Revista Noize #59 - Novembro de 2012

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DIREÇÃO: 
 Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha

NOIZE FUZZ

DIRETOR DE CRIAÇÃO: Rafael Rocha rafarocha@noize.com.br

COORDENADORES: Carolina Garcia Henrique Dias

EDITORA-CHEFE: Cristiane Lisbôa cristianelisboa @noize.com.br EDITOR: Tomás Bello tomas@noize.com.br REDATORES: Karla Wunsch karla@noize.com.br DESIGNER: Felipe Guimarães ASSIST. ARTE: André Chaves ASSESSORIA DE IMPRENSA: Carola Gonzalez Revisão de texto: Jeferson Mello Rocha COMERCIAL:


 Pablo Rocha pablo@noize.com.br Administrativo: Pedro Pares pedro@noize.com.br

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Editora-chefe: Lidy Araujo EditorES: Clarice Passos Fabiano Tissot Thaísa Gomes Thiago Couto Planejadores: Bruno Araldi Bruno Nerva Dionísio Urbim Martim Fogaça Pedro Barreto Yago Roese Redatores: Francieli Souza Leonardo Serafini

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 Shows, Festas e Feiras

 Festivais Independentes TIRAGEM: 30.000 exemplares

• COLABORADORES 1. Ariel Martini_ Ainda insiste em fazer fotos de shows. flickr.com/ arielmartini 2. Lalai e Ola_ Lalai trabalha com mídias sociais, mas sua paixão é música. É DJ e produz a festa CREW. O Ola trocou a Suécia pelo Brasil, o design pela música e fotografia. 3. Renata Simões_ Renata Simões, 34, é jornalista. Já produziu documentários, apresentou os programas Vídeo Show e Urbano, colabora com revistas e sites e ainda tem um programa diário no rádio em São Paulo, onde mora. 4. Nicolas Gambin_ Jornalista freela. Aprecia tocar The Meters com amigos nas horas vagas. 5. Daniel Sanes_ Jornalista por formação, lunático por opção e roqueiro de nascimento. Um dos editores de música do site www.nonada.com.br. 6. Fernando Halal_ Jornalista malemolente, fotógrafo de técnica zero e cinéfilo dodói. Não morre sem ver um show do Neil Young. www.flickr.com/fernandohalal 7. Dani Arrais_ Jornalista, nasceu em Recife, mora em São Paulo há quase cinco anos. Começou o donttouchmymoleskine.com há quatro anos e de repente viu que falava de amor quase o tempo todo. 8. Leonardo Bomfim_ Jornalista e diretor de cinema. Edita o freakiumemeio.wordpress.com. 9. Crib Tanaka_ é carioca-sansei, jornalista e trabalha com marketing. Acredita cada vez mais no ditado que diz “temos dois ouvidos, dois olhos e uma boca para vermos e ouvirmos duas vezes mais do que falamos”. 10. Rodrigo Esper_ Tem como trabalho ser fotógrafo no I Hate Flash, e como hobby falar duas vezes antes de pensar, ser a pessoa mais empolgada do mundo e a mais exagerada do universo. www.ihateflash.net/esper 11. Raquel Chamis_ Jornalista com apreço por tudo que as palavras não dizem. 12. Clarissa Barreto_ Jornalista e uma das diretoras da Cartola. 13. Raul Aragão_ Fotógrafo. www.ihateflash.net 14. Gustavo Elsas_ Fotógrafo. www.ihateflash.net 15. Lúcio Luna_ Fotógrafo.

CIRCULAÇÃO NACIONAL

• CAPA_ RAFA ROCHA

• CONTRA CAPA_ Ariel Martini

Os anúncios e os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista. Revista NOIZE - Alguns Diretos Reservados.

• EXPEDIENTE #59 // ANO 6 // NOVEMBRO ‘12_


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REVISTA NOIZE. TUMBLR. COM 3

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_foto: LÚCIO LUNA

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NOME_ Pablo Morais O QUE FAZ_ Ator UM DISCO_ Eu tentei, juro que tentei, pensar em um único disco. Mas não consigo decidir, um sempre me parece melhor escolha. Pode ser qualquer um – e todos – do Caetano? “Não imagino o mundo sem música. Pra mim, tudo tem trilha sonora, tem sempre algum som ligado, a música tá no meu trabalho, no meu estudo, no meu descanso. Seja na vitrola, no iPod ou no meu violão.”


“O que está faltando no mundo é que as pessoas não estão transando o suficiente.” Steven Tyler, vocalista do Aerosmith_


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“Nossa, essa foi quase.”

P Di-

“Nós estamos nos saindo melhor do que o Radiohead.”

Joe Newman,

ddy_ ao comentar o acidente de carro

vocalista do grupo inglês Alt-J_ ao responder às frequentes comparações com Thom

que sofreu em Beverly Hills.

Yorke e cia.

“Chorei ao ouvir ‘Let The Sky Fall’. Foi como um sonho.”

Daniel

Craig, ator_ confessando que foi às lágrimas quando ouviu a música tema de 007 – Ope-

“Acho que todo mundo já foi traído, ou então não sabe.” Letícia Isnard, a Ivana de Avenida Brasil _

ração Skyfall.

“Eu quase me matei três ou quatro vezes.” ““Abandonei as drogas após ter uma franca conversa com Deus.” Fergie, vocalista do Black Eyed Peas_ Billy Corgan, líder do Smashing Pumpkins_ “Quase sofri uma overdo- “É feito de silicone macio “Nem se todas as crianças faminse aos 15 anos de idade por e seguro.” Alicia Silverstone, tas do mundo dependessem disso.” misturar várias drogas.” atriz_ dizendo ter aprovado um vibrador Noel Gallagher_ ao ser questionado sobre um Pink, cantora_

“ecologicamente amigável”.

“Musicalmente, eu posso fazer o que bem entender.” Snoop Lion, ex-Snoop Dogg_ dizendo que não deve satisfações por trocar o rap pelo reggae.

possível retorno do Oasis.

“A gente tá em estúdio em tempo integral fazendo o que sabemos fazer.” Jeremy Gara, baterista do Arcade Fire_ ao revelar que a banda lança novo álbum em 2013.

“Eu adoraria fazer um álbum com o Skrillex.” Ellie Goulding, cantora_ revelando ser também fã do namorado DJ. “Eu não serei um astro do rock, “Nessa galera do sertanejo não conheço história com droga.” serei uma lenda!” Freddie Mercury_ Zezé Di Camargo_ “Rock ‘n’ Roll não se aprende nem “Nada que a ciência jamais encontrar vai desmentir Deus.” se ensina.” Raul Seixas_ Brandon Flowers, vocalista do The Killers_ “O que eu não quero é não ser quem eu sou. “Mostrar a bunda no palco é um ato de amor, do tempo que roqueiro tinha cara de bandido, você Eu sou feliz, sambando assim meu rock and ainda não era nascido.” Rita Lee_ roll ...” Fernanda Takai_


DANÇAR PARA Não dançar_ O mundo tá quase no fim e a gente pensou muito, pensou junto e decidiu que se for pra acabar, que seja na pixxxta. Então, Michael Jackson e os detalhes tão pequenos, tão imensos dos 30 anos de Thriller, o álbum que definitivamente mudou o pop. Raça Negra, o indie, o cult, o fim do medo do popular. BNegão e sua caixa de Pandora, ops, de foto. E, sem filtro, a cabeça doce e louca de Otto, que está sempre dois passos acima do que está o resto. Dá o play nesta Noize e dança. Que se o mundo acabar mesmo, vai ser melhor assim. Hasta, Cris Lisbôa


Foto: Rafa Rocha


_Por Daniela Arrais donttouchmymoleskine.com

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7 regras para um domingo analÓGICO_ Feitas pelo Jonathan Nausner. bit.ly/aCasj7

Um número que não cabe aqui_ Ouço música o tempo todo, adoro uma festa (faço umas de vez em quando, toco em algumas outras), vou a muitos shows. E adoro fazer mixtapes. Pensar numa seleção de amor, em outra de festa, em mais uma pro coração partido, naquela que vai celebrar a primavera. Tenho uma lista imensa de seleções feitas por amigos, amigos dos amigos e eu mesma aqui. bit.ly/TVYkFr

QUANTOS DESCONHECIDOS EXISTEM NO MUNDO?_ Adoro fazer fotos de gente que vejo por aí, comecei a usar a hashtag #retratosanônimos e, um tempinho depois, descobri que mais gente estava fazendo o mesmo. Então criei um novo perfil pra reunir fotos de desconhecidos: @retratosanonimos.

2.600_ Metros quadrados é o que tem o pavilhão que reúne as obras do desenhista e escultor Tunga, em Inhotim. Aliás, você já foi a Inhotim, nego? Não? Então vá. bit.ly/TBpaOm



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Antes uma cantora indie, agora uma popstar. Com Electra Heart, seu segundo álbum, Marina Diamandis se reinventa, conquista o topo das paradas e mostra que está feliz com o seu “novo eu”. Mesmo que tudo tenha começado com um coração partido. O que fez você trocar o indie e os sintetizadores pelo pop e os beats eletrônicos? Eu não poderia imaginar outro artista passando por essa mudança. Porque no cenário indie, quando você abraça o pop você imediatamente “se vendeu”. Eu, na verdade, quis usar essa fórmula pop para crescer como artista. E como compositora também. Quando eu for gravar o meu terceiro álbum, certamente terei uma outra perspectiva sobre música. Em Electra Heart, você criou uma série de personagens que refletem a relação das mulheres com o mundo. A Marina está ali também? Na verdade, tudo foi mais relacionado a uma pessoa, a um cara. Ele e eu estávamos muito apaixonados, mas ele me fez muito mal. Não foi uma boa experiência.Além disso, achei que não havia me saído muito bem no meu primeiro disco. Então pensei:“Bem, se eles não gostam de mim dessa maneira, talvez eu tenha que mudar”. E apliquei isso para esse cara. Não tem nada a ver com ser mais comercial ou mainstream. É mais porque eu queria que essa pessoa me amasse, e eu sabia que se eu continuasse daquela maneira isso não iria acontecer.

Divulgação

CINCO perguntas E UM ENGLISH TEA COM MARINA AND THE DIAMONDS

Ser chamada de cantora pop não te incomoda? Não, claro que não! Eu quero ser chamada de popstar, porque eu não me sinto uma (risos). Quando eu tinha 19 anos, costumava fazer todos esses testes para girl bands, esses projetos pop fabricados mesmo. E quando eu dizia isso para a “classe indie”, durante a turnê do primeiro álbum, todo mundo ria de mim. Diziam “você é tão fútil e esquisita”.Agora que eu estou de fato fazendo isso eles acham meio bizarro. Mas é onde eu comecei. Você ficou loira para o novo disco. Por quê? Porque eu não queria mais parecer eu. E me dei conta de que não tinha atingido nenhum dos meus objetivos com o primeiro álbum. Na época, pensei, até de forma meio estúpida,“talvez as pessoas não gostem de mim”. E falei:“vou simplesmente me transformar no oposto do que eu sou”. E isso é ser loira (risos). Para onde o futuro deve levar a Marina and the Diamonds? Eu meio que sei, mas não posso dizer (risos). Comigo, as letras e a voz são a minha identidade. Qualquer coisa que eu faça sempre vai ter uma espécie de tema central, e o terceiro álbum deve seguir por esse caminho.


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FILME | Reis e Ratos – Mauro Lima Reprodução

_“Este filme é uma brincadeira. Um dos grandes diretores desta geração reuniu alguns dos seus amigos – todo mundo recebeu cachê simbólico – para contar uma história que faz rir e pensar ao mesmo tempo que enternece. Uma sátira deliciosa as produções hollywoodianas , um elenco inacreditável – Rodrigo Santoro, Cauã Raymond, Selton Mello, Seu Jorge, Bel Kutner entre eles – reunido e trilha de Caetano Veloso. Senhoras e senhores, este é o Mauro.”

TWITTER |

Cola neles!

@marinalimax @AleYoussef

@vanguart @LaerteCoutinho1

BLOG | Amor e Hemáceas Ariel Martini

FACEBOOK | Tatá Aeroplano

_Ironia, música, trechos de livros, indicações de leitura e alguns dos melhores textos da internet, o blog do escritor Santiago Nazarian tem tudo isso e otras cositas más.

_Um músico talentoso, um cara cheio de contradições e ideias. Produtor do meu disco, conhece tudo, muito além de movimentar a cena cultural paulista.


Reprodução

Convidada do mês I Mayana Moura Mayana Moura é atriz, cantora e está esperando o fim do mundo.

_Todas as ideias e faixas para este EP foram criadas e compostas durante a turnê do álbum Portrait of an American Family, e é o primeiro álbum da banda que conta com a presença do baterista Ginger Fish. E eu AMO esse álbum. Foi o primeiro que comprei do Marilyn Manson.

Lindsay Usich/Divulgação

Reprodução

REMIX | Smells Like Child

UMA DESCOBERTA | Zerbini Divulgação

Divulgação

UM ARTISTA PARA CONHECER |

_Ele faz pinturas, desenhos, colagens, instalações e está, neste momento, expondo no MAM, em São Paulo. É uma individual que reúne parte importante do seu trabalho que se chama – nada mais nada menos – do que Amor.

_”A carne não representa para mim nada de martírio, morte. Existe um certo humor em meu trabalho que ninguém vê, um humor negro que às vezes é um pouco grotesco. Não é para levar tão a sério”, disse certa vez Adriana Varejão, pintora de arte contemporânea.

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_Por Lalai e Ola Persson

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MAS DEVERIa_

Divulgação

LET’S DANCE Vieram vários nomes na nossa cabeça quando a Cris anunciou que essa seria uma edição dançante, afinal não faltam bons artistas que nos fazem esquecer da vida enquanto chacoalhamos a cabeça, fechamos os olhos e ainda requebramos o quadril. Um deles foi Chad Valley, que despontou no Guardian em 2008, como aposta do crítico John Burgess. Chad Valley é de Oxford e tem um nome curioso para um inglês, que, aparentemente nada carrega de português: Hugo Manuel, nome que carrega na banda Jonquil, na qual faz as vezes de vocal e tecladista. Chad Valley acabou de lançar o álbum de estreia, trazendo vários convidados, como Twin Shadow. As músicas passeiam pelo pop, beat balearic, electro-pop e com uma presença disco onipresente criando uma atmosfera quase etérea. Música feliz daquelas que nosso corpo mexe sem a gente perceber, sabe? Fica de olho, porque Chad Valley ainda vai te fazer dançar.

Daphni A dupla sueca não faz a música mais dançante do planeta, mas pode animar performers de plantão. O som que produzem, com certo tom dramático, é uma delícia e a voz doce e infantil da Kicki Halmos, super influenciada pelo álbum Pornography, do The Cure. Para quem ama um climão, synth pop, música bem produzida, tem que correr pra conhecer. masquer.se

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Johan Rydberg / Divulgação

Masquer

O Dan Snaith não só abre shows do Radiohead com o seu projeto Caribou, como é DJ nas horas vagas. Agora tem uma ótima compilação dele chamada Jiaolong, juntando várias produções, que vão de referências como Four Tet a música africana. Produção de alto nível, com músicas bonitas e variadas. soundcloud.com/ caribouband/sets/daphni-jiaolong



_ Por Renata Simões renatasimoes.com

www.facebook.com/mesaecadeira

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Andar pelo centro de São Paulo é uma viagem. Decadence avec elegance, país das maravilhas, mapa de tesouro escondido, escolha seu clichê favorito. Estive lá no último mês mais vezes que durante todo o ano graças ao Mesa & Cadeira 6, workshop/imersão organizado pela jornalista Barbara Soalheiro. Durante uma semana, 15 pessoas se juntam ao redor de uma mesa para produzir algo. Mesa & Cadeira 6 foi capitaneado por Cosimo Bizzari e Patrick Waterhouse, editores da Colors Magazine, famosa revista fundada pela Benetton nos anos 1990. O workshop produziu um kit de sobrevivência a São Paulo, alinhado com a atual produção da revista que em sua mais recente edição – a primeira editada com texto em português – falou do Apocalipse. Foi uma tremenda experiência, o mais próximo da vivência completa de mercado impresso desde que me formei na faculdade de jornalismo. Nosso kit tem um mapa com endereços essenciais da cidade, dados e fotos sobre trânsito, um jornal sobre pessoas e santinhos de bolso para qualquer situação.

Fui até a loja de velas da praça da Liberdade, onde catolicismo e candomblé convivem sob o mesmo teto, buscar sabonete Chama Dinheiro, estátua de exu, outra de são longuinho. Os objetos atiçaram o olhar dos nossos editores, uma mistura de curiosidade e estranhamento. Fascínio pelo que consideram exótico, misturado com o desdém pelo que lhes é familiar, sem perceber que a forma pode até ser parecida mas o caldo que nos forma é substancialmente diferente. Ao final do curso, acumulando esses e outros trabalhos, explodi em herpes zoster. Na linguagem popular chama-se Cobreiro Bravo. Remédios, muitos, indicados pela médica. Tomar benção durante sete dias, indicado pela tia Na dúvida. Juntei alopatia tradicionalíssima com o que há de mais antigo em termos de conhecimento dos antigos. Para quem não é daqui é difícil entender que o nosso desenvolvimento é fruto dos braços dados do que é inexplicável com o que é convencional.



_Por Crib Tanaka www.circulador.wordpress.com

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Aaaaaaaaw! Who’s bad?

Jaquetas

Brilho total

Michael adorava uma jaqueta. Em “Thriller”, o modelo vermelho com recortes em preto logo comunica que ele é o protagonista. Na capa de Bad, ele aparece com um modelo preto com metais, fazendo jus ao visual “do mau”. As superpaetizadas eram usadas em aparições do astro na vida real, em passeios ou em entrevistas.

Uma das características mais marcantes dele era o uso do brilho, seja em jaquetas, detalhes nos ombros, calças ou até nas meias, que chamavam mais ainda a atenção para seus pés deslizantes.

Reprodução

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Basta um hit dele ecoar e a pista enche. “Billie Jean is not my lover.” “Who’s Bad?.” “Cause this is thriller, thriller night.” Você provavelmente lê e já começa a balançar os pezinhos. Michael Jackson tem esse poder hipnotizante, catártico e pop na medida certa. Quem não queria mandar um moonwalk nas festinhas? Cada clipe do Michael e cada show era esperado como grande acontecimento – e realmente era. Efeitos especiais, muito glamour, riqueza e o lado kitsch sempre nos tocando com uma realidade fantástica. O carisma é de infância, desde os Jackson Five, e ganhou corpo na carreira solo. Os hits dos palcos vinham acompanhados de figurinos marcantes, que viraram tendência e marcaram sua carreira. Confira os top Michael:

Oxford + luva + chapéu O trio clássico, que relembra épocas muuuito antigas, dava o tom fantástico/ romântico ao visual de Michael. Enquanto chapéu e oxford na maioria das vezes eram pretos, as luvas mais usadas eram as brancas (volta e meia substituídas pelas bordadas).

Militar style Referências ao visual militar, como fivelas em calças e camisas, fizeram parte de alguns momentos do cantor, assim como as jaquetas militares.



www.avalanchetropical.com twitter.com/avalanchebr

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Brega funk

Já corre solto o incrível som novo da funkeira Deize Tigrona, com produção do paraense Jaloo.“Prostituto” é um tecnobrega futurista, com impublicáveis vocais de baile funk cantados por Deize.A música ainda ganhou um ótimo videoclipe do videomaker Allyson Alapont. goo.gl/CMGXJ

Sem bode

Goat é uma turma de mascarados de um vilarejo sueco que afirma estar fazendo coletivamente o mesmo som por décadas. Eles juntam elementos de afro beat com psicodelia pesada e um vocal que lembra Fever Ray. Uma das coisas mais legais que surgiram este ano! goo.gl/ ypqCc

Rainha atiradora

Nosso herói Leo Justi não para. Depois de remixar a M.I.A. e lançar o single “Gaitero” com uma série de remixes (goo.gl/oikLS), agora ele aparece com esse tremendo vídeo para sua nova faixa, “O Homem Mau (Sniper Queen)”. youtu.be/_ApSWWKPvzE

Global

Fatima Al Quadiri nasceu no Senegal, cresceu no Kwait e hoje vive no Brooklyn, onde é artista visual e produtora. Seu som mescla future bass com influências globais. O ótimo novo EP Desert Strike se apoia na experiência de viver no Kwait durante a guerra do golfo. goo.gl/OyhNp

NSFW

Integrante do grupo de rap cearense Costa a Costa, Don L vem lançando esse ano uma série de grandes singles, entre eles a ótima “Cafetina Seu Mundo”, com sample de Black Keys. Seu novo som, “Sangue é Champanhe”, ganhou um delicioso – e inapropriado pro trabalho – clipe. vimeo.com/51564797

Negro gato

Surgido em Portugal no ano passado, o duo Gato Preto lança agora seu primeiro álbum, Era de Gato Preto. Nele, muito kuduro, dancehall, moombahton e tudo aquilo que a gente gosta. Além de participações de gente como MC Zulu e Edu K. goo.gl/Bh87D



030\\

1.

2.

O interior do Brasil

Tropicalismo

“Foi onde eu nasci, ouvi rádio no alto falante, onde comecei a lidar com as primeiras emoções ouvindo os cantores da multidão.” 3.

Solidão dos hotéis

“É onde eu componho muito.”

Reprodução

“Acabei de ver o filme Tropicália. Chorei várias vezes. Aquilo é a história da minha vida. A luta, o disco, a repressão, o exílio, Caetano, Gil...” 4.

João Gilberto

“Eu tive a felicidade de viver com o João momentos maravilhosos. Queria desistir de tocar, de tão perfeito que era. Mas depois resolvi aprender.”

1. Moraes Moreira é de Ituaçu, cidade de cerca de 18 mil habitantes,também conhecida como Portal da Chapada – afinal, é a entrada sul pra famosa Chapada Diamantina. 2. Dirigido por Marcelo Machado, o documentário mergulha no movimento que transformou a cultura tupiniquim no final dos 60’s, sob o comando de Gilberto Gil e Caetano Veloso. 4. João foi uma espécie de padrinho dos Novos Baianos, o mentor de Acabou Chorare, o álbum mais


Eterno Novo Baiano, Moraes Moreira cresceu no sertão da Bahia tocando sanfona. Até encontrar a guitarra em Salvador. Mistura frevo com baião, samba com rock e música erudita.Tem o seu nome escrito na história da música brasileira.

5.

Pernambuco

6.

Os grandes autores

“Eu sempre fui do frevo, já ouvia as orquestras lá na minha terra. E depois aquilo foi virando música, festa do interior...”

“Dorival Caymmi, Noel Rosa, Assis Valente.”

7.

Chico Science

“Quando eu vi ele, falei, ‘ih, tomei um susto agora’.Taí uns caras que parecem com os Novos Baianos.”

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Divulgação

Moraes Moreira

8.

Novos Baianos

“A gente se alimentava do sonho de ser artista, vendo o Brasil passar por uma ditadura. A gente transava a tradição e a modernidade.”

marcante do grupo.Vale assistir ao docUmentário Filhos de João – Admirável Mundo Novo Baiano, de Henrique Dantas. 5. Com origem na palavra “ferver” – por corruptela, “frever” –, o frevo surgiu entre 1910 e 1911. Mistura marcha, maxixe e elementos da capoeira. 8. Foi no Cantinho do Vovô, um sítio no RIO DE JANEIRO, que a turma de Moraes e Pepeu Gomes viveu tempos de paz e amor entre 1971 e 1975. Um “neossocialismo” em plena ditadura militar.


__ENTREVISTA E TEXTO Clarissa Barreto _FOTOS RAFAEL ROCHA

_AGRADECIMENTOS CHRISTIAN MANIA



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Não é

Raça Negra está na moda. E antes que você pense em algo como “Black is Beautiful”,+1 não estamos falando de uma disputa datada entre negros e brancos, mas de uma das mais longevas e populares bandas de pagode brasileiras. Cumpre uma agenda de 18 a 20 shows por mês, tem 30 álbuns lançados (dois só neste ano) e arrasta multidões em seus shows, recheados de clássicos como “Que Pena” (Você jogou fora/ o amor que eu te dei/ o sonho que sonhei/ isso não se faaaaz...). “Essa ainda é a música mais pedida nos shows, foi a canção que mudou nossa carreira. Até então, éramos conhecidos no Brasil, mas essa música fez a gente viajar para Europa, Estados Unidos, África e toda a América Latina”, disse à Noize Luiz Carlos, vocalista e líder da banda que permanece com (quase) a mesma

formação original desde o primeiro sucesso, “Caroline” (Carooool, Caroline, Carooool...), em 1991. E agora foi descoberta pelos moderninhos. À primeira vista, Wilco, Strokes e Los Hermanos nada têm em comum com Raça Negra, certo? Pois se você pensa assim, que pena, amor, que pena.+2 Jorge Wagner, jornalista, redator e um conhecedor de cultura pop, discorda – ou, pelo menos, acredita que, se os três primeiros mereceram tributos, ora, por que não uma homenagem à banda de pagode – ou samba, como prefere Luiz Carlos? “A ideia de homenagear o Raça Negra, por mais absurda que possa parecer para algumas pessoas, tem a ver com o fato de a gente reconhecer o potencial pop da banda, independentemente dessa conversa boba em relação


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ao gênero, desse Fla x Flu de ‘música popular’ versus ‘música cult’ e tudo mais”, diz Wagner. Nasceu o Jeito Felindie, álbum repleto de vozes desse cenário, como Vivian Benford, Hidrocor, Minha Pequena, Soundsystem, Giancarlo Rufatto, Amplexos, Nevilton, Radioviernes, Harmada, Letuce, Orquestra Superpopular, Nana e Lulina, cantando os clássicos noventistas de Raça Negra com arranjos bem diferentes dos que a turma que acompanha a banda está acostumada a ver. A ideia do Jeito Felindie surgiu no começo do ano, na época em que saíram os tributos aos Los Hermanos e aos Strokes. Mas deixa o Wagner explicar melhor. “Foi no meio de uma conversa no Twitter que envolveu, entre outras pessoas, eu, o Manoel Magalhães (da Harmada), o Giancarlo Rufatto e a Letícia

Novaes (Letuce), mas ficou só nisso por alguns meses.Voltei a pensar no assunto pouco depois do lançamento do A Box Full of Versions, um tributo nacional ao Wilco organizado pelo Luiz Espinelly.Vi que ele tinha conseguido fazer tudo sem grandes dificuldades. Então, quando esbarrei com a Letícia num show da Letuce no Circo Voador, lembrei da conversa sobre o tributo ao Raça Negra e perguntei se ela toparia fazer. Com a resposta positiva, fui em busca do restante da galera. Em uns três dias, o projeto já estava com uns 80% encaminhado, com os participantes, o apoio do Fita Bruta e tudo mais.” A causa foi abraçada com fervor. “Todos os participantes reconhecem a força das canções da banda, independentemente do tipo de música que fazem ou escutam com maior frequência.”

[+1] Ouça. http:// www.youtube.com/ watch?v=BzrGDTUQ_ KE [+2] Trecho de “É Tarde Demais”, uma das músicas mais conhecidas da banda.


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“Você já viu Jorge Ben na televisão? São raríssimas vezes. Tim Maia mandava a foto dele, mas não ia. Djavan, Caetano Veloso, os grandes nomes não vão à televisão. Televisão hoje é feita pra ator de novela.” Nada surpreendente para quem sempre foi influenciado por ídolos pop. “Gravamos Renato Russo e Cazuza. Inclusive o Renato Russo falou, em relação ao Raça Negra, que foi uma das melhores gravações que ele ouviu de ‘Será?’”, diz Luiz Carlos. “Ele disse que detesta samba, mas que ‘esse Raça Negra conseguiu me deixar emocionado com minha própria música’. Ou seja, recebemos uma homenagem de um roqueiro nato, convicto.” Misturar influências está no DNA da banda, garante o vocalista, que também fez as suas homenagens: à Jovem Guarda, por exemplo. “As pessoas começaram a pegar violão, a prestar atenção na música popular brasileira através da Jovem Guarda – antes, tivemos grandes nomes, grandes cantores, mas ninguém mais comenta. Quem tem 40 ou 50 anos hoje não sabe que foi Francisco Alves ou Nelson Gonçalves, sabem é do Roberto Carlos. Acho que foi um grande movimento, então a gente tenta homenagear essas pessoas e essas músicas.” Se as lembranças da juventude de Luiz Carlos contemplam um Roberto Carlos pegado na vitrola, as de Lulina, cantora da jovem safra, são repletas de Raça Negra. “Nos anos 1990, só dava a banda nas


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“A ideia de homenagear o Raça Negra, por mais absurda que possa parecer para algumas pessoas, tem a ver com o fato de a gente reconhecer o potencial pop da bandaâ€?


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rádios e festas de família em Olinda. Sabe aquelas músicas que você cresce ouvindo sem nem dar muita bola e anos depois percebe a grande relação afetiva que tem com elas?” Não foi por nada que a pernambucana que era fã de Nirvana, Ramones e Sepultura abraçou a causa e cantarola “Cigana” no Jeito Felindie (Não deixe o tempo acabar com nosso amor/ Eu faço tudo e o impossível e você não dá valor). “Isso não me impedia de me divertir também ao som de muitos pagodes”, diz Lulina. A gravação é um sucesso e vem mexendo até com o coração da família da cantora. “Algumas tias e primos de Recife até me escreveram elogiando depois, acho que mexeu com a memória afetiva deles também.” O samba por Luiz Carlos Em entrevista à Noize em show em Porto Alegre, Luiz Carlos destilou opiniões sobre o cenário musical brasileiro, televisão, superexposição e sobre quem é o “novo Raça Negra”. Novas bandas Antigamente, para começar a fazer um show, a banda já tinha gravados uns seis, sete, oito discos. Hoje, você faz um disco, lança na internet e já sai fazendo show. Você não tem preparo. O sucesso logo se acaba porque você não tem preparo, a sua carreira tem que ir um degrau de cada vez. A gente tem muita pena dos artistas que surgem hoje, porque não vão ter uma sequência de trabalho, não porque não tenham talento ou porque não tem espaço. O espaço deles hoje, a internet, é muito rápido. Grava-se um disco, dois, três já é muito difícil.Vemos a quantidade de nomes que surgem, mas não vão conseguir gravar três discos, porque é tudo muito rápido, meio descartável. Novo Raça Negra No samba, o que eu acho fora de série é o Revelação.+3 É diferente, as outras bandas tocam tudo igual. Todas são iguais ao Belo. O Belo é meu amigo, participou do meu DVD, são meus amigos, mas são todos iguais. O diferente é o Revelação, sem nada de cordas, eles tiram um som diferente. E cantando, gosto do

Péricles, do Exaltasamba, que é o Emílio Santiago do samba. Uma voz maravilhosa. O resto é tudo igual. Samba sem vergonha? O samba continua do mesmo jeito. O que está acontecendo é que as pessoas estão confundindo muito o sertanejo universitário e a música baiana com samba. Isso não é samba. Aquilo é axé music, “ai se eu te pego”, isso é sertanejo, não é samba. Estão botando surdo, instrumento de percussão, estão misturando o sertanejo com o vanerão, do Sul, uma coisa muito esquisita. Mas eu não vejo nenhum grupo de samba com segundas intenções, o sertanejo sim, que não é minha praia, respeito, mas não ouço. O samba não, mas acho que o sertanejo está indo sim para um lado meio perigoso. O sertanejo universitário, como eles chamam, fala muito de sacanagem, de bebida, “fui beber, sou cachaceiro, não sei o quê”, são coisas que a gente não gosta muito não, mas as pessoas gostam... Sucesso Não sentimos falta da superexposição. Na verdade, a redução da nossa presença na televisão foi um conselho de três caras especiais: Roberto Carlos, Jorge Ben e Tim Maia. “Quer ter uma boa carreira? Saia da televisão, saia que você vai se queimar”, diziam. Então, começamos a negar programas de televisão e focar no rádio. O rádio é que eterniza o artista. Esse conselho sobre televisão foi dado pelo Roberto Carlos, que faz um show na TV por ano.Você já viu Jorge Ben na televisão? São raríssimas vezes, Tim Maia mandava a foto dele, mas não ia. Djavan, Caetano Veloso, os grandes nomes não vão à televisão. Televisão hoje é feita pra ator de novela. Convite a gente tem toda hora, mas fica só driblando. A pessoa te vê, esquece a música e começa a olhar, na primeira vez ela ouve a música, na segunda pensa “olha como ele engordou”, na terceira vez já começa a meter a boca em você. Esquece a música e fica olhando, como você é super exposto, fica olhando o que mudou. Então, foi por um conselho desses artistas que a gente saiu daquela superexposição.

[+3] Entre CDs e DVDs, Belo já vendeu mais de 7 milhões de cópias originais.


_ENTREVISTA E TEXTO CRISTIANE LISBร A e tomรกs bello

__ FOTOS RODRIGO ESPER


MAYER HAWTHORNE //041

De hipster favourite a trilha sonora de novela, Mayer Hawthorne é só alegria no requebrado. Sem perder a classe, jamais.

O grande sonho de Andrew Mayer Cohen jamais foi ser cantor. Ele não participou de um coral na igreja de Ann Arbor, Michigan, onde nasceu. Não teve aula de canto, não se imaginou dando entrevistas para falar de seu processo criativo e sequer cogitou a hipótese de viajar o mundo em cima do palco. Mas ele queria a música. Por isso, transformou-se em produtor (dos grupos Now On e Athletic Mic League), DJ (sob a alcunha de Haircut) e começou a produzir beats para MCs. Quando sobrava um tempo, brincava de ser o que não sonhara, experimentando canções em um estudio caseiro. Lá, era rei. Fazia os metais, o baixo, a bateria, o piano, a voz. Até que ele decidiu chamar essa brincadeira de Mayer Hawthorne. E o mundo inteiro acreditou na fantasia. Uma demo de apenas duas músicas chegou até Peanut Butter Wolf, dono do Stones Throw, um dos selos mais criativos dos últimos anos.+1 Strange Arrangement, seu álbum de estreia, trouxe um inacreditável sopro de Motown e deixou claro que o renascimento do soul estava mesmo nas mãos de um branquelo de terno bem cortado. Na sequência, Mayer fez shows em praticamente todos os grandes festivais internacionais, esteve no Brasil, lançou clipes cheios de humor e autoironia, um single em vinil vermelho com formato de coração e a certeza de que a festa – definitivamente – ainda não acabou.

Para esta edição dancing, nada mais justo do que trazer pra você uma conversa levemente insana que tivemos com o cara. Deixa “Your Easy Lovin’ Ain’t Pleasin’ Nothing” tocando no máximo e pega um drink. De onde vem aquele seu falsete cheio de charme? Muito chá do tipo English Breakfast+2 e mel.

[+1] Baseado em Los Angeles, o Stones Throw Records é casa de uma série de artistas aclamados no circuito soul/hip hop, como Madlib, DamFunk e Aloe Blacc.

É maluco ver o quão longe sua música chegou? É totalmente insano. Pensar em uma pessoa em outro continente, que fala uma língua diferente, que está cantando minhas músicas... Eu apenas tento me divertir o máximo possível, tento aproveitar cada segundo.

[+2] Popularizado pela Rainha Victoria, o English Breakfast é o chá mais tradicional entre os britânicos. Um blend de folhas do Ceilão e da Índia, é um chá forte e amargo, habitualmente tomado na Inglaterra com um pouco de leite.

Você faz soul music, mas está frequentemente se apresentando em festivais indie. Como se dá essa relação? Eu era um total headbanger+3 quando era mais novo. Eu ainda amo bandas como Helmet e Black Sabbath.Também amo o Frank Zappa, João Donato e Gucci Mane. Este álbum mais recente, por exemplo, é muito sobre mesclar a soul music com todos os outros estilos de música que eu gosto.+4

[+3] Em outras palavras, um metalhead, um verdadeiro fã de heavy metal. [+4] Lançado em outubro de 2011, How Do You Do é o segundo disco de Mayer Hawthorne. A bolacha chegou ao top 50 da Billboard e o colocou na trilha sonora de Avenida Brasil, com a música “Finally Falling”.


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Que tipo de criança era o Mayer Hawthorne? Você era metaleiro, já tocou em algumas bandas punk, mas acabou na soul music. O Mayer de hoje é outro? Quando eu era adolescente, adorava discos de vinil. Eu adorava dançar, adorava comer, era meio que um nerd. Então, na verdade, nada mudou muito desde lá. Eu simplesmente tenho a chance de fazer tudo isso para viver. Você se coloca nesse “neo soul” que os críticos parecem adorar? Eu faço música para as pessoas se divertirem e fazerem amor. Não me incomoda nem um pouco quando as pessoas me chamam de “neo soul”.Você pode me chamar de Shirley, contanto que você me ligue. O que uma música precisa para ser um hit? Precisa de algo com o qual as pessoas realmente se relacionam. Qual a trilha sonora perfeita para cozinhar? A gente sabe que você experimentou – e adorou – coração de galinha. Você está fazendo eu parecer um baita de um maluco, agora (risos). Mas é verdade, eu realmente adorei. Sinatra é maravilhoso para cozinhar. Ou trilhas sonoras de filmes de Bollywood, como Dharmatma.+5

[+5] Clássico do cinema indiano, o filme de 1975 conta a história de Seth Dharamdas, um milionário boa praça que esconde sua persona gangster. Assista: migre.me/bQ7no [+6] Algo como “chamativo mas classudo”, em bom e velho português.

O que você ouve quando está em casa? No momento, eu tenho ouvido muito Roger & Zapp, Bee Gees, bossa nova e disco rap. Mas isso muda a cada dia. Eu estou sempre procurando por novidades, sempre que sobra um tempinho. E sempre tento mesclar coisas novas e clássicos. Ao contrário de seu álbum de estreia, How Do You Do parece deixar um pouco de lado aquela sonoridade retrô. Resultado dessa constante busca por novidades sonoras, quem sabe? Eu tenho muito orgulho de como soa esse disco, porque não há nada por aí como ele. Não é retro soul, não é R&B, não é yacht rock. É Mayer Hawthorne. Eu

sou completamente a favor de levar a música adiante, nunca trazer ela de volta. A única regra é que tem que ser divertido. De onde vem os looks? Você está sempre bem vestido... Minhas avós são as pessoas mais estilosas da família. Meu pai já enfia as suas t-shirts para dentro da calça. Meu lema é: “flashy but classy”.+6 Você tem que ser original e se destacar em meio à multidão, mas sempre mantenha a classe. As garotas da redação amam o seu cabelo. Que tipo de shampoo você usa? Eu não sou muito exigente quanto ao meu shampoo, mas sim quanto ao sabonete. Dove Men’s Clean & Comfort é o cara! Você canta no chuveiro? Até poucos anos atrás, era o único lugar em que eu cantava. E as mulheres, onde entram em meio a isso tudo? Você canta bastante sobre amor, relacionamentos, corações partidos... Quem mais me inspira são as mulheres lindas. Eu acredito que, se eu puder fazê-las dançar, talvez eu tenha uma chance. Eu sempre tive uma queda por vocais suaves em cima de um groove gangster. Quem faz mais festa: jornalistas ou músicos? Eu diria que os DJs batem ambos. Eu sou DJ desde pequeno, agito muitas after-parties por aí. Eu amo, mas a coisa pode ficar realmente insana. Agora a pergunta que não quer calar: você gostaria de ter nascido na era da Motown? Eu tenho uma grande apreciação pelo passado, e tento aprender tudo o que posso dele, mas eu jamais gostaria de viver nele. Eu não quero ir de volta aos bons tempos, eu quero fazer os novos bons tempos.


MAYER HAWTHORNE //043

“Eu faço música para as pessoas se divertirem e fazerem amor.”


__TEXTO Raquel Chamis



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Aos 24 anos, Michael Jackson não se importava em parecer infantil: infância e vida adulta sempre andaram juntas para o menino que cresceu para ser rei do pop. Agarrado em Muscles, sua cobra de estimação, o cantor que fora dos palcos soava tímido dizia que o sucesso de Thriller era pura mágica. Lançado em 1982, o álbum mudou os rumos da música, abriu caminhos para artistas negros na TV e carimbou a década de 1980 com o nome de seu intérprete. Produzido por Quincy Jones, Thriller tornou-se lendário ao levar o gosto comum a um lugar mais interessante – Jackson queria atingir o maior número possível de ouvintes, sem rótulos. Obcecado pelo trabalho, tinha como

meta superar os 20 milhões de cópias de Off The Wall, número que ele considerava frustrante. Jackson era capaz de ensaiar o mesmo passo por horas em frente ao espelho, até que a dança lhe saísse como movimento natural do próprio corpo. O que sempre acontecia: foi depois de Thriller que ele fez o mundo parar diante de um flanante moonwalking ao som de “Billie Jean” – a música que fazia o cantor ter vontade de dançar. As informações que se espalham pelas próximas páginas lembram um dos sinais vocais mais marcantes da música de Michael Jackson: soluços. São curtas e pontuais, drama e ritmo.

* Thriller levou oito prêmios Grammy e foi reconhecido como o álbum mais vendido do mundo em 7 de fevereiro de 1984, quando entrou para o Guinness Book, o livro dos recordes.

* O videoclipe de “Billie Jean”, que mostra Jackson dançando sobre um piso iluminado, custou mais de U$ 75.000,00. “Beat It”, coreografado por Michael Peters, custou U$ 150.000,00.

* “Thrill The World” faz o mundo inteiro dançar feito zumbi: desde 2006, a cada mês de outubro pessoas de vários países sincronizam os relógios para homenagear a coreografia do rei do pop. Para ser voluntário e organizar o próprio evento, o site thrilltheworld.com compartilha todas as informações necessárias.

* Preservado no Registro Nacional de Informações, o videoclipe de “Thriller” foi considerado culturalmente significativo pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.

* Jackson foi o primeiro negro a ter destaque na MTV, que chegou a exibir o clipe de “Thriller” duas vezes por hora em 1983.

* Ao digitar as palavras “thriller flash mob” no Google, o site de busca indica aproximadamente 2.490.000 entradas. Entre os links sugeridos estão cenas de flash mobs em festas de Halloween e casamentos. Equipes de remo e até uma prisão filipina inteira já entraram no embalo.

* “Beat It”, que tem participação do guitarrista Eddie Van Halen, foi montada a partir de 50 gravações. * Thriller demorou a emplacar. O primeiro single, “The Girl is Mine” (dueto com Paul McCartney), não causou alvoroço. Mais de dois meses depois de seu lançamento, Thriller ainda não tinha atingido a primeira posição da Billboard. Apenas em 1983, com “Billie Jean”, que Thriller decolou. A performance de Michael Jackson no Motown 25th Anniversary Show, quando ele dançou o moonwalk, foi a cereja do bolo. * Os 14 minutos do vídeoclipe de “Thriller” tiveram direção de John Landis e orçamento de mais de meio milhão de dólares.


“Thriller soava tão lixo pra mim que meus olhos se encheram de lágrimas quando o ouvi pela primeira vez.” [Michael Jackson, em sua biografia Moonwalk, sobre o período de produção de Thriller]

“É uma das mais importantes peças de memorabilia rock ‘n’ roll da história.” [Milton Verret, empresário texano que arrematou a jaqueta vermelha usada por Jackson no clipe de ‘Thriller’ por 1.8 milhão de dólares]

“Na primeira vez que Michael cantou ‘Thriller’ o microfone pegou fogo – algo que nenhum de nós tinha jamais visto acontecer. Que tal isto como um sinal?” [Quincy Jones, produtor do disco, sobre o momento em que Robert Temperton apresentou a letra a Jackson]

“You put them on their asses last night.” [Fred Astaire, falando com Michael Jackson pelo telefone após a apresentação em Motown 25]

“Thriller foi lançado no ano em que a música quase morreu: 1982.” [Don

“Toda vez que eu uso meu walkman eu ponho sua fita pra tocar.” [Andy

McLean, cantor, para o NYT]

Warhol, por telefone para Michael Jackson, Interview]

“‘Billie Jean’ poderia ser separada em 12 peças musicais diferentes e ainda assim haveria 12 hits.” [L.A. Reid,

“O flautista de Hamelin encontra Peter Pan.” [Silvie Simmons, da Creem Magazine,

produtor e dono da LAFace Records]

relatando o momento em que Jackson entra na gravação de “Beat It”, às 3h da manhã]

Thriller é até hoje o disco mais vendido da história da música: a estimativa é de aproximadamente 170 milhões de cópias. No primeiro semestre de 1983, no auge do sucesso, a cada semana eram comercializados cerca de um milhão de LPs. [John Lewis, Time Out] “Antes de ‘Billie Jean’, a MTV não apresentava vídeoclipes de artistas negros. ‘Billie Jean’, ‘Beat It’ e ‘Thriller’ nos levaram à estratosfera. Depois desses três, todos os vídeos da MTV queriam imitar o estilo apresentado por Jackson.” [Quincy Jones, produtor] “Jackson tinha algo a oferecer para todo mundo em ‘Thriller’, o álbum que mais misturou estilos até hoje: um dueto com um Beatle em ‘The Girl Is Mine’, batidas eletrônicas de tontear em ‘Wanna Be Startin’ Somethin’, guitarra de rock em ‘Beat It’.” [Jon Pareles, crítico do New York Times, 2009].


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_FOTOS ARQUIVO PESSOAL

O

CARA Ele divide os vocais do Planet Hemp com Marcelo D2 e está na tour comemorativa de 20 anos da banda. Até aí qualquer um sabe. Mas olhe mais de perto, mude o foco, esqueça o

_ENTREVISTA E TEXTO CRISTIANE LISBÔA e tomás bello

que todo mundo te diz o tempo todo. Este cara já teve bandas como Funk Fuckers, Turbo

Trio e Loucomotivos – esta, junto com Falcão, vocalista do Rappa, e Liminha, ex-baixista dos Mutantes e um dos maiores produtores musicais do Brasil, responsável por pérolas

de Ultraje a Rigor, Gilberto Gil, Elis Regina, Raul Seixas, João Gilberto, Jorge Ben Jor e o escambau. Hoje, este cara é líder do grupo BNegão & Seletores de Frequência. Foi

escolhido para integrar a comissão artística da “festa brasileira” na cerimônia de encerramento das Olimpíadas de Londres, ao lado de Marisa Monte e Seu Jorge, Alessandra

Ambrósio e Pelé. Este cara é um dos nomes mais importantes da atual música brasileira. E nestas páginas expõe pedaços de um retrato que mostra, de fato, quem ele é.


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“Eu não sou artista. Não me considero como tal. Sou um cara que gosta muito de música, ama fazer o que faz, e que tem uma sorte danada de poder viver disso – e sustentar uma família grande – dentro do mercado independente num país do dito ‘terceiro mundo’.”

“Eu com o Gabriel [filho], recém-nascido, no único lugar que fazia ele parar de chorar.” “Eu acredito na evolução do espírito acima de tudo, independentemente de religião ou

não. Costumo dizer que você não é um corpo que tem espírito, você é um espírito que tem o

corpo por um certo periodo de atuação no planeta. Isso muda completamente o nosso ponto de vista.”


“O meu filho mais velho, Gabriel, quando tinha dois anos, ainda de fralda, ficava correndo e

urrando pela casa ao som de ‘Qual é o Seu Nome’. Era demais. A segunda música que ele mais

gostou, de início, foi ‘A Verdadeira Dança do Patinho’. E essas duas são hits incontestes nos shows. Hoje em dia, de vez em quando, ele dorme à noite ouvindo os primeiros discos do System of a Down. Sério! Já o Rafael, o mais novo, é bem musical também. Mas mais pro lado de Jorge Ben,

Curumin e tudo mais. Sabe cantar várias dos Seletores. É bom demais estar com esses caras. Mas isso (ainda) não alterou a minha maneira de compor ou enxergar a música.”

“Eu sou o que se chama de universalista: pego e uso no meu dia a dia, na prática, ensinamentos

com os quais me indentifico. Seja dentro do espiritismo, do hinduísmo, budismo, da umbanda e de filosofias como o Taoísmo. Junto a isso, me identifico muito com a filosofia anarquista, que é uma ideia completamente ateia. E não vejo problema nenhum nisso.”

“Livre! * (risos) Na época, aquilo estava me sufocando. Eu acredito em ciclos, vivo por isso. E o meu ciclo ali já havia se encerrado. Portanto, não teve nenhum ‘sentimento de perda’.”

“Agora tá rolando esse projeto que é a reunião do Planet pra uma série de shows comemorativos. E tá bom demais tocar aqueles sons do qual sou muito fã, e estar novamente com a galera, dar

várias risadas e relembrar as estórias, mas a minha banda se chama Seletores de Frequência. E estou extremamente feliz e satisfeito com ela. Temos dois discos que estão entre os principais da moderna música brasileira atual, e fazemos shows pelo mundo todis – in a Mussum styla! – na maior sintonia.”

“As coisas que vêm acontecendo no país, vêm acontecendo há 512 anos. Não acho que a música tenha essa obrigação de espelhar o que acontece socialmente. Cada um tem que ter a liberdade

de falar do que quiser. Essa liberdade é o mínimo na vida. Por outro lado, eu, que venho de uma

família que era ativista na época da ditadura militar, fui criado nesse ambiente e formado à base

de muito hip-hop e punk rock, acho mais do que natural expressar essa consciência e essas ideias em letras. É necessário pra eu manter a minha sanidade.”

* sobre a primeira vez em que subiu ao palco sem o Planet Hemp.


”Pra conferir que, desde

pequeno, eu já tava na linha de frente. Isso era início dos 1980, se não me engano. E

já tinha treta de especulação

imobiliária, que hoje se tornou um mega Godzilla.”


_ENTREVISTA E TEXTO CRISTIANE LISBร A e tomรกs bello

__ FOTOS ARIEL MARTINI noize.com.br

OTTO


OTTO //053

A palavra “universo” vem do latim universum, que, por sua vez, vem de unvorsum, cujo significado é “tudo girando como um” ou “tudo girando através de um”. Ou seja, o que reúne uma ideia girando através de outras tantas pode ser considerado um universo. Ideias, pessoas, discos, conexões. Então, aperte os cintos, você vai entrar no doido, confuso, lúcido, complexo e fértil universo de Otto, que acaba de lançar The Moon 1111,+1 um trabalho que mistura afrobeat,+2 Pink Floyd, François Truffaut e outros mundos. Bem-vindo. E, por favor, lembre-se de não pedir lógica, drinks doces e explicações óbvias.

A música e o palco Musicalmente, eu soltei muita coisa boa nesse disco. Eu me diverti muito antes de chegar nesse momento. E o show, é o show que eu queria fazer. São 18 músicas, apresentando oito desse álbum e deixando dez de outros dos meus discos. E tem funcionado muito bem. Até porque quando eu faço um disco, ele é muito voltado pra como eu vou me sentir no show. É aí que eu vivo a música. Eu tenho uma banda que já está comigo há mais de dez anos, então eu sei que é aí que está a minha força, é aí que está o meu mundo. Eu gosto muito de criar, mas soltar a cria e participar disso em um show é o que eu mais me amarro. A minha parada é com o público. E agora tem a gira,+3 que todo cantor tem que ter, que toda a banda tem que ter... E agora eu sei administrar minha música, minha banda, sei contar com eles e prever algumas coisas. Esse disco chegou numa hora muito boa minha como músico.

Autodefinição. Ou não Eu tenho uma trajetória, cara.+4 Eu pulei num abismo e até hoje ele não tem fim. Mas eu tenho uma trajetória de disco que eu só evoluo, e eu vejo isso pelo público que eu tenho, pela segurança que eu tenho hoje na vida. Hoje eu danço, canto, eu tenho um show muito vivo. Musicalmente, eu tenho muito equilíbrio pra isso. E hoje eu me sinto um cara equilibrado musicalmente, com direito a ter uma predisposição pra fazer... Não é nem o diferente, mas buscar em mim uma coisa que não estava mas era pra estar. Eu consigo conceituar o disco, resolver as coisas que só quem tem carrega. Eu virei cantor, né, cara? É um sangue criança e eu consegui. É muito louco isso. Um disco é mais do que simplesmente um disco É a minha vida, cara. Um disco é uma obra, independentemente de como você constrói essa obra. Eu

[+1] Para ler sobre o disco, parcerias e outros quetais pula para a página 61. [+2] Afrobeat mistura funk, yorubá, highlife, percussão e África. [+3] Gira é como os cantores portugueses chamam turnê. [+4] Otto era percussionista na primeira formação da Nação Zumbi e do Mundo Livre S/A. Já tocou em uma festa dos integrantes do Oasis e em uma gafieira ao lado de Jovelina Pérola Negra. Seus discos são: Samba Pra Burro (1998), Condom Black (2001), Sem Gravidade (2003), Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos (2009).


054\\ noize.com.br

sou um cara pobre mas eu gosto de juntar as minhas informações, a minha inquietude em uma ideia que as pessoas vão assimilar. Eu sei que meu público é interessante, que ele quer cantar coisas que saem da minha boa, quer entrar nessa piração. Que não é nem piração, mas uma maneira de ver as coisas. Musicalmente, eu tenho um respeito muito profundo. Acho que música é isso, música que fica, que marca. Eu não tenho a menor cerimônia de dizer que sou um cara romântico, no sentido de ver a música. O último romântico de Pernambuco Ser romântico eu não sei. Cada um tem o seu romantismo. O meu é no sentido de ver a vida com consentimento. Eu realmente não sei como... Já é um presente eu tá fazendo o que faço, andando por onde eu ando, então eu tenho muito prazer nesse sentido. Na minha banda, eu nunca vi uma briga. Nunca ninguém disse que tava errado. É um caos+5 que deu certo. Na verdade, eu sou um cara que teve esse sonho, fui, tenho alguma coisa. Tenho história pra contar, tenho música pra fazer. Se você já viu meu show, eu canto e danço o tempo todo, cara. É o meu presente com tudo o que eu tenho. Quando digo ser romântico, é nesse sentido. Porque eu também não gosto daquele romantismo chorado.

[+5] A ideia central da teoria do caos é de que uma mudança qualquer (por menor que pareça) no início de qualquer coisa significa mudanças drásticas em acontecimentos do futuro. [+6] Trecho da música “Dor Elegante”, de Itamar Assumpção e Paulo Leminski. [+7] O rei do popular-românticobrega. É dele o refrão “pare de tomar a pílula”.

Um homem, com uma dor, é muito mais elegante+6 A dor que eu sinto mais, cara... Às vezes a gente vive momentos que não é só você. No último disco era uma situação de Brasil, era uma porção de coisas, uma situação minha.Você utiliza tudo o que você pode.Você é um guerreiro da música. Esse disco já é diferente. Aquela dor me deu um álbum mais claro, mais solar, sem deixar a minha melancolia do mundo. Odair José+7 e “A Noite Mais Linda do Mundo” Essa música eu já tinha feito com ele no Altas Horas, onde conheçi ele, bati um papo. Aí fui encontrar ele no Arnaldo Antunes, e agora regravei. Mas essa músi-

ca eu canto desde pequeno, gosto dessa pra caralho, e eu conheço o Odair. Eu tenho um sentimento com ele que é fraternal, é coisa de pai. Ele tem um jeito que eu gosto. Hoje ele é um cara que me ensina muito. A juventude hoje, se você for sofrer com essa loucura de amor, você vai invadir e-mail, vai invadir Facebook. Acho que o contemporâneo nessa música é justamente o “vamos ser felizes, cara, por favor”. Se relacionar hoje em dia é uma coisa muito difícil. Da calmaria não sai nada As coisas vão surgindo de uma forma mágica. Hoje, eu já tenho o meu próximo disco: Ottomatopeia. Quando acabo um, eu já começo o outro. Sempre faço isso. Aí quando chega lá, as coisas já estão surgindo na minha cabeça. É a matemática que eu perdi, é o que eu acumulei lendo, é o que eu sei fazer. Agora, você pagar uma conta em banco, é difícil. Eu sou ruim pra caramba nesse tipo de coisa. Já pra fazer música. Você tá entendendo? É sentimento em cima de sentimento. Eu sou um cara climatizado com as notícias, fico discutindo política, tendo paciência, sendo pai. Ser popular. Ou não Eu tenho mais uns vinte anos de carreira pra ver isso. Eu me acho uma pessoa que tem uma galera, que é imprevisível, um público vivo.Você vê, o meu primeiro disco era chamado de nonsense, mas sabe o que tinha lá? Celular, Bob, todas essas coisas. Daqui a pouco tem esse novo disco tomando o seu caminho aí também. Eu tenho gente que já me conheceu, gente que ainda falta me conhecer. Mas eu acho que eu carrego uma boa referência como músico. Eu tenho muito respeito pela música. É o caminho, vamos simbora. O bom é ser pai, 44 anos, e tá aí pulando e dançando. Eu sou uma pessoa só Olha, dificilmente eu vou em festa, vou em bares. Eu sou uma pessoa que observa muito as coisas, e consigo manter uma distância boa pra isso. Eu sou uma pessoa que não para de pensar. Eu tenho essa agonia, e talvez por isso seja meio só. Eu tenho um mundo que eu vou fazendo. Acho que a gente já vive outra


OTTO

geração, em que muita coisa ainda vai cair, muitas coisas vão mudar. Acredito pra caralho nos grandes portais, e a internet é o principal.Você quer saber de toda a percepção dos portais, da lua, de toda aquela porra? É a internet, cara. É um mundo que vai trazer muita coisa, e eu tô afim desse caminho, de liberdade política, dessa democracia, de pessoas que vão criando a partir disso. Louco? Eu? Caos é não saber e ao mesmo tempo ter de viver desse sistema. Antes me chamavam de louco, saca? Louco? Eu? (risos) Eu só tô tentando buscar vários caminhos, e gosto de discutir coisas na minha música. Eu vivo essa transformação. E não é loucura. Eu sou uma pessoa dinâmica nesse sentido, de ter coragem de buscar diferentes formas de expressão. Eu saí do interior do Recife, vim parar no Rio, conheçi o Pupilo, montei minha banda. Toco pandeiro, danço, canto. Foi todo um caminho até chegar aqui. E aí acordo e chega uma conta do banco (risos). Esse é o caos que

eu me refiro. Hoje, este é o melhor disco. Até amanhã Na minha evolução como músico, eu tô num momento bom. Dentro de mim, talvez, eu esteja meio “porra”. Se eu me disciplinar mais um pouco, vou ter uma carreira bem forte aqui no Brasil. Eu sinto isso. É um país de grandes músicos, e a música sempre foi de mensagem. Todo mundo viu Caetano, sabe? E eu já vejo que tem gente que considera músicas minhas. Isso é o mais importante. Eu tô num momento em que posso ficar muito forte. Dentro da música popular brasileira, talvez eu comece a virar uma pessa dessa engrenagem. Então eu me sinto uma peça dessa maquinária, desse motor. Mais uma peça. E eu quero ser uma pessoa nova, boa. A única coisa que quebra agora é a melodia. É colocar a melodia certa pra ganhar o mundo. E eu tô tentando colocar a melodia brasileira certa. Já colocaram, e eu vou colocar. É só isso.


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MÚSICA PRA LER

Foras da lei barulhentos, bolhas raivosas e algumas outras coisas que não são tão sinistras, quem sabe, dependendo de como você se sente quanto a lugares que somem, celulares extraviados, seres vindos do espaço, pais que desaparecem no Peru, um homem chamado Lars Farf e outra história que não conseguimos acabar, de modo que talvez você possa quebrar esse galho. Vários autores. Ed. Cosac Naify_ Este é o título do livro que reúne escritores de língua inglesa que, de fato, tem muito pra te espantar. Ouça-os. E a capa tem um presente incrível para quem gosta de escrever.

Spray de pimenta no iPhone_

LCD Soundsystem em livro de fotos_

Com medo de andar com seu iPhone novo por aí? Então olha esse case pra proteger até de mau olhado.

Depois do documentário Shut Up and Play the Hits, é a vez do LCD Soundsystem ganhar um livro com imagens raras de James Murphy e cia. O melhor é que você já pode ver as fotos, aqui: http://bit.ly/Vrh7Wc

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Tênis Noize_

Marcelo Jeneci em vinil _

A Jazz & Drums costumiza tênis. Eles têm vários modelos prontos, e você ainda pode encomendar do jeito que você quiser. A Noize ganhou uma costumização especial. Olha só o resultado.

Feito Pra Acabar ganhou versão no clássico vinil. Para os bons colecionadores.

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Olha que beleza, Silvio. Produtos que você não precisa ter mas vai querer mesmo assim. Aeeeeeee.

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Star Wars na cabeça _ No mundo nerd a novidade da vez é a Disney comprando os direitos da Lucasfilm. Já na moda, a novidade no universo Star Wars são esses chapéus. Preço: sob consulta Onde encontrar: bit.ly/U7rLQH


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Quem quer dinheirooo? Quem quer camisetaaa?

DENTRO DA MOCHILA

camiseta COM história

_cibelLe, cantora, compositora e artista multimídia que vive na conexão Brasil-Europa.

_Ogi, rapper, dono de um dos bons álbuns do último ano, Crônicas da Cidade Cinza.

Livro de meditação e yoga, rudra de meditação, remédio homeopático pra voz, remédio pra dormir no avião (viagem de no mínimo seis horas), passaporte, óleo de moldavita, um cristal de calcita, telefone número 2 pro chip do outro país, HD com sessões de gravação inacabadas, câmera Lomo, filme, tapa-olho, tapa-ouvido, óculos de sol, laptop, iPad, iPod, fone, três almofadas pra fazer cadeira de avião virar útero, kit pra aquarela e sketchbook, facewipes, 8 hour cream pra pele segurar a onda do ar condicionado. No aeroporto: revista New Scientist e belisquetes extra pra comer no avião na quarta hora de voo.

“Logo depois que o Espião [rapper] lançou seu primeiro álbum, ele me deu uma camiseta da Rua de Baixo, grupo de rap underground que curto pra caramba. Já usei muito ela, mas hoje deixo guardada pra não estragar.”


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MARCA: VULGO

ONDE ENCONTRAR:

VULGO.com.br


Tame Impala

Lonerism Modular

Britney Spears cantando Flaming Lips? Kevin Parker é maluco, e certamente fez essa analogia com intenção de provocar. Mas o que o líder do Tame Impala disse antes do lançamento do álbum não é de todo absurdo. Lonerism, o segundo disco do quarteto australiano, é psicodélico e pop. Ou algo parecido com isso. Assim como em Innespeaker, de 2010, a banda mergulha fundo na lisergia sessentista. Só que, mesmo que a voz de Parker guarde uma semelhança incrível com a de John Lennon, especialmente com a utilização de ecos, desta vez a viagem é mais futurista do que nostálgica. Em geral, as canções de Lonerism são um pouco arrastadas em comparação com as do primeiro álbum, mas essa desaceleração não trouxe prejuízos à banda. Pelo contrário: as melodias, belíssimas, ficaram ainda mais valorizadas. Como se nota em “Feels Like We Only Go Backwards”, uma espécie de britpop mais chapado, “Mind Mischief” e a redondinha “Apocalypse Dreams”, não à toa o primeiro single do disco. E é impossível não ficar pasmo com o que os caras conseguiram fazer em “Elephant” – algo como um Queens of the Stone Age com Lennon nos vocais, a música é tão pesada e imponente quanto o animal que lhe dá nome. No teste do segundo álbum, o Tame Impala foi aprovado com todos os méritos. Wayne Coyne certamente há de concordar. E, dependendo do grau de chapação, até mesmo a Britney. Daniel Sanes

“É como a Britney Spears cantando Flaming Lips”, Kevin Parker

Para ouvir o álbum na íntegra: Leia o QR Code ao lado com a câmera do seu smartphone.

LEGENDAS Pra quem gosta de: Deerhunter, John Lennon e Flaming Lips

Ouça no talo É, legal

Dá um caldo Seu ouvido não merece


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Otto The Moon 1111 Deck “Quem não bregar (sic) está perdido.” A lição do conterrâneo Reginaldo Rossi parece ter sido assimilada à risca por Otto. O veterano do manguebeat recifense entrou numa deliciosa fase dor de corno e escancara de vez seu gosto pela cafonice – com direito a regravação de Odair José e tudo. Com um timaço de fiéis escudeiros que inclui Kassin (baixo), Lirinha (ex-Cordel do Fogo Encantado) e o guitarrista de uma geração, Fernando Catatau (Cidadão Instigado), o pernambucano já entra em campo respirando vitória. Com seu título enigmático, The Moon 1111 é a sequência natural da obra-prima Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos (2009). Apesar de Otto se dizer especialmente inspirado por François Truffaut, não se assuste, aqui o que predomina é a embalagem pop: o single “Ela Falava”, por exemplo, é para rivalizar com um Skank da vida. Pra quem gosta de: Wado, Amado Batista e Mombojó

Um trabalho maduro e coeso de um artista ainda em busca da paz interior, mas que, definitivamente, encontrou o seu som. Fernando Halal

Flying Lotus Until The Quiet Comes Warp Records Para o Flying Lotus (ou Steven Ellison, seu verdadeiro nome), a música parece ser um caminho ao lúdico e à subjetivação. Ao modo do cubismo ou da colagem nas artes plásticas, sua obra se alimenta do aleatório e do hermético – surreal como um sonho, precisa como o click de um metrônomo. O quarto álbum do produtor californiano mergulha em águas psicodélicas, de faixas curtas, que beiram os três minutos. Entre o trip hop, o dubstep e muito acid jazz,“See Thru To U”, com Erykah Badu, traz toques tribais adereçados por vocalizações atonais e hipnóticas. Thom Yorke, devoto seguidor de FlyLo, é preso num jogo de espelhos sonoro em “Electric Candyman”, em que os vocais sobrepostos refletem camadas de atraso misturadas à batida descompassada e intrigante. Pra quem gosta de: Panda Bear, LCD Soundsystem e Aphex Twin

“Until The Quiet Comes” é entremeada por teclas jazzísticas e solos de baixo, que lembram o “Return To Forever”, de Chick Corea, caso houvesse laptops por lá. Tal fórmula se repete em “DMT Song”, “Phantasm” e “Only If You Wanna”. Nícolas Gambin


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Bat For Lashes The Haunted Man Capitol

Kendrick Lamar good kid, m.A.A.d. city

Interscope/Aftermath

Pra quem gosta de: Fiona Apple, Florence and the Machine e Lykke Li

Pra quem gosta de: A$AP Rocky, Dr. Dre e Game

Amabis

Ellie Goulding

Pra quem gosta de: Arnaldo Antunes, Romulo Fróes e Karnak

Pra quem gosta de: Goldfrapp, Florence and the Machine e Kate Bush

Lupe Fiasco

Nando Reis & Os Infernais

Trabalhos Carnívoros Independente

Food & Liquor II:The Great American Rap Album Pt. 1 Atlantic

Halcyon Universal

Sei Infernal Produções

Pra quem gosta de: Jay-Z, Childish Gambino e Nas

Pra quem gosta de: Nenhum de Nós, Lenine e Jota Quest

Benjamin Gibbard

Pinback

Former Lives Barsuk

Information Retrieved Temporary Residence

Pra quem gosta de: Bright Eyes, The Decemberists e She & Him

Pra quem gosta de: Elliott Smith, Pine e Death Cab For Cutie

Yeasayer

Band Of Horses

Secretly Canadian

Mirage Rock Columbia

Pra quem gosta de: MGMT, Gang Gang Dance e Friendly Fires

Pra quem gosta de: Ryan Adams, Kings of Leon e M. Ward

Fragrant World


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Yoko Ono / Kim Gordon / Thurston Moore YOKOKIMTHURSTON Chimera Music

Pra quem gosta de: Explosions in the Sky, Yoko Ono e Cibo Matto

The Raveonettes Observator Vice Records

Pra quem gosta de: The Kills, BRMC e The Jesus and Mary Chain

G.O.O.D. Music Cruel Summer

G.O.O.D./Def Jam

Pra quem gosta de: Kanye West, Kid Cudi e 50 Cent

DISCOTECA BÁSICA Kiss Por Daniel Sanes

Kiss | Marketing, maquiagens, pirotecnias... Esqueça tudo e ouça com atenção este disco, lançado em 1974. Não dá pra dizer que é tudo perfeito entre “Strutter” e “Black Diamond”, mas mais de metade das faixas é sensacional.

Destroyer | O disco mais famoso do Kiss, de 1976, é marcado pela produção grandiosa (em “Beth” e “Great Expectations”, as orquestrações são de gosto duvidoso), mas principalmente por hits como “Detroit Rock City” e “God of Thunder”. Love Gun | Ainda com a formação clássica, o Kiss lançou um dos grandes sucessos comerciais de 1977. “I Stole Your Love” e “Christine Sixteen” marcaram época, mas é a faixa-título que permanece no repertório da banda até hoje.

Matt & Kim Lightning

E NEM TÃO BÁSICA

Fader

O Fantasma do Paraíso Por Leonardo Bomfim

Pra quem gosta de: Black Kids, The Ting Tings e CSS

Paul Banks Banks

Matador

Pra quem gosta de: Editors, Interpol e The National

Aproximando o mito de Fausto, cinema de horror e o universo roqueiro dos anos 1970, O Fantasma do Paraíso (1974), de Brian De Palma, talvez seja o primeiro grande filme a olhar para a inclinação teatral e espetacular que tomou conta da música naqueles anos. Tornou-se objeto de culto – e muito por conta da inspirada trilha sonora de Paul Williams, hitmaker de mão cheia, responsável por alguns dos sucessos dos Carpenters e outras pequenas joias dos 70’s. Aqui, sua costumeira perfeição pop encontra uma atmosfera mais densa, revelando canções que transcendem o filme, como “Old Souls” e “Faust”.


Reprodução

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_TEXTO CRISTIANE LISBÔA

Hungarian Rhapsody: Queen Live In Budapest ‘86 _A turnê The Magic teve 26 shows ao redor do mundo. Um deles foi na Hungria, onde o Queen pisava pela primeira vez e com a responsabilidade de fazer o primeiro grande concerto de rock ocidental encenado em um estádio. Detalhe: nem o muro de Berlim havia caído ainda, e aquele solo era então dominado pelos soviéticos. Então, porque era isso, porque eram eles, porque significava o começo de um vento de liberdade soprando perto, as autoridades húngaras reuniram os melhores cinegrafistas e técnicos de som e imagem para a produção de um simples registro. Que se transformou em um documento histórico. Pois foi a última turnê do grupo com a formação original – Freddie Mercury (voz e piano), Brian May (guitarra), John Deacon (baixo) e Roger Tayor (bateria) –, já que no ano seguinte Mercury foi diagnosticado como portador do vírus HIV e ficou com a saúde muito frágil. Naquela noite, 80 mil pessoas entoaram “We Are The Champions”, “Crazy Little Thing Called Love” e outros sucessos junto com uma banda emocionada e ciente do seu papel na música. Nos bastidores, emoção, cansaço, surpresa, encanto, realeza. E câmeras. Vinte e seis anos depois, tudo isso foi remasterizado em alta definição, somado a arquivo dos ensaios, entrevistas com a banda, imagens inéditas e o documentário A Magic Year, que flagra o grupo logo após a histórica performance do Live Aid, em Londres, em 1985. Pra colocar na melhor prateleira da casa. E iluminar com um globo de luz.


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1. Roadie | O Queen foi uma das primeiras bandas a excursionar com toneladas de equipamentos de som e luz, levando junto técnicos e assistentes que pudessem colocar uma engrenagem gigantesca para funcionar. Dentre eles, Peter Hince, o roadie que os acompanhou durante toda a carreira. Ele era “apenas” responsável pela qualidade sonora dos shows. No livro Queen Nos Bastidores (Prumo) ele conta como foi.

5. “Só As Mães São Felizes” | Música de Cazuza que depois virou título de um livro escrito por sua mãe, Lucinha Araújo.

3. Sítio do Pica-Pau Amarelo | Uma coleção de livros, histórias e personagens inventados por Monteiro Lobato e que fazem parte do imaginário popular brasileiro. Ou você não sabe onde fica o sítio, quem é a Emília ou o Visconde de Sabugosa? O primeiro livro foi publicado em 1920, e a versão para a TV ganhou direção musical de Dorival Caimmy e música-tema composta pelo Gil.

2. Camisinha | Reza a lenda que um antigo roadie dos Beatles jura que existe uma versão de “Yellow Submarine” em que John Lennon canta embaixo d’água em um microfone coberto por camisinhas para não dar choque. Será? 4. Burle Marx | O diretor Geraldo Casé (pai da Regina) decidiu filmar a história do Lobato em um sítio de verdade com casa, curral e jardins feitos por ninguém mais ninguém menos que Burle Marx, o artista plástico que usava jardins como tela. Ofício que aprendeu em casa, com a mãe, exímia jardineira.

6. Sociedade Viva Cazuza | Uma ONG criada a partir da passagem de uma grande dor. Suas verbas e ideias são destinada a projetos de amparo a portadores do vírus HIV. Exatamente como The Freddie For A Day.


_FOSSO É o lugar que fica em frente ao palco. diretamente dali, os shows DE OUTUBRO. Fotografias são imagens acontecidas em segundos perdidos que passaram a ser reais quando fixaram na retina, no filme, no papel. Todas contam muito mais do que mostram. No caso de fotos de shows, elas vêm diretamente do fosso, um vão livre em frente ao palco reservado para que alguns poucos escolhidos possam congelar o ídolo. Estão em volume máximo e, às vezes, valem uma canção.


FEIST / CINE JOIA / SÃO PAULO “Com uma energia incrível, uma voz poderosa e excelente qualidade de som, finalmente Feist veio ao Brasil e dominou o Cine Joia e o público com suas belas canções.” Depoimento e foto: ARIEL MARTINI



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THE GOSSIP / CIRCO VOADOR / RIO DE JANEIRO

“Ninguém nunca vai cansar de babar ovo da simpatia (e da impressionante voz) que a Beth Ditto trouxe para os shows do Brasil.” Depoimento e foto: RODRIGO ESPER


RATOS DE PORÃO / CIRCO VOADOR / RIO DE JANEIRO

“Uma energia brutal e participações de ex-membros que tocaram sucessos referentes a diversas fases da banda.” Depoimento e foto: RAUL ARAGÃO



THE DRUMS / YACHT CLUB / SÃO PAULO

“Oportunidade única de ver uma banda que vem mostrando um trabalho bem original e bem interessante. DJ set mostrando o que eles ouvem no dia a dia, simples e bom.” Depoimento e foto: GUSTAVO ELSAS


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*Os benefícios são válidos somente para os clientes portadores dos cartões de crédito Credicard, Citi, Diners e cartões de débito Citi. Válido somente para shows realizados no Credicard Hall (SP) e produzidos pela T4F. Promoção limitada a 10% da capacidade da casa. Não é cumulativo com outros descontos ou ações promocionais. Válido para todos os setores. Limitado a 4 ingressos por CPF. Classificação etária: 14 anos. 12 e 13 anos acompanhados dos responsáveis. Não será permitida a entrada de menores de 12 anos


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Comentários, críticas, declarações de amor e a sua opinião sobre música, mundo e outras coisas menores.

TWITTER _Responda já:The xx ou Radiohead, qual a melhor trilha sonora pra uma noite de sexo?http://t.co/cq5DLzMA @renataamenezes: Radiohead, radiohead, readiohead. sempre. para sexo, para choros, para raiva, para dias apaixonantes. radiohead é pra tudo. NR: Amém.

@Gustavoflauzino Da augusta prazamiga @ revistanoize com muita música! @ Clube Outs instagr. am/p/RLOVoAinGN/

facebook _E aí, qual foi o melhor show até agora? #planetaterra2012 @tathiannanunes: SUEDE SUEDE SUEDE SUEDE SUEDE SUEDE SUEDE SUEDE SUEDE SUEDE SUEDE SUEDE SUEDE SUEDE SUEDE SUEDE SUEDE SUEDE SUEDE SUEDE SUEDE NR: FOI MUITO BOM MESMO.

_E esse visual do Caleb [do Kings of Leon], hein? Hellen Reis: Ele deve tá se preparando pra fazer algum ‘bico’ de Papai Noel. Fim do ano já está aí, galera! ^^ João Guilherme Pellanda: É que ele vai ser dublê do Alan, no próximo Se Beber Não Case.

Valeriano Yeye: Jurava que era meu pai e seus amigos... hahaha. NR: Imagina se fosse mesmo?

_E se Yoko Ono não fosse a causa da separação dos Beatles? Foi o que disse Paul McCartney.

_nova música do Prince.

Fabricio Bizu: Se a Yoko entrasse pros Beatles seria um Beatles mais louco ainda.

Daniel Limas: perdeu o poder :(

NR: Problema foi não deixarem ela fazer parte.

NR: Quem nunca?

NR: Rei perdendo a majestade?

@LucasLanzoni: Ponto pra galera da @ revistanoize : migre.me/ aX67V “Regras do Jogo”, o manual da banda independente

_Pra você, qual é o melhor dia do Lollapalooza Brasil 2013? http://on.fb.me/ Vu7Y3T

_Pra comemorar 20 anos de estrada, o Rancid vai lançar uma caixa de couro com sua discografia em vinil. A pré-venda começa hoje, aqui: http://bit.ly/WN6ksc

@Landararock13: Xô Satanás, Dança da vassoura, Na boquinha da garrafa “@revistanoize: Que músicas você ouvia quando era criança?””

NR: É, viver de música não tá fácil.

@claudia_aires Terminei a @revistanoize de setembro e me lembro como é bom ler revista/livro impresso, como é bom, sem pressa pic.twitter.com/ OZ6eemCI NR: Offline também é bom e a gente gosta.

NR: Agora bóra por em prática?

NR: Muita música é com a gente. Azamiga depende.

_Olha o AC/DC de boa na Praia do Vidigal, RJ, em 1985 -> http://on.fb.me/U4fXib

Rafael Monteiro: pela razão: sábado. pelo coração: sexta. NR: E aí, o que levar em conta?

Matheus Krempel: Tô gozando até agora. NR:Tipo porco, que tem orgasmo por 30 minutos.




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