa

DAMN LASER VAMPIRES Three Gun Mojo

Finalmente os vampiros estão de volta! Depois de superar alguns transtornos com a antiga gravadora, a banda gaúcha lança seu segundo álbum com uma produção melhor em relação ao debut, Gotham Beggars Syndicate (2006). No entanto, o som continua com o mesmo peso, numa mistura viciante de psychobilly, punk, estética de HQs e filmes de terror. “Hit Me like a Man”, uma das canções lançadas como single, lembra um pouco a já clássica “Saint of Killers”. A linearidade é tanta que fica complicado destacar alguma faixa, mas não é difícil imaginar “The Mo”, “Car Disaster” e “That Thing You Have” ao vivo. Aliás, o único problema do disco é esse: mesmo sendo excelente, não conseguirá reproduzir a energia de um show da DLV. Daniel Sanes

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panda bear

PAUL SIMON So Beautiful Or So What

Tomboy

Escute também: É PROIBIDO FUMAR, O INIMITÁVEL e RC 1971

Quarto trabalho solo do multiinstrumentista Noah Lennox, sob o pseudônimo Panda Bear, Tomboy é outro passo largo na estrada que impulsionou o fundador da esquisitona Animal Collective. Entretanto, desacelerado e ainda mais detalhista (se isso é possível). Incontáveis camadas de vozes que reverberam, sobrepostas ao infinito, toneladas de samplers picotados e espalhados, aos poucos, mas com fluidez sideral, e um caleidoscópio de sintetizadores lisérgicos, que hipnoticamente convidam para um transe profundo. Tudo mixado com exagero nos ecos. Experimentalismo de talento e qualidade iniludíveis. Um álbum redondo, bem psicodélico, do qual é tarefa perigosa tentar dissociar as faixas uma a uma. Sintonize-se, aperte o play e decole. Nicolas Gambin

Incensado por bandas como Vampire Weekend, Paul Simon virou hype nos últimos anos. Não se sabe se a badalação serviu de estimulante, mas neste álbum o músico consegue apagar o fiasco do antecessor, Surprise (2006), entregando o que pode ser seu melhor trabalho desde Graceland, de 1986. Não, So Beautiful or So What não chega a ser um clássico, mas tem grandes momentos (“Getting Ready for Christmas”, “The Afterlife” e a percussiva “Dazzling Blue”). É o velho Simon de volta, com o que sempre soube fazer melhor: misturar folk, soft rock e ritmos africanos (o que os norte-americanos chamam pejorativamente de world music). Ah, e às vésperas de completar 70 anos, o homem mantém o gogó quase tão potente como nos velhos tempos. Daniel Sanes

DISCOGRAFIABÁSICA

ROBERTO CARLOS

por Daniel Sanes

JOVEM GUARDA| Apesar do “título” de Rei, Roberto Carlos nunca foi unanimidade. Tachado

de instrumento da ditadura para alienar os jovens, era mal visto pela elite cultural do país. No entanto, é inegável sua influência na disseminação do rock no Brasil. Em 1965, com Jovem Guarda – nome do programa de TV que apresentava ao lado do parceiro Erasmo e de Wanderléa -, consolida seu sucesso. Há espaço para as tradicionais versões de canções pop estrangeiras (“Lobo Mau”), mas são da dupla Roberto/Erasmo as melhores músicas do disco: “Mexericos da Candinha” e a perfeita “Quero Que Vá Tudo pro Inferno”. O reinado estava apenas começando.

EM RITMO DE AVENTURA| Em 1967, Roberto ainda era embalado pelo rock’n’roll da Jovem Guarda. Mesmo assim, já mostrava que não pretendia ficar atrelado ao estilo pelo resto da vida. No auge da popularidade entre os jovens, lançou um de seus discos mais clássicos – e também um filme homônimo, dirigido por Roberto Farias. “Eu Sou Terrível” traz a rebeldia dos primeiros anos. Entretanto, já é possível detectar a influência da soul music (“Quando”), ritmo que viria a predominar nos trabalhos seguintes, e os primeiros passos de uma bem-sucedida carreira como cantor romântico, na tocante “Como é Grande o Meu Amor por Você”.

RC 1969 | O primeiro de uma sequência de álbuns sem título reflete na capa – um Roberto solitário, de ar pensativo, sentado em uma praia qualquer – seu conteúdo melancólico. Mergulhado no soul, RC 1969, como ficou conhecido, é um dos mais elaborados discos do Rei. A dor de “Sua Estupidez” divide espaço com “As Curvas da Estrada de Santos”, um raro momento de rebeldia. Essa fase, iniciada em O Inimitável (1968), vai até 1971, quando Roberto se consolida como o principal cantor romântico do Brasil e um verdadeiro campeão de vendas. Depois, a coisa descamba para a cafonice, mas aí já é outra história.


PETER BJORN AND JOHN Gimme Some

Submersos no alvoroço da estrondosa “Young Folks” (a do assovio!), o trio sueco desviou a rota nos álbuns seguintes – igual a um mergulhador que, no fundo e sufocado, retorna à superfície sem fôlego. Respirados, a hora é de imergir novamente. De cara, “Tomorrow Has To Wait” e “Dig a Little Deeper” parecem chicletes recheados de versos curtos e de simples assimilação. Indie radiofônico em estado químico, sem soar tépido ou indolente. “Breaker Breaker”, em poucos segundos de duração, dá o recado. Mesmo curtas (beiram os três minutos), as faixas são traçadas com destreza: modernices se misturam a timbres crus e lo-fi, que corroboram a imagem de “pop hypezinho”, apesar do paradoxo. Em breve, na casa noturna mais próxima. Nicolas Gambin

TUNE YARDS

Whokill

O primeiro disco foi fraquinho: BiRd-BrAiNs, de 2009. Não mostrou nem metade do que o tUnE-yArDs sabia fazer. Em 2011, com gás renovado, a banda de um homem só (o produtor norte-americano Merill Garbus comanda o projeto sozinho) volta com W H O K I L L, que já chega como um dos melhores lançamentos do ano. Impossível não lembrar de Dirty Projectors ora ou outra – principalmente de seu último disco, o Bitte Orca –, inclusive nas músicas mais grudentas do trabalho. O álbum combina ukelele, sax, guitarra, baixo e uma percussão forte, encorpada, que são emendadas com uma voz estridente, às vezes em falsete, em um som experimental que se confunde com pop music e R&B. Uma ótima pedida para embalar o final do outono. Alex Corrêa

VIOLINS

Direito de ser nada

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TA POR VIR .: 29 de agosto_CSS | La Liberación Há algumas semanas, antes de embarcar para o grandioso Coachella, Lovefoxxx e cia soltaram: La Liberación, sua aguardada terceira bolacha, está saindo do forno. Eles estão há três anos em silêncio. Não vivem mais sob os holofotes. E eles têm novidades - sai a lendária Sub Pop, entra a Cooperative Music Network. O que vem pela frente ainda é segredo, mas o duo Ratatat e o figuraça Bobby Gillespie, vocalista do Primal Scream, são atrações garantidas.

CONFIRA Cage the Elephant Thank You Happy Birthday ___Neo-grunge? Pitadas de Dead Kennedys? Doses de Oasis? Não importa. As palmas aqui vão pra um motivo bem simples: os caras recheiam seus acordes com diversão, num rock onde se levar a sério é o bixo. Bando de roqueiros perdidos num mundo indie. Pena.

Chemical Brothers Hanna: Original Motion Picture Soundtrack ___É a primeira trilha sonora assinada pelos superstars DJs. Aqui,Tom e Ed fazem música pra cinema – ou seja, as tracks climáticas formam boa parte do recheio. O restante vem em forma de big beats. É pra dançar em frente à tela.

The Wombats Proudly Present This Modern Glitch ___“Um triunfo para a mediocridade”, define o semanário NME. Fato é: o que o trio britânico “orgulhosamente apresenta” é uma coleção de róques pra dançar, sem firulas, com melodias instantâneas, daqueles que grudam como chiclete. Simples assim.

REDESCOBERTA TIM MAIA

tim maia (1976)

Com tantos anos de estrada, além de se dar o Direito de Ser Nada, os goianos do Violins também preservam o direito de não se renovar. O novo disco da banda soa como se os integrantes tivessem parado de se esforçar há muito tempo.As referências musicais são datadas e pouco instigantes, culminando em um disco de poprock clichê, nada interessante e que poderia ter sido feito duas décadas atrás. O mérito de Direito de Ser Nada é sua forma de distribuição: o disco foi disponibilizado para download gratuito (em 192 kbps) ou pago – quem quiser ajudar a banda, pode comprar em MP3 (em 320 kbps) por R$10 e ainda levar uma faixa-bônus. Para testar, é só passar em www.violins.com.br. Alex Corrêa

Na canção mais abusada do Racional, Tim Maia cantava de forma quase ameaçadora: we’re gonna rule the world. Pois quando resolveu demonstrar arrependimento do fervor religioso, no disco homônimo de 1976, o compositor novamente recorreu à língua matriz da soul music.“Brother, Father, Sister and Mother” e “Nobody Can Live For Ever deixam claro: não há Deus, não há inferno. Aqui,Tim brinda a vida. O disco ainda mantém o vigor instrumental dos volumes Racionais com uma liberdade que o messianismo daquelas obras não permitia.Tudo parece ser fruto de inspiradas jam sessions com uma pegada funk incomum. De quebra, como ilustra bem a capa,Tim Maia volta a sorrir. Da primeira à última música, o astral é contagiante. Leonardo Bomfim


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Zare Ferragi

PORNOFANTASMA, SANTIAGO NAZARIAN Se fosse um livro, a vida de Santiago Nazarian seria um daqueles. Daqueles não-lineares, com altos e baixos, inquietos e turbulentos, tranquilos e perfeitamente normais. Mas a vida de Nazarian são seis livros, seis pontos da trajetória de um escritor maduro, que há anos deixou de ser uma promessa para ter seus textos traduzidos e lidos em todo o mundo. Nazarian é um autor clássico. Apesar da sua obra ter morte, lobisomens e meninos perdidos em cidades mortas, ele não escreve microcontos, mas contos de 10, 12 páginas, romances com mais de 400. E desde que começou – com o premiado Olívio, de 2003 – é assim. Na contramão de outros escritores contemporâneos, lança Pornofantasma, seu primeiro livro de contos, depois de cinco elogiados romances. Insiste na linguagem contemporânea, mas correta, e na temática que Marçal Aquino lhe disse para deixar pra lá: histórias de zumbis, possíveis metáforas pra tantos fantasmas difíceis de espantar. Nazarian, alheio às críticas, captura e sangra os fantasmas na página.


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Traduzido por Santiago Nazarian, Bowie é uma versão arejada para (a louca) vida e (a admirável) obra de David Bowie. O autor Marc Splitz justifica a adição desta às dezenas de biografias lançadas sobre o artista, com texto irreverente e carinhoso, que dá conta da sexualidade, das polêmicas e da família do camaleão do rock, sem apelar para especulações vendáveis. Bowie chega em tempo de garantir a continuidade de uma lenda quando esta já não carece de tantos adereços míticos.

6. THIAGO PETHIT As “memórias musicais mais antigas” de Thiago Pethit são histórias de como Chico e cia cutucavam a ditadura.Atualmente, Thiago é uma das revelações da música brasileira e está para musicar “Relógio de Sol”, que tem letra de Nazarian.

Caroline Bittencourt

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1. BOWIE, DE MARC SPLITZ

5. ÓPERA DO MALANDRO Inspirado na personagem de Rodrigues, Chico Buarque chamou de Geni a prostituta de sua Ópera do Malandro. O musical virou filme e disco, e a música “Geni e o Zepelim” é vista por alguns como uma crítica à ditadura.

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2. DUNCAN JONES, MOON

O hoje consagrado Spacey chutou a porta de Hollywood 24 anos atrás, com Longa Jornada Noite Adentro.Trata-se de uma adaptação televisiva para a peça em 4 atos do dramaturgo anarquista Eugene O’Neill, Nobel de Literatura de 1936.

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Michael J. Perry/Reprodução

3. LONGA JORNADA NOITE ADENTRO

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Duncan Jones cresceu enquanto seu pai David Bowie estava preso no personagem Ziggy Stardust e viciado em um pó que não era o de estrelas. O que sobrou da infância solitária, Duncan transformou em Moon, longa aclamado sobre o isolamento de um astronauta (Sam Rockwell) preso na Lua por três anos, e seu único companheiro, um computador (Kevin Spacey).

4. TODA NUDEZ SERÁ CASTIGADA

A obra de Nelson Rodrigues é comparada à de O’Neill pela forma como expõem a tragédia moderna. O dramaturgo brasileiro se aproxima do americano em textos consagrados, como Toda Nudez Será Castigada, em que a prostituta Geni narra – e protagoniza – a desgraça de uma família puritana.


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fotos: 1 | Guilherme Rech

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COACHELLA FESTIVAL 2011 em 10 momentos...

Indio, California, EUA, 15 a 17/04_

São três dias com 30 e todos graus na nuca. São 36 horas de música ininterrupta. De Erykah Badu a Arcade Fire, de Mumford & Sons a Kanye West. Depois de tudo isso, o difícil é escolher os 10 melhores momentos no escaldante deserto californiano. 1- As Pulseiras - A primeira grande emoção do Coachella é saber se você vai estar lá ou não. Apesar das dezenas de garantias de que os ingressos chegariam a tempo no Brasil, foi só uma semana antes de embarcar pra Califórnia que a a bendita pulseirinha foi entregue. 2 - The Drums - O primeiro ótimo show teve tudo o que um ótimo show precisa: volume, talento e um vocalista desmiolado.Tudo isso em uma pequena tenda onde dava até pra ver o cabelo do Jonathan Pierce ficar parecido com o do Alfalfa, dos Batutinhas. 3 - Tame Impala - Com direito a canguru inflável na plateia, os australianos usaram só metade do palco pra descer a lenha a um público menor do que o que eles mereciam. 4 - Black Keys - Nem só de alegria vive o Coachella. Apesar de um show impecável, o Black Keys sofreu com problemas técnicos nas primeiras três músicas. Com um som baixo e sem telão, ficou difícil acompanhar o show num palco principal lotado. Apesar dos contratempos iniciais, a dupla compensou as falhas no restante do set. 5 - The Tallest Man on Earth - O show de Kristian Matsson foi um dos momentos mais inesquecíveis do final de semana. E o fato de o sueco ter atingido tal feito só com voz

e violão deixa a coisa toda mais incrível ainda. 6 - The National + Broken Social Scene - Apesar de dias diferentes, as duas bandas tocaram no mesmo momento: durante o pôr-do-sol desértico. Não à toa, metade da plateia do National desviou os olhos do palco por alguns minutos e Kevin Drew, do BSS, introduziu uma de suas músicas com um feliz “let’s bring this sun down”. 7 - Arcade Fire - É óbvio que esse show deveria ter fechado o festival. Não só pela pirotecnia dos balões que mudavam de cor, mas também pela plateia que parecia acompanhar uma missa. Nada contra o Kanye, mas o Coachella merecia terminar com um “amém”. 8 - Twin Shadow - Dono de um dos melhores discos que ninguém ouviu no ano passado, George Lewis Jr. juntou uma banda e trocou os sintetizadores por guitarras pesadas. Por sorte, ele manteve a voz. 9 – The Strokes - Com um Casablancas disparando frases sem sentido e um novo disco bem mais ou menos, é surpreendente que o Strokes tenha feito um dos melhores shows do último dia do festival.. 10 - Não dá pra ver tudo - No Coachella, sempre tem alguma coisa incrível acontecendo: Ariel Pink tocando de costas pra plateia, Cee-Lo Green sendo expulso do palco ou os fogos de artifício do Kanye. Mesmo com a sensação de ter perdido muitos momentos, duvido que exista uma alma que não tenha saído lavada do deserto.. Guilherme Rech



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fotos: 3 | Ariel Martini 4 | Juliano Conci/Divulgação

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ROXETTE

Clash, São Paulo, 07/04_

Porto Alegre, Pepsi On Stage, 13/04_

A banda brasileira mais adorada na gringa atualmente. Desde 2007, não se apresentavam na capital paulista, sua terra natal. A Noize quis saber como foi. Fez as perguntas. O repórter Alex Corrêa responde. Quem rebolou mais? A Lovefoxxx, com certeza. Ela deu uma engordadinha, fato (muita coxinha, será?). Mesmo assim, continua superflexível. E o povo pirava com qualquer coisa que ela fazia, tipo em show de diva pop. Eles mostraram alguma música nova? Foram 22 músicas, oito delas inéditas. Uma pena que, ao menos ao vivo, as novas soaram bem mais ou menos. A melhor foi “La Liberación” (que dá nome ao novo disco), uma espécie de “Off The Hook” em espanhol. A Luisa tirou mesmo a roupa? Tirou quase tudo. A roupa foi saindo aos poucos: primeiro a capa vermelha, depois a jaquetinha e, lá pro final, a camiseta. E uns amigos meus ficaram perguntando: “Cadê os peitos dessa mulher?” (risos). Diz que a Luisa se jogou no povo. Será que tascaram a mão nela? E você, Alex, tirou uma lasquinha? Certeza que o pessoal se aproveitou. Eu estava longe na hora, mas cara, se a pessoa pula seminua em cima de você, o que você pode fazer se não dar uma apalpada, né? Já que está ali... Qual foi o ponto alto do show? Sem pensar duas vezes: o mosh da Lovefoxxx. Alex Corrêa

“Yeah, yeah, yeah, há 18 anos eu espero ter 18 anos de novo.” Manuela Polidoro, 36. “Uma linda mulher! Canta uma linda mulheeeer!” Mateus Prado, 38. (Nos primeiros acordes de “It Must Have Been Love”, tema do filme Uma Linda Mulher, a plateia entrou em catarse coletiva. Mateus chorou). “Eu dei meu primeiro beijo de língua ouvindo ‘Sleeping In My Car’”. Paula Barros, 30. “Meu pai e minha mãe sabem todas as músicas. Eu to achando uma chatice.” Eduardo Spat, 12. “Eles não parecem cansadinhos?” Bia Ryal, 28. “Passei anos cantando ‘How Do You Do’ sem entender a letra. Agora eu entendo.” Gustavo Rocha, 37. “Ela é uma fênix, uma diva, uma linda” Rejane (não entendemos o sobrenome e ela não quis dizer a idade). “Roxette só tem hit.Tá todo mundo cantando junto, olha.” Teca Diaz, 32. “‘Listen to Your Heart’ é a história da minha vida” Luis Fernando Souza, 40. “‘Spending My Time’ é a música mais perfeita do mundo” Bruna Abreu, 27. “Não conhecia direito, mas minhas namorada curte este tipo de balada.” Lucas Tavares, 18. “Dressed For Success!” Renata Bastos. “Quem nunca dançou Roxette numa festinha de colégio?” Eloi Barros, 45. ”’Church of Your Heart’ é tipo a máquina do tempo do De Volta Para o Futuro”. André Goldberg, 25. “ Achei que eles só tivessem música em espanhol, mas são americanos, né?” Rafaela Nandeli, 19. “Eles ainda lembram das coreografias!” Clarissa Martins, 35. “Tomara que elas [sic] voltem todo ano.” Jorge Bezerra, 24. Cristiane Lisbôa

no day after

segundo fãs na segunda adolescência



_O QUE ACONTECEU NO MÊS DE ABRIL _Créditos Rafael Passos _Abril Pro Rock @ Recife

Fernando Schlaepfer _Avassaladores @ Rio de Janeiro

Ariel Martini _Marcelo Camelo @ São Paulo

Fernando Schlaepfer _Bootie @ Rio de Janeiro







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Parker Fitzgerald

VERA EGITO FALA SOBRE... __ROBERTO CARLOS |Meu pai tinha esse jeito próprio de confudir para esclarecer. E apesar da citação, não é o Tom Zé o personagem deste texto. É clássico na família o fato de termos crescido ouvindo a história do Porco Mau e os Três Lobinhos. Simplesmente porque, na opinião de papai, lobos são animais admiráveis, ao contrário dos porcos. Até hoje acho muito estranho pensar nessa história do jeito contrário ao que eu aprendi. O jeito certo do mundo que não é o certo exatamente pra mim. Pois bem, creio eu que, seguindo a mesma lógica, uma das músicas que papai cantava pra gente era “Minha Fama de Mau”, do Roberto e do Erasmo. Foi uma das primeiras músicas

que eu soube cantar inteira. Mas não entendia o porquê do cara não levar a menina ao cinema se ele mesmo dizia ser uma coisa normal. Mais uma vez, papai me esclareceu na confusão. Às vezes, nós agimos de um jeito quando desejamos agir do jeito oposto, só pra mantermos uma aparência. Na pré-adolescência, ouvia meu pai dizer que o Robertão estava mudado e não era mais legal como antes. Ele havia sido um roqueiro e agora só fazia músicas cafonas. A gente gostava de viajar de carro e “As Curvas da Estrada de Santos” era um hit nosso. Até hoje é uma das canções mais bonitas que eu conheço. Foi com ela que entendi que a estrada é melancólica e linda. Mas essa também era uma canção “do tempo que ele era bom”, segundo papai. E fiquei assim, alguns anos alienada de Roberto, só vivendo uma nostalgia que não era minha. Quando papai deixou de ser minha única referência pra música (mantendo-se, porém, como uma das principais), o Robertão “cafona” começou a tomar espaço no meu coração. Foi meu irmão músico que um dia apareceu com um CD de regravações. Tinha o Barão tocando “Quando” e o Chico Science com a Nação tocando “Todos Estão Surdos”. Fui atrás de escutar mais. Era o começo dos anos 90 e achar música não era tão fácil quanto hoje. Mas eu achei.

Detalhes bateu em mim com tanta força. O amor começava a ser motivo de dor. Catorze anos é a idade, afinal. De vez em quando você vai lembrar de mim. Sim, essa cafonice do amor já fazia sentido. Tanto quanto manter minha fama de má e não deixar ninguém saber que eu chorava no quarto por ciúme, por me sentir rejeitada ou por simples medo de me expor. Então aconteceu o show do Rei. Ele estava lá, todo de azul. Meu pai não foi não. Para ele o Roberto roqueiro da memória lhe bastava. Noite só das meninas: minha tia, minha mãe e eu. Robertão tinha aberto mão da sua fama de mau, definitivamente. Em mim, a adolescência pulsava bem violenta e toda a confusão que ainda estava por vir continuaria sendo acompanhada por ele, meio roqueiro, meio brega, meio melancólico. Rei.


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